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Didática

Planejamento e Prática Docente I

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Kethlen Leite de Moura

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Planejamento e Prática Docente I

• Planejamento e Prática Docente I.


OBJETIVO

DE APRENDIZADO
• Refletir sobre a importância do planejamento da prática docente no processo de ensino-
-aprendizagem.
UNIDADE Planejamento e Prática Docente I

Planejamento e Prática Docente I


Os nossos estudos permeiam as questões que envolvem a prática docente e o plane-
jamento. A partir do momento em que nos tornamos professores, passamos a planejar
as nossas ações, e para isso elaboramos um planejamento.

Com a experiência docente, as reflexões e preparações de atividades fazem com que


o docente passe a pesquisar mais sobre as suas práticas em sala de aula, e essa ação
refletirá nas atividades que professor e aluno desenvolverão juntos. É por isso que o
planejamento existe.

Mas, será que deve ficar somente no mundo das ideias? O planejamento precisa ser
registrado? Qual é o papel da direção e/ou equipe pedagógica da escola para fazer com
que o planejamento se efetive? Será que o professor precisa estabelecer linhas gerais que
delimitem as suas ações em sala de aula?

Estes questionamentos contribuirão com os nossos estudos à medida que formos de-
senvolvendo o conteúdo, isto porque as perguntas é que devem mover a prática docente.

Figura 1 – Planejando a prática docente


Fonte: Freepik

Para Thomazi e Asinelli (2009) o planejar deve ultrapassar o planejamento propria-


mente dito, já que implica nas relações de poder que se constituem dentro da escola e
que, querendo ou não, envolvem os atores dessa instituição. Ademais, o planejamento
refletirá e interferirá nas relações que ocorrem na escola e sala de aula, e essa interferên-
cia chegará aos alunos, às famílias, aos professores, diretores e pedagogos.

Assim, é necessário que o planejamento seja estruturado e que esteja de acordo com
o contexto e cotidiano escolar, afinal, sabemos que a escola não é um local rígido e
inflexível. É por isso que o planejamento vem para organizar e sistematizar o trabalho
pedagógico, evitando, assim, que o processo de ensino seja uma improvisação.

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O fato é que o planejamento tem intencionalidade, de modo que para compreender-
mos essa perspectiva trazemos o que Padilha (2001, p. 63) diz a respeito:

Lembramos que realizar planos e planejamentos educacionais e escolares


significa exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter
político e ideológico e isento de neutralidade. Planejar, em sentido amplo,
é um processo que visa dar respostas a um problema, através do estabe-
lecimento de fins e meios que apontem para a sua superação, para atingir
objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro,
mas sem desconsiderar as condições do presente e as experiências do
passado, levando-se em conta os contextos e os pressupostos filosófico,
cultural, econômico e político de quem planeja e de com quem se planeja.

Percebe-se que o planejamento envolve diversos contextos que visam contribuir com
a prática docente, sendo a melhor forma de aplicar o que está estabelecido no currículo
da escola.

Assista ao vídeo do programa Papo de Professor, que traz o seguinte tema: Como fazer
um bom planejamento escolar? A professora Maria Claudia Junqueira apresenta os pontos
fundamentais para a elaboração de um bom planejamento.
Disponível em: https://youtu.be/rIuqayi8R1s

É por meio do planejamento que nós, profissionais da educação, colocamos em práti-


ca o currículo da escola que está proposto no projeto político-pedagógico da instituição.

Neste momento convém explicar o que é o currículo, afinal, é uma das “vértebras”
que sustentam a educação. Para Forquin (1989, p. 213), o currículo tem diversos usos,
já que possui grandeza semântica; logo, podemos definir currículo como:

Percurso educacional, um conjunto de experiências de aprendizagens efe-


tuadas por qualquer um sob o controle de uma instituição formal ao curso
de um dado período. Por extensão, a noção designará menos um percurso
efetivamente cumprido que um percurso prescrito por uma instituição es-
colar, quer dizer um programa, ou um conjunto de programas de aprendi-
zagem organizadas em curso.

Essa contribuição demonstra o quanto o currículo é importante para o trabalho peda-


gógico docente, já que nos permite identificar como será o planejamento do professor,
pois o saber escolar está assentado nesse processo de transmissão do conhecimento por
meio do currículo.

Acesse o portal do Instituto Ayrton Senna e leia a reportagem que trata da importância do
currículo no ambiente educacional. A matéria, traz as possibilidades de se definir o currículo
escolar e selecionar as melhores maneiras de formar o cidadão do futuro.
Disponível em: https://bit.ly/3sybaOV

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Outra questão que envolve a prática docente e o planejamento diz respeito às etapas
que orientam a construção do planejamento, isso porque a questão do planejamento
está ligada à educação e concepção de ensino-aprendizagem.

Logo, quando um professor assume uma disciplina, tem a necessidade de delimitar


as suas ações, ou seja, tomar uma série de decisões que estejam relacionadas à sua visão
de educação. Por isso, a partir do momento em que passa a elaborar o planejamento,
o docente tomará decisões que envolvem o que o aluno aprenderá em cada bimestre e
como fará com que os conteúdos se articulem.

Para Castro, Tucunduva e Arns (2008) o planejamento escolar precisa ser concebido
em três etapas: preparação, acompanhamento e aperfeiçoamento. Estes três princípios,
que são intrínsecos, precisam aparecer ao longo do planejamento a ser apresentado,
tanto de forma escrita, quanto nas ações referentes ao planejamento em si.

A partir da elaboração do planejamento, o professor precisará deixar claro quais va-


lores, atitudes, habilidades, competências e conhecimentos os alunos desenvolverão ao
longo do ano letivo, o que tem grande peso na elaboração do plano da disciplina, bem
como nos planos de aula.

Planejamento

Preparação Acompanhamento Aprimoramento

Significa Significa Significa

Alicerçamento do programa da disciplina, o qual Envolve a avaliaçãodo alcance das competências e dos
deve cumprir no todo ou em parte a ementa. Nesta Deve-se acompanhar a ação objetivos propstos na fase de preparação. A partir desta
fase se estabelece as competências e os objetivos do educativa do professor e o avaliação (na pior das hipóteses semestral) procede-se
curso e à previsão de todos os procedimentos para aprendizado do aluno. aos ajustes que se fizerem necessárias para a
garantir a concretização das competências. concretização das competências e dos objetivos.

Figura 2 – Mapa Conceitual


Fonte: Adaptado de PEIXOTO; ARAÚJO, 2012

Este mapa conceitual busca organizar as três etapas relatadas, de modo que tal orga-
nização é para que você, estudante, consiga compreender como estão relacionadas e o
que cada uma significa para o processo de planejamento. Possibilita-nos ver o quanto o
planejamento é influenciado por diversos acontecimentos intrínsecos à escola.

Assim, a formação pedagógica para os docentes é tão importante, pois acaba con-
tribuindo para o processo de ensino-aprendizagem de maneira mais efetiva, além de se
comprometer com a formação integral do aluno, não pensando em sua formação volta-
da apenas ao mercado de trabalho. Por isso o papel do educador é tão importante, dado
que a sua função não é apenas a de ensinar, mas principalmente a de levar o educando
a aprender por meio de condições que façam com que o aluno adquira conhecimento.

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Para que as ações pedagógicas do planejamento se concretizem, é essencial que
o professor elabore o plano de aula. Trata-se da “bússola” que direcionará o trabalho
docente e tornará as ações do professor facilitadoras para o processo de ensino-apren-
dizagem, dado que o plano de aula já busca prever as expectativas dos alunos, as dificul-
dades, os interesses e a catarse.

Figura 3 – Ideais do planejamento docente


Fonte: Getty Images

Logo, o planejamento tem a sua constituinte essencial, pois o ensino precisa que o
planejamento exista para que a organização, seleção e explicação de conteúdos passem
a fazer sentido para os educandos e para que o resultado seja a aprendizagem. É no pla-
nejamento que nós, docentes, estabeleceremos os objetivos da disciplina, métodos que
desenvolveremos o conteúdo e a maneira como avaliaremos o processo. Portanto, no
que tange à aprendizagem, sabemos que as atividades a serem aplicadas aos alunos pre-
cisam ter a função de assimilação de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades.

De acordo com Libâneo (1990), esse processo visa, na verdade, realizar a mediação
dos objetivos estipulados previamente, de maneira que os conteúdos e métodos possam
ser sintetizados na aula e ação didática do professor.

Leia a reportagem “Como aprendi a fazer Planos de Aula”. Esse instrumento, segundo a
Revista Nova Escola, traz prática e reflexão, o que resultará em um plano de aula perfeito.
Disponível em: https://bit.ly/2M2bJQa

Segundo Silva (2007), para que o professor desenvolva um planejamento coerente,


precisará contemplar os interesses dos alunos sobre determinados conteúdos, além de
propor a resolução de problemas para que os estudantes pesquisem e se direcionem
pela pergunta norteadora.

Portanto, o processo de ensino precisa permitir a interação de ideias entre alunos e


professores como forma do desenvolvimento de ensino-aprendizagem. É justamente por
isso que, em seu planejamento, o professor precisa estabelecer objetivos mais amplos,
que alcancem as delimitações da disciplina.

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Para que os objetivos sejam coerentes com a proposta disciplinar, é necessário que
os docentes selecionem verbos de ação. O verbo é essencial no processo de construção
do planejamento, pois é a partir da palavra escolhida que haverá a possibilidade de de-
senvolver o conteúdo previamente organizado. Um exemplo disto é: se em determinado
momento do planejamento o professor apresentar que o aluno deverá resumir o tópico
proposto, provavelmente o verbo a ser escolhido para desenvolver o objetivo cognitivo
envolvido, seguindo a taxonomia de Bloom, é sintetizar. Já em outro momento, o pro-
fessor solicita ao aluno que este relacione os fenômenos que envolvem a disciplina e o
mundo, logo, o objetivo que deve ser utilizado é valorizar. Consegue perceber a impor-
tância dos objetivos nas ações cognitivas?

Você Sabia?
Que a aprendizagem por projetos está relacionada às metodologias ativas? É uma
abordagem pedagógica que busca enfatizar atividades que foquem no desenvolvimento
de habilidades e competências. Para saber mais a respeito, leia o texto Metodologias
Ativas: O que é Aprendizagem Baseada em Projeto do portal Hoper.
Disponível em: https://bit.ly/2KqA5CZ

Para Teixeira (2005) os objetivos a serem elencados para o desenvolvimento do pla-


nejamento, principalmente no que tange às ações a serem desenvolvidas em sala de
aula, devem ser claros e compreensíveis nos termos que são empregados. Assim, veja-
mos o seguinte Quadro, com alguns verbos que podem ser utilizados na especificação
de objetivos a serem desenvolvidos em um planejamento docente:

Quadro 1 – Verbos utilizados nos objetivos do planejamento docente

• Saber;
• Compreender;
• Realmente compreender;
• Avaliar;
Palavras passíveis de • Avaliar completamente;
várias interpretações • Perceber o significado de;
• Desfrutar;
• Acreditar;
• Ter fé em.

• Escrever;
• Expressar;
• Identificar;
• Diferenciar;
Palavras passíveis de • Resolver;
poucas interpretações • Construir;
• Relacionar;
• Comparar;
• Contrastar.

Fonte: Adaptado de TEIXEIRA, 2005

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Nesse processo é importante deixar claro que o objetivo precisa ter informações que
contribuirão à materialização da aula. A partir do momento em que algumas informações
são omitidas, o professor passa a ter dificuldades para ensinar. Neste sentido, três são as
especificações que indicam as relações entre o verbo e a ação:
• Desempenho ou comportamento;
• Condições em que o aprendizado será observado;
• Padrões a serem alcançados.

A partir disso há a seguinte Tabela, que contribui para que os objetivos afetivos a
serem desenvolvidos se associem a verbos de ação, vejamos:

Tabela 1 – Relação dos objetivos afetivos aos verbos de ação


Classe Verbos de Ação Associados
Ouvir Aceitar Estar consciente
Receber Atender Receber Favorecer
Preferir Perceber Selecionar
Especificar Selecionar Gravar
Responder Responder Listar Desenvolver
Completar Escrever Derivar
Aceitar Incrementar Indicar
Valorizar Reconhecer Desenvolver Decidir
Participar Realizar Influenciar
Organizar Encontrar Associar
Organizar Julgar Determinar Formar
Relacionar Correlacionar Selecionar
Revisar Aceitar Demonstrar
Caracterizar Modificar Julgar Identificar
Enfrentar Desenvolver Decidir
Fonte: Adaptado de TEIXEIRA, 2005

Agora vejamos os objetivos cognitivos e verbos de ação associados que têm diferentes
domínios de compreensão:

Tabela 2 – Objetivos cognitivos e verbos de ação


Classe Verbos de Ação Associados
Definir, declarar, listar, nomear, escrever, relembrar, reconhecer, rotular,
Conhecimento sublinhar, selecionar, reproduzir, medir.
Identificar, justificar, selecionar, indicar, ilustrar, representar, nomear, for-
Compreensão mular, explicar, julgar, contrastar, classificar.
Predizer, selecionar, avaliar, explicar, escolher, encontrar, mostrar, de-
Aplicação monstrar, construir, computar, usar, desempenhar.
Analisar, identificar, concluir, diferenciar, selecionar, separar, comparar,
Análise contrastar, justificar, resolver, separar, criticar.
Combinar, repetir, sumarizar, sintetizar, arguir, discutir, organizar, derivar,
Síntese selecionar, relacionar, generalizar, concluir.
Julgar, avaliar, determinar, reconhecer, suportar, defender, atacar, criticar,
Avaliação identificar, evitar, selecionar, escolher.
Fonte: Adaptado de TEIXEIRA, 2005

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Para a utilização dos verbos apresentados, o professor precisa ter conhecimento de


que os conteúdos a serem ensinados são conhecimentos sistematizados e selecionados
da base científica, advindos da experiência social da humanidade e organizados para que
possam ser ensinados na escola.

A jornada para a construção do planejamento é uma atitude importante, pois acaba


mostrando a relevância de se investir no saber disciplinar, em que a transmissão de co-
nhecimentos a ser realizada pelo professor deverá ser definida com primazia.

É a partir daí que surge a importância da competência a ser desenvolvida, para que o
docente possa escolher os verbos a serem utilizados para atingir objetivos já determinados,
ou seja, é preciso estabelecer um processo de apreensão e construção do conhecimento.

De acordo com Anastasiou (1998), os programas de aprendizagem, ou de aprendi-


zagem por meio de projetos, têm a responsabilidade de conquistar o conhecimento, a
partir do momento em que se adota processos de parceria e colaboração no desenvolvi-
mento dos conteúdos a serem ministrados.

Nesse processo de aprendizagem, a relação entre a apreensão e o tipo de projeto a


ser trabalhado em sala de aula deve deter os princípios dos conteúdos para que, assim,
haja aprendizagem significativa. Logo, a aprendizagem deve seguir quatro princípios que
estão dispostos no seguinte infográfico:

Os Quatro Princípios da Aprendizagem


• Conteúdos factuais: são conhecimentos de fatos, acontecimentos, situações e
fenômenos concretos, em que a aprendizagem é verificada de maneira literal;
• Conteúdos procedimentais: são ações ordenadas e que visam a um determi-
nado fim, incluindo técnicas, métodos, destrezas e habilidades;
• Conteúdos atitudinais: podem ser agrupados em valores, atitudes e normas;
• Aprendizagem de conceitos: neste momento é necessário possibilitar a ela-
boração e construção pessoal a respeito das interpretações de novas situações
(ZABALA, 1998).

Portanto, a construção do conhecimento é um movimento dialético e operacional,


em que as atividades desenvolvidas pelos alunos precisam ter predominância perceptiva
e reflexiva. Por isso, os princípios da aprendizagem são essenciais para serem adquiridos
pelo docente, a fim de que tenha conhecimento do que e como ensinar os seus alunos.

A prática docente que garanta o processo de aprendizagem que seja sucesso só será
possível ser desenvolvida a partir do estudo de textos, vídeos, pesquisas, debates em
grupos, seminários, exercícios, entre outras formas. Tais metodologias possibilitam a
constituição do conhecimento e visam superar a visão caótica do saber. Vejamos as
possíveis estratégias que podem ser aplicadas no processo de aprendizagem:

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Quadro 2 – Objetivos e estratégias no processo de aprendizagem

Conhecimento do grupo: • Apresentação simples;


• Aquecimento de • Apresentação cruzada em duplas;
um grupo; • Complementação de frases;
• Desbloqueio; • Desenhos em grupo;
• Manifestação de • Deslocamentos físicos pela sala ou fora desta;
expectativas. • Tempestade cerebral.

• Leitura de textos;
• Leitura com roteiro de questões;
• Material de instrução programada;
Aquisição de • Excursão;
conhecimentos • Aulas expositivas dialogadas;
• Visitas técnicas;
• Estudo de caso.

• Dramatização, desempenho de papéis;


• Atividades em grupos;
• Grupo de observação;
Desenvolvimento • Painel integrado;
de habilidades • Pequenos grupos para formular questões;
• Grupos de oposição;
• Aulas práticas.

• Debate em pequenos grupos;


• Estudo de caso;
Desenvolvimento • Relatórios com opiniões fundamentais;
de atitudes • Estágios;
• Excursões;
• Dramatização.

• Estágios;
• Excursões;
Confronto com • Pesquisa de opinião;
a realidade • Estudo de caso;
• Estudo do meio.

• Pequenos grupos com uma só tarefa;


Desenvolvimento • Pequenos grupos com tarefas diferentes;
da capacidade de • Painel integrado;
trabalho em equipe • Diálogos sucessivos.

• Projeto de pesquisa;
Iniciativa na busca • Estudo do meio;
de informações • Estudo de caso.

Fonte: Adaptado de PEIXOTO; ARAÚJO, 2012, p. 9

Assim, quando pensamos em atividades ou avaliações baseadas em projetos, preci-


samos, enquanto docentes, definir as orientações e atividades que os alunos desenvol-
verão; logo, a escolha de estratégias que permitam esse momento de construção do
conhecimento é imprescindível:

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A primeira é a significação, que visa estabelecer vínculos com o conteúdo a ser minis-
trado, além de associar à prática social do aluno. Nessa proposta de atividades baseadas
em projetos, as tarefas precisam ser significativas e vinculadas às relações existentes
entre as necessidades dos alunos e as finalidades da disciplina.

Já a segunda é a problematização, em que o professor deve apresentar os conceitos e a


origem para o desenvolvimento de determinado projeto. Por isso, para Anastasiou (1998)
a essência pedagógica precisa ser mediada pelo conhecimento docente. Esse professor
necessita construir ações que sejam inovadoras e que mobilizem o comprometimento dos
alunos com o conhecimento a ser transmitido. Portanto, é imprescindível que o professor
desenvolva princípios racionais em seus alunos, para que estes possam compreender os
conceitos básicos sobre o assunto trabalhado.

Além de acompanhar o processo de aprendizagem, o professor precisa dar feedback aos


seus educandos, o que ocorre por meio da avaliação, que deve ser compreendida como um
processo que visa corrigir as possíveis distorções que ocorreram no ensino-aprendizagem.

Tabela 3 – A Avaliação e as suas Técnicas


O que avaliar Técnicas avaliativas
• Prova discursiva ou dissertativa;
• Prova de testes;
• Entrevista;
Objetivos • Prova com questões de lacunas;
cognitivos • Exercícios com questões do tipo verdadeiro/falso;
• Prova com consulta;
• Trabalhos e pesquisas;
• Soluções de casos.

• Observação com roteiro e registro;


Objetivos de • Provas práticas;
habilidades • Relatórios.

• Solução de caso;
Objetivos • Observação;
de atitudes • Entrevista;
• Dissertação.

• Pré/pós-testes;
Objetivos de • Indicadores de aproveitamento;
um programa • Questionários;
• Debates.

• Debates;
Objetivos de • Observação;
um curso • Questionários;
• Entrevistas.

• Debates com alunos;


Desempenho • Questionários;
docente • Indicadores de aproveitamento;
• Observação por escrito.

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007, p. 87

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Acesse o texto “Pedagogia de Projetos: Contribuições para Uma Educação Transfor-
madora” do portal Pedagogia e tenha maior compreensão sobre a pedagogia de projetos.
Disponível em: https://bit.ly/38THdku

Assim, a aprendizagem baseada em projetos torna-se um modelo inovador de ensino-


-aprendizagem, já que esse processo envolve não somente os professores, mas princi-
palmente os alunos, que atuam em atividades de pesquisa para solucionar problemas,
construindo o seu conhecimento de forma autônoma. As características que definem a
aprendizagem baseada em projetos incluem: conteúdo, condições, atividades e resul-
tados. No Quadro a seguir sintetizamos o processo em tópicos para que você consiga
ter melhor visualização do processo:

Quadro 3 – Relação entre conteúdo, atividades, condições e resultados

• Problemas apresentados em sua complexidade;


• Os alunos procuram estabelecer relações de interdisciplinaridade;
Conteúdo • Os alunos se deparam com a complexidade;
• Questões que norteiam o mundo real com que os alunos se preocupam.

Os alunos:
• Precisam desenvolver trabalhos de pesquisa;
• Deparam-se com obstáculos e visam transpô-los;
Atividades • Buscam estabelecer relações entre ideais e competências;
• Utilizam materiais autênticos;
• Recebem feedbacks de suas ações.

Os alunos:
• Integram-se a um grupo de pesquisa;
• São chamados para compreender a gestão de tarefas que serão de-
Condições senvolvidas pelo grupo;
• Conduzem o seu próprio trabalho;
• Passam a valorizar o trabalho profissional do professor.

Os alunos:
• Passam a gerar produtos intelectuais condizentes com a sua formação;
Resultados • Participam ativamente do processo de avaliação;
• Demonstram as suas competências;
• Mostram o seu processo de desenvolvimento.

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2012

Tanto o ato de planejar quanto às atividades baseadas em projetos são ações orgâni-
cas, que estão presentes em nossas vidas profissionais e pessoais. Por isso o professor
precisa levar em consideração a realidade em que o aluno está inserido, permitindo que
o educando tenha maior proximidade com as atividades e o conteúdo a ser ministrado.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Planejamento: Projeto de Ensino-aprendizagem e Projeto Político-pedagógico
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto políti-
co-pedagógico. São Paulo: Libertad, v. 1, 2000.
Tratam-se de textos que auxiliam a compreender questões que envolvem o planejamento
na prática docente. Ao longo deste livro, o autor enfatiza a importância do planejamento
e como contribui de fato para a organização do trabalho docente no âmbito escolar e na
sala de aula.

Planejamento como Prática Educativa


GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. Edições Loyola, 1988.
O livro apresenta o contexto da educação no século XX. A intenção do autor com esse
prenúncio é trazer reflexões para que o docente consiga impulsionar a sua prática ao longo
de sua trajetória tanto acadêmica quanto profissional.

 Vídeos
Gestão da Sala de Aula
O vídeo traz dizeres do professor doutor Celso Vasconcellos em forma de conversa e re-
flexões, principalmente porque propõe questionamentos que ajudam a pensar sobre a in-
teração entre o professor, a escola e o aluno. Ressalta que o professor é o mediador do
conhecimento no espaço da sala de aula, sendo que as suas ações são fundamentais para
possibilitar o processo de ensino-aprendizagem.
https://youtu.be/0E3GtWyDdjE
Entrevista com o Professor Celso Vasconcellos
Entrevista apresentada de maneira a suscitar reflexões sobre a importância da afetividade
na prática docente, tendo em vista que a atividade exercida pelo professor é algo humano,
sendo que a todo momento está envolvido com o processo de aprendizagem de sujeitos que
estão a receber todo o conhecimento científico.
https://youtu.be/Uo-0QQ1kBD8

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Referências
ANASTASIOU, L. G. C. Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma
possível teoria pedagógica. Curitiba, PR: IBPEX, 1998.

BEHRENS, M. A. Aprendizagem por projetos e os contratos didáticos. Revista Diálogo


Educacional, v. 2, n. 3, p. 77-96, jan./jun. 2001.

CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M. A importância do plane-


jamento das aulas para organização do trabalho do professor em sua prática docente.
Revista Científica de Educação, Rio de Janeiro, v. 10, n. 10, p. 49-62, 2008.

DUARTE, N. As pedagogias do aprender a aprender e algumas ilusões da assim


chamada sociedade do conhecimento. Revista Brasileira de Educação, Rio de
Janeiro, n. 18, p. 35-40, 2001.

FORQUIN, J. C. Ecole et culture. Le point de vue des sociologues britanniques. Bruxelles:


De Boeck Université, 1989.

LIBÂNEO, J. C. Fundamentos práticos e teóricos do trabalho docente: um estudo


introdutório sobre pedagogia e didática. 1990. Tese (Doutorado em Educação) – Ponti-
fícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1990.

PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógi-


co da escola. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA, D. Didática: formação pedagógica em Biologia. Maceió, AL: Cesmac, 2007.

TEIXEIRA, G. Planejamento educacional e planejamento do ensino. 2005. Disponí-


vel em: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAABRNAAF/didatica-planejamento-
-educacional-planejamento-ensino>. Acesso em: 14/05/2019.

THOMAZI, A. R. G.; ASINELLI, T. M. T. Prática docente: considerações sobre o pla-


nejamento das atividades pedagógicas. Educar, Curitiba, PR, n. 35, p. 181-195, 2009.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.

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