ALGUNS AVISOS

● Este curso tem duração de 8 horas, sendo 4 horas hoje e 4hr amanhã. Nos
encontraremos no mesmo horário, das 14 às 18hr
● O encontro será gravado e vocês receberão o link de acesso à pasta com as gravações
e os materiais durante a semana
● Teremos um momento final para perguntas, mas vocês podem participar pelo chat a
qualquer momento
● Não estamos aqui para dar respostas ou conduzir vocês para algum lugar
pré-determinado. Nosso objetivo é fazer provocações e produzir reflexões para que
cada um, a partir da sua história e dos seus processos individuais e coletivos, determine
os seus caminhos
● Não temos todas as respostas e nem pretendemos cercar todo o assunto neste período
de tempo. Sugerimos que você continuem os seus estudos e reflexões também no
momento posterior ao nosso encontro

APRESENTAÇÃO

● Mulher negra do interior da Bahia, Cruz das Almas.

● 26 anos
● Estudante de Psicologia na UFBA.
● Pesquisadora em Psicologia Social, na área de efeitos psicossociais do racismo.
● Construindo a Pra Preto Ler e o Pra Preto Psi junto com Fran já há dois anos.

RELAÇÕES INTERGRUPAIS

1- Somos seres sociais e nos organizamos em grupos sociais.

2- A nossa pertença grupal se constrói a partir do fortalecimento da nossa identidade social.
3- Sobre Identidade, é importante que a gente fale sobre identidade pessoal X identidade social
A identidade social é o que nos possibilita a organização em sociedade e a sensação de
pertencimento que nos garante o bem-estar social.
4- A construção dessa identidade produz o que chamamos de pertença grupal e consolidação
do endogrupo X exogrupo através da comparação social.
Sabemos definir que é “nós” e quem é “eles” e as determinações sociais desta implicação.
5- IMPORTANTE: Nem sempre a pertença grupal garante emoções positivas ou
comportamentos de aproximação relacionados a si próprio e ao grupo de pertença.
A desidentificação pode ser verificada em grupos minoritários a partir do processo de
embranquecimento, auto-ódio, afastamento dos pares, auto-extermínio etc.
6- Conflitos intergrupais são comuns e envolvem disputas por recursos materiais e simbólicos.
No entanto, ser negro e/ou indígena tem se configurado como exogrupo do mundo tendo em
vista a grande concentração de poder em 1 único grupo social
7- É através da identidade social que podemos construir o senso de comunidade, essencial
para a vida individual e coletiva, na medida em que proporciona, de forma relacional, todos os
sentimentos exibidos na imagem.
CATEGORIAS RACIAIS

1- É a partir da construção dessa identidade social que se constrói a pertença grupal, no

sentido do indivíduo para o grupo.
2- Lembrem-se sempre que tudo é relacional e se refere aos níveis de análise (intrapessoal,
interpessoal, intergrupal e societal). Não falamos do ser isolado e nem do grupo como ser em
si.
3- Mas também precisamos falar da categorização racial/social como fator importante para as
relações sociais e, para muitos de nós, essencial para a construção da identidade social.
4- Isso porque, na maioria das vezes, é a partir da categorização racial que passamos a
construir a nossa identidade.
5- Mas o que é a categorização racial, pra que ela serve? A categorização é uma forma de
organizar, sistematizar e classificar os indivíduos. Ela acontece de forma dinâmica e
automática, em menos de 1s somos capazes de identificar gênero e raça das pessoas. Essa
categorização é essencial para que a gente possa organizar os estímulos, mas também é a
partir dela que produzimos conhecimento, mobilizamos afetos e agimos comportamentalmente
em direção aos indivíduos com quem a gente se relaciona.
6- A categorização racial não é um problema e não deve ser abolida como forma de
alcançarmos a justiça racial. Isso pq a categorização é apenas uma ferramenta de organização
cognitiva, essencial para a vida em sociedade, na qual recebemos muitos estímulos
simultaneamente e não temos como pensar sobre todos os processos envolvidos em cada
objeto social.

RACISMO

1- O grande problema da categorização racial e até da construção de identidade social é o

racismo.
2- O racismo, enquanto estrutura social, direciona e determina os indivíduos, organizações,
instituições, leis, valores etc… assim, ele produz violências e desigualdades de forma
sistemática para e entre as categorias raciais. Tudo que os nossos sentidos podem alcançar, é
atravessado pelo racismo.
3- Enquanto estrutura, o racismo age no tripé de construção do indivíduo enquanto ser social.
4- Na dimensão cognitiva, ele produz os estereótipos.. Que são crenças reduzidas e
simplificadas sobre os membros das categorias raciais. Eles são responsáveis pela produção
de todo o conhecimento sobre os indivíduos. Estereótipos podem ser positivos e negativos.
Por exemplo, quando falamos que pessoas brancas são a priori lidas sob os signos da
inteligência, beleza e delicadeza, falamos de estereótipos positivos acerca da branquitude.
5- Na dimensão afetiva, o racismo produz o preconceito racial, que medeia as relações sociais
e orienta os afetos que serão mobilizados a partir da recepção do estímulo do objeto social e
produção de conhecimento sobre ele.
6- Na dimensão comportamental, o racismo produzirá principalmente a violência racial ou
discriminação, que é a disposição para a ação em relação ao outro.

ATENÇÃO AOS ESTEREÓTIPOS!

É importante atentar-se aos estereótipos, porque eles são responsáveis por toda a organização
cognitiva do tecido social. Ou seja, pessoas brancas (e até pessoas negras) só conseguem nos
ver a partir dos estereótipos, porque eles são responsáveis por permitir a compreensão sobre
os objetos sociais.
Transitamos entre os estereótipos, mas não conseguimos ter a nossa existência complexificada
porque é característica dos estereótipos a simplificação cognitiva que impede a compreensão
da complexidade das ações destes indivíduos.
Ex: mãe negra - negra raivosa - negra mulata

MISCIGENAÇÃO

Muitos de nós, especialmente os que têm algum contato com movimentos sociais, acreditam
que a ocupação de espaços historicamente excludentes e o “enegrecimento” das redes de
afeto são suficientes para minimizar o racismo. Ou seja, é tratado como estratégia de
enfrentamento.
Mas pesquisas em psicologia social mostram que este discurso é mentiroso e adoecedor. Os
resultados mostram que os estereótipos são acionados com maior força, como forma de
inserção. Queremos dizer que, ocupar estes espaços físicos e simbólicos só é possível a partir
do lugar dos estereótipos. São as prerrogativas brancas de gestão do mundo. As pessoas que
rompem com os estereótipos, são renegadas ao apagamento ou silenciamento, a exemplo das
produções intelectuais negras.
- Pessoas brancas e a estrutura social pensada por elas, possuem limitações cognitivas para
lidar com o “outro”.

EM QUAL ESTEREÓTIPO VOCÊ ESTÁ NA SUA RELAÇÃO INTERRACIAL