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ESTRATÉGIAS DIDÁCTICO PEDAGÓGICO DA LEITURA

Helfas Samuel Cumbane –Estudou Curso Básico de Formação de Professores Primários


(ADPP-EPF Gaza); Licenciado em Ensino Básico com habilitações em Supervisão e Inspecção
Escolar. Docente no SDEJT-Chibuto.
Endereços: helfas16cumbane@gmail.com;
Facebook: Helfas Samuel

0.INTRODUÇÃO

Para aprender a ler, é preciso interagir com a diversidade de textos, testemunhar a utilização que
os leitores fazem deles e participar de actos de leitura de fato; é preciso negociar o conhecimento
que já se tem e o que é apresentado pelo texto, o que está atrás e diante dos olhos, recebendo
incentivo e ajuda de leitores experientes.

Diante disso, é necessário que o aluno tenha conhecimento da importância daquilo que vai
aprender, tornar-se consciente e motivado para a aprendizagem da leitura, levando-a para uma
prática inserida no seu quotidiano com diferentes modalidades no ensino da leitura.

O trabalho como tema em apreço, visa de forma geral compreender as e stratégias didáctico
pedagógico da leitura. E de forma específica foca-se em: conceituar leitura; identificar as formas
de desenvolvimento da leitura e descrever as estratégias didáctico pedagógico da leitura .

Em termos estruturais, o nosso trabalho apresenta: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão, e


Bibliografia. Não obstante, para a elaboração deste trabalho, em termos metodológicos,
recorremos a leitura de diversos manuais e outras fontes bibliográficas, onde fizemos uma leitura
sintética a volta do tema em estudo.
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1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1.Conceitos

 Leitura

Segundo Bocha (1995) citando Coll (1990), a leitura é o processo no qual o leitor realiza um
trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto a partir de seus objetivos, conhecimento
sobre o assunto, quem é o autor do texto e todo seu conhecimento de linguagem.

Segundo Tembe s.d, leitura – acção de identificar as letras e de as juntar para compreender a
ligação entre o que é dito e o que é escrito. No processo de ensino-aprendizagem, a acção de
leitura pressupõe:
 Decifração, isto é, a passagem da grafia ao som, uma espécie de descodificação antes da
recodificação. Trata-se da acção de compreender o que está representado por sinais
gráficos;
 Interpretação correcta da pontuação, a restituição dos grupos de sopro e dos esquemas
entoativos quando se trata de leitura em voz alta (ou da recitação)de um texto escrito;
 Compreensão do conteúdo do texto lido, quando alguns dos elementos lexicais e
gramaticais não são ainda compreendidos pelo aluno;

 Aceleração da leitura, apoiando-se nas redundâncias ou nos caracteres de probabilidades


do sistema ou do texto. O ensino-aprendizagem da leitura, assim como da escrita, constitui
um dos fundamentos de toda a escolaridade.

Assim, conceituamos leitura como o processo de ver o que está escrito, interpretar por meio da
leitura, decifrar, compreender o que está escondido por um sinal exterior, descobrir, tomar
conhecimento do texto da leitura. 

1.2.Modalidades de desenvolvimento da leitura

1.2.1.Habilidades visuais

A habilidade visual consiste: na discriminação de tamanhos e formas das coisas; na identificação e


formação de novas cores; na observação da posição dos objectos e a distância entre eles; na identificação
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de diferenças e semelhanças em imagens; na indicação da direcção em que os objectos são atirados


(Tembe, s.d)

No processo de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de habilidades visuais, os alunos, a partir


de imagens, realizam exercícios de identificação, simetria (duas metades da mesma imagem),
identificação de formas, entre outros.

1.2.2.Habilidades auditivas

A habilidade auditiva engloba a:

a) Consciência fonológica, que consiste no desenvolvimento da capacidade de reflexão


sobre as unidades fonológicas que compõem as palavras e as frases. As actividades para o
desenvolvimento desta consciência devem ser trabalhadas, principalmente nas classes
iniciais, à medida que as crianças avançam na aprendizagem e domínio formal da leitura.
Eis algumas actividades para desenvolver a consciência fonológica:
 Separação de palavras em sílabas;
 Identificção e repetição de rimas;
 Identificção de palavras com o mesmo som inicial;
 Identificção de palavras ou sílabas com o mesmo som final;
 Contagem dos sons que fazem parte das palavras;
 Identificação dos sons que formam a palavra;
 Correspondência fonémica entre duas palavras a partir da rima, por

Exemplo: ata/mata, pato/sapato, sabão/feijão, sumo/fumo.

b) Consciência fonémica, que é a identificação de fonemas (sons) nas palavras,


segmentação e reconstrução fonémicas; a contagem e manipulação de fonemas.

Exemplos:

Segmentação e Manipulação silábica Evocação Sensibilidade aos sons de


contagem silábica: silábica palavras

Dividir, oralmente, Retirar, acrescentar ou Formar palavras A sensibilidade aos sons de


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as palavras nas trocar a ordem das a partir de uma palavras consiste em:
sílabas que as sílabas numa palavra, determinada Distinguir e imitar vozes de
compõem e originando sílaba inicial: animais que lhes são familiares:
identificar o novas palavras: Exemplos: vaca, gato, cão, pássaros, burro,
número de sílabas Palavras a partir etc.
de cada uma. Retirar sílabas numa da sílaba ga Distinguir e imitar sons e ruídos
palavra, originando gato gaiola da natureza e de objectos;
novas palavras: Distinguir sons produzidos por
galo gamela diferentes instrumentos
musicais;
Distinguir sons produzidos por
diferentes objectos, que caem no
chão;
Identificar a origem de
determinados sons como, por
exemplo, o jogo de cabracega.

1.2.3.Oralidade na iniciação da leitura e da escrita

Segundo Tembe, s.d após a aquisição do vocabulário básico, ou seja, quando os alunos já
entendem o que os outros dizem e se expressam oralmente em língua portuguesa, inicia-se a
aprendizagem da leitura e da escrita. Nesta etapa, o desenvolvimento da oralidade deve fazer-se
na interligação e no acompanhamento das actividades de leitura e de escrita, cujos pontos de
partida e de chegada são a frase. Deste modo, o professor pode planificar e orientar as
actividades, tais como:

 Diálogo sobre a valorizaçao das histórias e rodas de conversa, músicas, mídiassociais.


 Narração de uma história simples com dois personagens apenas; história pode ser
inventada, no momento, pelos alunos com o apoio do professor, dependendo do grau de
conhecimento do vocabulário da língua portuguesa.
 Completamento de uma história, a partir de duas frases propostas pelo professor; nesta
conversa ou história narrada, o professor fica atento às frases que os alunos produzem e
regista as mais adequadas para a actividade que se segue; produção de frases relacionadas
com o diálogo/narração da história anterior;
 Selecção da frase-chave de entre as que foram produzidas durante o diálogo/a
 Narração da história anterior.
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1.3.Estratégias didáctico pedagógico da leitura

Covane, s.d, impõe-se agora fazer algumas considerações sobre certas estratégias de leitura,
como é caso da identificação do tópico textual e da elaboração de resumos. O tópico aproxima-se
do resumo, na medida em que, por definição, ele é um resumo muito breve. Os elementos de
ambos distinguem-se somente pela extensão, podendo o resumo conter mais elementos do que o
próprio tópico. O resumo faz parte do conjunto de textos cuja técnica o aluno deve dominar,
sendo de grande utilidade na prática da leitura de textos longos, a propósito da condensação da
informação textual.

Com o resumo estamos diante de uma estratégia holística de compreensão, já que a sua
elaboração demanda a compreensão global dos textos. Se os alunos do Ensino secundário, em
princípio, não têm problemas em resumir um texto de reduzida dimensão, o mesmo não se passa
com a condensão de extensões mais vastas.

Uma outra estratégia holística de compreensão é o comentário, que suscita muitas dificuldades,
tantos no entendimento dos elementos que devem ser contemplados, como no modo de os
integrar.

O autor Tembe s.d, diferentemente de Covane, s.d, diz que “o ensino-aprendizagem da leitura e
da escrita iniciais é desenvolvido em quatro etapas”, nomeadamente:

 1.a etapa – o ensino-aprendizagem das vogais;


 2.a etapa – o ensino-aprendizagem dos ditongos;
 3.a etapa – o ensino-aprendizagem das consoantes;
 4.a etapa – o ensino-aprendizagem das combinações fonéticas;

Tembe vai mais além, afirmando que estas etapas efectuam-se de acordo com métodos e
estratégias adequadas ao desenvolvimento da criança, para que as competências de leitura e de
escrita possam ser desenvolvidas de forma mais correcta. Os métodos mais usados no ensino
aprendizagem da leitura e escrita são:

 Métodos sintéticos;
 Métodos analíticos ou globais
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1.3.1. Métodos sintéticos

Os métodos sintéticos baseiam-se na combinação dos elementos isolados da língua: sons, letras e
sílabas, ou seja, começam pelos elementos que compõem a palavra. E à medida que esses
elementos são apreendidos, passam a ser combinados em palavras e em unidades maiores. Estes
métodos subdividem-se em:

a) Método alfabético, ideofónico ou fono-sintético, que toma a letra como seu ponto de
partida; desta parte-se para a sílaba, da sílaba para a palavra, da palavra para a frase e da
frase para o texto.
b) Método fónico, fonético ou de João de Deus, que toma como unidade mínima o
fonema. Este método parte do princípio que é necessário ensinar às crianças as relações
entre fonemas e grafemas (sons e letras), para que se relacione a palavra falada com a
escrita. Neste método ensinam-se, primeiro, os sons e as formas das vogais seguidas de
consoantes. Cada letra é aprendida como um som e junta-se este ao outro, recorrendo a
combinações simples, CV ou VV (consoante/vogal ou vogal/vogal), formando-se sílabas
e palavras.
c) Método silábico ou fonético de silabação, que toma como ponto de partida a sílaba,
para formar as palavras. A aprendizagem é feita através de uma leitura mecânica do texto,
decifração das palavras.

1.3.1.1.Vantagens dos métodos sintéticos

 Favorecem uma boa articulação e pronúncia de palavras.


 Contribuem eficazmente para o exercício da ortografia.
 São bastante adequados à língua portuguesa pela consistência silábica da mesma.
 Obrigam o aluno a desenvolver a motricidade fina e a estudar demasiadamente as regras
gramaticais.
 Exigem do aluno uma forte interiorização das regras da ortografia.

1.3.1.2.Desvantagens dos métodos sintéticos

 Obrigam o aluno a decorar o nome das letras por ordem alfabética.


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 Conduzem a uma leitura pouco compreensiva das palavras, frases e do texto,devido a


leitura de sílabas e palavras isoladas.
 Dificultam a compreensão das mensagens, devido ao uso de palavras fora do contexto.

1.3.2. Métodos analíticos ou globais

Métodos analíticos ou globais têm como base a palavra ou a frase, considerada como um todo,
na aprendizagem da leitura, não se procedendo frequentemente à análise dos elementos
fonéticos, essencialmente ao longo das primeiras aulas de iniciação à leitura. Estes métodos
levam o aluno a analisar um todo (a palavra, a frase ou o conto) como unidade de leitura, para
depois se proceder à análise das suas partes constitutivas. São métodos mais interactivos e
possibilitam maior participação dos alunos (Tembe, s.d)

Os métodos analíticos ou globais subdividem-se em:

a) Método global de palavras, que parte da palavra como um todo, sendo estas palavras
escolhidas entre o vocabulário comum do ambiente das crianças, que exprimem ideias
acessíveis à sua compreensão, de forma a associar a forma gráfica da palavra à ideia e ao
objecto por ela representado. Esta palavra é, depois, decomposta até ao fonema/ grafema.
b) Método global de frases é o método que inicia a leitura, partindo da frase como unidade
de pensamento. Depois decompõe-se a palavra, destaca-se a sílabachave, seguida de
recomposição/formação de palavras novas e termina na frase.
c) Método global de contos é o método em que o professor conta uma história para a
crianças. Após uma breve interpretação, extrai-se a frase que é registada no quadro e lida
pelas crianças. Depois, passa-se para o destaque da palavra-chave, seguida do estudo das
sílabas, destaque da sílaba-chave e da letra em estudo.

Este método tem como principal objectivo iniciar o processo de aprendizagem da leitura e da
escrita por textos com sentido completo. Para tal, o texto deve versar sobre um tema estimulador
e que esteja de acordo com as vivências e os interesses das crianças (vida familiar, escolar,
comunitária, ou de aventuras reais com outras pessoas).
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1.3.2.1.Vantagens dos métodos analíticos ou globais:

 Facilitam o desenvolvimento da capacidade de interpretação.


 Valorizam todos os conhecimentos dos alunos.
 Desenvolvem activamente e de forma mais perfeita os hábitos necessários a uma boa
leitura.
 Despertam, na criança, o gosto pela leitura.
 Propiciam o reconhecimento global mais rápido das palavras, possibilitando aleitura com
sentido, desde o início da escolarização.
 Aproveitam o material existente no meio envolvente do aluno.
 Facilitam a articulação.
 Evitam os erros de concordância.

Os métodos analíticos ou globais são mais eficientes, principalmente porque vão além da leitura
e da escrita mecânica. Eles auxiliam na formação da criança leitora e escritora, além de ajudar as
crianças na compreensão e inserção nos contextos sociais. A utilização de metodologias
participativas pode ainda melhorar os resultados (Tembe, s.d)

1.3.3.Métodos mistos (analítico-sintético)

Ao Métodos mistos (analítico-sintético) têm como ponto de partida a frase e, desta, para a
palavra, a seguir, a sílaba e a letra. O ponto de chegada é, também, a frase.

Estes métodos apresentam duas versões:

a) A versão fónica, que privilegia o som (fonema) e a escrita da letra (grafema) e da sílaba.
Esta versão dá importância ao treino fonológico, contribuindo para a correcta articulação e
pronúncia dos sons.
b) A versão globalística, que privilegia o som e a escrita da palavra; a leitura dafrase e a
interpretação global da palavra.A palavra-chave é a base da formação de novas palavras por
analogia, substituição ou justaposição dos elementos constituintes já estudados.

1.3.3.1.Vantagens dos métodos mistos (analítico - sintético):

 Associam os aspectos positivos dos dois métodos.


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 Ajudam a resolver os problemas que surgem na aprendizagem da leitura,através da


análise.
 Dão segurança à criança e maior possibilidade de envolvimento, assimilação
ecompreensão dos conteúdos.

1.3.4. Métodos especiais

a) Método Lamaire ou João que ri é um método semelhante ao método sintético, pois a


base da aprendizagem é a letra. Este método recorre à activação de diferentes sentidos e
facilita a memorização e a aprendizagem, baseando-se no ritmo, gesto e movimento. Tem
como ponto de partida uma pequena história associada a uma imagem ou uma palavra-
chave.
b) Método Montessori ou ideotáctil é um método sintético que recorre à utilização de
materiais manuseáveis e à realização de actividades que favorecem o movimento e
experiências concretas. Dentre os materiais utilizados pelo método, destacam-se: os jogos
que contribuem para a formação das actividades psíquicas e sensoriais; cilindros com
encaixes sólidos para o fortalecimento do desenvolvimento motor, visual, de raciocínio,
associação e atenção; encaixes planos para a associação de formas e reconhecimento de
formas geométricas; actividades do dia-a-dia, para ajudar a criança a adquirir noções em
relação aos cuidados pessoais e aos relacionados com o meio ambiente.
c) Método Decroly é o método que tem a frase como o ponto de partida ea palavra o seu
ponto de chegada. É similar ao método analítico ou global de frases.

1.3.4.1.Vantagens

 Permite associar todas as actividades à realidade mais próxima do aluno.


 Promove a realização de todas as actividades de forma lúdica.
 Auxilia no desenvolvimento de todos os sentidos, do ritmo e da psicomotricidade.
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3.CONCLUSÃO

Após realizar o trabalho, concluímos:

Um dos grandes problemas que os alunos têm enfrentado nas primeiras classes é o fraco domínio
da Língua Portuguesa, veículo de conhecimentos científicos e tecnológicos, o que lhes torna
difícil a aquisição de habilidades de leitura e escrita na Língua Portuguesa e a compreensão de
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conteúdos das outras disciplinas curriculares. Portanto, o professor deve planificar as aulas,
tendo em conta a realidade mais próxima do aluno.

Com este facto, as estratégias didatico-pedagogicas para o ensino da leitura, adequadas ao


desenvolvimento da criança, para que as competências de leitura possam ser desenvolvidas de
forma mais correcta são: Métodos sintéticos e Métodos analíticos ou globais.

4.BIBLIOGRAFIA

 Tembe C.R. C. A Maxaieie, J. & Matabel, F. Manual de Didáctica de Língua


Portuguesa – Língua Segunda: Formação de Professores do Ensino Primário e Educação
de Adultos. ed. MINEDH. Maputo – Moçambique. s/d.
 Covane Lourenço (s.d). Didáctica de Literatura. Universidade Católica de Moçambique.

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