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aureus
Coagulase -: S. epidermidis
1. Gram positivos
Alfa- hemolíticas: Pneumococo e S. viridans
Estreptococos Beta-hemolíticas: S. pyogenes e S. agalactie
Gama-hemolíticas: Enterococo
Cocos
Neisseria: N. meningitidis e N. gonorrhoeae
2. Gram negativos
Moraxella: M. catarrhalis
C. botulinium (botulismo)
C. perfringens (gangrena
gasosa)
C. difficile (colite
Esporulados: Gênero Clostridium pseudomembranosa)
C. tetani (tétano)
Staphylococcus
O Staphylococcus aureus causa abcessos, várias infecções piogênicas (ex: endocardite, artrite séptica e osteomielite),
intoxicação alimentar, síndrome da pele escaldada e síndrome do choque tóxicos;
o É uma das causas mais comuns de pneumonia hospitalar, septicemia e infecções de feridas cirúrgicas;
o Importante causa de infecções cutâneas, como a foliculite, celulite e impertigo;
o É também a principal causa de conjuntivite bacteriana;
o A síndrome de Kawasaki é uma doença e etiologia desconhecida, que pode ser causada por determinadas
linhagens de S. aureus.
O Staphylococcus epidermidis pode causar endocardite e infecções em articulações prostéticas;
O Staphylococcus saprophyticus causa infecções do trato urinário;
Características Importantes
Os estafilococos são cocos esféricos gram-positivos, organizados em grupamentos irregulares semelhantes a
cachos de uvas;
Todos os estafilococos produzem catalase (enzima que degrada H2O2 a O2 e H2O);
o A catalase é um importante fator de virulência;
o Bactérias que produzem catalase podem sobreviver ao efeito letal do H2O2 dentro dos neutrófilos.
Três das espécies de estafilococos são patogênicas aos seres humanos: S. aureus, A. epidermidis e S. saprophyticus;
o Das três, destaca-se o S. aureus principalmente por produzir coagulase;
o A coagulase é uma enzima que causa a coagulação do plasma por ativar a prototrombina, formando a
trombina; a trombina então catalisa a ativação de fibrinogênio, formando o coágulo de fibrina;
o S. epidermidis e S. saprophyticus são referidos como estreptococos coagulase-negativos.
S. aureus produz um pigmento carotenoide chamado estafiloxantina, que confere uma coloração dourada às suas
colônias; esse pigmento aumenta sua patogenicidade por inativar o efeito microbicida de superóxidos e outras
espécies reativas de oxigênio no interior dos neutrófilos;
O S. epidermidis não sintetiza esse pigmento, produzindo colônias brancas; é significativamente menos virulento
que o S. aureus;
O S. aureus normalmente fermenta manitol e é capaz de hemolisar hemácias, ao passo que o S. epidermidis e o S.
saprophyticus não o fazem;
A hemólise produzida pelo S. aureus é a fonte de ferro necessária para o crescimento do organismo; o ferro
presente na hemoglobina é recuperado pela bactéria e utilizado na síntese de enzimas citocromo utilizadas na
produção de energia;
S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) ou S. aureus resistentes à nafcilina (NRSA): mais de 90% das linhagens
do S. aureus contêm plasmídeos que codificam β-lactamase, a enzima que degrada diversas penincilinas, mas não
todas; algumas linhagens dessa bactéria são resistentes a penincilinas β-lactamase-resistentes, como a meticilina
e a nafcilina, pela ocorrência de modificações na proteína de ligação à penincilina (PBP) em suas membranas
celulares;
Proteína A: principal proteína da parede celular; importante fator de virulência porque se liga a porção Fc da
IgG no local de ligação do complemento, impedindo sua ativação; como consequência não há a formação de
C3b e a opsonização e a fagocitose da patógeno são significativamente reduzidas; os estafilococos coagulase-
negativos não produzem a proteína A;
Ácidos teicoicos: medeiam a adesão do estafilococos às células mucosas; os ácidos lipoteicoicos
desempenham um papel na indução do choque séptico pela indução de citocinas, como a interleucina 1 e o
fator de necrose tumoral (TNF) de macrófagos;
Cápsula polissacarídica: importante fator de virulência; existem 11 sorotipos baseados na antigenicidade da
cápsula polissacarídica, embora os tipos 5 e 8 sejam responsáveis por 85% das infecções;
Receptores de superfície: para bacteriófagos estafilocócicos específicos permitem a “fagotipagem” de
linhagens com objetivos epidemiológicos; os ácidos teicoicos compõem parte desses receptores;
Peptideoglicano: exibe propriedades do tipo endotoxina (pode estimular a produção de citocinas pelos
macrófagos, como também podem ativar as cascatas do complemento e de coagulação); isso explica a
habilidade do S. aureus causar os achados clínicos do choque séptico, embora não possua endotoxina.
Transmissão
Os seres humanos são os reservatórios do estafilococos;
O nariz é o principal local de colonização pelo S. aureus;
o Indivíduos que são carreadores crônicos de S. aureus no nariz possuem risco aumentado de apresentar
infecções de pele causadas pelo S. aureus.
Pele também corresponde um local comum e colonização do S. aureus: contato manual importante meio de
transmissão;
O S. aureus também é encontrado na vagina de 5% das mulheres: presdispondo a síndrome do choque tóxico;
fontes adicionais desse microrganismo estão associadas a lesões humanas e fômites (qualquer objeto
inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos, de
um indivíduo a outro);
Doenças causadas por S. aureus são favorecidas por um ambiente altamente contaminado (familiares
apresentando furúnculos) e por um sistema imune comprometido;
Condições predisponentes para infecção por S. aureus: imunidade humoral reduzida; diabetes; uso de drogas
intravenosas; pacientes com doença granulomatosa crônica (DGC);
O S. epidermidis é encontrado principalmente na pele humana e pode entrar na corrente sanguínea nos pontos
onde cateteres endovenosos perfuram a pele;
S. saprophyticus é encontrado principalmente na mucosa do trato genital de mulheres jovens e, a partir desse
local, podem ascender até a bexiga (infecções do trato urinário).
Patogênese
Staphylococcus aureus
Capaz de causar doenças tanto pela produção de toxinas quanto por meio de indução de inflamação piogênica;
O abscesso é a lesão típica causada por esse agente;
o Os abcessos sofrem necrose central e, em geral, drenam para o exterior (furúnculos, por exemplo).
Os organismos também podem ser disseminados na corrente sanguínea;
Piogênica (abcesso)
Achados clínicos
As importantes manifestações clínicas do S. aureus podem ser divididas em dois grupos: as piogênicas e as
mediadas por toxinas;
O S. aureus é o principal microrganismo causador de infecções de pele, tecidos moles, ossos, articulações,
pulmões, corações e rins.
Infecções de pele:
Septicemia:
Pode originar-se a partir de qualquer lesão localizada, especialmente infecções de ferimentos, ou como
resultado abusivo do uso de drogas injetáveis;
A sepse causada por S. aureus apresenta características semelhantes às causadas por certas bactérias gram-
negativas, como a Neisseria meningitidis.
Endocardite:
Pode ocorrer em válvulas cardíacas normais ou prostéticas, especialmente a endocardite direita (válvula
tricúspide) em usuários de drogas injetáveis;
A endocardite de válvulas prostéticas normalmente é causada pelo S. epidermidis.
Osteomielite e artrite:
Pode surgir a partir de disseminação hematogênica, a partir de um foco infectado distante, ou por introdução
direta em um local de ferimento.
Pneumonia:
Pode ocorrer em pacientes pós-cirúrgicos ou após uma infecção respiratória viral, especialmente a gripe;
A pneumonia estafilocócica com frequência leva à empiema ou abcesso pulmonar;
CA-MRSA causa grave pneumonia necrosante;
Causa mais comum de pneumonia nosocominal, em especial associada à ventilação em unidades de terapia
intensiva.
Conjuntivite:
Geralmente apresenta-se com dor unilateral, queimação nos olhos, hiperemia da conjuntiva e secreção
purulenta;
O organismo é transmitido para o olho por meio de dedos contaminados;
Apesar do S. aureus ser comum, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae são os mais comuns em
crianças.
Conjuntivites gonocócicas e não gonocócica (causada por Clamydia trachomatis) é adquirida na infância pela
passagem no canal do parto.
Abcessos:
Intoxicação alimentar:
Caracterizada por febre, hipotensão, erupção cutânea difusa, macular, semelhante a uma queimadura solar,
que progrida para a descamação;
Envolvimento de três ou mais dos seguintes órgãos: fígado, rim, TGI, sistema nervoso central, músculos ou
sangue.
Doença de etiologia desconhecida com várias manifestações semelhantes às do choque tóxico causado por
superantígenos de S. aureus;
É uma vasculite que envolve artérias pequenas e médias, especialmente artérias coronárias;
Se caracteriza por febre alta, com pelo menos cinco dias de duração; conjuntivite não purulenta bilateral;
lesões no lábio e na mucosa oral (exemplo: língua de morango, edema de lábios e eritema da orofaringe);
linfadenopatia cervical; erupção maculopapular difusa e eritematosa; o edema e eritema de mãos e dos pés,
frequentemente terminando com descamações;
Comprometimento cardíaco, especialmente miocardite, arritmia e regurgitação envolvendo as válvulas mitral
e aórtica;
Principal causa de morbidade e mortalidade da doença: aneurisma das artérias coronárias;
Muito mais comum em crianças com descendência asiática; ocorre à nível mundial, mas com maior frequência
no Japão.
Infecções por S. epidermidis normalmente são adquiridas em hospitais, ao passo que as por S. saprophyticus
são majoritariamente adquiridas na comunidade;
Staphylococcus epidermidis
Membro da microbiota humana normal da pele e das membranas mucosas, mas podem atingir a corrente
sanguínea (bacteriemia), originando infecções metastáticas, especialmente em locais de implantes;
Comumente infecta cateteres intravenosos e implantes prostéticos;
Importante causa de sepse em neonatos e de peritonite em pacientes com insuficiência renal que realizam
diálise peritoneal por cateter permanente;
Bactéria mais comum a causar infecções em derivações do líquido cerebroespinal.
Diagnóstico laboratorial
Teste da coagulase:
Streptococcus
S. pyogenes: principal causa bacteriana da faringite e celulite; importante causa de impertigo, fasceíte necrosante e
síndrome do choque tóxico estreptocócico;
o É o fator incitador de duas doenças auto imunes: a febre reumática e a glomerulonefrite aguda.
S. agalactie: principal causador da sepse e meningite neonatais;
Enterococcus faecalis: importante causa de infecções nosocomiais do trato urinário e endocardite;
Streptococcus do grupo viridans constituem a causa mais comum de endocardites;
S. bovis: endocardite.
Características importantes:
S. pyogenes: (grupo A) causa mais frequente de faringite bacteriana e causa muito comum de infecções de
pele;
S. agalactie: (grupo B) colonizam o trato genital de algumas mulheres e podem causar meningite e sepse
neonatais;
Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium e S. bovis: (grupo D) os enterococos são membros da microbiota
normal do colo e são caracterizados por infecções urinárias, biliares e cardiovasculares; enterococos
resistentes à Vancomicina; os não enterococos (S. bovis) podem causar infecções similares, mas são
organismos menos difíceis de combater;
o Observa-se que a reação hemolítica do grupo D é variável: a maioria é α-hemolítica, porém algumas
são β-hemolíticas, enquanto outras são não hemolíticas.
Transmissão
A maioria dos estreptococos faz parte da microbiota normal da garganta, da pele e do intestino, mas causa
doenças quando obtém acesso aos tecidos ou ao sangue;
Estreptococos do grupo viridans e o S. pneumoniae: parte oral da faringe;
S. pyogenes: encontrado na pele e, em pequenas quantidades, na parte oral da faringe;
S. agalactie: encontrado na vagina e no colo.
(1) Inflamação piogênica, que é induzida localmente no local dos organismos no tecido;
(2) Produção de exotoxina, que pode causar sintomas sistêmicos disseminados em regiões do corpo que não
apresentam o microrganismo;
(3) Imunológico, que ocorre quando o anticorpo contra um componente do organismo reage de forma cruzada com o
tecido normal ou forma imunocomplexos que danificam o tecido normal; as reações imunes causam inflamação,
porém não há organismo na lesão.
Síndrome do choque tóxico: apresenta sinais clínicos semelhantes aos da síndrome do choque tóxico
estafilocócico; entretanto, apresenta geralmente um foco piogênico de inflamação identificável, além do fato
de que culturas de sangue geralmente são positivas;
Infecções de tecidos moles: como celulite, erisipela e impetigo;
o O impetigo, uma forma de piodermite, é uma infecção cutânea superficial, caracterizada por lesões
crostosas “cor de mel”; linfangite também pode ocorrer, principalmente no antebraço associado à
infecção na mão.
Consistem em distúrbios em que uma infecção local por estreptococos do grupo A é seguida, após algumas semanas,
por inflamação em um órgão que não foi infectado pelos estreptococos. A inflamação é causada por uma resposta
imune (anticorpos) às proteínas M estreptocócicas, que reagem de forma cruzada com os tecidos humanos. Essas
doenças aparecem várias semanas após a infecção real, uma vez que esse é o tempo necessário para a produção de
quantidades suficientes de anticorpos.
Glomerulonefrite aguda
Ocorre duas a três semanas após a infecção cutânea por determinados tipos de estreptococos do grupo A em
crianças;
É mais frequente após infecções de pele do que após faringite;
Características clínicas mais marcantes: hipertensão, edema de face (especialmente edema periorbital) e
tornozelos e urina “turva” (devido à presença de hemácias na urina);
A maioria dos pacientes recupera-se totalmente;
A reinfecção por estreptococos raramente leva à ocorrência de glomerulonefrite aguda;
A doença é iniciada por complexos antígeno-anticorpos na membrana basal glomerular, e os antígenos
solúveis das membranas estreptocócicas podem responder ao antígeno incitador;
Paola Wozniak Ceni – ATM 2023
Pode ser prevenida pela eliminação precoce dos estreptococos nefritogênicos presentes nos locais de
colonização na pele, mas não pela administração de penicilina após o início dos sintomas.
Estreptococos do grupo A;
Caracterizada por febre, poliartrite migratória e cardite;
A cardite danifica os tecidos miocárdico e endocárdico, especialmente nas válvulas mitral e aórtica;
Movimentos espasmódicos e incontroláveis dos membros ou da face (coreia) também podem ocorrer;
Elevada taxa de sedimentação de hemácias;
Observa-se que infecções de pele causadas por estreptococos do grupo A não causam febre reumática;
A febre reumática deve-se a uma reação imune entre anticorpos contra certas proteínas M estreptocócicas
Streptococcus pneumoniae
que reagem de forma cruzada com antígenos dos tecidos articulares, cardíacos e cerebrais. É uma doença
autoimune, significativamente exacerbada pela recorrência de infecções estreptocócicas.
Doenças:
Causa pneumonia, bacteriemia, meningite e infecções do trato respiratório superior, como otite média,
mastoidite e sinusite;
São a causa mais comum de pneumonias adquiridas na comunidade, meningite, sepse em indivíduos
esplenectomizados, otite média e sinusite;
Também são a causa mais comum de conjuntivite, principalmente em crianças;
São conhecidos também como pneumococos.
Características Importantes:
Cocos gram-positivos em forma de lança, arranjados em pares (diplococos) ou cadeias curtas;
Em ágar-sangue produzem α-hemólise;
Possuem cápsulas polissacarídicas, fator de virulência que interfere na fagocitose e favorecem a invasividade).
Transmissão:
Os seres humanos são os hospedeiros do pneumococo, não existindo reservatório animal;
Como uma proporção saudável da população alberga microrganismos virulentos na parte oral da faringe, as
infecções pneumocócicas não são consideradas transmissíveis;
Em indivíduos jovens e sadios, a resistência é considerada elevada e a doença ocorre mais frequentemente
quando fatores predisponentes estão presentes.
Patogênese:
O principal fator de virulência é a cápsula polissacarídica;
O ácido lipoteicoico, que ativa o complemento e induz a formação de citocinas inflamatórias, contribui para a
resposta inflamatória, bem como para a síndrome do choque tóxico que ocorre em alguns pacientes
imunocomprometidos;
Os pneumococos produzem proteases de IgA, que aumentam a capacidade do organismo de colonizar a
mucosa do trato respiratório superior;
Multiplicam-se nos tecidos e causam inflamação;
Achados clínicos:
A pneumonia normalmente inicia-se por manifestações súbitas de calafrios, febre, tosse e dor pleural;
O escarro apresenta coloração “ferruginosa” vermelha ou marrom;
A bacteriemia ocorre em 15 a 25% dos casos;
A recuperação espontânea pode começar em cinco a 10 dias, e é acompanhada pela formação de anticorpos
anticapsulares;
Pneumococos são causas frequentes de otite média, sinusite, mastoidite, conjuntivite, bronquite purulenta,
pericardite, meningite bacteriana e sepse (causa principal em pacientes sem um baço funcional).
Prevenção:
Cocos Gram-Negativos
Neisseria
O gênero Neisseria possui dois importantes patógenos humanos: Neisseria meningitidis e Neisseria gonorrhoeae;
N. meningitidis: causa meningite e meningococemia; é a principal causa de morte por infecções em crianças nos
EUA;
N. gonorrhoeae: causa gonorreia, a segunda infecção bacteriana notificável mais frequente nos EUA; também causa
conjuntivite neonatal (oftalmia neonatal) e doença inflamatória pélvica (DIP);
A N. meningitidis também é conhecida comomeningococo, ao passo que a N. gonorrhoeae é conhecida como
gonococo.
Características importantes
São cocos gram-negativos semelhantes a um par de feijões;
N. meningitidis: exibe uma cápsula polissacarídica proeminente que intensifica sua virulência por ação fagocitária e
indução de anticorpos protetores; são divididos em pelo menos 13 sorotipos;
N. gonorrhoeae: não possui cápsula polissacarídica; apresenta múltiplos sorotipos com base na antigenicidade da
proteína do pilus;
N. meningitidis N. gonorrhoeae
Neisseria meningitidis
Patogênese e epidemiologia
Os seres humanos são os únicos hospedeiros naturais do meningococo;
Os organismos são transmitidos por gotículas transmitidas pelo ar;
Colonizam as membranas da parte nasal da faringe e tornam-se parte da microbiota transiente do trato
respiratório superior;
O organismo pode atingir a corrente sanguínea e disseminar-se a locais específicos, como as meninges ou
articulações, ou podem disseminar-se por todo o corpo (meningococemia);
Apenas 5% dos pacientes tornam-se portadores crônicos, atuando como fonte de infecção para terceiros;
Dois organismos são responsáveis por mais de 80% dos casos de meningite bacteriana em crianças com idade
acima de dois meses: pneumococo e meningococo; desses organismos, os meningococos exibem maior
probabilidade de causar epidemias de meningite;
Os meningococos apresentam três importantes fatores de virulência: cápsula polissacarídica (permite ao
organismo resistir à fagocitose), endotoxinas (responsável pela febre, choque e outras alterações
fisiopatológicas) e uma protease para IgA (auxilia à bactéria fixar-se na mucosa do trato respiratório superior).
Achados clínicos
Duas manifestações importantes: meningite e meningococemia;
A forma mais grave de meningococemia é a doença potencialmente fatal, denominada síndrome de
Waterhouse-Friderichsen, caracterizada por febre alta, choque, púrpura amplamente espalhada, coagulação
disseminada intravascular, trombocitopenia e insuficiência adrenal;
A bacteriemia pode resultar na colonização de vários órgãos, especialmente as meninges;
Neisseria gonorrhoeae
Patogênese e epidemiologia:
Causam doenças apenas em seres humanos;
O organismo geralmente é transmitido sexualmente, sendo que recém-nascidos podem ser infectados
durante o nascimento;
Uma vez que o gonococo é sensível à desidratação e a condições de baixa temperatura, a transmissão sexual
favorece sua sobrevivência;
A gonorreia é sintomática, em geral, em homens mas assintomática em mulheres;
Infecções do trato genital são a fonte mais comum do organismo, porém as infecções anorretais e faríngeas
são também importantes fontes de infecção;
Os pili constituem um dos principais fatores de virulência, já que controlam sua adesão nas células mucosas e
são antifagocitarios;
Fatores de virulência da parede celular: endotoxinas e proteínas da membrana externa;
Apresentam protease de IgA e não têm cápsulas;
Os gonococos geralmente infectam as superfícies de mucosas (uretra, vagina), porém ocorre disseminação;
As infecções disseminadas, em geral, surgem de infecções assintomáticas, indicando que a inflamação
localizada pode inibir a disseminação.
Achados clínicos:
Causam infecções localizadas, geralmente no trato genital, bem como infecções disseminadas, como a
colonização de vários órgãos (bacteriemia gonocócica);
Em homens, a gonorreia caracteriza-se principalmente por uretrite, acompanhada de disúria e descarga
purulenta; pode ocorrer epididimite;
Em mulheres, a infecção localiza-se principalmente na endocérvice, provocando secreção vaginal purulenta e
sangramento intermenstrual (cervicite); a complicação mais frequente nas mulheres consiste em uma
infecção ascendente das tubas uterinas (salpingite, DIP), podendo resultar em esterilidade ou gravidez
ectópica, como resultado da formação de cicatrizes nas tubas;
As infecções meningocócicas disseminadas geralmente se manifestam como artrite, tenossinovite ou
pústulas na pele; a doença disseminada é a causa mais comum de artrite séptica em adultos sexualmente
ativos;
Outros locais infectados incluem a região anorretal, a garganta e os olhos;
As infecções anorretais ocorrem principalmente em mulheres e em homens homossexuais; frequentemente
são assintomáticas mas pode ocorrer uma secreção sanguinolenta ou purulenta (proctite);
Na garganta, ocorre faringite, embora muitos pacientes sejam assintomáticos;
Em crianças recém-nascidas, a conjuntivite purulenta (oftalmia neonatal) é resultante de infecção gonocócica
adquirida da mãe durante a passagem pelo canal de parto; pode ocorrer em adultos como resultante da
transferência dos organismos dos órgãos genitais para os olhos.
Prevenção:
A prevenção da gonorreia envolve o uso de preservativos e o rápido tratamento dos pacientes sintomáticos,
assim como de seus parceiros;
Bacilos Gram-Positivos
Clostridium
Existem quatro espécies de importância médica: Clostridium tetani, Clostridium botulinum, Clostridium perfringens
(causa gangrena gasosa ou intoxicação alimentar) e Clostridium difficile;
Todos são bacilos gram-positivos, anaeróbios estritos e formadores de esporos.
Clostridium tetani
Doença: tétano;
Transmissão: os esporos são amplamente distribuídos pelo solo; a porta de entrada é geralmente um ferimento,
entretanto podem entrar por uma técnica usada por dependentes químicos para injetar a droga na pele; a germinação
dos esporos é favorecida pelo tecido necrótico e pouco suprimento sanguíneo no ferimento;
O tétano neonatal ocorre quando o organismo penetra por um ferimento infectado no umbigo ou associado à
circuncisão.
Patogênese
A toxina tetânica é uma exotoxina produzida por células vegetativas no local do ferimento;
Essa toxina é transportada intra-axonalmente (via retrógrada) ao sistema nervoso central, onde se liga a
receptores ganglionasídeos, bloqueando a liberação de mediadores inibidores nas sinapses espinais (como a
glicina e o ácido gama-aminobutírico –GABA);
A toxina tetânica e a botulínica estão entre as substâncias mais tóxicas conhecidas; são proteases que clivam as
proteínas envolvidas na liberação de mediadores.
Achados clínicos
O tétano caracteriza-se por intensos espasmos musculares (paralisia espástica, tetania);
Características clínicas específicas: trismo, decorrente da contração rígida dos músculos da mandíbula,
impedindo a abertura da boca; uma expressão facial conhecida como riso sardônico e reflexos exacerbados;
Frequentemente é observado opistótono, um arqueamento pronunciado das costas, decorrente de fortes
músculos extensores dorsais;
Clostridium tetani
Doença: botulismo;
Trasmissão: os esporos, amplamente distribuídos pelo solo, contaminam vegetais e carnes; quando esses
alimentos são enlatados ou embalados a vácuo sem a esterilização adequada, os esporos sobrevivem e
germinam no ambiente anaeróbio; a toxina é produzida no alimento enlatado, sendo ingerida pré-formada;
os alimentos de maior risco são (1) vegetais alcalinos, como feijões verdes, pimentas e cogumelos; (2) peixes
defumados; a toxina é relativamente termolábil, sendo inativada pela fervura do alimento por vários minutos.
Patogênese
A toxina botulínica é absorvida a partir do intestino, sendo transportada pela corrente sanguínea para as
sinapses de nervos periféricos, onde bloqueia a liberação de acetilcolina;
É uma protease que cliva as proteínas envolvidas na liberação de acetilcolina;
O Botox é uma preparação comercial da exotoxina; a utilização é para remover rugas faciais; quantidades
mínimas de toxina botulínica são eficazes no tratamento de certos distúrbios musculares espasmáticos, como
torcicolo, “cãibra do escrivão” e blefaroespasmo.
Achados clínicos
São observados fraqueza e paralisia descendentes, incluindo diplopia, disfagia e insuficiência muscular
respiratória;
Não ocorre febre;
Há duas formas clínicas especiais:
(1) Botulismo de ferida, em que os esporos contaminam um ferimento, germinando e produzem toxina no local;
(2) Botulismo infantil, no qual os organismos crescem no intestino, onde produzem a toxina; a ingestão de mel
contendo o organismo está implicada na transmissão de botulismo infantil; as crianças afetadas desenvolvem
fraqueza ou paralisia e podem necessitar de suporte respiratório, embora, em geral, recuperem-se
espontaneamente.
Clostridium perifringenes
Causa duas doenças distintas: gangrena gasosa e intoxicação alimentar; dependendo da via de entrada no
corpo.
Transmissão: os esporos estão localizados no solo; as células vegetativas são membros da microbiota normal
do colo e da vagina; a gangrena gasosa está associada a ferimentos de guerra, acidentes automobilísticos e de
motocicleta e abortos sépticos (endometrite);
Os organismos crescem em tecidos traumatizados (especialmente músculos) e produzem uma variedade de
toxinas; a mais importante é a toxina alfa, que danifica as membranas celulares, incluindo membranas de
hemácias, o que resulta em hemólise;
Enzimas degradativas produzem gás no tecido;
Achados clínicos: dor, edema, celulite e gangrena (necrose) na área do ferimento; a crepitação indica a
presença do gás nos tecidos; hemólise e icterícia são normais, bem como exsudatos tintos de sangue; o estado
pode evoluir para morte.
Intoxicação alimentar:
Clostridium difficile
Doença: causa colite pseudomembranosa associada ao uso de antibiótico; além de ser uma das principais
causas nasocomial de diarreia;
O organismo é encontrado no trato gastrointestinal de aproximadamente 3% da população e em 30% de
pacientes hospitalizados;
O C. difficile é transmitido pela via fecal-oral; as mãos de profissionais hospitalares são importantes
intermediários
Listeria monocytogenes
A L. monocytogenes causa meningite e sepse em recém-nascidos, em grávidas e em adultos imunossuprimidos;
O organismo também causa surtos de gastrenterite febril.
Características importantes
É um pequeno bacilo gram-positivo;
A colônia em uma cultura de ágar-sangue produz uma zona estreita de β-hemólise;
Exibe um bom crescimento em temperaturas baixas, de modo que o armazenamento de alimento contaminado no
Paolarefrigerador
Wozniak Cenipode aumentar
– ATM 2023 o risco de gastrenterite (intensificação pelo frio).
Patogênese
As infecções por esse microrganismo ocorrem em duas condições:
(1) No feto ou no recém-nascido como resultado da transmissão transplacentária ou durante o parto;
(2) Em mulheres grávidas e adultos imunossuprimidos, sobretudo em paciente submetidos a transplante renal.
O organismo possui reservatórios, em animais, plantas e no solo; a partir desses é transmitido aos seres
humanos principalmente pela ingestão de produtos lácteos não pasteurizados, carnes malcozidas e vegetais
crus; o contato com animais de criação e suas fezes também é uma fonte;
Após ingerida, a bactéria aparece no colo e pode colonizar o trato genital feminino; a partir daí pode infectar
o feto se houver rompimento de membranas ou infectar o neonato durante a passagem pelo canal do parto;
A patogênese depende da capacidade do organismo de invadir as células e sobreviver no interior delas;
A capacidade da Listeria de cruzar a placenta, penetrar nas meninges e invadir o trato gastrointestinal depende
da interação com os tecidos.
Achados clínicos
A infecção durante a gravidez pode causar aborto, parto prematuro ou sepse durante o período periparto;
Os recém-nascidos infectados durante o parto podem apresentar meningite aguda após uma a quatro
semanas;
As bactérias atingem as meninges via corrente sanguínea (bacteriemia);
A mãe infectada pode ser assintomática ou apresentar uma enfermidade similar à gripe;
A gastrenterite causada por Listeria é caracterizada por diarreia aquosa, febre, cefaleia, mialgia e cólicas
abdominais, mas pouco vômito; surtos são normalmente causados por lácteos contaminados, embora carnes
malcozidas de frango e salsichas tenham sido envolvidas, assim como pratos pré-prontos como molhos e
saladas.
Escherichia coli
Causa mais comum de infecção do trato urinário e sepse associada a bacilos gram-negativos;
Uma das causas importantes de meningite neonatal e o agente associado com maior frequência à “diarreia do
viajante”, uma diarreia aquosa;
Algumas linhagens são êntero-hemorrágicas e provocam diarreia sanguinolenta.
Características importantes
É um bacilo gram-negativo reto;
Organismo anaeróbio facultativo mais abundante no colo e nas fezes;
E. coli fermenta lactose, característica que a distingue dos dois principais patógenos intestinais, Shigella e
Salmonella.
Patogênese
O reservatório de E. coli abrange o homem e animais;
A fonte de infecção pelo microrganismo consiste na própria microbiota colônica do paciente, que coloniza a
região urogenital;
A fonte de E. coli causadora de meningite neonatal é o canal de parto materno; a infecção é adquirida durante o
nascimento;
E. coli responsável pela diarreia do viajante é adquirida pela ingestão de alimento ou água contaminados por
fezes humanas;
O principal reservatório de E. coli êntero-hemorrágica corresponde ao gado bovino, sendo o organismo adquirido
pela ingestão de carne malcozida.
Quando aderidas às células do jejuno e do íleo, essas bactérias produzem enterotoxinas (exotoxinas que
atuam no trato intestinal), que causam diarreia;
As linhagens produtoras de enterotoxinas não causam inflamação, não invadem a mucosa intestinal e causam
diarreia aquosa não sanguinolenta;
Algumas linhagens da E. coli causam doença não pela formação de enteroxinas, mas pela invasão do epitélio
do intestino grosso, provocando diarreia sanguinolenta (disenteria) acompanhada por células inflamatórias
(neutrófilos) nas fezes;
Determinadas linhagens êntero-hemorrágicas também causam diarreia sanguinolenta por produzirem
exotoxina; estão associadas a surtos de diarreia sanguinolenta decorrentes da ingestão de carnes pré-prontas
Causadas por linhagens uropatogênicas caracterizadas por proteínas adesinas que se ligam a receptores
específicos do epitélio do trato urinário.
Infecções sistêmicas
Achados clínicos
Achados dentro do trato gastrointestinal: diarreia, normalmente aquosa, não sanguinolenta, autolimitante e
de curta duração (um a três dias), frequentemente associada a viagens; infecções êntero-hemorrágicas, ao
contrário, causam síndrome semelhante à disenteria, caracterizada por diarreia sanguinolenta, cólicas
abdominais e febre; síndrome hemolítico-urêmica, caracterizada por insuficiência renal, anemia hemolítica e
trombocitopenia;
Achados clínicos fora do trato gastrointestinal: principal causa de infecções urinárias adquiridas na
comunidade; ocorre principalmente em mulheres (uretra curta, proximidade entre uretra e ânus e colonização
da vagina por membros da microbiota fecal); também é causa mais frequente das infecções nasocomiais
(adquiridas no hospital) do trato urinário, as quais ocorrem com a mesma prevalência em homens e mulheres
e são associadas ao uso de cateteres internos;
Podem limitar-se à bexiga ou se estender pelo sistema coletor até os rins;
Quando apenas a bexiga está associada, chama-se cistite; ao passo que a infecção renal é denominada
pielonefrite;
Cistite: disúria e frequência de micção; pacientes geralmente não apresentam febre;
Pielonefrite: ocorrência de febre, dores no flanco e sensibilidade no ângulo-costovertebral; disúria e alteração
na frequência de micção podem ou não ocorrer;
Também é uma importante causa de meningite e sepse em neonatos; a exposição ocorre no nascimento,
como resultado da colonização da vagina;
É o organismo isolado com maior frequência de pacientes apresentando sepse adquirida em hospital, que
surge principalmente a partir de infecções urinárias, biliares ou peritoneais;
A peritonite geralmente consiste em infecção mista, causado pela E. coli e outros bacilos entéricos gram-
negativos e membros anaeróbios da microbiota do colo.
Características importantes
São bacilos gram-negativos que não fermentam a lactose, porém produzem H2S;
Apresentam um antígeno antifagocitário que constitui um dos principais fatores de virulência do patógeno S. typhi,
agente da febre tifoide (antígenos Vi);
Existem três métodos para denominar as salmonelas, mas em termos clínicos, as espécies de Salmonella são
frequentemente separadas em duas categorias distintas:
o Espécies tifoides: que causam a febre tifoide; S. typhi e S. paratyphi;
o Espécies não tifoides: que causam diarreia – enterocolite-, infecções metastáticas); incluem diversos
sorotipos de S. entérica, S. entérica sorotipo choleraesuis é a espécie mais frequente envolvida em infecções
metastáticas.
Patogênese e epidemiologia
Enterocolite
Caracteriza-se por uma invasão do tecido epitelial e subepitelial dos intestinos delgado e grosso;
Linhagens não invasivas causam a doença;
Os organismos penetram via células mucosas e entre elas até a lâmina própria, resultando em diarreia e
inflamação;
Os neutrófilos delimitam a infecção no intestino e nos linfonodos mesentéricos adjacentes; apesar disso, a
bacteriemia é frequente na enterocolite;
Para que ela ocorra é necessário uma dose infecciosa muito alta (pelo menos 100 mil organismos);
O ácido gástrico é uma importante defesa do hospedeiro; a gastrectomia ou o uso de antiácidos reduz
significativamente a dose infecciosa requerida.
Febre tifoide
Representa somente 5 a 10% das infecções por Salmonella e ocorre em uma dessas situações:
o Paciente apresentando doença crônica subjacente, como anemia falciforme e câncer;
o Uma criança apresentando enterocolite.
Resulta da colonização de outros órgãos;
Sequelas mais comuns: osteomielite, pneumonia e meningite;
Tecidos previamente lesados, como infartos e aneurismas, especialmente aneurismas aórticos, são os locais
mais frequentes de abcessos metastáticos.
Epidemiologia
Achados clínicos
Após um período de incubação de 12 a 48 horas, a enterocolite manifesta-se com vômito e náusea;
progredindo para dor abdominal e diarreia, que pode varia de branda a grave, com ou sem sangue; em geral
a doença persiste por alguns dias e é autolimitante, causa diarreia não sanguinolenta e não necessita cuidados
médicos, exceto em casos de indivíduos muito jovens ou bastante idosos; em pacientes infectados com HIV,
especialmente aqueles com baixa contagem de CD4, apresentam maior número de infecções por Salmonella,
incluindo diarreia mais grave e infecções metastáticas mais graves, quando comparados aos não infectados
por HIV;
Na febre tifoide, causada pelo S. typhi, e na febre entérica, causada pelo S. paratyphi, o surgimento da doença
é lento, com febre e constipação, em vez do predomínio de vômitos e diarreia; a diarreia pode ocorrer
precocemente, porém, em geral, desaparece quando surgem a febre e a bacteriemia; após uma semana
(conforme a bacteriemia se torna mais constante) ocorre febre alta, delirium, abdome sensível e
esplenomegalia; manchas rosadas estão associadas à febre tifoide, contudo ocorrem raramente; testes de
função hepática frequentemente mostram-se anormais, indicando envolvimento hepático; a regressão inicia-
se por volta da terceira semana, mas podem ocorrer complicações graves, como hemorragia ou perfuração
intestinal; cerca de 30% dos pacientes acometidos tornam-se portadores crônicos;
A septicemia é mais frequentemente causada por S. choleraesuis; os sintomas iniciais consistem em febre,
mas com enterocolite ausente ou discreta, progredindo para sintomas focais associados ao órgão afetado,
frequentemente ossos, pulmões ou meninges.
Características importantes
São bacilos gram-negativos não fermentadores de glicose;
Podem ser diferenciados da Salmonella por: não produzem gases a partir da fermentação da glicose, não produzem H2S
e são imóveis;
Patogênese e epidemiologia
São os patógenos mais efetivos entre as bactérias entéricas;
A shigelose é uma doença apenas dos seres humanos (não há reservatório animal);
A transmissão ocorre pela via fecal-oral; os principais fatores envolvidos na transmissão são os dedos, as
moscas, os alimentos e as fezes;
Os surtos ocorrem em creches e instituições de saúde mental, onde a transmissão fecal-oral é mais provável
de ocorrer;
Não ocorre o estado de portador prolongado (como ocorre na Salmonella typhi);
Produzem diarreia sanguinolenta (disenteria) por invadirem a mucosa do íleo distal e do colo; há uma
inflamação local acompanhada de ulceração, mas os organismos raramente atravessam a parede ou atingem
a corrente sanguínea.
Achados clínicos
Período de incubação: um a quatro dias;
Os sintomas, após o período de incubação, manifestam-se por febre e cólicas abdominais, seguidos por
diarreia, que inicialmente pode ser aquosa e, posteriormente, conter muco e sangue;
A doença varia de branda a grave, dependendo de dois fatores principais:
o A espécie de Shigella;
o A idade do paciente, sendo crianças e idosos afetados com a forma mais grave, Shigella dysenteriae,
responsável pela doença mais grave.
S. sonnei apresenta a forma mais branda da doença;
A diarreia normalmente regride em dois ou três dias; nos casos graves, os antibióticos podem reduzir o curso
da doença.
Os principais fatores ambientes que predispõem às epidemias: más condições sanitárias, má nutrição,
superpopulação e serviços médicos inadequados;
A patogênese da cólera depende da colonização do intestino delgado pelo organismo e da secreção da enteroxina;
para que a colonização ocorra deve ser ingerido grande número de organismos, uma vez que o organismo é
altamente sensível ao suco gástrico;
Secreção da enzima bacteriana mucinase: adesão às células das microvilosidades do intestino (requerimento para
a colonização);
Após a adesão, o microrganismo multiplica-se e secreta uma enterotoxina, denominada colerágeno; essa toxina
pode produzir os sinais e sintomas da cólera, mesmo na ausência de células de Vibrio; o mecanismo de ação dessa
toxina resulta em perda de água e de íons pela célula; o efluxo aquoso alcança o lúmen intestinal, resultando em
intensa diarreia aquosa que não contém neutrófilos ou hemácias;
A morbidade e morte ocorrem por desidratação e pelo desequilíbrio eletrolítico; entretanto se o tratamento for
instituído prontamente, a doença segue um curso autolimitante até sete dias.
Achados clínicos
A diarreia aquosa em grandes volumes corresponde a características marcantes da cólera;
Não há hemácias ou leucócitos nas fezes;
Fezes tipo água de arroz é a expressão frequentemente empregada para o efluente não sanguinolenta;
Não há dor abdominal e os sintomas subsequentes estão relacionados à intensa desidratação; a perda de fluídos
e eletrólitos leva à insuficiência cardíaca e renal;
Acidose e hipocalemia também ocorrem como resultado da perda de bicarbonato e potássio nas fezes;
A taxa de mortalidade sem tratamento é de 40%.
Patogênese e epidemiologia
O H. pylori adere-se às células secretoras de muco da mucosa gástrica;
Danos à mucosa: produção de grandes quantidades de amônia a partir da ureia, mediada pela urease, associada
a uma resposta inflamatória;
A perda do revestimento mucoso protetor predispõe à gastrite e à úlcera péptica;
A amônia também neutraliza o ácido gástrico, permitindo a sobrevivência do microrganismo;
O hábitat natural do H. pylori é o estômago humano, provavelmente depois de adquirido por ingestão; ocorre,
provavelmente, a transmissão de pessoa a pessoa, uma vez que são observados vários casos na mesma família;
Imagina-se que a inflamação crônica induzida pelo organismo é capaz de estimular a proliferação de linfócitos B.
Achados clínicos
A gastrite e a úlcera péptica são caracterizadas por dor recorrente no abdome superior, frequentemente
acompanhada por sangramento do TGI;
Não há ocorrência de bacteriemia ou de doença disseminada.
Patogênese e epidemiologia
As infecções por Serratia são nitidamente relacionadas à hospitalização, sobretudo a procedimentos invasivos,
como cateterismo intravenoso, entubação respiratória e manipulação do trato urinário;
Os surtos de pneumonia por esse microrganismo foram associados à contaminação da água de dispositivo de
terapia respiratória;
Também causa endocardite em usuários de drogas injetáveis;
A patogênese do choque séptico está associada às endotoxinas de suas paredes celulares.
Achados clínicos
Infecções do trato urinário e pneumonia são entidades clínicas associadas a essa bactéria;
Ocorrem bacteriemia e disseminação secundária para outras áreas, como as meninges.
Características importantes
Bacilos gram-negativos que se assemelham aos membros da família Enterobacteriaceae, mas diferem-se por
serem organismos aeróbios estritos (geram sua energia pela oxidação do açúcar e não pela fermentação);
Não fermentadoras e oxidase-positiva;
São capazes de crescer em água contendo apenas traços de nutrientes (exemplo: água de torneira), fato que
favorece sua presença no ambiente hospitalar; P. aeruginosa e B. cepacia possuem resistência a desinfetantes;
A P. aeruginosa produz dois pigmentos que são úteis ao diagnóstico:
o Piocianina, que pode tornar azul o pus presente em ferimentos
o Pioverdina: pigmento amarelo-esverdeado que fluoresce sob luz ultravioleta.
Patogênese e epidemiologia
A P. aeruginosa é encontrada principalmente no solo e na água, mas aproximadamente 10% dos indivíduos
são portadores na microbiota normal do colo;
É encontrada em regiões úmidas da pele e pode colonizar o trato respiratório superior de pacientes
hospitalizados;
A P. aeruginosa é essencialmente um patógeno oportunista, responsável por infecções em pacientes
hospitalizados nos quais as defesas da pele estão destruídas; em pacientes com doenças respiratórias crônicas,
nos quais os mecanismos normais de depuração encontram-se comprometidos; em pacientes
imunocomprometidos; pacientes com número baixo de neutrófilos e aqueles com cateter de longa duração;
Fatores de virulência: endotoxina, exotoxina e enzimas;
Sua endotoxina causa sinais da sepse e do choque séptico; a exotoxina tipo A (mais conhecida) causa necrose
tecidual; o organismo produz enzimas, como elastase e proteases, que são histotóxicas e facilitam a invasão
da corrente sanguínea; a piocianina danifica os cílios e as células mucosas do trato respiratório.
Haemophilus
O H. influenzae era a principal causa de meningite em crianças, mas o uso da vacina conjugada altamente eficaz reduziu
significativamente a sua incidência;
Ainda é um importante causador de infecções do trato respiratório superior (otite média, sinusite, conjuntivite e
epiglotite) e sepse em crianças;
Causa também pneumonia em adultos, particularmente nos com doença pulmonar obstrutiva crônica;
H. ducrey é o agende causar do cancroide.
Características importantes
O H. influenzae é um bacilo gram-negativo com uma cápsula polissacarídica; é um dos três importantes piógenos
encapsulados.
Paola Wozniak Ceni – ATM 2023
Patogênese e epidemiologia
O H. influenzae infecta apenas seres humanos (não há reservatório animal);
Penetra no corpo por meio de inalação de gotículas do trato respiratório, resultando em colonização
assintomática ou em infecções como otite média, sinusite ou pneumonia;
O microrganismo produz uma protease de IgA, facilitando sua adesão à mucosa respiratória; após se
estabelecer no trato superior pode atingir a corrente sanguínea e disseminar-se até as meninges;
o Meningites estão associadas normalmente a linhagens encapsuladas;
o Linhagens não encapsuladas normalmente estão relacionadas à otite média, sinusite e pneumonia.
Não há produção de exotoxinas;
A maioria das infecções ocorre em crianças com idade entre 6 meses e 6 anos, com maior incidência na faixa
de 6 meses a 1 ano.
Achados clínicos
A meningite causa pelo H. influenzae não pode ser diferenciada clinicamente da causada por outros patógenos
bacterianos; rápida manifestação de febre, cefaleia e rigidez na nuca, juntamente com sonolência é
característica;
Sinusite e otite média causam dor na região afetada, opacificação dos seios infectados e vermelhidão e
abaulamento da membrana timpânica;
Outras infecções graves: artrite séptica, celulite e sepse (a última sobretudo em pacientes esplenectomizados);
A epiglotite pode obstruir a via aérea, mas raramente ocorre; essa doença é potencialmente fatal e é causada
quase que exclusivamente por H. influenzae.
Micobactérias
Mycobacterium tuberculosis
Organismo causador da tuberculose;
O M. tuberculosis cresce lentamente; suas culturas devem ser mantidas por seis a oito semanas antes de serem
consideradas negativas;
É um organismo aeróbio obrigatório, por isso sua preferência em causar danos a tecidos altamente oxigenados,
como o lobo superior dos pulmões e rins;
Apresenta propriedade acidorresistente (devido a ácidos graxos de cadeias longas, denominados ácidos micólicos,
presentes na parede celular); também é resistente à desidratação, de modo que sobrevive em escarro
expectorado seco (transmissão por aerossóis);
Linhagens de M. tuberculosis são resistentes ao principal fármaco antibacteriano, a isoniazida, além de linhagens
resistentes a diversos antibióticos (linhagens resistentes a múltiplos fármacos, MDR); resistência atribuída a
mutações cromossômicas.
Patogênese
Não produz exotoxinas, assim como não contém endotoxinas em sua parede celular;
O microrganismo infecta principalmente os macrófagos e outras células reticuloendoteliais; sobrevive e
multiplica-se no interior de um vacúolo celular, denominado fagossomo; sintetiza uma proteína que impede
a fusão do fagossomo com o lisossomo, permitindo-se escapar das enzimas digestivas;
Existem dois tipos de lesão causadas:
Lesões exsudativas: consistem em uma resposta infamatória aguda e ocorrem principalmente nos pulmões, no local
inicial da infecção;
Lesões granulomatosas: consistem em uma área central com células gigantes (células gigantes de Langhans)
contendo bacilos tuberculosos, circundada por uma zona de células epitelioides; um tubérculo consiste em um
granuloma circundado por tecido fibroso que sofreu necrose caseosa central; os tubérculos cicatrizam por fibrose e
calcificação;
Achados clínicos
Os achados clínicos são múltiplos e vários órgãos podem estar envolvidos;
Fadiga, febre, suores noturnos e perda de peso são comuns;
A tuberculose pulmonar provoca tosse e hemoptise;
Linfadenite é a manifestação extrapulmonar mais comum da tuberculose; pacientes infectados por HIV são os
mais propensos a apresentar linfadenite multifocal;
Eritema nodoso: nódulos sensíveis ao longo da superfície extensora da tíbia e da ulna;
Tuberculose miliar caracteriza-se por múltiplas lesões disseminadas, similares a grãos de alpiste;
Meningite tuberculosa e osteomielite tuberculosa constituem formas disseminadas importantes;
Paola Wozniak Ceni – ATM 2023
Tuberculose gastrointestinal: dor abdominal e diarreia, acompanhada por sintomas gerais de febre e
emagrecimento; podem ocorrer obstruções ou hemorragia intestinal; região ileocecal corresponde ao local
mais frequentemente atingido; pode ser causada pela deglutição do microrganismo após ter sido expectorado
a partir de uma lesão pulmonar, ou por M. bovis ingerido a partir de laticínios não pasteurizados;
A tuberculose da parte oral da faringe apresenta-se na forma de uma úlcera indolor, acompanhada por
adenopatia local;
Tuberculose renal: disúria, hematúria e dor no flanco; a “piúria estéril” é um achado característico; a urina
contém leucócitos;
Observa-se que a maioria das infecções por M. tuberculosis são assintomáticas (infecções latentes);
o Podem reativar e causar tuberculose sintomática.
Espiroquetas
Treponema pallidum
Agente causador da sífilis; causa a doença apenas em humanos (não há reservatório humano);
Exibe crescimento muito lento; necessidade de presença de antibióticos em concentrações efetivas por algumas
semanas, a fim de matar o microrganismo e curar a doença;
É transmitido a partir de lesões cutâneas ou de membrana de mucosas contendo espiroquetas de um indivíduo
infectado para outro por contato íntimo;
Também pode ser transmitido por uma mãe grávida ao feto;
Em casos raros, o sangue destinado a transfusões coletado durante a fase precoce de sífilis também é infeccioso;
Sífilis primária: as espiroquetas multiplicam-se no local de inoculação, e uma úlcera localizada e indolor (cancro)
é geralmente formada em duas a 10 semanas; a úlcera cicatriza espontaneamente, contudo as espiroquetas
disseminam-se amplamente pela corrente sanguínea (bacteriemia), atingindo vários órgãos.
Sífilis secundária: suas lesões começam a surgir após um a três meses; essas lesões manifestam-se como um
exantema maculopapular, principalmente nas regiões palmares e plantares, ou com pápulas úmidas na pele e em
membranas mucosas (placas mucosas); as lesões úmidas observadas nos órgãos genitais são denominadas
condilomas planos; essas lesões são ricas em espiroquetas e altamente infectantes e no geral também somem
espontaneamente; os sintomas constitutivos da sífilis secundária incluem febre baixa, mal-estar geral, anorexia,
emagrecimento, cefaleia, mialgias e linfadenopatia generalizada; pode ocorrer também faringite, meningite,
nefrite e hepatite.
Cerca de um terço dos casos de sífilis precoce (primária ou secundária) irão curar espontaneamente, sem
tratamento;
Outro terço permanece latente; o período latente pode ser dividido em estágios precoce e tardio;
o No período latente precoce os sintomas da sífilis secundária podem reaparecer e os pacientes podem
infectar outras pessoas;
o No período latente tardio, que pode perdurar por vários anos, não se manifestam sintomas e os
pacientes não são infectantes.
No terço restante, os pacientes evoluem para a sífilis terciária.
Sífilis terciária: pode apresentar granulomas (gomas), principalmente na pele e nos ossos, ocorre envolvimento do
sistema nervoso central (neurosífilis); ou lesões cardiovasculares; os treponemas raramente são observados em lesões
terciárias.
O T. pallidum também causa sífilis congênita: o microrganismo é transmitido pela placenta, geralmente após
o terceiro mês da gestação, podendo ocorrer infecção fetal; nos neonatos infectados, lesões de pele e ossos
são comuns, como dentes de Hutchinson, “molares em amora”, nariz em sela, rágades, snuffles e bossa
frontal; outros achados como hepatoesplenomegalia, ceratite intersticial e oito formas de surdez associada
aos nervos também são observados; a infecção fetal também pode resultar em natimorto;
A imunidade contra a sífilis é incompleta; anticorpos são produzidos mas não interrompem a progressão da
doença.
Paola Wozniak Ceni – ATM 2023
Sífilis congênita, exantema Dentes de Hutchinson Sinal de Wimberger - lesões líticas
no aspecto medial da tíbia
proximal (setas)
Clamídias
Clamídias
As clamídias são parasitas intracelulares obrigatórios, isto é, crescem somente no interior das células; (são incapazes
de produzir energia suficiente para o crescimento independente);
São os agentes das doenças sexualmente transmissíveis comuns, como uretrite e cervicite, bem como outras
infecções, como pneumonia, psitacose, tracoma e linfogranulioma venéreo;
Doenças
A Chlamydia trachomatis causa infecções oculares (conjuntivite, tracoma), dos tratos respiratórios
(pneumonia) e genital (uretrite, linfogranuloma venéreo); também estão associadas a Síndrome de Reiter
(doença autoimune);
A Chlamydia pneumoniae (anteriormente denominada linhagem TWAR) causa pneumonia atípica;
A Chlamydia psittaci causa a psitacose.
Transmissão e epidemiologia
Chlamydia trachomatis afeta apenas humanos, sendo, em geral, transmitida por contato pessoal próximo
(sexualmente ou pela passagem através do canal do parto); indivíduos com infecções assintomáticas no trato
genital correspondem a um importante reservatório de infecção para terceiros;
No tracoma, a Chlamydia trachomatis é transmitida pelo contato entre dedos e olhos ou entre fômites e olhos;