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APRESENTAÇÃO

DE APOIO

Direitos Fundamentais
em Espécie: Liberdade
e Igualdade
Ementa da disciplina
Estudo sobre o conteúdo e o significado das principais liberdades fundamentais na
ordem jurídica brasileira, examinando, a partir do marco normativo constitucional, da
jurisprudência e da doutrina, o âmbito de proteção, a titularidade, as dimensões subjetiva e
objetiva, a vinculação dos atores públicos e privados e o problema dos limites e proteção
da liberdade de expressão e de informação, da liberdade de reunião, da liberdade religiosa,
da liberdade de profissão e das liberdades econômicas na Constituição Federal de 1988.
Professores
DANIEL SARMENTO MARCELO SCHENK DUQUE
Professor convidado Professor PUCRS
Possui larga experiência na área jurídica, especialmente Possui graduação em Direito e Engenharia Química.
no campo do Direito Público. Atuou por cerca de vinte anos Doutorado em Direito do Estado junto à Universidade Federal
no Ministério Público Federal, oficiando durante a maior parte do Rio Grande do Sul, ed. junto à Ruprecht-Karls Universität
do tempo nas áreas de tutela coletiva e de direitos humanos. Heidelberg (Alemanha): Institut für deutsches und
Foi também, antes disso, Procurador da Fazenda Nacional. É europäisches Gesellschafts- und Wirtschaftsrecht e Institut für
professor titular de Direito Constitucional da UERJ, lecionando ausländisches und internationales Privat- und
na graduação, mestrado e doutorado, além de ministrar aulas Wirtschaftsrecht. Pesquisador convidado do Europa Institut
e conferências em diversos outros cursos de pós-graduação. É da Universität des Saarlandes (Alemanha). Professor do
Coordenador da Clínica de Direitos Fundamentais da Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Direito da
Faculdade de Direito da UERJ. Concebeu e participou UFRGS. Coordenador Acadêmico do curso de Especialização
ativamente de casos de alto impacto social perante o em Direito do Estado da UFRGS. Professor da Escola Superior
Supremo Tribunal Federal, como o das uniões homoafetivas e da Magistratura Federal do RS. Professor convidado de
do financiamento de campanhas eleitorais por empresas. diversos cursos de Pós-Graduação lato sensu, junto ao
Possui formação de Bacharel em Direito pela UERJ, Mestre e programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio
Doutor em Direito Público pela UERJ e Visitin Scholar na Yale Grande do Sul, PUC/RS, FEMARGS, FMP, dentre outros.
Law School (EUA). Professor Universitário na Faculdade Dom Bosco de Porto
Alegre, na área do Direito Público. Áreas de atuação: Direito
Constitucional, com enfoque em direitos fundamentais,
jurisdição constitucional, sistemas eleitorais e partidários e
organização do Estado.
Encontros e resumo da disciplina
AULA 1 AULA 2 AULA 3

DANIEL SARMENTO DANIEL SARMENTO MARCELO SCHENK DUQUE


Professor convidado Professor convidado Professor PUCRS
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

❖ Elevado grau de abstração

➢ O que significa afirmar que os direitos fundamentais

ue
uq
D
possuem elevado grau de abstração?

k
hen
Sc
➢ Para responder essa pergunta você tem que se

lo
ce
perguntar o que significa a palavra “abstrato”?

ar
M
r.
D
f.
ro
P

2
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

➢ Abstrato é o contrário de concreto.

➢ É algo que temos dificuldade em definir, ainda que

ue
uq
D
possamos ter uma ideia para o sentido que a coisa

k
en
aponta.

h
Sc
lo
ce
✓ Para facilitar a compreensão do termo, pense na arte:

ar
M
r.
você já olhou para uma pintura abstrata e se perguntou:
D
f.
ro

o que o artista quis dizer com isso?


P

3
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

4
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

➢ Na arte abstrata a interpretação do que se vê não


é necessariamente evidente.

ue
uq
✓ O mesmo pode

D
ocorrer com vários direitos

k
en
fundamentais.

h
Sc
lo
ce
➢ Como assim?

ar
M
r.
D
❑ Quando nós não temos certeza quanto à extensão
f.
ro
P

da cobertura que cada direito fundamental nos


proporciona.
5
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Art. 5, III CF: ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante.

ue
✓ O que significa degradante?

uq
D
k
en
Art. 5, IV CF: é livre a manifestação do pensamento, sendo

h
Sc
lo
vedado o anonimato;

ce
ar
M
✓ Quais são os limites da liberdade de expressão?

r.
D
f.
✓ O que configura uso abusivo da liberdade de expressão?
ro
P

6
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Art. 5, VI CF: é inviolável a liberdade de consciência e de crença.

✓ Qual é o conceito de crença ou de religião?

ue
uq
Art. 5, IX CF: é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e

D
de comunicação, independentemente de censura ou licença;

k
hen
Sc
✓ Qual é o conceito de arte?

lo
ce
ar
Art. 5, XVI CF - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais

M
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não

r.
D
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
f.
ro
P

apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

✓O que significam pacífico, sem armas e local aberto ao público?


7
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Art. 5, X CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e


a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo

ue
dano material ou moral decorrente de sua violação;.

uq
D
✓ O que significa vida privada? Qual é a extensão do dano

k
hen
Sc
moral?

lo
ce
ar
Art. 5, XI CF: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela

M
r.
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
D
f.
ro

de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante


P

o dia, por determinação judicial;

✓ Qual é o conceito de casa? 8


Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

➢ Agora que você já entendeu por que os direitos


fundamentais são normas abstratas, chegou o momento

ue
uq
de se verificar como são construídos, do ponto de vista

D
k
formal.

hen
Sc
lo
✓ Direitos fundamentais são construídos ou positivados

ce
ar
M
na Constituição na forma de princípios jurídicos.
r.
D
f.
ro

➢ O que é um princípio jurídico?


P

9
Regras X Princípios

❖ Qual é a grande diferença entre regras e

ue
uq
D
princípios?

k
hen
Sc
➢ Esta diferença impacta no modo pelo qual

lo
ce
ar
M
essas normas devem ser trabalhadas?
r.
D
f.
ro
P

10
Teoria dos princípios constitucionais

❖ Tanto as regras quanto os princípios são

ue
uq
normas jurídicas.

D
k
hen
✓ Logo, ambos são normas que geram um

Sc
lo
ce
dever, marcado pela cogência.

ar
M
r.
✓ A questão é o grau de realização que delas se
f.
D
ro
P

espera, em função do seu caráter concreto ou


vago.
11
Princípios Regras

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

Grau de abstração Grau de abstração

12
Teoria dos princípios constitucionais

❖ Problema do nominalismo.

ue
uq
D
❖ Princípio também é norma jurídica.

k
hen
Sc
❖ O relevante é a constatação do grau de

lo
ce
ar
abstração.

M
r.
D
❖ Bem como o domínio de uma técnica de
f.
ro
P

ponderação.
13
Veja o Código de Trânsito (Lei 9.503/1997)

✓ Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de

ue
uq
seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados

D
k
indispensáveis à segurança do trânsito.

hen
Sc
lo
✓ Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados

ce
ar
M
indispensáveis à segurança: Infração - leve; Penalidade -

r.
multa. D
f.
ro
P

➢ Estas norma são: regras ou um princípios?

14
Veja o Código de Trânsito (Lei 9.503/1997)
➢ Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o

ue
uq
propósito de ultrapassá-lo, deverá:

D
k
➢ I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para

hen
Sc
a faixa da direita, sem acelerar a marcha.

lo
ce
ar
➢ II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela

M
r.
na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
D
f.
ro

➢ Estas norma são: regras ou princípios?


P

15
Teoria dos princípios

❖ Quanto maior o grau de abstração, maior deve ser o

ue
uq
esforço interpretativo e de fundamentação.

D
k
hen
❖ Normas carentes de preenchimento valorativo.

Sc
lo
ce
ar
✓ Trabalhar com princípios não deve levar a um

M
r.
D
desprestígio das regras.
f.
ro
P

16
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Qual é a consequência prática de se trabalhar com


regras ou com princípios?

ue
uq
❖ É muito mais difícil trabalhar com princípios.

D
k
en
✓ Pois, pelo fato de serem muito abstratos, eles irão nos

h
Sc
lo
exigir um enorme esforço interpretativo no momento da

ce
ar
sua aplicação.

M
r.
D
➢ Já as regras, por serem mais concretas, a necessidade de
f.
ro
P

interpretação não é tão intensa, como no caso dos


princípios.
17
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

❖ O fato de os princípios serem mais abstratos que as


regras não afasta, por si só, a necessidade de se

ue
uq
D
interpretar regras, quando a situação exigir.

k
hen
Sc
✓ A partir de que momento deveremos interpretar as

lo
ce
ar
regras?

M
r.
D
f.
➢ A partir do instante em que surgirem dúvidas quanto
ro
P

à sua aplicação.

18
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
A placa contém

k
hen
uma regra ou

Sc
lo
ce
um princípio?

ar
M
r.
D
f.
ro
P

19
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

E agora, aplico a regra ou não?

20
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

E agora, aplico a regra ou não?


21
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Modos de solução de conflitos

✓ Um conflito de regras resolve-se na dimensão da

ue
uq
D
validade.

k
hen
Sc
✓ Um conflito de princípios resolve-se na dimensão do

lo
ce
ar
peso.

M
r.
D
f.
✓ O princípio que na ponderação tem o menor peso
ro
P

jurídico, permanece no ordenamento (não é declarado


inválido).
22
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

❖ A regra declarada inválida num conflito de regras é


retirada do mundo jurídico.

ue
uq
D
➢ Mecanismos clássicos de solução de conflitos de

k
hen
regras:

Sc
lo
ce
ar
▪ Lei superior revoga lei inferior.

M
r.
D
f.
▪ Lei posterior revoga lei anterior.
ro
P

▪ Lei especial revoga lei geral.


23
Ponderação de direitos fundamentais

❖ Na hipótese de colisão de princípios, deve-se

ue
uq
D
sopesar qual dos princípios deverá prevalecer.

k
hen
Sc
lo
✓ Esta atividade de sopesamento é o que se

ce
ar
M
r.
chama de ponderação de direitos fundamentais.
D
f.
ro
P

2
Direitos fundamentais tendem a ingressar em
conflito
✓ Somos titulares dos mesmos

ue
uq
D
direitos.

k
hen
✓ Queremos recorrer

Sc
lo
ce
simultaneamente a esses

ar
M
direitos.

r.
D
f.
✓ Dividimos espaços na
ro
P

sociedade.

3
Quando direitos fundamentais ingressam em
conflito
✓ É necessário realizar uma

ue
uq
D
ponderação.

k
hen
✓ Que consiste em verificar

Sc
lo
ce
quais dos direitos tem maior

ar
M
relevância no caso concreto.

r.
D
f.
✓ Em um cenário de
ro
P

concordância prática.

4
❖ Na hipótese de colisão de princípios, um dos princípios
conflitantes deverá recuar em favor de outro.

ue
uq
D
❖ Esse recuo não importa na declaração da invalidade do

k
hen
princípio que recua.

Sc
lo
ce
❖ Como aos princípios são atribuídos diferentes pesos, nos

ar
M
r.
diferentes casos que se apresentam, irá prevalecer aquele que,
D
f.
ro

no caso concreto, atribui-se o maior peso.


P

5
❖ Nada impede, contudo que em caso

ue
diverso, o princípio superado venha a se

uq
D
k
en
tornar o de maior importância, hipótese na

h
Sc
lo
qual a situação de prevalência será resolvida

ce
ar
M
r.
de forma contrária.
D
f.
ro
P

6
❖ Para entender a ponderação de direitos

ue
fundamentais, pense:

uq
D
k
hen
➢ O que vale mais:

Sc
lo
ce
ar
M
❑ Liberdade de ir e vir?
r.
D
f.
ro
P

❑ Liberdade artística?
7
P
ro
f.
D
r.
M
ar
ce
lo
Sc
hen
Caso 1

k
D
uq
ue
8
P
ro
f.
D
r.
M
ar
ce
lo
Sc
Caso 2

hen
k
D
uq
ue
9
“A”
Direito

P
ro
f.
D
r.
M
ar
ce
lo
Sc
hen
k
D
uq
ue
“B”

10
Direito
Ponderação

❖ Esse é o motivo pelo qual uma ponderação

ue
uq
D
somente pode ocorrer na análise do caso

k
hen
Sc
concreto.

lo
ce
ar
M
➢ Pois em abstrato, todos os direitos possuem
r.
D
f.
ro

o “mesmo peso”.
P

11
Ponderação

❖ Envolve duas grandes questões:

ue
uq
D
k
en
➢ Qual direito deve recuar em favor de outro.

h
Sc
lo
ce
ar
➢ Qual é a intensidade das restrições que um

M
r.
D
direito pode impor a outro.
f.
ro
P

12
Lei da ponderação

ue
uq
❖ Quanto mais intensiva é uma intervenção

D
k
en
h
em um direito fundamental, tanto mais

Sc
lo
ce
relevantes devem ser as razões que a

ar
M
r.
D
justificam. f.
ro
P

13
Ponderação de direitos fundamentais

ue
✓A ferramenta utilizada na ponderação é a

uq
D
k
argumentação jurídica.

hen
Sc
lo
➢ É somente por meio de argumentos jurídicos racionais,

ce
ar
M
que podemos demonstrar, com legitimidade, por que um
r.
D
f.
direito deverá prevalecer sobre outro em um determinado
ro
P

contexto.

14
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Estado

ue
uq
D
k
en
Eficácia Vertical dos

h
Sc
Direitos Fundamentais

lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

3
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Estado

ue
uq
D
Eficácia Vertical dos Direitos

k
hen
Sc
Fundamentais

lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

4
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais


❑ Contrapõe-se à eficácia vertical: relação Estado-cidadão.

ue
uq
➢Os particulares podem ser tão ou mais implacáveis que o

D
k
en
Estado, no momento de ameaçar os nossos direitos

h
Sc
fundamentais.

lo
ce
ar
✓Ideia de que os direitos fundamentais, pela importância

M
r.
D
daquilo que defendem, devem nos proteger de todo o tipo de
ro
f.
agressão, seja da que vem de “cima” (Estado), seja da que
P

vem do lado (outros particulares).


5
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Chamada eficácia horizontal dos DF.

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
✓ Até que ponto um particular poderá recorrer a direitos fundamentais, dos
P

quais é titular, perante outro particular, que também é titular dos mesmos
direitos fundamentais?
6
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

7
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro

“Não importa de onde vem a bota que


P

desfere o chute no ofendido”


A Constituição não pretende ser uma ordem
neutra em valores.

ue
uq
Caso Lüth

D
k
Os direitos fundamentais também possuem uma

en
(Alemanha,

h
dimensão objetiva, que reforça o seu significado

Sc
1958) em prol do interesse público e da vida

lo
ce
comunitária.

ar
M
r.
BVerfGE 7, 198
D
Nesse sentido, os direitos fundamentais irradiam
f.
ro
efeitos para todos os âmbitos jurídicos, em
P

particular para o Direito Privado.


Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Horizontal é a melhor forma de nomenclatura?

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

10
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

❑ Consagra o entendimento de que os direitos

ue
uq
D
fundamentais devem desenvolver uma proteção

k
hen
Sc
multidirecional.

lo
ce
ar
M
✓ Esta proteção ocorre mediante um fenômeno de

r.
D
f.
irradiação dos efeitos da Constituição para todos os
ro
P

âmbitos jurídicos.
11
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

ue
uq
D
k
hen
CF

Sc
lo
ce
ar
A Constituição

M
r.
irradia efeitos
D
f.
para todos os
ro
P

âmbitos
jurídicos.
12
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

✓ Ideia de um dever de proteção contra

ue
uq
D
agressões provenientes:

k
hen
Sc
lo
➢ Da esfera pública: eficácia vertical.

ce
ar
M
r.
D
➢ Da esfera privada: eficácia horizontal.
f.
ro
P

13
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

✓ Para identificar o fenômeno, deve-se questionar,

ue
uq
com clareza:

D
k
hen
Sc
❑ Quem é o responsável pela agressão aos direitos

lo
ce
ar
fundamentais?

M
r.
D
f.
➢ O poder público: eficácia vertical.
ro
P

➢ Entidades privadas: eficácia horizontal.


14
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

15
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

✓ Pare para pensar por que a questão da eficácia

ue
uq
D
horizontal é um problema muito complexo?

k
hen
Sc
❑ Pelo fato de que todos nós somos titulares de

lo
ce
ar
M
direitos fundamentais?
r.
D
f.
ro

➢ A questão definitiva é: até onde cada um de


P

nós pode ir com a sua liberdade?


16
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

❖ Esta pergunta - até onde cada um de nós pode ir

ue
uq
com a sua liberdade?

D
k
hen
➢ Desperta várias questões interessantes:

Sc
lo
ce
ar
✓ Objeção de consciência.

M
r.
D
f.
✓ Desigualdade de forças.
ro
P

✓ Conflitos entre direitos fundamentais.


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Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Formas de compreender a eficácia horizontal

➢ Eficácia direta (imediata): DF são aplicados nas relações privadas da mesma

ue
forma como seriam nas relações com os órgãos estatais.

uq
D
➢ Eficácia indireta (mediata): os DF, para serem aplicados nas relações

k
en
h
privadas, necessitam de uma intermediação legislativa ou, supletivamente,

Sc
lo
judicial.

ce
ar
✓ A intermediação legislativa se dá, sobretudo, pelas cláusulas gerais do direito

M
r.
D
civil (boa-fé, bons costumes, função social dos contratos e da propriedade etc.)
f.
ro
carentes de preenchimento valorativo.
P

✓ Neste ponto, os direitos fundamentais servem de fonte para o preenchimento


valorativo dessas cláusulas gerais.
18
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

❖ Atualmente, entende-se que os conflitos

ue
horizontais são resolvidos pelo:

uq
D
k
en
➢ Dever de proteção do Estado.

h
Sc
lo
ce
✓ Significa que o Estado assume para si o dever

ar
M
r.
D
de proteger um particular, quando tem direito
f.
ro
P

fundamental violado por outro particular.


19
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Exemplos de julgados na jurisprudência do STF

✓ RE 175.161-4 – violação aos princípios da proporcionalidade e

ue
uq
razoabilidade, em face de contrato de consórcio que prevê

D
k
devolução nominal do valor já pago, no caso de desistência, sem

hen
Sc
correção monetária. A CF não abriga cláusula de natureza

lo
ce
ar
adesiva, que resulte enriquecimento sem causa.

M
r.
✓ RE 161.243-6 – discriminação de empregado brasileiro em
D
f.
ro

relação ao francês na empresa Air France, em face de trabalho


P

de igual natureza (atividades idênticas).

20
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

✓ RE 160.222-8 – “constrangimento ilegal” a revista

ue
íntima em mulheres em fábrica de lingerie. Discussão

uq
D
k
en
prejudicada por ocorrência de prescrição.

h
Sc
lo
✓ RE 201.819 e RE 158.215-4 – violação ao princípio do

ce
ar
M
devido processo legal, contraditório e à ampla defesa

r.
D
frente à exclusão de membro de sociedade ou de
f.
ro
P

associado de cooperativa.

21
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Não exigência de registro de músico em entidade de classe

✓ STF – RE 635023 (agosto 2011)

ue
uq
❖ Não exigência de registro no Conselho da Ordem dos Músicos

D
k
en
do Brasil para que um músico possa exercer sua profissão.

h
Sc
lo
❖ Não são todos os ofícios ou profissões que podem ser

ce
ar
M
condicionados ao cumprimento de condições legais para o seu

r.
D
f.
exercício, sendo exigida a inscrição em conselho de fiscalização
ro
P

profissional somente os casos que demonstrem potencial


lesivo na atividade.
22
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

❖ A inscrição nos quadros da OMB para que o músico possa


exercer sua atividade profissional conflita com a prerrogativa que

ue
assegura, a qualquer pessoa, o livre exercício da atividade

uq
D
artística (art. 5.º, IX CF).

k
en
h
Sc
❖ É constitucionalmente lícito que o Estado imponha exigências

lo
ce
ar
e requisitos mínimos de capacidade ao atendimento de certas

M
r.
D
qualificações profissionais. No entanto, essa competência não
f.
ro
P

confere ao Estado “poder absoluto para legislar sobre o


exercício de qualquer atividade profissional”.
23
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

❖ A liberdade de expressão artística não se sujeita a


controles estatais, “pois o espírito humano, que há de

ue
uq
ser permanentemente livre, não pode expor-se, no

D
k
processo de criação, a mecanismos burocráticos que

hen
Sc
imprimam restrições administrativas, que estabeleçam

lo
ce
ar
limitações ideológicas ou que imponham

M
r.
D
condicionamentos estéticos à exteriorização dos
f.
ro
P

sentimentos que se produzem nas profundezas mais


recônditas da alma de seu criador”
24
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

✓ Caso das biografias não autorizadas


▪ ADI 4815 Rel. Min. Cármen Lúcia– Notícias STF 10/6/2015.

ue
uq
▪ É inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias.

D
k
en
▪ Interpretação conforme a CF aos artigos 20 e 21 do CC, em

h
Sc
consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão

lo
ce
ar
da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,

M
independentemente de censura ou licença de pessoa biografada.

r.
D
f.
▪ Relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de
ro
P

seus familiares, em caso de pessoas falecidas).

25
Prof. Dr. Marcelo Schenk Duque

Quem se interessa pelo assunto, pode ler este livro

ue
uq
D
k
hen
Sc
lo
ce
ar
M
r.
D
f.
ro
P

26
Liberdade de
expressão na

ue
Alemanha

uq
D
k
hen
❖ Intangibilidade da

Sc
lo
dignidade humana

ce
ar
M
❖ Livre desenvolvimento da

r.
D
personalidade f.
ro
P

✓ Rejeição da ideia do ser


humano como autômato
LIBERDADE DE
EXPRESSÃO NA
ALEMANHA

ue
uq
D
k
en
❖ Direito à igualdade.

h
Sc
lo
❖ Direito à não-discriminação.

ce
ar
✓ Limites imanentes aos direitos

M
fundamentais: respeito à ordem

r.
D
constitucional, aos direitos def.
ro

terceiros e aos bons costumes.


P
Liberdade de expressão nos
Estados Unidos

❖ Liberdade de expressão se apresenta

ue
uq
quase absoluta.

D
❖ Direito inscrito na Primeira Emenda, a

k
en
h
qual prevê que o Congresso não poderá

Sc
lo
editar leis visando a restringir a liberdade

ce
de expressão.

ar
M
✓ Mercado de ideias (marketplace of

r.
D
ideas). f.
ro
P

✓ Fighting words (palavras


provocadoras): Chaplinsky v. New
Hampshire,1942.
Liberdade de expressão nos
Estados Unidos

❖ Para serem consideradas como tais,

ue
uq
devem levar o homem médio a

D
k
proceder a uma retaliação.

en
h
Sc
❖ Ou, conforme o Brandenburg test,

lo
ce
devem incitar à prática de ações

ar
M
ilegais (Brandenburg v. Ohio).

r.
D
✓ Objetivo das restrições: proteção da
f.
ro

paz e ordem públicas.


P
Inflição intencional de sofrimento
emocional (IIED)

ue
uq
❖ Direito à reparação quando haja

D
k
uma conduta que produza

hen
sofrimento tão severo que não se

Sc
lo
poderia esperar que nenhum

ce
homem médio o suportaria.

ar
M
❖ Contudo, se a discussão é de

r.
D
interesse público, dificulta-se o f.
ro
emprego da IIED.
P

✓ Intentional inflicted emotional


distress (IIED).
Doutrina do fórum público

▪ Debates públicos gozam de proteção reforçada.

✓ As vias públicas constituem uma posição especial na proteção

ue
uq
da Primeira Emenda, de acordo com a doutrina do fórum

D
público.

k
en
✓ Atualmente, a internet, por meio das redes sociais, ampliou,

h
Sc
lo
consideravelmente, o conceito de fórum público.

ce
ar
✓ Manifestações, mesmo que perturbadoras e que desperte

M
desprezo, não podem em princípio ser restringidas.

r.
D
f.
ro
P

Tendência dissidente minoritária na Suprema Corte: o compromisso


com o debate livre e aberto não é licença para a ofensa verbal.
Caso paradigma
Caso Lüth (1958)

ue
uq
D
k
en
• Qual é o

h
• Incitação ao boicote

Sc
significado da

lo
• Quem causa dano

ce
ar
liberdade de

M
a outrem tem o dever
expressão?

r.
de indenizar.
D • Influenciar o outro
f.
ro
P

por meio da palavra.


1940 - Amada Imortal
Parâmetros modernos na liberdade de
expressão

ue
uq
D
Possibilidade de convocação de

k
en
boicote.

h
Sc
lo
ce
ar
Influenciar outros pelo uso da

M
r.
palavra
D
f.
ro
P

Argumentos de ordem intellectual e


não mero poder econômico
Parâmetros modernos na
liberdade de expressão

ue
uq
D
O valor da discussão

k
en
pública livre, leva ao

h
Sc
lo
conceito de contra-

ce
ar
ataque (Gegenschlag).

M
r.
D
f.
ro
P

Semelhança com a
doutrina do livre
mercado de ideias.
Parâmetros modernos na liberdade de
expressão

ue
uq
D
Uma crítica pública incisiva pode ser

k
hen
rebatida por uma, igualmente, dura

Sc
lo
resposta.

ce
ar
M
r.
Frente a uma crítica áspera, nada
D
f.
impede que a resposta também a
ro
P

seja, desde que respeitada a


proporcionalidade
Problema do negacionismo

▪ As manifestações que ▪ Todavia, disto

ue
são caracterizadas

uq
diferem as

D
como meras opiniões

k
afirmações que são

en
h
não podem ser

Sc
comprovadamente

lo
ce
classificadas como falsas, proferidas de

ar
M
verdadeiras ou como modo consciente.

r.
D
falsas. f.
ro
P

Negação do holocausto não é juízo


de valor, mas a negação de um fato
Diferenças entre opiniões de fato e afirmações fáticas

❖ Opiniões baseadas em fatos costumam gozar de maior proteção.

ue
uq
❖ Pois quanto à verdade, não é possível se exigir um grau tão alto de

D
k
en
certeza a ponto de inibir a liberdade de opinião por temor de sanções.

h
Sc
✓ Já as afirmações fáticas não podem ser consideradas expressões de

lo
ce
ar
opinião, pelo fato de que existe uma realidade objetiva entre a

M
r.
D
declaração e a realidade.ro
f.
✓ Logo, essas afirmações fáticas mostram-se passíveis de análise
P

quanto a sua verdade.


Falsidade de afirmações de fato

▪ Se estiver em pauta a
▪ Contudo, se as
liberdade de opinião e esta questões permeadas

ue
estiver calcada em

uq
pelos proferimentos

D
afirmações de fato falsas,

k
tocarem o interesse

en
a liberdade de expressão

h
Sc
público, haverá uma

lo
também não prevalecerá presunção em seu favor.

ce
ar
sobre a tutela da

M
r.
personalidade.
D
f.
ro
P

Distanciamento com a jurisprudência norte-americana, que afirma que por


mais perniciosa que seja uma opinião, a sua correção não depende da
consciência dos julgadores, mas da competição de ideias ou na doutrina do
ponto de vista (viewpoint discrimination).
Afirmações de fato x juízos de valor

ue
uq
Afirmação de fato

D
k
✓ Incêndio

en
no Museu

h
Sc
Nacional, na cidade do Rio de

lo
ce
Janeiro.

ar
M
r.
Juízos de valor
D
f.
ro

✓ O incêndio é forte ou brando


P
Ausência de proteção

ue
uq
• Afirmações de fato

D
k
en
falsas não contribuem

h
Sc
lo
para o processo de

ce
ar
M
formação da opinião.

r.
D
f.
ro
P
Manifestações contra
agentes públicos

ue
uq
D
k
▪ Ofensas

en
dirigidas a um

h
Sc
grupo indeterminado, ou

lo
ce
seja, sem que seja possível

ar
M
individualizar todos os

r.
ofendidos, tendem a estarD
f.
ro
P

acobertadas pela liberdade


de expressão.
Crítica de modo institucional

❖ Interpretação das expressões feita de modo institucional.

ue
✓ Pensamentos são, diferentemente de afirmações de fatos,

uq
D
k
caracterizados pelo posicionamento ideológico subjetivo daquele

hen
Sc
que se expressa sobre o objeto da expressão.

lo
ce
ar
✓ Pelo fato de ser formulada de modo polêmico ou ofensivo, ela

M
r.
D
f.
não deixa de fazer parte do âmbito de proteção do direito
ro
P

fundamental.
Honra de órgãos estatais?

▪ A norma penal que protege a honra não pode ser justificada a partir do

ue
aspecto da honra pessoal, pois órgãos estatais não têm honra

uq
D
“pessoal”.

k
hen
Sc
▪ Da mesma forma, os órgãos estatais não são titulares do direito geral

lo
ce
ar
da personalidade.

M
r.
▪ Todavia, a norma penal que protege a honra também tem a função de
D
f.
ro

proteger os órgãos estatais, pois sem um mínimo de aceitação por


P

parte da sociedade, eles não podem cumprir suas tarefas.


Limites à crítica dirigida à órgãos estatais

▪ Por isso, os órgãos estatais devem ser em princípio protegidos

ue
contra ataques verbais, que ameaçam minar esses pressupostos.

uq
D
▪ No entanto, a proteção penal não deve abranger os órgãos

k
hen
Sc
estatais contra crítica pública, eventualmente também revestida

lo
ce
ar
de uma forma dura, a qual deve ser garantida pelo direito

M
r.
D
fundamental da liberdade de expressão de maneira especial.
ro
f.
P
Liberdade artística e sátiras

▪ Exageros são inerentes à

ue
sátira e os indivíduos que são

uq
D
figuras públicas, viram

k
hen
frequentemente alvos de

Sc
lo
ce
críticas satíricas públicas.

ar
M
r.
D
f.
ro
Possiblidade de se verificar abuso na liberdade
P

artística e de expressão, por violação à dignidade do


ofendido
Abuso na liberdade artística

✓ A liberdade artística pode ✓ O simples fato de ser uma

ue
uq
ceder em face da dignidade figura política, não a priva da

D
k
humana e dos direitos da proteção à sua dignidade.

hen
Sc
personalidade do injuriado.

lo
ce
ar
M
r.
D
f.
Típico caso de ponderação de direitos
ro
P

fundamentais com foco na dignidade humana.


Condição para o discurso político,
através de sátiras, sobreviver nos
EUA

ue
uq
D
k
en
▪ Na jurisprudência norte-americana,

h
Sc
lo
a liberdade de expressão tende a

ce
ar
prevalecer sobre todos os interesses

M
r.
D
f.
ro
sociais contrapostos.
P
Enquanto isso, no
Brasil

ue
▪ Os contornos à

uq
D
Liberdade de expressão

k
hen
Sc
vêm sendo alvo de

lo
ce
ar
inúmeras polêmicas, fruto

M
r.
D
f. cada vez mais dos
ro
P

extremismos políticos.
Em síntese

ue
uq
D
k
hen
Sc
❖ Não é possível compreender um direito

lo
ce
ar
fundamental tão complexo como a liberdade de

M
r.
D
expressão, sem que se tenha a mínima noção do
f.
ro
P

contexto histórico do país onde ela se projeta.

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