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SUSEME – Atenção
1
Primária
Este ebook tem como objetivo preparar para o concurso
SUSEME-acadêmico bolsista.
Indicamos ao aluno que não tem como meta ser aprovado neste concurso
o uso dos conteúdos presentes em nossos cursos do plano PRO, os quais
foram estruturados para reforço universitário
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 5
HIV/AIDS ................................................................................................................................................12
ENDOCARDITE ....................................................................................................................................24
COVID-19 ..............................................................................................................................................40
HANSENÍASE .......................................................................................................................................47
LEISHMANIOSE ...................................................................................................................................53
ASCARIDÍASE ......................................................................................................................................63
ANCILOSTOMÍASE .............................................................................................................................64
ESQUISTOSSOMOSE ........................................................................................................................65
TENÍASE E CISTICERCOSE..............................................................................................................66
ESTRONGILOIDÍASE..........................................................................................................................67
TOXOCARÍASE ....................................................................................................................................68
TRICURÍASE .........................................................................................................................................68
AMEBÍASE .............................................................................................................................................69
GIARDÍASE............................................................................................................................................71
DOENÇAS FÚNGICAS.......................................................................................................................72
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HISTOPLASMOSE ..............................................................................................................................72
PARACOCCIDIOIDOMICOSE..........................................................................................................73
CANDIDÍASE ........................................................................................................................................75
MALÁRIA ...............................................................................................................................................76
LEPTOSPIROSE ...................................................................................................................................80
ARBOVIROSES ....................................................................................................................................83
DENGUE .................................................................................................................................................83
CHIKUNGUNYA ...................................................................................................................................88
ESPOROTRICOSE ...............................................................................................................................98
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INTRODUÇÃO
É muito difícil, para não dizer impossível, encontrar uma prova do SUSEME –
Atenção Primária que não tenha, NO MÍNIMO, duas a três questões de
Infectologia (em 2013 foram 10 questões → 25% da prova!). Nesse sentido, em
um concurso em que uma questão pode fazer você subir várias posições na
classificação, explicar a importância da Infectologia torna-se desnecessário.
Como você já deve ter percebido pelo sumário, o tema é extenso. Mas não
desanime! Ele será abordado de uma forma direcionada para o que realmente cai
em prova, tornando o seu estudo mais produtivo e agradável.
TERAPIA ANTIMICROBIANA
Essa pergunta será frequente tanto no seu internato quanto nos estágios
externos e é difícil encontrar um aluno que não sinta uma certa insegurança ao
respondê-la. Isso porque esse é um tema complexo e que para uma mesma
doença podem existir diversas possibilidades. Além disso, o tratamento sofre
influência da epidemiologia tanto regional quanto intra-hospitalar (patógenos
frequentes em um hospital do Rio de Janeiro pode ser incomum em um hospital
de São Paulo). Devido a esses detalhes que contribuem para a escolha da melhor
antibioticoterapia, na prática médica podemos contar com o auxílio do CCIH
(Centro de Controle de Infecção Hospitalar). Esse setor tem como principais
funções:
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2. Promover constantemente treinamento, capacitação e ações de
orientação da equipe médico-hospitalar sobre prevenção e controle das
infecções hospitalares
3. Usar adequadamente antimicrobianos, germicidas e qualquer outro
produto químico;
4. Divulgar para toda a instituição hospitalar as ações e normas para controle
e prevenção das infecções hospitalares
5. Estabelecer um plano de contingência em caso de infecção detectada
Os antibióticos são usados para tratar infecções do tipo bacteriano (por favor,
não prescrever antibióticos para infecções virais!). Porém, para melhor eficácia
terapêutica, alguns fatores devem ser levados em consideração:
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Doença de base: a doença de base pode influenciar no antibiótico mais
adequado para tratar determinada infecção. Exemplos: pacientes com fibrose
cística possuem maior risco de colonização por Pseudomonas aeruginosa, assim
como alcoólatras possuem maior risco de colonização por Klebsiella pneumoniae.
Isso deve ser pensado em uma situação de tratamento de pneumonia;
Além disso, alguns conceitos que você pode encontrar em questões são os
seguintes:
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tratamentos específicos de cada doença também será tratado em seus
respectivos tópicos específicos. No momento, é importante que você tenha uma
ideia geral:
S. pneumoniae, H. influenzae, N.
meningitidis, Enterobactérias,
Streptococcus agalactiae (grupo
Sistema Nervoso Central B), Listeria monocytogenes,
Staphylococcus spp., M.
tuberculosis
lactobacilos, difteróides,
Gardnerella vaginalis, estafilococos
coagulase negativos,
Staphylococcus aureus,
Streptococcus agalactiae,
Genital
Enterococcus spp., estreptococos
alfa e gama hemolíticos,
Escherichia coli e leveduras.
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Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae,
Streptococcus pyogenes,
Trato respiratório superior Pseudomonas aeruginosa,
Acinetobacter spp., Klebsiella
pneumoniae
Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae,
Staphylococcus aureus,
Trato respiratório inferior Anaeróbios da cavidade oral,
Moraxella catarrhalis, outros Gram
negativos.
S.aureus → Oxacilina
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Lembrando que isso não é regra e os tratamentos específicos serão abordados
em seus respectivos tópicos!
DICA DE PROVA
Quando a indicação clínica é absoluta, o antibiótico que pode ser prescrito a uma
gestante é:
A) Garamicina
B) Tetraciclina
C) Ampicilina
D) Estreptomicina
A) Cefalexina
B) Amoxicilina
C) Eritromicina
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D) Rifampicina
Essa questão já foi cobrada até em concursos para estágio em hospitais privados!
Quimioprofilaxia de meningite por H.influenzae é feita com Rifampicina.
Opção D.
Uma outra questão que o SUSEME “gosta” bastante é sobre abscessos cutâneos,
principalmente em relação à indicação de antibioticoterapia nesses casos.
Adiantamos que após drenagem desse abscesso, é indicado o uso de
antibiótico se a localização for na face! O antibiótico de primeira escolha é a
eritromicina de uso tópico.
A) Todos os abscessos
B) Abscessos na face
C) Abscessos com ruptura espontânea
D) Abscessos com mais de 5 cm de diâmetro
Com relação aos abscessos cutâneos, após sua drenagem, o antibiótico oral,
quando indicado, para uso em alérgicos à penicilina, é:
A) Oxacilina
B) Doxiciclina
C) Eritromicina
D) Vancomicina
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A) Não está indicada a profilaxia em pacientes de alto risco para endocardite
B) A primeira escolha é cefalexina
C) Estão indicados na maioria das situações
D) Estão indicados em abscessos localizados na face
HIV/AIDS
ETIOLOGIA
O causador da AIDS é o HIV (vírus da imunodeficiência humana), pertencente à
família dos retrovírus, ou seja, possuem o RNA como material genético e são
capazes de gerar DNA por meio da enzima transcriptase reversa. O DNA
formado, então, integra-se ao DNA da célula hospedeira através da enzima
integrase. Ao se multiplicar o vírus usa ainda uma terceira enzima chamada de
protease, que cliva as proteínas do próprio vírus em fragmentos menores e
maduras. (essas enzimas em negrito são uma grande dica dos alvos dos
medicamentos anti-HIV)
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Existem dois tipos de vírus (HIV-1 e HIV-2). O HIV-1 é o mais comum e virulento,
enquanto o HIV-2, apesar de ser menos comum, está presente principalmente
no continente africano.
EPIDEMIOLOGIA
Mundialmente, a prevalência tem aumentado, enquanto a incidência tem
diminuído. Isso pode ser explicado por dois fatores principais: a maior eficácia da
terapia antirretroviral permite que as pessoas infectadas tenham maior
expectativa de vida, ao mesmo tempo que o número de casos novos diminui
devido ao maior acesso à informação, facilitando a disseminação das ideias de
prevenção.
TRANSMISSÃO
A principal forma de transmissão é o contato sexual, tanto heterossexual quanto
homossexual. Outras formas menos comuns são: transfusão de sangue ou
outros hemoderivados contaminados, compartilhamento de seringas e agulhas
com pessoas infectadas, exposição ocupacional (acidente com materiais
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biológicos), transmissão vertical (transplacentária in utero ou periparto) e pelo
aleitamento materno.
ESTÁGIOS DA DOENÇA
De forma didática, é possível dividir o curso da infecção em três estágios
principais: Infecção aguda, Latência clínica (portador assintomático) e fase
sintomática (AIDS).
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No entanto, como há grande variação interindividual na produção da
imunidade humoral e entre os testes utilizados nos diferentes
laboratórios, sempre que houver suspeita de infecção aguda pelo HIV com
sorologia negativa, deve-se solicitar o teste de detecção de ácido nucleico,
ou seja, carga viral para HIV, que será positiva nos primeiros 5 dias de
infecção.
2. Latência clínica
Dura 6 anos ou mais em até 85% dos casos! Como sinal, pode haver
apenas linfonodomegalia persistente.
A principal característica desta fase é a grande produção de anticorpos
anti-HIV pela resposta humoral (soroconversão). Assim, há queda na
viremia e consequente latência da doença. Observe, no gráfico acima,
como o pico de anti-HIV é acompanhado da queda de HIV-RNA. A
replicação viral ainda ocorre, mas em menor escala. Nesse sentido, tanto
os testes sorológicos quanto os moleculares são positivos!
3. Fase sintomática
Com o tempo, a replicação viral e liberação do vírus na corrente sanguínea,
com consequente destruição das células, provoca a queda contínua de
linfócitos T-CD4 e aumento de viremia. Dessa forma, sinais e sintomas
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começam a surgir e variam de acordo com os níveis de linfócitos T-CD4:
entre 350 e 200 células/mm³ surgem infecções bacterianas com ou sem
apresentações atípicas, reativação de infecções atípicas e sintomas
constitucionais (febre, perda de peso); quando abaixo de 200
células/mm³, surgem as chamadas doenças definidoras de AIDS,
ocasionadas pela maior gravidade da imunossupressão.
Observe as tabelas abaixo:
Herpes-Zóster Listeriose
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DOENÇAS DEFINIDORAS DE AIDS (LINFÓCITOS T-CD4
ABAIXO DE 200 CÉLULAS/MM³)
Nefropatia ou cardiomiopatia
Leishmaniose atípica disseminada
sintomática associada ao HIV
A) Candidíase oral
B) Leucoplasia pilosa oral
C) Herpes-Zóster
D) Histoplasmose extra-pulmonar
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Como havia sido dito na introdução deste tema, as doenças definidoras de AIDS
já foram cobradas em provas anteriores! Volte sempre às tabelas mostradas
acima para memorizá-las. Dentre as opções, apenas a histoplasmose extra-
pulmonar surge em níveis de linfócitos T abaixo de 200 células/mm³, sendo,
então, definidora de AIDS. Resposta: opção D. As outras opções são
manifestações que podem surgir na AIDS, mas em menor grau de
imunossupressão, com linfócitos T-CD4 entre 350 e 200 células/mm³.
DICA DE PROVA
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico, quando cobrado, não aprofunda em nada o assunto. Geralmente,
esse tipo de questão está relacionado ao conceito de janela imunológica já
abordado, ou seja, a partir de que momento identificamos os anticorpos anti-HIV
pelo método ELISA.
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partir do vigésimo dia pós-infecção (muitas vezes passam essa linha apenas
após 30 a 90 dias!). Até o décimo dia, então, o ideal são os exames que
pesquisam a presença do RNA viral.
TRATAMENTO
Como já foi dito, os esquemas terapêuticos não fazem parte do histórico de
questões das provas do SUSEME – Atenção Primária. Porém, como é “melhor
prevenir do que remediar”, vamos abordar os principais pontos do tratamento!
Existem situações que exigem maior urgência em iniciar o TARV, visto que este
pode impactar de forma positiva na morbimortalidade do paciente. São elas:
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1. PVHIV sintomáticas, principalmente ao manifestarem as doenças
definidoras de AIDS.
2. PVHIV com linfócitos T-CD4 < 350 células/mm³
3. Hepatite B
4. Hepatite C
5. Tuberculose ativa: antes de iniciar a TARV, deve-se avaliar tratar a
Tuberculose
6. Risco cardiovascular elevado: escore de Framingham > 20%
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PRINCIPAIS EFEITOS
CLASSE MEDICAÇÕES
ADVERSOS
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O esquema preferencial determinado pelo Ministério da Saúde é TDF + 3TC +
EFV, enquanto o de segunda linha é TDF + 3TC + LPV/r.
PROFILAXIAS
Assim como o tratamento, esse tópico nunca foi cobrado em prova.
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SEGMENTOS
CRITÉRIO DE
POPULACIONAIS DEFINIÇÃO
INDICAÇÃO PARA PREP
PRIORITÁRIOS
Homens que se
Gays e outros homens que relacionam sexualmente
fazem sexo com homens e/ou afetivamente com
outros homens
E/OU
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O esquema do PREP é com TENOFOVIR (TDF) + ENTRICITABINA (FTC)
ENDOCARDITE
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recebe o nome de endarterite e pode levar a manifestações clínicas semelhantes
às da Endocardite.
PATOGÊNESE
O desenvolvimento da doença requer uma interação entre um ou mais eventos
deflagradores com um ou mais fatores de risco do paciente.
O principal evento deflagrador é a lesão endocárdica, que pode ser causada por
doença reumática, calcificação senil, turbilhonamento do sangue, cardiopatias
congênitas, dentre outros.
Como você bem deve lembrar da Tríade de Virchow, a lesão endotelial promove
agregação plaquetária, o que pode culminar em trombose venosa profunda. Aqui
não é diferente: a lesão no endocárdio promove essa agregação de plaquetas e
fibrina, formando o que chamamos de vegetação. No momento, ela ainda não
está infectada, podendo ser chamada de Endocardite Trombótica Não
Bacteriana (ETNB).
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à vegetação, visto que possuem proteínas de adesão que possuem alta afinidade
pela matriz de plaquetas e fibrina da ETNB.
FATORES DE RISCO
Uso de drogas intravenosas (IV): Quando há aplicação de qualquer droga
intravenosa, qual é a primeira câmara cardíaca que entra em contato com tal
substância? Isso mesmo, o átrio direito (aplicação de droga em veia periférica →
retorno venoso para o átrio direito → ventrículo direito → pulmão → átrio
esquerdo → ventrículo esquerdo → circulação sistêmica). O material injetado
possui partículas que podem lesar o endocárdio, além de poder ser uma ponte
para bactérias que estavam no meio externo.
É por isso que diante de evento deflagrador + uso de drogas IV como fator de
risco, a principal valva acometida é a TRICÚSPIDE (coração direito), apesar de
mais de uma valva poder ser acometida. A principal bactéria envolvida é o
Staphylococcus aureus.
Nos primeiros meses após a cirurgia, as valvas mecânicas geram maior risco de
desenvolvimento da doença. Porém, foi observado que após cinco anos, a taxa
de infecção é semelhante entre as valvas mecânica e biológica.
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Doença estrutural cardíaca: Atualmente, é o fator de risco mais associado à
endocardite (cerca de 75% dos pacientes possuem tal fator de risco). Mas não
confunda: ela não é a que gera maior risco de desenvolvimento da doença! A
explicação é que a população com doença estrutural cardíaca é maior que a
população com prótese valvar. Logo, se analisarmos todos os pacientes com
endocardite, o número de pacientes em que o fator de risco associado será
doença estrutural cardíaca vai ser maior do que os pacientes com prótese valvar.
Como a expectativa de vida aumenta cada vez mais, assim como as
comorbidades, o maior número de colocação anual de prótese valvar pode gerar
uma mudança nesse dado epidemiológico, em que a prótese valvar se tornará o
principal fator de risco associado à endocardite!
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DICA DE PROVA
QUADRO CLÍNICO
De um quadro insidioso à sepse, a endocardite infecciosa possui manifestações
clínicas variadas. A febre é a mais comum, seguida do sopro cardíaco. Estes
achados geralmente estarão no enunciado da questão!
ENDOCARDITE SUBAGUDA
Febre baixa por semanas ou meses, sudorese noturna, fadiga, astenia, perda
ponderal, sopro cardíaco na ausculta. Pode haver artrite ou mialgias difusas.
ENDOCARDITE AGUDA
Quadro toxêmico, com febre elevada, sopro cardíaco e prostração. No laboratório
há leucocitose e VHS também elevada!
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Em relação aos achados periféricos clássicos, que eventualmente podem ser
cobrados em prova, observe a tabela abaixo:
Baqueteamento digital
Glomerulonefrite
DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico definitivo, são utilizados os critérios de Duke modificados, em
que são necessários dois critérios maiores ou um maior + três menores ou
cinco menores.
MAIORES
1. Hemocultura positiva
a) Microrganismos típicos isolados em duas amostras: S.bovis,
organismos HACEK, S.aureus ou enterococos.
b) Hemoculturas persistentemente positivas: duas hemoculturas
positivas com mais de 12 horas de diferença ou três hemoculturas
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positivas com pelo menos uma hora de intervalo entre a primeira e a
última ou quatro ou mais hemoculturas com a maioria delas positiva e
pelo menos uma hora de intervalo entre a primeira e a última.
c) Uma única cultura positiva para Coxiella burnetii.
MENORES
1. Condição predisponente
2. Febre ≥ 38°C
3. Fenômenos vasculares: embolia arterial, êmbolos pulmonares sépticos,
hemorragia intracraniana, lesões de Jeneway
4. Fenômenos imunológicos
5. Evidências microbiológicas: hemoculturas positivas que não preenchem
critérios maiores ou evidências sorológicas de infecção ativa
TRATAMENTO
Deve ser prolongado, com doses elevadas e administração parenteral. Isso
porque o local onde a vegetação está localizada não possui vascularização, o que
dificulta a ação dos antibióticos no local.
Como o objetivo desta apostila não é esgotar totalmente o assunto, vamos focar
no tratamento empírico, que é o mais cobrado em provas. Para isso, podemos
utilizar a tabela abaixo (Cecil, 24ª edição):
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CARACTERÍSTICA DO MICRORGANISMO MAIS
TRATAMENTO
PACIENTE ENVOLVIDO
Oxacilina 2g IV 4/4h +
Penicilina G 4mi de
Valva nativa, infecção S.aureus, Estreptococos,
unidades IV 4/4h +
comunitária Enterococo
Gentamicina 1mg/kg IV
8/8h
PROFILAXIA
As indicações atuais são para procedimentos dentários ou cirúrgicos nos casos
em que, caso ocorresse endocardite infecciosa, apresentariam pior prognóstico:
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• Presença de valvas protéticas
• História prévia de Endocardite
• Doenças Cardíacas Congênitas
• Transplantados cardíacos que desenvolvem valvulopatias
INFECÇÕES VIRAIS
A banca não poderia ser mais generalista, não é mesmo? O que ela quis dizer
com infecções virais? É preciso estudar todos os tipos de viroses? Aliás, por que,
então, separar esse tema de outras infecções virais, como HIV, Hepatites virais e
arboviroses? Pois é, compreendemos que é realmente complicado, em alguns
momentos, entender as exigências dessa banca, mas não desanime! As provas
anteriores mostram que as infecções pelo Influenza, Sarampo e Raiva lideram
esse grupo de infecções (que não são abordadas em outros tópicos deste ebook).
Por isso, o foco será nessas doenças.
INFLUENZA
Os tópicos mais abordados dessa infecção são o tratamento e os fatores de risco
para complicações.
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A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da
influenza, com grande potencial de transmissão.
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6. Pneumopatias (incluindo asma);
7. Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica);
8. Nefropatias;
9. Hepatopatias;
10. Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
11. Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus);
12. Transtornos neurológicos que podem comprometer a função respiratória
ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesões medulares,
epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome de Down, atraso de
desenvolvimento, AVC ou doenças neuromusculares);
13. Imunossupressão (incluindo medicamentosa ou pelo vírus da
imunodeficiência humana);
14. Obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 40 em adultos);
15. Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado com ácido
acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye).
SARAMPO
Recentemente (2019), foi observado um surto de sarampo no estado de São
Paulo. Isso pode ser motivo suficiente para chamar a atenção da banca
examinadora.
DICA DE PROVA
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Sua transmissão ocorre por gotículas respiratórias eliminadas pelos pessoas
infectadas, assim como aerossóis em menor frequência. Indivíduos não
vacinados e pacientes imunodeprimidos normalmente estão mais susceptíveis a
contrair a doença e de apresentarem quadros mais graves.
A doença pode evoluir com algumas complicações. Nas crianças, a mais comum
é a otite média aguda. Também podem ocorrer encefalomielite aguda
disseminada, diarreia, pneumonia (devido à necrose do epitélio respiratório pela
instalação dos vírus, facilitando a infecção bacteriana secundária),
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laringotraqueobronquite (crupe) e cegueira (por lesões corneanas). Há também
uma complicação mais rara, a panencefalite subaguda esclerosante, que vai
comprometer o sistema nervoso central, sendo um quadro muito mais grave.
Veja, abaixo, como esse tema foi cobrado na prova de 2014 do SUSEME –
Atenção Primária:
No Brasil, até agosto de 2018, já haviam sido notificados mais de mil casos de
sarampo, segundo o Ministério da Saúde. Desde 1999, o Brasil não registrava
número tão alto de casos confirmados em um único ano. A complicação mais
frequente em crianças com sarampo é:
A) Pneumonia lobar
B) Otite média aguda
C) Encefalite aguda
D) Hepatite crônica
RAIVA
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive
o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com
letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero
Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com
uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O
período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade
da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do
animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos
nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.
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Após o período de incubação, o quadro clínico pode cursar com sintomas
inespecíficos (febre, mal-estar, anorexia, náuseas) e outros mais sugestivos de
raiva, como hidrofobia e irritabilidade. Pode complicar com delírium e
espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões.
O diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de
imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual
ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de folículos pilosos). A
sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir
a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância
para a confirmação diagnóstica.
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Lavar com água Lavar com água Lavar com água
e sabão e sabão e sabão
Contato Indireto
Iniciar esquema
Lavar com água profilático com 2
e sabão doses, uma no dia
0 e outra no dia 3
Acidentes leves: Observar animal
durante 10 dias Observar animal
Ferimentos após exposição por 10 dias Lavar com água
superficiais, pouco e sabão
extensos, Se a suspeita de
Se o animal Iniciar
geralmente raiva for
permanecer sadio imediatamente o
únicos, em tronco descartada após
no período de esquema
e membros 10º dia de
observação, profilático com 5
(exceto mãos e observação,
encerrar o caso doses de vacina
polpas digitais e suspender
planta dos pés); esquema administradas nos
Se o animal morrer, profilático dias 0, 3, 7, 14 e
Lambedura de desaparecer ou se 28
pele com lesões tornar raivoso, Se animal morrer,
superficiais administrar 5 desaparecer ou se
doses de vacina tornar raivoso,
(dias 0, 3, 7, 14 e completar o
28) esquema até 5
doses. Aplicar uma
dose entre o 7º e
10º dia e uma dose
nos dias 14 e 28
38
Iniciar esquema
profilático com 2
Acidentes graves
doses, (dia 0
e dia 3)
Ferimentos na
cabeça, face, Lavar com água e
Observar animal
pescoço, mãos, sabão
durante 10 dias
polpas digitais Iniciar esquema
e/ou planta do pé profilático com
Lavar com água Lavar as mãos com
Ferimentos soro e 5 doses de
e sabão água e sabão
profundos, vacina nos dias 0,
múltiplos ou 3, 7, 14 e 28 Iniciar
Se animal
extensos, em Observar animal imediatamente o
permanecer sadio,
qualquer região por 10 dias esquema
encerrar o caso
do corpo profilático com
Se a suspeita de
Se o animal morrer, soro e 5 doses de
Lambedura de raiva for
desaparecer ou se vacina
mucosas descartada após
tornar raivoso, dar administradas nos
10º dia de
continuidade ao dias 0, 3, 7, 14 e
Lambedura de observação,
esquema 28
pele onda já havia suspender o
profilático,
lesão grave esquema
administrar soro e
profilático e
completar o
Ferimento encerrar o caso
esquema até cinco
profundo causado
doses. Uma dose
por unha de
entre o 7º e 10º dia
animal
e uma nos dias 14
e 28
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COVID-19
O ano de 2020, sem dúvidas, ficará marcado pela pandemia da COVID-19, assim
como gerações anteriores ficaram marcadas pela Peste Negra e Gripe
Espanhola, por exemplo. Nesse sentido, espera-se que em algum momento
futuro esse tema seja cobrado nos concursos de Acadêmico Bolsista.
Vamos abordar os principais pontos dessa doença e como ela pode ser
contextualizada em uma questão.
AGENTE ETIOLÓGICO
A COVID-19 é causada pelo vírus SARS-CoV-2. Aliás, embora poucos saibam,
a sigla COVID-19 significa COrona VIrus Disease (Doença do Coronavírus),
enquanto “19” se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na
China, foram divulgados publicamente pelo governo chinês no final de
dezembro.
Acredita-se que o vírus tenha uma origem zoonótica, uma vez que os primeiros
casos confirmados tinham ligações com o Mercado Atacadista de Frutos do Mar
de Huanan; - além da semelhança genética do vírus causador da doença em
humanos com o vírus isolado em morcegos. A sequência genômica do SARS-
CoV-2 demonstra semelhança de 79% com o SARS-CoV-1, 50%, com o MERS-
CoV e 88% e com dois coronavírus de morcegos.
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QUADRO CLÍNICO
A COVID-19 é uma doença sistêmica que apresenta um espectro clínico que
varia de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com
COVID-19 pode ser assintomáticos ou oligossintomáticos, e aproximadamente
20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem
dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de
suporte ventilatório.
Essa síndrome respiratória febril aguda pode ser confundida com uma série de
outras doenças comuns, no período do outono-inverno, com o vírus influenza A
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e B e, nas crianças abaixo de cinco anos, devemos atentar para o vírus sincicial
respiratório (VSR).
COMPLICAÇÕES
As complicações mais graves são SDRA, sepse e choque séptico. Aliás, a
principal causa de Síndrome do Desconforto Respiratório Aguda (SDRA, antiga
SARA) é a sepse!
Os tópicos de sepse e choque séptico, em si, não estão presentes no edital das
provas de Atenção Primária. Porém, é importante saber que eles podem estar
envolvidos em evolução grave de infecções virais e bacterianas.
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GRUPOS DE RISCO
São populações que possuem maior chance de evoluir com a forma grave da
doença.
DIAGNÓSTICO
Além do quadro clínico sugestivo, existem exames que podem auxiliar no
diagnóstico:
RT-PCR → Do inglês reverse-transcriptase polymerase chain reaction, é
considerado o padrão-ouro no diagnóstico da COVID-19, cuja confirmação é
obtida através da detecção do RNA do SARS-CoV-2 na amostra analisada,
preferencialmente obtida de raspado de nasofaringe (swab nasal).
A coleta pode ser feita a partir do 3º dia após o início dos sintomas e até o 10º
dia, pois ao final desse período, a quantidade de RNA tende a diminuir. Ou seja,
o teste RT-PCR normalmente identifica o vírus no período em que está ativo no
organismo, tornando possível aplicar a conduta médica apropriada: internação,
isolamento social ou outro procedimento pertinente para o caso em questão
Para que o teste tenha maior sensibilidade, é recomendado que seja realizado,
pelo menos, 10 dias após o início dos sintomas. Isso se deve ao fato de que
produção de anticorpos no organismo só ocorre depois de um período mínimo
após a exposição ao vírus.
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É importante ressaltar, ainda, que nem todas as pessoas que têm infecção por
SARS-COV-2 desenvolvem anticorpos detectáveis pelas metodologias
disponíveis. Isso é, a sensibilidade não é de 100%, principalmente naquelas
pessoas que apresentaram quadros com sintomas leves ou não apresentam
nenhum sintoma. Desse modo, podem haver resultados falsos negativos na
sorologia mesmo em pessoas que tiveram COVID-19 confirmada por PCR.
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CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO
Esse tópico já foi abordado em relação à pneumonia em provas anteriores. No
caso da COVID-19, ainda não há nenhum tipo de pontuação para definir a
necessidade de internação. Dessa forma, na prática, a presença de um ou mais
critérios de gravidade já indica a internação. Os principais fatores são:
TRATAMENTO
Até o momento de produção deste ebook, nenhum tratamento farmacológico foi
comprovadamente eficaz no combate ao coronavírus, assim como ainda não há
nenhuma vacina aprovada. Nesse sentido, a conduta principal é de suporte
clínico, controlando os sintomas. Porém, diversas possibilidades foram e estão
sendo estudadas. Vamos discutir as principais a seguir:
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Outro ponto importante é a evidência de que sua associação com a azitromicina
aumenta o potencial risco de cardiotoxicidade do antimalárico. Por ora, não há
recomendação do uso.
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duração do tratamento. Pacientes que já usavam corticoide por doença de base
devem manter o uso.
DICA DE PROVA
HANSENÍASE
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clínicos clássicos. Além disso, é importante saber que esta é outra doença de
notificação compulsória.
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Existem algumas formas para classificar esses pacientes, mas a classificação
mais usada na prova da suseme é entre pauci ou multibacilares e feita através
da ectoscopia ou pela baciloscopia:
Caso a baciloscopia seja positiva, com qualquer número de lesões, o caso será
considerado multibacilar.
Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros. Pode ser
individual ou constituir aglomerado de placas.
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Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem,
também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior
frequência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
Além das lesões de pele, nervos periféricos podem ser acometidos. Essas lesões
são decorrentes de processos inflamatórios (neurites) e podem ser causados
tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo
ou por ambas. Elas manifestam-se através de:
• pela face → Trigêmeo e facial, que podem causar alterações na face, nos
olhos e no nariz
• pelos braços → Radial, ulnar e mediano, que podem causar alterações nos
braços e mãos
• pelas pernas → Fibular comum e tibial posterior, que podem causar
alterações nas pernas e pés.
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D) ulnar, tibial e femoral
Questão que faria qualquer aluno que não se preparou com o Jaleko ficar
apavorado! Acabamos de mostrar os principais nervos periféricos acometidos na
Hanseníase. Analisando as opções temos: opções A e D: erradas, femoral não
está envolvido! Opção C: errada, tocacodorsal não está envolvido! Resposta:
opção B.
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2. Dapsona: Dose mensal de 100mg supervisionada e dose diária de 100mg
autoadministrada
3. Clofazimina: Dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com
administração supervisionada e uma dose diária de 50mg
autoadministrada
A) clofazimina
B) dapsona
C) rifampicina
D) ofloxacino
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Vamos às opções: A → errada, a evolução da doença possui grande relação com
o grau de imunidade da pessoa acometida, sendo mais grave nos
imunodeprimidos. B → errada, o M. leprae possui ALTA infectividade e BAIXA
patogenicidade. C → correta. D → a Hanseníase não é causada pelo
Mycobacterium bovis.
LEISHMANIOSE
O quadro clínico cursa com lesões na pele e/ou mucosas. As lesões de pele
podem ser única, múltiplas, disseminada ou difusa. Elas apresentam aspecto de
úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor.
53
As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta. Quando
atingem o nariz, podem ocorrer:
• entupimentos;
• sangramentos;
• coriza;
• aparecimento de crostas;
• feridas.
• dor ao engolir;
• rouquidão;
• tosse.
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O tratamento específico é feito com o Antimoniato de Meglumina
(Glucantime®), por via intravenosa ou intramuscular, sendo que em lesões
menores do que 3 cm, pode-se optar por tratamento com essa medicação tópica
(intralesional).
No quadro clínico, após a picada, parasitos inoculados no homem pelo vetor, são
fagocitados por macrófagos e um nódulo de base dura é gerado no local. Em
muitos casos, os nódulos regridem espontaneamente e não ocorre evolução
visceral, porém em uma parcela de indivíduos pode ocorrer adinamia, perda de
apetite, palidez, febre irregular e eosinofilia. A esses achados, seguem-se
aumento marcante do baço e moderado do fígado (hepatoesplenomegalia),
secundário à hiperproliferação de macrófagos que passam a obstruir a drenagem
venosa desses órgãos e gerar congestão. Na medula óssea vermelha, a
55
intensidade da proliferação de macrófagos passa a substituir outras linhagens
celulares, gerando anemia, leucopenia com monocitose e plaquetopenia
(pancitopenia). Nessa fase, o paciente fica suscetível a infecções oportunistas e
a sangramentos. A evolução clínica pode ser rápida com caráter fulminante ou
pode cronificar gerando desnutrição e fibrose dos órgãos acometidos.
O diagnóstico pode ser feito por meio das sorologias (IgM e IgG) para
leishamiose no sangue e Imunofluorescência Indireta, porém a sensibilidade não
é boa e pode haver reações cruzadas. Diferentemente da Leishmaniose
Tegumentar, a reação de Montenegro é negativa na atividade de doença visceral.
Dentre os métodos de pesquisa direta do parasita, pode-se fazer punção do baço
(sensível) e hepática, aspirado de medula óssea – Padrão ouro e teste rápido
Rk39 (exame sorológico para antígenos da L. chagasi, com boa sensibilidade e
especificidade).
56
medidas, muitas vezes realizadas de forma isolada, não apresentaram
efetividade para redução da incidência da doença, determinando a necessidade
de reavaliação das ações propostas pelo Programa de Controle da Leishmaniose
Visceral (PCLV), no Brasil.
Fica claro com essa questão que você não precisa se preocupar em aprofundar
esse conteúdo. Vamos analisar as opções: O exame parasitológico é feito,
preferencialmente, com aspirado de medula óssea (padrão-ouro) – opção B
errada. O período de incubação, no homem, varia de 10 dias a 24 meses – opção
C errada. A transmissão ocorre pela picada da FÊMEA dos flebotomídeos da
Lutzomyia – opção D errada. Resta-nos, como melhor alternativa, a opção A.
DOENÇA DE CHAGAS
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É causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário flagelado.
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divisão binária simples → A seguir, ocorre a diferenciação dos amastigotas em
tripomastigotas, que são liberados da célula → quando as tripomastigotas
atingem a corrente sanguínea, elas podem ser destruídas pelo sistema
imunológico do hospedeiro, ser ingeridas pelos triatomíneos (gera novo ciclo
extracelular) ou parasitar outras células para gerar um novo ciclo intracelular.
Após infectar o ser humano, o período de incubação varia entre uma e três
semanas. Nas infecções transfusionais, esse período costuma ser mais longo e
pode estender-se até mais de 60 dias.
TRANSMISSÃO
A doença de chagas pode ser transmitida de diversas formas, apesar de a mais
estudada ser a transmissão pelo vetor:
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QUADRO CLÍNICO
Pode se apresentar de forma aguda ou crônica. Esta última, ainda, pode evoluir
com formas latente, cardíaca ou digestiva, principalmente.
DIAGNÓSTICO
Além de dados epidemiológicos, história clínica compatível e exame físico
sugestivo, podemos contar com alguns exames para auxiliar no diagnóstico.
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Fase crônica → Investigação é essencialmente sorológica e deve ser realizado
um teste de elevada sensibilidade em conjunto com outro de alta especificidade.
Os testes de ELISA, HAI e IFI são os indicados para determinar o diagnóstico. A
confirmação ocorre quando pelo menos dois testes são reagentes, sendo
preferencialmente um destes o ELISA. Devido à parasitemia pouco evidente na
fase crônica, os métodos parasitológicos convencionais (hemocultivo e
xenodiagnóstico) são de baixa sensibilidade, o que implica em pouco valor
diagnóstico.
TRATAMENTO
O tratamento específico pode ser realizado com benznidazol, (medicamento de
primeira escolha) ou nifurtimox (que não está disponível no Brasil) e tem uma
duração média de 60 dias. Quanto mais cedo for feito o tratamento, maiores são
as chances de cura da pessoa infectada. Uma pessoa infectada que seja
diagnostica na fase aguda e receba o tratamento adequado tem
aproximadamente 100% de chance de cura.
PARASITOSES INTESTINAIS
Calma, nós sabemos que parasitologia não é um dos assuntos mais queridos
pelos acadêmicos de Medicina. Isso porque ao estudarmos diferentes
parasitoses, o “fluxo” normal é começarmos a embaralhar as informações
(quando não nos entregamos ao sono antes, né?).
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Por sorte, a banca do SUSEME parece concordar com essa visão, pois as provas
anteriores não cobram nada de forma aprofundada sobre o tema. O foco das
questões limita-se ao tratamento e à algumas características marcantes de
determinadas parasitoses. Esses pontos principais serão abordados a seguir!
As parasitoses podem ser divididas entre as que são causadas por protozoários
(amebíase e giardíase) e as que são causadas por helmintos (ascaridíase,
ancilostomíase, estrongiloidíase, toxocaríase, esquistossomose, teníase e
cisticercose). As mais cobradas em prova são as helmintíases.
Outra divisão possível é a forma de infestação: pode ser pela ingestão de ovos
ou cistos (infestação fecal-oral) ou a partir da penetração da larva pela pele do
indivíduo (infestação cutânea).
Antes de abordá-las, é preciso que você fixe uma informação importante: alguns
helmintos, durante seu ciclo de vida, passam pelos alvéolos pulmonares para
posteriormente migrarem pela árvore traqueobrônquica, sendo deglutidos e
maturados no instestino. Essa fase pulmonar é chamada de ciclo de looss e gera
sintomas respiratórios (tosse seca, broncoespasmo, dispneia) que constituem a
síndrome de Loeffler.
A pergunta que pode surgir, então, é: quais parasitas realizam esse ciclo de Looss
e, consequentemente, geram a síndrome de Loeffler?
Necator americanus
Ancylostoma duodenale
Strongyloides stercoralis
Ascaris lumbricoides
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Isso mesmo, a NASA pode garantir uma questão na sua prova! A Toxocara canis
(larva migrans visceral), como veremos posteriormente, pode, eventualmente,
passar pelo pulmão e provocar sintomas respiratórios, mas não chega a ser um
ciclo de looss verdadeiro. É importante saber isso porque não sabemos quando
encontraremos uma questão mal feita. Assim, na ausência dos componentes da
NASA entre as opções, procure pela Toxocara canis.
ASCARIDÍASE
É a parasitose mais prevalente do mundo! É causada pelo Ascaris lumbricoides,
que vive no jejuno do ser humano.
Verme adulto libera ovos no jejuno → ovos são eliminados junto com as fezes →
no ambiente, em condições ideais, forma-se a larva no interior do ovo → ingestão
do ovo pelo ser humano (por água ou alimentos contaminados) → eclosão da
larva no lúmen intestinal → larva penetra na mucosa intestinal, seguindo pela
corrente sanguínea ou linfática → chegam aos pulmões (ciclo de looss/Síndrome
de Loeffler) → após maturação por aproximadamente 10 dias, sobem pela árvore
traqueobrônquica → são deglutidos → chegam ao intestino, onde amadurecem.
O diagnóstico é dado pela pesquisa de ovos nas fezes (pode-se usar o método
Lutz ou Hoffman para ovos inférteis e Faust para ovos férteis).
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✓ Com obstrução → Piperazina + óleo mineral e, posteriormente,
mebendazol.
ANCILOSTOMÍASE
Essa é a famosa doença do Jeca Tatu, personagem criado por Monteiro Lobato,
que andava descalço, vivia com uma fadiga inexplicada e apresentava um
aspecto pálido.
Como vimos anteriormente, esse é um dos parasitas que fazem infecção por via
cutânea. Nesse sentido, o indivíduo pode apresentar dermatite maculopapulosa
pruriginosa no local de penetração.
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O diagnóstico é feito pela pesquisa de ovos nas fezes, podendo ser usado o
método de Willis, que possui boa sensibilidade para ovos de baixo peso.
ESQUISTOSSOMOSE
Diferentemente do que se possa imaginar (devido à sua importância nos
vestibulares), são raras as questões que abordam essa parasitose nas provas de
Acadêmico Bolsista.
O verme adulto vive no sistema venoso mesentérico. A fêmea põe seus ovos no
plexo venoso da junção retossigmoide. O ovo, então, pode ter três destinos:
Quando os ovos são eliminados nas fezes, segue o ciclo: os ovos, na água,
liberam seu embrião (miracídio) → miracídio penetra o caramujo do gênero
Biomphalaria → miracídios dão origem a centenas de cercarias → cercárias
penetram a pele do ser humano (infestação cutânea).
O quadro clínico pode variar desde formas assintomáticas até formas agudas ou
crônicas e é ainda menos abordado em provas.
O diagnóstico é feito pela pesquisa de ovos nas fezes (Lutz e Kato-Katz), biópsia
na mucosa retal (ovo pode ficar retido).
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Tratamento → Praziquantel (primeira opção) ou Oxaminique.
1. Gestação
2. Amamentação (se for preciso medicar a nutriz, esta só pode amamentar
após 72 horas)
3. Crianças menores de 02 anos
4. Insuficiência hepática grave
5. Insuficiência renal ou outras formas de descompensação clínica
TENÍASE E CISTICERCOSE
Essa parasitose também, apesar de clássica, é pouco importante para as provas.
Os pontos principais são:
A teníase pode ser causada pela Taenia solium e Taenia saginata, enquanto a
cisticercose é causada apenas pela Taenia solium.
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O diagnóstico da teníase é feito pela detecção de ovos (não diferencia as duas
espécies) ou proglotes (método de tamização, identifica a espécie) nas fezes. No
caso da neurocisticercose, o diagnóstico costuma ser feito por meio de uma
combinação de fatores: clínica + neuroimagem + testes sorológicos + análise de
líquor + história de exposição. Ainda assim, o diagnóstico de certeza não é
possível na maioria das vezes.
ESTRONGILOIDÍASE
Causada pelo Strongyloides stercoralis, um dos componentes da NASA e de
infestação cutânea, é capaz de se replicar dentro do hospedeiro humano, o que
é incomum nas parasitoses.
Pode gerar ciclos de autoinfecção, quando a larva rabditoide, que seria eliminada
nas fezes, se transforma em filarioide ainda no lúmen intestinal ou na região
perianal. A larva filarioide, então, penetra novamente e gera um novo ciclo.
O diagnóstico pode ser feito com a pesquisa de larvas rabditoides nas fezes
(método Baerman-moraes) e sorologia.
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TOXOCARÍASE
É causada pelo Toxocara canis e também é chamada de larva migrans visceral.
Esse nome é explicado pelo fato de o ser humano ser um hospedeiro acidental
nessa parasitose. Nesse sentido, pode-se dizer, de modo didático, que esse
parasita fica sem saber o que fazer no organismo humano, o que faz com que ele
migre sem direção específica pelas visceras. É por isso que destacamos, nos
conceitos iniciais de parasitoses intestinais, que esse parasita não realiza um
verdadeiro ciclo de looss, visto que sua passagem pelo pulmão pode nem mesmo
ocorrer.
TRICURÍASE
Agente etiológico: Trichuris trichiura
Se você está achando que isso nunca seria cobrado, veja esta questão de 2012
de uma prova anterior do SUSEME – Atenção Primária:
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A) Amebíase
B) Ascaridíase
C) Tricuríase
D) Giardíase
ENTEROBÍASE (OXIURÍASE)
Agente etiológico: Enterobius vermiculares.
Vivem no intestino grosso e migram para a região anal, onde liberam seus ovos.
A transmissão é fecal-oral e é mais comum na idade escolar.
AMEBÍASE
Agente etiológico: Entamoeba histolytica. A forma trofozoíto (adulta) vive no
intestino grosso.
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Pode haver invasão de mucosa intestinal e de correte sanguínea, provocando
colite sintomática (nota-se diarreia com sangue e muco) e abscessos
(principalmente em fígado, pulmões e cérebro), respectivamente. Apesar da
possível evolução mais grave, a maioria dos pacientes é assintomática.
O diagnóstico pode ser feito com sorologia (importante para a forma invasiva),
pesquisa de trofozoítos ou cistos em fezes (03 amostras para Exame
Parasitológico de Fezes – EPF) e aspirado de abscessos.
• Entamoeba gingivalis
• Entamoeba coli
• Entamoeba nana
• Entamoeba hominis
Como dica para prova: se não for Entamoeba histolytica, provavelmente não
precisa tratar.
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GIARDÍASE
Agente etiológico: Giardia lamblia.
Vamos analisar as opções: opção A: errada, o albendazol pode ser usado para o
tratamento da ancilostomíase, não para prevenção. Opção B: correta,
albendazol e mebendazol são anti-helmínticos clássicos para o tratamento da
ascaridíase. Opção C: errada, o tratamento da enterobíase é feito principalmente
com metronidazol associado à algum agente luminal (como a paramomicina).
Opção D: errada, o tratamento da ascaridíase pode ser feito com albendazol,
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mebendazol, pamoato de pirantel e, em suas formas complicadas (com
obstrução intestinal), utiliza-se piperazina + óleo mineral.
DOENÇAS FÚNGICAS
Algumas doenças fúngicas que não são bem abordadas em outros módulos e
que, eventualmente podem ser cobradas, são:
HISTOPLASMOSE
É uma micose pulmonar primária causada pelo fungo Histoplasma capsulatum.
A clínica desta micose é influenciada pelo estado imunológico (também pode
estar presente em forma mais grave em pacientes com AIDS) e nutricional do
paciente, bem como por sua idade. Outro fator importante para determinar o
curso da doença é a quantidade de propágulos fúngicos inalados. Também
conhecida como doença de Darling, nome de seu descobridor, a histoplasmose
é uma doença considerada uma zoonose pela Organização Mundial da Saúde.
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PTIRÍASE VERSICOLOR
Causada pelos agentes do gênero Malassezia (M. globosa, M. sympodialis, M.
restricta, M. obtusa, M. furfur), a ptiríase versicolor é também conhecida como
“micose de praia”, tinea versicolor ou pano branco. Micose comum na
adolescência, período de maior oleosidade da pele. Trata-se de uma micose
superficial benigna e crônica.
O tratamento pode ser tópico e/ou sistêmico feito com as seguintes medicações:
Sulfeto de selênio 2,5%, em base detergente, Hipossulfito de sódio a 25%,
Shampoo de cetoconazol ou 200 mg/dia, por 10 dias via oral, Itraconazol
200mg/dia ou fluconazol 150mg/semana, durante 3 semanas, têm mostrado boa
tolerância.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Tem como agente etiológico o Paracoccidioides brasiliensis, que pertence à
família Moniliaceae, e é conhecida como bastomicose sul-americana. P.
brasiliensis é um fungo assexuado e termodimórfico (leveduriforme a 33-37oC e
filamentoso entre 19-28oC).
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mais atingidos os linfonodos submandibulares e os das cadeias cervicais
anteriores e posteriores. Segue-se as seguintes cadeias em frequência de
comprometimento: supraclaviculares e axilares, sendo de baixa frequência o
comprometimento de outras cadeias. Os pacientes ainda podem apresentar
hepatomegalia e esplenomegalia, lesões da mucosa oral, lesões ósseas e
intestinais, porém, em menor frequência. Outros sintomas sistêmicos que podem
surgir são febre, hipodinamia e perda ponderal. Necrose e supuração de
linfonodos, bem como lesões de pele que evoluem são sinais de piora clínica.
Lesões cutâneas são observadas em 20-30% dos pacientes, na forma aguda são
múltiplas e prevalecem na face, couro cabeludo, tórax e membros superiores
formando placas eritemato-violáceas que evoluem com ulceração central, fundo
granulomatoso e bordos elevados. Na forma crônica a face é acometida na região
perilabial e nasal, alguns casos atingem pálpebras e orelhas.
O diagnóstico pode ser feito, além da clínica, por meio de exame micológico
direto e sorologia.
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CANDIDÍASE
A Candidíase é uma infecção provocada por fungos, sendo o mais frequente
a Cândida albicans, que pode acometer as regiões inguinal, vaginal, perianal e
períneo. É um fungo que já existe em pequenas quantidades no organismo da
mulher e vive em equilíbrio com a flora vaginal. Pode acometer tanto mulheres
quanto homens.
Geralmente, a candidíase está associada à queda da imunidade, ao uso de
antibióticos, anticoncepcionais, imunossupressores e corticoides, à gravidez,
diabetes, alergias e ao HPV (papiloma vírus).
Nas mulheres
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MALÁRIA
AGENTE ETIOLÓGICO
Plasmodium sp. → P.vivax, P.falciparum e P.malariae, principalmente. O mais
comum é o P.vivax, enquanto o mais letal é o P.falciparum.
VETOR
São as fêmeas do mosquito do gênero Anopheles.
EPIDEMIOLOGIA
O dado mais importante é a concentração da transmissão na região Amazônica
no Brasil. Os poucos casos observados fora dessa região estão relacionados à
indivíduos que estiveram recentemente no local ou em outros países endêmicos,
como África e Paraguai.
CICLO EVOLUTIVO
Essa é a parte que gera maior aversão na maioria dos alunos! Felizmente,
também é um tópico pouco abordado em provas da SUSEME. Então, vamos
direto aos principais pontos:
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reprodução assexuada, gerando os trofozoítas, que são formas
intermediárias. Estas se desenvolverão em esquizonte. O acúmulo de
esquizontes proporciona o rompimento das hemácias, liberando os
merozoítoos na circulação sanguínea, onde invadirão novas hemácias.
DICA DE PROVA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
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SINAIS DE GRAVIDADE NA MALÁRIA
Icterícia Hemoglobinúria
DICA DE PROVA
DIAGNÓSTICO
A primeira escolha no Brasil é a gota-espessa, em que é possível visualizar o
parasito por meio da microscopia óptica.
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menor concentração de sangue. Os segundos não identificam a espécie, mas
pode ser útil em áreas com acesso restrito à saúde.
DICA DE PROVA
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LEPTOSPIROSE
AGENTE ETIOLÓGICO
Leptospira interrogans. Essa bactéria não gera doença nos ratos, possuindo uma
relação de simbiose. Ao serem eliminadas pela urina dos roedores, podem
sobreviver até meses no ambiente
EPIDEMIOLOGIA
É endêmica no Brasil, e em períodos de chuvas pode tornar-se epidêmica! A
maioria dos casos ocorrem nas regiões Sudeste e Sul.
O grupo de maior risco para adquirir essa infecção é formado por pessoas de
baixa renda, em que as moradias possuem condições de saneamento básico
inadequadas, e por determinadas profissões que facilitem o contato com o
agente etiológico, como coletores de lixo.
FISIOPATOGENIA
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Quando acomete rins → gera nefrite intersticial, com maior disfunção do túbulo
contorcido proximal. Classicamente gera lesão renal com potássio baixo ou
normal.
QUADRO CLÍNICO
O período de incubação é, em média, de 1 a 2 semanas. Pode ser dividida em
forma anictérica e íctero-hemorrágica (Síndrome de Weil).
1. Anictérica: pode ser confundida com uma gripe comum ou mesmo com
arboviroses, como a dengue. Febre alta, cefaleia frontal, retro-orbitária,
calafrios, vômitos, mialgia e dor nas panturrilhas são os achados mais
frequentes!
Frequentemente, a forma anictérica apresenta-se como característica
bifásica:
1ª fase: ocorre em 3 a 10 dias → há leptospiremia (positivam
hemocultura), gerando febre e os outros achados. Em seguida, há geração
de anticorpos, que reduzem a bacteremia e reduzem a febre.
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2ª fase: após esse momento inicial, a febre e os achados clínicos retornam
e constata-se a leptospiúria (positivam a urinocultura!). Nessa fase
também pode ocorrer meningite asséptica.
DIAGNÓSTICO
O padrão-ouro é o teste de microaglutinação (microscopia de campo escuro →
avaliação de presença de anticorpos. Lembre-se de que o período de incubação
varia em até duas semanas, o que pode negativar esse teste inicialmente).
TRATAMENTO
A terapêutica também é dividida entre as formas anictérica e íctero-hemorrágica.
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QUIMIOPROFILAXIA
Em casos suspeitos, como contato com enchentes, pode-se realizar
quimioprofilaxia com Doxiciclina 200mg VO, uma vez por semana.
ARBOVIROSES
DENGUE
Dentre as quatro doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (Dengue,
Chikungunya, Zika e Febre Amarela), a dengue é a mais cobrada em provas para
Acadêmico bolsista. As questões clássicas questionam sobre os sinais de alarme!
A Dengue é uma arbovirose (virose transmitida por artrópodes) que pode gerar
quadros leves ou evoluir para grande gravidade. Seu agente causador (ou
etiológico) é um arbovírus de RNA, da família Flaviviridae e do gênero Flavivírus.
São conhecidos cinco sorotipos diferentes: DENV1 (mais comum), DENV2,
DENV3, DENV4 e DENV5. Este último ainda não foi encontrado no Brasil. Como
a infecção confere imunidade ao sorotipo específico (imunidade homóloga),
hipoteticamente, uma pessoa poderia ter dengue 05 vezes.
O Aedes aegypti possui hábitos diurnos e vespertinos, por isso esses são os
horários que se deve ter maiores cuidados com esse vetor.
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Fêmea do Aedes aegypti pica uma pessoa doente (com viremia, ou seja, vírus no
sangue, que é o período de 1 dia antes do surgimento da febre até o 6º dia de
doença) -> vírus se desenvolve no aparelho digestivo do mosquito -> após 8-12
dias migra para as glândulas salivares do mosquito, onde permanece até ser
transmitido à um novo ser humano.
Apesar do nome, o teste não é realizado com um laço. A forma correta segue os
passos:
84
5. Desinflar o manguito e avaliar região no interior do quadrado desenhado
no primeiro passo.
• Escarlatina
• Trombocitopenia
• Hemofilia
• Doenças hepáticas
• Anemia
Sinais de alarme: indicam que haverá evolução para a forma grave da doença
caso não haja tratamento adequado. Geralmente, ocorre na fase de
defervescência da febre (entre 3º e 7º dia) e está relacionada ao aumento da
permeabilidade capilar promovido pelo estado inflamatório gerado pela infecção:
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A dengue hemorrágica é a forma grave da doença. Tudo indica que seja um
quadro multifatorial, dependendo da virulência da cepa infectante, imunidade e
intervalo de tempo entre duas infecções por sorotipos diferentes variando de três
meses a cinco anos. Está relacionada com o agravamento da fragilidade capilar,
podendo gerar sangramentos espontâneos.
A) Ascite
B) Hipotensão postural
C) Hematêmese
D) Hepatoesplenomegalia
DIAGNÓSTICO
A dengue apenas é realmente confirmada com exames laboratoriais específicos:
sorologia IgM, detecção do antígeno NS1, isolamento viral, PCR, imuno-
histoquímica.
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1. IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE ETIOLÓGICO
• Detecção do antígeno NS1: deve ser realizado até o 3º dia do início dos
sintomas! Possui elevada especificidade, podendo chegar a 100%. Porém,
sua sensibilidade não segue o mesmo padrão, variando de 30 a 72%.
TRATAMENTO
O tratamento da dengue consiste em suporte clínico, ou seja, não há nada
específico para combater o vírus em si, deve haver controle dos sintomas. A
maioria dos casos é autolimitado, mas nas situações em que há sinais de alarme,
deve-se solicitar internação em enfermaria, enquanto em vigência de choque, a
internação deve ser em CTI.
1. Hidratação: oral (60 ml/kg/dia) quando não há sinais de alarme nem choque.
Venosa (10 ml/kg na primeira hora em sinal de alarme e 20 ml/kg em 20 minutos
em caso de choque) quando estes últimos estão presentes.
87
2. Sintomáticos: antitérmicos, como paracetamol e dipirona. Antieméticos, como
metoclopramida e bromoprida.
CHIKUNGUNYA
Nesse caso, o mosquito também adquire o vírus picando uma pessoa no período
de viremia (de 2 dias pré-sintomas até 8 dias pós-sintomas, que apesar de
semelhante, diferencia-se do período de viremia da dengue).
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QUADRO CLÍNICO
Outros sintomas que podem surgir nessa fase são: calafrios, conjuntivite,
faringite, neurite. Pode haver linfonodomegalia e erupções cutâneas.
Pode haver melhora do quadro seguida de recaída dos sinais e sintomas. Além
disso, achados menos comuns são: prurido generalizado, depressão e lesões
purpúricas, vesiculares e bolhosas.
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FATORES DE RISCO PARA CRONIFICAÇÃO
DA CHIKUNGUNYA
Sexo feminino
DIAGNÓSTICO
Dentre os exames inespecíficos, o mais observado é leucopenia com linfopenia
menor que 1.000 células/mm³. VHS e PCR geralmente estão elevadas.
TRATAMENTO
Assim como a dengue, não há tratamento específico. Deve-se controlar os
sintomas: paracetamol e dipirona para febre e artralgias (analgésicos mais
potentes, como tramadol e codeína, devem ser considerados em caso de
refratariedade aos analgésicos comuns). Hidratação oral abundante, compressas
frias em articulações acometidas e repouso.
O corticoide pode ser prescrito na fase crônica em pacientes que ainda não
fizeram uso do mesmo.
90
Há evidências de que o REPOUSO articular durante a fase aguda é um
importante fator para evirar que a doença evolua para a forma crônica!
DICA DE PROVA
ZIKA VÍRUS
QUADRO CLÍNICO:
Apesar de mais de 80% dos infectados serem assintomáticos, é importante
saber as manifestações clássicas para as provas. Uma das principais diferenças
em relação à dengue e Chikungunya é que a febre do Zika vírus é baixa e
intermitente. Também podem ocorrer: exantema maculopapular pruriginoso,
hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e cefaleia.
91
Manifestações raras são: odinofagia, edema, tosse seca, hematospermia e
alterações no trato gastrointestinais.
Para evitar a microcefalia, é preconizado que casais que desejem ter filhos e que
pelo menos uma pessoa esteja infectada, devem:
DIAGNÓSTICO
Nos exames inespecíficos, novamente a leucopenia pode estar presente.
Também pode haver trombocitopenia e elevação de LDH, GGT e PCR.
Os exames para detecção direta do vírus são indicados entre o 4º e 7º dia após
início dos sintomas.
92
TRATAMENTO
Também não há tratamento específico. O suporte clínico pode ser feito da
mesma forma que o visto nos casos de Dengue e Chikungunya. Pelo mesmo
motivo exposto quando falamos de Chikungunya, não é indicado o uso de AAS
e AINEs.
RESUMO
Sem dúvida, um dos principais pontos dessa matéria é saber diferenciar Dengue,
Chikungunya e Zika de acordo com as suas manifestações mais sugestivas. O
Ministério da Saúde preparou uma tabela (2017) que ajuda na diferenciação
desses casos na prática clínica (e também nas questões de prova!):
Ausente ou
Febre >38°C > 38°C
subfebril (≤ 38°C)
No 1º ou 2º dia
Rash A partir do 4º dia 2º ou 3º dia
90-100% dos
Frequência 30-50% dos casos 50% dos casos
casos
Artralgia
+ ++ +++
(frequência)
Intensidade da
Leve Leve/moderada Moderada/intensa
artralgia
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Edema de Frequente e de leve Frequente e de
Raro
articulação intensidade moderado a intenso
Cefaleia +++ ++ ++
Hipertrofia
+ +++ ++
ganglionar
Discrasia
++ Ausente +
hemorrágica
+ (em casos
neurológicos e para
Risco de morte +++ crianças com ++
malformações
congênitas graves)
Acometimento
+ +++ ++
neurológico
FEBRE AMARELA
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Agente etiológico: arbovírus da família Flaviviridae e gênero Flavivírus,
constituído de RNA.
2ª fase (toxêmico): essa fase pode surgir horas depois do período de remissão e
é de grande gravidade. Nela, os achados iniciais ressurgem. Pode haver icterícia,
dor abdominal, manifestações hemorrágicas (epistaxe, hematêmese, melena,
hematúria etc.), injúria renal aguda, comprometimento sensitivo, obnubilação e,
por fim, coma e morte. O óbito costuma ocorrer após 6 ou 7 dias do início dos
sintomas.
95
DICA DE PROVA
96
No viajante, as diarreias causadas por bactérias representam de 80 a 90% e as
virais de 5 a 8%. Observe que há diferença em relação às diarreias “normais”, em
que a grande maioria é de etiologia viral. Embora os cuidados individuais de
prevenção como “lavar as mãos, ferver a água e cozinhar bem os alimentos”
sejam práticas que reduzem as infecções, estudos revelam que as pessoas que
seguem essas regras ainda podem ficar doentes, pois a falta de práticas de
higiene nos restaurantes locais é provavelmente o maior contribuinte para o risco
da “diarreia do viajante”.
DICA DE PROVA
97
O diagnóstico é majoritariamente clínico. Os exames de fezes, como o
parasitológico, coprocultura e sangue oculto, são reservados aos casos de maior
gravidade (idosos, presença de comorbidades, febre alta, instabilidade
hemodinâmica, três ou mais episódios de fezes moles por oito horas).
ESPOROTRICOSE
A esporotricose humana não costuma ser tão explorada em provas. Por isso,
seremos pontuais em relação aos seus conceitos.
É uma micose subcutânea que surge quando o fungo do gênero Sporothrix entra
no organismo, por meio de uma ferida na pele. A doença pode afetar tanto
humanos quanto animais.
98
O fungo causador da doença pode se apresentar de duas formas em seu ciclo de
vida: micelial (de filamentos) e levedura (parasitária). Na forma micelial, o fungo
está presente na natureza, no solo rico em material orgânico, nos espinhos de
arbustos, em árvores e vegetação em decomposição. A forma de levedura é a
que pode parasitar o homem e animais.
QUADRO CLÍNICO
Os sintomas da esporotricose aparecem após a contaminação do fungo na pele.
O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto,
podendo evoluir para cura espontânea.
Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões (na
esporotricose disseminada), podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e
febre. Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose. Mas
o fungo também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se como
inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite
infecciosa.
DIAGNÓSTICO
É feito com base em dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais.
99
Técnicas sorológicas são ferramentas diagnósticas que auxiliam no resultado
rápido tanto nos indivíduos que apresentam formas clínicas cutâneas quanto
atípicas, inclusive manifestações sistêmicas de esporotricose.
TRATAMENTO
Os antifúngicos utilizados para o tratamento da esporotricose humana são o
itraconazol, o iodeto de potássio, a terbinafina e o complexo lipídico de
anfotericina B, para as formas graves e disseminadas.
TUBERCULOSE
100
pela ingestão de leite ou derivados não pasteurizados produzidos a partir de
bovinos contaminados. O M. bovis gera tuberculose extrapulmonar com maior
frequência que o M.tuberculosis (principalmente a tuberculose ganglionar).
O bacilo M.tuberculosis foi descoberto pelo cientista Robert Koch. Por isso, não
é incomum escutarmos na rotina médica a frase “paciente com suspeita de BK”,
onde a sigla BK significa Bacilo de Koch.
101
DICA DE PROVA
TRANSMISSÃO
Ocorre por gotículas menores que 5 mícrons (aerossol), que são lançadas ao ar
pela pessoa infectada e bacilífera (capaz de eliminar bacilos por meio da tosse,
fala ou espirro).
102
Grupos de risco para infecção pelo
M.tuberculosis
Presidiários
Índios
Imunodeficientes (portadores
de HIV/AIDS)
Profissionais de saúde
Moradores de rua
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
103
QUADRO CLÍNICO
Também pode ser diferenciado de acordo com o que é mais ou menos comum
em cada tipo de classificação:
104
DICA DE PROVA
DIAGNÓSTICO
105
5. Histopatologia: indicada para diagnóstico de tuberculose extrapulmonar.
Granulomas caseosos são altamente sugestivos de tuberculose, mas não
são patognomônicos.
E o famoso PPD?
DICA DE PROVA
TRATAMENTO
Como você perceberá, os possíveis esquemas terapêuticos utilizam siglas com
as primeiras letras dos fármacos antecipadas pelo número de meses de
utilização. Por isso, já adiantamos: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida,
Etambutol são os classicamente utilizados no tratamento da tuberculose.
106
Esquema básico (para ≥ 10 anos) → 2RIPE/4RI (traduzindo: 2 meses utilizando
Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol + 4 meses de Rifampicina e
Isoniazida, totalizando 6 meses de tratamento).
107
DICA DE PROVA
Neuropatia periférica e
Isoniazida
Encefalopatia
Hepatotoxicidade RIP
Rabdomiólise Pirazinamida
108
Em casos especiais, como intolerância à algum dos fármacos do esquema básico,
três princípios são preconizados:
DICA DE PROVA
HEPATITES VIRAIS
Indo direto ao ponto: o que realmente é cobrado nas provas são os modos de
transmissão (saber que hepatite C é mais comum a transmissão parenteral –
transfusões, compartilhamento de seringas - enquanto a hepatite B predomina
a transmissão sexual) e a sorologia para diagnóstico, PRINCIPALMENTE da
hepatite B!
Apenas com essa simples introdução você já pode acertar questões deste tipo:
109
A) Hepatite A
B) Hepatite B
C) Hepatite C
D) Hepatite G
110
(alanina aminotransferase), também conhecidas como TGO e TGP,
respectivamente. Aliás, no caso de ALT > AST, há forte indício de hepatite viral,
enquanto AST > ALT é mais indicativo de hepatite alcoólica.
HEPATITE B
O quadro clínico pode variar desde casos assintomáticos até quadros mais
graves de insuficiência hepática. Os sintomas, quando presentes, são
semelhantes aos de outras hepatites, com as três fases abordadas
anteriormente.
111
A transmissão pode ocorrer por via sexual (principal forma), vertical (perinatal),
percutânea (compartilhamento de objetos pessoais e acidentes biológicos), por
transfusão sanguínea (rara) e transplante de órgãos.
DICA DE PROVA
112
HBeAg → Antígeno “e” do HBV. É um marcador de replicação viral, indicando
alta infectividade da doença.
A tabela abaixo resume as intepretações que podem ser realizadas a partir dos
resultados da sorologia:
– – – – – – Susceptível
+ – – – – – Incubação
+ + + + – – Fase aguda
+ + – + – – Fase aguda
+ – – + + – final ou doença
+ – – + – – crônica
– – + + – – Convalescência
Imune,
infecção
– – – + + +
passada
recente
Imune,
– – – + – + infecção
passada
Imune,
– – – – – +
vacinado
113
Agora, veja como esse conteúdo cairá na sua prova:
114
A Imunoglobulina humana anti-hepatite B é indicada para pessoas susceptíveis
após exposição ao vírus nas seguintes situações:
HEPATITE C
O diagnóstico não é tão complexo como na Hepatite B (e por isso não costuma
ser tão cobrado). A caracterização da hepatite C aguda deve apresentar um dos
critérios abaixo:
115
HEPATITE A
HEPATITE D
O vírus Delta, como é conhecido, possui uma característica peculiar: seu genoma
e capsídio são próprios, mas são envelopados pelo antígeno “s” do HBV
(HBsAg). Logo, o vírus D apenas existirá em pacientes infectados pelo HBV.
Uma outra dedução correta é que a vacinação para hepatite B também protege
contra a hepatite D.
116
O tratamento é de suporte clínico, tendo como opção o interferon peguilado.
HEPATITE E
Apesar de nunca ter sido cobrado até o momento, existem agravos que também
devem ser notificados! E como agravo, o Ministério da saúde entende: qualquer
dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias
nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de
117
drogas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como agressões e
maus tratos, e lesão autoprovocada.
Perceba que toda doença de notificação imediata é compulsória, mas nem toda
doença de notificação compulsória é imediata.
DICA DE PROVA
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
118
Sarampo e rubéola
Brucelose Febre Maculosa
(doenças exantemáticas)
Leishmaniose tegumentar
Leptospirose Malária
e visceral
Violência doméstica,
Síndrome de
Varicela sexual e/ou outras
Guillain-Barré
violências
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Síndrome Respiratória
Brucelose Febre do Nilo Ocidental Aguda Grave associada
ao Coronavírus
Violência doméstica,
Dengue grave ou óbito Hantavirose
sexual e outras
Doença meningocócica
Difteria Leptospirose
e outras meningites
Sarampo e Rubéola
Zika vírus Malária
(doenças exantemáticas)
120