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Janeiro

2020

FORMAÇÃO

Comunicação escrita e
apresentação para negócios

DIS0120

Cláudia Rodrigues

www.occ.pt
Comunicação escrita e apresentação para negócios
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Comunicação Escrita e Apresentação para Negócios

Autor: Cláudia Rodrigues

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2020

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Índice

1 A importância da comunicação escrita na redação empresarial .............................. 4


1.1 O texto empresarial no contexto contemporâneo ....................................................... 5
1.2 Características do texto empresarial .............................................................................. 7
1.2.1 Objetividade ......................................................................................................................... 8
1.2.2 Concisão ................................................................................................................................ 9
1.2.3 Clareza e coesão textual ................................................................................................. 10
1.2.4 Coerência e unidade ........................................................................................................ 12
1.3 Comunicação empresarial escrita - diferentes meios e objetivos ......................... 13
1.3.1 A carta empresarial .......................................................................................................... 15
1.3.2 Relatórios ............................................................................................................................ 22
1.3.3 Memorando ......................................................................................................................... 25
1.3.4 Ata ........................................................................................................................................ 26
1.3.5 E-mail Formal ..................................................................................................................... 27
1.4 Algumas regras de redação empresarial ....................................................................... 29
1.4.1 Plural de modéstia ............................................................................................................ 29
1.4.2 Fórmula de cortesia.......................................................................................................... 30
1.4.3 Uso da letra inicial maiúscula ........................................................................................ 30
1.4.4 Palavras em itálico ........................................................................................................... 32
1.4.5 Estrangeirismos.................................................................................................................. 33
1.4.6 Escrever números ............................................................................................................. 34
1.4.7 Uso de abreviaturas e siglas ........................................................................................... 34
2 Uso adequado dos sinais de pontuação......................................................................... 36
2.1 Ponto ( . ) ............................................................................................................................. 36
2.2 Dois Pontos ( : ) .................................................................................................................. 36
2.3 Reticências (…) ................................................................................................................... 37
2.4 Ponto de Exclamação ( ! ) ................................................................................................ 37
2.5 Vírgula ( , )........................................................................................................................... 37

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1 A importância da comunicação escrita na redação empresarial

A partir de 1980, quando a disputa no mercado aumentou, as empresas foram


obrigada a criar um diferencial, sobretudo no que se refere ao seu estilo da
linguagem. Assim iniciou-se um processo de modernização e racionalização da
redação empresarial.
A comunicação empresarial passa por mudanças profundas. Com globalização,
aumentaram as exigências de velocidade e produtividade e, por essa razão, hoje,
todos os colaboradores de uma empresa devem ser bons comunicadores.

A tecnologia proporcionou avanços à comunicação escrita corporativa. Atualmente


temos excelentes ferramentas para nos auxiliarem a corrigir erros, usar soluções
gráficas e, principalmente, economizar tempo no envio e receção das mensagens.

A boa comunicação é ferramenta fundamental para o sucesso de qualquer


organização.

Dentro de uma organização, transmitir mensagens de maneira adequada, sobretudo


por escrito, é primordial para uma boa relação com todos os membros da empresa.
Além disso, a comunicação é um excelente instrumento para o fortalecimento da
imagem na corporação.

A comunicação escrita é, antes de tudo, uma forma de comunicação interpessoal,


pois conserva algumas características interativas de uma conversação. Contudo, é
preciso destacar que é imprescindível levar em consideração o meio e os recetores
da mensagem, já que se a informação não for escrita de forma clara, o leitor pode
não interpretá-la de forma certa. A dificuldade da comunicação escrita está no fato
de, talvez, o recetor não conseguir identificar o tom desejado de quem escreveu a
mensagem.

Escrever pode ser algo complexo. Comunicar de forma eficaz é promover a troca/o
encontro. É saber influenciar as pessoas, sabendo percebe-las. É ser claro e manter-
se focado, saber claramente o que se espera de cada reunião, e-mail, contato
telefónico, recado, relatório ou memorando. Escolher a melhor forma de transmitir
a informação é um dos primeiros passos para ser eficaz na comunicação.

O uso adequado da língua escrita no ambiente corporativo requer planeamento,


argumentação e controlo; é primordialmente necessário que a linguagem da
mensagem seja transmitida com clareza, intenção, direcionamento e com as
palavras certas.

Assim, o redator deve ser preparado para redigir considerando os pormenores da


linguagem empresarial. Ao desenvolver bem tal procedimento, o colaborador ajuda
a criar uma imagem positiva da empresa.

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Vamos analisar os quadros a seguir.

Na sua opinião, qual é o mais dinâmico e atraente? Qual é o texto mais eficaz e
persuasivo?

Este,

Lisboa, 12 de janeiro de 2019


Prezados senhores,

Vimos por este meio solicitar gentilmente o obséquio de nos enviar amostras de
tecidos que foram lançados na nova coleção para que possamos disponibilizar o
catálogo com os mesmos para que nossos clientes interessados conheçam as
variedades

Sendo só o que apresenta para o momento, renovamos nossos votos de estima e


consideração.
Maria Coloquial
Ou este?

Lisboa, 12 de janeiro de 2019

Prezados Senhores,

Tendo em vista interesse manifestado por nossos clientes, solicitamos o envio do


catálogo com amostras dos tecidos lançados na nova coleção.

Atenciosamente,
Maria Objetiva

O segundo texto conduz o leitor a um contato mais direto com o assunto, sem
subterfúgios, excessos de palavras e excesso de ideias.

Para isso, corte, corte, corte, sem piedade, todas as frases e palavras que fogem
do objetivo.

1.1 O texto empresarial no contexto contemporâneo

A escrita empresarial é coletiva, isto é, não se escreve em próprio nome, mas em


nome da organização para a qual se trabalha e, por isto, deve pensar não em "eu",
mas em "nós".

A maioria dos documentos referem-se à empresa e exigem respeito aos


posicionamentos da empresa diante dos fatos relativos à correspondência.

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Mesmo na comunicação interna, a exatidão é essencial, pois neste caso, a empresa


está a interagir verbalmente com seus colaboradores.

Assim como nos documentos oficiais, o documento empresarial deve primar pela
clareza, formalidade, padrão único de apresentação, linguagem coerente e correta.

Memorandos, e-mails, relatórios, atas e cartas fazem parte das atividades


desenvolvidas dentro de uma empresa; representam o registo formal das
informações que circulam interna ou externamente. O investimento na
competência comunicativa hoje diferencia as empresas modernas das antiquadas,
pois o interlocutor não dispõe de tempo, nem vontade, para decifrar textos mal
elaborados.

Reflitamos um pouco sobre a seguinte questão: podemos argumentar que um texto


mal escrito não representa perda financeira substancial para uma empresa?

Vejamos o que pode ocorrer quando circulam documentos deste tipo.

Preferência pela
oralidade

Ineficiência para
outros negócios Falta de
Credibilidade

Documentos
mal escritos

Desmotivação e
frustação para a (Re)Trabalho
leitura
Conflitos
(internos e
externos)

• Desmotivação pela leitura: os leitores acabarão por deixar escapar


informação importante (parte da mensagem que realmente era importante
ser passada);

• Privilégio da troca oral de informações: se os textos não forem bons, as


pessoas recorrerão à oralidade. Neste caso, não há registos formais, o que
torna a comunicação temerária.

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• Falta de credibilidade: mensagens mal elaboradas, com erros, mal


pontuadas, ambíguas ou obscuras podem comprometer a credibilidade de
uma área ou de toda a empresa diante de seus clientes.

• (Re)trabalho e prejuízos: pode ocorrer tanto para o emissor quanto para o


recetor da mensagem. Um zero, colocado por distração, pode ser fatal.
Uma vírgula muda tudo.

• Conflitos internos e externos: a falta de clareza gera insegurança e


interpretações equívocas e perigosos erros de comunicação, o que pode
levar à desagregação – algo contrário à sinergia positiva necessária ao
sucesso de qualquer ambiente profissional.

• Ineficiência para novos negócios: o poder de persuasão de um texto é


seriamente comprometido pela ocorrência de equívocos, o que pode
resultar em perdas de lucratividade.

1.2 Características do texto empresarial

A importância da comunicação organizacional é inquestionável. Sem uma


comunicação minimamente eficaz, as organizações não poderiam operar no
mercado por muitas razões (falta de transmissão de objetivos, mau ambiente de
trabalho, falta de orientação interna ou externa ao cliente, etc.). A comunicação
escrita na empresa é, sem dúvida, uma competência essencial nas organizações
atuais. Dominar é crucial. A linguagem que utilizar para comunicar com o exterior
(clientes, fornecedores, mercado) funciona como um espelho da qualidade dos
produtos ou serviços da sua empresa.

Veremos agora as principais caraterísticas de um texto empresarial para que


melhore sua comunicabilidade no ambiente profissional e no seu negócio.

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Coerência
Encadeamento lógico do texto. Relações de tempo, espaço, causa e consequência. Não
contradição.Unidade.Correção.

Clareza
Objetividade
Texto simples e planeados
Foco na ação desejada.Ideias
sem ambiguidades.
principais. Ideias necessárias.

Texto
empresarial

Linguagem simples e formal


Concisão Conheça a linguagem do
O máximo de informações com o destinatário. Linguagem formal:
mínimo de palavras.Corte os sem coloquialismos e sem
“ques”. gírias.

Correção gramatical
Erros de concordância, verbos mal utilizados, problemas de acentuação, crases e vírgulas mal
colocadas comprometem a imagem da empresa.

1.2.1 Objetividade

Quando falta objetividade na comunicação, a imagem da empresa fica


violentamente comprometida. Textos confusos fazem fazer crer que a organização
é antiquada, ultrapassada e incapaz de se instalar num mercado altamente
competitivo.

Mas o que significa ser objetivo na escrita?

A ideia de escrever objetivamente está relacionada não só com a rapidez na


composição da mensagem, mas também na forma como expomos as nossas ideias.
Ser objetivo significa não apenas ser sucinto e económico na linguagem, mas
também ser preciso no uso de termos, evitando assim ambiguidades e excessos
linguísticos.

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Os clichês, chavões e frases feitas são recursos aos quais frequentemente


recorremos; são classificados como vícios de linguagem, e são, na maioria das
vezes, estruturas incipientes e vazias de sentido.

O que deve ter sempre em mente quando redige textos no ambiente empresarial:

• O contato direto do leitor com o assunto depende de trabalho intenso


do emissor;
• Simplicidade não é pobreza; permite a eficácia da comunicação;
• A peça-chave para conquistar objetividade é empatia: foque-se no
recetor e avalie os seus conhecimentos, dúvidas e expectativas.

Passo 1 — Identificar a ideia principal — o que quero que o destinatário faça?

Prezado associado,

Conforme solicitado, informamos que seu cartão já está disponível para recolha.

Passo 2 — Identificar as ideias secundárias (necessárias)


Poderá levantá-lo na sede da Associação Comercial, na Rua dos Patos 452, de
segunda a sexta das 8h às 17h, desde que apresente seus documentos pessoais.

Passo 3 — Identificar quais as ideias que interessam ser expressas (úteis) e quais
devem ser dispensadas.
Na sexta-feira, dia 22 de abril, estaremos fechados.

Atenciosamente.

1.2.2 Concisão

Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um


mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. O texto conciso não se
desvia dos objetivos e tem informações na medida certa.
A necessidade de entendimento rápido das mensagens torna o texto conciso
desejável no contexto profissional.

Ele pode ser obtido se o emissor:

• Eliminar os clichês

Errado: Nada mais havendo declarar, subscrevemo-nos

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Melhor: Atenciosamente

Errado: Esta tem o objetivo de comunicar

Melhor: Comunicamos

• Retirar ideias excessivas

Errado: Informar-se que a entrada, a frequência e a permanência nas dependências


deste do escritório está terminantemente proibida, seja qual for o pretexto, a
pessoas que não são parte integrante de seu quadro funcional.

Melhor: Entrada permitida apenas para funcionários.

• Redução Extensiva
Trata-se da substituição de vocábulos e expressões por outros equivalentes no
sentido, porém mais curtos.
Errado: O documento foi assinado porque assim pediram todos.
Melhor: O documento foi assinado a pedido de todos.
• Advérbios desnecessários (ENFÁTICOS).
Errado: O cálculo estava completamente errado.
Melhor: O cálculo estava errado.

1.2.3 Clareza e coesão textual

A clareza e coesão textual está relacionada à coerência; diz respeito à maneira


como as ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a
compreensão textual.

Assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem
conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de um texto devem se apresentar
bem “amarradas”, para que ele cumpra sua função primordial - veículo de
articulação entre o autor e seu leitor.

Podemos definir coesão como um conjunto de recursos linguísticos de que dispõe a


língua, de forma a estabelecer as ligações necessárias entre os constituintes de uma
frase, entre as orações de um período e entre os parágrafos de um texto.

O texto coeso constrói-se com elementos de ligação que podem ser pronomes,
verbos, advérbios ou conectores coesivos. A função desses elementos é exatamente
a de por em evidência as várias relações de sentido que existem entre os
enunciados.

Exemplos: Então, Assim, Portanto, Daí, Já que, Com efeito, Desta forma, Porque,
Isto é, Ora, Embora, Mas, Porém.

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Cada conectivo ou elemento de coesão assume um valor típico. Além de ligarem


partes de um discurso, estabelecem entre essas partes certo tipo de relação
semântica: Causa, Finalidade, Conclusão, Contradição, Condição.

Dicas para a clareza e coesão textual:

1 – Fique por dentro do tema: O domínio sobre o tema influi diretamente na clareza
da escrita.
2- Períodos longos versus Períodos curtos: Para construir períodos curtos, pontue
mais. Frases longas, cheias de períodos, tendem a confundir o leitor e até mesmo
quem está a escrever. A sequência lógica depende da organização sintática das
frases, por isso, fique atento para não errar e assim prejudicar a coerência de seus
argumentos.
3 - Subjetividade versus Objetividade: A subjetividade é um recurso expressivo da
linguagem que deve ficar restrito aos textos literários. Subjetivismos geralmente
revelam estados emocionais, característica que prejudica a objetividade e a clareza
textual.
4 - Uso do vocabulário: Usar termos obsoletos e obscuros prejudicam a clareza
textual, principalmente quando empregues fora do contexto.

Na redação empresarial, evite adjetivos, pronomes excessivos, advérbios. Prefira


substantivos e verbos. Valorize a objetividade:

Errado: Ao entardecer de hoje, a mercadoria elegante que os proprietários


encomendaram chegou à loja trazida pelos mesmos.

Melhor: Os proprietários trouxeram a mercadoria às 17h.

Evite ambiguidade (possibilidade de duas interpretações). Tenha atenção aos


pronomes possessivos - podem causar duplo sentido:

A empresa definirá com a parceira a forma de utilização de seu armazém.


(De quem é o armazém?)

Tenha atenção aos advérbios.


As empresas que investem em imóveis frequentemente têm prejuízos.
(Admite duas leituras diferentes.)

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1.2.4 Coerência e unidade

A coerência diz respeito à conexão entre as ideias apresentadas no texto.

O texto que obedece à coerência transmite uma relação lógica de ideias que se
complementam, não se contradizem e conferem significado à mensagem.
Quando o texto é coerente, existe uma relação harmoniosa entre as ideias
apresentadas o que capacita o interlocutor a apreender o sentido do texto.
Para haver coerência é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto
alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos.
A coerência corresponde à macroestrutura do texto. É responsável pelo sentido do
texto, faz relação entre as partes de um texto e cria uma unidade de sentido.

Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios


básicos:

1. Princípio da Não Contradição: num texto não se pode ter situações ou ideias
que se contradizem entre si, ou seja, que quebrem a lógica.
2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que
consiste na repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um
texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando há
repetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de
não conseguir transmitir a informação.
3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos
diferentes, e que não se relacionam entre si, tornam o texto incoerente,
mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Sendo assim,
a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio
da relevância, e trazem incoerência ao texto.

Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a


Continuidade Temática - a sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar
ao leitor e a Progressão semântica que acontece quando não há a introdução de
novas informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto).

Dica: Verifique sempre se o encadeamento lógico do texto se faz principalmente


mediante relações de tempo, espaço, causa e consequência e tenha atenção ao
significado de cada um das palavras.

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SIM NÃO

Conexão lógica entre as palavras; Ideias destoantes;


Orações e parágrafos; Ideias ilógicas;
Relações de causa e efeito; Frases soltas;
Uma ideia completa em cada parágrafo; Mudança repentina de tema;
Ideias ordenadas. Evasão (fuga do assunto).

1.3 Comunicação empresarial escrita - diferentes meios e objetivos

Linguagem formal versus Linguagem informal

A Comunicação empresarial escrita deverá utilizar sempre uma linguagem formal.


Usamos principalmente linguagem formal ao escrever ou a redigir em ambiente
organização (e-mails, relatórios, apresentações).

A linguagem formal é uma linguagem menos pessoal do que a informal; esta


linguagem não usa coloquialismos, abreviações ou gírias. A linguagem formal está
ligada ao uso das normas gramaticais.

A linguagem informal, por sua vez, é aquela que não se preocupa com a gramática
e a norma culta do idioma. É um tipo de linguagem utilizado para conversas do dia-
a-dia, sem a necessidade da rigidez da linguagem culta e formal.

A linguagem informal tem uma infinidade de recursos, como gírias, interjeições e


abreviações de palavras. Essa linguagem é menos complexa e mais descontraída. As
palavras informais são aquelas que utilizam variações da gramática. Estas palavras
não devem ser usadas na linguagem escrita formal, como na escola, no trabalho e
em documentos.

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Mas, mesmo com certa flexibilidade, a linguagem formal (norma culta) é ideal no
texto empresarial.

Linguagem formal Linguagem informal

A linguagem formal é a linguagem A linguagem informal é


O que é que usamos em situações mais utilizada em situações mais
formais e é marcada pelo uso da descontraídas, quando há uma
norma culta. familiaridade entre os
É utilizada em situações interlocutores.
profissionais, académicas ou quando Nela não é necessário o uso da
não se há familiaridade entre os norma culta, e é comum o uso
interlocutores, onde se requere mais de gírias e coloquialismos.
seriedade.

Características - Utilização da norma culta, - Despreocupação com o uso de


respeitando rigorosamente as normas gramaticais;
normas gramaticais; - Utilização de coloquialismos,
- Utilização de um vocabulário expressões populares, gírias,
extenso; palavras inventadas;
- Pronúncia correta e clara das - Uso de palavras abreviaturas,
palavras. - Sujeita a variações culturais e
regionais.

Linguagem Culta. Coloquial.


Norma Uso correto das normas. Não precisa seguir as normas.
gramatical

Uso mais Quando escrevemos. Quando falamos.


comum

Seguem-se aqui alguns lembretes para o redator empresarial:

• Trate todos os clientes com a máxima cortesia.


• Responda sem demora às solicitações recebidas.
• Antes de escrever, reúna todos os dados necessários.
• Vá diretamente ao assunto, pois os clientes são pessoas ocupadas.
• Seja claro e conciso, pois assim economizará o tempo do cliente e o seu
próprio.
• Quando tiver de redigir, evite o nervosismo e a preocupação; sem
serenidade, é difícil reunir ideias apropriadas.
• Seja original: evite as expressões rotineiras, vagas e confusas.

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• Não empregue gíria: não convém ser “natural” demais! Também não use,
desnecessariamente, termos técnicos.
• Mostre simpatia e compreensão: evite controvérsias e os antagonismos.
• Se for preciso apresentar queixas/reclamações, evite o tom ofensivo, que
pode resultar em reações indesejáveis e prejudiciais.
• Em vez de censurar, peça explicações.
• Consulte o dicionário, para certificar-se de que as palavras têm efetivamente
o significado que você lhes atribui.
• Use, de preferência, a voz ativa: ela é mais direta, mais eficaz, mais
vigorosa.
• Escreva para expressar-se, não para impressionar.
• A quem é que está a escrever? Se possível, forme uma ideia do destinatário.
O tom de sua carta pode variar de acordo com o relacionamento ou
conhecimento que há entre remetente e destinatário.
• Faça com que suas redações reflitam uma atitude positiva e espírito de
cooperação.
• Lembre-se: um documento bem redigido assegura bons negócios.

O emissor de redações empresariais deve evitar:

• Verbosidade — o emissor usa estilo erudito e complicado.


• Chavões — o emissor emprega expressões gastas, inúteis e irritantes.
• Coloquialismo/gírias — o emissor escreve como fala.

1.3.1 A carta empresarial

Partes da carta empresarial


A carta empresarial deve possuir as seguintes partes básicas: cabeçalho, texto e
fecho.

A. CABEÇALHO B. TEXTO C. FECHO

1. O timbre e/ou logo É o chamado corpo da O fecho compreende:


da empresa; carta. 1. A despedida (a
2. O índice e o fórmula de cortesia)
número; O texto compreende: 2. A assinatura;
3. A data; 1. A introdução; 3. A indicação de
4. Endereço; 2. Desenvolvimento; anexos;
5. Linha de atenção; 3. A conclusão. 4. O aviso de cópias;
6. A referência ou o 5. O pós-escrito;
assunto; 6. O aviso de segunda
7. O vocativo. folha.

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NOTA – Alguns dos elementos citados, tanto no cabeçalho como no fecho, não
aparecem em todas as cartas, tratando-se apenas de componentes eventuais.

A. O cabeçalho na carta empresarial

1. O timbre oferece ao leitor três informações sobre o remetente:


a) Quem é;
b) O que faz;
c) Qual é o seu endereço.

Contém: o nome (razão social) da empresa, a especificação do seu ramo de


atividades, o endereço completo do estabelecimento, inclusive número de
telefone, Website.

O timbre requer uma apresentação artística, identificando o ramo de negócios e


também a personalidade da empresa; prática mais comum é o uso do logótipo ou
um slogan de especial impacto no timbre.

2. O índice indica o setor ou o departamento especializado que está a


expedir a carta.

Após o índice, aparece o número de ordem da carta. Como essa numeração é


reiniciada a cada ano, ela é seguida do número indicativo do ano.
Por exemplo: DC/214-90 (Carta nº 214, de 1990, expedida pelo Departamento de
Contabilidade). O índice e o número da carta costumam ser separados por uma
diagonal (/).

O índice e o número da carta são colocados no canto superior esquerdo ou direito


do papel, na mesma altura da data.

3. Data é indicação do lugar, dia, mês e ano da expedição.

Na correspondência externa, deve-se escrever por extenso o nome do mês (e


sempre com inicial minúscula, conforme determinam as normas ortográficas).

4. Endereço

Também chamado de endereço interno, compreende o nome (pessoa física) ou a


razão social (pessoa jurídica) e o endereço propriamente dito do destinatário.

É colocado junto à margem direta do papel (tradicionalmente), logo abaixo da


posição do índice e do número da carta, devendo ser idêntico ao constante no

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envelope (endereço externo). Ocupa de três a cinco linhas, sempre dispostas em


bloco, isto é, começando junto à margem esquerda.

A disposição dos elementos do endereço obedece à seguinte ordem:

1º- Tratamento e, se for o caso, título profissional do destinatário, quando


pessoa física: Senhor Doutor. No caso de o destinatário ser pessoa jurídica,
somente se pode antepor o tratamento senhor (es) à razão social se esta for
composta dos nomes das pessoas que integram a sociedade; caso contrário,
começar-se-á imediatamente pelo nome da empresa: Senhores Gomes, Ferreira
Lda.

2º- Endereço do destinatário, com as indicações necessárias.

5. A linha de atenção
A linha de atenção é empregue quando se deseja que a correspondência seja aberta
por determinado colaborador, que deverá encarregar-se do assunto exposto. Pode-
se indicar o nome da pessoa e/ou do departamento a que se deseja encaminhar
especificamente a correspondência.

A linha de atenção pode ser colocada:

a) Dentro do endereço, após o nome da empresa, abreviadamente ou por extenso:


Álvaro Campos, Lda.
At. Sr. João Meireles
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa

b) Entre o endereço e o vocativo (ou em qualquer lugar visível), também


abreviadamente ou por extenso:
Irmãos Fonte& Silva, Lda.
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa
À atenção do Sr. José Martins
Notas: Não confunda a expressão à atenção de (abreviadamente at.), com ao
cuidado de (abreviadamente A/C ou a/c), empregue quando a correspondência é
entregue ao destinatário por intermédio de uma entidade.
c) Pode-se também dirigir a correspondência diretamente à pessoa e/ou ao
departamento específico, mencionando- se, em seguida, o nome da empresa.

Tem-se, assim, duas possibilidades de endereçar a correspondência:

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• Com a linha de atenção (endereçamento indireto):


Irmãos Fonte& Silva, Lda.
À atenção do Sr. José Martins – Dep. Contabilidade
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa

• Sem a linha de atenção (endereçamento direto):


Senhor José Martins
Departamento de Contabilidade
Irmãos Fonte& Silva, Lda.´
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa

6. Referência ou assunto

A referência ou assunto é uma síntese do conteúdo da carta. Este dado é útil para
quem a recebe, pois, num rapidamente, toma conhecimento do assunto exposto.
A referência aparece, tradicionalmente, entre o endereço e o vocativo, a igual
distância dos dois, junto à margem esquerda ou do meio em direção à margem
direita, dependendo do estilo de disposição da carta no papel

Pode vir antecipada, ou não, da abreviatura Ref.

a) Precedida da abreviatura ref.:


Irmãos Fonte& Silva, Lda.´
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa
Ref.: Seu pedido nº 34-90

Prezados Senhores:
...........................................................................................

b) Não precedida da abreviatura ref. (e sublinhada):


Senhor José Martins
Departamento de Contabilidade
Irmãos Fonte& Silva, Lda.
Av. Da Liberdade, nº1
1000-001 Lisboa
Prazo de entrega de relatório

Senhores:
...........................................................................................

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7. O Vocativo é a saudação de cortesia que se dirige ao destinatário.

Recomenda-se não abreviar qualquer dos termos do vocativo. Se for o caso, pode
ser seguido do cargo, função ou título profissional:

Senhores: Senhor Gerente: Senhor Professor:

Havendo um relacionamento maior entre o remetente e destinatário, o vocativo


pode vir antecedido da palavra prezado:
Prezado Senhor: Prezados Senhores:

Ainda um maior grau de intimidade entre remetente e destinatário, o vocativo


passa a ser individualizado, nominal:

Prezado Senhor Ricardo,

Atenção: Em cartas de caráter cerimonioso, dirigidas a autoridades, o vocativo


costuma vir antecedido do pronome de tratamento convencional (o mesmo
acontecendo no endereço):

Excelentíssimo Senhor Ministro:

Numa carta formal deverão ser utilizados pronomes de tratamento ou seja, nomes
que constituem formas corteses de tratamento, expressões de reverência, títulos
honoríficos, etc.
O vocativo deve sempre ser pontuado; como se vai continuar com novo parágrafo
e inicial maiúscula, empregam-se os dois-pontos (:) ou a virgula (,).

O vocativo, finalmente, deve estar em harmonia com o resto da carta. Assim, a um


vocativo mais afetuoso, por exemplo, deve corresponder um tom semelhante em
todo o texto da carta e no fecho.

B. O Texto na carta empresarial

O texto é a parte central da carta ou corpo e podemos distinguir três partes: a


introdução, o desenvolvimento e o encerramento.

1. Introdução

Visa a despertar o interesse do leitor e captar sua atenção. Nas cartas de rotina, é
a entrada pura e simples no assunto.

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2. Desenvolvimento´

Nunca esquecendo as regras e as caraterísticas de uma boa redação, o


desenvolvimento de uma carta empresaria deve expor ao destinatário o motivo da
carta e referir-se a um só assunto, em torno do qual se estruturará todo o conjunto
da mensagem.

Se for necessário tratar de diversos assuntos, convém que haja uma certa relação
entre eles. Os assuntos devem ser expostos em ordem de importância. Separe cada
assunto com números, títulos e tópicos.

Atenção: Não se deve colocar na mesma carta assuntos que devem ser resolvidos
em departamentos diferentes ou por pessoas diferentes; escreva outra carta!

3. Encerramento
É o parágrafo que encerra o corpo da carta (pode vir junto com o fecho de cortesia).

Deverá corresponder a um dos seguintes objetivos:

• Levar o leitor a agir,


Ou,
• Causar uma boa impressão, caso não se pretenda a ação do
destinatário.

Exemplos:
Não perca esta oferta especial! Solicite ainda hoje uma demonstração sem
compromisso, preenchendo e remetendo a carta-resposta anexa.

Ou

Teremos prazer em proporcionar-lhe quaisquer informações adicionais ou em


responder a eventuais perguntas que deseje fazer.

4. O Fecho na carta empresarial

O fecho da carta empresarial compreende a despedida (fórmula de cortesia), a


assinatura, as iniciais, a indicação de anexos, o aviso de cópias, o pós-escrito e o
aviso de folha de continuação.

Algumas das partes citadas não aparecem na totalidade das cartas.

1. Despedida (fórmula de cortesia)

Para finalizar a carta, emprega-se uma fórmula de cortesia de acordo com o tom
geral da mensagem.

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2. Assinatura

A assinatura compõe-se de três elementos: o nome de quem assina, seu cargo ou


função na empresa digitados e sua assinatura propriamente dita.

Algumas recomendações:

• Na assinatura, não cabe a anteposição de título profissional (doutor,


engenheiro etc.) ao nome de quem assina.
• Não se usa traço para assinatura.
• Se o papel é timbrado, não há necessidade de se colocar o nome da
empresa junto à assinatura.
• Não se usa mais o carimbo na assinatura, exceto em certas cartas e
outros documentos enviados para determinadas repartições públicas que
assim o exigem.
• Carta sem assinatura não merece consideração.
• Se duas pessoas assinarem a carta, a diretamente responsável assina
à direita, e a outra à esquerda, dando a entender que a chefia avaliza a
mensagem com sua assinatura.

3. Indicação de Anexos

É frequente a necessidade ou a conveniência de juntar algum documento à carta:


contrato, recibo, lista de preços, pedido, etc.; esses anexos devem ser
mencionados na carta, junto à margem esquerda:

Anexo: 1 pedido;

Anexas: 2 faturas.
Note-se que a palavra anexo, por ser adjetivo, concorda em gênero e número com
aquilo que se vai anexar.
Anexa: 1 ficha de inscrição;

Anexas: 2 faturas.

4. Aviso de Cópias
Quando se envia (m) cópia (s) de uma carta à outra (s) pessoa (s) ou departamento
(s), indica-se o destinatário dessa (s) cópia (s) abaixo das iniciais de identificação
do redator e do digitador. Essa indicação será precedida da abreviatura C/c.
C/c: Sr. Manuel Ferreira - Departamento de Compras

C/c: Departamento de Pessoal

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5. Pós escrito

O pós-escrito é o acréscimo de alguma (s) frase (s) a uma carta depois de esta ter
sido composta no seu formato original. Emprega-se geralmente a abreviatura P. S.
(do latim, post scriptum) para indicar essa circunstância.

O pós-escrito, que é colocado ao pé da página, cabe em dois casos específicos:

• Para cobrir um ponto importante omitido no corpo da carta;


• Para dar ênfase a um aspeto importante da mensagem.

Não se deve abusar no emprego do pós-escrito.

6. Aviso de folha de continuação

A maioria das cartas ocupa somente uma folha. Às vezes, no entanto, é necessária
uma segunda folha. Nesse caso, procede-se assim: abaixo da última linha do texto
da primeira folha, coloca-se uma série de pontos, junto à margem direita.

No canto superior esquerdo da segunda folha, repete-se a série de pontos.

Num e noutro caso, não há número fixo de pontos:

.....................................................................................................

Dois ou três espaços abaixo da linha pontilhada da segunda folha digita-se o nome
do destinatário, o número da folha e a data:

_____________________________________
Irmãos Fonte& Silva, Lda. -2- 25-12-2018

A folha de continuação deverá ter a mesma qualidade, cor e tamanho da primeira,


mas sem timbre.

1.3.2 Relatórios

O relatório é um documento que visa expor ocorrências, situações e fatos. Serve


para informar acerca de uma situação e recomendar providências futuras.

Tem como objetivos comuns:


• Recomendar soluções para um problema de negócios;
• Examinar e analisar novas oportunidades e iniciativas de novos negócios;
• Divulgar informações importantes.
Pode ser acompanhado de gráficos, tabelas, mapas e ilustrações.

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Caraterísticas do Relatório
• Linguagem ordenada por critérios de tempo, espaço, causa e efeito;
• Brevidade;
• Objetividade máxima;
• Os parágrafos são numerados, exceto o primeiro;
• Pode vir como anexo de um ofício.

Defina o objetivo e público


Descubra quais são as informações necessárias para atingir o objetivo definido.
Determine o público-alvo e conhecimento prévio que este tem sobre o tema.
Escolha uma linguagem compatível. Se for redigido para um leigo, deve-se procurar
"traduzir" as expressões que possam causar dúvidas.

Considere o destinatário
Para alguns, os argumentos racionais e técnicos são prioridade. Outros preocupam-
se com estética, detalhes ou linguagem cordial.

Partes do relatório
• Capa
A capa conterá o nome da organização, o título do trabalho, setor que o elaborou,
data e nome do autor.
• Título
É desejável que o título não seja vago nem impreciso. É necessário delimitá-lo.
Outras exigências são: nome do destinatário, do autor, título e data no início do
relatório.
• Folha de Rosto
A folha de rosto indicará o título do relatório, o autor, a quem é dirigido e a data.
• Índice
Deve conter: as divisões e subdivisões do relatório; o número das páginas e os itens.
Deve ser feito depois de terminado o relatório e numeradas as folhas ou páginas.
• Introdução
Descreve o tema de forma breve.
• Corpo do texto

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Organize o corpo do relatório em diversos itens, seções e subseções, conforme o


caso. O objetivo determina a organização da mensagem: informativa, persuasiva ou
de orientação.
Determinado o objetivo, é preciso estabelecer o tipo de estrutura narrativa: será
cronológica ou apresentará os fatos mais importantes no início? Pode-se redigir em
forma de dissertação, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Um método
eficaz é o que parte da estrutura: o que, quem, quando, como, onde e por que.
• Conclusão
Deve sintetizar os pontos fundamentais, evidenciando a contribuição de modo
objetivo. Pode avaliar as implicações trazidas pelos dados expostos e determinar a
necessidade de outras pesquisas. Neste momento, não apresente novas
informações.

• Apêndice (anexos)
Abrange informações complementares sobre fontes primárias citadas no relatório.
Entre os tópicos encontra-se: Fotos; Ilustrações; Mapas; Diagramas; Resumos
estatísticos; Cálculos e formas.

• Referências
Citar fontes de consultas, trabalhos, pessoas, etc... Referenciar cientificamente a
bibliografia consultada.

Dicas:
• Dê um título atraente e chamativo;
• Inclua um resumo executivo de suas constatações para que os leitores
possam ler rapidamente as mais importantes;
• Use gráficos para ilustrar e esclarecer os pontos mais importantes expostos
no corpo de seu relatório;
• Não use ilustrações ou imagens apenas para preencher espaço;
• Use cores de forma seletiva;
• Esclareça como as descobertas/constatações de seu relatório são
relevantes e faça recomendações na conclusão;
• Confira a formatação e a ortografia;
• O relatório deve ser fácil de ler;
• Quando mais legível, maior a sua eficácia;
• A organização das ideias e dos parágrafos é a medida exata para manter o
leitor sempre atento;
• A distribuição da digitação ou apresentação da matéria de forma estética
desperta a atenção do leitor;
• A variação no comprimento dos parágrafos é necessária para estimular a
atenção do leitor;

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• Escrever uma sequência de parágrafos curtos torna cansativa a leitura. O


oposto – escrever parágrafos muito compridos – não só prejudica a rapidez
da informação, como também cansa o recetor.

Fluxograma de um Relatório

Defina o objetivo

Reúna o material de pesquisa

Analise suas descobertas


Como escrever um
Relatório Trace um esboço/esqueleto

Escreva a introdução, o corpo e a conclusão

Formate e releia

Desenvolva um resumo executivo

Anexe o material da fonte

1.3.3 Memorando

Memorando é uma palavra de origem latina, que significa “que deve ser lembrado;
digno de memória”.

O Memorando é uma comunicação interna simples e clara. Não use preciosismos e


terminologia excessivamente técnica em memorandos (memo). Também pode ser
chamado de CI (Comunicação Interna).

No que se refere à finalidade discursiva, esta pode se referir a questões meramente


administrativas, como também pode ser utilizado para a exposição de projetos,
ideias e diretrizes a serem adotados.
O memorando é um documento breve usado para passar informações aos
colaboradores dentro de uma empresa.

Partes:

• Para: nome ou cargo do (s) destinatário (s);


• De: nome ou cargo do emissor;
• Assunto: o título que resume o teor da comunicação;
• Data;
• Mensagem;
• Assinatura.

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Checklist do memorando:

• Siga o formato adotado pela sua empresa;


• Dê espaçamento duplo entre cada item;
• Não se dirija às pessoas por apelidos;
• Seja claro e objetivo;
• Resuma discussões anteriores, se necessário;
• Use subtítulos para facilitar a visualização do conteúdo relevante no texto;
• Use tópicos e marcadores para dividir memorandos;
• Explique siglas e esclareça dados.

Como evitar erros em memorandos:

• Use tom cordial;


• Apresente as informações importantes imediatamente;
• Descreva, em linhas gerais, os passos que pretende seguir;
• Não se esqueça de incluir os anexos, caso sejam mencionados;
• Não apresente muitas informações de uma só vez;
• Oriente seus leitores para as questões mais importantes;
• Não deixe de contextualizar as informações;
• Não exagere em expressões supérfluas;
• A repetição do cargo abaixo da assinatura é desnecessária;
• Saudação final: “atenciosamente”.

1.3.4 Ata

A Ata é um registro do que passou numa reunião, assembleia ou convenção. É


portanto, um relatório pormenorizado de tudo o que se passou, foi discutido e
aprovado, numa determinada reunião.

Tipos de atas

As Atas de assembleia geral, de assembleia geral ordinária, ata de condomínio


devem ser assinadas, em alguns casos pelos particulares da reunião (conforme
estatuto da empresa), e pelo presidente ou secretário, sempre.

Para sua lavratura, devem ser observadas as seguintes normas:

• Lavrar a ata em livro próprio ou em folhas soltas. Deve ser lavrada de tal
modo que impossibilite a introdução de modificações;
• Sintetizar de maneira precisa as ocorrências verificadas;
• O texto será digitado ou manuscrito sem rasuras;

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• O texto será compacto, sem parágrafos ou com parágrafos numerados.


• Na ata do dia, são consignadas as retificações feitas à anterior.
• No caso de erros constatados no momento de redigi-la, emprega-se a
partícula corretiva “digo”. Se o erro for notado após a redação de toda a
ata, recorre-se à expressão: “em tempo”, que é colocada após todo o
escrito, seguindo-se então o texto emendado: Em tempo: na linha onde se lê
“bata”, leia-se “pata”.
• Quando ocorrem emendas à ata ou alguma contestação oportuna, a ata só
será assinada após aprovadas as correções.
• Os números são grafados por extenso.

São elementos da ata:

• Dia, mês, ano e hora da reunião (por extenso);


• Local da reunião;
• Relação e identificação das pessoas presentes;
• Declaração do presidente e secretário;
• Ordem do dia;
• Fecho.

1.3.5 E-mail Formal

A rápida implantação da internet de banda larga permitiu que o e-mail se tornasse


um elemento sempre presente em nossas vidas. O e-mail já não está só à nossa
espera no escritório, como também nos acompanha nas nossas casas. Isto criou uma
cultura always-on (sempre conectado), criticada por muitos. Hoje em dia, quem
não possui pelo menos uma conta de e-mail ativa?

Em qualquer organização, os e-mails são uma ferramenta importante de trabalho e


comunicação entre colegas, clientes e fornecedores — quando não a única ou a
principal ferramenta.

Por estas e outras razões é importante ter atenção quando e como devemos redigir
um e-mail formal.

Nunca se esqueça:

• O e-mail é documento - deve tomar cuidado com aquilo que escreve e de


que maneira expressa suas intenções no e-mail, pois este pode construir ou
denegrir a imagem da empresa e a sua imagem profissional. Pequenas regras
de escrita profissional, como a impessoalidade, a clareza, a concisão e a
educação são itens fundamentais para que a mensagem seja compreendida
de maneira correta;

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• Utilize uma linguagem apropriada - A linguagem usada pelos colaboradores,


tanto para falar quanto para escrever, transmite conhecimentos sobre a
organização e sobre a pessoa com quem está a estabelecer comunicação, por
isso, tenha sempre em mente que a mensagem deve estar clara e correta.

Elementos essenciais do e-mail formal


• Assunto

O assunto ou título do e-mail deve ser claro e expressar exatamente o que o


restante do texto procura transmitir.

Uma dica: escreva o texto primeiro e somente depois atribua um título ou assunto,
que nada mais é do que um resumo muito pequeno do que o texto fala. Coloque o
assunto de forma direta: Pedido de esclarecimentos, Agradecimentos, Envio de
Feedback, Candidatura, etc.;
• Saudação
Utilize uma saudação adequada e dirija-se ao destinatário utilizando o respetivo
título: Boa tarde, Engª. XPTO; Boa tarde Dr. XPTO.

• Corpo do e-mail
Respeite as regras padrão deste tipo de comunicação: conciso, objetivo e curto.

Para redigir um e-mail corporativo escreva em tópicos, organizando cada parágrafo


com uma ideia; lembre-se sempre de dar uma introdução e uma conclusão ao
assunto. Desta forma, há uma melhor organização das ideias e concisão. Esqueça a
linguagem informal tão utilizada na internet, como gírias, abreviações e símbolos
— isso passa uma impressão pouco profissional; lembre-se de que e-mail é
documento e a maneira como ele é escrito transmite informações sobre si e sobre
a sua empresa.

Sendo ferramentas de comunicação rápida, os e-mails requerem textos mais


concisos; não adianta querer rechear o texto com muitas informações
desnecessárias. Deixe claro o objetivo da mensagem e, no final do texto, procure
escrever uma frase para retomá-lo. Seja direto, apresente o tema principal do e-
mail logo na frase de abertura e discorra sobre o assunto dizendo o que precisa ser
feito e até quando.

• Fecho

A educação pode ser percebida em todo o texto, mas principalmente quando há


uma saudação inicial e final no e-mail. Analise quem é seu interlocutor e adeque a
formalidade à pessoa que irá receber a mensagem. Agradeça a atenção dispensada
e deixe uma saudação cordial. O uso de uma assinatura com dados pessoais de

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contato também é muito importante, caso a pessoa queira ligar para esclarecer
dúvidas; assine sempre o seu e-mail (nome, título e contacto).

Algumas dicas:

• Seja educado - não esqueça de algumas palavras mágicas como: “por favor”
e “obrigada”;
• Tenha atenção ao espaçamento entres os parágrafos, pois facilita a leitura;
• Não escreva em Caps Lock, nem utilize emojis;
• O layout ou aparência de um e-mail deve ser limpo e organizado (mesma
fonte de um mesmo tamanho, apena destacando ideias ou palavras com
negritos, sublinhados ou cores de destaque; não exagere);
• Reveja sempre o seu texto - Antes de enviar um e-mail, releia o texto que
escreveu atentando para possíveis falhas; os erros de gramática ou de
ortografia num e-mail formal são vistos como falta de cuidado e dão a
impressão de que o redator escreveu com pressa;
• Confira a lista de destinatários. Já pensou enviar um e-mail com assunto
importante para o contato errado?;
• Tenha atenção também aos anexos, se estão corretos e adequados; é
fundamental avisar no corpo do e-mail caso esteja a anexar documentos;
• Considere o tempo de resposta aos e -mails recebidos; normalmente, o ideal
é responder um e-mail corporativo em até 24 horas, considerando os dias
úteis.

1.4 Algumas regras de redação empresarial

1.4.1 Plural de modéstia

O Plural de modéstia consiste no uso da primeira pessoa do plural no lugar da


primeira pessoa do singular.

O uso de tal forma ainda procura evitar marcas de individualismo no discurso,


fazendo com que os leitores/recetores possam afastar qualquer noção de vaidade
ou orgulho do redator/emissor ou quando a intenção é fazer referência a uma
coletividade, na qual prevalecem os mesmos aspetos relacionados à concordância,
tais como:
Sentimo-nos honrados com a homenagem.

Ao fazer uso deste recurso linguístico o que deve ser levado em conta é que os
pronomes e os verbos irão para o plural, contudo, os adjetivos permanecerão
no singular, flexionando de acordo com a pessoa que fala ou a quem se referem.

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Estamos certo de que honraremos com todos os compromissos de campanha –


manifestou o deputado eleito.

Caso esteja a falar somente em seu nome, e não de uma coletividade ou de uma
determinada instituição como um todo, torna-se perfeitamente aceitável o uso da
primeira pessoa, ficando estabelecida a concordância entre os termos que regem o
enunciado, como em:

Sinto-me honrado com sua presença.

Apresento-lhes meus sinceros agradecimentos.

1.4.2 Fórmula de cortesia

A cortesia desempenha o difícil papel de ser mediadora entre as normas sociais e


as estruturas sintático-semânticas da nossa comunicação empresarial.
A fórmula de cortesia ou polidez consiste no emprego de expressões respeitosas e
tratamento apropriado àqueles com os quais nos relacionamos; a utilização de
expressões vulgares provocam mal-estar, assim como os tratamentos irreverentes,
a intimidade, a gíria, a banalidade ou a ironia.
Esta forma não se aplica só na forma como nos dirigimos ao nosso recetor (V. Exa.,
Caro), mas também ao longo de todo o texto.
Para exemplificar, ao invés de dizer “Envie o documento, imediatamente”, o
redator pode formular a ordem de modo indireto: “Poderia enviá-lo o mais rápido
possível?”
De relembrar que não devemos exagerar nas palavras e na cortesia aplicada ao
longo da nossa redação: pode soar a falsa e ser enfadonha.

Lembre-se “com vinagre não se apanham moscas!” Este provérbio popular contém
uma bela lição para quem quer escrever bem: não é com maus modos, com secura
ou aspereza que vamos atrair a simpatia dos outros ou induzi-los para a ação
desejada.

1.4.3 Uso da letra inicial maiúscula

O uso das letras maiúsculas e minúsculas, embora pareça um tema bastante


simples requer alguns cuidados. Vejamos algumas regras, pois a adesão ao Novo
Acordo Ortográfico promoveu alterações, também nesta área.

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Uso das minúsculas

Ocorrências Exemplos

• Estas aulas são dadas aos sábados.


1. Dias, meses,
• Vou de férias no mês de julho.
estações do ano
• Costumam viajar na primavera.

• Ninguém quer dizer quem foi o fulano que fez isso.


2. Fulano, sicrano e • Uma vez que não haja voluntários serão indicados
beltrano fulano, sicrano e beltrano para colaborarem neste
trabalho.

3. Formas de • O doutor João não está doente.


Tratamento • Perguntou se sua excelência precisava de algo.

• Os cabo-verdianos serão os últimos a adotar o novo


4. Adjetivos Pátrios
acordo ortográfico.

Uso das maiúsculas

Ocorrências Exemplos

Este é o meu pai.


1. Início das frases Trata-se da maior empresa petrolífera do
Brasil.

Maria José foi escolhida como a funcionária do


mês.
2. Substantivos próprios A região com a maior bio diversidade do mundo
é a Floresta Amazônica.
A deusa grega do amor é Afrodite.

A família junta-se sempre no Natal.


3. Festas e datas
Já planearam o trabalho sobre a Independência
comemorativas
do Brasil?

ANE - Associação Nacional de Enfermeiros


4. Siglas, símbolos e
Al - alumínio
abreviaturas
V.Sa. - Vossa Senhoria

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Ocorrências Exemplos

Os dados foram retirados do Instituto Nacional


5. Nomes de instituições e Estatística.
repartições São sérios os problemas do Sistema Nacional de
Saúde.

Opcional: minúsculas ou maiúsculas

Há situações em que o uso de iniciais minúsculas ou maiúsculas é facultativo:

Ocorrências Exemplos

• Quem não leu O pequeno príncipe?


1. Nomes dos livros • Quem não leu O Pequeno Príncipe?

2. Nomes de santos • O padroeira do Brasil é Nossa Senhora Aparecida.


• A padroeira do Brasil é nossa senhora aparecida.

• Temos de solucionar os problemas dos alunos com


3. Nomes de Disciplinas as aulas de matemática.
• Temos de solucionar os problemas dos alunos com
as aulas de Matemática.

• O tal lugar fica nas proximidades da praça da Sé,


4. Nome de ruas e na rua de santo antónio.
lugares públicos • O tal lugar fica nas proximidades da Praça da Sé,
na Rua de Santo António.

1.4.4 Palavras em itálico

O itálico pode ser útil para denotar títulos no texto, destacar palavras estrangeiras
e indicar ênfase para os leitores, mas há muitas regras diferentes que podem tornar
confuso o uso correto desse recurso.

De acordo com a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e


Lindley Cintra, as aspas e o itálico (este último quando se trata de texto impresso)

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deverão ser usados quando se escrevem palavras ou expressões com grafia estranha
ao sistema ortográfico português, como é o caso dos estrangeirismos.

Vejamos algumas situações:

• Títulos de livros, revistas, jornais e outras publicações


In Utero é meu álbum favorito do Nirvana.

Vimos The Big Bang Theory.

Eu leio artigos do Jornal Medicina para o trabalho.

• Palavras estrangeiras, desde que não pertençam à gíria comercial e


utilizadas em contexto especial
Vou fazer dowload deste filme.

• Nomes científicos de espécies


O nome científico do cavalo é Equus ferus caballus.

• Palavras e locuções em outros idiomas e palavras ou expressões latinas


Esperei ad eternum.

1.4.5 Estrangeirismos

Ao analisarmos a questão da linguagem podemos perceber uma diversidade de


elementos que não pertencem à nossa língua materna e se incorporam no nosso
vocabulário. Fazendo parte deste quadro estão os estrangeirismos, os quais
retratam a forte influência exercida por outras culturas, que se manifestam no
vestuário, culinária, música, cinema, comportamento, e, sobretudo, na linguagem.

Estrangeirismo é o processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na


língua portuguesa. De acordo com o idioma de origem, as palavras recebem nomes
específicos, tais como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), etc.

Tornou-se muito usual ouvirmos as pessoas a utilizarem esse artifício em


determinadas situações, tais como:

Vamos a um Happy Hour.

Vamos almoçar num Fast-Food.

O estrangeirismo possui duas categorias:

Com aportuguesamento: a grafia e a pronúncia da palavra são adaptadas para o


português.

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Exemplo: abajur (do francês "abat-jour").

Sem aportuguesamento: conserva-se a forma original da palavra.

Exemplo: mouse (do inglês "mouse").

Na redação, vez aqui aplica-se a regra referida anteriormente:

Todas as palavras que sofreram aportuguesamento ou fazem já parte do vocabulário


comum serão escrita sem itálico; caso contrário, utiliza-se o itálico.

1.4.6 Escrever números

A maioria das pessoas considera que os números de um texto formal devem ser
sempre escritos por extenso. Na realidade, existem algumas diretrizes que
determinam se há necessidade de se escrever o número por extenso ou se é possível
escrever o algarismo.

Vejamos algumas regras, comumente utilizadas no uso dos números em textos de


redação empresarial:

• Escreva todo número abaixo de dez por extenso (Exceções: unidades de


medida, idade, tempo, datas, números de páginas, percentagens, valores,
proporções);

• Escreva números sempre que dois ou mais estiverem num mesmo período -
No 4.º dia do evento, 42% dos convidados não compareceram nas 50 mesas
redondas agendadas.

• Nunca misture número com numerais (por extenso) - No 6.º dia do


lançamento, 20% do novo produto ainda não estavam distribuídos.

• Evite começar uma frase com números.

1.4.7 Uso de abreviaturas e siglas

Numa redação, pode ser necessária a utilização de siglas e abreviaturas, mas é


preciso cuidado para que elas estejam corretas.

Abreviaturas
As abreviaturas são formas de reduzir as palavras, a fim de facilitar e tornar a
comunicação mais ágil; a abreviatura é parte da palavra escrita que indica ou

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resume a palavra, por meio da letra inicial, das letras ou sílabas iniciais, de letras
iniciais, medias ou finais.

De acordo com a norma padrão, a abreviatura deve ser feita seguindo a regra geral:

• Primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto


abreviativo.

Exemplos: Adj. (adjetivo); Ed. (edição); Alt. (altitude)

Outras regras devem ser observadas na hora de abreviar uma palavra.

• As palavras devem ser cortadas em consoantes, nunca em vogais. Se a


primeira letra da segunda sílaba for uma vogal, o correto é escrever a palavra
até a consoante seguinte;
• Caso haja acento na primeira sílaba da palavra, ele deve ser mantido
(Exemplo: séc. = século);
• Se a segunda sílaba for iniciada por duas consoantes, as duas devem estar
presentes na abreviação (Exemplo: constr. = construção).

Atenção à diferença entre abreviatura e abreviação: está última é uma forma


reduzida da palavra e compreende na redução da palavra até um limite, de modo
que não haja prejuízo ao entendimento. Por exemplo: mota – motocicleta.

Siglas

A sigla é um tipo de abreviatura utilizada para reduzir nomes de associações,


sociedades, empresas e afins.

Exemplos:

ONU = Organização das Nações Unidas


INE = Instituto Nacional de Estatística

Dica:
• Não use pontos entre as letras da sigla: EUA, e não E.U.A.;
• Para formar o plural, acrescente um s minúsculo: CPIs.
• No caso de siglas estrangeiras explique –as, em vez de traduzi-las
literalmente. Por exemplo, “o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos”.
• Devem ser explicadas na primeira vez que aparecem no texto.

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2 Uso adequado dos sinais de pontuação

Não se pretende, neste ponto, uma introdução à gramática da língua portuguesa,


contudo, é importante relembrar da importância dos sinais de pontuação para uma
redação empresarial irrepreensível e livre de confusões ou ambiguidades.
A pontuação na linguagem funciona como uma espécie de sinalização, guiando e
organizando o texto a ser lido.
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora
não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles
estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala.
Basicamente, têm como finalidade:

• Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;


• Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;
• Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

Na escrita são os sinais de pontuação que garantem a coesão e a coerência interna


dos textos.

Vejamos, a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à


escrita maior clareza, simplicidade e expressão.

2.1 Ponto ( . )

• Indicar o final de uma frase declarativa: Quero ver este filme.


• Separar períodos: Vamos embora. Está frio.
• Abreviar palavras: V. Ex.ª (Vossa Excelência)

2.2 Dois Pontos ( : )

• Iniciar fala de personagens:


A mãe disse:
– Come a sopa!
• Antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de
palavras que explicam e/ou resumem ideias anteriores: Este é o problema
dos dias modernos: já não há paciência para ler.
• Antes de uma citação direta: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor
não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2.3 Reticências (…)

• Indicar dúvidas ou hesitação: Sabes... tenho medo que… não é nada demais.
• Interromper uma frase incompleta sintaticamente: Quem sabe se tentar mais
tarde...
• Concluir uma frase gramaticalmente incompleta com a intenção de estender
a reflexão: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...”

2.4 Ponto de Exclamação ( ! )

• Após vocativo: Ana, boa tarde!


• Final de frases imperativas: Cale-se!
• Após interjeição: Ufa! Que alívio!
• Após palavras ou frases de caráter emotivo, expressivo: Que pena!

2.5 Vírgula ( , )

De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número


de funções.
É utilizada para marcar uma pausa de um enunciado e tem a finalidade de nos
indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase
ou oração, não formam uma unidade sintática.

A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da


continuação do período.

Geralmente é usada:

• Nas datas, para separar o nome da localidade.

Por Exemplo: Lisboa, 25 de agosto de 2019.

• Após os advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.

Por Exemplo:

– Gostou do vestido?
– Sim, adorei!

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• Após a saudação em correspondência (social e comercial).

Por Exemplo: Respeitosamente,

• Para separar termos de uma mesma função sintática.

Por Exemplo: A casa tem três quartos, uma cozinha, três salas e um quintal.

Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo


termo.

• Para destacar elementos intercalados, como:

a) Uma conjunção

Por Exemplo: Estudamos bastante, logo, merecemos férias!

b) Um adjunto adverbial

Por Exemplo: Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.

c) Um vocativo

Por Exemplo: Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.

d) Um aposto:

Por Exemplo: Júlia, aluna maravilhosa, passou no exame.

e) Uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou


antes, etc.)

Por Exemplo: O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos


humanos, tem seu princípio em Deus.

• Para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.

Por Exemplo: O documento de identidade, trouxe?

• Para separar elementos paralelos de um provérbio.

Por Exemplo: Tal pai, tal filho.

• Para indicar a elipse de um termo.


Por Exemplo: O Daniel ficou alegre; eu, triste.

• Para isolar elementos repetidos.


Por Exemplo: A casa, a casa está destruída.

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Para separar orações intercaladas.

Por Exemplo: O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.

• Para separar orações coordenadas assindéticas.

Por Exemplo: tempo não para no porto, não apita na curva, não espera por
ninguém.

• Para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e


algumas orações alternativas.

Por Exemplo: Vá devagar, que o caminho é perigoso.

Atenção:

Embora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes
de sua ocorrência:

Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.

Por Exemplo:

O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.

Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de


"protestou".

2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase


(polissíndeto).

Por Exemplo:

E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição
(adversidade, consequência, por exemplo)

Por Exemplo:

Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

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