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ENTIDADE FORMADORA
Técnicas de Marketing
Manual da acção de formação
Formadora: Lídia Gonçalves
2010
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
1. PRINCÍPIOS GERAIS DE MARKETING ......................................................................................... 4
1.1. MERCADO ............................................................................................................................. 5
1.2. ANÁLISE DE MERCADO ............................................................................................................ 6
1.3. ESTUDO DE MERCADO ............................................................................................................ 8
1.4. SEGMENTAÇÕES DE MERCADO................................................................................................. 11
2. TEORIAS EXPLICATIVAS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ...................................... 13
2.1. VARIÁVEIS EXPLICATIVAS INDIVIDUAIS ...................................................................................... 13
TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES ............................................................................... 13
TEORIA DAS MOTIVAÇÕES ....................................................................................................... 15
TEORIA DAS ATITUDES ............................................................................................................ 16
2.2. CARACTERÍSTICAS PERMANENTES DOS INDIVÍDUOS ...................................................................... 17
2.3. VARIÁVEIS EXPLICATIVAS SOCIOLÓGICAS E PSICOSSOCIOLÓGICAS ................................................... 18
2.4. COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR ...................................................................... 24
2.5. PROCESSO DE DECISÃO ........................................................................................................... 27
3. VARIÁVEIS DE MARKETING ...................................................................................................... 34
3.1. INVESTIGAÇÃO DE MARKETING ................................................................................................ 34
3.2. VARIÁVEIS DE MARKETING CONTROLÁVEIS ................................................................................ 39
3.3. PRODUTO ............................................................................................................................ 39
3.4. PREÇO................................................................................................................................. 42
3.5. DISTRIBUIÇÃO....................................................................................................................... 44
3.6. COMUNICAÇÃO .................................................................................................................... 44
3.6.1. PUBLICIDADE .............................................................................................................. 46
3.6.2. PROMOÇÃO ................................................................................................................ 48
3.6.1. VENDAS ..................................................................................................................... 49
3.6.1. RELAÇÕES PÚBLICAS..................................................................................................... 50
3.7. ASSISTÊNCIA APÓS VENDA ...................................................................................................... 52
3.8. QUALIDADE E MARKETING ...................................................................................................... 52
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 53
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INTRODUÇÃO
Actualmente, para uma empresa crescer e desenvolver-se face aos concorrentes é fulcral que
os gestores definam muito bem as estratégias e a política de marketing.
Para tal, esta acção permitirá aos formandos conhecerem e identificarem as diferentes
variáveis do Marketing que concorrem para a definição da estratégia da empresa.
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1. PRINCÍPIOS GERAIS DE MARKETING
Existem inúmeras definições para denominar o que é o Marketing, no entanto pode-se definir
este fenómeno, numa primeira abordagem, como:
«O conjunto dos meios de que dispõe uma empresa para vender os seus produtos aos seus
1
clientes, com rendibilidade.»
A partir desta definição, pode-se verificar que qualquer empresa para coexistir tem como
principal preocupação escoar o seu produto da forma mais lucrativa, logo desde cedo que se
utiliza um conjunto de técnicas e instrumentos subjacentes ao Marketing para vender.
Com o Marketing a assumir o papel principal, a visão das empresas passa a centra-se no
mercado, nomeadamente nos desejos e necessidades dos potenciais clientes. As empresas
devem ter consciência destas necessidades, quer sejam sociais ou humanas, de forma a criar
valor aos bens produzidos e assim satisfazer os clientes.
No entanto, esta actividade não se deve restringir ao sector empresarial, mas sim estender-se
às organizações sem fins lucrativos, visto que estas também pretendem alcançar os seus
públicos e atingir os seus objectivos através das técnicas e estratégias de marketing.
Assim podemos obter uma definição mais ampla daquilo em que se tornou a actividade de
Marketing na actualidade:
1
Denis LINDON, Jacques LENDREVIE, Joaquim Vicente RODRIGUES e Pedro DIONÍSIO, Mercator 2000 – Teoria e Prática de
Marketing, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, p. 26.
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«(…) Marketing é um processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e
2
desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca de produtos e serviços de valor com outros.»
De uma forma geral, podemos verificar que a actividade de Marketing parte do estudo de
mercado para perceber as necessidades e desejos do cliente, para que se crie produtos com
benefícios e valor superior, conseguindo assim a satisfação do cliente, pela troca desse valor,
isto é, pelas transacções no mercado.
1.1. MERCADO
Por outras palavras, mercado é o conjunto de públicos, isto é, grupos de pessoas que poderão
desempenhar qualquer influência na actividade de determinada empresa ou organização.
Focando os clientes potenciais ou públicos, é preciso saber distinguir quem são os clientes
finais, os compradores, os influenciadores e os distribuidores.
No que concerne aos influenciadores, estes por vezes serão outras pessoas como os líderes de
opinião, que se ilustram especialmente nos media, ou no exercício de determinadas
profissões. Vemos como exemplo, quando o veterinário aconselha uma ração, ou o pediatra
recomenda um produto.
2
Kevin Lane KELLER, Philip KOTLER, Administração de Marketing, Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2007, p.4.
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1.2. ANÁLISE DO MERCADO
Para poder analisar o mercado é necessário, antes de mais, tomar em conta alguns aspectos,
nomeadamente o tipo de mercado (aberto ou fechado; fragmentado ou concentrado) e ainda
em que fase do ciclo de vida se enquadra.
Os mercados abertos são aqueles que ainda não têm uma estrutura evidenciada, por outro
lado os mercados fechados, já têm a sua estrutura bem patente, em que é notória a posição
dos concorrentes, sendo por isso mais difícil uma porta de entrada a novos concorrentes.
Ao longo da evolução do mercado, pode-se caracterizar o seu ciclo de vida em quatro fases
distintas, especificamente: fase de lançamento de um produto; fase de desenvolvimento; fase
do alcance da maturidade e a fase de declínio.
Quanto à evolução a longo prazo, o mercado poderá ser determinado pelo tempo, sendo que,
em diversos casos, só o tempo permite a penetração; pelo efeito de oferta, que envolve a
oferta de que o consumidor dispõe; e pelos efeitos do meio envolvente, quer a nível
tecnológico, institucional, demográfico, económico, social ou cultural.
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a) Análise qualitativa
O comportamento do ser humano é muito complexo e pode ser influenciado por diversos
factores, sejam eles de cariz pessoal ou social, tais como a personalidade do cliente, as suas
percepções e atitudes, o estilo de vida, a área onde reside, a profissão que desempenha, a sua
cultura.
b) Análise quantitativa
Por outro lado, a análise quantitativa permite à empresa investigar a dimensão do mercado
em dados numéricos, o potencial e a previsão de vendas e as quotas de mercado das empresas
concorrentes.
Quanto à previsão de vendas, é fulcral definir o volume de vendas que a empresa poderá
atingir de acordo com o contexto económico a que se refere o período da previsão da venda.
Outro dos pontos que deverá ser analisado quantitativamente diz respeito à situação
concorrencial, representada em quotas de mercado das empresas e organizações
concorrentes, de modo a conhecer a viabilidade de obter vendas.
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1.3. ESTUDO DE MERCADO
Um estudo de mercado é o conjunto de técnicas que são utilizadas pelos gestores para
recolherem as informações úteis para o desenvolvimento da actividade de marketing no seio
da empresa, nomeadamente na pesquisa de novas oportunidades de negócio, de modo a
permitir a tomada de decisões, com o mínimo de risco, acerca do produto ou serviço a
implementar e da política de marketing que devem seguir.
Tal como foi especificado anteriormente, os estudos de mercado são compostos por dois tipos
de análises, quer sejam quantitativas ou qualitativas, uma centrada no consumidor ou cliente e
outra tendo como base a concorrência.
Em qualquer estudo, é fundamental obter informações úteis acerca de três aspectos fulcrais,
nomeadamente:
As principais informações que deverão ser recolhidas, para permitir aos gestores a tomada de
decisões, relativamente ao consumidor referem-se: às características externas ao consumidor;
ao comportamento de compra; às atitudes e ao processo de decisão de compra.
Podem ainda considerar-se concorrentes empresas que detenham produtos e serviços que,
independentemente das suas características, tenham potencial para satisfazer as mesmas
necessidades do consumidor.
Antes de mais, é preciso identificar os concorrentes, os quais podem ser classificados de:
concorrência inter-produtos (produtos com características semelhantes); concorrência inter-
segmentos (por exemplo: segmento dos iogurtes); e concorrência genérica (por exemplo:
sector alimentar).
Após a identificação, passa-se à fase da descrição das empresas concorrentes, no que diz
respeito ao espaço que ocupam no mercado concorrencial, tendo em conta o poder, a
experiência no mercado e o seu dinamismo. Neste contexto, importa recolher dados acerca da
quota de mercado dos concorrentes, a posição da marca, investimentos e acções de marketing
efectuadas, rentabilidade das empresas concorrentes, estratégias de marketing utilizadas e
ainda prever as acções futuras e a capacidade de reacção.
Para além dos critérios de marketing, é essencial levar em consideração os critérios técnicos,
como o potencial de investigação e de produção do concorrente, bem como os critérios
financeiros, nomeadamente os preços estabelecidos e a capacidade financeira.
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Etapas para a realização de um estudo de mercado3:
Para realizar um estudo de mercado bem fundamentado e no final os gestores tenham obtido
as ferramentas necessárias para tomarem as suas decisões de marketing, deve-se passar por
algumas fases ou etapas.
Antes de mais, os gestores devem questionar-se a si próprios face ao que irão decidir após
obterem os resultados do estudo e deverão saber o que fazer caso tenham outros resultados
diferentes dos pretendidos. Assim, é possível clarificar os objectivos do estudo de mercado.
Esta fase diz respeito ao desenvolvimento da metodologia ou plano que deve ser utilizado para
recolher os dados pretendidos. Nesta etapa, define-se o tipo de informação que se pretende
obter, quais são as fontes de dados (primários ou secundários), os métodos de pesquisa, plano
da amostragem e os instrumentos de pesquisa.
Nesta fase, o investigador irá pôr em prática o plano definido anteriormente, iniciando a
recolha de todos os dados e informações pretendidos.
3
Philip KOTLER, Administração de Marketing, Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2000, pp.127-137.
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Esta fase geralmente é a mais dispendiosa pois muitas vezes os entrevistados não atendem o
telefone e é necessário seleccionar aleatoriamente outras pessoas, outros não são honestos
ou recusam-se a cooperar.
Apesar de todo o trabalho de pesquisa, os resultados poderão apresentar erros, tornando mais
difícil o sucesso das tomadas de decisão por parte dos directores das empresas e organizações.
Devido aos diversos tipos de consumidores que constituem um mercado, é fulcral segmentar
os mercados consoante as características comuns a cada grupo de clientes. Deste modo, é
possível dividir os mercados em segmentos homogéneos, permitindo satisfazer as suas
necessidades particulares de forma mais eficaz.
O processo de segmentação de mercado segue vários critérios, consoante a natureza dos seus
constituintes e podem compor-se em três níveis, designadamente:
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Marketing de massas: abrange um maior número de clientes, é praticado de uma
forma mais genérica e segue uma política indiferenciada, ignorando as diferenças
entre consumidores;
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2. TEORIAS EXPLICATIVAS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Vários autores desenvolveram teorias acerca dos aspectos que são determinantes no processo
de decisão de compra e que influenciam o comportamento do consumidor.
Para melhor compreender estas teorias é importante ter em conta os factores ou variáveis
externas e internas ao indivíduo que podem influenciar o seu comportamento,
nomeadamente:
Foi Abraham Maslow4 que desenvolveu a teoria da hierarquia das necessidades, em que o
consumidor procura satisfazer as suas necessidades de uma forma hierarquizada.
4
Denis LINDON, Jacques LENDREVIE, Joaquim Vicente RODRIGUES e Pedro DIONÍSIO, Mercator 2000 – Teoria e Prática de
Marketing, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, p. 107.
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Pirâmide de Maslow
Necessidades de
realização
Evolução das
Necessidades de estima
necessidades
Necessidades de pertença
Necessidades de segurança
Necessidades fisiológicas
A pirâmide visualizada esboça a hierarquia defendida pelo autor. Com esta teoria são
distinguidas cinco categorias de necessidades, sendo que o consumidor procura satisfazer
primeiro as necessidades de base avançando até ao topo.
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Necessidade de realização: o autor classifica como o pico da pirâmide das
necessidades, a necessidade do consumidor se sentir realizado de acordo com os seus
desejos e aspirações, quer a nível pessoal como profissional.
De entre os vários autores, para definir a teoria das motivações, podemos referir B. Sapporta,
que menciona a importância das motivações para definir e complementar a teoria das
necessidades.
O autor clarifica que cada consumidor procura satisfazer as suas necessidades seguindo a
pirâmide, porém cada um de maneira diferente, mediante as suas motivações, pois para cada
comportamento verifica-se por um motivo.
As motivações nem sempre são coerentes e conduzem ao conflito interno entre a satisfação
de uma necessidade ou de outra. Por exemplo, quando o pai de família está motivado em
aderir a um seguro de vida em prol da sua família, satisfazendo a sua necessidade de pertença,
por outro lado, só de pensar na ideia de morrer ou ficar doente, afasta a motivação para o
seguro, contradizendo assim a sua necessidade de segurança.
Para conhecer a natureza das motivações dos consumidores e avaliar a sua intensidade é
fundamental fazer uma análise tanto por inferência a partir das acções dos indivíduos, como
por entrevista, ou pelos métodos projectivos.
Para maior rigor no estudo das motivações, pode-se obter dados através de entrevistas aos
consumidores, no entanto nem sempre estes dados podem ser fies porque os indivíduos
podem não dizer a verdade.
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Os métodos projectivos consistem em submeter as pessoas a um estímulo ambíguo, que não
seja preciso e declarado à vista desarmada. Deste modo, os comportamentos serão
determinados pela interpretação de cada um individualmente.
Elementos afectivos: sentimentos que o consumidor pode ter face aos produtos.
As atitudes que os consumidores assumem perante um produto podem sofrer uma evolução
de acordo com o trabalho dos profissionais de marketing de modo a conduzir ao elemento
comportamental, pois este nem sempre existe.
Quando a atitude é desfavorável face ao produto pode-se actuar de duas formas para tornar a
atitude favorável, nomeadamente, alterando as características do produto, de acordo com os
gostos dos clientes, ou influenciando as atitudes dos mesmos.
Teoria da congruência: quando duas atitudes são contraditórias, uma é favorável outra é
desfavorável, é necessário suprimir esta contradição, em que uma delas vai prevalecer face à
outra. Portanto, os publicitários devem ter esta teoria em atenção de modo a que consigam
influenciar positivamente nesta evolução das atitudes.
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Teoria da dissonância cognitiva: segundo Festinger5, tem de haver uma coerência interna das
atitudes, por exemplo uma pessoa que acabou de adquirir o produto, tende a focar mais a sua
atenção perante anúncios publicitários a esse produto de modo a confirmar as vantagens e
assegurar-se que fez uma boa compra. No entanto, por vezes existe uma dissonância, isto é, a
expectativa não foi realizada o que causa tensão e desconforto. Logo, o consumidor procura
ignorar essa dissonância recolhendo informações adicionais que o tranquilizem e atenuando as
que podem contradizer as suas atitudes.
Outra teoria para classificar o comportamento de compra diz respeito às características ditas
permanentes dos indivíduos, especificamente:
5
Denis LINDON, Jacques LENDREVIE, Joaquim Vicente RODRIGUES e Pedro DIONÍSIO, Mercator 2000 – Teoria e Prática de
Marketing, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, p. 112.
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hábitos de compra, o trabalho, entre outras coisas que as pessoas façam. Os sistemas
de valores e as opiniões do ambiente social também reflectem o estilo de vida de uma
pessoa.
Para além das variáveis internas ao indivíduo, existem factores do meio envolvente que
influenciam o comportamento de compra, visto que o ser humano vive em sociedade,
nomeadamente: os grupos, as classes sociais, as variáveis culturais e a família.
Grupos
Os grupos definem-se por um conjunto de pessoas que tem objectivos e necessidades comuns,
as quais são satisfeitas através da interacção e cooperação entre si. Portanto, as pessoas que
pertencem ao grupo partilham as suas crenças, ideias e valores. Todos nós pertencemos a
diversos grupos ao longo da nossa vida, como por exemplo, grupo de amigos, de vizinhos, de
colegas de trabalho, entre outros exemplos.
Os membros que tenham um estatuto médio face ao grupo agem de igual forma quer em
público, quer em privado, guiando-se pelas normas do grupo.
6
Denis LINDON, Jacques LENDREVIE, Joaquim Vicente RODRIGUES e Pedro DIONÍSIO, Mercator 2000 – Teoria e Prática de
Marketing, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, p. 115.
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Quanto àqueles que têm um estatuto elevado, são os que facilmente seguem as normas bem
como as corrompem e procuram modificá-las, visto que estes são vistos como uma espécie de
líderes no grupo. São estes elementos que criam e alteram as normas do grupo.
Nem todos os grupos aos quais um mesmo indivíduo pertence exercem a mesma influência
sobre este. Por outro lado, certos grupos aos quais não está integrado podem influenciá-lo.
Neste contexto, o grupo de referência diz respeito a um grupo que poderá exercer influência
directa ou indirecta nos indivíduos ao nível das crenças, normas, valores, atitudes e
comportamentos, quer estes pertençam ou não.
Por conseguinte, pode-se constatar que o indivíduo sofre influência face a um grupo que
considera uma referência e ao qual deseja pertencer, especialmente quando está em fase de
mobilidade ascendente ao nível da classe social.
Outra forma de influência será ainda verificada entre os indivíduos e os seus semelhantes,
como os amigos, a família, os colegas de escola. Esta influência próxima determina a referência
do grupo de pares.
Líderes de opinião
Os líderes de opinião são aqueles indivíduos que, devido aos seus comportamentos e à sua
postura, detêm um estatuto elevado perante o grupo. São estes elementos que têm um papel
determinante na criação e mudança das normas e valores do grupo em que estão integrados,
os quais serão seguidos pelo resto do grupo.
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É mais fácil convencer os líderes do consumo de determinado produto, os quais não se irão
preocupar com o que poderão pensar os restantes elementos relativamente à aquisição do
produto, desde que esses comportamentos de compra não se contradigam às normas que eles
representam. Os restantes elementos do grupo, por sua vez, facilmente seguem o exemplo do
líder.
Quanto maior for a ligação do grupo, mais facilmente as escolhas do líder serão semelhantes
às escolhas da maioria do grupo. Neste sentido, se o líder for bastante fiel ao produto ou
serviço, o grupo também vai querer adquirir o produto.
A enfatização de líderes de opinião nas campanhas de comunicação é muito usual dada a sua
eficácia. Os publicitários escolhem sobretudo líderes profissionais ou peritos, bem como as
celebridades, isto é, actores, apresentadores de televisão, cantores, gente da moda, jogadores
de futebol de equipas sonantes (ex.: Cristiano Ronaldo).
Classes sociais
A sociedade não é homogénea, uma vez que é constituída por pessoas oriundas das mais
diversas classes sociais, desde a classe baixa à classe alta. Portanto, denomina-se por classes
sociais as diferentes categorias em que se decompõe a sociedade.
As classes sociais podem ainda ser designadas por grupos de pessoas que, numa sociedade,
estão no mesmo patamar de comportamentos, atitudes e valores. Na mesma área geográfica
podem viver pessoas dos mais diversos estratos ou classes sociais, sem que tenham alguma
relação nos seus comportamentos.
Para delimitar a classe social à qual um indivíduo pertence é necessário ter em conta uma série
de indicadores determinantes como a profissão, o rendimento, a herança familiar, o nível de
instrução.
O teórico Warner distingue seis classes sociais para subdividir os indivíduos em sociedade,
tendo em conta o seu estatuto e posição social, nomeadamente: Classe alta/alta; Classe alta;
Classe média/alta; Classe média; Classe média baixa; Classe baixa.
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Classe
Fonte: Marktest
A maioria dos produtos que consumimos reflecte aquilo que nós somos enquanto ser social,
ou seja, evidencia o nosso estatuto e posição social.
Muitas vezes, não nos damos conta mas consumimos ou desejamos adquirir determinado
produto para transmitir uma determinada imagem ou porque é tido como uma referência para
o nosso grupo ou para um grupo de nível superior, ao qual desejávamos pertencer.
Para pertencer a uma classe social elevada é necessário manter padrões de consumo elevados,
por conseguinte, quem pertence a uma classe social baixa ou média baixa terá de fazer
sacrifícios nas suas despesas de consumo. Portanto, para poder conhecer e prever
comportamentos de compra é fulcral saber, para além da classe social, os rendimentos dos
indivíduos.
Segundo Veblen, por vezes, certos indivíduos revelam um consumo bastante ostensivo de bens
de elevados custos, de forma a evidenciarem o seu estatuto social ou a sua riqueza. Neste
contexto, estes consumidores procuram demonstrar a sua ascensão social no consumo das
marcas mais prestigiadas no mercado, portanto as mais caras. Este consumo ostensivo de
produtos caros é a demonstração do poder de compra.
Os locais de compra das classes sociais também devem ser considerados, uma vez que as
pessoas de classes sociais superiores desejam ser atendidas com requinte e procuram as lojas
de luxo, longe da confusão das lojas mais económicas e populares. Estas, por sua vez, são as
mais procuradas pelos de classes inferiores, que se sentem incomodados e pouco à vontade
nos ambientes mais requintados.
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No fenómeno de consumo das diferentes classes sociais é fulcral ter ainda em linha de conta o
desejo de diferenciação e necessidade de inovar dos que têm estatuto social mais elevado.
Devido às acções de comunicação e ao papel dos meios de comunicação social no incentivo ao
consumo, a sociedade tende a homogeneizar o seu consumo e a vulgarizar-se o consumo de
determinados produtos mais difundidos. É neste sentido que os mais ricos procuram consumir
aquilo que é diferente e que não está ao alcance de todos, de forma a mostrar a sua
capacidade de inovação.
A mobilidade social também se verifica nas classes sociais, em que um indivíduo pode subir os
seus rendimentos com o sucesso profissional e deixar a classe social dos seus pais ou então
aquele que desceu nos rendimentos e passou a uma classe social inferior, porém mantém os
seus princípios e valores de origem. Significa então que estes últimos, com uma evolução
descendente, vão procurar manter os mesmos hábitos de consumo, não tomando em
consideração a sua nova situação financeira, consumindo assim mais do que está ao alcance
deles.
Variáveis culturais
A cultura que um indivíduo detém define-se como o conjunto de crenças, valores, normas e
comportamentos demonstrado. Durante o processo de socialização, desde cedo cada um de
nós vai construindo os valores culturais, evidenciados pelo nível de instrução, educação,
linguagem.
As variáveis culturais podem ser consideradas como uma herança social que se vai
transmitindo de pais para filhos e influenciada pela experiência de vida de cada um.
A cultura é determinada segundo o país onde vivemos, bem como pela região e categoria
social em que nos situamos. Ao nível da linguagem, apesar de, num pais, falar-se a mesma
língua, pode-se utilizar uma panóplia de palavras, construir frases, desenvolver diversos tipos
de discurso, com pronúncias distintas, caracterizadas pelo tipo de cultura de cada indivíduo.
O estilo de vida de um indivíduo é outra das características que evidencia a sua cultura, o qual
reflecte os seus valores, crenças, atitudes, conduta pessoal e profissional, convicções morais e
religiosas.
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Todos estes aspectos influenciam o nosso comportamento de compra que será distinto das
diferentes culturas que se verificam nas sociedades.
Dentro de um mesmo grupo, podemos ainda verificar culturas diferentes dos vários elementos
constituintes, designadas de subculturas. Podemos considerar alguns aspectos como as
religiões, as nacionalidades, as regiões, as idades. Por exemplo, um grupo de pessoas
integradas numa associação desportiva e cultural da zona de Lisboa pode ser composto por
pessoas de diferentes nacionalidades, dado o fenómeno da imigração que se sente em
Portugal, ou ainda de várias regiões de Portugal que transitaram para a capital.
2.3.1 Família
Quando um sujeito decide casar-se ou partilhar a sua vida com alguém os seus hábitos de
consumo são completamente diferentes dos comportamentos de consumo aquando da sua
vida de solteiro, especialmente a partir do momento em que nasce o primeiro filho.
Mas antes desta classificação referente ao momento de casar ou unir-se com alguém, está
patente a família de orientação, quando ainda o sujeito vive com os seus pais e irmãos. Nesta
fase o indivíduo é orientado tanto a nível social, como cultural, económico, educativo, no
sistema de valores e crenças, nos princípios, etc. Portanto, os seus comportamentos de
compra são aconselhados e influenciados pelos pais e irmãos enquanto estão em casa dos
pais. Esta influência poderá sentir-se e manter-se após o indivíduo atingir a maturidade e sair
de casa para constituir a sua própria família ou família de procriação (cônjuge e filhos).
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Vulgarmente se define o pai como o que decide a compra dos bens de valores mais elevados,
como a compra do carro, da casa, e a mãe como a decisora na compra dos bens mais
económicos, desde os bens alimentares aos de higiene, entre outros. No entanto, não se deve
descurar a verdadeira influência e o papel desempenhado por cada um tanto nas decisões
importantes como nas decisões secundárias, uma vez que o papel da mulher na sociedade e na
família tem vindo a evoluir significativamente. As decisões importantes são classificadas como
as que exigem maior esforço financeiro e as decisões secundárias referem-se às compras do
dia-a-dia de um casal, como produtos alimentares, de higiene e de limpeza.
Mas as decisões de compra não passam só pelo pai e pela mãe, os filhos também têm poder
de influência directa ou indirecta nos comportamentos de compra da família, o qual vai
aumentando consoante as suas idades e grau de maturidade. Os jovens são um factor
determinante na introdução de novas ideias e comportamentos. Por exemplo, no lazer e na
moda os filhos exercem algum poder nos produtos adquiridos.
A compra resulta de um processo, que nem sempre segue todas as etapas. Existem aquelas
compras rotineiras que habitualmente fazemos, já devidamente programadas, as quais
seguem um processo simplificado. Por conseguinte, as compras impulsivas poderão resultar de
um processo bastante complexo, constituído por fases múltiplas.
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consumidor não se debruça tanto na decisão de compra. Se forem compras mais dispendiosas,
já requerem algum tempo de decisão e geralmente abarcam mais participantes.
Imaginemos o exemplo da compra de um sofá novo, para o consumidor adquirir um bom sofá
será mais dispendioso relativamente às compras habituais. Logo, temos a tendência em
procurar outros sofás com os mesmos preços para comparar as diferenças, no entanto essas
diferenças entre os preços e as características não são muito notórias.
Neste sentido, o consumidor rapidamente toma a sua decisão e depois da compra pode sentir
uma dissonância pós compra, caso o produto não corresponda às suas expectativas e denotem
algumas desvantagens, ou recebam boas informações acerca dos produtos não comprados.
7
Gary ARMSTRONG, Philip KOTLER, Princípios de Marketing, Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, 1999, p. 107.
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Comportamento de compra habitual
Este tipo de compras refere-se àquelas que nós fazemos com bastante rotina, tais como
compras de produtos alimentares, de higiene pessoal e de limpeza para casa. Estes produtos
são consumidos com mais frequência e são geralmente escolhidos pela marca mais conhecida
ou pelos preços mais baixos.
Este tipo de comportamento de compra envolve um processo de decisão simples e por vezes
automático, sendo que não implica o processo de crença – atitude – comportamento. Nestas
situações, o consumidor não procura mais informações acerca das diferentes marcas, nem
perde tempo a avaliar as suas características antes de tomar a sua decisão de compra.
Tendo em conta o baixo envolvimento das compras habituais e das semelhanças entre marcas,
os profissionais de marketing procuram incentivar aos comportamentos de consumo de
determinada marca através dos preços baixos e das promoções.
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Para publicitar as marcas, os anúncios devem basear-se em imagens fortes e em símbolos,
para serem recordados facilmente, invocando apenas os pontos-chave dos produtos. As
campanhas publicitárias devem assentar em mensagens curtas e devem ser transmitidas
repetidamente para que o consumidor espontaneamente associe o símbolo à marca e fique
com esta imagem na mente para recordá-la e identificá-la com o produto no acto de compra.
Por exemplo, quando escolhemos umas bolachas, estamos atentos às suas características
individuais e da próxima vez eventualmente podemos consumir as mesmas ou outras marcas
de bolachas só pela curiosidade daquilo que é diferente, independentemente de termos ficado
satisfeitos ou não.
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Pode-se aferir que qualquer decisão de compra simboliza um determinado risco, sendo que o
consumidor procura analisar as regalias e as implicações que acarretam as suas escolhas dos
produtos disponíveis no mercado.
Objectivos
O grau de aspiração das pessoas é influenciado pelas suas experiências no âmbito da compra.
Isto é, se uma pessoa teve más experiências com o consumo de alguns produtos, as suas
aspirações e interesses vão ser mais modestos e as expectativas diminuem.
Por outro lado, se o indivíduo compra produtos que excedam as expectativas, o seu grau de
exigência na satisfação das suas aspirações será mais elevado. Este vai procurar marcas de
qualidade superior.
Quanto às características do produto, cada consumidor fará a sua leitura das características do
mesmo, de uma forma subjectiva. Quer isto dizer, que a recolha de informação e a análise das
características da marca deixam o campo objectivo, passando ao campo subjectivo.
Portanto, as nossas percepções do produto são os factores determinantes nas nossas decisões
da compra e não apenas as características objectivas que um dado produto detém. Isto
justifica-se pelo facto de nós interpretarmos os produtos e lhes atribuirmos um significado
simbólico.
A informação
Este conceito diz respeito à busca da informação, após uma consciencialização da necessidade
e posteriormente à análise e tratamento de toda a informação.
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Neste contexto, importa comparar as características dos diferentes produtos e marcas e
analisar as vantagens e os inconvenientes da escolha de determinado produto. Para além
disso, é fulcral contrabalançar benefícios e riscos.
O risco e a implicação
Grande parte das nossas compras é feita numa relação de risco, determinado pelo grau de
aspiração e da satisfação obtida. Este risco admite aspectos materiais e psicológicos. Os
aspectos materiais referem os riscos com o próprio produto e as suas características, bem
como os riscos ao nível financeiro, pela perda do valor dispendido sem haver recompensa.
Quanto aos aspectos psicológicos, estes englobam a insegurança relativa à nossa imagem e ao
resultado da sua desvalorização devido à compra. Por exemplo, quando compramos uma
roupa mais irreverente temos receio de cairmos no ridículo e não sermos aceites perante os
outros.
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simbolizam uma compra elevada, no entanto, quanto maior for o preço maior será o
envolvimento do consumidor.
O consumidor e as situações de compra: o envolvimento também é determinado pelo tipo
de consumidor, a sua faixa etária e a situação em que está a comprar. Por exemplo, o
envolvimento que requer a comprar de uma bicicleta para substituir outra é mais baixo
que o envolvimento na compra da primeira bicicleta para a criança de quatro anos.
Experiência do consumidor: para melhor entender este ponto podemos considerar o
exemplo de uma mãe que compra as roupas para o seu primeiro filho e a mãe que compra
o vestuário para o terceiro bebé. A experiência na compra é maior e assim o grau de
conhecimento também será superior, logo o envolvimento será menor, pois não exige
tanto risco.
Caso tenha ficado satisfeito, o consumidor vai repetir a compra e tornar-se fiel à marca,
tornando-a um hábito de consumo. Se, pelo contrário, ficar desiludido, em contexto já
vivenciado vai procurar outros produtos e a sua decisão já vai ser afectada pela má experiência
anterior.
Outros teóricos desenvolveram o modelo dos cinco estágios que englobam o processo de
decisão de compra expresso no seguinte esquema:
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Nem sempre as nossas decisões de compra se processam pelas cinco etapas do modelo. Tudo
vai depender do tipo de produto e da natureza da compra que pretendemos fazer.
a) Reconhecimento do problema
Esta é a primeira etapa onde inicia o processo de compra. Nesta fase inicial, o consumidor
reconhece um problema ou uma necessidade.
A necessidade pode ter dado origem a partir de estímulos internos ou externos. Os estímulos
internos são referentes às necessidades normais como a fome, a sede, o frio, que surgem na
nossa consciência e transformam-se num impulso.
Os estímulos externos são aqueles que surgem no nosso meio envolvente e incentivam à
compra que naturalmente não nos ocorria. Como por exemplo, quando vemos um anúncio a
publicitar uma viagem em promoção para a Madeira, não tínhamos inicialmente esta vontade
mas esta é desencadeada com o estímulo externo.
que vão incidir nestas mesmas necessidades. Assim, é possível criar estímulos externos
através das campanhas publicitárias que captem a atenção do consumidor e conduzi-lo à
compra.
b) Procura de informações
Quando pretendemos consumir algo, vamos pesquisar informação acerca do produto e das
marcas que achamos que tem potencial para satisfazer em pleno as nossas aspirações e
necessidades.
A natureza do produto: um produto mais dispendioso tem de ser escolhido de uma forma
mais calma e reflectida, enquanto que um pacote de bolachas é escolhido quase de forma
automática.
O risco a que se está exposto: se for a compra de uma casa, o consumidor só vai tomar
uma decisão com base numa recolha bastante exaustiva, pois este produto é dispendioso
e o risco financeiro de falhar pode ser drástico no orçamento familiar.
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Os consumidores vão debruçar a sua atenção e interesse nos produtos que, devido aos seus
atributos, tenham mais benefícios e consigam melhor satisfazer as suas necessidades.
Nesta avaliação das alternativas, o consumidor vai ser influenciado pela experiência vivida,
pelas crenças, convicções e atitudes. Pois as avaliações são julgamentos feitos por cada pessoa
de forma particular em relação às marcas segundo as suas crenças e convicções.
O consumidor vai ter uma determinada atitude em relação às marcas consoante a avaliação
dos seus atributos e assim atribuirá um valor e uma expectativa na satisfação da necessidade.
d) Decisão de compra
Os especialistas de marketing devem ter em conta a natureza da compra nesta fase, pois pode
ser uma compra corrente, uma compra reflectida ou uma compra especializada. Neste sentido,
a estratégia de marketing deverá ser adaptada aos diferentes tipos de compras.
e) Comportamento pós-compra
Desta última etapa poderão resultar compras posteriores e o consumidor poderá tornar-se fiel
a determinada marca. Com as compras correntes, da rotina diária de cada família, se as
expectativas forem correspondidas a compra vai repetir-se de forma automática, até surgir
outra marca com características que superem.
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3. VARIÁVEIS DE MARKETING
Para definir as variáveis de Marketing, antes de mais é imprescindível definir o que é uma
estratégia de Marketing e compreender todas as etapas necessárias para a elaboração de uma
boa estratégia.
Para fazer investigação de marketing no seio de uma empresa e poder avaliar as acções a
definir e o caminho a percorrer, é necessário passar por todas as fases de uma estratégia de
Marketing.
1. Análise – diagnóstico
A fase inicial da estratégia de marketing diz respeito à análise de todos os dados do meio
circundante, que poderão ser fundamentais para a empresa. Neste sentido, é fulcral analisar
todo o panorama tecnológico, sociocultural e económico do mercado em que se insere o
produto onde se centra a estratégia.
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1. Análise - Diagnóstico
2. Análise SWOT
5. Marketing - Mix
Outros aspectos e traços que devem ser estudados são a dimensão do mercado, o volume de
vendas do tipo de produto, a segmentação do mercado e ainda conhecer a tendência e
evolução dos preços.
Nesta etapa, é importante analisar a forma como é feita a distribuição dos produtos e
conhecer os intermediários na acção e os respectivos comportamentos e acções.
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No seio da empresa, em todo o sector interno, é necessário ter em conta o volume de vendas,
a quota de mercado que ocupa, as características dos clientes, os recursos da empresa bem
como a evolução da notoriedade da empresa ou da marca.
2. Análise SWOT
Esta segunda fase corresponde à etapa em que o especialista de marketing deve munir-se de
todos os dados da fase anterior e comparar os pontos fortes e os pontos fracos da empresa.
Neste momento, é inevitável conhecer detalhadamente quais os aspectos determinantes que
poderão constituir-se como uma oportunidade de evolução do negócio. Por conseguinte, deve
ter em conta as ameaças ou riscos que a empresa corre no mercado face aos concorrentes,
que, por sua vez, poderão tirar partido deles em seu benefício.
No que concerne aos objectivos, estes deverão ser formulados de uma forma bastante
explícita, detalhada e rigorosa. Neste sentido, deve haver uma coerência entre a estratégia e a
política geral da empresa.
Para que a estratégia seja eficaz, os intervenientes no processo deverão estar em consenso na
concretização dos objectivos.
A clareza na determinação dos métodos de avaliação que serão observados deve ser uma
constante, pois permite a construção de indicadores de performance da estratégia adoptada.
Tipos de objectivos:
◦ Objectivos de rentabilidade;
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Nesta etapa, os especialistas devem determinar qual a posição que pretendem ocupar no
mercado, designadamente:
Após uma definição adequada e estruturada dos objectivos, passa-se ao estádio da escolha das
opções estratégicas ao nível dos alvos, das fontes de mercado e do posicionamento.
Para eleger os alvos é necessário estabelecer a natureza dos mesmos, no âmbito dos
consumidores, compradores, influenciadores e prescritores, bem como o número e dimensão
dos alvos e ainda os critérios de segmentação (demográficos; sociopsicológicos;
comportamento de compra e consumo).
A escolha das fontes de mercado corresponde à definição de outros produtos com que a
empresa vai concorrer.
A tabela seguinte8 ilustra algumas fontes de mercado adoptadas pelas diversas empresas e as
várias opções estratégicas seleccionadas.
8
Denis LINDON, Jacques LENDREVIE, Joaquim Vicente RODRIGUES e Pedro DIONÍSIO, Mercator 2000 – Teoria e Prática de
Marketing, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, p. 465.
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A canibalização voluntária de determinados produtos de uma empresa por outros da mesma
empresa justifica-se quando a venda de um novo produto produz mais lucro que o já
implementado, ou quando a novidade vai ocupar o lugar que poderia ser da concorrência.
Os produtos que fazem concorrência directa são as fontes de mercado utilizadas, em que os
gestores focam os clientes exclusivos da concorrência de forma a conseguirem captá-los e
atraí-los para os seus produtos, desistindo dos restantes.
5. Marketing - Mix
Cada variável do marketing-mix deve ser estruturada de uma forma coerente de acordo com
cada uma das restantes. Para além da coerência entre as variantes e o posicionamento, o
marketing-mix deve ser adaptado ao mercado e todo o meio envolvente.
Outro princípio que deve ser respeitado na definição das políticas do marketing-mix diz
respeito à superioridade parcial. Por outras palavras, as variáveis do marketing devem
acrescentar algo de novo, uma vantagem face à concorrência, nem que seja pelo menos uma
das variáveis.
Para que a estratégia funcione é necessário prever se os resultados serão aceitáveis ou não,
senão o risco será muito elevado face às vantagens que poderia trazer a estratégia levada a
cabo.
Esta última fase corresponde à realização da estratégia de marketing detalhada nas etapas
anteriores.
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Neste momento, é fulcral definir as acções a realizar por cada segmento de mercado
consoante os objectivos que se pretendem atingir.
3.3 PRODUTO
O produto é tudo aquilo que é concebido por uma determinada empresa para satisfazer as
necessidades e desejos dos clientes. Os produtos detêm uma forte componente simbólica, isto
é, estes devem ser criados em função do seu valor para o cliente.
Para dar mais valor ao produto, pode-se ainda associar diversos serviços como a assistência
pós-venda, a entrega ao domicílio, os serviços de apoio ao consumidor, etc.
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Características internas do produto:
Fórmula ou descrição do produto;
Características observadas pelos clientes aquando do consumo;
Aspecto visual exterior.
Para ter um bom produto é preciso ter em conta a qualidade do mesmo ao nível das
expectativas do cliente, bem como as vantagens que apresenta em relação à concorrência.
Embalagem: é o conjunto dos componentes materiais que, não fazendo parte do produto, são
vendidos com este.
Maturidade
Declínio
Vendas
Lucro
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Lançamento: nesta fase, os lucros são baixos ou negativos, sendo o objectivo de marketing dar
a conhecer o novo produto ao público-alvo e conduzir à experimentação.
A política da gama: Cada gama é composta por vários produtos que podem ser organizados
em linhas. Cada linha é constituída por modelos.
Baixa gama:
o Enorme produção a baixos custos;
o Custos de marketing reduzidos.
Topo de gama:
o Grande qualidade dos produtos;
o Preços mais elevados;
o Difusão dos produtos de luxo é restrita.
Gama média:
o Boa relação entre a qualidade e o preço;
o Preços apelativos e imagem um pouco mais sofisticada que a baixa gama;
o O sucesso depende do envolvimento na compra.
Tipos de marcas:
◦ Marca institucional (marca da empresa, ex.: Unicer).
◦ Marca produto (marca do produto ou serviço específico ou de uma gama, ex.: Cool Beer,
Superbock).
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◦ Marca umbrella (marca de categorias de produtos ou de aglomerados de actividades, ex.: a
Yamaha comercializa motos e instrumentos musicais).
3.4 PREÇO
O preço é a variável de marketing que transforma o valor do produto em lucro para a empresa.
Esta é a variável mais flexível e tem um efeito imediato na actividade da empresa, no entanto
têm a desvantagem de ser a mais facilmente imitável.
Outro aspecto fulcral na definição da política de preço diz respeito ao posicionamento, sendo
que o preço de lançamento define posicionamento do produto e a sua imagem face aos
consumidores.
Preço de referência da
Preço do custo Preço psicológico
concorrência
Preço de venda
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Sensibilidade dos consumidores ao preço:
Depende do montante da compra;
Depende da percepção do risco associado à compra;
Depende do valor da imagem associada ao produto e ao preço;
Depende da possibilidade de haver produtos de substituição.
O consumidor e os preços
Quando os consumidores vão adquirir o produto têm em conta diversos factores, no entanto,
procuram acima de tudo comprar um produto com boa qualidade a preços reduzidos ou
optam por um com valores mais elevados, caso este tenha bastante notoriedade no mercado.
No que concerne aos preços, existem os chamados «preços mágicos» ou preços arredondados,
em que se vende um produto a 29,99 € ou 1,99€ e assim o consumidor é atraído pelo preço
baixo, percepcionando que custa à volta de 20€ ou 1€, respectivamente, e afinal é
basicamente 30€ ou 2€.
Nem todos os preços são aceites pelo comprador, isto é, o consumidor só está disposto a
pagar pelo produto até certo limite, se for um valor considerado exorbitante, o consumidor
não é induzido à compra. Por isso, é fundamental realizar estudos para medir a aceitação dos
preços e assim estabelecer preços que sejam apelativos ao consumo.
Concorrência de preços
Ao nível da concorrência, quando esta baixa o preço, a empresa procura meios para melhorar
o seu produto.
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Quando, pelo contrário os concorrentes aumentam os preços, a empresa baixa também o
preço. Caso não o faça, a empresa que o fez vai ter de o baixar.
3.5 DISTRIBUIÇÃO
Funções da distribuição:
Circuitos de distribuição:
3.6 COMUNICAÇÃO
Canal de transmissão
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Condições para uma boa comunicação:
Mensagem simples;
A repetição e a redundância;
A continuidade e a duração;
A coerência global;
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A empresa e o pessoal: aparência exterior da empresa (locais, mobiliário, sinalética),
pessoal em contacto com o público, dirigentes da empresa.
As fontes exteriores à empresa: prescritores, distribuidores, imprensa, «passa-palavra».
Publicidade Promoção
Mix de
comunicação
3.6.1. Publicidade
Este é um dos meios de comunicação mais dispendioso, sendo que as empresas pagam valores
elevados para realizarem uma campanha de publicidade, através da qual transmitem uma
mensagem com o intuito de informar e influenciar.
Chamar a atenção;
Despertar o interesse;
Provocar o desejo;
Desencadear a acção.
Objectivos informativos:
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Corrigir falsas impressões;
Informar onde o produto pode ser adquirido e onde a assistência técnica pode ser
prestada;
Diferenciar o produto;
Objectivo de persuasão:
Levar à preferência;
Levar à compra;
Provocar simpatia;
Objectivo de relembrar:
Manter o top-of-mind.
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Etapas da elaboração de uma campanha publicitária
O briefing
Concepção da campanha
Execução da campanha
Avaliação da campanha
3.6.2. Promoção
Tipos de promoções:
Amostras grátis;
Cupões de desconto;
Concursos e sorteios;
Feiras e exposições;
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Actividades nos pontos de venda.
3.6.3. Vendas
Processo de venda
Abertura
Qualificação
Apresentação
Fecho
Serviço Pós-venda
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3.6.4. Relações públicas
A finalidade das relações públicas é construir uma imagem favorável das empresas e
organizações face aos seus públicos.
o Atrair investidores;
Tipos de comunicação:
Comunicação Institucional;
Comunicação de Produto;
Comunicação Interna;
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Relações com a Comunidade Local;
Relações Governamentais;
Comunicação Financeira;
Comunicação Ambiental;
Comunicação de Crise.
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Patrocínios:
◦ Apoio financeiro a manifestações de carácter desportivo, cultural ou outras,
com contrapartidas em termos de visibilidade do patrocinador.
Mecenato:
◦ Apoio financeiro a manifestações de cariz cultural, que podem resultar em
incentivos fiscais.
Actividades de Serviço Público:
◦ Acções de protecção do ambiente, ecologia e outros;
◦ Protecção de espécies animais e vegetais;
◦ Causas sociais;
◦ Programas educativos dirigidos a públicos juvenis.
Diversos:
◦ Referências à empresa em filmes, livros técnicos e científicos;
◦ Visitas às instalações («jornadas portas abertas»);
◦ Suportes de comunicação;
◦ Serviço de atendimento pós-venda.
Outra das características do serviço de assistência pós-venda é o aumento dos lucros com
serviços e produtos adquiridos após a venda.
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BIBLIOGRAFIA
KELLER, Kevin Lane, KOTLER, Philip, Administração de Marketing, Pearson Prentice Hall, São
Paulo, 2007, 12ªedição.
KOTLER, Philip, Administração de Marketing, Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2000,
10ªedição.
PIRES, Aníbal, Marketing – Conceitos, Técnicas e Problemas de Gestão, Editorial Verbo, Lisboa,
2000.
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