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AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR GERENTE DO BANCO TAL – S.A.

MANAUS-AM - AGÊNCIA BANCÁRIA 9999 -  SOLICITAÇÃO DE EXTRATOS


DE CONTA DE CORRENTISTA FALECIDO (FULANO DE TAL).

                        FULANICRA DE TAL, FULANICRO DE TAL e


FULANAMÃE DE TAL, legítimos herdeiros dos bens do falecido FULANO DE
TAL, via advogado no final firmado (Doc.01), regularmente inscrito OAB-AM,
sob o n. 9999, com escritório profissional em Manaus-AM, na Rua Tal, n. 1000
– Bairro Tal, CEP 69055-000, onde receberá notificações, vêm à presença de
Vossa Senhoria REQUERER a prestação de informações sobre o valor
constante nas contas bancárias pertencentes ao de cujus para fins de instrução
de inventário extrajudicial, nos termos a seguir indicados:

1.)   Os Exponentes constituíram-se enquanto herdeiros de FULANO


DE TAL, falecido em 10.00.2015, conforme CERTIDÃO DE ÓBITO anexa
(Doc. 02), sendo o de cujus correntista de Vossa Instituição Bancária.

2.)   Em comum acordo sobe a partilha de bens, os sucessores levaram


a efeito abertura de INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL junto ao 44º Tabelionato
de Notas de Manaus-AM, conforme ESCRITURA PÚBLICA DE ABERTURA
DE INVENTÁRIO DO ESPÓLIO, Livro n. W-01, fl. 4600, datada de 27.00.2015,
documento incluso (Doc. 03).

3.)       Importa salientar que o procedimento de inventário extrajudicial


objetiva a celeridade e economia processual, encontrando-se devidamente
regulamentado pela lei federal 11.441/2007.

4.)       Assim, torna-se imperiosa a ciência dos valores requeridos por


meio deste para que seja dada continuidade ao procedimento de inventário
extrajudicial junto ao Cartório de Notas.

5.)       Ressalte-se que o não oferecimento das informações


requeridas caracteriza descumprimento de lei federal no que tange a
ofensa ao art. 982, do Código de Processo Civil, conforme alteração da lei
n. 11.441/2007 que disciplina:

“Havendo testamento ou interessado


incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial;
se todos forem capazes e concordes, poderá
fazer-se o inventário e a partilha por escritura
pública, a qual constituirá título hábil para o
registro imobiliário.”

 6.)       Assim, preenchidos os requisitos, os herdeiros, devidamente


representados por causídico, iniciam procedimento de inventário extrajudicial
perante o tabelião. A seguir, são relacionados os bens e dívidas deixados pelo
autor da herança, pagam-se os tributos pertinentes, saldam-se dívidas e,
finalmente, procede-se à partilha.

 7.)       Como se pode concluir, a descrição dos bens é essencial


para conclusão do inventário. Daí o problema surge quando os herdeiros,
de posse do atestado de óbito do ente querido, buscam informações de valores
depositados em instituições bancárias  e estas negam-se a prestar as
informações requeridas gerando óbice a continuidade do procedimento de
inventário extrajudicial.

8.)       Dessa maneira, não haverá outra saída, senão o ingresso de


medida judicial cabível para apuração de responsabilização devido ao
caracterizado descumprimento de lei federal, como também pleito de
danos morais e materiais.

9.)       Registre-se que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) possui


resolução que também disciplina o procedimento de inventário extrajudicial. A
Resolução 35 dispõe no seu art. 3º.

“As escrituras públicas de


inventário e partilha, separação e divórcio
consensuais não dependem de
homologação judicial e são títulos hábeis
para o registro civil e o registro imobiliário,
para a transferência de bens e direitos, bem
como para promoção de todos os atos
necessários à materialização das
transferências de bens e levantamento de
valores (DETRAN, Junta Comercial,
Registro Civil de Pessoas Jurídicas,
instituições financeiras, companhias
telefônicas, etc.)” (grifo nosso)
10.)     Registre-se ainda que, diante da negativa do oferecimento
dos extratos bancários, também será cabível intervenção junto ao CNJ,
pois tal atitude acarreta, em verdade, judicialização de procedimentos
extrajudiciais, em ofensa a todos o esforço legislativo e judicial na busca
pela celeridade dos procedimentos.

11.)     Frize-se, por oportuno, que não cabe a negativa em face das


informações serem tuteladas pelo sigilo bancário e fiscal. Isto porque a lei
pertinente à matéria, LC n. 105/2001, resguarda a liberdade e intimidade do
correntista, isso enquanto sujeito capaz.

12.)     Ora, morto não é sujeito de direito e obrigações, os herdeiros na


condição de representantes do espólio sim, sendo tais informações restritas
aos mesmos.

13.)     No mais, a LC n. 105/2001, prevê:

“Art. 1º: As instituições financeiras


conservarão sigilo em suas operações
ativas e passivas e serviços prestados (...)

§ 3º Não constitui violação do


dever de sigilo: (...)

V - a revelação de informações
sigilosas com o consentimento expresso
dos interessados; (grifo nosso)

  14.)     Como se vê, é lícita a revelação de informações sigilosas aos


interessados e, por óbvio, herdeiros são interessados. Ao negar, o responsável
pela instituição pratica a conduta insculpida no artigo 10, do mesmo diploma
legal, in litteris:

“Art. 10. A quebra de sigilo, fora


das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita
os responsáveis à pena de reclusão, de
um a quatro anos, e multa, aplicando-se,
no que couber, o Código Penal, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis.
Parágrafo único. Incorre nas
mesmas penas quem omitir, retardar
injustificadamente ou prestar falsamente
as informações requeridas nos termos
desta Lei Complementar.” (grifo nosso)

                        15.)     Ademais, carreado ao presente requerimento


segue toda a documentação comprobatória dos Requerentes enquanto
herdeiros do falecido e ainda um parecer da Corregedoria Geral de Justiça do
Estado do Ceará, datado de 2013, que indica o reconhecimento da
possibilidade de prévia Escritura Pública Declaratória de abertura de inventário
com finalidade ao acesso de dados bancários de correntista falecido,  sob pena
de notícia crime de delito definido na LC 105/2001, art. 10, parágrafo único, e
ainda realização de reclamação junto ao Banco Central.

                        16.)     Diante do exposto, REQUER à Vossa Senhoria a


apresentação dos EXTRATOS BANCÁRIOS E TODOS OS
DEMONSTRATIVOS DE ATIVOS FINANCEIROS do de cujus FULANO DE
TAL, cumpridas as formalidades de estilo.

Cordialmente,

Advogado

OAB n.

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