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MIGUEL TORGA

Características temáticas

A problemática religiosa:
۰ Indecisão face ao absoluto, ao divino, ao sagrado
۰ Negação da transcendência
۰ Negação de Deus e a obsessão da sua presença
۰ A revolta e o protesto; angústia e desespero
۰ Conflito entre o humano e o divino – revolta contra a transcendência divina, rejeitando Deus, pois
não aceita a sua distância em relação aos homens e aos seus problemas
O sentimento telúrico:
۰ «Fidelidade» à terra; a natureza é onde o poeta busca a plenitude, é nela que ele recarrega as
forças
۰ Ligação da terra com o sagrado
۰ O sentimento instintivo, sexual e mortal da vida – o Homem, numa aliança com a terra, tem a
capacidade de estimular a criação (no entanto, há o reconhecimento da presença de um outro poder)
۰ O Homem deve ser capaz de se realizar no mundo, deve unir-se à terra, ser-lhe fiel para que a
vida tenha sentido e o próprio sagrado se exprima. A terra é o lugar concreto e natural do Homem
O desespero humanista:
۰ Actividade de médico evidencia os limites do homem – contacto com o sofrimento humano
۰ Amargura perante o encontro com os outros
۰ A consciência da grandeza trágica da nossa condição
۰ A solidão e o isolamento
۰ “um poeta não pode deixar de ser rebelde” – não deve pretender corresponder às expectativas do
exterior, ele não pode ser o símbolo de nada
O drama da criação poética:
۰ O artista é um insatisfeito
۰ A poesia é, para aqueles que decidiram viver sem Deus, a procura de uma coesão e de um sentido
para a vida – a poesia é a religião do Homem

Características estilísticas

۰ Irregularidade estrófica, métrica e rítmica


۰ Preocupação fónica – muitas aliterações
۰ Adjectivações, comparações e imagens
۰ Metáforas

 A problemática religiosa
Desfecho – revolta do humano face a um deus autoritário, impertinente, omnipresente mas silencioso k
não resolve os seus problemas

 O sentimento telúrico
S.Leonardo de Galafura – exaltação da beleza da terra, ao mostrar a vontade de um santo de continuar
no cais humano; tristeza perante a morte; apelo para que se retenha tudo através dos sentidos e que se
aproveite cada momento ao máximo (prolongamento do momento); mito de Anteu: Anteu era um gigante,
filho de Neptuno e da Terra. Na luta contra Hércules, Anteu recuperava forças cada vez que tocava no
solo, e era invencível. Então, Hércules ergueu-o nos braços e conseguiu dessa maneira eliminá-lo. Miguel
Torga pode identificar-se com Anteu, na medida em que é na terra que recupera as suas forças e
valoriza-a sobretudo como terra-mãe.

Regresso – importância da terra natal para o sujeito poético – é nela k ele alcança a felicidade e se
realiza plenamente; contraste entre o entusiasmo/vida na sua terra e a insatisfação/desencanto
provocada pelo “desterro”

 O desespero humanista
Orfeu rebelde - mito de Orfeu: Orfeu era um cantor e um músico maravilhoso. Os sons da sua lira
domavam feras, que se deitavam a seus pés. Tendo sido sua mulher Eurídice sido mordida mortalmente
por uma serpente, Orfeu desceu aos Infernos, habitação dos mortos, para a ir buscar. Com a doçura do
seu canto obteve das divindades infernais a permissão, com a condição de não se voltar para trás
enquanto não tivesse transposto os limites das sombras do Inferno. Tal não aconteceu e Orfeu nunca
mais voltou a ver Eurídice; poeta como um rebelde k não aceita os limites k lhe são impostos e k os
combate através da poesia (deixa a sua marca); o k interessa é a mensagem, não a forma/beleza do
poema

Dies irae – protesto contra um contexto onde falta a liberdade; o poeta é o porta-voz do contexto social;

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