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AO DOUTO JUÍZO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

(10 linhas)

Agravante: ...

Processo nº: ...

Origem: Vara de ... da Comarca de ...

José, qualificação e endereços completos, vem respeitosamente, perante Vossa


Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração em anexo),
com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e
notificações, nos autos da presente ação, com fulcro no artigo 1.015 do Código
Processo Civil, interpor o recurso de

AGRAVO DE INSTRUMENTO C/C PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

contra a decisão interlocutória de fls..., proferida nos autos nº..., da vara..., da


comarca..., pelos fatos e fundamentos a seguinte expostos:

De acordo com a relevância das razões de fato e de direito descritas em anexo, o


agravante, que teve seu direito lesado, requer a apreciação e promoção deste recurso,
por parte do Douto Juízo do Egrégio Tribunal, com reforma da decisão em caráter de
urgência, para que seja reservada a vaga no certame, conquistada pelo agravante
após sua aprovação no concurso de forma legítima.

1 DA TEMPESTIVIDADE

A luz dos artigos 1.003, §5º do Código de Processo Civil, o prazo para a interposição
de recurso em forma de agravo é de 15 (quinze) dias úteis a contar a partir da
intimação da parte.

Sendo assim, verifica-se nos autos de origem que a decisão agravada foi
disponibilizada no Diário Oficial no dia ... e disponibilizada ao intimado há 2 (dois) dias,
visto que o prazo para a interposição do agravo se excede até o dia ..., o agravante
encontra-se dentro do prazo cabível de 15 (quinze) dias.

2 DO INTRUMENTO DO RECURSO

Encontram-se em anexo cópias na integra dos autos da ação ordinária interposta pelo
agravante contra o Estado, bem como todos os documentos necessários juntados,
declarado pelo agravante que conferem com o original.
Dito isto, caso seja observado por Vossa Excelência que há vício ou falta de qualquer
peça necessária para a admissão do agravo, requer-se a possibilidade da devida
instrução no prazo de 5 (cinco) dias para o agravante, como permite o artigo 932,
parágrafo único e 1.017, §3º ambos do Código de Processo Civil.

3 DO PREAMBULO INTRODUTÓRIO

José, médico recém-formado, ao verificar que abriu concurso público em seu estado ...,
resolveu participar de tal certame, concorrendo ao cargo público em um Hospital
Estadual bem conceituado.

Foi é aprovado na fase inicial do concurso e, por isso, José foi submetido a exames
médicos, que constaram a existência de tatuagens em seu braço e costas. Posto isso,
ele foi eliminado do concurso, sob justificativa de que o cargo de médico seria
incompatível com tatuagens.

Irresignado com tal situação, José ajuizou ação ordinária contra o Estado com pedido
de liminar, em que requereu: Anulação do ato administrativo que o eliminou do
concurso e que lhe fosse deferida a possibilidade de realizar as demais etapas do
certame, com vaga reservada.

A princípio tratava-se de uma ação ordinária proposta contra o Estado na Vara Comum,
com pedido liminar para a anulação do ato administrativo que o eliminou do concurso e
deferimento da possibilidade de realizar as demais etapas do certame, com vaga
reservada. No decorrer do processo o juízo de 1ª instância negou a liminar do
agravante com justificativa de que a anulação do ato que eliminou o candidato e a
reserva da vaga não seriam possíveis porque isso atrasaria a conclusão do concurso e
que o Poder discricionário é garantia da Administração Pública, logo, ela pode sim
decidir sobre possíveis restrições aplicáveis àqueles que pretendem serem servidores
públicos estaduais.

Entretanto, não haveria que se falar em atraso para a conclusão do curso uma vez que
o agravante pediu que pudesse concluir as demais etapas do certame e isso não
ocasionaria atraso algum, ou de Poder discricionário da Administração Pública, uma
vez que os pedidos na liminar lhes eram devidos e não atendiam a conveniência e
oportunidade do mérito da Administração Pública. A decisão da 1ª instância deve ser
observada com mais cautela, a fim de não lesionar o agravante, pois o pedido feito
anteriormente atende os requisitos necessários para resguardar os direitos acerca do
concurso. Diante da decisão exposta e os argumentos trazidos, pede o agravante pela
reforma da decisão.

4 DO MÉRITO RECURSAL

À Vossa Excelência, o agravante requer a suspensão dos efeitos da decisão


interlocutória e a reforma dela.
Diante a narrativa fatídica do agravante ante exposta, há violação de direito, uma vez
que José permanece sendo impedido de continuar com sua participação nas demais
etapas do certame em que conquistou a vaga por mérito próprio e de forma legal, por
conta de tatuagens nos braços e costas, e por conta das justificativas da decisão em 1ª
instância.

A Administração Pública tem liberdade de decidir acerca de possíveis decisões a


serem aplicadas aos candidatos que pretendem ser servidores estaduais caso se trate
de mérito administrativo. Essa discricionariedade demanda conveniência e
oportunidade para a Administração Pública. Entretanto, a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, segundo o artigo 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal, ou seja, todo ato administrativo é passível de controle judicial,
desse modo, configura-se ato ilegal a decisão em 1ª instância. De acordo com a
Súmula 473 do STF a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Isto posto, o agravante requer
suspensão da decisão de 1ª instância uma vez que será lesionado caso permaneça.

A inadmissão do agravante no exame médico por conta de tatuagens dá a entender


que é possível a exclusão de um candidato apenas pelo fato de ter tatuagens, porém é
uma inverdade. O fato de o candidato ter tatuagens não o impossibilita de ser aprovado
na etapa de exame médico, independentemente de qual seja o concurso público a qual
foi aprovado. Não há Lei especifica que impeça tatuagens no corpo desses
profissionais, visto que atualmente a tatuagem é vista como um meio de expressão
corporal. Motivos pelos quais não o tornam desqualificado para a vaga. Além disso,
impossibilitá-lo de continuar com as demais etapas do concurso com essa justificativa
atacam diretamente o Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade e o
entendimento do STF que julga inconstitucional a proibição de tatuagens a candidatos
a cargo público estabelecida em leis e editais de concurso público, pois os cargos,
empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei, de
acordo com o artigo 37, inciso I da Constituição Federal, conforme visto na RE 898.450
julgada pelo STF:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA
838 DO PLENÁRIO VIRTUAL. TATUAGEM. CONCURSO PÚBLICO.
EDITAL. REQUISITOS PARA O DESEMPENHO DE UMA FUNÇÃO
PÚBLICA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO EM LEI FORMAL ESTADUAL.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO ART. 37, I, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
PACÍFICA DA CORTE. IMPEDIMENTO DO PROVIMENTO DE
CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA DECORRENTE DA
EXISTÊNCIA DE TATUAGEM NO CORPO DO CANDIDATO.
REQUISITO OFENSIVO A DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS
CIDADÃOS. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
IGUALDADE, DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DA
LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DA PROPORCIONALIDADE E DO
LIVRE ACESSO AOS CARGOS PÚBLICOS.
INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA ESTATAL DE QUE A
TATUAGEM ESTEJA DENTRO DE DETERMINADO TAMANHO E
PARÂMETROS ESTÉTICOS. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 5º, I, E
37, I E II, DA CRFB/88. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS.
RESTRIÇÃO. AS TATUAGENS QUE EXTERIORIZEM VALORES
EXCESSIVAMENTE OFENSIVOS À DIGNIDADE DOS SERES
HUMANOS, AO DESEMPENHO DA FUNÇÃO PÚBLICA
PRETENDIDA, INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA IMINENTE, AMEAÇAS
REAIS OU REPRESENTEM OBSCENIDADES IMPEDEM O
ACESSO A UMA FUNÇÃO PÚBLICA, SEM PREJUÍZO DO
INAFASTÁVEL A UMA FUNÇÃO PÚBLICA, SEM PREJUÍZO DO
INAFASTÁVEL JUDICIAL JUDICIAL REVIEW. REVIEW.
CONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE.
INCOMPATIBILIDADE COM OS VALORES ÉTICOS E SOCIAIS DA
FUNÇÃO PÚBLICA A SER DESEMPENHADA. DIREITO
COMPARADO. IN CASU, A EXCLUSÃO DO CANDIDATO SE DEU,
EXCLUSIVAMENTE, POR MOTIVOS ESTÉTICOS. CONFIRMAÇÃO
DA INCOMPATIBILIDADE COM OS VALORES ÉTICOS E SOCIAIS
DA FUNÇÃO PÚBLICA A SER DESEMPENHADA. DIREITO
COMPARADO. IN CASU, A EXCLUSÃO DO CANDIDATO SE DEU,
EXCLUSIVAMENTE, POR MOTIVOS ESTÉTICOS. CONFIRMAÇÃO
DA RESTRIÇÃO RESTRIÇÃO PELO PELO ACÓRDÃO ACÓRDÃO
RECORRIDO. RECORRIDO. CONTRARIEDADE ÀS TESES ORA
DELIMITADAS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ
PROVIMENTO.

Dessa forma, a decisão de 1ª instância é passível de anulação, podendo então que


José volte e conclua as demais etapas do certame, uma vez que não há restrição legal
alguma para que ele continue.

5 DO PEDIDO

Diante o exposto, requer-se recebimento do recurso e provimento ao agravo para que


suspenda totalmente e reforme por completo a decisão interlocutória em 1ª instância
com base nos artigos 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil e 5º, inciso XXXV da
Constituição Federal, visto que o agravante preenche os requisitos onde o direito
pleiteado é plausível (Fumus Boni Iuris) e há urgência na suspensão do pleito
(Periculum In Mora), para que anule o ato abusivo da Administração Pública e reintegre
José ao certame para a conclusão das demais etapas do concurso com reserva de
vaga. Requer-se, também, a possibilidade da devida instrução no prazo de 5 (cinco)
dias para o agravante, como permite o artigo 932, parágrafo único e 1.017, §3º ambos
do Código de Processo Civil.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado/OAB

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