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Ana Carlos Narciso Subuleta

Angelina Alexandre Chapo


Assimina David Bila
Bércia Domingos Sitoe
Cítia Januário José
Damião Feliz Cumbi
Flora Domingos Mahumane
Horquídia Isaac Mavile
Lucas Paulo Ngulube
Maria Luísa da Conceição Nhanale
Octávio Eugénio Cossa
Quitéria Jamisse Tafo
Samuel Titos Milane
Sicandra António Duzente
Simião Henrique Chaúque
Sónia Simião Chisseve

Sistema Colonial Ocidental

Licenciatura em Ensino Geografia com Habilitações em História

Universidade-Save

Massinga

2021
1

Ana Carlos Narciso Subuleta


Angelina Alexandre Chapo
Assimina David Bila
Bércia domingos Sitoe
Cítia Januário José
Damião Feliz Cumbi
Flora Domingos Mahumane
Horquídia Isaac Mavile
Lucas Paulo Ngulube
Maria Luísa da Conceição Nhanala
Octávio Eugénio Cossa
Quitéria Jamisse Tafo
Samuel Titos Milane
Sicandra António Duzente
Simião Henrique Chaúque
Sónia Simião Chisseve

Sistema Colonial Ocidental

Trabalho de pesquisa da cadeira de História


de África até século XV a ser apresentado ao
Departamento de Letras e Ciências Sociais
para efeitos de avaliação.

PhD: Hipólito Sengulane

Universidade-Save

Massinga

2021

Índice
2

CAPÍTULO: I....................................................................................................................3

1.Introdução.......................................................................................................................3

CAPÍTULO II: SISTEMA COLONIAL OCIDENTAL...................................................4

2. Sistema colonial ocidental ou americano......................................................................4

2.1.O monopólio do Sistema colonial Ocidental...............................................................4

2.2.O comércio desigual....................................................................................................5

2.3.O trabalho compulsório do Sistema colonial Ocidental..............................................6

2.4.Locais de captura e destino dos escravos....................................................................7

2.5. Custo do escravo Africano.........................................................................................8

Os custos de escravos na África estavam estabelecidos em equivalências:......................8

2.6. Situação de chegada e a venda dos escravos..............................................................9

As razões da escolha de África para fornecedora de mão-de-obra.................................10

2.8. O papel dos negreiros africanos e a divisão social do trabalho................................11

2.9. As razões da abolição do tráfico de escravos...........................................................12

3. Conclusão....................................................................................................................13

4.Referência Bibliográfica...............................................................................................15

CAPÍTULO: I
3

1.Introdução

Este trabalho surge no âmbito da cadeira de História de África dos primórdios até ao
século XV, tem como tema: Sistema colonial Ocidental. E encontra-se organizado por
capítulo onde no primeiro capitulo encontramos a parte introdutória do trabalha, no
segundo capítulo encontramos, o desenvolvimento do trabalho com os seguintes pontos,
o monopólio do sistema colonial ocidental, o comercio desigual, O trabalho
compulsório do Sistema colonial Ocidental, Locais de captura e destino dos escravos,
Custo do escravo Africano, Situação de chegada e a venda dos escravos, As razões da
escolha de África para fornecedora de mão-de-obra, O papel dos negreiros africanos e a
divisão social do trabalho, As razões da abolição do tráfico de escravos, Conclusão e
pôr fim a Referência Bibliográfica.

CAPÍTULO II: SISTEMA COLONIAL OCIDENTAL


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2. Sistema colonial ocidental ou americano

Com a excepção do nordestes dos actuais EUA, todo o continente Americano foi
dividido em colónias de exploração dependentes politicamente das metrópoles europeus
e essas colónias tinham suas economias a partir do centro decisório metropolitano que
organizava a sua exploração viabilizando a acumulação primitiva de capitais,
Sengulane, (2007, p.273).

O sistema colonial ocidental, no “Novo Mundo” (América), funcionou sustentado no


regime de monopólio e no trabalho compulsório. O regime de monopólio foi aplicado
essencialmente no comércio com a finalidade de maximizar a extracção de excedentes a
concentrar na Europa Ocidental.

2.1.O monopólio do Sistema colonial Ocidental

Este regime impunha que as colónias vendessem a sua produção apenas à respectiva
metrópole e que, também, comprassem nela os produtos de que necessitavam. Para
viabilizar o sistema actuavam nas colónias os mercadores e as companhias de comércio
autorizadas pelos Estados metropolitanos. Sengulane, (2007, p.274).
O regime de monopólio foi fundamental para a acumulação de capitais na Europa
Ocidental, pois gerava um lucro triplo: a exclusividade de compra nas colónias fazia
com que os mercadores metropolitanos impusessem os seus preços, comprando todas as
produções quase ao nível dos custos investidos. Criava-se aqui o primeiro lucro. Na
metrópole onde esses mercadores tinham a exclusividade de revenda, comercializavam
os produtos coloniais a preços altíssimos, incorporando um segundo lucro. Como
também os mercadores tinham o monopólio do fornecimento dos produtos
metropolitanos nas colónias, aproveitavam para vendê-los a preços o mais alto possível.
Ganhavam aqui o terceiro lucro. Não é de estranhar, por isto, que a partir do século
XVII os produtores coloniais tenham-se declarado permanentemente endividados,
apesar das grandes colheitas que conseguiam. (Walvin, James, 2008, p. 97)

"Na verdade, os produtores coloniais tiveram sempre seus lucros drasticamente


deprimidos, em razão dessa comercialização obrigatória, a preços de
monopólio, que as metrópoles lhes impunham. Não podiam se aproveitar das
flutuações favoráveis de preços no mercado e tinham que recorrer
frequentemente a empréstimos, vivendo uma falsa condição de status superior,
5

graças à posse de grandes extensões de terras e de numerosos escravos. " (p.


98)

2.2.O comércio desigual

O regime monopolista foi fundamental para a acumulação de capitais na Europa


Ocidental, pois geravam um lucro triplo: a exclusividade de compra nas colónias fazia
com que os mercadores metropolitanos impusessem os seus preços comprando toadas as
produções quase ao nível dos custos investidos. Criava-se aqui o primeiro lucro na
metrópole onde os mercadores tinham a exclusividade de revenda, comercializavam os
produtos coloniais a preços altíssimos incorporando um segundo lucro. (Sengulane,
2007, p.265)

Segundo Sengulane (2007, p.275), como os mercadores tinham o monopólio de


fornecimento dos produtos metropolitanos nas colónias, aproveitavam para vende-los a
preços mais altos possíveis. Ganhavam aqui o terceiro lucro. Não de se estranhar, por
isso, que a partir do século XVII os produtores coloniais tinham se declarados
permanentemente endividados apesar das grandes colheitas que conseguiam.

Portugal, Inglaterra, Holanda e França exerciam o monopólio através de companhias de


comércio privilegiadas. A Espanha adoptou o sistema de parto único que constituiu e
permitir que apenas três portos do seu vasto império americano constituíssem pontos de
exportação de produtos colónias e de importação de mercadores metropolitanas
destinadas as colónias. Também procurou regular todo o comercio das suas colónias
através de um organismo oficial dominado “Casa de Contratação”.

O sistema monopolista engrenou dificuldades que provocaram o nascimento de


contrabando que se exercia entre as colónias e circuitos comercias mais lógicos. Isso
exigiu um esforço suplementar das metrópoles na tentativa de combater e de estancar
este mal comercial. (Ibid. 276).

2.3.O trabalho compulsório do Sistema colonial Ocidental


6

Segundo Sengulane (2007, p.275) O trabalho compulsório foi adoptado nas colónias
americanas essencialmente por duas razões: a redução demográfica e a abundancia de
terras incultas.

Os ingleses tiveram uma forma de trabalho compulsório em que empregavam


condenados, órfãos, desempregos e arruinados que iniciavam contratos para trabalharem
gratuitamente, em média, cinco anos na América em troca de passagens para aquele
continente. Também os franceses tiveram formas semelhantes de trabalho compulsório
que datavam dos tempos da colonização das Antilhas e do Canadá. Todo o peso da
adopção do trabalho compulsório, entretanto, recaiu sobre as populações indígenas e
sobre os africanos. (Idem).

Os indígenas, sob domínio espanhol, foram submetidos a duas formas de trabalho


compulsório:

2.3.1.A mita no Peru

Que consistia em trabalho obrigatório nas minas, e a encomenda no México, que


respeitava à obrigatoriedade de fornecer determinado número de indígenas, por aldeia,
para a prestação de serviços gratuitos durante um certo tempo. As mencionadas formas
vinham fazendo parte do costume, datando dos tempos das civilizações inca, no Peru e
asteca, no México e serviam para viabilizar a realização de obras públicas. Esta clara
que o costume foi aproveitado para a efectivação dos objectivos económicos coloniais.

O peso do trabalho, aliado aos maus tratos e à varíola, conduziu à diminuição da


população índia: o México, por exemplo, que contava com cerca de 25 milhões de
habitantes índios no séc. XVI, apresentava apenas 1,5 milhão, nos meados do século
XVII. Deste modo, a necessidade de manter os padrões de produção levou os europeus a
procurarem alternativas.

2.3.2.O tráfico de escravos

africanos que paulatinamente foi se generalizando: no séc. XVI, este comércio


restringia-se a América Portuguesa. Na primeira metade do séc. XVII estendeu-se para a
América Espanhola e Britânica e na segunda metade do mesmo século, abrangeu as
colónias antilhanas da França e da Holanda. (Ibid. 277)
7

No século XVIII a exploração de mão-de-obra negra africana para o trabalho tornou-se


na principal forma de produção em toda a América. Como se vê, o tráfico de escravos
foi inicialmente dinamizado por portugueses. Outras potências europeias vieram mais
tarde a aderir ao mesmo por causa da pressão dos fazendeiros de quase todas as colónias
americanas que estavam necessitados de mão-de-obra e isso oferecia oportunidade para
um comércio lucrativo. O tráfico de escravos tomou-se, desta maneira, na principal
forma de comércio internacional nos séculos em que durou.

2.4.Locais de captura e destino dos escravos

O escravo negro, nos séculos XVI e XVII era aliciado na fonte com propaganda. Nessa
altura, alguns eram levados para a Europa e outros para a América. Com o aumento da
pressão da necessidade de mão-de-obra, o uso da força mostrou-se o método mais
eficaz. De uma só vez obtinha-se um grande número. Os escravos eram capturados
fundamentalmente na África Ocidental, desde Arguim até Angola, uma área dividida
em sete sectores: Senegal, Serra Leoa, País do Galam e Maniguete (Guiné), Costa do
Marfim, Costa do Ouro, reinos de Ardres, de Ajudá e do Benin e Costa de Luango e de
Angola. Estes sectores integravam alguns portos importantes como Arguim, Goreia
(situada na foz do rio Senegal), Elmina, S. Tomé e Luanda, bastante disputados pelas
potências envolvidas no tráfico, dado o volume de escravos que forneciam. Luanda e
Congo permaneceram vários séculos à frente da Costa do Ouro e do Benin (Costa dos
Escravos) com "paraíso" dos negreiros. (Ki-Zerbo,1972, p.273).

Segundo Delacampagne (2002,p.135) explica que com o decorrer do tempo o mesmo


litoral dividiu-se em áreas de actuação: os franceses, operando desde a Mauritânia até à
Serra Leoa; os holandeses actuando na Costa do Marfim; os ingleses e dinamarqueses,
partilhando a Costa do Ouro (Ghana) e a Costa dos escravos (Benin) e os portugueses,
abastecendo-se no Congo e em Angola e estendendo-se também para a costa oriental de
África para Moçambique, sem esquecer as áreas de disputa como as costas da Nigéria e
dos Camarões, onde conflituavam ingleses e franceses.

De uma maneira geral, consideravam-se como melhores cativos de escravos, os


chamados pecas de Índia, escravos com idade compreendida entre 15 e 25 anos sem
defeitos, com todos os dedos e dentes e com saúde excelente.
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A estrutura dos portos Africanos do tráfico constitua-se, de um fortim que era centro da
feitoria e lugar de espera de “cargas”, em volta, viviam os príncipes africanos
intermediários, interpretes, curandeiros, interveniente de toda a espécie que recebiam
vantagens do comércio tais como viagens para europa, comissões, taxas por cabeça. Os
fortins integravam: um director, um conferente, um encarregando de armazém, um
capelão um cirurgião, um oficial, vários ancilares e soldados. (Ibid: 136).

Para fazer face aos riscos de perda de carga (escravos) e garantir o monopólio de tráfico,
os negreiros organizavam se em companhias de que são exemplo: a companhia Ruanesa
criada em 1626 que tinha obtido direitos explosivos do governo francês; a companhia
dos aventureiros reais de África, criada em 1661 que obteve o direito exclusivo de Cabo
Branco até ao Cabo da Boa Esperança. Um tipo especial do monopólio foi o direito
vendido pela Espanha em particular ou países de transportar escravos pra as suas
colónias da América. O boom do trafico verificou-se em 1697, quando o parlamento
inglês concedeu a liberdade de trafico a todos os súbditos das coroa.

O comércio de escravos envolvia três continentes (triangular) envolvendo a europa de


onde vinham os negreiros para África com aguardente, tecidos, missangas, bacias,
espelhos, quinquilharias e mosquetes obsoletos; África onde os negreiros obtinham em
troca peles, goma, marfim, ouro e sobretudo escravos; e América para onde se
encaminhavam os escravos para trabalharem nas plantações e minas produzindo cana-
de-açúcar, algodão e metais preciosos matérias-primas transportadas para europa.
(Idem).

2.5. Custo do escravo Africano

Os custos de escravos na África estavam estabelecidos em equivalências:


 Três crianças de 8 a 15 anos valiam duas pecas da Índia.
 Duas crianças de 3 a 7 anos custavam uma pecas da Índia;
 Uma mãe e seu filho equivalia uma peca da Índia.

Outras unidades de trocas foram adoptadas conforme o tempo e a satisfação do


comércio: a ouça, o pacote, a barra, o ouro em pó e em pepita, Ki-Zerbo, (1972,p.273)

Segundo Coquery-Vidrovitch (1981, p. 132), um cativo - homem -, podia custar um dos


seguintes valores: búzios ou caurís com peso de 180 libras; 4 a 5 potes de aguardente
local; 40 a 50 peças de tecidos de linho; 300 libras de pólvora de guerra; 25 a 30
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espingardas vulgares; 40 a 45 barras de ferro cumpridas; 10 a 12 chitas de pondichéry;


12 guinês azuis; 20 grossas de cachimbos cumpridos da Holanda; 16 peças de tapsels.
Uma cativa “mulher”, podia valer: 10 guinês azuis; guinês brancas; salampuris brancos;
salampuris azuis; 10 peças de tapsels; nicanés; bastas; limíneas e lenções de pondichéry.
Em geral, a mulher valia menos um quarto ou um quinto que os homens.

2.6. Situação de chegada e a venda dos escravos

No local de chegada, nas Américas, no fim do período de quarentena imposto aos


navios vindos da África, um tiro de canhão anunciava o início da venda que se
realizava, em geral, no próprio barco e, tal como em África, os escravos eram vendidos
em lotes, misturando escravos fortes e menos fortes, mulheres e crianças, e o seu preço,
nos inícios do século XVII, custava 4 a 5 vezes mais em relação ao preço da compra.
(Delacampgne, 2002, p.137).

Os traficantes de escravos tinham de ter cuidado de permanecer pouco tempo nas costas
africanas por causa de vários riscos entre os quais as possibilidades de ataques por
africanos; a contracção de doenças pelos marinheiros e a morte prematura dos escravos,
um risco que não deviam correr depois dos custos da compra e por vezes das
dificuldades em adquiri-los. Efectivamente, havia vezes em que a busca do escravo na
costa africana era lenta e penosa, obtendo-se pequenos números de cada vez e em
lugares dispersos e distantes uns dos outros, conforme testemunha. Ibid. (138).

“A África Ocidental era um ambiente ferozmente hostil para os europeus e para


os escravos - os quais já haviam sido obrigados a percorrer grandes distâncias
desde a sua terra natal até ao local em que eram vendidos aos navios negreiros.
À primeira vista, pode parecer que os europeus eram o grupo mais poderoso na
costa africana, graças aos seus navios avançados, ao seu poder de fogo
superior a aos subornos económicos. Mas, na realidade, a sua posição e a sua
segurança sempre foram, em todo o lado, periclitantes. Mesmo dentro das
fortalezas mais sólidas, os europeus mantinham um pé no mar e temiam ficar
cercados de africanos. Tinham diante de si comunidades locais africanas que
não compreendiam (apesar de com elas viverem e fazerem trocas comerciais
durante muitos anos) e cujo poder para os apanhar de surpresa era temível. Tal
acontecia quer os europeus fizessem as trocas a partir dos navios, nas praias,
em portos ou ao longo de um percurso fluvial. O comércio de escravos era uma
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actividade desconfortável, perigosa e, frequentemente, fatal, mas o facto de ter


sobrevivido durante um período tão alargado, numa faixa tão grande da costa
africana e envolvendo tantos milhões de africanos é uma prova do seu a pelo
comercial e do potencial lucro que proporcionava. “ (p 69 e 70)

2.7. As razões da escolha de África para fornecedora de mão-de-obra

A escolha da África para fornecer a mão-de-obra prendeu-se com razões económicas e


não com motivos ligados com a capacidade de resistência do africano ou sua adaptação
a trabalhos duros. De facto, a África oferecia, pela sua localização, possibilidades de
realizar um comércio de menos custos e rápido, devido à sua proximidade com o local
onde essa mão-de-obra seria utilizada, bem como com o local que dinamizaria esse
tráfico, isto, aliado ao razoável povoamento e à ausência dos Estados fortes na África
atlântica que pudessem opor-se a este comércio. (Sengulane, 2007, p.275)

Ditou também a escolha da África o facto de ser um continente sem um importante


vínculo económico com a Europa, no contexto da economia-mundo, ja que o ouro e a
prata eram fornecidos pela América. Deste modo, a única possibilidade de relação
económica lucrativa com a África, vista como realmente importante na economia-
mundo, foi a de fenecer mão-de-obra. Considere-se também que para a Europa, era
importante que sistema não fosse penalizado por inevitáveis consequências económicas
que seriam criadas por ma remoção, em larga escala, de mão-de-obra de um lugar que
tivesse importância produtiva para o objectivo da acumulação de capital. (Idem).

No próprio continente africano houve condições que favoreceram o desenvolvimento do


tráfico. A fragmentação política que caracterizava a África, desde o desaparecimento
dos últimos grandes impérios, com destaque para o Songhay, levou ao aparecimento de
numerosos reinos e de pequenas entidades políticas organizadas em tribos e aldeias que
viviam em constantes conflitos. As invejas desenfreadas entre essas unidades
conduziam a ciclos de guerras e de raptos quase permanentes, que vieram a ser
aproveitados como meio cómodo de obter escravos. Com o desenvolvimento do tráfico,
a vaidade e a ambição dos chefes locais pelas mercadorias europeias aguçaram-se, de tal
forma que, colocando-se uns contra os outros, e perdendo completamente o sentido das
suas responsabilidades, transformaram-se nos principais fornecedores de escravos,
chegando mesmo a vender os membros das suas próprias comunidades, quando os
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cativos escasseavam. As faltas mais simples eram punidas com a transformação dos
infractores em cativos. (Ibid: 276)

2.8. O papel dos negreiros africanos e a divisão social do trabalho

Os altos rendimentos do tráfico fizeram com que os antigos comerciantes de ouro,


marfim, peles, carapaças de tartaruga e outros produtos se adaptassem progressivamente
à nova modalidade comercial. Apareceu assim, uma categoria de mercadores indígenas
ligados ao tráfico que os europeus apelidaram de correctores. Esses mercadores eram
recrutados, ao nível da África Ocidental, entre os sarakolés, mandingas e haússas. No
século XVIII, foram formadas associações africanas de captura de escravos que tinham
em vista prevenir fugas ou revoltas e diminuir os riscos de ataques que os comerciantes
corriam quando actuavam particularmente ou isoladamente. (Sengulane, 2007, p.278)

Pode-se considerar que os estímulos para a prática sistemática do tráfico de negros que
emergiu e se consolidou a partir do século XVI, resultou do aumento da demanda do
açúcar brasileiro. Este comércio fez emergir, ao lado das tarefas agrícolas de
desbravamento, plantação e colheita, o desenvolvimento de um sistema de produção
industrial que produzia o açúcar e o rum. A produção do açúcar requeria um certo nível
de organização, (Idem).

Por esta razão, nasceu nas plantações de cana-de-açúcar uma disciplina baseada numa
combinação de violência, por um lado, e encorajamento e incentivo, por outro, porque a
coerção exclusiva pelo chicote nem sempre resultavam em trabalho, eficiência e
rendimento. Assim, os escravos foram divididos em grupos: primeiro, o grupo
constituído por escravos mais fortes que fazia o trabalho pesado de desbravar, adubar e
plantar; segundo, o grupo do corte e recolha da cana; terceiro, o grupo da organização
da cana em feixes, carregamento e transporte por carroça para a fábrica, onde a cana era
triturada, fervida, destilada e o líquido embalado em barris por um quarto grupo de
escravos qualificados para o efeito. Esta divisão podia variar. Delacampgne, (2002 p.
138).

Nas Antilhas, por exemplo, o sistema de produção de cana-de-açúcar dividia-se no


chamado "Jardim “e moinho". O "Jardim" era o campo de produção de cana onde os
escravos trabalhavam de sol a sol, vigiados, divididos em 3 grupos: grande secção,
composta por homens fortes e saudáveis, a segunda secção, constituída por mulheres e a
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pequena secção que agrupava crianças e convalescentes. No moinho, trabalhavam os


escravos, também vigiados, triturando a cana, uns e destilando o suco em caldeiras,
outros, para extraírem o açúcar e o rum. (Idem)

2.9. As razões da abolição do tráfico de escravos

Segundo Sengulane, (2007, p.265), A abolição do tráfico, a despeito de outros factores


concorrentes, teve como causa de peso, as motivações económicas. A revolução
industrial (ela, resultante da acumulação do capital proveniente dos lucros do tráfico
negreiro e do sistema de plantações americano) e a consolidação do capitalismo e da sua
economia sustentada no mercado, conduziram a incompatibilidades com o escravismo.
O capitalismo exige mercados livres e trabalhadores assalariados para completar o ciclo
económico da produção: a circulação e o consumo, e isso não se pode efectivar se a
mão-de-obra não puder dispor de liberdade e de meios financeiros para consumir.
Assim, impôs-se a eliminação do tráfico.

Norteada por esta preocupação, a Inglaterra, primeira potência a industrializar-se,


conduziu uma acção enérgica contra o tráfico de negros. Montou no oceano Atlântico
navios-polícia que sulcavam o mar fiscalizando, aprisionando ou afundando navios
traficantes. Em 1772, esta potência proibiu a escravatura no seu território. Em 1807,
proibiu o tráfico negreiro nas suas colónias e em 1834, concedeu liberdade a todos os
escravos do seu império. As estatísticas sobre o número de escravos africanos que foram
transportados para o continente americano são variáveis e controversas. Entretanto,
começa a haver algum consenso: dos 12 milhões de africanos transportados, 10.5
milhões conseguiram sobreviver até desembarcarem. No total foram 27.000 viagens,
das quais 12.000 foram de iniciativa britânica. Cerca de 1,5 milhão morreram a bordo,
sendo lançados ao mar. Foram mais transportados homens do que mulheres, embora
isso tenha variado ao longo dos Séculos. Walvin (2008, p. 84).

O sistema colonial americano teve ainda três características económicas comuns: a


grande propriedade rural; a especialização produtiva e a produção para o mercado
externo.

A grande propriedade rural constituiu a tendência dominante do tipo de propriedade


na América. Isto se devia aos altos custos fixos da implantação dos complexos
produtivos que exigiam propriedades extensas para que pudessem operar com um
13

mínimo de lucratividade. Nas Antilhas, por exemplo, um canavial só se tornava


lucrativo se tivesse no mínimo 160 hectares. Também, o tipo de mão-de--obra
incentivou o carácter extenso das propriedades, pois o aumento da produção só poderia
ser conseguido através da ampliação das eras cultivadas prestando-se para tal um
elevado número de escravos. Igualmente, a abundancia de terras virgens e de culturas
que esgotavam rapidamente os solos como a cana-de-açúcar e o tabaco, contribuíram
para a ampliação das propriedades. (Idem)

A especialização produtiva cumpria a função de produzir culturas agrícolas tropicais


impossíveis de produzir na europa devido a razão geoclimática. Assim, as grandes
propriedades rurais caracterizavam-se por desenvolver monoculturas destinadas a
exportação. O estímulo da práctica das monoculturas e as barreiras levantadas contra a
diversificação de culturas tinham também que ver com o facto de que as colónias
funcionavam como consumidoras de produtos europeus. Apenas admitia-se o cultivo,
para o consumo local, de produtos agrícolas suplementares à cultura obrigatória, que
não fossem produzidas na Europa, como é caso do milho e da mandioca. (Ibid: 88)

O impedimento da diversificação tem de ser visto também pelo lado da exiguidade do


mercado interno, agravado pela existência da escravatura que impedia o
desenvolvimento do mercado consumidor. Por isso, o continente americano, durante a
maior parte do período colonial, de uma maneira geral, foi produtor de pouquíssimos
géneros tropicais. Os principais produtos cultivados segundo bases da monocultura
foram a cana-de-açúcar (cultivadas essencialmente no Brasil e nas Antilhas), o tabaco
(cultivado na Bahia, no Brasil) e o algodão (cultivado no sul dos actuais Estados
Unidos).

A produção para o mercado externo não constituía apenas característica resultante da


política de monopólio, mas também da exiguidade do mercado interna. Ilustra isso o
facto de que se por alguma eventualidade alguma produção não pudesse ser exportada,
simplesmente perdia-se por falta de consumidores internos. E neste sentido que a
produção colonial americana destinava-se quase exclusivamente à exportação para as
metrópoles. Deste modo, constituíam colónias ideais, aquelas que conseguiam produzir,
em grande escala e em moldes monoculturas, produtos tropicais de exportação. Ibid.
14

3. Conclusão

Fim do presente trabalho concluiu-se que o Sistema colonial Ocidental, no século XVIII
a exploração de mão-de-obra negra africana para o trabalho tornou-se na principal
forma de produção em toda a América. e o trafico de escravos foi dinamizado por
portugueses e Outras potências europeias, passando assim o tráfico de escravos como
comércio lucrativo que torna-se, desta maneira, na principal forma de comércio
internacional nos séculos em que durou. Nas razões da abolição do trafico de escravos
destaca-se os seguintes motivações económicas, A revolução industrial (ela, resultante
da acumulação do capital proveniente dos lucros do tráfico negreiro e do sistema de
plantações americano) a consolidação do capitalismo e da sua economia sustentada no
mercado. Estes motivos conduziram a incompatibilidades com o escravismo. O
capitalismo exige mercados livres e trabalhadores assalariados para completar o ciclo
económico da produção: a circulação e o consumo, e isso não se pode efectivar se a
mão-de-obra não puder dispor de liberdade e de meios financeiros para consumir.
Assim, impôs-se a eliminação do tráfico.
15

4.Referência Bibliográfica

1-Coquery-Vidrovitch Catherine (1981), “A descoberta de áfrica” Lisboa, Pg 188.

2- Delacampagne. Christian (2002) “ História da escravatura: da antiguidade aos


nossos dias”, Lisboa texto & grafia Pg. 239.

3- Ki-Zerbo, Joseph (1972), “ História da áfrica negra” Paris: hatier, p. 2061-289.

4- Walvin, James. (2008) ”Uma História da Escravatura” Lisboa: tinta-da-china Pg.


277

5- Hipólito. Sengulane.. Das Primeiras Economias Ao Nascimento Da Economia-


mundo, Editora Universidade Pedagógica, Maputo, 2007.

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