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Curso: Técnico de Serviços Jurídicos

Disciplina de DIREITO
Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

Objectivos de aprendizagem:

i) Analisar situações de respeito e de desrespeito dos Direitos do Homem no


mundo actual
ii) Caracterizar cidadãos portugueses, da união europeia, estrangeiros,
refugiados e apátridas
iii) Enunciar os requisitos para reconhecimento da nacionalidade portuguesa
iv) Enumerar os factos objecto de registo relativo ao cidadão
v) Caracterizar as pessoas singulares e colectivas
vi) Enumerar os elementos de identificação civil da pessoa singular e colectiva
vii) Distinguir pessoas colectivas de Direito Publico das de Direito Privado
viii) Identificar os elementos da relação jurídica
ix) Distinguir relação jurídica em sentido amplo e restrito
x) Caracterizar relações jurídicas abstractas e concretas

Âmbito dos conteúdos:

1. Direitos do Homem
1.1 – Direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos do
Homem
1.2 – Direitos do Homem no mundo actual
1.3 – Organizações europeias e internacionais de defesa dos Direitos do
Homem
2. Cidadãos
2.1 – Portugueses
2.1.1 – Residentes na União Europeia
2.1.2 – Residentes em países terceiros
2.2 – Da União Europeia
2.3 – Estrangeiros
2.3.1 – Residentes em Portugal
2.4 – Refugiados

Professora: Manuela Sampaio 1


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2.5 - Apátridas
3. A Lei da Nacionalidade
4. As pessoas
4.1 – Singulares
4.1.1 – Conceito
4.1.2 Identificação civil
4.1.3 Identificação tributária
4.1.4 Recenseamento eleitoral
4.2 – Colectivas
4.2.1 – Conceito e espécies
- Pessoas colectivas de direito público
- Pessoas colectivas de direito privado
4.2.2 – Identificação e registo de Pessoas Colectivas
5. A Relação Jurídica
5.1 – Conceito
5.2 – Relação Jurídica em sentido amplo e restrito
5.3 – Relações Jurídicas abstractas e concretas
6. Elementos da Relação Jurídica
6.1 – Os sujeitos
6.1.1 – Personalidade Jurídica
6.1.2 Capacidade jurídica
6.1.3 Incapacidades de exercício
6.1.4 – Menoridade
- Interdição
- Inabilitação
- Incapacidade acidental
6.2 – O objecto
6.3 - O facto jurídico
6.3.1 – Conceito
6.3.2 – O negócio jurídico
6.4 – Garantias
6.4.1 – Gerais
6.4.2 Especiais

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1. Direitos do HOMEM
Os direitos do HOMEM são naturais e universais, pois estão profundamente ligados à
essência do ser humano, independentemente de qualquer acto normativo (de qualquer
lei) e valem para todos.

1.1 – Direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos do


Homem
A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi criada por John Peters, do Canadá
e foi adoptada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de Dezembro de
1948 e define os Direitos Humanos básicos.
Esta Declaração é o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações
com o objectivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em
mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o
respeito destes direitos e liberdades fundamentais para todos sem distinção de raça,
sexo, língua ou religião.

1.2 Direitos do Homem no mundo actual


A nossa Constituição de 1976 faz referência aos direitos do Homem no seu artigo 16º.
Assim, há certos princípios fundamentais expressos na Declaração Universal dos
Direitos do Homem que devem ser respeitados e cumpridos pela Lei interna (de cada
país) relativa aos Direitos Fundamentais (Art.º 16º CRP).
É fundamental uma cultura de respeito da dignidade humana através da promoção da
vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da
cooperação, da tolerância e da paz. A consistência de uma educação nesse sentido,
que reflicta resultados práticos e visíveis significará criar, influenciar, compartilhar e
consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que
decorrem, todos, daqueles valores essenciais citados na Declaração Universal, os
quais se devem transformar em padrões naturais das nossas sociedades.

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1.3 Organizações Europeias e Internacionais de defesa dos Direitos do


Homem
Podemos referir as seguintes como sendo as principais organizações de defesa dos
Direitos do Homem:
i) OSCE – Organização de Segurança e Cooperação Europeia: pretende
assegurar a defesa, a segurança e a construção da paz;
ii) OTAN – Organização do Tratado Atlântico Norte: visa a defesa colectiva, a
gestão de crises e a prevenção de conflitos;
iii) ONU – Organização das Nações Unidas: visa a resolução de questões
humanitárias, a protecção dos direitos do Homem e missões de construção
e manutenção da paz;
iv) UE – União Europeia: visa a manutenção e construção da paz e a
prevenção de conflitos

2. Conceito de Cidadão

Cidadão é todo aquele que pertence a um país com leis que protegem as pessoas,
onde estas têm deveres para com a organização do país e usufruem dos direitos de
um país politicamente organizado.
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar a sua
vida e a de outras pessoas.
Cada pessoa, cada cidadão é um ser único e, portanto, diferente de todos os outros. A
sua individualidade é formada pelas características herdadas no nascimento, ou
adquiridas no convívio social, no qual cada indivíduo se vai agrupar com outros com
os quais tiver maior afinidade

2.1 - Cidadãos Portugueses


A condição de não residente define-se, de certo modo, pela extrapolação do conceito
de residente.
2.1.1 – Cidadãos Portugueses residentes na União Europeia
São residentes em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os
rendimentos:

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● Hajam permanecido em Portugal mais de 183 dias, seguidos ou interpolados;


● Tendo permanecido por menos tempo, aqui disponham, em 31 de Dezembro desse
ano, de habitação em condições que façam supor a intenção de a manter e ocupar
como residência habitual;
● São sempre tidas como residentes em território português as pessoas que
constituem o agregado familiar, desde que naquele resida qualquer das pessoas a
quem incumbe a direcção do mesmo (pai ou mãe);
● Por outro lado, considera-se residente o estrangeiro habilitado com titulo válido de
autorização de residência em Portugal.

Porém, se não respeitar nenhuma destas condições, será cidadão português residente
na União Europeia se residir num dos 27 países que a compõem.
Será que ser cidadão português é ser cidadão da União Europeia?
Certamente que responderíamos afirmativamente, uma vez que ser cidadão português
é ser cidadão Europeia em virtude de Portugal ser um dos países integrantes da União
Europeia, onde há livre circulação de pessoas, bens e capitais e liberdade de
estabelecimento.

2.1.2 Cidadãos portugueses residentes em países terceiros


Consideram-se cidadãos residentes em países terceiros, os cidadãos portugueses que
residem em países que não pertencem à União Europeia, como por exemplo, a China,
o Brasil, o Japão, a Índia, etc.

2.2 Cidadãos da União Europeia


Os cidadãos da União Europeia têm, entre outros, os seguintes direitos:

1 – O Direito à Protecção Diplomática


1.1 – Condições para beneficiar da Protecção Diplomática:
- Ser nacional de um Estado membro da União Europeia
- Encontrar-se numa situação de dificuldade (num país terceiro) e necessitar de
protecção consular;
- Não existir uma embaixada ou um consulado do seu país acessível.
1.2 Tipo de assistência que pode ser obtida:

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- Assistência em caso de morte, doença ou acidente grave;


- Assistência em caso de prisão ou detenção;
- Ajuda ao repatriamento de cidadãos da União, se necessário

2 – O Direito de Petição e o Acesso ao Provedor de Justiça

2.1 – Quem pode apresentar Petições ao Parlamento Europeu ou recorrer ao


Provedor de Justiça Europeu?
- Qualquer cidadão da União Europeia;
- Qualquer residente da União Europeia a título pessoal ou em associação com
outros cidadãos;
Sociedades, Organizações ou Associações.

2.2 Que assuntos podem ser objecto de petições?


- Livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais;
- Não discriminação em razão de nacionalidade;
- Igualdade de tratamento entre homens e mulheres;
- Direito à Educação, à Formação e à Saúde;
- Protecção do ambiente.

2.3 – Que assuntos podem ser objecto de queixa ao Provedor de Justiça?


- Injustiça;
- Irregularidades administrativas;
- Discriminação;
- Abuso de poder;
- Atrasos indevidos.

2.3 Cidadãos estrangeiros residentes em Portugal


São cidadãos imigrantes os oriundos de outros países e que residem em Portugal.

2.4 Cidadãos Refugiados

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Cidadão refugiado é toda a pessoa que, por razões fundadas de problemas de


perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado
grupo social ou opinião política, se encontra fora do seu país de origem e, que devido
aos ditos problemas, não quer ou não pode regressar ao mesmo.
O dia do refugiado foi estabelecido no dia 20 de Junho de cada ano.
Os refugiados entram no país através de avião, barco, via terrestre, vem pela própria
via ou custeio próprio.

2.5 Cidadãos Apátridas

Cidadão apátrida é todo o indivíduo que não é considerado nacional por nenhum
Estado.
Os cidadãos apátridas, também, podem ser refugiados mas são duas categorias
distintas. Este é um problema de grandes proporções uma vez que existem doze
milhões de refugiados em todo o mundo.
Possuir uma nacionalidade é essencial para a completa participação na sociedade e é
pré requisito para usufruir de todos os aspectos dos direitos humanos.

Só os cidadãos nacionais é que têm direito de voto.

Os cidadãos apátridas têm limitações, de entre as quais podemos referir a


impossibilidade de obter documentos de identidade, por vezes não têm acesso aos
serviços de saúde, não têm acesso ao emprego e correm o risco de serem detidos por
não possuírem uma nacionalidade.

3. A Lei da Nacionalidade

A nacionalidade ou cidadania é a marca da relação de pertinência de um indivíduo a


uma comunidade. É o “ elo legal ” entre o indivíduo e um Estado.
A nacionalidade está prevista no Decreto-lei 237-A, de 14 de Dezembro de 2006, na
Lei Orgânica 2, de 17 de Abril de 2006 e na Lei 3, de Outubro de 1981.

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O princípio básico da Nacionalidade Portuguesa é o Jus Sanguinis (Direito de sangue),


ou seja, é cidadão português o individuo filho de pai português ou mãe portuguesa,
nascido em Portugal, desde que o seu nascimento seja inscrito numa Conservatória
do registo Civil antes de atingir a maioridade (18 anos).

3.1 – Formas de aquisição da nacionalidade portuguesa

A nacionalidade portuguesa pode ser adquirida através do casamento / união de


facto com um português, necessita estar casado há mais de três anos e tem de
declarar a intenção de adquirir a nacionalidade em qualquer Conservatória do registo
Civil.
A nacionalidade portuguesa, também, pode ser adquirida através da adopção uma
vez que o adoptado plenamente por nacional português (pai ou mãe) adquire a
nacionalidade portuguesa por força da Lei.
E, ainda, é possível adquirir nacionalidade portuguesa através da naturalização,
devendo conhecer suficientemente a língua portuguesa, residir legalmente em
Portugal há seis anos, se for oriundo dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa), ou há dez anos se for oriundo de outro país, comprovar a existência de
ligação efectiva à comunidade nacional, possuir 18 anos completos, possuir
capacidade para assegurar a sua subsistência e ter idoneidade cívica, ou seja, não ter
sido condenado, com transito em julgado da sentença, pela pratica de crime punível
com pena de prisão máxima igual ou superior a três, de acordo com a Lei portuguesa.
Assim, para conseguir a nacionalidade por naturalização, o interessado deverá
apresentar um requerimento dirigido ao Ministro da Justiça, nos Serviços Consulares
portugueses ou nas Conservatórias do registo Civil.

4. Pessoas Singulares
4.1 – Conceito de Pessoas Singulares
São Pessoas Singulares os sujeitos de direito, as pessoas físicas individualmente
consideradas, ou seja, os seres humanos desde que nascem até que morrem.
a) Identificação civil:

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Identificamos civilmente uma pessoa singular através do nome, do Bilhete de


identidade, nome dos pais, data de emissão do Bilhete de Identidade, local de
emissão do mesmo, naturalidade, residência, data de nascimento do cidadão,
estado civil, altura, validade do Bilhete de Identidade, assinatura e impressão
digital do indicador direito.
Os documentos de identificação civil são o Bilhete de Identidade ou o Cartão
de Cidadão.
O Cartão de Cidadão é o novo documento de identificação dos cidadãos
portugueses, sem limite mínimo de idade. Este documento substitui o Bilhete
de Identidade, o Cartão de Beneficiário da Segurança Social, o Cartão de
Utente do Serviço Nacional de Saúde, o Cartão do Numero de Identificação
Fiscal e o Cartão de Eleitor.
b) Identificação Tributária (Fiscal):
Identificamos tributariamente (fiscalmente) uma pessoa singular através do
nome do nome, do número fiscal (numero de contribuinte), repartição de
finanças, data de emissão do cartão e assinatura do contribuinte.
Os documentos de identificação tributária (fiscal) são o cartão de Contribuinte
ou o Cartão de Cidadão.
c) Recenseamento Eleitoral:
Com o novo regime de recenseamento eleitoral, a partir de 26 de Outubro de
2008, as inscrições passaram a ser automáticas, para todos os cidadãos
portugueses residentes em território nacional e maiores de 17 anos, com base
na informação proveniente da plataforma do cartão de cidadão e dos sistemas
de identificação civil e familiar.
Quanto aos jovens, a partir dos 17 anos são provisória e automaticamente
inscritos na Base de Dados de Recenseamento Eleitoral (BDRE), tornando-se
essa inscrição definitiva quando atingirem os 18 anos de idade, a partir da qual
já poderão exercer o seu direito de voto.

4.2 Pessoas Colectivas


a) Conceito e espécie de Pessoas Colectivas:

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As Pessoas Colectivas são Organizações destinadas à prossecução de


interesses colectivos, a que a ordem jurídica atribui personalidade jurídica, ou
seja, atribui susceptibilidade de ser titular de direitos e obrigações.
As pessoas Colectivas dividem-se em:
i) Pessoas Colectivas de Direito Público: Visam a satisfação de interesses
públicos e subdividem-se em Pessoas Colectivas Públicas Territoriais
de população e Território, como por exemplo Regiões autónomas dos
Açores e da Madeira, Autarquias Locais, e o Estado; e Pessoas
Colectivas Públicas não Territoriais, como por exemplo, empresas
públicas, associações públicas, fundações públicas.
b) Pessoas Colectivas de Direito Privado: Visam o interesse particular e
subdividem-se em Sociedades Comerciais (conjunto de duas ou mais pessoas
que contribuem com bens e serviços para o exercício de uma actividade
económica e que visam a obtenção de lucro, podendo optar por um dos vários
tipos de classificação jurídica de empresas), em Associações Privadas
(Pessoas Colectivas que não tenham por objectivo a obtenção de lucro) e as
Fundações Privadas (exemplo Fundação Calouste Gulbenkian).

4.3 Identificação e registo de Pessoas Colectivas


A identificação de Pessoas Colectivas é feita através do cartão de empresa / Pessoa
Colectiva que contém o número de identificação de pessoa colectiva, o número de
inscrição na Segurança Social (NISS), o CAE principal (Código de Actividade
Económica) e a data de constituição da empresa.
O cartão da empresa ou de pessoa colectiva é disponibilizado gratuitamente às
empresas.
O registo de uma pessoa colectiva é feito no Registo Nacional de Pessoas Colectivas,
nas Conservatórias do Registo Comercial, nos Postos de Atendimento do Registo
Comercial das Lojas da Empresa (Lojas do Cidadão e Lojas de empresa na Hora).
Também pode ser efectuado através da Internet nos sites da empresa on-line e do
Instituto dos Registo e do Notariado.

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5. A Relação Jurídica

5.1 O conceito da relação Jurídica


A relação jurídica é toda a relação social regulada pelo direito tipificada por normas
jurídicas. São as relações jurídicas que dão movimento ao Direito.

5.2 A relação jurídica em sentido amplo e restrito


A relação jurídica em sentido amplo é toda a relação da vida social relevante para o
Direito, isto é, produtiva de efeitos jurídicos e, portanto, disciplinada pelo Direito.
A relação jurídica em sentido restrito ou técnico é uma relação da vida social
disciplinada pelo direito, mediante a atribuição a uma pessoa de um direito subjectivo
e a imposição a outra pessoa de um dever jurídico ou de uma sujeição.

5.3 Relações jurídicas abstractas e concretas:

As relações jurídicas abstractas são todas as relações em que não se individualizam


os titulares dos direitos e obrigações. São as relações jurídicas tal como estão
colocadas na Lei. Por exemplo, a relação jurídica pela qual o inquilino deve pagar a
renda ao senhorio.
As relações jurídicas concretas são aquelas em que se individualizam os sujeitos. “É
abstracto tornando-se concreto pela ocorrência de um facto”. Exemplo, a relação
jurídica pela qual o senhorio João pode exigir do inquilino António a renda de 300,00€;
ou outro caso, o sujeito AA bateu no carro do sujeito BB – esta conduta viola a norma
do artigo 562º uma vez que o sujeito AA causou prejuízo a outrem; estando obrigado a
reparar os danos a BB.

6. Elementos da Relação Jurídica

6.1 Os Sujeitos
A relação jurídica estabelece-se entre sujeitos. Os sujeitos são o 1º elemento da
relação jurídica.

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6.1.1 – A personalidade jurídica:


É a susceptibilidade (capacidade) de ser titular de direitos e obrigações, ou seja, é a
aptidão para ser titular autónomo de relações jurídicas.
As pessoas singulares adquirem a personalidade jurídica no momento do nascimento,
segundo o art.º 66º do código civil.
A personalidade jurídica das pessoas singulares cessa com a morte, extinguindo-se
os direitos e deveres de natureza pessoal e transmitindo-se para os sucessores mortis
causa, os de natureza patrimonial.

6.1.2 Capacidade Jurídica:


A capacidade jurídica ou capacidade de gozo de direitos é a capacidade que as
pessoas têm de serem titulares de relações jurídicas (têm mais ou menos
capacidade), isto é, é a medida de direitos e vinculações de que a pessoa é
susceptível de ser titular.
Restrições (Incapacidades)
- Incapacidade de testar dos menores não emancipados e dos interditos por anomalia
psíquica (art.º 2189º C.C.).
- Incapacidade para perfilhar dos menores de 16 anos, dos interditos por anomalia
psíquica e dos notoriamente dementes no momento da perfilhação (art.º 1850º do
C.C.).
A incapacidade de gozo de direitos provoca a nulidade dos negócios jurídicos
respectivos e é insuprível, isto é, os negócios a que se refere não podem ser
concluídos por outra pessoa em nome do incapaz, nem por este com autorização de
outra entidade. Por exemplo, a pessoa não pode testar por problemas mentais,
ninguém pode fazer isso por ela, logo esta incapacidade é insuprível.
Distinta da capacidade jurídica, temos a capacidade de exercício (agir) que é a
medida de direitos e vinculações que a pessoa pode cumprir, por si, pessoal e
livremente.

6.1.3 Incapacidades de Exercício:


Incapaz é a pessoa afectada de incapacidade de exercício. Estas incapacidades
resultam:
i) Da menoridade;

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ii) Da interdição;
iii) Da inabilitação;
iv) Da incapacidade natural acidental (art.º 257º do C.C.)
O interesse determinante das incapacidades é o interesse do próprio incapaz.

6.1.4 A Menoridade:
i) Amplitude:
É a mais importante das incapacidades de exercício sancionadas pela Lei
prevista nos artigos 122º e seguintes do C. C. abrangendo, em principio,
quaisquer negócios de natureza pessoal e patrimonial.
ii) Excepções:
Podem praticar actos de administração ou disposição dos bens que o
menor haja adquirido por seu próprio trabalho (art.º 127.º/a C.C.).
São válidos os negócios jurídicos próprios da vida corrente do menor, que
só impliquem despesas, ou disposições de bens, de pequena importância
(art.º 127º do C.C.).
São válidos os negócios relativos à profissão, arte ou ofício que o menor
tenha sido autorizado a exercer, ou os praticados no exercício dessa
profissão (art.º 127.º /c C.C.)
iii) Duração:
A incapacidade termina quando o menor atingir a idade de 18 anos ou for
emancipado, salvo se, neste momento, estiver pendente contra ele uma
acção de interdição ou inabilitação (art.º 130º e art.º 131º C.C.).
O único facto de emancipação é o casamento: art.º 132.º C.C.
iv) Efeitos:
Os negócios jurídicos praticados pelo menor estão feridos de anulabilidade (art.º 125.º
C.C.)
Quem tem legitimidade para arguir essa anulabilidade?
- O representante do menor dentro do prazo de um ano a contar do
conhecimento do acto impugnado;
- O próprio menor, dentro do prazo de um ano contar da cessação da
incapacidade;

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- Qualquer herdeiro, dentro do prazo de um ano a contar da morte, se o


hereditando morreu antes de ter expirado o prazo em que podia, ele próprio,
requerer a anulação (art.º 125º do CC).
Como se supre a incapacidade do menor?
- A incapacidade do menor é suprida pelo Instituto da representação Legal.
Poder paternal
- Instituto de Representação Tutela
Administração de bens
Exemplo: um recém-nascido pode ser dono de uma grande fortuna. É obvio que não é
ele quem a gere e administra, mas alguém por ele - uma pessoa, esta sim, capaz,
que actua juridicamente em nome dele, logo, é seu representante legal.

6.1.4.2 Interdição:

Quem pode ser interdito?


Os indivíduos (maiores) que, por anomalia psíquica, surdez, mudez ou cegueira
se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens e como tais sejam
declarados por decisão judicial. (a Lei permite o requerimento e o decreto da
interdição dentro do ano anterior à maioridade, por força do art.º 138º do CC).

Fundamentos da interdição: (art.º 138.º do CC)


i) Anomalias psíquicas que são fundamento da interdição devem ser
habituais ou duradouras e actuais;
ii) O regime da incapacidade por interdição é idêntico ao da incapacidade por
menoridade, quer quanto ao valor dos actos praticados em contravenção
da proibição em que ela se cifra, quer quanto aos meios de suprir a
incapacidade. (art.º 139º do CC);
iii) Só os interditos por surdez – mudez ou cegueira têm plena capacidade
matrimonial.
Efeitos:
Os negócios jurídicos praticados pelo interdito estão feridos de anulabilidade
depois do registo da sentença de interdição definitiva. (art.º 148.º do CC).

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ARTIGO 148º
(Actos do interdito posteriores ao registo da sentença)
São anuláveis os negócios jurídicos celebrados pelo interdito depois da sentença de
interdição definitiva.

Quando e quem pode invocar anulabilidade?


i) O representante do interdito, durante a vigência da interdição;
ii) O próprio interdito, no prazo de um ano a contar do levantamento da
interdição;
iii) Qualquer herdeiro do interdito, no prazo de um ano a contar da morte do
incapaz.

Como suprir a incapacidade do interdito?


A incapacidade do interdito, tal como a incapacidade do menor, é suprida por meio de
representação legal, que cabe aos pais e, na falta ou impedimento destes, ao tutor.
(art.ºs 124º e 139.º do CC).

A incapacidade por interdição não pode ser suprida pelo Instituto da Assistência.

6.1.4.3 Inabilitação:
Quem pode ser inabilitado?
Os indivíduos (maiores) cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora
de carácter permanente, não seja de tal modo grave que justifique, assim como
aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou
de estupefacientes, se mostrem incapazes de governar convenientemente o seu
património e como tais sejam declarados por decisão judicial, de acordo com o art.º
152º do CC.
Fundamentos da inabilitação – art.º 152º do CC
i) Inabilitação parcial – verifica-se nos indivíduos cuja anomalia psíquica,
surdez-mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja tão
grave que justifique a interdição;

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ii) Habitual prodigalidade – abrange os indivíduos que praticam habitualmente


actos de delapidação patrimonial;
iii) Abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes se importar uma
alteração de carácter, a inabilitação pode ser declarada, bastando que se
prove a existência de um perigo actual de actos prejudiciais ao património.

Efeitos:
A Lei não regula directamente este problema, sendo aplicáveis as disposições que
vigoram acerca do valor dos actos dos interditos, por força do art.º 156.º do CC, logo
estão feridos de anulabilidade depois de registo da sentença de interdição (art.
148º do CC).

Características da anulabilidade:
São, com as necessárias adaptações, as do art.º 125º, aplicável por remissão dos
art.ºs 139º e 156º.
Art.º 156º ------------------- Inabilitados
Art.º 139º ------------------- Interditos
Art.º 125º ------------------- Menores

Extensão da incapacidade:
A inabilitação abrange:
i) Os actos de disposição de bens entre vivos…
ii) E os que forem especificados na sentença.

ARTIGO 153.º (Suprimento da Inabilidade)


1. Os inabilitados são assistidos por um curador, a cuja autorização estão
sujeitos os actos de disposição de bens entre vivos e todos os que, em
atenção às circunstâncias de cada caso, forem especificados na sentença.

iii) A administração do património do inabilitado pode ser-lhe retirado e


entregue ao curador. (art.º 154º).

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Como suprir a incapacidade do inabilitado?


A inabilitação é suprida:
Pelo Instituto de Assistência que consiste na designação de uma pessoa chamada
“curador”, a qual assiste ao incapaz e dá autorização ao inabilitado nos actos de
disposição entre vivos (venda de bens), bem como os especificados na sentença.

Levantamento da inabilitação:
A incapacidade dos inabilitados não termina com a cessação da incapacidade natural;
é necessário que o próprio inabilitado, tal como o interdito, requeira o levantamento da
inabilitação.

Regime particular de levantamento da inabilitação (art.º 155º)


Nos casos de inabilitação por prodigalidade ou abuso de bebidas alcoólicas ou de
estupefacientes, o seu levantamento exige as seguintes condições:
i) Prova de cessação daquelas causas de inabilitação;
ii) Decursos de um período de 5 anos sobre o transito em julgado da sentença
da inabilitação ou da sentença que desatendeu um pedido anterior do seu
levantamento.

Em síntese:
Numa palavra, representação legal para os menores e interditos, assistência
para os inabilitados.

Representante Legal Assistente


Actua em vez do incapaz. Autoriza o incapaz a agir.
A iniciativa cabe ao representante. A iniciativa cabe ao incapaz.
O representante substitui o incapaz na O curador tem de dar o seu
actuação jurídica. consentimento nos actos de venda e nos
actos que a sentença exige.

Professora: Manuela Sampaio 18


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Disciplina de DIREITO
Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

6.1.4.4 Incapacidade acidental:

Conceito:
Abrange todos os casos em que a declaração negocial é feita por quem, devido
a qualquer causa (drogado, bêbado, etc) estiver transitoriamente incapacitado
de representar o sentido dela ou não tenha o livre exercício da sua vontade, por
força do art.º 275º do CC.

Efeitos:
i) Os actos referidos são anuláveis desde que o facto seja notório ou
conhecido do declaratário;
ii) A anulação está sujeita ao regime geral das anulabilidades (art.ºs 287º e
seguintes do CC).
iii) O direito de invocar a anulabilidade caduca, estando o negócio cumprido,
se não for exercido dentro do ano subsequente à cessação da
incapacidade acidental.

6.2 O Objecto:

A relação jurídica incide sobre um objecto. O objecto é o segundo elemento da


relação jurídica.
Há a distinguir o objecto imediato e o objecto mediato.

Comecemos pelo objecto imediato da relação jurídica:


Trata-se do binómio direito-vinculação. Sempre que há um direito subjectivo (lado
activo), existe uma vinculação correspondente e, portanto, uma relação jurídica.
Diz-se objecto mediato de uma relação jurídica o objecto do objecto imediato dessa
relação e, portanto, dos direitos e vinculações que a compõem.
As mais importantes categorias de objectos mediatos de relações jurídicas são as
coisas móveis e imóveis (prédios, terrenos, carros…)

Professora: Manuela Sampaio 19


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Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

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Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

6.3 O Facto Jurídico:

A relação nasce de um facto jurídico. O facto jurídico é o terceiro elemento da relação


jurídica.
6.3.1 Conceito:
Define-se facto jurídico como todo o acontecimento ou evento que produz efeitos
jurídicos; como por exemplo: o Sr. Apolónio parte o vidro da janela da casa do Sr.
Perfeição.
Segundo o critério dos efeitos, os factos jurídicos classificam-se em factos
constitutivos (criam), modificativos (modificam), e extintivos (extinguem) os efeitos
jurídicos.

6.3.2 O negócio jurídico:


O negócio jurídico é um acto que traduz uma manifestação de vontade praticada com
vista à produção de efeitos jurídicos. Assim, a compra e venda de casas produz
efeitos, porque a Lei tutela a vontade de ambas as partes de transferirem, entre si, o
imóvel contra o pagamento de um determinado valor (o preço).

6.4 Garantias

A garantia consiste na possibilidade de recurso a providências coercitivas para


satisfação dos interesses do sujeito activo da relação; ou seja; a relação está dotada
de garantia. A garantia é o quarto elemento da relação jurídica.

6.4.1 Garantias Gerais:


A primeira garantia é o património do devedor, que poderá ser accionado sob a forma
de duas garantias gerais:
1) Impugnação pauliana – art.º 610º do CC – que evita que o devedor comece a
vender os seus bens antes de o credor ser ressarcido da divida;
2) Arresto – art.º 619º do CC – que se traduz numa apreensão dos bens do
devedor.

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6.4.2 Garantias Especiais:


As garantias especiais dividem-se em pessoais e reais.

As garantias especiais pessoais verificam-se quando, alem do devedor, há outra ou


outras pessoas a garantir o pagamento da divida com o seu património perante o
credor; como é o caso do Aval e a Fiança – art.ºs 627º e 628º do CC -.

As garantias especiais reais incidem sobre coisas ou rendimentos do devedor ou de


terceiros e são os seguintes:
i) Consignação de rendimentos – o devedor ou terceiro fica obrigado a
garantir o crédito com os rendimentos de certos bens (exemplo: renda da
casa), previsto no art.º 656º do CC;
ii) Penhor – incide sobre os bens móveis – previsto no art.º 666º do CC;
iii) Hipoteca – incide sobre os bens imóveis – prevista no art.º 686º do CC;
iv) Privilégios creditórios (Câmaras Municipais, Segurança Social), previstos
no art.º 733º do CC.

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ANEXOS
Fichas de Trabalho

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FICHA DE TRABALHO

Actividade prática n.º 1 18/Nov./ 2010

Após o estudo já efectuado ao ponto 1 dos conteúdos do Módulo, responda às


seguintes questões:
1) Indique quais são, na sua opinião, os Direitos do Homem mais relevantes.
Justifique a sua resposta.
2) Em que data é que foi adoptada a Declaração Universal dos Direitos do
Homem pela O.N.U.?
3) Refira as principais Organizações Internacionais de defesa dos Direitos
Humanos.

Professora: Manuela Sampaio 24


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Disciplina de DIREITO
Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

FICHA DE TRABALHO
Actividade Prática n.º 2 02/Dez/2010

1. Alberto, Canadiano, depois de longos anos de namoro, decidiu casar com


Raquel em 13 de Maio de 2006, residente na Rua da Boa Vida, Praceta do
Coração nº 65, Barcelos; e passaram a residir, ambos, na residência habitual
de Raquel até à presente data.
1.1. Poderá o Alberto adquirir a nacionalidade portuguesa?
1.2. Depois de várias tentativas sem sucesso, uma vez que não conseguiam
ter filhos, eles decidiram adoptar um bebe chinês chamado Piuw Yiang.
Que efeitos produz a adopção de Piuw Yiang?
1.3. Imagine que o casamento não deu certo, eles divorciam-se, que
implicação terá esse facto no que se refere à nacionalidade de ambos?

2. Rafaela, oriunda de Angola, reside cá em Portugal há 7 anos, foi condenada


por decisão transitada em julgado a uma pena de prisão de 5 anos por ter
assassinado o seu irmão mais novo.
2.1. Poderá Rafaela adquirir a nacionalidade portuguesa por naturalização?
2.2. Onde e como deve ser feito o pedido de aquisição da nacionalidade por
naturalização?

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FICHA DE TRABALHO

Actividade prática n.º 3 16/Dez/2010

1. O que entende por relação jurídica?


2. Distinga relação jurídica em sentido amplo e em sentido restrito
3. Escolha uma das seguintes opções: a relação jurídica abstracta
a) É aquela que confere direitos a, apenas, uma das partes e deveres à outra
parte;
b) É aquela em que não se individualizam os titulares dos direitos e
obrigações;
c) Verifica-se quando os direitos e as obrigações recaem sobre ambos os
sujeitos da relação jurídica.
4. Escolhe uma das seguintes opções – a relação jurídica concreta:
a) É aquela em que não se individualizam os sujeitos;
b) É aquela que depende de uma outra relação jurídica para sobreviver;
c) É por exemplo, a relação pela qual o senhorio João pode exigir do inquilino
Martinho a renda de 1.000,00€.
5. Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações e corrija as falsas:
a) A personalidade jurídica é a incapacidade de ser sujeito de direitos e
obrigações;
b) Não se pode ter personalidade jurídica e ser-se inteiramente desprovido de
capacidade de gozo de direitos;
c) A capacidade de gozo é a medida de direitos e vinculações de que a
pessoa é susceptível de ser titular.

Professora: Manuela Sampaio 26


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FICHA DE TRABALHO
Actividade pratica n.º 4 05/Jan/2010

Caso prático de Menoridade

1. Abel e Bela, ambos residentes em Barcelos, casaram-se com 16 anos, depois de


um curto namoro. Os pais de ambos ficaram muito agastados e não permitiram nesse
casamento. Abel é barman e aufere de um vencimento de 2.500,00€ mensalmente.
Com o seu ordenado comprou um Ferrari às prestações. Passados 6 meses o casal
recebeu de um tio, uma casa em Esposende com vista para o mar, contudo, passado
pouco tempo decidiram vender a casa.

1.1. De que incapacidade sofrem os jovens?

1.2. Poderá Abel realizar a compra do Ferrari?

1.3. Será válida a venda da casa em Esposende? Quem tem legitimidade para anular
este negócio e em que condições?

1.4. Imagine que os pais lhes haviam dado consentimento para o casamento. Quais as
consequências jurídicas do casamento?

Professora: Manuela Sampaio 27


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Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

FICHA DE TRABALHO

Actividade prática n.º 5 26/Jan/2011

1. Emanuel, de 16 anos, sofre de uma grave deficiência mental irreversível e que


o impede de saber administrar por si só a sua pessoa e os seus bens.
Os pais de Emanuel, preocupados com a condição do filho, uma vez que este
pode facilmente ser alvo de manipulações por parte de pessoas menos
honestas, pretendem interditá-lo.

1.1. Poderão os pais de Emanuel interditá-lo? Em que circunstancias?


Justifique legalmente as suas respostas.
1.2. Quais são os efeitos jurídicos desta incapacidade de exercício?
1.3. Como se supre esta incapacidade?

2. Andreia, no dia em que completou 17 anos, contraiu matrimónio e foi viver com
o seu apaixonado Manuel, um ano mais velho do que ela, apesar da expressa
oposição dos seus pais, que desde o inicio do namoro se opunham à relação.
Para tal escolheram para casa de morada de família, um modesto imóvel
pertencente a Carlos; visto que a o dinheiro que Andreia recebia como
funcionária de um hipermercado não permitia arrendar o imóvel com que
sonhavam.
Com o objectivo de conseguir aumentar os rendimentos da família, Manuel
adquiriu um camião e dedica-se ao transporte de mercadorias. A vida floria ao
jovem casal apaixonado até que, numa manha de chuva e de nevoeiro,
Manuel, que desrespeitava o limite de velocidade estatuído na Lei, não
conseguiu realizar uma curva e despistou-se numa ravina. Em consequência
do acidente de viação, Manuel perdeu parte das capacidades motoras, visão e
audição. Andreia, ao receber a notícia ficou transtornada; o acidente ocorreu
no mesmo dia em que ela recebera a confirmação de que estava grávida de
gémeos.
Mila, vizinha de cima e melhor amiga de Andreia, testemunha do abandono a
que esta deixara Manuel, pediu em tribunal a inabilitação deste.

Professora: Manuela Sampaio 28


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Disciplina de DIREITO
Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

2.1. De que incapacidade sofre Andreia?


2.2. Será que Manuel sofre de alguma incapacidade? Qual?
2.3. Comente a seguinte afirmação: “a inabilitação é suprida através de um
representante legal”.

Professora: Manuela Sampaio 29


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FICHA DE TRABALHO

Actividade prática n.º 6 02/Fev./2011

Caso prático I

António conheceu Beatriz na passagem de ano de 2009/2010, na ilha da Madeira.

Apesar de ser invisual, António não quis deixar de acompanhar os familiares à ilha da
Madeira, tendo-se deslocado para a Marina onde aqueles apreciaram o espectáculo
de fogo-de-artifício. Foi nesse local que conheceu Beatriz, encontro do qual resultou
uma mútua paixão, culminada em casamento.

Para o local de vida em comum, António comprou um magnífico apartamento. Este foi
adquirido na noite de carnaval a Carlos, que na primeira vez que entrara num casino e
após ter perdido milhares de euros, visivelmente embriagado, abordou António,
alienando-lhe o imóvel por um valor bastante inferior ao de mercado.

Mas a paixão inicial esbateu-se tendo o matrimónio começado a demonstrar bastantes


problemas. Perante a infelicidade conjugal, António refugiou-se no consumo excessivo
de álcool. Nesses momentos, António realizava negócios ruinosos colocando em
causa a sua estabilidade patrimonial.

1.1. De que incapacidade sofre Carlos?


1.2. Quais são os efeitos jurídicos desta incapacidade de exercício?
1.3. Será a conduta de António passível de alguma incapacidade?
1.4. Neste caso, como funciona o regime de levantamento da incapacidade?

Caso Prático II
Armando é um jovem de 17 anos que sempre demonstrou reduzida apetência para os
estudos. Por esse motivo, logo após ter completado a escolaridade mínima, iniciou
uma exploração agrícola, utilizando para tal uma propriedade agrícola pertencente à
sua família. Para exercer essa actividade contratou dois funcionários, comprou
sementes e rações para os animais.
Posteriormente conheceu Carla, filha do melhor amigo do seu pai. O namoro culminou
com a marcação do mais badalado casamento do ano, ao qual deveriam comparecer

Professora: Manuela Sampaio 30


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as revistas “cor-de-rosa”, contratadas pelos pais dos nubentes para divulgarem a


boda.
Uma semana antes do casamento, Armando e alguns dos seus mais íntimos amigos
haviam-se deslocado ao bar “Via Rápida”. No citado bar, um dos seus amigos, colocou
no copo de Armando uma porção de estupefacientes. Armando ao ingerir aquela
substancia entrou num estado de euforia e, ainda antes de terminar a noite, adquiriu o
carro do porteiro do bar.
Ao deslocar-se para casa Armando teve um acidente de viação, quando circulava em
excesso de velocidade e acusando uma TAS bem superior ao limite máximo permitido
por lei. Em consequência do acidente, foi necessário Armando ficar internado no
hospital por um período de quinze dias.

2.1. De que incapacidade sofre Armando?

2.2. Serão válidos os contratos (de trabalho e de compra e venda de rações)


celebrados por Armando? Justifique legalmente as suas respostas.

2.3. Será que o contrato celebrado entre Armando e o porteiro do bar é nulo?
Quem tem legitimidade para anular este negócio e em que condições?

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FICHA DE TRABALHO
Actividade prática n.º 7 10/Fev./2011

1. Indique qual é o 2º elemento da relação jurídica.


2. Distinga objecto imediato de objecto mediato.
3. O que entende por facto jurídico?
4. Indique qual é o 4º elemento da relação jurídica. Em que consiste esse
elemento?
5. As garantias da relação jurídica dividem-se em dois grupos. Quais são?
Exemplifique cada um deles.
6. Comente a seguinte a seguinte afirmação:
“As garantias especiais pessoais incidem sobre coisas ou rendimentos
pessoais do devedor ou de terceiros.”
7. Das várias garantias especiais reais, indique 4 elementos e os respectivos
fundamentos legais previstos no Código Civil.

Professora: Manuela Sampaio 32


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FICHA DE TRABALHO 24/Fev/2011

Actividade prática proposta n.º 8 FICHA DE REVISÕES

1. Comente a seguinte afirmação:


“É fundamental uma cultura de respeito da dignidade humana”.
2. Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações e corrija as falsas:
a) As primeiras Organizações de defesa dos Direitos do Homem são: a OSCE, a
OTAN, a NU e a EU;
b) Os cidadãos residentes em países terceiros são cidadãos residentes na
Roménia.
c) Ser cidadão português é ser cidadão de um país terceiro.
d) A nacionalidade portuguesa também pode ser adquirida através da adopção
uma vez que o adoptado plenamente por nacional dinamarquês (Pai ou Mãe)
adquire a nacionalidade portuguesa por força da Lei.

3. Distinga cidadão refugiado de cidadão apátrida


4. Comente a seguinte afirmação:
“O princípio básico da Nacionalidade Portuguesa é o Jus Sanguinis”.
5. Distinga Pessoas Colectivas de Direito Público e Pessoas Colectivas de Direito
Privado.
6. Identifique os elementos da relação jurídica.
7. António, 17 anos, e Cristina de 16 anos, são dois jovens namorados. Não
conseguindo a aceitação dos pais para se casarem, dirigiram-se ao conservador
do registo civil de Esposende, o qual celebrou o casamento civil pensando que
ambos tinham 18 anos.
António, que juntara 1.000,00€ a trabalhar como mecânico, no verão, adquiriu um
carro em 2ª mão, já a pensar nas aulas de condução. Cristina vendeu um fio de
ouro que a avó lhe deixara em herança, e com a receita da venda (500,00€)
comprou uma viagem à Madeira, para a sua lua de mel.
7.1. De que incapacidade sofrem os jovens?
7.2. Poderá António realizar a compra do carro em 2ª mão?

Professora: Manuela Sampaio 33


Curso: Técnico de Serviços Jurídicos
Disciplina de DIREITO
Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

7.3. Será válida a venda do fio feita por Cristina? Quem tem legitimidade para
anular este negócio e em que condições?

8. Emanuel, de 16 anos, sofre de uma grave deficiência mental irreversível e que o


impede de saber administrar por si só a sua pessoa e os seus bens. Os pais de
Emanuel, preocupados com aquela condição do seu filho, uma vez que este pode
ser alvo de manipulações por parte de pessoas menos honestas, pretendem
interditá-lo.

8.1. Poderão os pais de Emanuel interditá-lo? Em que circunstâncias?


Justifique legalmente as suas respostas.
8.2. Quais os efeitos jurídicos desta incapacidade de exercício?
8.3. Como se supre esta incapacidade?

9. Distinga relação jurídica em sentido amplo de relação jurídica em sentido restrito.


10. Caracterize as relações jurídicas abstractas e as relações jurídicas concretas e
exemplifique cada um dos conceitos.
11. Das várias garantias reais, indique 4 exemplos e os respectivos fundamentos
legais previstos no Código Civil.

Professora: Manuela Sampaio 34


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Módulo 2 – Os Sujeitos e a Relação Jurídica 1º Ano

7. Bibliografia de apoio:

Bibliografia:
CAETANO, Marcelo – Manual de Direito Administrativo. Volume II, Coimbra, Almedina, 1999
CAMPINOS, Jorge – Direito Internacional dos Direitos do Homem. Coimbra, Coimbra Editora, 1984.
CANOTILHO, J.J. Gomes, MOREIRA, Vital – Constituição da Republica Portuguesa: Lei do Tribunal
Constitucional. Coimbra, Coimbra Editora, 2005
MACHADO, J. Baptista – Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, Coimbra, 1996
MENDES, João de Castro – Introdução ao Estudo do Direito, Lisboa, 1994
MANSO, Luís Duarte e OLIVEIRA, Nuno Teodósio – Teoria geral de Direito Civil, casos práticos
resolvidos. Lisboa, Quid Yuris, Sociedade Editora, 2005
PINTO, Carlos Alberto da Mota, MONTEIRO, António Pinto, PINTO Paula Mota – Teoria Geral de
Direito Civil. Coimbra, Coimbra Editora, 2005

Webgrafia:
www.lojadocidadao.pt
www.cfe.iapmei.pt
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalidadeportuguesa
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Refugiado
http://www.acnur.org/t3/portuguesa/a-quem-ajudamos/apatridas

Professora: Manuela Sampaio 35

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