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Gestão de Recursos Humanos
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Gestão de Recursos Humanos
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar índices utilizados para o dimensionamento e controle de pessoal conforme área
e serviço das UANs, bem como estratégias para a seleção de pessoal e a promoção da quali-
dade de vida e segurança no trabalho.
UNIDADE Gestão de Recursos Humanos
Contextualização
O setor de alimentação ainda é considerado um negócio definitivamente dependen-
te de pessoas, por mais que o uso da tecnologia seja cada vez mais intenso. Por isso,
formar e dispor de uma boa equipe na produção de alimentos é fator essencial para a
garantia de sucesso, em todos os quesitos.
Nesse sentido, nesta Unidade, vamos falar sobre como planejar a quantidade de pes-
soas necessárias nas equipes de acordo com os serviços e o número de refeições, bem
como o que considerar na seleção, no desenvolvimento, no controle e na manutenção
dos recursos humanos.
Para reflexão durante a leitura, coloco a seguinte pergunta: quais são as ações essen-
ciais para montar e manter uma equipe de produção de alimentos competentes?
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Dimensionamento de Pessoal de UAN
O colaborador, dentro da UAN, não representa só uma força de trabalho. Conside-
rando a representatividade do trabalho manual dentro da cozinha, o trabalhador é como
se fosse uma matéria-prima de alta complexidade.
Sabendo que as pessoas são recursos primordiais na cozinha, como definir quantas
pessoas em cada função são necessárias? Vamos olhar para o processo!
Você já parou para pensar sobre o número de pessoas que participam do preparo
de uma torta de frango pedida pelo delivery? Aparentemente, podemos pensar que
uma pessoa somente consegue preparar a torta, mas são muitas etapas que compõem
esse processo. Veja só: cada ingrediente da torta deve ser pedido, comprado, recebido
e armazenado. Então, para o preparo, pessoas devem higienizar os alimentos frescos,
medir/pesar os ingredientes, temperar o frango, fazer a massa, montar a torta e assar.
Mais alguém pega seu pedido e direciona ao entregador. É muita gente envolvida, não?
Com base em algumas referências, podemos ter uma ideia de quantas pessoas são
necessárias em cada função para que o processo aconteça adequadamente, a começar
pela representatividade, em percentual, de cada tipo de cargo.
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Vale ressaltar que essa é uma distribuição de cargos considerando que o processo
exija todas essas atividades. Porém, o dimensionamento de pessoal vai depender do tipo
do local (empresa, hospital, spa, restaurante comercial, escola, hotel, casa de repouso);
da quantidade e dos tipos de equipamentos; do tipo de construção (horizontal, vertical,
em um ou mais pavimentos); do tipo de clientela, cardápio e serviço; do número de
refeições a serem servidas; do padrão de atendimento (à francesa, à inglesa, cafeteria
ou self-service); do sistema de distribuição de refeições (centralizado, descentralizado ou
misto); do sistema de higienização (centralizado, descentralizado ou misto); da qualifica-
ção do pessoal; e da jornada de trabalho (MEZOMO, 2015).
Para tanto, é importante que o gestor tenha conhecimento dos tipos de escalas de
serviço que podem ser utilizados na UAN:
• 8 horas/dia de segunda a sexta e 4 horas aos sábados, com folgas aos domingos,
sem precisar de substitutos de folga;
• 8 horas/dia de segunda a sexta e 4 horas aos sábados com folgas aos domingos,
requerendo substitutos de folga;
• Carga horária distribuída por igual nos seis dias úteis da semana. Para este caso,
vale ressaltar que, nas UANs onde o serviço funciona ininterruptamente, as folgas
semanais podem ser marcadas em outro dia da semana, embora, de acordo com a
legislação trabalhista, de preferência aos domingos. A substituição do funcionário
na sua folga gera um aumento no quadro de funcionários;
• 12 × 36 (doze horas de trabalho no dia seguidas de trinta e seis horas de folga). Nes-
te tipo de jornada, trabalha-se um dia e folga no outro, tendo a necessidade de um
substituto, implicando haver praticamente duas turmas: uma que trabalha e outra
que folga. Evidente que este tipo de jornada requer um quadro de pessoas ampliado
em relação à jornada com comparecimento diário;
• 12 horas de trabalho com 60 horas de folga, ou seja, um dia de trabalho e dois dias
de folga. Tal jornada aumenta ainda mais a demanda de pessoal, porque precisa
de um número muito maior de empregados substitutos para cada empregado, dois
substitutos de folgas.
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FOLHACERTA. Conheça os tipos de escalas de trabalho permitidas pela CLT.
Disponível em: https://bit.ly/3u0Ri8i
sendo:
• IPT: Índice de Pessoal Total;
• IPF: Índice de Pessoal Fixo (que não inclui lactário e nutricionista chefe);
• IPS: Índice de Pessoal Substituto;
• IAD: Índice de Absenteísmo Diário.
Por exemplo, na UAN, temos 800 refeições, com uma jornada diária de trabalho de
8 horas, com funcionamento 24 horas/dia.
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Nesse caso, o IR está entre 13 minutos (700 refeições) e 10 minutos (1.000 refeições).
Usaremos 12 minutos.
30 dias de Férias
Soma de dias
48 Folgas Anuais
de descanso
12 Feriados (em média)
Nesse caso:
Inicialmente, esse cálculo foi criado para auxiliar no dimensionamento de UANs hos-
pitalares, mas pode ser aplicado em UAN de coletividades sadias.
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Mezomo (2015)
Este cálculo é mais simples. Para hospitais, sugere-se 1 funcionário a cada 8 leitos:
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O recrutamento é uma das funções do departamento ou serviço de pessoal que con-
siste na procura dos funcionários necessários ao preenchimento das vagas existentes
nas várias seções da empresa. Por meio do recrutamento, identificam-se, no mercado
de mão de obra, os recursos humanos necessários à continuidade e à expansão das
atividades da empresa. Trata-se de um processo que envolve conceitos como: qualidade
e quantidade dos recursos humanos disponíveis em determinadas áreas; situação de
mercado de trabalho no momento; status da empresa, ou seja, suas condições para sa-
tisfazer as necessidades básicas sociais dos trabalhadores; políticas de pessoal adotadas
pela empresa; e, finalmente, o maior ou menor rigor (MEZOMO, 2015).
Para que ele possa trabalhar de forma adequada, é muito importante a formalização
da descrição de cargos, que dá suporte ao recrutamento e à seleção, pois descreve os re-
quisitos para a contratação e permite às pessoas saberem exatamente sua função, sua ta-
refa e seus deveres, bem como o que se espera delas. Todo funcionário, ao ingressar em
um novo emprego, espera receber da organização uma descrição de seu cargo e de sua
função. Deseja saber que autoridade tem para tomar decisões por sua própria iniciativa
e até que ponto vai sua subordinação à organização (ABREU; SPINELLI; PINTO, 2019).
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• Concentração;
Qualificações • Atenção;
intelectuais • Raciocínio rápido.
• Limpeza;
• Agilidade;
Exigências pessoais • Responsabilidade;
• Organização.
• Nutricionista do lactário;
Contatos • Auxiliar do lactário;
• Enfermagem.
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• Preparar as fórmulas lácteas e substitutos, água, chás e hidra-
tantes nos horários determinados;
• Esterilizar frascos, bicos, arruelas e protetores, segundo crité-
rios adotados;
• Promover o envasamento e a identificação das mamadeiras;
• Acondicionar as mamadeiras preparadas, segundo normas
estabelecidas;
• Efetuar a separação de lotes de mamadeiras para posterior con-
trole bacteriológico;
Trabalhos executados • Efetuar controle bacteriológico de autoclave;
• Responsabilizar-se pela higienização local e pelos utensílios
utilizados;
• Manter o local de trabalho em ordem e asseado;
• Comunicar ao nutricionista do lactário sobre equipamentos
e utensílios que necessitem de reposição, bem como falhas e
irregularidades ocorridas no setor;
• Participar de reuniões periódicas promovidas pelo nutricionista
do lactário;
• Desempenhar tarefas afins.
• Fogão;
• Liquidificador;
• Galheteiros;
Equipamentos usados • Frascos;
• Panelas;
• Demais utensílios utilizados em geral;
• Paramentação especial; autoclave; banho-maria.
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Figura 5 – Exemplo de formulário de classificação destinado
à avaliação de um trabalhador de cozinha
Fonte: PAYNE-PALACIO; THEIS, 2015, p. 417
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O estresse gerado pelas faltas constantes pode fazer com que diversos empregados
fiquem doentes por somatização, acidentes de trabalho ou acúmulo de fadiga. Locais
bem administrados, nos quais o empregado é tratado com respeito, sentindo-se bem
e motivado, dificilmente apresentam taxa de absenteísmo significativa (ABREU; SPI-
NELLI; PINTO, 2019).
• Rotatividade de Pessoal (RP) ou turnover: Expressa a relação percentual entre
os desligamentos e o número médio de funcionários que compõem o quadro de
pessoal, considerando determinado período de tempo, que pode ser mensal ou
anual. O índice de rotatividade não deve ser zero nem muito elevado. É saudável ter
um percentual que permita renovar ou manter os funcionários motivados e identi-
ficados com os objetivos da UAN e da organização.
D X 100
Rotação de pessoal =
Número médio do quadro de pessoal
O turnover elevado não é desejável, pois implica ter sempre uma equipe
em treinamento e não estabilizada nas práticas do serviço, o que reflete
diretamente no entrosamento da equipe, no volume da produção e na quali-
dade do trabalho, além dos custos provenientes dos desligamentos e contra-
tações que se fazem necessários. (ABREU; SPINELLI; PINTO, 2019, p. 93)
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GUIA TRABALHISTA. Normas regulamentadoras – segurança e saúde do trabalho.
Disponível em: https://bit.ly/3ECYGeW
Quando o funcionário não cumprir com essas obrigações, poderá ser considerado ato
faltoso, que possibilita penalização com medidas administrativas por parte do empregador.
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iniciativa da empresa para diagnosticar os problemas de saúde relacionados ao trabalho,
identificando se pode haver danos irreversíveis à saúde ou doenças ligadas à profissão.
Para que possa ser utilizado, o EPI deverá conter Certificado de Aprovação (CA), ex-
pedido por órgão nacional competente em matéria de segurança do trabalho do MTP. A
recomendação e o seu uso são competência dos Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (Cipa) e do trabalhador usuário.
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Tabela 2
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• para proteção contra agentes biológicos,
utilizar luva de látex. É usada em casos de
contaminação por agentes biológicos, como
na retirada de lixo, limpeza de banheiros,
limpeza em geral;
• para proteção contra agentes químicos,
usar luva de látex cano longo. É utilizada
para produtos químicos para limpeza em
áreas de lavagem de bandejas, utensílios
de cocção;
• para proteção contra umidade, em situa-
ções em que há uso de água, usar luva de
látex. Como são semelhantes, utilizar a
troca de cores, pois facilita a separação de Figura 12 – Luva de látex
setores de lavagem, para limpeza geral da Fonte: Getty Images
UAN cozinha, áreas de lavagem de outros
utensílios e utensílios de cocção também.
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Para que todas essas proteções possam ser utilizadas, para benefício do funcionário
e da empresa, é necessário registrar a entrega, a troca ou a reposição, utilizando a ficha
de EPI. O funcionário deve assiná-la após a descrição das responsabilidades e rubricar
cada item descrito com os dados entregues a ele.
Ergonomia
A ciência da ergonomia em UAN busca contribuir para que as áreas físicas sejam pro-
jetadas, construídas e operacionalizadas com segurança, considerando as características
individuais e certas variações do comportamento humano, de modo que não resultem
em sérios acidentes ou comprometam a qualidade de vida dos colaboradores.
Os riscos ergonômicos são gerados pelo local de trabalho não seguro e pelo homem
não adaptado, ocasionando lesões por movimentos repetitivos ou por esforço extremo.
Para tais modificações e adaptações, algumas melhorias podem ser aplicadas nas roti-
nas diárias e nos postos de trabalho, por exemplo:
• Rodízios de atividades: para evitar fadigas são benéficos e podem ser gerados
por escalas de trabalho, no dia a dia ou por turnos, evitando excessos para mo-
vimentos repetitivos;
• Orientação da equipe para, quando houver necessidade de levantar cargas do chão,
agachar sempre com flexão dos joelhos, poupando a coluna, pois o peso será
suspenso com a força das pernas;
• Adaptação de uma extensão para as torneiras que são muito altas e distantes,
nas diferentes áreas da UAN, pois, assim, evita o desconforto de esticar demais os
braços ou dobrar o tronco durante a atividade;
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• Baldes para limpeza de pisos apoiados em suportes próprios, com rodinhas
ou adaptados, que evitem curvar demais o tronco durante a realização da tarefa,
ficando mais alto e gerando mais conforto;
• Mesas de transporte com rodas para levar cubas grandes com alimentos para
reposição de balcão de servimento. Essas mesas ajudam a não sobrecarregar as
articulações e a coluna;
• Cubas com alturas menores para evitar maior aporte de alimentos e facilidade de
higienização. Muitas vezes, uma reposição mais frequente facilita o desgaste;
• Bancos semissentados adaptados ao posto de trabalho para atividades que exijam
muito tempo em pé e possam prejudicar a postura;
• Quantidade de bandejas suficiente para não sobrecarregar a coluna na hora de
repor os balcões de distribuição (isso vale para bandejas ou outros utensílios). Veri-
ficar o peso máximo tolerável com a condição física do trabalhador, determinar por
contagem ou marcar a altura na parede próxima à área de empilhamento;
• Adequação do tamanho e do peso das panelas favorece o desenvolvimento do
trabalho, pois reduz o peso nas articulações das mãos e dos braços;
• Rodos e mops com peso adequado, compostos de material leve com durabilida-
de, diminuem o cansaço dos braços, nas articulações e na coluna;
• Equipamentos com altura adequada evitam queimaduras, desníveis para o traba-
lhador e mantêm a segurança na retirada de formas ou utensílios;
Figura 17
Fonte: PAYNE-PALACIO; THEIS, 2017, p. 291
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Dessa forma, finalizamos esta Unidade compreendendo que não apenas os índices
para o dimensionamento mas também as atividades de recrutamento, seleção e controle
de pessoal compõem um conjunto de condições primordiais para o bom funcionamento
da UAN. Além, disso, tão importantes quanto uma adequada formação e capacitação
dos colaboradores são as ações de promoção da qualidade de vida e segurança no traba-
lho, a fim de garantir condições dignas de produtividade e desenvolvimento das equipes.
Até a próxima!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Como fazer escala de trabalho?
https://youtu.be/2TaTU9TPS-I
Leitura
Restaurante Sabor de Casa
Esse relato de caso aborda importantes aspectos sobre como o tipo de administração e rela-
cionamento entre a gerência e equipe podem interferir na gestão da produção de refeições.
https://bit.ly/2W4Rzum
Dimensionamento de recursos humanos em serviços de
alimentação e nutrição de hospitais públicos e privados
https://bit.ly/3kwWZI4
Satisfação, motivação e estafa em funcionários de serviços de alimentação
institucional e a sua relação com o cardápio e higiene de alimentos
https://bit.ly/3u3ZowZ
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Referências
ABREU, E. S. de; SPINELLI, M. G. N.; PINTO, A. M. de S. Gestão de unidades de
alimentação e nutrição: um modo de fazer. 7. ed. São Paulo: Metha, 2019.
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