Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
1
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 4.0
2
SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO GERAL DO CURSO
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.3 COMO A CRIANÇA APRENDE (O QUE PENSAM OS PENSADORES)
1.4 DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO – TEORIAS SOBRE FATORES
AMBIENTAIS E BIOLÓGICOS
1.4.1 Etapas do Desenvolvimento Linguístico
1.5 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO CONFORME PIAGET
1.5.1 2 a 7 anos de idade – Período Pré-operatório
1.5.2 O período de 7 a 12 anos - Operações Concretas
1.5.3 12 anos em diante – Período Operatório Formal
1.5.4 Atividades Propostas - Baseadas em Piaget
1.5.5 Conservações Físicas
MÓDULO II
2 DECODIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO GRÁFICA – UMA DAS FACES DA
ALFABETIZAÇÃO
2.1 ALFABETIZAÇÃO - A ANÁLISE COMO SUBSÍDIO
2.1.1 Material de Apoio para Construção das Atividades
2.1.2 Algumas Considerações a Respeito das Atividades Propostas
2.2 CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE E EMÍLIA FERREIRO PARA A
ALFABETIZAÇÃO
2.3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO ALFABÉTICO – EVOLUÇÃO DA ESCRITA
2.3.1 Os Distúrbios de Aprendizagem em Sala de Aula
AN02FREV001/REV 4.0
3
MÓDULO III
3 PRÁTICA E AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA - A ESCOLHA DOS
INSTRUMENTOS, RECURSOS E CONTEÚDOS
3.1 DINÂMICA DO PLANEJAMENTO
3.2 OS PLANOS DE ATIVIDADES
3.3 CONSTRUÇÃO DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO
3.4 A TECNOLOGIA A FAVOR DA ALFABETIZAÇÃO
3.5 ACESSIBILIDADE DO SISTEMA OPERACIONAL LINUX
3.6 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NA ALFABETIZAÇÃO
3.7 ALGUNS EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
MÓDULO IV
4 A PERSPECTIVA INFANTIL EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO –
CONHECENDO SEU ALUNO
4.1 ENQUETE REALIZADA COM CRIANÇAS EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO –
UM INSTRUMENTO A FAVOR DO EDUCADOR
4.2 AS RESPOSTAS DOS ALUNOS AO QUESTIONÁRIO APLICADO
GLOSSÁRIO
ANEXOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AN02FREV001/REV 4.0
4
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
AN02FREV001/REV 4.0
5
f) A Importância da Consciência Fonológica na Alfabetização;
g) A Perspectiva Infantil em Fase de Alfabetização – Conhecendo seu
Aluno.
No final da apostila há uma lista de sugestões de leituras interessantes e
sites para pesquisas, referentes ao tema abordado.
AN02FREV001/REV 4.0
6
1.3 COMO A CRIANÇA APRENDE (O QUE PENSAM OS PENSADORES)
AN02FREV001/REV 4.0
7
Cada vez que alguém lê uma história para ela, está lhe transmitindo a
informação de que o mundo da leitura é prazeroso e quando ao observar a mãe
perguntar ao pai o que ele está lendo no jornal, ela aprende que informação é
importante. Quando a criança acompanha a avó que lê uma receita e em seguida
a põe em prática, resultando em num bolo gostoso, aprende a respeito da
utilidade da escrita e leitura.
São conceitos sutis, que vão se formando subjetivamente, no cotidiano, e
que contribuem enormemente para seu aprendizado formal. Entretanto, quando a
criança cresce em um ambiente empobrecido de significados, de estímulos e
recursos, essa construção de noções e conceitos aparece refletida em todos os
momentos e aspectos escolares.
A criança que não “lê” histórias em quadrinhos, livros clássicos e
revistinhas, possivelmente não terá despertado da mesma forma como a criança
que experiencia essas “leituras” cotidianamente. Ao analisarmos essa questão,
poderíamos supor que há alguma desvantagem entre as estruturas dos lares
acima mencionados, em detrimento de fatores socioeconômicos e culturais.
Porém, atualmente, a aquisição de recursos apropriados para o êxito da
educação depende da prioridade que esta ocupa na vida familiar desses lares e
não apenas de fatores econômicos. Até agora a referência feita foi a respeito de
fatores determinantes de motivações educacionais para crianças sem
comprometimentos adquiridos ou genéticos e hereditários.
Para as crianças PNEEs – Portadores de Necessidades Educacionais
Especiais – a discussão encaminha-se não somente aos recursos ou prioridades
que alavancam o processo ensino-aprendizagem, podemos acrescentar, ainda,
as condições biológicas dessas crianças e o nível de comprometimento das
famílias.
Olivier, em seu livro “Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento”,
descreve indícios que podem nos chamar a atenção ao percebermos presentes
no comportamento de crianças de zero a cinco anos de idade, no período pré-
escolar. Portanto, pode-se concluir que o fato de realizarmos uma entrevista com
cada responsável por nossos alunos, em idade escolar, não significa mero
procedimento investigatório, mas um ato de prevenção que todo professor deve
realizar no início do ano letivo, com a finalidade de detectar algum distúrbio e
AN02FREV001/REV 4.0
8
encaminhá-lo para atendimento especializado sem haver perdas desnecessárias
para ambos.
Recém-nascido até seis meses de vida – Com essa idade o bebê
normalmente reage a estímulos sensoriais, diferenças de iluminação, som, calor,
frio, chora quando se sente incomodado, enfim, já domina seus reflexos. É
esperado que consiga sugar seu leite, que tenha a digestão regularizada e o
sono tranquilo.
Comportamentos considerados problemáticos – quando o bebê
possui dificuldade para alimentar-se, constantes vômitos e diarreias, sono
inconstante, choro e sucção em excesso, assim como irritabilidade, sem motivos
verificáveis.
Comportamentos considerados distúrbios – o problemático
transforma-se em distúrbio quando o bebê apresenta apatia, chora de forma
monótona constantemente, grita sem motivos e não reage aos estímulos
descritos acima.
Ao apresentar algumas características consideradas problemáticas não
significa que o bebê necessite de acompanhamento neurológico ou psiquiátrico,
podendo ser apenas demonstrações da personalidade do bebê. O bebê sinaliza
possuir algum distúrbio quando apresentar uma ou mais das características
acima citadas, devendo ser encaminhado ao pediatra, para que esse, por sua
vez, encaminhe para outros profissionais adequados a cada caso.
Dos seis aos 24 meses de vida – características como maior
estabilidade fisiológica, controle motor e tolerância, fazendo com que a criança
brinque e se envolva por um tempo maior com objetos, sem irritar-se,
determinam um comportamento considerado normal. Sua ligação com a figura
materna é bastante forte e ela já distingue pessoas próximas do seu ambiente
familiar. Até os 18 meses seu vocabulário já possui muitas palavras aprendidas e
ocorre ainda a fase da imitação.
Comportamentos problemáticos – a criança apresenta intolerância,
choro e raiva em excesso, dificuldade no controle esfincteriano, sono e
alimentação alterada. Chupa o dedo constantemente, tem tiques nervosos e
balança-se em determinadas situações.
AN02FREV001/REV 4.0
9
Os comportamentos que indicam distúrbios poderão apresentar
características como perda de fôlego, crises temperamentais, convulsões e
isolamento frequente. A criança não estreita laços com a mãe, ela chupa dedo ou
objetos compulsivamente, balança-se e bate a cabeça contra a parede ou berço.
Nessas condições, a criança deverá ser encaminhada ao pediatra,
neurologista ou psiquiatra para avaliação.
Dos dois anos aos cinco anos de idade – Nessa fase, normalmente, o
desenvolvimento linguístico infantil “dá um salto” e o seu vocabulário
compreende a estruturação de frases completas, com sentido. Possui controle
nas evacuações e já se alimenta sozinho. Sua relação com a mãe, embora ainda
seja de dependência, abre espaço para os outros membros da família e sua
coordenação é desenvolvida por intermédio de saltos e corridas.
AN02FREV001/REV 4.0
10
ocorre simultaneamente à maturação infantil, sendo o meio ambiente uma influência
significativa para que ocorra este processo. Porém, a ênfase é dada à capacidade
inata da criança de possuir sua bagagem biológica preestabelecida, denominada de
estado inicial.
AN02FREV001/REV 4.0
11
O comportamento humano é compreendido por meio do funcionamento de
mecanismos que se caracterizam por estabelecer relação entre pessoa e meio
ambiente. Sendo assim, encontramos em nossos sentidos aptidões para colher
informações e interpretá-las conforme nossos objetivos ou necessidades. Uma
relação importante em nosso comportamento é estabelecida pela comunicação, por
intermédio da qual podemos realizar a troca de informações e produzir
conhecimento e aprendizagem, além de dar continuidade para a nossa cultura.
Baseado em Quadros (1997), a aquisição de uma língua ocorre de forma
natural, espontânea e refere-se ao conhecimento inconsciente, enquanto a
aprendizagem é um processo formal, sistematizado. É o conhecimento incorporado
de forma consciente.
Conforme Scliar-Cabral (apud Quadros, 1997, p. 85), “a não exposição a
uma língua, no caso a língua nativa, no período natural de aquisição da linguagem,
causa danos irreparáveis e irreversíveis à organização psicossocial de um
indivíduo”. Portanto, a criança deve ser exposta ao ambiente apropriado que lhe
proporcionará trocas sociais, logo que estiver apta a receber as primeiras
estimulações sonoras ainda quando bebê, para não ter maiores dificuldades durante
a fase escolar, quando ocorre, geralmente, o aprendizado sistemático e formal da
língua em sua expressão gráfica.
Dessa forma, destaca-se a importância do aprendizado informal da
linguagem em sua forma oral, que recairá anos depois no aprendizado sistemático
da língua portuguesa escrita e em suas diversas formas de expressão. O processo
de desenvolvimento da linguagem e do pensamento foi estudado por Vygotsky e a
relação que estes mantêm entre si merece projeção especial.
Conforme Jobim e Souza (1996), Vygotsky realiza seu estudo em função da
importância que a estrutura da linguagem possui na produção do pensamento,
identificando a relação pensamento e linguagem como um processo constante, com
origens genéticas diferentes, mas que ao longo de sua evolução tornam-se
interdependentes. Sua ligação é um processo dinâmico, que transcende à
compreensão de suas formas individuais.
AN02FREV001/REV 4.0
12
Pode-se aqui vislumbrar a postura dialética pela qual Vygotsky aborda os
fatos, estando esses de acordo com os princípios da reciprocidade e mutabilidade,
revelando-se nas fases em que se apresenta o desenvolvimento da linguagem e
pensamento. Nos primeiros meses de vida da criança, pensamento e linguagem
encontram-se dissociados, um evolui independente do outro.
Anterior ao uso da fala, verbalmente articulada, a criança apropria-se do som
por meio do balbucio. Esse som que ouvimos inicialmente é a produção resultante
de estímulos internos, desvinculados de intenções planejadas pelo bebê. Durante o
balbucio, a criança comunica-se independente do pensamento. Essa forma
expressiva ocorre com funções diferenciadas: como meio de comunicação e como
forma de conhecer-se, experimentar-se.
O bebê, nesta fase, exprime sua produção sonora, motivado por estímulos
internos, quando sente fome, sono, dor, prazer. Sem reconhecer ainda tais
sentimentos, exterioriza-os por meio dessa forma primária de linguagem. A criança
poderá também utilizar a apontação para comunicar-se, substituindo a oralização.
Este é o período pré-linguístico que inicia no nascimento e vai até os dois anos,
aproximadamente.
Por volta dos 11 aos 14 meses de idade a criança entra na fase linguística,
quando ocorre a verbalização de palavras inicialmente desconexas ou apenas uma
de cada vez, progredindo de acordo com seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Nessa etapa, pensamento e linguagem se interligam, inicia uma nova fase
caracterizada pela racionalidade da fala e verbalização do pensamento, ou seja, a
criança exterioriza seu pensamento de uma forma mais organizada e complexa.
A criança saudável inicia o domínio da fala exterior a partir do som da
palavra, em seguida passa a compreendê-la e posteriormente desenvolve a
capacidade de uni-las formando frases. O significado da palavra é inicialmente
compreendido pela criança como o sentido de uma frase completa. Somente mais
tarde ela dominará a frase, com as várias unidades que a compõem. Nesta etapa
seu pensamento pode ser resumido em uma única palavra.
À medida que se desenvolve mais complexo se torna seu pensamento e ela
não consegue mais sintetizar suas ideias em apenas uma palavra. Então, quanto
mais se expressa, mais define seu pensamento, indo de um todo condensado para
AN02FREV001/REV 4.0
13
unidades específicas. A partir dos dois anos de idade, até aproximadamente os sete
anos, a linguagem compreende duas funções que agem simultaneamente:
- a interna, que organiza e dirige o pensamento;
- a externa, que, como o próprio nome já diz, tem a função de exteriorizar
seu pensamento para outras pessoas.
A fala egocêntrica caracteriza-se quando a criança fala alto para si mesma,
como se estivesse guiando-se por ela. Essa tem função primordial nas atividades
que a criança exerce, pois serve como um “apoio mental” para sua organização,
bem como na superação de obstáculos. A fala egocêntrica futuramente será
transformada em fala interior.
Já na idade escolar a criança não necessita mais deste apoio e a fala interior
indica que ela passou por mais uma etapa de seu desenvolvimento linguístico. Outra
observação importante neste processo de passagem da fala egocêntrica à fala social
é a tendência que a criança tem de omitir o sujeito e manter o predicado, e quanto
mais perto da fala interior estiver, maior será a abreviação observada em suas
frases.
AN02FREV001/REV 4.0
14
I – Dos Reflexos – A vida inicial do bebê sintetiza-se nos reflexos, nos
impulsos instintivos acionados pela fome, voz da mãe, dor, sensações prazerosas,
sono, sensações táteis, etc. Antecipando a presença de uma atividade, sensório-
motor. Um dos reflexos que se destacam é o da sucção, sendo sua função principal
tornar-se um instrumento, por intermédio do qual a criança toma conhecimento do
seu mundo material externo.
Ela experimenta sabores, texturas, sensações táteis, levando para o cérebro
informações importantes para a construção de seu conhecimento futuro. É como a
construção de um quebra-cabeça que se inicia nesta experimentação e vai sendo
composto quando outras funções orgânicas já estiverem desenvolvidas.
É ponto comum entre as mães saberem e afirmarem que seus filhos
recorrem à boca para colocarem os objetos que estão ao seu alcance, sugando-os.
Essa é a forma do bebê sentir, perceber, conhecer, degustar, provar... Essa
capacidade cognitiva desenvolve-se antes mesmo de a criança poder enxergar ou
manusear com precisão.
AN02FREV001/REV 4.0
15
criança manipula algum objeto de seu interesse e organiza seus movimentos com
um determinado propósito, pegando um brinquedo para si, por exemplo, é um ato
intencional.
Assim, a criança aprimora seus esquemas motores, interagindo com os
objetos, balançando-os, batendo-os, jogando-os ao longe e observando-os,
seguindo-os em sua trajetória, construindo noção tempo-espaço e aprendendo a
cada nova ação. Seu mundo exterior vai tomando forma, expandindo-se,
aparecendo, dissociando-se de seu universo central como um contraste gradual.
Dessa forma, o bebê começa a ter consciência e experimentar este universo externo
de uma forma objetiva.
Nos dois primeiros anos de vida a criança constrói noções práticas
importantes para sua evolução cognitiva como as de objeto, espaço, tempo e
causalidade. A noção de objeto, termo apresentado por Piaget para definir a
permanência do objeto, constitui-se quando a criança compreende que algo ou
alguém pode estar em outro “cenário”, espaço que ela não pode alcançar ou
enxergar.
Quando, inicialmente, alguém ou algum objeto sai do alcance da visão da
criança nesta fase, a tendência é que ela reaja com indiferença. Somente quando
esta noção é estabelecida a criança procura o objeto ou pessoa desaparecida.
Só por volta do fim primeiro ano é que os objetos são procurados depois
que saem do campo da percepção e é sob este critério que se pode
reconhecer um começo de exteriorização do mundo material. Resumindo, a
ausência inicial de objetos substanciais, depois a construção de objetos
sólidos e permanentes, é um primeiro exemplo desta passagem do
egocentrismo integral primitivo para a elaboração final de um universo
exterior. (PIAGET, 1973 p. 20).
AN02FREV001/REV 4.0
16
como resultado um efeito inesperado. Nesta fase da vida da criança pode-se
observar o aparecimento do egocentrismo infantil.
Um bom exemplo da descrição desta etapa é colocado por Piaget quando a
criança puxa a corda do móbile suspenso em seu berço. O móbile começa a se
movimentar e a emitir o som musical. O brinquedo “reagiu” ao toque da criança, ou
seja, ela aprendeu que pode causar um efeito desejado, e utilizará essa prática para
alcançar outros feitos. A criança se servirá deste esquema causal para agir a
distância sobre qualquer coisa.
Essa espécie de “causalidade mágica” ou “mágico fenomenista” (conforme
Piaget) mostra o egocentrismo causal primitivo. Essa etapa encerra quando a
criança, já no segundo ano de vida, baseia-se mais em critérios concretos e menos
na sua subjetividade infantil. Percebe a relação coerente que há de suas ações em
relação às “reações” dos objetos.
AN02FREV001/REV 4.0
17
descobertas, em relação à etapa anterior, podendo-se observar que a
criança apresenta traços marcantes e peculiares.
De 5 anos e meio a 7 anos de idade: a criança elabora e organiza seu
mundo por intermédio de esquemas padrões de respostas para eventos
que ainda não possui subsídios para compreender e explicar.
AN02FREV001/REV 4.0
18
recipientes diferentes, lança uma resposta negativa, baseada na sua experiência
visual.
AN02FREV001/REV 4.0
19
Piaget incluiu em suas pesquisas observações sobre a noção de
permanência de peso e volume para crianças maiores e menores de sete anos.
Consistia em apresentar a elas dois copos semelhantes e de medidas idênticas com
o mesmo volume de líquido, preenchido com três quartos de água. Em seguida ele
questionou o que ocorreria se jogasse uma quantidade determinada de açúcar em
um dos copos, em relação ao outro. O que ele identificou foi certa progressão na
lógica das respostas, equivalente às idades em questão.
Crianças menores de sete anos ainda não consideram qualquer modificação
em função do fato do açúcar ser adicionado à água, sendo sua resposta pitoresca,
pois, se ele derrete, sumindo de seu campo de visão, simplesmente é considerado
inexistente.
Somente por volta dos sete anos de idade é que as crianças assumem a
existência da conservação de substâncias, e, ao contrário dos pequenos, o açúcar
continua na água. Uma resposta mais complexa é dada por crianças maiores de
sete anos, que admitem certos pedaços de açúcar que dão sabor a ela. Seria, então,
esta a fase correta para serem trabalhadas noções de tamanho, peso e volume.
AN02FREV001/REV 4.0
20
Garantiremos, assim, um planejamento qualitativamente organizado, que viabilize a
todas as crianças um ambiente adequado para seu aprendizado.
AN02FREV001/REV 4.0
21
Noção causalidade
Esta noção é observada a partir de uma “entrevista” informal com a criança.
Pergunta-se a ela as razões de certos eventos ocorrerem e observam-se as
respostas.
Exemplos:
“Por que o céu está lá em cima?”
Respostas possíveis:
“Porque ele fica lá para eu olhar para ele quando durmo”.
“Porque o papai do céu mora lá”.
Até os cinco anos de idade uma das possibilidades é que as respostas girem
em torno da ação da criança sobre o evento questionado, sendo ela o “agente”
responsável. Outra probabilidade é uma resposta baseada na ação de um terceiro,
que possa ter condições de “controlar” o evento, como por exemplo, “Papai do Céu”,
o pai ou a mãe da criança, seguindo a tendência egocêntrica de responder conforme
o animismo, artificialismo e finalismo.
AN02FREV001/REV 4.0
22
- Aproximadamente aos sete anos de idade a resposta será: “a água
continua a mesma”.
A criança poderá também, nesta idade, querer que a água volte para o copo
de origem para ter a mesma quantidade inicial.
Sólidos
2) Deixe a criança manipular um pedaço de argila ou massa de modelar. Em
seguida, corte-a ao meio e faça duas bolas. Mostre-lhe que as duas partes contêm a
mesma quantidade de massa. Transforme, na frente da criança, uma das bolinhas
em salsicha, ou outro formato qualquer, e pergunte qual das partes possui a maior
quantidade de massa.
Respostas:
- Até os sete anos, aproximadamente: a resposta baseia-se na percepção
visual, ou seja, a criança tende a imaginar que um dos objetos é maior, por isso ele
terá maior quantidade da massa, podendo ser a bola ou a salsicha;
- Após os sete anos de idade: já é capaz de responder que as duas partes
têm a mesma quantidade de massa.
B) Conservação do peso
C) Conservação de volume
AN02FREV001/REV 4.0
23
Nessa experiência apresentam-se à criança duas bolas de materiais
distintos, plástico e argila, por exemplo; e ainda, dois copos idênticos, com a mesma
quantidade de água, para que ela visualize que os líquidos encontram-se no mesmo
nível. Em seguida, peça para a criança verificar em uma balança que as duas bolas
possuem pesos diferentes.
Mergulhe uma bola em cada copo e formule a seguinte pergunta: “O nível de
água aumenta igualmente nos dois copos, por quê?”
Respostas:
- Antes dos nove anos de idade: Nessa idade a criança responde que o copo
que aumentará seu nível é aquele em que a bola que ela considera maior ou mais
pesada será mergulhada;
- Após os nove anos de idade: a criança responde que o nível de água
aumenta na mesma quantidade nos dois copos.
Em relação às proporções físicas: conservação de quantidade, de peso e de
volume, Piaget concluiu que a noção de volume é a última a ser compreendida em
função de algumas noções, como a de quantidade e peso, serem pré-requisitos para
que essa última seja aprendida.
Portanto, segue-se a seguinte hierarquia referente à esquematização
cognitiva que a criança constrói: Primeiro ela adquire a noção de quantidade, em
sua forma líquida e sólida, por volta dos seis aos sete anos de idade. Em seguida, a
criança aprende a noção de peso, aproximadamente aos oito ou nove anos. E,
finalmente, a conservação do volume, por volta dos 10 aos 12 anos.
Mostrar para a criança duas tiras, sendo uma esticada e outra enrolada
como uma mola. As duas tiras devem começar e terminar com os extremos
coincidindo, então, pergunta-se para a criança se as tiras são do mesmo tamanho.
Respostas:
- Entre um aos cinco anos a tendência é responder que as tiras são do
mesmo tamanho;
AN02FREV001/REV 4.0
24
- A partir de cinco aos sete anos de idade a criança percebe que a mola é
mais longa.
B) Conservação de superfície
Operação de classificação
Classificação tátil-cinestésica
AN02FREV001/REV 4.0
25
tapando-os com uma toalha. Em seguida a criança deve organizá-los de acordo com
suas formas e tamanhos.
Resposta: Para as crianças, este tipo de atividade é mais difícil de ser
realizada, sendo que elas organizam e definem melhor os objetos primeiramente
pelo seu tamanho e depois por sua forma.
Operação de seriação
------------
Respostas:
A noção de seriação constitui-se na criança a partir dos sete anos de idade,
dominando, inicialmente, a seriação simplificada, com a probabilidade de seriar
apenas um elemento, aumentando de acordo com sua capacidade discriminatória.
Na teoria de Jean Piaget, as crianças aprendem por meio da ação e da solução de
problemas e, uma vez descobrindo-os, poderão modificá-los. Sendo essa a alavanca
para alcançar um estágio mais avançado.
Entretanto, uma das contribuições dos estudos de Piaget foi a ênfase dada
ao desenvolvimento cronológico natural do ser humano, que indica quando a criança
estará preparada, “pronta”, para realizar determinada atividade, que não poderia
realizar no caso de encontrar-se em outro momento maturacional.
Possivelmente sua teoria tem estreita relação com sua formação profissional
– biologia e ciências naturais – não podendo, entretanto, contextualizar suas
abordagens como fez Vygotsky, a partir de construções em bases filosóficas.
AN02FREV001/REV 4.0
26
(...) a principal preocupação de Vygotsky era compreender a natureza, a
evolução e a transmissão da cultura humana. Seus primeiros trabalhos
incluíram o estudo e a análise da “representação” em arte e literatura. Sua
perspectiva psicológica refletiu suas visões sobre as origens históricas e
culturais do modo como as pessoas de diferentes sociedades atuam,
constroem e representam seu mundo. Assim, enquanto Piaget procurava
unificar biologia, ciências naturais e psicologia, a busca de Vygotsky era
integrar a psicologia com uma análise da história, da arte, da literatura, da
atividade cultural e da sociologia. (DAVID WOOD, 2003. p. 22).
FIM DO MÓDULO I
AN02FREV001/REV 4.0
27
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
28
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 4.0
29
MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
30
saber ler e escrever, sendo apenas uma das faces constituintes desse complexo
processo que possui em si a característica de socializar, instrumentalizar a criança
para interagir a partir do contexto familiar, escolar e, finalmente, social, durante e
depois do aprendizado técnico e formal da palavra.
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos. Por que não discutir
com os alunos a realidade concreta que se deva associar à disciplina, cujo
conteúdo se ensina... Por que não estabelecer uma necessária “intimidade”
entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência
social que eles têm como indivíduos? (PAULO FREIRE, 1997, p. 33)
AN02FREV001/REV 4.0
31
Para que o real sentido da alfabetização se cumpra, é necessário, portanto,
valorizar seu real significado e papel, transpondo-o para nossa atualidade, para as
necessidades sociais e culturais atuais. Se, antigamente, o ato de ler e escrever
bastava por si só, denotando certo status a quem o realizava, atualmente a
demanda sociocultural é mais abrangente e exigente, conforme nos mostra sua
evolução em estudos antropológicos a respeito da história da escrita.
A escrita atual tem suas origens, conforme estudos a respeito da evolução
humana, em aproximadamente cinco mil anos atrás, com o surgimento de diversas
formas de expressões que o homem criou para sua comunicação. Na China, surgiu
em forma de símbolos pictóricos; no Egito, eram os hieróglifos e, na Mesopotâmia,
era a escrita cuneiforme. Os fenícios criaram sinais que deram origem às
consoantes e os gregos foram os responsáveis por acrescentar as vogais.
A palavra ALFABETO tem sua origem no nome batizado das primeiras letras
gregas – Alfa e Beta. Nosso alfabeto latino foi criado pelo povo romano, e toda essa
sabedoria acumulada e acrescentada em milênios não poderia resultar em um
simplificado ato de codificação e decodificação gráfica, por fazer parte da evolução
intelectual e sociocultural dos seres humanos.
AN02FREV001/REV 4.0
32
avaliar se a metodologia aplicada no processo de ensino-aprendizado alcançou sua
funcionalidade sociocultural.
Não há como não repetir que ensinar não é a pura transferência mecânica
do perfil do conteúdo que o professor faz ao aluno, passivo e dócil. Como
não há também como não repetir que, partir do saber que os educandos
tenham não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-
se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar,
permanecer. (PAULO FREIRE, apud HOFFMANN, 1992, p. 70-71).
A partir dos aparatos técnicos que fazem parte da engrenagem que motiva a
prática diária do educador, podemos destacar alguns pontos desta estrutura que
influem qualitativamente em seu planejamento:
AN02FREV001/REV 4.0
33
normas e pareceres, na elaboração do Plano Político Pedagógico escolar, em
pesquisas, debates, palestras...
AN02FREV001/REV 4.0
34
pais? O professor analisa as respostas e observa, supostamente, que um tema
apropriado para atender às expectativas das crianças seja a família.
2º passo: elaboração do texto;
Os alunos dão opiniões quanto ao número de personagens que constituirão
a família, escolhem seus nomes, idades, ocupações e profissões, preferências, o
que fazem nas horas vagas, etc. O professor registra graficamente o texto e, ao
final, lê para as crianças a composição coletiva.
3º passo: construção de material;
Os alunos são convidados a confeccionar o cenário do texto, seus
personagens, roupas, mobília da casa, carros, etc.
4º passo: registro feito pelos alunos;
O professor elege uma letra no alfabeto para ser fixada oral e visualmente
nesta atividade, podendo ser a letra F de família, C de casa, carro, camisa, cama,
Carlos, Carolina, colete, ou outra letra que seja evidenciada durante a construção da
atividade;
5º passo: as crianças, auxiliadas pelo professor, constroem placas e
nomeiam as mobílias e os personagens. Os alunos são convidados a brincar
livremente com o material confeccionado.
4) Abrangência interdisciplinar – esta atividade lúdico-pedagógica permite
que o professor extrapole o conteúdo inicial, podendo explorar ainda as cores,
formas geométricas, quantidades, texturas, criatividade expressiva e socialização.
5) Material utilizado – sucata (para a confecção dos móveis), canetinhas
coloridas, pincel atômico, fita adesiva, tesoura, cola, lápis de cor, caixa de papelão
(para fazer a casa), papel dupla face e folha de ofício (para fazer os personagens),
tecido, agulha e linha (para a confecção das almofadas, travesseiros, cobertores e
toalhas).
6) Tempo necessário para realização da atividade - O tempo necessário
dependerá do número de alunos que compõem a turma, de seu ritmo e do professor,
podendo variar de uma a duas semanas.
AN02FREV001/REV 4.0
35
– investigar o conhecimento que os alunos já possuem a respeito do
conteúdo;
- despertar na criança a curiosidade artística, criatividade e originalidade;
- proporcionar ao aluno enriquecimento do vocabulário e de conhecimento a
respeito do tema;
- oportunizar a consciência sonora e visual das letras do alfabeto.
3) Metodologia:
1º passo: Escolha do tema – A Vida Animal;
A escolha do tema é feita em concordância com o conteúdo proposto.
2º passo: Pesquisa exploratória – o professor levanta um debate a respeito
dos hábitos dos animais, seu habitat, tendências alimentares, suas formas
pitorescas, constituição física, enfim, suas características gerais, analisando as
observações dos alunos;
3º passo: Exibição de Filme;
Os alunos são convidados a assistir a um filme sobre o reino animal.
4º passo: Apresentação da história do origami: o professor lê para as
crianças a respeito dessa arte feita com dobraduras em papel, bem como oportuniza
informações a respeito do seu país de origem;
5º passo: Registro feito pelos alunos: as crianças devem registrar o que foi
visto e debatido por meio da construção de um cenário. Nele deve constar uma
montagem com os animais confeccionados a partir de moldes em origami nos seus
respectivos habitats;
6º passo: Fixação das letras: o professor fixa oral e visualmente as letras
iniciais do nome dos animais ou de outros elementos evidenciados no desenvolver
da atividade, conforme o interesse da turma.
4) Abrangência interdisciplinar – essa atividade permite que a criança
conheça um pouco a respeito da diversidade cultural de outro país, sua localização,
seus hábitos, sua história; aperfeiçoamento motriz, noção de limite espacial e
noções de geometria.
5) Material utilizado – DVD, globo terrestre ou mapa mundi, réguas,
canetinhas coloridas, pincel atômico, fita adesiva, lápis de cor, papel dupla face,
revistas, moldes de origami retirados de revista ou internet.
AN02FREV001/REV 4.0
36
6) Tempo necessário para realização da atividade - O tempo necessário
dependerá do número de alunos que compõem a turma, de seu ritmo e do professor,
podendo variar entre uma e duas semanas.
AN02FREV001/REV 4.0
37
e) Quantas bolas há no campo?
f) Quantos bandeirinhas e juízes?
g) O jogo possui regras? Quais? O que aconteceria se elas não existissem?
h) Quem ganha o jogo?
4) Confecção do material: o professor constrói o campo de futebol e
disponibiliza moldes de cada elemento: jogadores, juízes e bandeirinhas, auxiliando
as crianças na confecção.
5) Abrangência interdisciplinar – esta atividade permite que a criança
conheça um esporte culturalmente apreciado em todo o mundo, assim como sua
história, origem e peculiaridades. Podemos também explorar o conhecimento das
cores e a noção espaço-temporal.
6) Material Utilizado – réguas, canetinhas coloridas, pincel atômico, cola, fita
adesiva, lápis de cor, papel dupla face colorido (para fazer os personagens) e
branco (para as traves e os limites do campo), isopor e papel de seda na cor verde
(para fazer o campo de futebol com gramado).
7) Tempo necessário para realização da atividade - O tempo necessário
dependerá do número de alunos que compõem a turma, de seu ritmo e do professor,
podendo ser executado em uma semana.
AN02FREV001/REV 4.0
38
FONTE: acervo pessoal
AN02FREV001/REV 4.0
39
FONTE: Jeferson, 7 anos FONTE: Gabriel, 10 anos
g) A História de SADAKO (texto para ser lido aos alunos) - Esta é uma
história verídica, que possui como pano de fundo a história das vítimas de
AN02FREV001/REV 4.0
40
Hiroshima, uma cidade japonesa atacada pela bomba atômica. A menina Sadako,
em 1945, na época com dois anos de idade era uma das sobreviventes, porém sua
história não teve um final feliz. Dez anos após a explosão, Sadako teve o
diagnóstico de Leucemia, em consequência da radiação da bomba venenosa.
No hospital, aprendeu a lenda dos Tsurus com um amigo e esta dizia que se
alguém dobrar mil Tsurus, fazendo o pedido de sarar, para cada um deles, alcançará
seu intento. Sadako empenhou-se, porém sua saúde piorava e ela não mais pediu
por seu restabelecimento, mas pela PAZ mundial e produziu 964 Tsurus, até o dia
25 de outubro de 1945, data em que veio a falecer.
Sua triste história comoveu o mundo inteiro e até hoje inspira jovens que, em
nome da paz, produzem a cada vez mil Tsurus, unidos por um bom propósito. Os
amigos de Sadako dobraram os Tsurus restantes e, ainda, em favor das vítimas da
bomba atômica, conseguiram fundos para a construção de um monumento –
Monumento da Paz das Crianças.
A história de Sadako mobilizou várias escolas e transformou-se em um
costume. Estudantes do mundo inteiro enviam Tsurus para este monumento, no Dia
da Paz, em seis de agosto.
AN02FREV001/REV 4.0
41
i) A História do futebol no Brasil (texto para ser lido aos alunos)
Quem introduziu o jogo de futebol no Brasil, em 1894, foi o paulistano
Charles Miller, quando, aos nove anos de idade, viajou para a Inglaterra e, ao
retornar, trouxe consigo uma bola e as regras do jogo. Um ano depois, em quinze de
abril de 1895, aconteceu o primeiro jogo de futebol entre funcionários ingleses que
moravam e trabalhavam no Brasil.
O primeiro time foi chamado de São Paulo Athletic. A primeira copa jogada
aqui em nosso país foi no ano de 1950 (56 anos depois). O Brasil foi desclassificado
ao perder para o Uruguai (Uruguai 2 x Brasil 1). A próxima Copa do Mundo jogada
no Brasil será em 2014. Vamos torcer pelo nosso país!
AN02FREV001/REV 4.0
42
“...venho referindo como ‘leitura da leitura anterior do mundo’, entendendo-
se aqui como ‘leitura do mundo’ a leitura que precede a leitura da palavra e
que, perseguindo igualmente a compreensão do objeto, se faz no domínio
da cotidianidade”. (carta dirigida aos professores. FREIRE, Paulo, 1993)
AN02FREV001/REV 4.0
43
70 a respeito do desenvolvimento do processo de alfabetização, e sua tendência é a
de direcionar seu discurso para as práticas construtivistas em educação.
Nível Pré-silábico
No início da alfabetização a criança ainda não distingue a unidade do
símbolo gráfico de um todo, ou seja, a letra da palavra, assim como ainda não
compreende que a escrita representa a fala, o som da palavra e não o objeto a que
o nome se refere. Poderá imaginar, por exemplo, que a letra inicial do seu nome
signifique a palavra inteira, ou que seu nome e uma característica sua possam ser
expressos com a mesma palavra.
Ainda há, nesse período, uma confusão a respeito da relação do
pensamento com sua expressão gráfica, ocupando o desenho um papel muito
AN02FREV001/REV 4.0
44
importante neste aspecto, pois esse recurso servirá de instrumento comunicativo,
enquanto a criança desenvolve aptidões e constrói suas hipóteses.
Grafismos primitivos - esse sistema de expressão gráfica são rabiscos,
sinais com movimentos variados, podendo ser em zigue-zague, ondulares, em linha
reta ou não, com propensão arbitrária. A escrita poderá aparecer junto ao desenho,
para dar crédito a suas intenções de significado. É também comum a não
diferenciação entre letras e números, sendo que ambos são símbolos
representativos de ideias postas no papel.
A “Hipótese de Quantidades Mínimas” – cada sujeito que passa por esta
característica peculiar desenvolve um número mínimo de letras que podem ser lidas,
podendo ser duas, três ou quatro.
Sugestões para o melhor aproveitamento desta etapa:
1) Letras – destacar a forma e posição das letras e apresentá-las em seus
tipos variados;
- fazer conexão entre a sonorização, pronúncia e as letras iniciais de
palavras que contenham significado para a criança;
- proporcionar situações em que apareça a distinção entre letras e números.
2) Palavras – realizar associações entre palavras e objetos;
- análise quanto às letras iniciais e finais de palavras que possuam
significado para a criança.
3) Frases – distinção entre imagem de figuras e a escrita em um texto;
- ressaltar a distribuição espacial das frases no texto.
Nível Silábico
A descoberta da relação fonográfica da letra inicial antecede o
descobrimento de que todas as letras das palavras possuem valor sonoro. O nível
silábico caracteriza-se pela tendência que a criança possui em aceitar a sílaba como
AN02FREV001/REV 4.0
45
sendo a própria palavra; ou, ainda, admitir uma letra para cada sílaba, registrando,
por exemplo, VL para a palavra VELA e também uma letra para cada frase.
O aluno depende, assim, do auxílio do professor para tomar consciência do
número de letras que as palavras possuem, e, principalmente, de que existem
monossílabas que emitem apenas um som, mas possuem duas letras. Ao gerar
essas afirmações é oportunizada à criança que esta elabore seu conhecimento,
gerando um momento de transformação do pré-conhecimento ao novo, intermediado
pelo professor.
O conhecimento da relação letra-som poderá perpassar mais de um nível de
evolução, portanto a criança não se desenvolve nestes níveis de uma forma
irreversível e continuamente vertical, pulando de um para o outro, automaticamente,
sendo que sua evolução é uma complexa rede gradual de aquisição de aptidões e
conhecimentos que se interligam. Portanto, seguindo este raciocínio, passar para
um estágio não significa deixar de possuir algumas manifestações do estágio
anterior ou estar adiantado em outras.
Sugestões:
1) letras – análise da pronúncia das letras a partir do som da primeira sílaba
da palavra;
- continuação do destaque às formas e posição das letras, cursiva e
imprensa.
2) palavras – contagem do número de letras, desmembramento oral das
sílabas e repartição das palavras escritas.
3) frases – utilização de pequenos textos lidos pelo professor e
memorizados pelos alunos.
Pesquisa de palavras do texto, verbos, artigos...
AN02FREV001/REV 4.0
46
letras na sua constituição. As unidades linguísticas já são identificadas pela criança:
letras, sílabas, palavras e frases.
Outra característica desta etapa é que as palavras não são percebidas como
unidades separadas em uma frase, ignorando o uso correto da separação na
formação da ideia ou sentido do conteúdo. A criança baseia-se literalmente na
pronúncia da palavra para expressá-la graficamente, mesmo que ela seja
representada por diversas letras, podendo ocorrer registros como: “aza” - asa, “biqo”
- bico, “soudado” - soldado, “jel” - gel...
Sugestões:
1) letras – identificação dos sons das letras.
2) palavras – análise da quantidade de letras e sílabas da palavra;
- montagem de palavras por meio de sílabas;
- classificação das sílabas quanto ao número de letras;
- classificação das palavras de acordo com o número de sílabas.
3) frases - produção e leitura de pequenos textos;
- contextualização da palavra na frase;
- contagem de letras, palavras, frases e espaços no texto.
AN02FREV001/REV 4.0
47
Conhecimento da letra inicial das palavras.
Nível
Intermediário
Hipótese som x grafia: Correspondência de cada
sílaba oral com um sinal gráfico. Escrita representa
Silábico
Qualquer letra pode servir para representar os sons da fala
qualquer som.
Correlação mais precisa entre som e grafia. Transição entre
Silábico
Certa diferenciação entre as letras que podem silábico e
alfabético
servir para representar sons. alfabético
Descoberta de que a sílaba pode conter 1, 2, 3, 4 Compreensão do
Alfabético ou 5 letras. sistema de escrita
Descoberta das convenções ortográficas. alfabética
FONTE: SCHIRMER, Carolina R.; FONTOURA, Denise R.; NUNES, Magda L., 2004.
AN02FREV001/REV 4.0
48
1) Disgrafia – é a dificuldade em representar a escrita (codificação gráfica).
A pessoa poderá ler, porém possui limitações no momento de escrever o que foi lido
e interpretado. Poderá apresentar problemas motores e de equilíbrio;
2) Disortografia – dificuldade em expressar-se por meio da escrita,
verificado pela má elaboração de frases e erros ortográficos, associada a atrasos na
compreensão da linguagem escrita;
3) Dislalia – é o mau pronunciamento das palavras, a pessoa omite ou
acrescenta fonemas, troca sílabas ou deforma a palavra dita. Pode ser causada por
deformações na boca, língua ou palato, por problemas no sistema nervoso ou por
nenhum desses anteriores (dislalia funcional). Até os quatro anos de idade os erros
de pronúncia são considerados normais, além de que fatores emocionais também
podem causar tais características;
4) Dislexia – Esse distúrbio possui origem a partir de lesões cerebrais,
alterações cromossômicas, hereditariedade, anoxia perinatal, AVC (acidente
vascular cerebral). É um dos distúrbios mais complexos e de difícil diagnóstico;
Consiste no baixo desempenho na alfabetização ou a total inexistência
desse processo. A dislexia envolve o comprometimento no processamento periférico
e central, sistema de análise visual e sistema linguístico, respectivamente. Portanto,
o que a criança percebe visualmente é alterado, podendo não identificar as palavras
nem figuras, ou lê palavras isoladas, mas não consegue ler muitas ao mesmo
tempo, ou, ainda, lê letras, mas não a palavra.
A dislexia não causa trocas de palavras ou letras como a dislalia, pois na
maioria das vezes a criança que apresenta esse distúrbio não pode decifrar as letras
nem as palavras.
5) TDAH – Transtorno do Deficit de Atenção por Hiperatividade – Esse
distúrbio pode ser causado por fatores genéticos, alterações dos neurotransmissores
ou fatores ambientais. Afeta a atenção e coordenação motora, a hiperatividade é
exagerada, a criança pode apresentar irritação, impaciência e sono irregular.
Algumas características que podem aparecer em sala de aula são:
Responde antes de o professor terminar a pergunta;
Encontra-se sempre desesperado para fazer tudo ao mesmo
tempo;
Não consegue aguardar a sua vez;
AN02FREV001/REV 4.0
49
Não prevê consequências em seus atos, confrontando-se com
situações difíceis e perigosas.
AN02FREV001/REV 4.0
50
Aprendizado tardio da linguagem falada, mas quando adquire,
“conversa” monólogos e não diálogos;
Leitura facilitada, sem compreender o conteúdo;
A criança escreve conforme o primeiro tipo de letra que aprendeu a ler e
demora a assimilar outro tipo;
A linguagem escrita sobrepõe-se à oral;
Tendência em escolher programas que sejam realizados apenas por ela
mesma, isolando-se de grupos;
Pode apresentar boa memória auditiva para o aprendizado em geral.
Esses são alguns dos distúrbios mais comuns em salas de aulas, sendo
que a criança que apresentar um ou outro sintoma descrito acima não terá
necessariamente um distúrbio, sendo necessária uma avaliação individual com
diversos profissionais, iniciando a partir da suspeita dos professores.
FIM DO MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
51
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
52
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
53
MÓDULO III
AN02FREV001/REV 4.0
54
revisão psicossocial da psicóloga Maria H. Ferreira Pinto Machado, a correlação
entre as etapas do aprendizado e os estágios do desenvolvimento emocional
baseado em Freud:
AN02FREV001/REV 4.0
55
A dificuldade de aprendizado, caracterizada por limitações na assimilação
alfabética, pode estar ligada às dificuldades de superação da fase edípica, bem
como o sentimento de culpa sem motivação aparente.
Período de Latência – Esse período correspondente ao momento da
educação formal, a criança experimenta sentimentos de admiração, empatia,
aprovação, afeição, que surgem em concordância e dependência de seu senso de
realização. Os sentimentos de inferioridade e impotência poderão surgir de acordo
com sua (in) capacidade de realizar algo, de produzir.
Dificuldades emocionais podem acarretar sintomas escolares, facilmente
observados pelos profissionais que trabalham diretamente com a criança, como:
inquietude, desatenção, memória enfraquecida, má elaboração de seus trabalhos,
dificuldades de associação (união das letras do alfabeto, conteúdos, textos...), falta
de comprometimento com suas tarefas, desinteresse geral pelos estudos, apatia e
indiferença escolar e, ainda, incapacidade de relacionar-se, demonstrando um
comportamento agressivo com a turma.
Baseando-se em orientações a respeito do conhecimento amplo de seus
alunos, o professor terá condições de administrar seu trabalho, o que oportunizará
um melhor planejamento anterior à sua prática. Entretanto, a característica
mediadora da avaliação requer do professor uma postura flexível e dinâmica, que
guie sua rotina, conteúdos, recursos e planejamentos voltados ao conhecimento
construído pela criança diariamente.
Jussara Hoffmann, em seu livro “Avaliação Mediadora – Uma Prática em
Construção” defende a avaliação como um ato contínuo, levantando em torno do
assunto debates, questionamentos e ponderações atuais. Segundo a escritora,
determinados pontos deverão abranger qualificação à avaliação:
- Oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar suas ideias;
- Oportunizar discussão entre os alunos a partir de situações desencadeadoras;
- Realizar várias tarefas individuais, menores e sucessivas, investigando
teoricamente, procurando entender razões para as respostas apresentadas pelo
educando;
- Ao invés do certo/errado e da pontuação tradicional, fazer comentários sobre
as tarefas dos alunos, auxiliando-os a localizar as dificuldades, oferecendo-lhes a
oportunidade de descobrir melhores soluções;
AN02FREV001/REV 4.0
56
- Transformar os registros de avaliação em anotações significativas sobre o
acompanhamento dos alunos em seu processo de construção do conhecimento.
AN02FREV001/REV 4.0
57
consenso no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido em todas as escolas
de seu município, de sua região ou país.
A respeito dessa função, de embasar a construção de conteúdos mínimos a
partir de um plano comum, o MEC tem para si o compromisso de oportunizar
debates, pesquisas e outras estratégias que viabilizem um amplo estudo
abrangendo a aplicação curricular. Em 2006 promoveu o Seminário Nacional,
realizado em duas edições, com variadas temáticas versando a respeito do
currículo, conforme veremos no texto a seguir:
AN02FREV001/REV 4.0
58
assimilação do conteúdo; e, finalmente, viabilizar uma avaliação condizente com o
objetivo em questão.
AN02FREV001/REV 4.0
59
trazido de casa. A avaliação, nesse caso, servirá para organizar
atividades mais elaboradas, como por exemplo, ao invés de recortar as
letras do nome, o próximo passo será escrevê-lo e recortá-lo para
formar um quebra-cabeça.
A leitura das histórias é recomendada, observando as reações da
turma. O professor deverá ficar atento às questões relevantes, como
motricidade, noção espaço-temporal, vocabulário, memorização,
atenção, organização, cuidado com os materiais, capacidade de
trabalhar em grupo, entre outras questões que surgem e indicam com
que aluno, o que, como e com que material trabalhar.
AN02FREV001/REV 4.0
60
quantas possuem de cada cor e registram numa tabela;
3) Finalmente, as crianças deverão “unir” as tampinhas vermelhas com
as verdes e realizar a contagem, seguido do registro. A atividade termina
quando todas as cores forem somadas entre si.
O professor observará diretamente o conhecimento da criança, devendo
AVALIAÇÃO repetir a atividade ao final de cada bimestre para averiguar os avanços
da turma.
AN02FREV001/REV 4.0
61
O sonho de democratizar a escolarização básica passou a ser dada a todos
(...) a oportunidade de dominar as mesmas armas, as mesmas credenciais,
para se valer em uma sociedade cada vez mais seletiva, sem questionar o
caráter seletivo e excludente, antidemocrático e antipedagógico, do
credencialismo a que nosso sistema sempre foi atrelado. (ARROYO, 2000,
p. 15)
AN02FREV001/REV 4.0
62
3) Área de Ciências Naturais;
4) Área de História;
5) Área de Geografia;
6) Área de Artes;
7) Área de Ensino Religioso;
8) Temas Transversais (meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, orientação
sexual, ética, trabalho e consumo).
Alguns passos que podem ser seguidos pelo professor no início do processo
de LEITURA:
Instigar na criança a curiosidade por algum tema;
Disponibilizar materiais divertidos, com temas atuais e apropriados para
sua idade, como revistas em quadrinhos, livrinhos, CDs com historinhas e até
mesmo objetos concretos para ilustrar uma história (um barquinho para a história do
Soldadinho de Chumbo, por exemplo); * Anexo nº 1
Conversar com o aluno a respeito da importância da leitura para sua vida
prática;
Promover aumento do vocabulário com o uso do dicionário;
Verificar se o aluno consegue interpretar o que foi lido;
Suscitar originalidade e criatividade nas composições diárias.
AN02FREV001/REV 4.0
63
O desenvolvimento do processo de leitura e escrita deve ser gradual,
sendo posteriormente observados outros aspectos mais elaborados que auxiliam na
avaliação do aluno:
Limites da folha respeitados de acordo com o tamanho da linha;
Observação do parágrafo e margens;
Legibilidade da letra;
Cuidados de higiene e organização com o material;
Clareza, coesão e sequência na exposição das ideias;
Objetividade na interpretação do que foi lido;
Riqueza de vocabulário;
Boa pronúncia e postura corporal;
Ortografia, acentuação, pontuação e concordância nos textos.
Planejamento sugerido
Texto: O Soldadinho de Chumbo * (Anexo nº 2)
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
64
REALIZAÇÃO DAS debate a respeito do texto. Ao término do debate, cada aluno
ATIVIDADES deverá recontar a história adicionando um final diferente.
A última tarefa será a confecção do barquinho, seguindo o modelo
do professor.
AN02FREV001/REV 4.0
65
Planejamento sugerido
Passeio ao Supermercado
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
66
3) Área de Ciências Naturais – ao estudar as ciências naturais, o aluno
deverá construir valores a respeito da natureza, sua importância e como contribuir
para sua preservação. A compreensão de fenômenos naturais e sua ação no meio
ambiente deverão ser elaboradas pela criança, sendo mediado por informações
científicas adequadas à sua faixa etária.
Desenvolver situações que envolvam alimentação, higiene, saúde e
conhecimento do corpo para manutenção do bem-estar físico, mental e prevenção
de doenças. Promover a compreensão de que os recursos naturais poderão findar
devido ao mau uso e exploração humana.
Planejamento sugerido
Brincadeiras de adivinhação
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
67
gelado, duro e molhado” (cubo de gelo). “É macio e sua
temperatura é a mesma do corpo” (algodão). “É saboroso, tem
gosto e cheiro de fruta” (geleia de morango).
Na segunda brincadeira o professor solicita que um aluno
posicione-se em pé. Todos os outros deverão observá-lo. Em
seguida o aluno retira-se da aula e modifica algo em sua roupa,
acessórios, etc. Ao entrar na sala, novamente, os demais devem
apontar onde houve a modificação.
AN02FREV001/REV 4.0
68
Planejamento sugerido
Linha do tempo
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
69
6 e 7) Áreas de Artes e Religião – na educação escolar das séries iniciais
os objetivos do ensino religioso enfocam, principalmente, os conceitos relacionados
às diferentes religiões existentes, como o significado de respeitar, de ter fé,
solidariedade, fraternidade, etc. A área de artes evoca o conhecimento subjetivo,
sua atividade criadora e a originalidade da criança, desenvolvendo sua aptidão para
abstrair, suas habilidades manuais e táteis, bem como sua apreciação estética.
Planejamento sugerido
Visita a uma instituição filantrópica
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
70
AVALIAÇÃO solidariedade, cooperação e disponibilidade para realizar as
atividades em grupo.
Planejamento sugerido
A História do Natal
SÉRIES INICIAIS
AN02FREV001/REV 4.0
71
no final da atividade.
Nesta atividade poderão ser observados os conhecimentos que as
AVALIAÇÃO crianças possuíam anteriormente, bem como a construção de
novos conhecimentos a partir das informações salientadas no
debate.
AN02FREV001/REV 4.0
72
personagens que ensinam o “ABC”, joguinhos que ensinam as operações
matemáticas, etc.
Porém, se o professor não possuir criatividade e originalidade na hora de
inseri-los em seu planejamento, corre o risco de que noções importantes, as quais
diferenciam a simples informação do real conhecimento, não sejam devidamente
exploradas. Posteriormente, no módulo IV (ANEXO 7), serão recomendados sites e
espaços pedagógicos que auxiliam o professor, oferecendo recursos para ilustrar
sua prática.
As diretrizes atuais em educação tendem a sugerir a inclusão dos PNEs -
Portadores de Necessidades Especiais em classes comuns do ensino regular,
porém, para tanto, está previsto em leis e pareceres o direito à acessibilidade
dessas pessoas, a fim de garantir-lhes equidade e qualidade de condições.
Conhecerá, a seguir, o aparato tecnológico que possibilita aos educadores
maior diversidade para desenvolvimento de suas atividades por intermédio do
computador nos casos de comprometimentos como: deficiências físicas – paralisia
cerebral ou deficiências adquiridas; deficiência visual – cegueira parcial ou total e
deficiência auditiva.
Trava teclas com SHIFT e CTRL para serem usadas apenas com uma das
mãos;
Operação do mouse a partir de teclas do teclado;
Modificação da sensibilidade do teclado no pressionamento das teclas;
Sinais sonoros para a tecla caps lock, por exemplo;
Regulagem do teclado para uso de pessoas com limitações na
coordenação dos movimentos.
AN02FREV001/REV 4.0
73
APLICATIVOS ACESSÍVEIS PARA DEFICIÊNCIA FÍSICA
Nome Função Informações
AN02FREV001/REV 4.0
74
Visual Bells mini- Avisos visuais http://www.ibiblio.org/pub/Linux/docs/HO
HOWTO WTO/mini/
Comunicação
Zapata via telefone http://www.zapatatelephony.org/project.ht
utilizando o ml
computador
como terminal
de texto
AN02FREV001/REV 4.0
75
A capacidade para segmentar e, sobretudo, para categorizar essas
unidades, percebendo semelhanças e diferenças entre as mesmas, se
desenvolve antes de a criança se tornar alfabetizada e seria preditora do
sucesso na aprendizagem posterior da leitura e da escrita. (BRADLEY e
BRYANT 1987, GOSWAMI e BRYANT 1990, apud REGO).
Palavras
Atividade: Texto Vazado
Objetivo: A criança deve perceber que os textos e as músicas são feitos de
um conjunto de frases e as frases, por sua vez, feitas por palavras. A criança deverá
perceber a importância de cada palavra no seu devido lugar para a leitura de um
texto ou canto de uma música.
AN02FREV001/REV 4.0
76
Realização da atividade: O professor lê um pequeno texto (uma história
conhecida). Em seguida, solicita que um aluno voluntário recorte algumas palavras
em cada frase (demarcadas anteriormente pelo professor), dando o efeito vazado no
texto. Finalmente, o professor lê o texto sem as palavras e elabora questionamentos
aos alunos a respeito das palavras que estão faltando: Onde estão as palavras? Por
que é importante que cada uma esteja no lugar certo?
AN02FREV001/REV 4.0
77
LATA LÁPIS LUA LÂMPADA
IDENTIFICAÇÃO DE FONEMAS
AN02FREV001/REV 4.0
78
Atividade: Troca de vogais na canção infantil – O Sapo Não Lava o Pé
Canção original: (Folclore)
Exemplo:
EU – (duas batidas de palmas)
TAPETE – (três batidas de palmas)
SACI – (duas batidas de palmas)
PÉ – (uma batida de palmas)
AN02FREV001/REV 4.0
79
Atividade – placa de vocalização das vogais* (anexo 8). O objetivo dessa
atividade é familiarizar o aluno com a sonoridade das vogais e realizar sua
articulação correta.
Exemplo: solicitar que o aluno module sua voz em uma entonação grave
nas vogais salientes e, nas demais, oralizar uma de cada vez, normalmente.
Essas foram algumas atividades adaptadas do livro “Consciência Fonológica
– Atividades Práticas”, de Elizabeth Crepaldi de Almeida e Patrícia Moreira Duarte.
AN02FREV001/REV 4.0
80
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
83
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO
MÓDULO IV
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 4.0
84
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
MÓDULO IV
Uma das formas de o professor conhecer sua turma no início do ano letivo é
conversando individualmente com os alunos que a constituem. Não sendo possível
dialogar com todos, em função do número elevado de alunos, a realização da
enquete vale para aqueles que precisam de maiores atenções. Uma
complementação da enquete é o conhecimento do histórico da criança fornecida
pela equipe diretiva da escola e, ainda, uma entrevista com os pais.
A sugestão é que este questionário seja aplicado no primeiro bimestre,
quando alunos e professores já se sentem à vontade para responder e perguntar. O
questionamento ao aluno requer uma observação eficaz do professor. Ele deve estar
atento às questões subjetivas das crianças, que se evidenciam na linguagem
corporal, entonação da voz, demonstrações de inquietude, desconforto ou
desatenção e desânimo.
AN02FREV001/REV 4.0
85
As perguntas 5, 6, 12, 13, 14 e 15 poderão indicar a subjetividade do
aluno frente à comunidade escolar, o que ele sente a respeito deste espaço, como
foram ou estão sendo suas experiências na escola ou em sala de aula;
As perguntas 10, 11 e 16 sinalizam, em suas respostas, a expectativa
da criança no presente e no futuro próximo, sendo que a escolha da profissão, nesta
etapa de vida, limita-se à admiração pelo trabalho dos pais ou de parentes próximos,
e não revela, necessariamente, a tendência profissional dos pequeninos;
A pergunta 17 foi elaborada com a intenção de verificar os
conhecimentos da criança em relação à fase da escrita em que ela se encontra;
As perguntas finais, 18, 19 e 20 devem evidenciar se a criança já está
construindo noções da aplicação prática da matemática em sua vivência diária, bem
como os conhecimentos adquiridos informalmente, no período pré-escolar.
Cada turma poderá exigir perguntas pertinentes, tais que para outra não
seriam adequadas. Portanto, deverá ser de cada professor a função de adequar este
questionário à sua realidade.
AN02FREV001/REV 4.0
86
12) O que é mais legal na escola?
13) O que é mais chato na escola?
14) O que é mais fácil na sala de aula?
15) O que é mais difícil na sala de aula?
16) Você acha mais importante ler ou escrever? Por quê?
17) Você acha que a palavra árvore é maior ou menor do que a palavra
bicicleta?
18) Você sabe para que servem os números?
19) Onde podemos encontrá-los?
20) Você sabe qual é a sua altura e o seu peso?
01) Você gosta do seu nome? Com que letra começa? Sim. Com as
mesmas de sempre a, a, a e a.
02) Sabe quem o escolheu? Conte sua história. Meu irmão que gosta
muito do meu nome.
AN02FREV001/REV 4.0
87
03) Conte-me como é o seu dia a dia. (Houve confusão ao responder) de
manhã vou pra aula, de tarde assisto televisão com meu irmão e de noite
brinco e durmo.
04) Você gosta de ouvir histórias? Quais? Não gosto.
05) O que você pensa de sua escola? Eu gosto daqui.
06) Já estudou em outro lugar? Na creche...
07) O que você mais gosta de comer? Quem prepara? Arroz, feijão e
carne. O pai e a mãe.
08) Em que seus pais (ou responsáveis) trabalham? Minha mãe trabalha
no mercado... Meu pai é pedreiro.
09) Você imagina como é o trabalho deles? Sim, minha mãe limpa chão,
janela, desencaixa as caixas, um monte de coisas. Ela corre pra lá e pra cá. O
meu pai, pelo que eu sei, carrega lenha no trabalho dele.
10) Você acredita que é fácil trabalhar? Qual a profissão que você acha
mais interessante? É mais fácil trabalhar, é muito bom trabalhar, ganhar
dinheiro pra fazer compras. Quero ter uma empresa de construção de casas.
11) Você acredita que é mais fácil trabalhar ou estudar? Por quê? É mais
fácil trabalhar.
12) O que é mais legal na escola? O meu amigo...
13) O que é mais chato na escola? Ir à pracinha.
14) O que é mais fácil na sala de aula? Contar.
15) O que é mais difícil na sala de aula? Ler, um pouco.
16) Você acha mais importante ler ou escrever? Por quê? Escrever é
bom, muito bom mesmo.
17) Você acha que a palavra árvore é maior ou menor do que a palavra
bicicleta? A árvore é mais alta do que a bicicleta.
18) Você sabe para que servem os números? Não
19) Onde podemos encontrá-los? Nos livros, nas coisas que a gente vai
aprendendo. Nas máquinas, tudo tem números, como as escavadeiras.
20) Você sabe qual é a sua altura e o seu peso? Cinco e vinte. Hum, acho
que não sei. Ou cinco e nove. Não sei muito bem.
AN02FREV001/REV 4.0
88
Sugestão para o aluno A – Devido ao seu histórico de agressividade,
dificuldades de atenção e memorização, lentidão para realizar as tarefas, bem
como as avaliações neurológicas já realizadas, o encaminhamento deve ser
feito para o serviço psicopedagógico para avaliação e acompanhamento de
suas dificuldades.
AN02FREV001/REV 4.0
89
16) Você acha mais importante ler ou escrever, por quê? Ler e escrever
emendado.
17) Você acha que a palavra árvore é maior ou menor do que a palavra
bicicleta? Árvore. Porque uma árvore é grandona. Pinheiro é maior, é grande.
Tem um lá perto da minha casa.
18) Você sabe para que servem os números? Para aprender a ler e a
escrever.
19) Onde podemos encontrá-los? Ali (aponta para a parede onde há
bandeiras com os numerais e as quantidades).
20) Você sabe qual é a sua altura e o seu peso? Não.
AN02FREV001/REV 4.0
90
14) O que é mais fácil na sala de aula? Pintar.
15) O que é mais difícil na sala de aula? Os números.
16) Você acha mais importante ler ou escrever. Por quê? Escrever e ler
porque é bom para aprender. Para ir ao mercado fazer compras.
17) Você acha que a palavra árvore é maior ou menor do que a palavra
bicicleta? Árvore é maior.
18) Você sabe para que servem os números? Pra escrever.
19) Onde podemos encontrá-los? Nas salas de aula.
20) Você sabe qual é a sua altura e o seu peso? Não.
AN02FREV001/REV 4.0
91
10) Você acredita que é fácil trabalhar? Qual a profissão que você acha
mais interessante? Eu quero trabalhar em Porto Alegre, de qualquer coisa.
11) Você acredita que é mais fácil trabalhar ou estudar? Por quê? Tem
que estudar pra depois trabalhar. O pai estudou por isso ele sabe trabalhar.
12) O que é mais legal na escola? Brincar e aprender a escrever.
13) O que é mais chato na escola? Nada.
14) O que é mais fácil na sala de aula? Um monte de coisa. É bom
escrever os números.
15) O que é mais difícil na sala de aula? Nada.
16) Você acha mais importante ler ou escrever? Por quê? Ler porque é
muito melhor para aprender.
17) Você acha que a palavra árvore é maior ou menor do que a palavra
bicicleta? Bicicleta. Porque tem mais que árvore (o aluno contou as letras das
duas palavras. Porém, ele não conseguiu especificar o que uma palavra tinha
mais do que a outra).
18) Você sabe para que servem os números? Não sei.
19) Onde podemos encontrá-los? Contando.
20) Você sabe qual é a sua altura e o seu peso? Não.
1) Relações familiares
Pode-se observar que a presença ou ausência dos pais ou responsáveis
influenciam, de forma determinante, no seu aprendizado. Suas ações evidenciam
como suas influências refletem para a vida escolar das crianças. No caso da criança
D, os fatos relatados foram positivos, evidenciando o capricho da mãe e a
importância que dá ao aprendizado do filho, ao pedir-lhe que lave as mãos para
AN02FREV001/REV 4.0
92
fazer as tarefas. Foi a única criança que relatou haver um momento de estudo em
casa. Outro hábito, que aparentemente faz parte do cotidiano da criança, é a leitura
de livros infantis feitas pelos pais.
3) Hábitos frequentes
75% das crianças não adquiriram hábito de ouvir histórias infantis, sendo
que destas, uma delas não gosta dessa atividade (25%). As outras duas gostam,
mas não conseguiram lembrar-se do título de nenhuma (50%).
4) O ambiente escolar
As crianças demonstraram, aparentemente, que simpatizam com a escola, e
mantêm uma boa relação com a turma e a comunidade escolar, sendo que apenas
um deixou escapar um suposto envolvimento com brigas (aluno C). A surpresa foi
em relação à preferência por outras atividades em detrimento da ida à pracinha. Em
todas as respostas as crianças ignoraram ou negaram gostar desse espaço.
5) Expectativas
Este foi um fator considerado favorável a partir das respostas dadas a
respeito da escola, sala de aula e a relação trabalho/estudos. A resposta mais
interessante foi a do aluno D ao demonstrar uma noção que evidencia a importância
do “aprender”, colocando o estudo como pré-requisito ao trabalho: o pai estudou, por
isso ele sabe trabalhar.
Essa é uma noção que a criança aprendeu com um exemplo do seu meio
familiar, não sendo possível à escola realizar essa tarefa. Conclui-se, assim, o
quanto uma boa relação familiar contribui indiretamente para o aprendizado formal
da criança.
AN02FREV001/REV 4.0
93
Embora algumas crianças apresentem dificuldades no processo de
aprendizagem, a avaliação que podemos fazer é positiva, pois, em suas respostas,
observa-se uma expectativa futura, uma determinada vontade de realizar algo que a
escola pode proporcionar.
Outra questão importante é a motivação. Aparentemente nenhuma das
crianças apresentou desmotivação, pois quando acontece geralmente observa-se
que a maioria das respostas é negativa, não há ânimo ao responder e as frases não
comportam expectativas futuras.
AN02FREV001/REV 4.0
94
espaço que eles ocupam na sala de aula. Como se ao ausentar-se dali, os números
perdessem sua funcionalidade e, até mesmo, sua existência.
Aluno D – O aluno já reconhece uma função dos números: a contagem.
Sendo assim, pode certamente distingui-los das letras. Mesmo que ele ainda não
saiba descrever para que servem os números, é evidente que já construiu noções a
respeito de sua importância. Ele foi a única criança que conseguiu dissociar a
palavra do seu objeto representado. Conclui-se, portanto, que o aluno esteja no nível
intermediário, passando do silábico ao alfabético.
GLOSSÁRIO
MÓDULO I
AN02FREV001/REV 4.0
95
MÓDULO II
Decoreba – decorar algum assunto ou conteúdo mecanicamente, sem compreendê-
lo.
Anoxia perinatal – falta de oxigenação no feto no momento do seu nascimento.
TID – Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – é um transtorno que se
manifesta no início da vida da criança. As características são associadas ao prejuízo
das habilidades sociais, da comunicação e por comportamentos estereotipados e
repetitivos.
MÓDULO III
Fase edípica – segundo Freud, o pai da psicanálise, a fase edípica é uma etapa em
que as crianças não conseguem elaborar o fato dos pais representarem um papel
alheio à sua existência. Tanto para o menino (filho) que exige da mãe as atenções
que ela tem para o marido (pai), quanto para a menina (filha) que quer as atenções
do pai somente para ela, esta fase caracteriza-se pela intolerância ao personagem
(pai ou mãe) que gera o conflito.
FIM DO MÓDULO IV
AN02FREV001/REV 4.0
96
ANEXOS
AN02FREV001/REV 4.0
97
ANEXO 2 – PÁG. 15, MÓDULO III. Texto: O Soldadinho de Chumbo (Adaptado
da história de Hans Christian Andersen)
O SOLDADINHO DE CHUMBO
AN02FREV001/REV 4.0
98
menininho chegou e pegou os dois brinquedos que dançavam agarradinhos para
brincar na sala, perto de uma quentinha lareira.
O menininho brincou por meia-hora, até que a empregada chamou a todos
para jantar. Ao abrir a porta com muita força, que desgraça, os dois brinquedos
foram lançados ao longe, para dentro da lareira crepitante. Derreteram
abraçadinhos, tristes e felizes de um final comovente que inspirou essa linda história
de amor e amizade.
AN02FREV001/REV 4.0
99
ANEXO 3 – PÁG. 17, MÓDULO III. Histórias Matemáticas
1) Vovó foi ao mercado fazer compras para o aniversário de seu netinho. Ela
comprou três refrigerantes, um bolo de chocolate e uma vela para cantar os
parabéns. Quantos reais vovó gastou ao todo, sendo que o preço da unidade de
refrigerante custa R$ 2,68. O bolo custa R$ 2,49 e a vela R$ 1,00.
Resultado: ________
2) Marquinhos saiu com sua mãe, eles foram à venda comprar carne e suprimentos
para um churrasco que papai irá fazer no domingo. Marquinhos pediu para sua mãe
fazer uma gostosa sobremesa de leite condensado com morango. Ao total, as
compras resultaram em R$ 46,00. Quando a mãe de Marquinhos pagou, deu para a
moça que estava no caixa uma nota de R$ 50,00. Ajude a moça para saber se
precisa devolver troco, e se necessário, quanto deve ser?
Resultado: __________
3) Betinha, uma moça que trabalha para a dona Teresa, tem uma lista de compras
para fazer, antes de a patroa chegar em casa. Foi logo ao mercado e comprou 10
pacotes de bolacha, oito quilogramas de farinha, quatro latas de milho-verde e seis
pacotes de macarrão. Quanto ela gastou ao todo, sendo que um pacote de bolachas
custa R$ 0,98. Um quilograma de farinha custa R$ 1, 89. O pacote de macarrão
custa R$ 1, 95 e uma lata de milho-verde custa R$ 1,19.
Resultado: ___________
Quanto à operadora de caixa deverá dar de troco para uma nota de R$ 100,00?
Resultado: __________
AN02FREV001/REV 4.0
100
ovos custa R$ 2,90. O chocolate granulado custa R$ 3,00. As forminhas custam R$
2,50.
Resultado: ___________
AN02FREV001/REV 4.0
101
ANEXO 4 – PÁG. 18, MÓDULO III. Encarte da atividade: Passeio ao
supermercado
AN02FREV001/REV 4.0
102
ANEXO 5 – PÁG. 24, MÓDULO III. Texto: O Natal (História adaptada do site
http://www.suapesquisa.com/historiadonatal.htm)
A HISTÓRIA DO NATAL
AN02FREV001/REV 4.0
103
grande indústria de refrigerantes, mostrou o Papai Noel vestido com uma roupa
vermelha e branca.
Portanto, a roupa que conhecemos hoje, bem como a imagem do Papai Noel
com sua toca de pompom branquinho, foi resultado do sucesso que a imagem fez na
época, sendo difundida mundialmente por uma campanha publicitária. Atualmente,
podemos encontrar muitas imagens de Papai Noel com roupas douradas, prateadas
e adornadas com finos tecidos. Incapazes de nos remeter à época na qual o bom
Nicolau era o único responsável pela doação de moedas aos desprovidos habitantes
de algum povoado distante.
AN02FREV001/REV 4.0
104
ANEXO 6 – PÁG. 24, MÓDULO III. Modelos dos Personagens do Presépio
AN02FREV001/REV 4.0
105
ANEXO 7 – PÁG. 26, MÓDULO III
AN02FREV001/REV 4.0
106
PORTAL DA TURMA DA MÔNICA: http://www.monica.com.br/index.htm. Site da
turma da Mônica, com jogos educativos.
AN02FREV001/REV 4.0
107
ANEXO 8 – PÁG. 33, MÓDULO III. Atividade de Consciência Fonológica –
Tabela das Vogais
A
A A A A A A A
E
E E E E E E E
I
I I I I I I I
O
O O O O O O O
U
U U U U U U U
AN02FREV001/REV 4.0
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Carta de Paulo Freire aos Professores. São Paulo, v. 15, n. 42, 2001.
AN02FREV001/REV 4.0
109
GOULART, I. B. Piaget. Experiências Básicas para Utilização pelo Professor.
4. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
AN02FREV001/REV 4.0
110
SACRISTÁN, J. Gimeno. Compreender e Transformar o Ensino. 4. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1998.
FIM DO CURSO!
AN02FREV001/REV 4.0
111
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO, TEORIAS E
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
1
CURSO DE
Alfabetização, teorias e processo de
aprendizagem.
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 3.0
2
SUMÁRIO
TEÓRICOS
10 CÉLESTIN FREINET
10.1 VIDA E OBRA DE CÈLESTIN FREINET
11 O MÉTODO NATURAL
11.1 O TRABALHO NA ESCOLA - AULA-PASSEIO
11.1.1 Imprensa escolar
11.2 INTERCÂMBIO INTERESCOLAR
11.3 MARIA MONTESSORI – A METODOLOGIA MONTESSORIANA
11.3.1 Sistema Montessori
AN02FREV001/REV 3.0
3
11.3.2 A Metodologia Montessoriana
11.3.3 A Filosofia Montessoriana
11.4 JEAN PIAGET E A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
11.4.1 Vida e Obra de Jean Piaget
11.4.2 Epistemologia Genética
11.4.3 Os Estágios de Desenvolvimento Cognitivo da Criança
11.4.4 A Interação Social na Teoria de Piaget
11.5 LEV VYGOTSKY – O INTERACIONISMO E O SOCIOCONSTRUTIVISMO
11.5.1 Vida e Obra de Lev Vygotsky
11.5.2 Cultura e Linguagem
11.5.3 A Aprendizagem
CONSTRUTIVISMO
ARTICULANDO AS TEORIAS
AN02FREV001/REV 3.0
4
13.1.3 O desenvolvimento das inteligências
14 EDUCAÇÃO PARA AS COMPETÊNCIAS – PHILIPPE PERRENOUD
15 ARTICULANDO AS TEORIAS – UMA QUESTÃO DE MÉTODO
15.1 AS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
15.1.1 As contribuições de Lev Vygotsky
15.1.2 As contribuições de Jean Piaget
15.1.3 As contribuições de Wallon
15.1.4 As contribuições de Perrenoud
15.1.5 As contribuições de Howard Gardner
15.2 DIVERGÊNCIAS E APROXIMAÇÕES ENTRE OS TEÓRICOS
15.2.1 Uma Questão de Método
15.2.2 O Professor e as Teorias
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AN02FREV001/REV 3.0
5
ESCOLA E PRÁTICA PEDAGÓGICA
2 INTRODUÇÃO
AN02FREV001/REV 3.0
6
Quais as práticas pedagógicas que você utiliza enquanto educador? Como
se dá a construção das práticas pedagógicas?
Qual a relação que podemos estabelecer entre as práticas pedagógicas e as
teorias da aprendizagem?
Podemos dizer que existe uma prática pedagógica específica da Educação
Infantil?
AN02FREV001/REV 3.0
7
contínua, iniciando-se nos primeiros minutos da vida e estendendo-se ao
longo dela. Isso significa expandir o conceito de aprendizagem: ele não
deve estar restrito ao período escolar e pode ocorrer tanto na infância
quanto na vida adulta. A escola será um - entre muitos outros - dos
ambientes em que será possível adquirir conhecimento. Para tanto, ela terá
que incorporar os mais recentes resultados das pesquisas sobre
aprendizagem e assumir a função de propiciar oportunidades para o aluno
gerar e não somente consumir conhecimento, desenvolvendo, assim,
competências e habilidades para poder continuar a aprender ao longo da
vida (VALENTE, 2000).
AN02FREV001/REV 3.0
8
reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, apud. GADOTTI,
2000, p. 45).
Podemos, assim, entender que não mais cabe uma educação na qual
somente se pensa em uma onipotência do educador e da escola, mas é sempre
preciso estar colocando em questão as práticas pedagógicas desenvolvidas por
estes agentes da educação. A educação deve buscar novos parâmetros, novas
perspectivas, e permitir-se inovar, transformar. Dessa maneira, Gadotti (2000)
propõe:
... na era do conhecimento, a pedagogia tornou-se a ciência mais
importante porque ela objetiva justamente promover a aprendizagem. A era
do conhecimento é também a era da sociedade 'aprendente': todos se
tornaram aprendizes. A pedagogia não está mais centrada na didática, em
como ensinar, mas na ética e na filosofia, que se pergunta como devemos
ser para aprender e o que precisamos saber para aprender e ensinar. E
muda a relação ensino-aprendizagem. Humberto Maturana (1989) em sua
Oração do estudante, diz: 'Por que me impôs o que sabes se eu quero
aprender o desconhecido e ser fonte em minha própria descoberta?' Ambos,
em sessões de trabalho, aprendem e ensinam com o que juntos descobrem
(GADOTTI, 2000, p. 45-46).
A escola, por sua vez, passa a ter uma nova função - ser espaço de
otimização dos processos de aprendizagem e dos processos de construção de
cidadãos. Do contrário, ela está fadada a continuar reproduzindo os papéis definidos
pelo sistema, cabendo somente a função de disciplinadora. Nessa perspectiva,
Foucault afirma que "cada sistema de educação é um meio político para manter ou
para modificar a apropriação do discurso (...). O que é um sistema educacional,
afinal, senão a ritualização da palavra, a qualificação de alguns papéis fixos para
interlocutores e a distribuição e a apropriação do discurso, com todas as suas
aprendizagens e poderes?"
Pode-se concluir que a educação produz suas práticas em virtude do projeto
de sociedade a que está vinculada. Portanto, para que as práticas pedagógicas
garantam o desenvolvimento de pessoas capazes de aprender, cidadãs, solidárias,
produtoras de conhecimento, a educação deverá ser um instrumento importante de
uma sociedade que acredite nessas características.
AN02FREV001/REV 3.0
9
que nela aprendam alguma coisa, mas a fim de que se habituem a observar
pontualmente o que se lhes ordena”. Kant
AN02FREV001/REV 3.0
10
base da educação escolar por mais de quatro séculos, mantendo sua influência até
hoje. Essa tendência surge por volta do século XVI, como uma alternativa à escola
medieval, de base religiosa. Nesse período, vive-se um momento de exaltação da
razão e da liberdade, a inversão e/ou superação da fé pela razão, da crença pela
ciência. É neste contexto que John Locke desenvolve uma nova concepção da
mente infantil e, consequentemente, de educação, enfatizando o papel do mestre
em proporcionar experiências fecundas que auxiliem a criança a fazer uso correto da
razão. Para isso, a escola deve centrar-se no ensino da História, da Geografia, das
Ciências Naturais e, principalmente, da Contabilidade e das escriturações
comerciais, visando à preparação mais ampla para a vida prática, seguindo as ideias
iluministas que irão garantir o avanço dos ideais liberais capitalistas desta época.
AN02FREV001/REV 3.0
11
tendência propõe cinco passos formais: preparação - revisão do conteúdo anterior;
apresentação - o mestre repassa o novo conhecimento; assimilação - o aluno faz
ligação do novo com o velho, percebendo semelhanças e diferenças; generalização
- o aluno constrói concepções abstratas a partir de suas experiências; aplicações por
meio de exercícios o aluno aplica o que aprendeu.
Podemos perceber que este método está baseado no conhecimento do
mestre/ professor, em um caráter "magistrocêntrico", isto é, o professor tem toda a
autoridade, pois é ele quem detém o conhecimento, e cabe a ele transmiti-lo aos
alunos. É uma relação vertical, em que o aluno é o receptor, e o professor, o
detentor de todo o conhecimento historicamente construído. O aluno é educado para
alcançar sua plenitude, por meio de seu esforço próprio. Segundo Libâneo (1994):
AN02FREV001/REV 3.0
12
interno, não externo; ela é parte das necessidades e interesses individuais
necessários para a adaptação ao meio. A educação é a vida presente, é à
parte da própria experiência humana. (...) A tendência liberal renovada
apresenta-se, entre nós, em duas versões distintas: a renovada
progressivista, ou pragmatista, principalmente na forma difundida pelos
pioneiros da Educação Nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira
(deve-se destacar, também, a influência de Montessori, Decroly e, de certa
forma, Piaget); a renovada não diretiva, orientada para os objetivos de
autorrealização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpessoais,
na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers (LIBÂNEO, 1994,
p. 55).
AN02FREV001/REV 3.0
13
Restabelece-se, portanto, num primeiro momento da análise, aquela antiga
distinção entre formação geral e formação técnica. É como se
separássemos: formação geral para quem se dirige à universidade e
formação técnica para quem vai seguir o caminho da fábrica. (FERRETI,
1998)
AN02FREV001/REV 3.0
14
No final do século XIX, o mundo passa por inúmeras crises. É o surgimento
de novos valores sociais, do novo jeito de produzir, com base na produção
setorizada e em grande escala, no fordismo. Este período histórico é caracterizado
pela Segunda Revolução Industrial. É um momento de transformações sociais,
políticas e econômicas, em que não cabe mais aquele modelo tradicional de
educação. E é neste contexto que surge a Escola Nova. Segundo Aranha (1996):
Escola Nova surge no final do século XIX justamente para propor novos
caminhos à educação, que se encontra em descompasso com o mundo no
qual se acha inserida. Representa o esforço de superação da pedagogia da
essência pela pedagogia da existência. Não se trata mais de submeter o
homem a valores e dogmas tradicionais e eternos nem de educá-Io para a
realização de sua 'essência verdadeira'. A pedagogia da existência volta-se
para a problemática do indivíduo único, diferenciado, que vive e interage em
um mundo dinâmico (ARANHA, 1996, p. 167).
Há uma inversão de valores; agora, a criança deve ser tratada como criança,
e não como um pequeno adulto. Passa-se a valorizar o caráter psicológico, a
respeitar o tempo da criança. O importante, para esta tendência, é atender às
especificidades da natureza infantil. O objetivo é o homem integral, isto é, deve-se
pensar no sujeito como um todo, valorizando não somente o aspecto racional, mas
também os emocionais, sensoriais e físicos.
Para cumprir seus princípios, a pedagogia escolanovista entende que, na
relação professor-aluno, "não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel
é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da criança; intervém-se, é para dar
forma ao raciocínio dela." (Libâneo, 1994, p. 58). Nesse sentido, o método de ensino
está baseado no aprender a aprender, ou no aprender fazendo. Deve-se levar o
aluno a resolver problemas, a pesquisar, a estudar o meio social e natural. Dedica-
se ao trabalho individual, enquanto o trabalho em grupo serve apenas para garantir
a socialização das experiências. Os conteúdos a serem ensinados são
estabelecidos de acordo com o interesse e a experiência que resultou do processo
de resolução de problemas. O importante não é o que se aprende, mas aprender a
aprender, segundo (Libâneo, 1994, p. 58) "é mais importante o processo de
aquisição do saber do que o saber propriamente dito."
Entendendo a Escola Nova em seu contexto, percebemos que ela vem para
garantir o fortalecimento dos ideais liberais na formação dos indivíduos. Isso fica
AN02FREV001/REV 3.0
15
claro nas palavras de Aranha (1996):
Compreende-se o ideário escolanovista a partir da situação social e econômica em que foi
gerado. Nesse sentido, a escola nova é típica representante da pedagogia liberal. (...) A crescente
industrialização da sociedade contemporânea, com suas rápidas transformações, requer a ampliação
da rede escolar, bem como uma escola que prepara para o novo; além do mais, as esperanças de
superação das desigualdades sociais encontram na adequada escolarização uma promessa de
mobilidade social (ARANHA, 1996, p. 168).
AN02FREV001/REV 3.0
16
experimentais necessários para a aplicação do condicionamento e o
controle do comportamento. Daí a preocupação com a avaliação a partir dos
aspectos observáveis e mensuráveis da conduta e o cuidado com o uso da
tecnologia educacional, não somente quanto à utilização dos recursos
avançados da técnica, mas também quanto ao planejamento racional, que
tem em vista alcançar os objetivos propostos com economia de tempo,
esforço e custo (ARANHA, 1996, p. 176).
AN02FREV001/REV 3.0
17
A queda do nível de ensino repercutiu de forma mais drástica na escola
pública. Obrigada a atender à lei ao pé da letra, enquanto as escolas
particulares de certa forma "contornavam" as exigências oficiais, assumindo
apenas a nomenclatura dos cursos e oferecendo os conteúdos tradicionais.
Isso aumentou a seletividade de nossa educação, fazendo com que o
ensino superior se destinasse cada vez mais aos filhos da elite.
Quanto à escola pública, o que se conseguiu, de fato, foi a formação de
mão de obra barata, não qualificada; pronta para engrossar o "exército de
reserva" trabalhadores disponíveis para empregos de baixa remuneração
(ARANHA, 1996, p. 177).
AN02FREV001/REV 3.0
18
Qual o papel desta tendência pedagógica na construção da sociedade?
7 PEDAGOGIA LIBERTADORA
AN02FREV001/REV 3.0
19
reflexão e crítica das práticas pedagógicas desenvolvidas pela educação formal.
AN02FREV001/REV 3.0
20
essa sociedade não pode ser construída pelas elites porque elas são
incapazes de oferecer as bases de uma política de reformas. Essa nova
sociedade somente poderá constituir-se como resultado da luta das massas
populares, as únicas capazes de operar tal mudança (GADOTTI, 1996, p.
83-84).
8 PEDAGOGIA LIBERTÁRIA
AN02FREV001/REV 3.0
21
outros.
Método de ensino da Pedagogia Libertária: é na vivência grupal, na forma
de autogestão, que os alunos buscarão encontrar as bases mais
satisfatórias de sua própria 'instituição', graças à sua própria iniciativa e sem
qualquer forma de poder. Trata-se de 'colocar nas mãos dos alunos tudo o
que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a organização do
trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos programas e
decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos
alunos)'. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse
pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo. O
progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora do grupo, dá-se
num 'crescendo': primeiramente oportunidade de contatos, aberturas,
relações informais entre os alunos. Em seguida, o grupo começa a
organizar-se, de modo a que todos possam participar de discussões,
cooperativas, assembleias, isto é, diversas formas de participação e
expressão pela palavra; quem quiser fazer outra coisa, ou entra em acordo
com o grupo, ou se retira. No terceiro momento, o grupo organiza-se de
forma mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execução
do trabalho (LIBÂNEO, 1994, p. 67-68).
AN02FREV001/REV 3.0
22
realidade, a partir da análise do mundo do trabalho, das vivências sociais, buscando
entendê-lo não como algo natural, mas sim construído culturalmente - torna-se
importante no processo de transformação social a mediação cultural.
Da mesma maneira, é imprescindível conceber que a educação - via escola -
trabalhe amplamente com os conteúdos. Neste caso, Libâneo (1994), a respeito do
papel da escola, diz que:
A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas
vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das realidades sociais. A
valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor
serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola
pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se
a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no
rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia
crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da
pedagogia 'dos conteúdos' é dar um passo à frente no papel transformador
da escola, mas a partir das condições existentes (LIBÂNEO, 1994, p. 69).
E continua afirmando:
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é
garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos
escolares básicos, que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida
nesse sentido, a educação é 'uma atividade mediadora no seio da prática
social global', ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela
intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma
experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão
sintética, mais organizada e unificada (LIBÂNEO, 1994, p. 69).
AN02FREV001/REV 3.0
23
de cada uma delas, para, a partir daqui, indicar um processo de aprofundamento
posterior. Contudo, ainda abordar, de forma sucinta, características gerais do
Construtivismo.
O Construtivismo sintetiza as teorias que buscam vislumbrar os processos
de construção do conhecimento, assim como discutir a complexidade do processo
de aprendizagem. Vários autores dedicaram-se a estudos nesta linha, dos quais
destacamos: Piaget (Epistemologia genética ou Construtivismo liberal piagetiano) e
Vygotsky (Construtivismo sócio-histórico); mas também, é importante lembrar-se de
Emília Ferreiro e Henri Wallon.
Neste momento, é importante frisar que as teorias construtivistas buscam
uma superação das teorias inatista e empirista, as quais buscam explicar as origens
(fontes) do conhecimento, em que o inatismo afirma que o conhecimento é a priori (o
sujeito nasce com os saberes) e, por outro lado, o empirismo acredita que o
conhecimento é produzido a partir das sensações, das experiências (o sujeito é uma
tábula rasa e suas experiências vão fornecendo os conhecimentos ao longo da
vida).
O conhecimento não pode ser concebido nem de uma forma (inata) nem de
outra (conhecimento a posteriori) e, sim, o conhecimento necessariamente vai ser
construído a partir das experiências (fatores externos ao indivíduo) e pelas
características próprias do sujeito (fatores internos do indivíduo), ou seja, cada
indivíduo passa por várias etapas, em que organiza o pensamento e a afetividade.
Diante dessa perspectiva, Aranha (1996, p. 202) destaca a ideia de que, para os
construtivistas, "a criança não é passiva nem o professor é simples transmissor de
conhecimento. Nem por isso o aluno dispensa a atuação do mestre e dos
companheiros com os quais interage. Mais propriamente, o conhecimento resulta de
uma construção contínua, entremeada pela invenção e pela descoberta".
As teorias de Jean Piaget e de Henri Wallon são as mais completas e
articuladas teorias genéticas do desenvolvimento psicológico de que
dispomos. Diferentemente desses dois estudiosos, Vygotsky não chegou a
formular uma concepção estruturada do desenvolvimento humano, a partir
da qual pudéssemos interpretar o processo de construção psicológica do
nascimento até a idade adulta. (...) Por sua vez, Vygotsky busca
compreender a origem do desenvolvimento dos processos psicológicos ao
longo da história da espécie humana e da história individual (OLIVEIRA,
1997, p. 56)
FIM
AN02FREV001/REV 3.0
24
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO, TEORIAS E
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
1
CURSO DE
Alfabetização, teorias e processo de
aprendizagem.
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 3.0
2
TEÓRICOS
10 CÉLESTIN FREINET
“Mostra-me a qualidade do teu cotidiano e dir-te-ei que mundo e que sociedade sonhas
construir”.
Alder J. Calado
Cèlestin Freinet mostrou, dia a dia, o mundo e a sociedade mais justa que
sonhou construir. Nascido em 15 de outubro de 1896, numa aldeia francesa de
AN02FREV001/REV 3.0
3
Gars, nos Alpes Marítimos, onde o pastoreio predominava. Um homem de família
humilde e de pouca cultura, que revolucionou a educação na França. A primeira
atividade de Freinet foi o pastoreio; já na adolescência, mudou-se para a cidade de
Nice, onde iniciou o curso magistério na escola normal. A Primeira Guerra eclodiu e
a exigência de alistar-se o impediu de continuar estudando. Da Guerra, Freinet
trouxe uma infecção pulmonar, causada por gases tóxicos, que o acompanhou pelo
resto da vida.
Em 1920, começa a lecionar em uma pobre escola de Bar-Sur-Loup, mesmo
sem diploma. Terminada a guerra, Freinet volta a estudar e, enquanto tenta obter o
diploma inicia suas experiências didáticas. Na observação direta de seus alunos,
começa a questionar as rígidas normas da escola, a forma de ensinar, o ambiente
da sala e a natureza lá fora, que encantava os alunos. Dessas observações, surgem
suas primeiras experiências: a aula-passeio, a imprensa escolar e o livro da vida. Em
1927, edita o livro A imprensa na Escola, cria a revista La Gerbe (O ramalhete) em
que publica poemas infantis e funda a Cooperativa de Ensino Leigo. Nos anos
seguintes, Freinet muda-se para a Vila Saint-Paul de Vence, onde cria as "Técnicas
de Avaliação" e o "Plano de Trabalho". Por ser um grande crítico das cartilhas
convencionais, Freinet propõe os "Fichários de Consulta e de Autocorreção". As
realizações feitas na escola, à criação da cooperativa e o intenso movimento postal
provocaram desconfianças e hostilidades políticas, que culminaram na sua
exoneração do cargo de professor.
Mesmo tendo abandonado a escola de Saint-Paul, Freinet continua
administrando a cooperativa. Em 1935, consegue construir sua própria escola na
cidade de Vence. No mesmo ano, por ocasião do Congresso Internacional de
Ensino, iniciou um movimento em defesa da criança chamado "Frente da Infância".
Esse movimento foi aderido pela recém-formada "Liga da Educação Francesa",
inspirando a reforma do ensino francês. As perseguições políticas continuaram. Em
1940, Freinet foi preso como perigoso editor clandestino. Ainda preso, foi mandado
para o campo de concentração alemão em Var. Um ano mais tarde, foi libertado e
passou a lutar na Resistência Francesa, até o fim da Guerra. Terminada a segunda
Guerra, Freinet volta à cidade de Vence, onde organiza a "Cooperativa e o Manifesto
pela Modernização da Escola". Em 1956, inicia uma campanha intitulada "25 alunos
por classe", a qual foi aprovada pela opinião pública e aderida pela maioria das
AN02FREV001/REV 3.0
4
escolas francesas. Neste mesmo período, escreveu “Conselho aos Pais, Ensaio de
Psicologia Sensível e Educação pelo Trabalho”. Em 1957, funda a "Federação
Internacional dos Movimentos da Escola Moderna" (FIMEM), que hoje é reconhecida
pela UNESCO como importante ONG do campo da educação.
11 O MÉTODO NATURAL
AN02FREV001/REV 3.0
5
sobreviver e, consequentemente, de interagir por meio do trabalho para suprir suas
necessidades. Se for da natureza do homem a utilização de suas habilidades
intelectuais e manuais para, na interação com o outro, modificar o meio suprindo
suas necessidades e perpetuando sua espécie, é, também, da natureza humana, o
ato de aprender e de ensinar por meio do trabalho, que garante a sobrevivência
humana. (FREINET, 1985; WHITAKER, 1989).
Foi como autodidata na educação e na ciência que Freinet iniciou suas
observações da prática escolar, atentando especialmente para o desenvolvimento
intelectual das crianças. Com base nessas observações, Freinet construiu, sem
muito embasamento científico, uma prática peculiar de ensino.
Os princípios que norteiam o processo educativo freinetiano são: a confiança
e o respeito mútuo entre os seres humanos; a necessidade de uma escola aberta e
flexível; a livre expressão; o cooperativismo; a coletividade; o trabalho enquanto
agente central do processo educativo e formador (WHITAKER, 1989).
Para construir sua pedagogia, o autor baseou-se na cotidianidade e na
importância fenomenológica que as interações sociais têm para o processo de
aprendizagem do homem.
Para ele, ficou claro que o interesse das crianças estava lá fora, nos
bichinhos que subiam pelo muro, nas pedrinhas redondas do rio, pois percebia que,
nos momentos de leitura dos livros de classe, o desinteresse era total. Nessas
ocasiões, os olhares dos meninos atravessavam as janelas e acompanhavam o voo
dos pássaros ou das abelhas zumbindo e batendo nos vidros das janelas
empoeiradas (WHITAKER, 1989, p. 15).
Para o autor, a criança aprende pela experimentação concreta no mundo
real, na relação com o mundo, com as pessoas, enfim, com o meio social, pois
Freinet acreditava que um experimento, qualquer que seja, deixa uma marca
indelével e é com essas marcas que a criança constrói seu conhecimento
(FREINET, 1979).
A Pedagogia do Bom-senso deve importar-se principalmente com a
observação da criança na construção de suas próprias opiniões. Nesse processo, o
erro deve ser considerado uma fase fundamental da produção do conhecimento. O
ato de errar é um elemento-chave na aprendizagem, já que é um desafio, um
estímulo para o conhecer e para o descobrir, que são, por sua vez, impulsos inatos
AN02FREV001/REV 3.0
6
ao homem (FREINET, 1985; WHITAKER, 1989).
Freinet criticou a escola convencional e seus métodos por acreditar que esta
não respeitava a natureza do aprendizado, uma vez que se baseava na repetição e
na memorização. Para o autor, o aprendizado infantil deve partir de ideias e coisas
sensíveis que tenham significado real à criança. A partir do tripé Pedagogia do Bom-
senso, Trabalho e Êxito, Freinet defendeu uma educação na qual: a criança fosse
respeitada como sujeito construtor de conhecimento, a livre expressão fosse
valorizada, a satisfação das necessidades vitais fosse motivada. Por meio de
trabalhos úteis, criativos e organizados. Todo esse processo educativo, para ser
revolucionário, deve resultar na formação de cidadãos autônomos e cooperativos.
AN02FREV001/REV 3.0
7
passam por uma triagem coletiva. Após a seleção dos textos, inicia-se o processo de
correção coletiva para que todas as crianças se sintam contempladas.
A impressão dos textos também deve ser coletiva, a fim de que a
aprendizagem da leitura e da escrita seja o mais natural possível. Para Freinet, o
aprendizado da língua deve ser um processo natural, pois ela é um elemento
fundamental nas relações homem-homem e homem-mundo. Parafraseando Freinet,
numa necessidade psicológica e funcional de interagir com outros, o homem lança-
se no aprendizado dos gestos, das expressões, dos gritos, dos sons, dos trejeitos,
até que ele domine totalmente a fala. Nesse processo, porém, o homem não
aprende sozinho, mas com o auxílio dos outros e na interação com os outros.
Nesse sentido, a expressão oral, que leva à construção permanente de
frases e da linguagem verbal como um todo, deve ser o fio condutor do processo de
ensino-aprendizagem da leitura e da escrita (WHITAKER, 1989; FREINET, 1979).
Texto livre
Livro da vida
AN02FREV001/REV 3.0
8
bem-vindo, podendo ser incorporado ao livro sem passar pela correção coletiva
(WHITAKER, 1989; FREINET, 1979).
AN02FREV001/REV 3.0
9
ação. O movimento ação-reflexão-ação está presente em todas as atividades
propostas por Freinet, e, para que não haja uma relação dicotômica e/ou excludente
entre teoria e prática, o planejamento do processo educativo é fundamental.
Por fim, é importante lembrar que nenhuma pedagogia e base
epistemológica podem ser tomadas como uma verdade cerrada, mas como uma
dentre tantas alternativas de construção de uma educação emancipadora. A
pedagogia de Freinet pode ser uma alternativa para o desenvolvimento de uma
educação emancipadora, desde que o ensino-aprendizagem seja compreendido
como processo histórico construído pelo homem por meio do trabalho, na relação
com os outros homens e dentro de um contexto determinado.
AN02FREV001/REV 3.0
10
Montessori, a princípio, estudou em escola pública e, nesse período, não
teve destaque como aluna. Por meio das relações estabelecidas na capital italiana,
onde surgiam novas ideias fomentadas pelo movimento de Reunificacão da Itália e
pelo desenvolvimento de novas instituições democráticas nesse país, Montessori foi
dando mostras de sua personalidade revolucionária. Foi a primeira mulher a cursar
uma universidade na Itália; a primeira médica da Itália; teve filho sem se casar.
Seu caráter forte, seu senso de dever, sua natureza assertiva, suas
convicções e sua forma vigorosa de defender suas ideias renderam-lhes muitos
seguidores e muitos opositores.
Maria Montessori construiu sua história pessoal, intelectual e científica
dedicando-se, por mais de meio século, ao estudo e à pesquisa do mais
fundamental e difícil problema do homem - a sua formação: Montessori acreditava
que somente por meio do entendimento da formação do homem seria possível
intervir em questões decisivas - sua conservação e seu desenvolvimento.
Montessori viveu de forma intensa a história de seu tempo, dedicou-se de forma
integral a novos experimentos, descobertas e alternativas; contestou os dogmas, as
tradições e buscou responder às novas necessidades de uma educação que
pudesse formar homens mais humanos.
AN02FREV001/REV 3.0
11
Para a autora, a criança estabelece uma relação muito particular com o
meio, diferente da relação estabelecida pelo adulto: Segundo Montessori (1985):
AN02FREV001/REV 3.0
12
da criança em suas fases evolutivas. Em outra obra, Educação Cósmica, a autora
diz que a educação deve respeitar as leis que regem a relação entre natureza, vida
e sociedade humana. Segundo a autora, a tarefa cósmica de cada ser humano é
que mantém a harmonia da vida e torna possível a evolução do homem. Nesse
sentido, a natureza, o ritmo da vida é que deve reger a prática educativa.
AN02FREV001/REV 3.0
13
parte do princípio de que a matéria-prima do desenvolvimento da criança está dentro
dela mesma e que, por isso mesmo, a escola somente precisa estimular na criança a
descoberta de suas potencialidades (MONTESSORI, 1985).
Dessa forma, o papel do educador é de extrema importância, cabendo a ele
estimular na criança o desenvolvimento de seus sentidos, por meio do contado
direto com objetos materiais e com o próprio mundo. Como diz Montessori (1985, p.
153), "os sentidos, sendo os exploradores do ambiente, abrem caminhos a
consciência. Os materiais para educação dos sentidos são dados como uma espécie
de chave para abrir uma porta à exploração das coisas e pormenores que, na
escuridão (no estado inculto), não se poderiam ver".
O educador deve, também, considerar o ritmo de cada criança, respeitar seu
desenvolvimento natural e buscar o caminho do respeito à diversidade e não
homogeneização. Por conta disso, na pedagogia montessoriana, o processo
educativo torna-se mais produtivo, quando se viabiliza as crianças a convivência e a
troca de conhecimentos com crianças de idades e ritmos de aprendizagem
diferentes. Esses ambientes estimulam a solidariedade, o companheirismo, o
crescimento mútuo, a ajuda ao próximo (MONTESSORI, 1985).
Para a autora, a educação deveria ser capaz de atender, na mesma classe,
crianças com idades e ritmos diferentes, transformando a escola num ambiente de
exercício do equilíbrio entre a liberdade individual e a necessidade do grupo. Assim,
Montessori pretendia construir uma educação, capaz de formar adultos
responsáveis, solidários, generosos, competentes, críticos e independentes.
AN02FREV001/REV 3.0
14
É agindo que a criança adquire conhecimentos. Por meio de uma ordenação
de atividades gradativamente crescentes, a aprendizagem pode ser desenvolvida
com maior possibilidade de sucesso. A autoconfirmação imediata dos resultados do
trabalho garante uma aprendizagem mais eficiente. Intervenções indevidas dos
adultos podem comprometer a aprendizagem. Cada criança tem um ritmo próprio
que deve ser rigorosamente respeitado. A observação direta pode facilitar a
aprendizagem de novas ações e atitudes a serem adquiridas. A aprendizagem de
muitas ações, hábitos e atitudes podem ocorrer mais cedo que o habitualmente
previsto.
Fornecer à criança a consciência do homem no planeta, na história, fazer
com que ela se sinta responsável pela vida na sua totalidade e introduzi-la no mundo
são objetivos centrais da pedagogia montessoriana. A criança precisa ter a
possibilidade de explorar, de descobrir, de entusiasmar-se com as descobertas e de
sentir um desejo incessante pela busca de coisas novas.
Montessori acreditava que, à medida que a educação oferecesse às
crianças um ambiente escolar que refletisse seu próprio mundo, respeitando seu
ritmo, suas possibilidades e suas limitações físicas e intelectuais, a aprendizagem
poderia tornar-se um ato prazeroso.
Para tanto, a escola precisaria garantir, também, relações interpessoais
(entre educadores e educandos) nas quais prevalecesse o respeito e a confiança
mútua, em que cada criança pudesse sentir-se peça fundamental no processo de
seu próprio desenvolvimento.
Na pedagogia montessoriana, a educação é uma extensão da natureza
humana. Portanto, nada mais natural que a educação aflore da criança, de suas
necessidades e de suas habilidades naturais. Nesse sentido, a escola deve tomar a
vida como o ponto de partida para a construção de seres humanos capazes de
reconstruir um mundo onde o homem, enquanto expressão viva da natureza seja
orientando no sentido de construir-se como criatura autônoma, solidária, criativa e
verdadeiramente humana.
AN02FREV001/REV 3.0
15
Não há dúvida de que os educadores são imagens que se reproduzem e
refletem-se nos novos homens e nas novas mulheres que ajudamos a formar; cada
ação, cada gesto, cada palavra, cada valor é uma peça fundamental que se soma na
construção histórica de um novo ser humano. Nesse sentido, o conhecimento das
bases psicológicas de desenvolvimento da aprendizagem pode contribuir para o
forjar de uma nova prática educativa; uma prática educativa que seja mais humana,
democrática e conduzida no sentido da emancipação do novo homem e da nova
mulher.
Somente é possível conduzir o processo educativo no sentido de uma
prática afetiva, crítica e libertadora à medida que assumimos o desafio de irmos
além do repasse mecânico de conhecimento e abraçamos o compromisso de
entender o processo educativo como um processo construído por homens e
mulheres, enquanto sujeitos históricos, produtores e produtos da sociedade. A
Epistemologia Genética de Jean Piaget pode ser o ponto de partida para a
compreensão do processo educativo enquanto construção humana. Nesse sentido,
busca-se explicitar a base teórica piagetiana que serve de fundamento para o
desenvolvimento de práticas alternativas de educação.
AN02FREV001/REV 3.0
16
fazer pesquisas destinadas à formação de professores no Instituto Jean Jacques
Rousseau, em Genebra. Em 1923, lança seu primeiro livro, intitulado A linguagem
do pensamento da criança. Em 1925, começa a lecionar Psicologia, História da
Ciência e Sociologia, na cidade em Neuchâtel. Em 1929, passa a lecionar História
do Pensamento Científico, em Genebra, e assume o Gabinete Internacional de
Educação dedicado a estudos pedagógicos.
Na década de 30, escreve vários trabalhos sobre as fases do
desenvolvimento por meio de observações diretas de seus filhos. Na década de 40,
Piaget torna-se sucessor de Claperède e assume como professor-diretor, o
Laboratório de Psicologia. Em 1941, com a colaboração de alguns pesquisadores,
publica trabalhos sobre a formação de conceitos matemáticos e físicos. Em 1946,
participa da constituição da UNESCO, tornando-se membro do Conselho Executivo
e assumindo, diversas vezes, a subdireção geral do Departamento de Educação.
Nos anos 50, publica a Epistemologia Genética, sua primeira tese sobre teoria do
conhecimento. Em 1955, assume o lugar do filósofo Merleau-Ponty, lecionando na
Universidade de Sorbonne Paris. No mesmo ano, na cidade de Genebra, Piaget
funda o Centro Internacional de Epistemologia Genética, destinado a pesquisas
interdisciplinares sobre a formação da inteligência.
Em 1967, Piaget escreve Biologia e Conhecimento, considerada a principal
obra de sua maturidade. Em 16 de setembro de 1980, na cidade de Genebra, morre
Jean Piaget.
AN02FREV001/REV 3.0
17
empiristas, a construção do conhecimento é o resultado positivo das experiências
concretas do homem com o mundo sensível, por meio da percepção. Nesse sentido,
o homem nasce com a capacidade mental extremamente reduzida e apenas o
contato direto com o exterior possibilita a assimilação e criação de conhecimentos.
Por outro lado, os inatistas ou pré-formistas acreditam que o homem já nasce com
sua estrutura cognitivo-biológica formada, ou seja, ela e inata ao ser humano, pois,
ao nascer, o homem traz consigo a estrutura cognitiva necessária a construção de
conhecimentos.
A crítica de Piaget aos empiristas, parte do pressuposto de que toda
experiência, apesar de ser externa, depende de uma base cognitiva interna, que faz
parte da estrutura biológica do homem e/ou que vai sendo construída no processo
de desenvolvimento da inteligência. Para Piaget, embora a experiência sensível seja
extremamente importante ao desenvolvimento cognitivo, ela não pode ser tomada
como o único mecanismo que viabiliza o processo de construção do saber. Opondo-
se também aos inatistas, Piaget afirma não ser possível que a estrutura cognitiva
esteja completamente formada desde o nascimento, visto que grande parte dessa
estrutura e construída e aprimorada a partir das experiências concretas. Ainda que
alguns aspectos da cognição existam desde o nascimento, eles somente poderão
desenvolver-se no contato direto com o mundo.
AN02FREV001/REV 3.0
18
organismo, acontece à assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os
alimentos para a satisfação das necessidades do corpo.
AN02FREV001/REV 3.0
19
conhecimento, fato que se evidencia à medida que o autor entende o conhecimento
e a aprendizagem como o resultado da interação homem-meio. Ora, ao se relacionar
o homem não se despoja de sua condição individual, de sua condição de sujeito
ativo, "na verdade, o homem produz a si próprio ao produzir a realidade na qual vive,
ao se relacionar com o meio e com os outros homens" (WACHOWICZ, citado por
MATUI, 1995, p. 62).
A despeito da ausência de uma obra que trate especificamente da condição
histórica do homem para Piaget, alguns conceitos-chave, desenvolvidos por ele,
apontam para essa temática e enfatizam a condição ativa do homem no processo de
produção de conhecimento. Por outro lado, ainda que o enfoque da obra de Piaget
seja biológico, é necessário considerar que o homem é "sujeito histórico na medida
em que traduz sua organização biológica pelas ações próprias da cultura na qual
vive, a qual e, por sua vez, produto do homem enquanto sujeito histórico" (MATUI,
1995, p 62).
Piaget não concebe uma epistemologia científica que não seja genética.
Barbel Inhelder
AN02FREV001/REV 3.0
20
Estágio - Pré-operatório: de dois a sete anos, nesse estágio pré-operatório,
predomina o egocentrismo, pois a criança não consegue colocar-se abstratamente
no lugar do outro. A leitura da realidade é parcial e incompleta, visto que a criança
prioriza aspectos que são mais relevantes aos seus olhos. Sua percepção abstrata
começa a ser aguçada à medida que aumenta sua capacidade de simular, imaginar
situações, figuras e pessoas semelhantes.
Estágio - Operações Concretas: de 7 a 12 anos, aproximadamente. O
estágio das operações concretas é o período em que a lógica começa a
desenvolver-se e a criança já consegue ao seu modo, organizar e sistematizar
situações e relacionar aspectos diferentes da realidade. Sua compreensão do
mundo não é mais tão prática, mas ainda depende do mundo concreto para realizar
abstrações.
Estágio - Operações formais e Pensamento Hipotético-dedutivo: Nesse
estágio, predomina a lógica formal, a criança já pode realizar abstrações sem
necessitar de representações concretas e pode, também, imaginar situações nunca
vistas ou vivenciadas por ela.
As questões acima tratadas podem ser consideradas como a base
epistemológica, ou a lógica, a partir da qual Piaget construiu sua teoria de
desenvolvimento da cognição e da aprendizagem. Teoria essa que culminou em
práticas alternativas de educação em que o aluno é, antes, um sujeito produtor de
conhecimento, e o educador, um facilitador do processo ensino-aprendizagem.
Embora tenhamos tratado, nesse primeiro momento, da base teórica que sustenta
as práticas educativas construtivistas/piagetianas, não podemos tomar a teoria
dissociada de sua dimensão prática, mas, sim, articular teoria e prática num
processo contínuo. Piaget não teorizou no vazio, ao contrário, buscou na vida
cotidiana a materialidade capaz de dar as suas obras um caráter de verdade
histórico. Nesse sentido, as implicações educativas da teoria piagetiana sobre o
desenvolvimento da criança serão discutidas no próximo texto. Serão trabalhados
também outros conceitos centrais da obra de Piaget, como, por exemplo: linguagem,
moral, autonomia, dentre outros.
AN02FREV001/REV 3.0
21
Em uma de suas passagens, Piaget diz que o homem normal: Segundo
(Piaget, 1973, p. 424) “não é social da mesma maneira aos seis meses, ou aos vinte
anos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade pode não ser da mesma
qualidade, nesses dois diferentes níveis". Nessa afirmação de Piaget, está explícita
a presença inevitável das relações sociais interferindo no desenvolvimento humano;
o termo homem social expressa a condição humana de ser que vive em sociedade e
que, portanto, influencia e é influenciado pelas relações sociais.
A interação social que se segue a cada momento de nossas vidas é um
elemento definidor de nossas ações e de nossos comportamentos sociais: um adulto
não pode comportar-se como uma criança de cinco anos e isso ele aprendeu ao
longo de seu desenvolvimento na relação com os outros homens. Piaget pensa o
Ser Social como o indivíduo que se relaciona com os outros, seus semelhantes, de
forma equilibrada. Entretanto, Piaget faz uma ponderação muito interessante sobre
relação equilibrada, a qual, segundo ele, somente pode existir entre pessoas que
estejam no mesmo estágio de desenvolvimento (TAILLE, 1992).
Expliquemos melhor: lembrem-se dos estágios de desenvolvimento da
criança; o equilíbrio a que Piaget se refere somente pode existir entre pessoas que
estejam no mesmo nível de desenvolvimento, ou seja:
AN02FREV001/REV 3.0
22
aquisição da linguagem já está em franco desenvolvimento, já se pode falar de uma
inicial:
Socialização afetiva da inteligência, embora a ausência de algumas
características, como, por exemplo, significados comuns em relação a
conceitos e ideias, ainda limitam a possibilidade de a criança estabelecer
trocas intelectuais equilibradas (TAILLE, 1992, p. 15).
AN02FREV001/REV 3.0
23
Sanções expiatórias: essas sanções caracterizam-se por não apresentar
qualquer relação entre a falta cometida e a punição recebida, porque estão
baseadas, apenas, na autoridade dos adultos.
Sanções de reciprocidade: nessas sanções, há relação estreita entre o ato e
a punição, por isso, apresenta "elo de reciprocidade", de coerência.
Em geral, as regras são praticadas e internalizadas pela criança em três
momentos subsequentes: anomia, heteronomia e autonomia.
Anomia: nesse momento, a criança não segue regras, mas busca satisfazer
seus interesses. Aqui, não importa para a criança participar de atividades coletivas
regidas por regras estabelecidas em comum acordo.
Heteronomia: nessa fase, já começa a ser desenvolvido certo interesse por
atividades coletivas, com regras estabelecidas mutuamente.
Autonomia: na autonomia, a criança já consegue jogar e relacionar-se,
obedecendo a regras que são estabelecidas em comum acordo.
Esta claro que, para Piaget, o conhecimento deve ser visto como uma
construção em constante processo. Isso pressupõe entender que a criança é capaz
de criar, recriar e experimentar de forma autônoma, impulsionando seu próprio
desenvolvimento. Nesse sentido, o ato de errar não pode ser visto como falha e sim
como um momento necessário da aprendizagem; a ausência do erro denuncia a
ausência da experimentação e, consequentemente, a ausência da aprendizagem.
Visto que a socialização e a moral vão sendo consolidadas ao longo da
infância, o trabalho coletivo, em Piaget, tem o papel de mediador das relações e de
instigador da capacidade de participação, cooperação e respeito mútuo. O trabalho
coletivo socializa, estabelece laços de afetividade e permite à criança perceber-se
como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo.
No Construtivismo piagetiano o educador não é o detentor do saber, mas o
facilitador do processo ensino-aprendizagem. O aluno não é mero receptor de
conhecimento, mas o agente ativo que constrói conhecimento. A relação professor-
aluno deve ser de respeito mútuo e cooperação.
É claro que não se pode tomar uma teoria como verdade absoluta. O
conhecimento é sempre relativo e uma teoria é sempre limitada. Por isso, uma teoria
deve servir como uma possibilidade, dentre tantas, de construção de educação
diferenciada.
AN02FREV001/REV 3.0
24
A própria prática pedagógica, que se renova a cada dia, deve ser vista como
um palco onde se experimenta, se inventa e se recria o ato de ensinar: nesse palco,
podem surgir outras teorias.
Por fim, na aplicação de uma teoria, é preciso levar em conta a realidade
sociocultural dos alunos, para que não se caia no risco de reproduzir e de copiar
mecanicamente determinada concepção de educação: o que deu certo em
determinado lugar não, necessariamente, pode responder às necessidades de outra
e diversa realidade.
Lev Vygotsky foi cotidiano como todo homem, mas, como poucos,
suspendeu o cotidiano e colocou-se diante da vida questionando-a dia a dia.
Nascido em 17 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, na Rússia, filho de uma
AN02FREV001/REV 3.0
25
família culta, Vygotsky teve desde muito cedo uma riqueza intelectual que o fazia
questionar-se sobre o homem e a criação de sua cultura. Passou a adolescência na
cidade de Gomel e mostrava-se, desde então, interessado por literatura, poesia e
filosofia. Estudou francês, hebraico, latim e grego. Foi educado em casa até os 15
anos, quando ingressou no curso secundário.
Em 1914, matriculou-se em Medicina na Universidade de Moscou e,
paralelamente, estudou Direito. Cursou, ainda, Filosofia, Psicologia, Literatura e
História na Universidade Popular de Shanyavsky. Em 1917, em plena Revolução
Russa, forma-se em Direito e volta para Gomel, onde começa a lecionar Literatura,
História da Arte e onde funda um Laboratório de Psicologia, na escola de
professores. Em 1924, apresenta-se casualmente no Congresso Panrusso de
Psiconeurologia, quando foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de
Moscou. É quando conhece e começa a trabalhar com Aleksander Luria e Aleksei
Leontiev, seus seguidores, colaboradores e amigos. Em 1925, embora estando
gravemente doente (tuberculose), inicia um período de intensas produções,
conferências e pesquisas direcionadas principalmente às crianças portadoras de
deficiências visuais e auditivas.
Sua paixão pela arte o mantinha muito próximo de intelectuais e artistas. Por
conta disso, em 1927, foi publicamente considerado, pelo cineasta Sergei
Eisenstein, como um dos psicólogos mais brilhantes da época, capaz de ver o
mundo com claridade celestial. Em 1929, concluiu sua tese “A psicologia da Arte”,
baseada em Hamlet, de Shakespeare. Em 1932, prefaciou o livro “A linguagem e o
pensamento da criança”, de Jean Piaget. Vygotsky morreu precocemente, aos 37
anos de idade, em 11 de junho de 1934. Mas, em sua curta vida, deixou uma grande
herança teórica que foi silenciada por quase meio século: em 1936, Josef Stalin
acusa Vygotsky de idealismo e proíbe suas obras por 20 anos.
As inquietações de Vygotsky sobre o desenvolvimento da aprendizagem e a
construção do conhecimento perpassavam pela produção da cultura, como resultado
das relações humanas. Por conta disso, ele procurou entender o desenvolvimento
intelectual a partir das ralações histórico-sociais, ou seja, buscou demonstrar que o
conhecimento é socialmente construído pelas e nas relações humanas.
Para Vygotsky (1991), o homem possui natureza social visto que nasce em
um ambiente carregado de valores culturais: na ausência do outro, o homem não se
AN02FREV001/REV 3.0
26
faz homem. Partindo desse pressuposto criou uma teoria de desenvolvimento da
inteligência, na qual afirma que o conhecimento é sempre intermediado.
Sendo a convivência social fundamental para transformar o homem de ser
biológico a ser humano social, e a aprendizagem que brota nas relações sociais
ajuda a construir os conhecimentos que darão suporte ao desenvolvimento mental.
Segundo o autor, a criança nasce apenas com funções psicológicas
elementares e, a partir do aprendizado da cultura, essas funções transformam-se em
funções psicológicas superiores. Entretanto, essa evolução não se dá de forma
imediata e direta; as informações recebidas do meio social são intermediadas, de
forma explícita ou não, pelas pessoas que interagem com as crianças. É essa
intermediação que dá às informações um caráter valorativo e significados sociais e
históricos.
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano
fundamentam-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são
construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo,
mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano
cria as formas de ação que o distinguem de outros animais (OLIVEIRA, 1992).
Vale dizer que essas informações não são interiorizadas com o mesmo teor
com que são recebidas, ou seja, elas sofrem uma reelaboração interna, uma
linguagem específica em cada pessoa. Em outras palavras, cada processo de
construção de conhecimentos e desenvolvimento mental possui características
individuais e particulares. Dito de outra forma, os significados socioculturais
historicamente produzidos são internalizados pelo homem de forma individual e, por
isso, ganham um sentido pessoal; "a palavra, a língua, a cultura relaciona-se com a
realidade, com a própria vida e com os motivos de cada indivíduo" (LANE, 1997, p.
34)
11.5.2 Cultura e Linguagem
AN02FREV001/REV 3.0
27
Para Vygotsky, o homem constitui-se enquanto tal a partir da relação que
estabelece com o outro, enquanto ser social. Dessa forma, "a cultura torna-se parte
da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da
espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem" (OLIVEIRA,
1992, p. 24), ou seja, o desenvolvimento intelectual do homem está intimamente
ligado às relações sociais, que têm como produto a cultura, o conhecimento.
Nesse processo de interação humana, que produz cultura e transforma o
homem em ser social, a linguagem é o sistema simbólico fundamental de mediação
entre os homens e desses com o mundo concreto. A linguagem possui, portanto,
dupla importância na construção do saber, pois, além de intermediar a relação entre
os homens (relação essa que produz conhecimento), "a linguagem simplifica e
generaliza a experiência, ordenando os fatos do mundo real em conceitos cujo
significado é compartilhado pelos homens que, enquanto coletividade, utilizam a
mesma língua" (OLIVEIRA, 1992, p. 27).
11.5.3 A Aprendizagem
AN02FREV001/REV 3.0
28
zona, está pressuposto que a criança já tenha conhecimentos prévios sobre as
atividades que realiza.
Zona de desenvolvimento proximal - A zona de desenvolvimento proximal é
a distância entre o que a criança já pode realizar sozinha e aquilo que ela somente é
capaz de desenvolver com o auxílio de alguém. Na zona de desenvolvimento
proximal, o aspecto fundamental e a realização de atividades com o auxílio de um
mediador. Por isso, segundo Vygotsky, essa é a zona cooperativa do conhecimento.
O mediador ajuda a criança a concretizar o desenvolvimento que está próximo, ou
seja, ajuda a transformar o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real.
Não há duvida de que a teoria de Vygotsky oferece uma nova racionalidade
a partir da qual é possível entender o desenvolvimento interno da aprendizagem e
da produção do conhecimento. A criança somente consegue fazer com o auxílio de
outra pessoa, mas que pode vir a fazer sozinha amanhã recoloca a relação
erro/acerto numa outra perspectiva: a de que o ato de errar não deve ser um
indicador de incapacidades, mas um elemento fundamental para entender-se que
conhecimentos precisam ser reforçados e estimulados, no aluno.
Por outro lado, a importância da cultura, da linguagem e das relações sociais
na teoria de Vygotsky fornece a base para uma educação em que o homem seja
visto na sua totalidade: na multiplicidade de suas relações com outros; na sua
especificidade cultural; na sua dimensão histórica, ou seja, em processo de
construção e reconstrução permanente.
Ao longo de seus estudos, Vygotsky preocupou-se em demonstrar como os
processos mentais superiores desenvolvem-se no ser humano. Por processos
mentais superiores entende-se que:
AN02FREV001/REV 3.0
29
é sempre mediado por alguma experiência e/ou conhecimento, anteriormente
assimilado.
Já dissemos em outros momentos que todo conhecimento é limitado e
relativo, nenhuma teoria pode ser tomada como verdade única e absoluta. Toda
verdade é histórica, passageira, e como tal precisa ser utilizada: precisamos
procurar sempre o equilíbrio entre o ceticismo retrógrado e a fé cega, que fecha
qualquer possibilidade para o novo.
Não podemos duvidar do caráter revolucionário da teoria vygotskyana, mas
sempre como um dos instrumentos que pode auxiliar na busca incessante por uma
educação que recupera e reforça, no homem, o que ele tem de melhor: sua
criatividade, sua autonomia, sua condição histórica de sujeito e não de objeto a ser
modelado.
Há ainda que atentar para o fato de que toda educação é direcionada para
uma realidade específica, e é a partir das peculiaridades, culturais e sociais, de cada
realidade que as teorias do conhecimento e da aprendizagem devem ser pensadas
no âmbito da prática escolar. É um erro pensar a educação descolada da vida
cotidiana e imediata dos indivíduos, de seus limites e de suas possibilidades.
Uma educação, de fato, transformadora caminha no sentido de promover o
respeito pela diferença, de estimular a riqueza da diversidade; o contrário disso é
homogeneizar, e não permitir que um rico mosaico cultural seja pincelado por cada
homem e por cada mulher: diferentes nas suas particularidades, mas únicos
enquanto humanidade.
FIM
AN02FREV001/REV 3.0
30
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO, TEORIAS E
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
1
CURSO DE
Alfabetização, teorias e processo de
aprendizagem.
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 3.0
2
CONSTRUTIVISMO
Signo pode ser compreendido como alguma coisa que está no lugar de
outra, sob algum aspecto. E símbolo provém do grego symbolon, que
significa marca, sinal de reconhecimento, ou seja, qualquer representação
de uma realidade por outra. A linguagem humana, por exemplo, é simbólica
enquanto representa a realidade de forma analógica ou convencional
(ARANHA, 1996, p. 240).
AN02FREV001/REV 3.0
3
Em especial, é importante falarmos do sistema de notação, que é muito
utilizado na maior parte das áreas de conhecimento, das quais podemos destacar a
linguagem escrita, a matemática e as artes (por exemplo: a música).
Nesta perspectiva, percebemos que o ser humano constantemente buscou,
ao longo de sua história, por meio das relações sociais estabelecidas no interior da
sociedade, a construção da cultura que expressa estas relações do homem com o
próprio homem, do eu com o outro, do homem com o meio. Dessa forma, Aranha
(1996) afirma que:
AN02FREV001/REV 3.0
4
suas poéticas onde gera códigos pessoais (BRASIL, PCN - Arte, 1997, p.
61-62).
E continua afirmando:
AN02FREV001/REV 3.0
5
À noção de que a evolução do pensamento simbólico seja condicionada por
estágios de desenvolvimento, Bruner fornece uma perspectiva diferente, a
respeito do processo de chegar a conhecer e da natureza da aprendizagem.
Ele distingue entre três "modos", pelos quais o conhecimento é expresso ou
"representado". A seus três modos de representação dá os nomes de
"atuante" [enactive] "icônico" e "simbólico". A representação atuante
assemelha-se à noção piagetiana de inteligência prática. (...) A
representação icônica: representação do conhecimento em que a
representação criada precisa guardar uma correspondência de elemento
para elemento, com o evento ou atividade que ela retrata. (...) A
representação simbólica: os próprios números, bem como os símbolos
verbais e escritos não guardam uma relação de elemento para elemento,
com as entidades que retratam. Do mesmo modo, símbolos como "+", "=" e
"-" não apresentam, em si mesmos e do ponto de vista da percepção, uma
semelhança com as operações que designam. E, assim como as palavras
funcionais na linguagem, eles possuem diversos significados enquanto
símbolos matemáticos, dependendo do tipo de problema em questão (como
por exemplo, dividir números inteiros ou dividir frações). (WOOD, 1996, p.
310-311).
AN02FREV001/REV 3.0
6
12.1 PAULO FREIRE- A PRÁTICA DE EDUCAÇÃO POPULAR
AN02FREV001/REV 3.0
7
implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-
se na recuperação salarial dos professores.
A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em
campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem
instituída, sendo preso, após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão,
foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um
clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu,
durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto
Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra:
Pedagogia do Oprimido.
Em Paulo Freire, conviveram sempre presentes senso de humor e a não
menos constante indignação, contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com
a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a
morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.
Paulo Freire é autor de muitas obras, entre elas: Educação: prática da
liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975),
Pedagogia da esperança (1992), À sombra desta mangueira (1995).
Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa por meio de
numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é
cidadão honorário de várias cidades, no Brasil e no exterior.
A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa, por vinte e
sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros,
os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica,
1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello"
da Organização dos Estados Americanos, como Educador dos Continentes (1992).
No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire faleceu no dia 2
de maio de 1997, em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
Percebe-se, atualmente, o quanto Paulo Freire produziu, ao longo de sua
fértil vida, para a educação e para a vida dos outros seres humanos. Como ele
mesmo dizia: a educação não transformará a sociedade sozinha, contudo, sem a
educação a sociedade não será transformada. E, é justamente, aprendendo com
Freire, que devemos entender o quanto é importante conceber a educação como um
AN02FREV001/REV 3.0
8
princípio transformador da realidade, dos seres humanos, das relações sociais. Por
sua vez, é interessante não somente vislumbrar os potenciais e desafios de seu
método, mas, também, os seus limites.
AN02FREV001/REV 3.0
9
nas atividades religiosas, políticas, recreativas etc. O conjunto das
entrevistas oferecia à equipe de educadores uma extensa relação das
palavras de uso corrente na localidade. Essa relação era entendida como
representativa do universo vocabular local e delas se extraíam as palavras
geradoras - unidade básica na organização do programa de atividades e na
futura orientação dos debates que teriam lugar nos "círculos de cultura".
(BEISIEGEL, 1974, p. 165).
AN02FREV001/REV 3.0
10
5ª Fase: elaboração de fichas com a decomposição das famílias fonéticas
correspondentes aos vocábulos geradores. Esse material poderá ser
confeccionado na forma de slides, stripp-filmes (fotograma) ou cartazes.
A proposta de utilização dessa metodologia na alfabetização de jovens e
adultos foi completamente inovadora e diferente das técnicas até então
utilizadas, que eram, na maioria das vezes, resultado de adaptações
simplistas das cartilhas, com forte tônica infantilizante. Foi diferente, por
possibilitar uma aprendizagem libertadora, não mecânica, uma
aprendizagem que requer tomada de posição frente aos problemas que
vivemos. Uma aprendizagem integradora, abrangente, não
compartimentalizada, não fragmentada, com forte teor ideológico. Foi
diferente, pois promovia a horizontalidade na relação, educador - educando,
a valorização de sua cultura, de sua oralidade, enfim, foi diferente, acima de
tudo, pelo seu caráter humanístico. Dessa forma, o método proposto por
Freire rompeu com a concepção utilitária do ato educativo, propondo outra
forma de alfabetizar. Cabe aqui também o registro de que Paulo Freire, ao
trabalhar com slides, gravuras, enfim, materiais audiovisuais foi um dos
pioneiros na utilização da linguagem multimídia na alfabetização de adultos.
Isso prova o quanto Freire estava a frente de seu tempo (FEITOSA, 1999)
AN02FREV001/REV 3.0
11
Podemos afirmar que o ser humano é um ser essencialmente emocional e
que os aspectos da emoção são os que mais norteiam a nossa vida. A emoção é o
primeiro elo de comunicação do indivíduo com o mundo externo, e dela deriva a
afetividade. Sendo a afetividade considerada, hoje, uma das mais importantes
facetas da vida do ser humano, devemos compreendê-la e atribuir-lhe a devida
importância, especialmente em trabalho educativo a desenvolver-se com crianças
em uma fase delicada de desenvolvimento, como a criança da Educação Infantil.
Nesse sentido, podemos atribuir grande importância à teoria de Henri
Wallon, que considera o homem como um ser determinado física e socialmente,
sujeito tanto às disposições internas quanto às situações exteriores. Para tanto,
propõe a Psicogênese da Pessoa Completa, o estudo integrado do desenvolvimento
nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil: afetivo, motor
e cognitivo. Wallon considera o sujeito como "geneticamente social" e estudou a
criança contextualizada, nas relações com o meio. Sua base epistemológica é o
materialismo dialético.
Henri Wallon nasceu na França, em 1879. Viveu em Paris até sua morte, em
1962. Aos 23 anos, formou-se em Filosofia e, aos 29 anos, em Medicina. Na
Primeira Guerra Mundial, atuou como médico do exército francês. Até então, devido
ao seu trabalho com crianças deficientes, havia desenvolvido posições neurológicas
que foram revistas, após o contato com ex-combatentes que apresentavam lesões
cerebrais. Até 1931, atuou como médico em instituições psiquiátricas, onde se
dedicou as crianças com deficiências neurológicas e distúrbios de comportamento.
Esse seu trabalho leva-o a um interesse cada vez maior pela psicologia da criança,
tendo sido o responsável, no período de 1920 a 1937, por conferências sobre a
psicologia da criança, em várias instituições de ensino superior. Em 1925, fundou
um laboratório para pesquisa e atendimento às crianças deficientes. Ainda neste
AN02FREV001/REV 3.0
12
ano, publica sua tese de doutorado, intitulada “A Criança Turbulenta”, o primeiro de
inúmeros livros voltados a psicologia da criança. Em 1931, em uma viagem para
Moscou, passa a integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais
que tinha por objetivo estudar profundamente o materialismo dialético e examinar as
possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência. Wallon
manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud. Em 1948, criou a revista
“Enfance”, publicada até hoje e que serve de instrumento de pesquisa para
psicólogos e educadores.
AN02FREV001/REV 3.0
13
expressiva (dimensão afetiva do movimento). A condição e o limite para o
desenvolvimento são o desenvolvimento neurológico, a maturação orgânica Este,
porém, está estreitamente ligado às condições do meio, que lhe vão dar as
condições necessárias a essa maturação. Dessa forma, é a ação motriz que regula
o aparecimento e o desenvolvimento das funções mentais (o movimento espontâneo
transforma-se em gesto que, ao ser realizado intencionalmente, reveste-se de
significado). No esforço mental, a musculatura, embora imobilizada, permanece
envolvida em atividade tônica que pode ser intensa, ou seja, pensa-se com o corpo
em sentido duplo: com o cérebro e com os músculos. Percebemos, assim, a
importância atribuída à motricidade, na teoria de Wallon, que diz, ainda, que a
imitação revela as origens do ato mental, e que o gesto precede a palavra, sendo
também uma característica cultural.
A função simbólica inibe o movimento, ou seja, a partir do momento em que
o sujeito assimila os signos sociais (fala, escrita etc.), a comunicação motora passa
a ser substituída por outros meios, decorrendo daí a disciplina mental, ou seja, o
controle do sujeito sobre suas próprias ações. Desenvolver-se é ser capaz de
responder com reações cada vez mais específicas a situações cada vez mais
variadas. No seu desenvolvimento, o sujeito caminha do sincretismo (sentimentos e
ideias vividas de uma maneira global, confusa e sem clareza da situação) em
direção à diferenciação (aos poucos se tornam mais claros e adequados às
necessidades que a situação apresenta). A aquisição da linguagem muda
radicalmente a forma de relação da criança com o meio. A linguagem é
indispensável ao progresso do pensamento, sua relação é recíproca: a linguagem
exprime o pensamento ao mesmo tempo em que atua como estruturadora do
mesmo.
Para Wallon, o desenvolvimento não é linear e contínuo, mas, sim, a
integração de novas funções e aquisições às anteriores. Estabeleceu três leis que
regulam o processo de desenvolvimento:
Lei da alternância funcional: duas direções opostas alternam-se ao longo do
desenvolvimento: centrípeta (construção do eu) e centrífuga (elaboração da
realidade externa). Essas duas direções alternam-se constituindo o ciclo da
atividade funcional.
AN02FREV001/REV 3.0
14
Lei da sucessão da preponderância funcional: as três dimensões (afetiva,
cognitiva e motora) preponderam alternadamente ao longo do desenvolvimento do
indivíduo. A dimensão motora predomina nos primeiros meses de vida, e as
dimensões, afetiva (na formação do eu) e cognitiva (no conhecimento do mundo
exterior) alternam-se ao longo de todo o desenvolvimento.
Lei da diferenciação e integração funcional: as novas possibilidades
integram-se às conquistas dos estágios anteriores.
Wallon dá grande importância ao meio na constituição da pessoa. Assim, a
pessoa deve ser vista integrada ao meio do qual é parte constitutiva, e no qual, ao
mesmo tempo, constitui-se; como podemos observar em GALVÃO (2000),
mostrando que Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os
outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. Para ele, o meio social
e a cultura constituem as condições, as possibilidades e os limites do
desenvolvimento do organismo. Por isso, estuda a criança contextualizada, e afirma
que o ritmo das etapas do desenvolvimento é descontínuo, ou seja, o
desenvolvimento é dialético. Estabeleceu os seguintes estágios de desenvolvimento
do indivíduo:
Impulsivo-emocional: 1° ano de vida. A afetividade orienta as primeiras
reações do bebê às pessoas, as quais intermediam sua relação com o mundo físico.
Os atos da criança têm o objetivo de chamar a atenção do adulto para que ele
satisfaça as suas necessidades e garanta a sua sobrevivência. Aos poucos, passa a
demonstrar, também, necessidade de manifestações afetivas.
Sensório-motor e projetivo: vai até os três anos. A aquisição dos movimentos
da marcha e da prensão dá autonomia na manipulação dos objetos e na exploração
dos espaços. Ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. A
criança aprende a conhecer os outros como pessoas em oposição à sua própria
existência.
Personalismo: dos três aos seis anos. Construção da consciência de si,
mediante as interações sociais. Percepção dos diferentes papéis e das relações
dentro do universo familiar e também dentro de um novo grupo (escola maternal).
Diferencia-se do outro e toma consciência de sua autonomia em relação aos
demais.
AN02FREV001/REV 3.0
15
Categorial: dos sete aos doze anos. Progressos intelectuais dirigem o
interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo
exterior. Desenvolvimento cognitivo aguçado e sociabilidade ampliada. Capacidade
de participação em vários grupos com graus e classificações diferentes, segundo as
atividades de que participa.
Predominância funcional (adolescência): fase marcada pelas transformações
fisiológicas e psíquicas, com preponderância afetiva. Há nova definição dos
contornos da personalidade, que ficam desestruturados com as transformações
ocorridas. Wallon afirma que, neste período, torna-se bastante visível o
condicionamento da pessoa pelo meio social: enquanto os adolescentes da classe
média exteriorizam seus sentimentos e questionam valores e padrões morais, os de
classes operárias vivem essa fase de outra maneira, pois têm de contribuir para a
subsistência da família.
O processo de socialização dá-se pelo contato com o outro e, também, pelo
contato com a produção do outro (texto, pintura, música etc.). Por isso, afirma, a
cultura geral aproxima os homens, pois permite a identificação de uns com os
outros.
AN02FREV001/REV 3.0
16
sentimentos e, depois, as atividades intelectuais. A emoção precede as condutas
cognitivas; é um processo corporal que, quando intenso, prejudica a percepção do
exterior. Portanto, para que se possam trabalhar as funções cognitivas, serão
necessárias manter-se uma "baixa temperatura emocional". O desenvolvimento,
então, deve conduzir à predominância da razão, ou, na afirmação de Wallon, "a
razão é o destino final do homem".
AN02FREV001/REV 3.0
17
A necessidade de oferecerem-se oportunidades de aquisições e expressões
(integração entre a arte e a ciência);
A necessidade de uma nova organização do ambiente escolar, que deve ser
planejado para que possa oportunizar interações sociais;
A demonstração de que nas interações ocorrem crises e conflitos; é
importante conhecer os motivos destas manifestações para controlá-las e entendê-
las;
A afirmação de que o ato motor tem múltiplas dimensões, o movimento
mantém uma estrita relação com a atividade mental. Como a escola apresenta a
"ditadura postural", muitos conflitos podem ocorrer devido as exigências da escola.
Para nós, como professores, a contribuição de Wallon é importante, quando
refletimos sobre suas afirmações, como somos pessoas completas, com afeto,
cognição e movimento. Relacionamo-nos com um aluno que é também uma pessoa
completa, integral, com afeto, cognição e movimento. Somos componentes
privilegiados do meio de nosso aluno.
O querer bem, o amor, regia sua interação com o mundo. Muito pouco o
entenderam (ou, ainda não o entendem) sobre essa sua convicção é
preciso querer bem para educar, aprender e ensinar. Penso que era essa
capacidade de amar que lhe dava possibilidade intensa de educar sua
paciência impaciente. Sempre com aqueles olhos de menino curioso,
incansável diante do novo, do conflito, do que não conhecia. (FREIRE,
Madalena, ano, p.)
AN02FREV001/REV 3.0
18
trabalho de grupo, sistematização e o diário do educador, o planejamento e a
curiosidade das crianças, entre outros aspectos.
Madalena Freire desenvolve sua proposta de educação, principalmente
preocupada com a Educação Infantil, buscando trazer em suas elaborações os
princípios freireanas. Para tal, concebe a educação como um espaço político-
pedagógico, do qual a paixão deve ser propulsora das leituras do mundo. A
educação é a possibilidade de humanização da sociedade, da construção da
consciência. Ser educador é ser artista, pois a educação é uma arte - arte de
educar.
AN02FREV001/REV 3.0
19
No exercício disciplinado de sua arte (mediado por seus instrumentos
metodológicos) é que a paixão de educador é educada. Educador ensina a
pensar, e enquanto ensina, sistematiza e apropria-se do seu pensar. Pensar
é o eixo da aprendizagem. Para pensar e aprender tem-se que perguntar. E
para perguntar é necessário existir espaço de liberdade e abertura para o
prazer e o sofrimento, inerentes a todo processo de construção do
conhecimento. A pergunta é um dos sintomas do saber. Toda pergunta
revela o nível da hipótese em que se encontra o pensamento e a construção
do conhecimento. Revela também a intensidade da chama do desejo, da
curiosidade de vida. Ansiedades, confusões e inseguranças são
constitutivas do processo de pensar e aprender. Assim como também o
imaginar, o fantasiar e o sonhar. Não existe pensamento criador sem esses
ingredientes. Educador ensina a pensar. Mas somente pensar não basta.
Educador ensina a pensar e a agir, segundo o que se pensa quando se faz.
Nessa concepção de educação, o educador é um leitor, escritor,
pesquisador, que faz ciência da educação (FREIRE, 1995, p. 40).
AN02FREV001/REV 3.0
20
construção do encontro e o foco da coordenação em relação ao seu
desempenho na construção da aula (FREIRE, 1995, p. 45).
FIM
AN02FREV001/REV 3.0
21
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação
CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO, TEORIAS E
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
1
CURSO DE
Alfabetização, teorias e processo de
aprendizagem
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 3.0
2
ARTICULANDO AS TEORIAS
AN02FREV001/REV 3.0
3
Por meio de suas ideias, procura demonstrar que o analfabetismo e o
fracasso escolar são problemas de dimensões sociais e não consequências de
vontades individuais. Afirma que a desigualdade social e econômica se manifesta,
também, na desigualdade de oportunidades educacionais. Classifica a repetência
como a repetição do fracasso e a evasão como expulsão encoberta. Propõe, por
meio de sua teoria, uma mudança de ponto de vista. Até então, os métodos de
alfabetização partiam de uma concepção psicológica, em que a aprendizagem da
leitura e da escrita é realizada de forma mecânica: aquisição de técnica para decifrar
o texto; resposta sonora a estímulos gráficos. Com as pesquisas na área da
psicolinguística, a partir de 1962, há uma nova visão, de que a criança procura
ativamente compreender a natureza da língua falada à sua volta, formula hipóteses,
busca regularidade, ou seja, reconstrói a linguagem.
Há grande influência de Piaget em sua teoria. Ferreiro concebe a teoria de
Piaget como uma teoria geral dos processos de aquisição do conhecimento, que é
resultado da atividade do próprio sujeito e não de métodos ou pessoas, ou seja, o
sujeito é produtor do seu próprio conhecimento. No entender de Weisz, em sua
teoria, descobre a "história da aprendizagem", ao fazer perguntas piagetianas sobre
as aprendizagens que, acreditava-se, não eram construídas e sim ensinadas, como
a aprendizagem da leitura, da escrita, da soma. Com isso, muda o enfoque da
pergunta, como observamos na afirmação de WEISZ:
AN02FREV001/REV 3.0
4
A escrita como sistema de representação: Emília Ferreiro fala em
compreender o sistema de representação: elementos essenciais da língua oral,
como entonação; semelhanças no significado. A aprendizagem, neste enfoque, é
considerada como a apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou uma
aprendizagem conceitual.
Ferreiro afirma que a criança começa, já a partir dos quatro anos, a perceber
a escrita como a representação de algo externo, que não é somente um traço ou
uma marca. Compreende o que a escrita representa e qual é a sua estrutura. Tem
consciência da diferença entre desenho e escrita, entre imagem e texto, e
compreende que, apesar de estarem representando a mesma situação e terem uma
origem comum, a sua estrutura é diferente: a escrita apresenta grande
complexidade, e ela vai buscando soluções para entender esta diferença.
Nessa tentativa de solução, a criança constrói algumas hipóteses,
apresentadas por Boneti:
Garatujas: fase dos rabiscos. A criança rabisca e lê o que representam os
rabiscos.
Hipótese Pré-Silábica: a criança já conhece letras e as representa
graficamente, mas ainda não tem a sonorização. Usa letras quaisquer. Ex: DCMLZ=
caneta.
Hipótese Silábica: a criança percebe o som e representa graficamente uma
letra para cada sílaba. Ex: “CCNT” = caneta, "BCA" = caneta ou "AEA" = caneta. A
palavra caneta tem três sílabas, por isso, representa-a com três letras convencionais
(que existem na palavra) ou não convencionais (no exemplo "BCA"). Esta hipótese é
considerada "o salto de qualidade".
Hipótese Silábica Alfabética: nesta fase, há um grande conflito cognitivo, ela
representa o número de sílabas, mas percebe que para o som é necessário
acrescentar mais letras. Ex: CANT = caneta ou CNET = caneta. É o avanço para a
AN02FREV001/REV 3.0
5
Hipótese Alfabética. Antes desses estudos, o professor via como um distúrbio de
aprendizagem esta fase da criança.
Hipótese Alfabética: representa a grafia ao som correspondente, já se
apropriou desse conhecimento, por meio da reconstrução da leitura e da escrita. Os
caminhos dessa construção são os mesmos para todas as crianças, de qualquer
classe social.
A partir dessa nova visão, a questão dos diferentes níveis, nas salas de aula,
deixa de ser uma característica negativa para assumir papel de importância no
processo ensino-aprendizagem, em que a interação entre os alunos é fator
imprescindível. Na alfabetização, as diferenças individuais e o ritmo passam a ser
entendidos a partir dos níveis estruturais da aprendizagem da escrita.
Podemos dizer a partir da teoria de Ferreiro, que dois processos são
desencadeados na aquisição da língua escrita: o processo de ler e o processo de
escrever. Numa concepção tradicional, a leitura pode significar decifrada, e a escrita,
cópia. Já numa visão contemporânea, na leitura, devemos considerar dois tipos de
informação: a visual e a não visual. A visual seria a organização das letras e a não
visual, o tema. Para compreender a mensagem não visual, devemos desenvolver a
competência linguística dos alunos, trabalhando com diversos tipos de textos. E, na
escrita, procurar incentivá-la à descoberta, estimulando-a e não a impedindo de
escrever. A diferença estará no resultado: a criança não estará aprendendo uma
técnica, e, sim, apropriando-se do conhecimento.
AN02FREV001/REV 3.0
6
queremos ensinar, não saberemos lidar com aqueles que não aprendem. O
posicionamento da escola é que deve mudar; ela já não pode dirigir-se a quem já
sabe, e rotular os que não conseguem de fracassados. Uma criança de seis anos,
de qualquer classe social, já "sabe" muita coisa sobre a escrita, já compreendeu
algumas coisas das regras da representação gráfica, portanto, não podemos partir
do zero, mas da bagagem trazida para a escola. Assim, as atividades devem ser
organizadas de modo a desafiar o pensamento da criança, gerando conflitos
cognitivos que a façam repensar e reorganizar as ideias para alcançar novas
respostas. A relação professor/aluno dever basear-se no respeito mútuo, na
cooperação, na troca de pontos de vista e numa crescente autonomia do educando.
Dessa forma, o professor, para tornar-se construtivista, precisa desenvolver
a habilidade de respeito ao nível de desenvolvimento do educando, seus interesses
e aptidões, acompanhar o seu raciocínio, sem o cortar ou o limitar com perguntas ou
orientações que impõem outra direção ao pensamento infantil, desviando-o do
caminho que deseja ou a que pode chegar, ou seja, deve perceber seu aluno como
um sujeito ativo, que vai construir espontaneamente seu próprio conhecimento.
Outra mudança conceitual importante é a respeito do conceito de avaliação
e de erro. Num processo de construção do conhecimento, a criança precisa superar
etapas. Neste sentido, não podemos dizer que a criança errou, mas, sim, que não
alcançou a etapa subsequente à que se encontra. Ou podemos utilizar a expressão
de Piaget: no caminho de uma etapa a outra, pode acontecer à passagem por erros
construtivos. Nesse sentido, a avaliação passa a ser vista sob outro enfoque: é um
elemento auxiliar para o professor na sua tarefa, e não um instrumento que serve
para rotular os alunos.
AN02FREV001/REV 3.0
7
original, os problemas da situação, isto é, do meio em que vive". É uma capacidade
que pode ser medida por meio dos Testes de Quociente de Inteligência (QI) pelos
quais o que se mede são as capacidades linguísticas e lógico-matemáticas. No
entender de Gama, as pesquisas mais recentes em desenvolvimento cognitivo e
neuropsicologia sugerem que as habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas
e mais específicas do que se acreditava (GARDNER, 1985).
AN02FREV001/REV 3.0
8
Populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os
primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas
demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas
suas habilidades intelectuais;
Como se deu o desenvolvimento cognitivo por meio dos milênios.
As crianças têm mentes muito diferentes umas das outras, elas possuem
forças e fraquezas diferentes, e é um erro pensar que existe uma única inteligência,
em termos da qual todas as crianças podem ser comparadas. Foi observando
crianças que o psicólogo americano Howard Gardner percebeu o que hoje parece
óbvio: nossa inteligência é complexa demais para que os testes comuns sejam
capazes de medi-la. A teoria do psicólogo americano, que propõe a existência de um
espectro de inteligências a comandar a mente humana, suscitou muitos
comentários, contrários e favoráveis. Em 1983, no livro Estruturas da mente, ele
definiu sete inteligências, que são apontadas por Gama:
Lógica-matemática: os componentes centrais desta inteligência são
descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e
sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, por
meio da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma
AN02FREV001/REV 3.0
9
controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer
problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas.
Gardner, porém, explica que, embora o talento científico e o talento matemático
possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos
cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos
desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a
natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade
para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu
raciocínio.
Linguística: os componentes centrais da inteligência linguística são uma
sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial
percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a
linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica
que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta
habilidade manifesta-se por meio da capacidade para contar histórias originais ou
para relatar com precisão, experiências vividas. Habilidade de aprender línguas e de
usar a língua falada e escrita para atingir objetivos. Advogados, escritores e
locutores exploram-na bem.
Espacial: Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para
perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular
formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão,
equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos
artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o
potencial especial nessa inteligência é percebido por meio da habilidade para
quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais. É
importante tanto para navegadores como para cirurgiões, ou escultores.
Físico-cinestésica: esta inteligência refere-se à habilidade para resolver
problemas ou criar produtos por meio do uso de parte ou de todo o corpo. É a
habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou
plásticas, no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com
destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica move-se com
graça e expressão; a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande
AN02FREV001/REV 3.0
10
habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada. Dançarinos, atletas, cirurgiões
e mecânicos valem-se dela.
Interpessoal: esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade para
entender e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e
desejos de outras pessoas. Ela é mais bem apreciada na observação de
psicoterapeutas, líderes religiosos, professores, políticos e vendedores bem-
sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal manifesta-se em
crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais
avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas
e para reagir apropriadamente, a partir dessa percepção. Crianças especialmente
dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma
vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.
Intrapessoal: esta inteligência é o correlativo interno da inteligência
interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos sonhos e
ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É
o reconhecimento de habilidades, necessidades desejos e inteligências próprias, a
capacidade para formular uma imagem, precisa de si próprio e a habilidade para
usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como essa inteligência é a mais
pessoal de todas, ela somente é observável por meio dos sistemas simbólicos das
outras inteligências, ou seja, por intermédio de manifestações linguísticas, musicais
ou cinestésicas.
Musical: esta inteligência manifesta-se por meio de uma habilidade para
apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons,
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e
timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com
habilidade musical especial percebe, desde cedo, diferentes sons no seu ambiente
e, frequentemente, canta para si mesma.
Atualmente, Gardner admite a existência de uma oitava inteligência, a
naturalista, que seria a capacidade humana de reconhecer objetos na natureza e a
sua relação com a vida humana, e a existencial, que está ligado ao entendimento
além do corpóreo, o transcendente, o entendimento sobre a vida, a morte, o
universo (inteligência dos místicos, dos religiosos etc.) que seria uma nona
inteligência.
AN02FREV001/REV 3.0
11
O mais importante, porém, a ser ressaltado nessa teoria é a pluralidade do
intelecto. Os sujeitos podem diferir quanto aos perfis particulares de inteligência,
com os quais nascem e que desenvolvem ao longo da vida. Na verdade, o
fundamental não é quantas inteligências temos, mas o desenvolvimento de todas
elas, segundo nossas aptidões.
AN02FREV001/REV 3.0
12
Quanto à avaliação, Gardner afirma que favorece métodos de levantamento
de informações durante atividades do dia a dia. Segundo ele, é importante que se
tire o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a
desenvolverem suas capacidades intelectuais, e, para tanto, ao invés de usar a
avaliação apenas como uma maneira de classificar, aprovar ou reprovar os alunos,
esta deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e informar o
professor sobre o quanto está sendo aprendido. Gama (1999) afirma que:
Gardner sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve
dar crédito ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem
certo número de processos específicos, esses processos têm que ser
medidos com instrumentos que permitam ver a inteligência, em questão, em
funcionamento. Para Gardner, a avaliação deve ser ainda ecologicamente
válida, isto é, ela deve ser feita em ambientes conhecidos e deve utilizar
materiais conhecidos das crianças avaliadas. Este autor também enfatiza a
necessidade de avaliar as diferentes inteligências em termos de suas
manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Assim, a
habilidade verbal, mesmo na pré-escola, ao invés de ser medida por meio
de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser avaliada em
manifestações tais como a habilidade para contar histórias ou relatar
acontecimentos. Ao invés de tentar avaliar a habilidade espacial
isoladamente, devem-se observar as crianças durante uma atividade de
desenho, ou enquanto montam ou desmontam objetos. Finalmente, ele
propõe que a avaliação, ao invés de ser um produto do processo educativo,
seja parte do processo educativo, e do currículo, informando, a todo o
momento, de que maneira o currículo deve desenvolver-se (GAMA, 1999, p.
74).
AN02FREV001/REV 3.0
13
14 EDUCAÇÃO PARA AS COMPETÊNCIAS – PHILIPPE PERRENOUD
AN02FREV001/REV 3.0
14
em ação e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais
estão os conhecimentos”. Assim segundo Ferreiro (2001):
AN02FREV001/REV 3.0
15
A abordagem por competências é uma maneira de levar a sério um
problema antigo, o de transferir conhecimentos. Em geral, a escola
preocupa-se mais com ingredientes de certas competências e menos em
colocá-las em sinergia nas situações complexas. Durante a escolaridade
básica, aprende-se a ler, escrever, contar, mas, também, a raciocinar,
explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras
capacidades gerais. Assimilam-se conhecimentos disciplinares, como
Matemática, História, Ciências, Geografia etc. (PERRENOUD, 1999, p. 18).
AN02FREV001/REV 3.0
16
pelo coletivo ao qual pertence. Ou seja, as competências profissionais do
professor reflexivo envolvem saberes teóricos e saberes práticos (saberes
da prática e saberes sobre a prática) (VIRGÍNIO, 2001, p. 48).
AN02FREV001/REV 3.0
17
e, a partir do aprendizado da cultura, estas funções transformam-se em funções
psicológicas superiores (VYGOTSKY, 1991). Essa evolução é mediatizada pelas
pessoas que interagem com as crianças, e é essa intermediação que dá ao
conhecimento um significado social e histórico.
A construção de conhecimentos e o desenvolvimento mental possuem
características individuais e particulares, ou seja, os significados culturais
historicamente produzidos são internalizados pelo homem de forma individual,
possuem um sentido pessoal. Segundo (Lane, 1997, p. 34) "a palavra, a língua, a
cultura relaciona-se com a realidade, com a própria vida e com os motivos de cada
indivíduo".
Nesse processo de construção social e histórica do homem, a linguagem
possui dupla importância na construção do saber. É ela que intermédia a relação
entre os homens. (Oliveira, 1992, p. 27) "a linguagem simplifica e generaliza a
experiência, ordenando os fatos do mundo real em conceitos cujo significado é
compartilhado pelos homens que, enquanto coletividade, utilizam a mesma língua”.
Como se sabe, para Vygotsky, existem três momentos importantes da
aprendizagem da criança: a zona de desenvolvimento potencial, que é tudo que a
criança ainda não domina mas que se espera que ela seja capaz de realizar; a zona
de desenvolvimento real, que é tudo que a criança já é capaz de realizar sozinha; a
zona de desenvolvimento proximal, que é tudo que a criança somente realiza com o
apoio de outras pessoas. É na zona de desenvolvimento proximal, segundo Oliveira
(1993, p. 61) que a "interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso
porque os conhecimentos já consolidados não necessitam de interferência externa".
Isso significa que o ensino-aprendizagem deve ter como ponto de partida o
desenvolvimento real da criança e, como ponto de chegada, os conhecimentos que
estão latentes, mas ainda não desabrocharam.
AN02FREV001/REV 3.0
18
pedagogia diretiva, autoritária e, menos ainda, uma relação hierárquica entre
professores e alunos (OLIVEIRA, 1993; VYGOTSKY, 1991; GOULAR, 1995).
Para Vygotsky, o erro deve ser visto pelo professor como parte do processo
ensino-aprendizagem, mas jamais deve ser ignorado. A correção é importante para
que o aluno perceba a necessidade de melhorar e de dedicar-se mais aos
conhecimentos que ainda não domina. Nesse sentido, o trabalho em grupo, além de
estimular a interação social, pode ser um bom momento para o amadurecimento de
ideias e aprimoramento dos conhecimentos. Entretanto, o contato individualizado
entre professor e aluno não pode ser dispensado, pois é o momento em que o
professor pode detectar o desenvolvimento real e proximal dos alunos (OLIVEIRA,
1993, 1992).
Outro aspecto fundamental para Vygotsky é o brinquedo. Para ele, as
brincadeiras de "faz-de-conta" criam zonas de desenvolvimento proximal, à medida
que colocam a criança em situações de repetição de valores e imitação de papéis e
regras sociais. A escola deve criar situações de brincadeira, a fim de que a criança
possa ter uma gama de possibilidades que estimulem seu desenvolvimento e a
própria interação social.
Para Vygotsky, a aprendizagem da escrita inicia antes do período escolar,
visto que seu desenvolvimento está intimamente ligado aos estímulos recebidos pela
criança desde cedo. Portanto, a criança precisa ser levada a compreender que o
signo da escrita não possui significado em si mesmo, é apenas uma representação
do mundo real (OLIVEIRA, 1993; VYGOTSKY, 1991; GOULAR, 1995). É função de
a escola fazer com que a criança compreenda o signo e o seu significado, por meio
de ações que relacionem o mundo concreto e as suas representações (OLIVEIRA,
1993).
A teoria de Vygotsky oferece uma nova racionalidade, a partir da qual é
possível entender-se o desenvolvimento interno da aprendizagem e do
conhecimento. A conclusão de que uma atividade que hoje a criança somente
consegue fazer com o auxílio de outra pessoa, mas que pode vir a fazer sozinha
amanhã recoloca a relação erro/acerto numa outra perspectiva: a de que o ato de
errar não deve ser encarado como incapacidade, mas como indicador de que certos
conhecimentos precisam ser estimulados. A importância da cultura, da linguagem e
das relações sociais na teoria de Vygotsky fornece a base para uma educação na
AN02FREV001/REV 3.0
19
qual o homem seja visto na sua totalidade: na multiplicidade de suas relações com
outros, na sua especificidade cultural; na sua dimensão histórica, ou seja, em
processo de construção e reconstrução permanente.
AN02FREV001/REV 3.0
20
meio. Ao relacionar-se, o homem não se despoja de sua condição de sujeito ativo.
Segundo (Wachowicz, citado por Matui, 1995, p. 62) "na verdade, o homem se
produz ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio e com os
outros homens".
A interação social que se segue a cada momento de nossas vidas é um
elemento definidor de nossas ações e de nossos comportamentos sociais. Piaget
pensa o ser social como o indivíduo que se relaciona com os outros, seus
semelhantes, de forma equilibrada. Entretanto, Piaget faz uma ponderação muito
interessante sobre relação equilibrada, a qual, segundo ele, somente pode existir
entre pessoas que estejam no mesmo estágio de desenvolvimento (Taille, 1992). O
equilíbrio a que Piaget se refere somente pode existir entre pessoas que estejam no
mesmo nível de desenvolvimento, ou seja:
AN02FREV001/REV 3.0
21
coletivo socializa, estabelece laços de afetividade e permite, à criança, perceber-se
como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo.
No Construtivismo piagetiano, o educador não é o detentor do saber, mas o
facilitador do processo ensino-aprendizagem. O aluno não é mero receptor de
conhecimento, mas o agente ativo que constrói conhecimento. A relação professor-
aluno deve ser de respeito mútuo e cooperação.
É claro que não se pode tomar uma teoria como verdade absoluta. O
conhecimento é sempre relativo e uma teoria é sempre limitada. Por isso, uma teoria
deve servir, dentre tantas, como uma possibilidade de construção de uma educação
diferenciada.
A própria prática pedagógica, que se renova a cada dia, deve ser vista como
um palco onde se experimenta se inventa e se recria o ato de ensinar: nesse palco,
podem surgir outras teorias.
Por fim, na aplicação de uma teoria, é preciso levar em conta a realidade
sociocultural dos alunos para que não se caia no risco de reproduzir e de copiar
mecanicamente determinada concepção de educação: o que deu certo em
determinado lugar não, necessariamente, pode responder as necessidades de outra
e diversa realidade.
AN02FREV001/REV 3.0
22
Em seus estudos sobre o desenvolvimento humano, considera o sujeito
como "geneticamente social". Para esse autor, o desenvolvimento inicia-se na
relação do organismo do bebê recém-nascido com o meio humano. A partir das
reações das pessoas aos seus reflexos e movimentos impulsivos, a criança passa a
atuar no ambiente humano, desenvolvendo aquilo que Wallon denomina motricidade
expressiva, ou dimensão afetiva do movimento.
É a ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das funções
mentais, ou seja, o movimento espontâneo transforma-se em gesto que, ao ser
realizado intencionalmente, reveste-se de significado. Antes do aparecimento da
fala, Wallon atribui grande importância à motricidade: para ele, a imitação revela as
origens do ato mental; o gesto precede a palavra - fatos esses que ele chama de
característica cultural.
A partir do momento em que o sujeito assimila os signos sociais (fala, escrita
etc.) a comunicação motora passa a ser substituída por outros meios, decorrendo
daí a disciplina mental, ou seja, o controle do sujeito sobre suas próprias ações. No
seu desenvolvimento, o sujeito vai superando os sentimentos e ideias, vividos de
forma genérica e confusa, para uma compreensão mais clara do mundo e dos fatos
que se apresentam. A linguagem é indispensável ao progresso do pensamento: a
linguagem exprime o pensamento e, ao mesmo tempo, estrutura o pensamento.
Para Wallon, o desenvolvimento humano não é linear e contínuo, mas, sim, uma
integração: as novas funções/aquisições somam-se a outras, adquiridas
anteriormente.
Para Wallon, a pessoa deve ser vista como parte integrante do meio em que
está inserida. O processo de socialização dá-se pelo contato com o outro e,
também, pelo contato com a produção do outro (texto, pintura, música etc.). Por
isso, afirma que a cultura geral aproxima os homens, pois permite a identificação de
uns com os outros. Para ele, o meio social e a cultura constituem as condições, as
possibilidades e os limites do desenvolvimento do organismo. Por isso, a criança
precisa ser entendida em seu contexto, e seu desenvolvimento como resultado de
sua interação com esse meio: o desenvolvimento é histórico, dialético, portanto, é
também descontínuo.
Em Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista
da construção da pessoa quanto do conhecimento. O autor afirma que a emoção é a
AN02FREV001/REV 3.0
23
exteriorização da afetividade: é um fato fisiológico que se expressa no humor e nos
atos e, ao mesmo tempo, é um comportamento social na sua função de adaptação
do ser humano ao seu meio. A emoção, antes da linguagem, é o meio utilizado pelo
recém-nascido para estabelecer uma relação com o mundo externo. Os movimentos
de expressão evoluem de fisiológicos a afetivos, em que a emoção cede terreno aos
sentimentos e, depois, às atividades intelectuais.
A emoção precede as condutas cognitivas; é um processo corporal que,
quando intenso, prejudica a percepção do exterior. Portanto, para que se possam
trabalhar as funções cognitivas, é necessário manter-se uma "baixa temperatura
emocional." O desenvolvimento, então, deve conduzir à predominância da razão, ou,
na afirmação de Wallon, "a razão é o destino final do homem".
AN02FREV001/REV 3.0
24
maneira possível deve-se, de regra, pôr em ação e em sinergia vários recursos
cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos".
Assim sendo, as competências são construídas na mesma medida em que
evolui a formação dos esquemas mentais que mobilizam os conhecimentos
adquiridos, num determinado tempo ou circunstância. A mobilização dos recursos
cognitivos, numa determinada situação, é garantida por meio das experiências
acumuladas. As competências não devem ser apenas assimiladas à medida que se
adquire novos conhecimentos, é preciso internalizá-la reflexivamente, tornando-as
uma prática eficaz (FERREIRO, 2001).
A discussão a respeito das competências traz à tona a discussão sobre o
currículo escolar. O trabalho com as competências exige de todos os agentes
envolvidos no processo educativo uma mudança de postura e, por consequência,
um permanente trabalho pedagógico integrado, no qual todas as práticas sejam
apreciadas em um processo contínuo de avaliação. Por meio do currículo é que se
pode conduzir o processo pedagógico para além dos conteúdos, das disciplinas,
transformando-o em uma totalidade que articula os diversos saberes. O currículo
deve permitir uma relação entre a construção de novos conhecimentos e uma
postura reflexiva diante da realidade. Para tanto, a escola deve repensar suas
formas de conduzir a educação, buscando formas alternativas para trabalhar com as
competências (PERRENOUD, 2000).
É um grande desafio para a educação e seus agentes repensar e
ressignificar suas práticas pedagógicas, assim como sua proposta político-
pedagógica. Para tanto, a formação dos educadores precisa ser potencializada para
fomentar o desenvolver das competências no processo de ensino-aprendizagem; ou
seja, para potencializar as competências dos alunos, o professor precisa, antes, ter
suas próprias competências potencializadas. Rever algumas práticas e ampliar as
competências em diversas outras áreas do processo educativo é fundamental para
atingir-se uma ampla formação educacional.
AN02FREV001/REV 3.0
25
Na concepção tradicional, a inteligência é uma só, inata e geral. Nesta
concepção (Teles, 1991, p. 160) a inteligência pode ser definida como "uma
capacidade de resolver, de maneira criativamente nova e original, os problemas da
situação, isto é, do meio em que vive". A inteligência pode, então, ser definida como
as capacidades/habilidades linguísticas e lógicas-matemáticas. Para Howard
Gardner, no entanto, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em
pelo menos sete diferentes habilidades, independentemente das áreas intelectuais.
Para ele, não existem habilidades gerais, o que põe em xeque a possibilidade de se
medir a inteligência por meio de testes, e dá grande importância às diferentes
culturas. Ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar
produtos que sejam significativos, em um ou mais ambientes culturais.
A insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, que
focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou
Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas das habilidades para
resolver problemas. Observou atuações de diferentes profissionais em diversas
culturas e o repertório de habilidades dos seres humanos, culturalmente empregado
para resolver seus problemas.
Para Gardner (1982), o desenvolvimento cognitivo é uma capacidade cada
vez maior de entender e expressar o significado em vários sistemas simbólicos,
utilizados num contexto cultural. Para esse autor, cada área do conhecimento tem
seu sistema simbólico próprio, sendo que cada sociedade desenvolve competências,
valorizadas culturalmente para sua realidade. Nesse sentido, as habilidades
humanas não são organizadas de forma horizontal, mas sim, verticalmente: por isso,
ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, existem formas
independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área do
conhecimento (GAMA, 1999).
Portanto, as crianças têm mentes muito diferentes umas das outras, elas
possuem forças e fraquezas diferentes, e é um erro pensar que existe uma única
inteligência em torno da qual todas as crianças podem ser comparadas. Para
Gardner, nossa inteligência é complexa demais para que os testes comuns sejam
capazes de medi-la. Essa concepção fica ainda mais clara, quando o autor
considera sete grandes eixos de inteligência (lógico-matemática, linguística,
espacial, físico-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e musical) e pressupõe que,
AN02FREV001/REV 3.0
26
dela, deriva várias manifestações de inteligências que são diferentes no âmbito
pessoal e cultural. Gardner faz referência a outras duas inteligências, a saber, a
naturalista e a existencial: a primeira seria a capacidade humana de reconhecer
objetos na natureza e a sua relação com a vida humana; a segunda está ligada ao
entendimento para além do corpo, o transcendente, o entendimento sobre a vida, a
morte e o universo.
Para Gardner, todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de
questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos
possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em
todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto,
será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por
condições ambientais. Cada uma destas inteligências tem sua forma própria de
pensamento, ou de processamento de informações, além de seu sistema simbólico.
O conceito de cultura é central na Teoria das Inteligências Múltiplas. A
definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar
produtos, que são significativos em um ou mais ambientes culturais, sugere que
alguns talentos somente se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente.
Para Gardner, cada cultura valoriza certos talentos, que são passados para a
geração seguinte. O domínio, ou inteligência, são sequências de estágios: enquanto
todos os indivíduos normais possuem os estágios mais básicos em todas as
inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de maior trabalho ou
aprendizado.
AN02FREV001/REV 3.0
27
No que diz respeito às teorias do conhecimento e do desenvolvimento, suas
oposições não estão situadas na base da discussão filosófica entre o empirismo e o
racionalismo/inatista.
AN02FREV001/REV 3.0
28
A teoria de Wallon apresenta outros subsídios à reflexão pedagógica, pelo
fato de buscar entender o desenvolvimento da pessoa completa, em suas
dimensões emotivas, motoras, biológicas e cognitivas.
Wallon e Vygotsky trazem uma contribuição não percebida de forma
declarada em Piaget, a saber, a dimensão cultural. Esses autores entendem a
produção do conhecimento como resultado das teias de relações sociais,
estabelecidas pelo homem num tempo histórico; para eles, tudo quanto há no
mundo é cultura, é obra humana.
Na verdade, o valor desses teóricos construtivistas está exatamente no fato
de que suas ideias, por divergirem em alguns pontos, complementam-se na
totalidade: Piaget dá grandes contribuições sobre os aspectos cognitivos, Vygotsky
contribui com os aspectos sócio-históricos e Wallon, com os aspectos afetivos da
personalidade (MATUI, 1995). Os três autores são dialéticos, embora isso seja mais
intenso e declarado em Vygotsky e Wallon, e mais velado em Piaget. Essa base
comum entre eles é que nos permite dizer que o construtivismo/interacionista é
sócio-histórico, ou seja, essa linha pedagógica vê a realidade como sendo produto
de um processo histórico em que forças contrárias movimentam-se no sentido da
mudança e em que o homem é o sujeito principal. Esses autores contribuem de
forma fundamental para uma educação na qual a realidade seja tomada como
histórica, portanto, mutável; na qual o homem seja visto como sujeito histórico,
portanto, construtor de sua própria história. Ora, se o homem e a realidade são
históricos, o construtivismo/interacionismo traz-nos uma constatação de extrema
importância: o mundo, o homem e o conhecimento são inacabados, estão em
constante processo de construção. Como diz Becker, citado por Matuí (1995):
AN02FREV001/REV 3.0
29
Segundo ele, a escola precisaria desenvolver um modelo de avaliação mais
eficiente, realmente capaz de identificar as dificuldades do aprendizado; uma
avaliação na qual, alunos e professores pudesse ter mais tempo para agir e corrigir.
Para tanto, os professores precisariam possuir uma formação permanente, sólida,
capaz de compreender a aprendizagem como a soma de vários saberes.
Por outro lado, esse autor traz a tona à necessidade de a escola
compreender a educação como um processo transdisciplinar, de forma que os
saberes se articulem, complementem-se e não se excluam. Nesse sentido, o
respeito às experiências dos alunos, enfatizado por Perrenoud, aproxima-se do
conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky, visto que, para os dois
autores, o ensino-aprendizagem deve partir dos conhecimentos acumuladas pelos
alunos, mesmo que tais conhecimentos não tenham sido totalmente desenvolvidos.
O conceito de competências, em Perrenoud, articula-se à ideia de pessoa completa,
em Wallon. Nesse caso, as competências podem ser entendidas como as emoções
e as capacidades motoras, cognitivas e biológicas que o homem desenvolve nas
relações que estabelece com os outros e com o mundo concreto.
O mais importante a ser ressaltado na teoria de Gardner é a pluralidade do
intelecto. Os sujeitos podem diferir quanto aos perfis particulares de inteligência,
com os quais nascem e que desenvolvem ao longo da vida. Na verdade, o
fundamental não é quantas inteligências temos, mas o desenvolvimento de todas
elas, segundo nossas aptidões. O conceito de cultura está presente de forma mais
explícita em Gardner, Wallon e Vygotsky. Todavia, ainda que Gardner dê grande
importância às diferentes culturas que brotam nas diversas realidades, não fica claro
nesse autor, como em Vygotsky, a ideia de cultura como legado histórico construído
pelo homem na interação com o outro. Ou seja, Gardner não deixa claro que, para
ele, a cultura é histórica, dialética e, portanto, provisória, o entendimento da cultura
como elemento histórico e dialético poderia flexibilizar e tornar ainda mais relativo o
conceito de inteligências, em Gardner.
Gardner distingue-se de Piaget, à medida que, para esse último, os
significados estruturam-se na mente humana em função do valor presente nos
objetos, enquanto para Gardner, os processos psicológicos são desenvolvidos
quando o indivíduo lida com símbolos linguísticos, numéricos, gestuais ou outros.
Por outro lado, existem momentos de aproximação entre esses dois teóricos:
AN02FREV001/REV 3.0
30
segundo Gardner, uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o
que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média, ou mesmo abaixo da
média, em outra (o equivalente ao estágio sensório-motor em Piaget). Todavia,
Gardner, diferentemente de Piaget, não acredita que haja uma ligação necessária
entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento e determinada área ou domínio
(MALKUS, 1988).
As contribuições da teoria de Gardner para a educação residem na
importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de
desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios,
aquisição de conhecimento e cultura. No âmbito escolar, as contribuições de
Gardner podem ir ao sentido de: avaliações que sejam adequadas às diversas
habilidades humanas; um processo educativo centrado na criança; currículo
específico para cada área do saber; ambiente educacional mais amplo e variado
para além da linguagem e da lógica. Para esse autor, é importante, também, que se
tire o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a
desenvolverem suas capacidades intelectuais. Para tanto, a avaliação não deve ser
utilizada como mecanismo de aprovação ou reprovação, mas sim, como indicador
das capacidades dos alunos. Como diz Gardner (1982):
AN02FREV001/REV 3.0
31
O método é o meio (ou a forma) que utilizamos para chegarmos a um objetivo. Não
basta entender os fins, nem somente compreender os meios, é fundamental
conhecer todo o processo.
Dessa maneira, somente definir a justificativa (o porquê) e os objetivos (para
que) nas ações pedagógicas não basta. O como também é relevante para se atingir
o que se espera com esse processo educativo. Segundo Gonçalves (2000):
Isto significa que, ao contrário do que se diz que os fins justificam os meios,
os meios são modeladores, definidores do fim. Portanto, definido aonde
quero chegar, os caminhos que escolho para lá chegar, garantem, ou não, a
chegada. Isto significa, em especial na educação, que, se desejo educar
para uma sociedade democrática, devo realizar uma educação democrática
nos conteúdos e nos métodos (GONÇALVES, 2000, p. 58).
AN02FREV001/REV 3.0
32
Podemos destacar algumas estratégias, como: formas tradicionais de
ensino, ensino individualizado e socioindividualizado, tele-ensino, radioaulas,
instruções programadas, escolas virtuais, entre outras formas. Essas estratégias de
ensino serão coerentes a partir do momento em que seus objetivos e finalidades
estejam de acordo com a proposta de educação construída e, também, os métodos
desenvolvidos estejam adequados aos mesmos princípios político-pedagógicos.
O método, por fim, é uma das principais características da educação e de
suas práticas. Por meio do método de um professor, podemos identificar suas
intenções, suas finalidades, sua concepção de educação. Uma coisa é o que se diz,
outra é o que se faz, portanto, é fundamental buscarmos a coerência em nossas
práticas pedagógicas. Dizer o que fazemos e mostrar como fazemos deve seguir os
mesmos princípios.
AN02FREV001/REV 3.0
33
profissional. É importante, no entanto, uma preocupação em desenvolver nesta
formação alguns aspectos, dos quais Aranha (1996) destaca três:
Por sua vez, esta orientação não basta para termos um profissional de uma
educação integral, ou seja, é fundamental não somente o qualificar para saber o que
trabalhar e como trabalhar, mas, também, é fundamental qualificá-lo na perspectiva
de compreender para quem trabalhar e para que educar. Essa preocupação
formativa é necessária, principalmente, se compreendemos que a educação tem um
papel transformador da sociedade e, portanto, o educador é um de seus
instrumentos desta possível transformação.
A educação pensada a partir da pedagogia da práxis, não pode entender
que o educador é um transmissor de teorias, muito pelo contrário, no mesmo
momento em que está trabalhando com as teorias, está submetendo-as a um
processo analítico que, muitas vezes, identifica suas contradições. A prática
pedagógica processa as teorias, buscando compreendê-las e criticá-las, num
sentido amplo destes procedimentos, com o intuito de não somente memorizar estas
teorias, mas, também, de entender sua importância na leitura do mundo.
O professor, assim, ao desenvolver suas ações pedagógicas, deve aprender
a aprender, pois, ao ensinar, também se aprende, coloca em debate seu
conhecimento. O professor não é onipresente, onisciente, muito menos, onipotente
e, sim, é mais um aprendiz no processo da educação. Não podemos, contudo,
pensar que não existem diferenças entre os diversos agentes envolvidos no
processo pedagógico, pois o professor tem suas funções e os educandos as suas,
mas ambos podem aprender ensinando e ensinar aprendendo.
Dessa forma, é interessante percebermos que a educação não é algo
estático. A educação é dinâmica e, como a vida, é um permanente processo em
movimento, em transformação. Assim, a educação não pode ser vista como espaço
de sofrimento, de pura disciplina, de autoritarismo, pelo contrário, a educação, na
medida do possível, deve ser espaço de prazer, de desenvolvimento, de alegria. A
AN02FREV001/REV 3.0
34
ação pedagógica deve expressar uma ação amorosa. Segundo (Madalena Freire,
2002, p. 32) “a educação é uma arte e, desta maneira, é importante ser exercida
com paixão, com amor”.
Enfim, é importante sempre manter uma relação dialética entre teoria e
prática, pela qual o educador, não isoladamente, analisa os diversos aspectos que
envolvem suas práticas educativas. Esta postura não deve ser somente do
educador, mas de todos os agentes envolvidos no processo, com o intuito de
desenvolver uma educação mais ampla e democrática, preocupada com a formação
de cidadãos.
AN02FREV001/REV 3.0
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AN02FREV001/REV 3.0
36
BRESSAN, C R. Educação infantil. Florianópolis: Secretaria de Estado da Educação/
COGEN, 1998.
AN02FREV001/REV 3.0
37
FREIRE, M. A aventura de ensinar, criar e educar: observação, registro, reflexão:
instrumentos metodológicos. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1995.
AN02FREV001/REV 3.0
38
______. Tendências pedagógicas na prática escolar. Filosofia da educação. São
Paulo: Cortez, 1994.
AN02FREV001/REV 3.0
39
PIAGET. A lógica própria da criança como base do ensino. Revista Nova Escola,
ago. 1996.
PINTO, A. V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 1982.
SEVERINO. Prefacio. In: GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 8. ed. São
Paulo: Ática, 2002.
SOUZA, Ana Inês. Paulo Freire: vida e obra. São Paulo: Expressão Popular, 2001.
AN02FREV001/REV 3.0
40
WHITAKER, Rosa Maria. Freinet: evolução histórica e atualidades. São Paulo:
Scipione, 1989.
AN02FREV001/REV 3.0
41