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Avaliação do Estado

Nutricional e Diagnóstico de
Pacientes Renais
Autor: Cristina Martins. Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná; Doutora em Ciências Médicas –
Nefrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Nutrição Clínica pela New York University; Dietista
Registrada pela American Dietetic Association; Especialização em Nutrição Normal e Especialização em Nutrição
Clínica pela Universidade Federal do Paraná; Especialista em Nutrição Renal pela American Dietetic Association;
Especialista em Suporte Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral;
Clínica Certificada em Suporte Nutricional pela American Society of Parenteral and Enteral Nutrition; Coordenadora do
Setor de Nutrição da Clínica de Doenças Renais de Curitiba e da Fundação Pró-Renal Brasil; Diretora Geral da NUTRO
Soluções Nutritivas; Diretora Acadêmica e de Produção do Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde.

Copyright© 2ª edição 2013 by Instituto Cristina Martins


1ª edição: 2009

Projeto Gráfico e Diagramação: Simone Luriko Saeki

Todos os direitos reservados. É permitida uma (01) cópia impressa deste material exclusivamente para o aluno
matriculado nos cursos online, desenvolvidos pelo Instituto Cristina Martins.

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Avaliação do Estado
Nutricional e Diagnóstico de
Pacientes Renais
Cristina Martins

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Após a leitura deste texto, você deverá estar apto a:
yy Citar, pelo menos, cinco fatores de risco nutricional que podem levar à desnutrição dos pacientes renais.
yy Descrever a epidemiologia reversa relacionada ao índice de massa corporal, particularmente em hemodiálise.
yy Reconhecer, pelo menos, três fatores de risco para a obesidade de transplantados renais.
yy Citar, pelo menos, 10 dados importantes de serem coletados na história de pacientes renais.
yy Descrever, pelo menos, cinco sítios para o exame físico nutricional de pacientes renais.
yy Identificar a grande limitação do uso das medidas corporais (peso, pregas cutâneas, testes da composição)
em pacientes renais.
yy Definir peso seco e ganho de peso interdialítico.
yy Citar um método de avaliação da composição corporal que seja indicado para pacientes renais.
yy Identificar um método de avaliação da função muscular de pacientes renais.
yy Listar, pelo menos, duas proteínas séricas e suas limitações na avaliação do estado nutricional de pacientes
renais.
yy Definir taxa de aparecimento do nitrogênio equivalente à proteína.
yy Listar, pelo menos, cinco marcadores laboratoriais da condição metabólica de pacientes renais.
yy Citar, pelo menos, três métodos integrados de avaliação do estado nutricional que podem ser utilizados para
pacientes renais.
yy Reconhecer a estrutura da padronização do diagnóstico nutricional, que pode ser aplicada em pacientes
renais.

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PROBLEMATIZAÇÃO - ESTUDO DE CASO

S.N.S., sexo masculino, 58 anos de idade, viúvo e sem filhos. Diagnóstico de DRC há 9 anos. Iniciou a CAPD há 2 anos (4
bolsas de 2L cada, sendo 3 a 1,5% e 1 a 4,25% de glicose). Ao ficar viúvo, há 6 meses, o paciente optou pela HD. Recebe
aposentadoria pequena, que é sua única fonte de renda. Cita ter pouco dinheiro para comprar comida. Ausência de alergia
alimentar. Peso usual, antes de iniciar a diálise: 68kg. Em CAPD, ganhou 6kg. Agora em HD, está perdendo peso. Refere
não sentir o gosto da comida. Toma carbonato de cálcio junto com as refeições, antihipertensivo e EPO (2.000U, 2 vezes
por semana). Nega uso de bebidas alcoólicas e fumo. Relata atividade física esporádica. O exame físico nutricional revela
próteses dentárias mal fixadas, dificuldade de preensão de objetos nas mãos (artrite), pele pálida e seca. Ausência de edema
periférico. Pressão arterial atual média=160/100mmHg. Estatura do último mês=165cm, peso seco atual=58kg, ganho de
peso interdialítico médio=0,5-0,7kg. PRU da última sessão de HD=59%. Em processo de triagem para o tx renal. O R24h
coletado demonstra:

Café da manhã: 1 pão francês com 1 colher (de chá) de margarina em cada metade, 1 copo de leite integral com café (meio
a meio) e açúcar (1 colher de sopa).
Almoço: 4 colheres (de sopa) de arroz, salada de alface (1 xícara, picada) e tomate (1/2 unidade média), 1 coxa de frango
assado; 1 copo de chá gelado com açúcar (1 colher de sopa).
Lanche: ½ pão francês com uma passada (1 colher de chá) de margarina, 1 copo de chá e açúcar (1 colher de sopa).
Jantar: 1 prato de sopa de macarrão (1/2 xícara cozido) com carne moída (2 colheres de sopa cheias) e cenoura (1 unidade
pequena). Sobremesa: 1 banana-maçã média.

Diálise peritoneal Hemodiálise atual Diálise peritoneal Hemodiálise atual


(seis meses atrás) (pré-sessão) (seis meses atrás) (pré-sessão)
Uréia (mg/dL) 140 230 Cálcio (mg/dL) 8,4 9,2
Creatinina (mg/dL) 7,8 11,4 Fósforo (mg/dL) 4,9 6,3
Hematócrito (%) 32,7 27 PTH (pg/mL) 159 315
Hemoglobina
11,0 8,3 Albumina (g/dL) 2,6 3,5
(mg/dL)
Leucócitos
Colesterol total
(células/mm3) e 5.100 e 36 4.000 e 31 187 113
(mg/dL)
Linfócitos (%)
Ferro sérico (mcg/ Triglicerídeos
120 80 230 144
dL) (mg/dL)
Capacidade de
Proteína C
ligação do ferro 210 170 1,7 5,1
reativa (mg/L)
(mcg/dL)
Ferritina (mcg/dL) 190 80 Kt/V 2,0 (semanal) 1,1
Saturação de
23 17 PNAn (g/kg/dia) 1,3 0,6
transferrina (%)

1. Em hemodiálise, quais fatores de risco de desnutrição podem ser identificados para S.N.S.?
2. O que representa o resultado do índice de massa corporal atual de S.N.S., em relação ao risco de mortalidade?
3. Em caso de S.N.S. receber transplante renal, qual seria o principal risco nutricional em longo prazo? Quais são os fatores
associados ao risco?
4. Caso S.N.S. recebesse transplante renal e utilizasse a prednisona, além da combinação de outros imunossupressores,
quais seriam os efeitos adversos esperados?
5. O ganho de peso interdialítico de S.N.S. está adequado? Explique.
6. Em CAPD, qual é a quantidade estimada de quilocalorias absorvidas por S.N.S., por dia, do líquido de diálise?
7. De acordo com os resultados da PNAn, como está a ingestão proteica atual de S.N.S. e como estava em CAPD?
8. O nível atual de albumina sérica de S.N.S. está adequado? Explique.
9. Qual é o produto cálcio x fósforo atual de S.N.S.? O que significa o resultado? Como estão os níveis de PTH do paciente?
O que significam?
10. Qual é o método integrado de avaliação do estado nutricional mais indicado para S.N.S.?

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Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

INTRODUÇÃO FATORES DE RISCO NUTRICIONAL

A
doença renal é um problema de saúde A doença renal é acompanhada de alterações
pública mundial. Milhares de mortes orgânicas significativas, que resultam em distúrbios
ocorrem, anualmente, em consequência da no metabolismo de todos os nutrientes. Até chegar ao
enfermidade. Além disso, uma parcela significativa transplante (tx) renal, o maior problema nutricional é a
da população mantém a vida amparada pela diálise. desnutrição, em suas mais diversas formas. Porém, a
A doença tem aumentado de forma exponencial. O parte mais difícil é que há fatores catabólicos distintos para
fato é atribuído ao melhor diagnóstico e ao aumento cada tipo e estágio da doença. Algumas características,
da expectativa de vida das pessoas. O sedentarismo entretanto, são comuns a todos: 1) anormalidades nos
e a obesidade, e todas as doenças associadas a eles, níveis corporais de aminoácidos, 2) tendência à acidose
como a hipertensão e o diabetes, podem contribuir metabólica, 3) distúrbios endócrinos, 4) risco de doença
significativamente para o problema. Portanto, a cardiovascular, 5) presença de inflamação, infecção e
nutrição é de extrema importância não só para o anemia, 6) alterações no metabolismo do cálcio e
tratamento, mas também para a prevenção da doença. do fósforo, e 7) efeitos colaterais dos medicamentos
A desnutrição, em particular, é um grande problema utilizados. Além da influência orgânica, vários fatores
para o paciente com doença renal. Ela está associada sociais e psicológicos também contribuem para as
à morbidade e à mortalidade elevada. Vários fatores de alterações nutricionais.
risco contribuem para a desnutrição desses pacientes
e podem ser de origem física, psicológica e/ou social. DESNUTRIÇÃO
Alguns podem ser de difícil controle. A desnutrição do paciente renal tem causas
Não há um procedimento único, ideal e fácil de ser multifatoriais. Na IRA, as altas taxas de mortalidade
padronizado para a avaliação do estado nutricional de estão, geralmente, mais relacionadas às complicações
pacientes renais. Vários parâmetros do exame físico da doença de base (infecção, hemorragia ou eventos
(ex.: cor e característica da pele, olhos, cabelos), da cardiopulmonares) do que à uremia. Embora haja
antropometria (ex.: peso, pregas cutâneas) e de testes escassez de estudos científicos sobre a desnutrição
bioquímicos (ex.: albumina, transtiretina e transferrina em pacientes com IRA, certamente os efeitos adversos
séricas) estão limitados para esses indivíduos. influenciam no desenvolvimento rápido do problema.
Além disso, no curso da desnutrição, as alterações Já na DRC, a desnutrição está bem evidenciada
significativas podem ocorrer tardiamente. Ou seja, pelos estudos científicos. A desnutrição na fase não
esses métodos podem ajudar pouco no diagnóstico dialítica pode refletir no aumento da mortalidade após
precoce da condição nutricional. Mas podem ser o início da diálise. Conforme a função renal diminui,
úteis para a identificação de grupos de alto risco, podem aparecer sinais da desnutrição, como a
não de um indivíduo. Alguns indicadores nutricionais diminuição do peso corporal e o declínio significativo
também podem ser difíceis de serem interpretados na excreção urinária de creatinina. Também, com
na presença de doença hepática concomitante, o avanço da doença renal, podem ocorrer grandes
anemia e inflamação crônica. Talvez, a história global, reduções nas reservas proteicas e na concentração
nutricional e alimentar seja o método mais valioso para de vários aminoácidos plasmáticos.
a identificação precoce da desnutrição de pacientes Em HD, a desnutrição proteico-calórica é
renais. Por isso, ela deve ser bem explorada. Porém, comum. Em DP, a desnutrição também é facilmente
para que os dados da história e de outros métodos encontrada. Porém, é diferente da HD, que tem a
sejam confiáveis, é essencial que sejam coletados por depleção calórica como maior problema. Na DP, a
um avaliador bem treinado e experiente. deficiência proteica é a mais prevalente. Um estudo
O objetivo deste capítulo é descrever os principais realizado com nossos pacientes em DP mostrou que
fatores de risco, as particularidades da avaliação e a 60,3% deles apresentavam ingestão proteica <0,8g/
padronização do diagnóstico nutricional de pacientes kg/dia e que 38,7% apresentavam ingestão energética
com doença renal. <25kcal/kg/dia (1). O estudo verificou que a SGA,
a albumina sérica e o escore de desnutrição PEW

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(protein-energy wasting) foram os únicos marcadores Anorexia
do estado nutricional associados com a mortalidade A anorexia é uma das complicações que mais
dos pacientes. Quando realizada a análise multivariada, contribuem para a desnutrição. Ela pode ocorrer
somente a hipoalbuminemia foi associada com maior devido a várias razões. A uremia pode ser uma delas.
risco de mortalidade. Entretanto, a maioria dos estudos Em grande parte dos casos, a uremia ocorre devido à
utiliza métodos tradicionais para a avaliação do estado diálise não eficiente. Entretanto, o aumento da dose de
nutricional. Se avaliado por métodos acurados, a diálise não parece melhorar os parâmetros nutricionais.
depleção proteica e de massa muscular, provavelmente, Aliás, o nível de função renal residual parece influenciar
abrangeria 100% dos pacientes em diálise. mais na ingestão proteica e no estado nutricional do
No tx renal, o risco da desnutrição é no pós-tx que a eficiência dialítica (3).
imediato. Nesta fase, o catabolismo proteico intenso Outro grande problema que promove a anorexia é a
ocorre, principalmente, devido ao estresse da cirurgia anemia. Esta é uma das complicações da DRC de maior
e ao uso de altas doses de imunossupressores. Os impacto na qualidade de vida dos pacientes. A anemia
corticosteroides aceleram a gliconeogênese hepática, pode iniciar quando a filtração glomerular está abaixo de
resultando em aumento do catabolismo e em diminuição 30mL/min. O problema resulta em várias anormalidades
do anabolismo de proteínas e de aminoácidos. O efeito fisiológicas, incluindo a diminuição da oferta e da
é exacerbado no paciente já desnutrido. O aumento do utilização tecidual de oxigênio, aumento do débito
catabolismo pode conduzir ao excesso de produção da cardíaco, hipertrofia ventricular, angina, insuficiência
ureia. Outro aspecto que eleva o catabolismo proteico cardíaca, redução da acuidade mental e cognitiva,
é o aparecimento da rejeição aguda. Nesta condição, o alteração da resposta imunológica, entre outros. Todos
tratamento pode ser o aumento significativo das doses esses fatores podem contribuir para a perda da massa
de imunossupressores, como os corticosteroides. muscular. A fadiga e a redução da capacidade de
O catabolismo proteico elevado, combinado com exercício físico são consequências facilmente visíveis
possíveis depleções pré-existentes, adiciona da anemia. Em crianças, a anemia está associada ao
problemas substanciais, como cicatrização lenta da retardo de crescimento. Em adultos, está relacionada
ferida operatória e maior suscetibilidade à infecção. O à diminuição da sobrevida e da reabilitação social e
Quadro 1 resume os efeitos nutricionais colaterais dos profissional. O principal fator envolvido com a anemia
agentes imunossupressores usados no tx renal. da DRC é a deficiência da eritropoietina (EPO), que é
Porém, após o período de tx imediato, a desnutrição produzida quase completamente pelos rins. Quando
deixa de ser um problema para os transplantados, esse hormônio é administrado aos pacientes, ocorre
exceto para aqueles que desenvolvem a rejeição crônica melhora significativa do estado nutricional.
(2). Ou seja, aqueles que, novamente, entram na fase A anorexia pode, também, ser atribuída às
de progressão da perda da função do rim enxertado. alterações na acuidade gustativa. Um estudo com
Portanto, vários aspectos estão envolvidos no 1.745 pacientes em HD mostrou que, quanto pior
desenvolvimento da desnutrição dos pacientes renais. o relato de alteração do paladar, mais baixos os
De maneira global, os fatores podem ser divididos em: resultados de albumina sérica, PNAn, ingestão
1) ingestão alimentar deficiente, 2) hipercatabolismo, e proteica e de sódio, e de circunferência muscular
3) redução de massa muscular devido ao sedentarismo. do braço dos pacientes (4). Além disso, quanto
O Quadro 2 apresenta um resumo das principais pior a percepção de sabor, maiores foram a
causas da desnutrição encontradas nesses pacientes. necessidade de uso de suplementos nutricionais
e a taxa de mortalidade por todas as causas. O
INGESTÃO ALIMENTAR DEFICIENTE problema pode estar relacionado à deficiência
Grande porcentagem dos pacientes renais de zinco. Porém, os estudos são inconclusivos
crônicos, particularmente em diálise, ingere a esse respeito. Muitos pacientes queixam-se
nutrientes em quantidades abaixo do recomendado, de paladar metálico e boca seca. Ambos podem
que pode reduzir com o passar do tempo. Várias contribuir para a anorexia. Em um estudo, a boca
causas podem levar à diminuição da ingestão seca (xerostomia) foi relacionada com redução do
alimentar, entre elas: 1) anorexia; 2) restrições apetite e idade avançada em pacientes em HD (5).
financeiras; 3) iatrogenia; 4) dentição deficiente.

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Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

Quadro 1 Efeitos nutricionais adversos dos agentes imunossupressores


Corticosteroides (prednisona, metilprednisona, hidrocortisona)
yy Hiperglicemia; diabetes pós-transplante; síndrome de Cushing; hiperlipidemia; hiperfagia; ganho de peso; síndrome de perda muscular;
retenção de sódio e líquido; hipertensão; excreção urinária acelerada de potássio; aumento da secreção aumentada de suco gástrico;
aumento da excreção urinária de cálcio; alteração da cicatrização de feridas
Azatioprina (Imuran®)
yy Anemia macrocítica; leucopenia; trombocitopenia; inflamação e ulceração esofágica e oral; náuseas; vômitos; diarreia, disgeusia
Ciclosporina e tacrolimus
yy Nefrotoxicidade; hiperlipidemia; hiperglicemia, hipertensão; hipercalemia; hipomagnesemia; hiperplasia gengival; distúrbios gastrintestinais
Sirolimus
yy Hiperlipidemia; sintomas gastrintestinais; retardo da cicatrização de feridas; hipocalemia
Micofenolato mofetil (Cellcept®)
yy Diarreia
OKT3 e Globulina Antitimocítica
yy Anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, febre e estomatite

Quadro 2 Causas da desnutrição de pacientes renais


INGESTÃO ALIMENTAR DEFICIENTE
yy Anorexia
ŠŠ DP: pressão intraperitoneal aumentada (desconforto ŠŠ Comorbidade coexistente (insuficiência cardíaca, doença
abdominal) pulmonar crônica)
ŠŠ DP: absorção constante de glicose do dialisato ŠŠ Medicamentos (competição com alimentos)
ŠŠ Uremia (diálise inadequada/perda da função renal residual) ŠŠ Anemia
ŠŠ sobrecarga hídrica ŠŠ DP: peritonite, infecção do local de saída do cateter
ŠŠ Distúrbios (náuseas, vômitos, diarreia, obstipação) ou ŠŠ HD: infecção do acesso venoso (ex: cânula)
doenças gastrintestinais coexistentes (refluxo, úlcera péptica, ŠŠ IRA: hipercatabolismo da doença de base
gastroparesia) ŠŠ Alterações no paladar (deficiência de zinco)
ŠŠ Fatores psicológicos (depressão, isolamento, ignorância) ŠŠ Efeito debilitante da doença crônica
ŠŠ Dietas impalatáveis
yy Fatores financeiros (pobreza)
yy Iatrogenia (dietas restritivas e inadequadas), medicamentos
(interações com nutrientes)
yy Problemas dentários
HIPERMETABOLISMO E HIPERCATABOLISMO
yy Aumento do gasto energético, principalmente na presença de
comorbidades
yy Perdas na diálise
ŠŠ HD: perda de aminoácidos, vitaminas hidrossolúveis e glicose
ŠŠ DP: perda de proteínas e vitaminas hidrossolúveis
yy Alterações metabólicas
ŠŠ Inflamação ŠŠ DP: peritonite
ŠŠ Acidose metabólica ŠŠ IRA: hipercatabolismo associado à doença de base
ŠŠ Uremia ŠŠ Tx imediato: estresse cirúrgico e altas doses de
ŠŠ Hiperparatireoidismo imunossupressores
ŠŠ Hiperglucagonemia ŠŠ Doenças intercorrentes (insuficiência cardíaca, sepse)
ŠŠ Atividade biológica reduzida da insulina e de fatores de
crescimento
REDUÇÃO DA MASSA MUSCULAR DEVIDO À POUCA ATIVIDADE FÍSICA
yy Estilo de vida sedentário
yy Limitações físicas e psicológicas
ŠŠ Depressão ŠŠ Dor, incluindo a óssea
ŠŠ Anemia ŠŠ Fraqueza generalizada
ŠŠ Amputações ŠŠ Falta de local apropriado para atividade física

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Além disso, as restrições rigorosas na alimentação As restrições financeiras, e mesmo a condição de
(ex.: de alimentos ricos em sódio, potássio, fósforo e de pobreza vivida por muitos pacientes, podem limitar
líquidos) podem dificultar a seleção alimentar, tornar a a aquisição de alimentos, principalmente de fontes
dieta pouco palatável e diminuir o apetite dos pacientes. proteicas. Outro fator é a dentição deficiente. Os
O uso crônico de medicamentos, além de competir com problemas dentários, como as próteses mal fixadas e as
a ingestão alimentar, pode promover redução do apetite. doenças peridônticas, podem alterar a ingestão alimentar
Os distúrbios hormonais e gastrintestinais e influenciar no desenvolvimento da desnutrição.
(náuseas, vômitos, gastrite, diarreia, obstipação)
podem ser enumerados como promotores da anorexia. HIPERMETABOLISMO E HIPERCATABOLISMO
A distensão abdominal que ocorre nos pacientes O gasto energético é usualmente normal em
em DP, com consequente desconforto e sensação indivíduos estáveis na fase não dialítica e em diálise
de plenitude gástrica, pode dificultar a ingestão crônica. Porém, durante o procedimento de HD, pode
alimentar. Isso ocorre devido ao volume contínuo de elevar-se em 12 a 20% (8). Também pode elevar-
líquido infundido na cavidade peritoneal. Também, se na presença de comorbidades, como na doença
a absorção constante de glicose pode promover cardiovascular e perda da função renal residual em
a sensação de saciedade precoce e a plenitude pacientes DP (9). E, em caso de hiperparatireoidismo
gástrica. O problema é, frequentemente, relatado por grave em HD (10), diabetes mal controlado na fase
essa população. Muitos pacientes renais crônicos não dialítica da DRC (11) e inflamação em HD (12). O
têm diabetes, e a doença está associada a vários aumento do gasto energético pode ser mascarado pelo
distúrbios gastrintestinais, como a gastroparesia. fato de os pacientes com DRC apresentarem baixa
Esses interferem no apetite e na ingestão alimentar. atividade física e perda de massa muscular (13, 14).
A gastroparesia retarda o esvaziamento gástrico. O aumento do catabolismo corporal é causa
A quantidade de glicose, absorvida através da significativa da desnutrição. As principais causas
cavidade peritoneal. varia consideravelmente entre são: 1) perdas de nutrientes no dialisato, 2)
pacientes devido às diferenças na permeabilidade presença de inflamação crônica, 3) propensão à
da membrana. Os pacientes que são alto acidose metabólica, 4) anormalidades endócrinas,
transportadores absorvem glicose mais rapidamente e 5) enfermidades associadas.
que os baixo transportadores. A quantidade estimada Nos pacientes com IRA, o grau de catabolismo
de glicose absorvida pode ser de 20 a 30% da associado, o tipo e gravidade da doença de base e
ingestão energética usual do paciente (6). Ou seja, o estado nutricional prévio e atual são os maiores
400 a 600kcal/dia ou 6 a 8kcal/kg/dia (variação de determinantes da intervenção nutricional.
5 a 20kcal/kg/dia). Em um programa intermitente Na DRC, quanto menor a função renal residual,
noturno, contendo 15 litros de solução de diálise, a menor é a massa muscular (15). Durante o procedimento
absorção calórica pode ser de 390 a 860kcal/dia. Já, de HD, são perdidos aminoácidos, peptídeos, glicose
durante episódios de peritonite, a absorção de glicose e vitaminas hidrossolúveis. Em cada sessão, vazam
eleva-se, significativamente, em virtude do aumento em torno de 5 a 8g de aminoácidos livres e 4 a 5g
da permeabilidade da membrana peritoneal. daqueles ligados (6). São perdidos, também, em torno
Outra preocupação da DP é a peritonite. Nesta de 25g de glicose (6). Na DP, as perdas de aminoácidos
condição, a dor e o desconforto abdominal podem são substanciais e semelhantes à HD. Em cada troca
dificultar a ingestão oral de nutrientes, e a inflamação de dois litros, as perdas podem ser de 5 a 300mg de
também influencia na anorexia (7). aminoácidos livres, ou o equivalente a 1,7 a 3g por dia
Em HD, a fadiga pós-diálise, os episódios (6). O peso molecular dos aminoácidos é similar ao
hipotensivos intradialíticos e a necessidade da creatinina, e a perda é afetada pela concentração
frequente de hospitalizações, devido a problemas plasmática deles e pelo volume das trocas da diálise.
intercorrentes, são fatores que podem levar à Aproximadamente 30% dos aminoácidos perdidos
anorexia. Além disso, a depressão, o isolamento no dialisato são essenciais (6). Entretanto, o maior
social e a baixa qualidade de vida, comuns nos problema da DP é a perda significativa de proteínas.
pacientes em diálise, podem afetar o apetite. Essa pode variar até 10 vezes de um para outro

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Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

paciente, mas parece estável para um mesmo especificamente o TNF-α (tumor necrosis factor), a
indivíduo (6). Durante um regime usual de CAPD, as interleucina-6 (IL-6) e a interleucina-1 (IL-1), podem
perdas proteicas diárias podem variam de 5 a 15g, ser mediadoras do processo inflamatório e da perda
com diferenças entre indivíduos. A quantidade total muscular significativa da uremia. Um estudo com
de perdas de proteínas e aminoácidos é equivalente transplantados renais mostrou correlação significativa
a 0,2g/kg/dia (6). Dentro das proteínas perdidas, 50 entre o MIS (Escore de Desnutrição-Inflamação -
a 80% é albumina. A perda de albumina no dialisato Malnutrition-Inflammation Score), a circunferência
está diretamente relacionada às características de abdominal e os níveis de proteína C-reativa e com a
transporte da membrana peritoneal. Aqueles pacientes IL-6 e o TNF-α (17). Grande quantidade de literatura
do grupo alto transportador têm perdas maiores. A discute sobre o fenômeno conhecido como síndrome
perda mais rápida de proteínas parece ocorrer nas da desnutrição-inflamação-aterosclerose (síndrome
primeiras duas horas de troca. A quantidade total MIA: malnutrition, inflammation and atherosclerosis).
perdida aumenta com trocas de mais longa duração. Este termo é usado para descrever a relação
As perdas pela APD podem ser semelhantes às da entre a desnutrição calórico-proteica e a doença
CAPD, exceto pela diferença potencial na passagem de cardiovascular dessa população, que está relacionada
proteínas de alto peso molecular. As perdas proteicas à inflamação. A síndrome MIA está associada com
também são maiores em diabéticos. As crianças perdem a hipoalbuminemia, apetite baixo, hipercatabolismo,
aproximadamente 0,2g/kg de proteínas por dia (16). A baixa qualidade de vida e alta mortalidade.
quantidade é maior, em quilogramas de peso, do que Várias situações podem desencadear o processo
em adultos. Isso é, possivelmente, atribuído à maior inflamatório, como a uremia, a interação entre
área de superfície corporal para o peso, apresentada o sangue e os aparatos da diálise, a acidose, a
pelas crianças. A peritonite aumenta a permeabilidade intolerância à glicose, entre vários outros. A peritonite
da membrana peritoneal para moléculas grandes (ex.: em DP é uma delas. Nessa condição, podem ocorrer
proteínas), elevando as perdas no dialisato. Durante balanço nitrogenado negativo e redução da albumina
um episódio de peritonite, as perdas proteicas podem sérica. Outro estudo avaliou os níveis inflamatórios
aumentar, consideravelmente, em 50% a 100% (média de pacientes em HD, por meio do MIS, e os comparou
de 15±3,6g/dia) (16). As perdas podem permanecer com o Questionário de Qualidade de Vida (SF-36).
elevadas por várias semanas, mesmo em caso de Foi observado que pacientes com maior escore de
peritonite leve (6). Esses fatores podem colocar o MIS tiveram menor escore do SF-36. O aumento de
paciente em grande risco nutricional. Por outro lado, duas unidades no MIS foi associado com o aumento
aquele com estado nutricional comprometido está duas vezes maior do risco de morte (18).
mais suscetível à peritonite, além de apresentar um A acidose metabólica é um fator adicional. Ela
curso mais grave da infecção. parece aumentar o catabolismo, particularmente,
Outros nutrientes importantes, e perdidos em dos aminoácidos de cadeia ramificada (valina,
grande quantidade durante a diálise, são as vitaminas leucina e isoleucina) (19). Estes são metabolizados,
hidrossolúveis. As concentrações sanguíneas de primariamente, no tecido muscular. O aumento do nível
várias vitaminas, como o ácido ascórbico, a tiamina, de bicarbonato (correção da acidose), em pacientes
a piridoxina e o ácido fólico, estão abaixo do normal em diálise, está associado com o anabolismo.
em pacientes em DP (16). As causas para as reduções Além disso, e de suma importância, estão os
são múltiplas, como o metabolismo anormal, ingestão efeitos das condições comórbidas no desenvolvimento
inadequada, absorção alterada e perdas pelo da desnutrição. Pacientes com diabetes, por exemplo,
procedimento dialítico. A deficiência de vitaminas têm maior probabilidade de serem desnutridos. O fato
progride lentamente, dependendo das reservas pode estar relacionado às enfermidades associadas,
corporais, ingestão e perdas crônicas na diálise. como síndrome nefrótica e insuficiência cardíaca
A inflamação é outro fator importante, relacionado congestiva, ocorrência frequente de gastroparesia e
ao hipercatabolismo e à perda muscular significativa diarreia, e incidência alta de cegueira e neuropatia
nos pacientes renais. Os níveis elevados de citocinas periférica. O Quadro 3 apresenta a relação entre
circulantes, tanto no período pré-dialítico como comorbidades comuns da DRC e a presença da PEW.
na HD e DP, são achados comuns. As citocinas,

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Quadro 3 Comorbidades típicas da doença renal crônica que contribuem para a desnutrição
Comorbidade Possíveis Efeitos Relacionados à Etiologia da PEW
Diabetes/síndrome metabólica Gastroparesia, inflamação/oxidação, privação de insulina (tipo I), resistência à insulina, dor
DCV/insuficiência cardíaca Caquexia, inflamação, liberação de glicocorticoide, hiperatividade do nervo simpático, aumento
da angiotensina II circulante, resistência à insulina, diminuição da atividade física, dor
Doença vascular periférica Redução da atividade física, úlceras, inflamação, dor
Retenção hídrica Liberação de citocinas inflamatórias, edema intestinal, úlceras em membros inferiores,
diminuição da atividade física, dor
Hiperparatireoidismo, doença óssea Aumento do gasto energético, intolerância à glicose, hipovitaminose D, perda muscular, úlceras
metabólica da DRC gástricas, doença cardíaca
Anemia Fragilidade, diminuição da atividade física, deficiência de ferro, insuficiência cardíaca de alto
débito
Distúrbios autoimunológicos/doenças Inflamação, infecções intercorrentes, redução da atividade física devido a envolvimento das
reumatoides articulações, glicocorticoides, dor
Distúrbios gastrintestinais Anorexia, distúrbios da deglutição, má absorção de nutrientes, acidose (diarreia, drenos e
ostomias), inflamação, infecções, dor
Doenças pulmonares crônicas Aumento do trabalho respiratório (aumenta o gasto energético), diminuição da atividade física,
infecções intercorrentes, inflamação, glicocorticoides, retenção hídrica, angiotensina II
Doença hepática Hipoalbuminemia, sobrecarga de volume, angiotensina II, infecções, inflamação, acidose
(terapias intestinais), anorexia, dor
Infecções Inflamação, redução do apetite, aumento do gasto energético, dor
Dor Anorexia, obstipação (narcóticos), inflamação
Distúrbios psiquiátricos/depressão/demência Indisposição para comer, anorexia, incapacidade para obter/preparar alimentos, inflamação,
diminuição da atividade física
Distúrbios neurológicos Redução da atividade física, anorexia, distúrbios da deglutição, dor
Doenças malignas Câncer, caquexia, inflamação, aumento do gasto energético, diminuição da atividade física, dor
Fonte: Carrero et al, 2013 (20)

Em suma, os pacientes com DRC, principalmente desenvolvem a rejeição crônica (2). Ou seja, aqueles
em diálise, têm alta prevalência e múltiplos fatores de que, novamente, entram na fase de progressão da
risco para a desnutrição. Este problema nutricional perda da função do rim enxertado.
aumenta significativamente o risco de morte.
No tx renal, o risco da desnutrição é no pós-tx OBESIDADE
imediato. Nesta fase, o catabolismo proteico intenso
ocorre, principalmente, devido ao estresse da cirurgia Desenvolvimento da Doença Renal
e ao uso de altas doses de imunossupressores. A obesidade tem relação direta com o
Os corticosteroides aceleram a gliconeogênese desenvolvimento da IRA pós- cirurgias não cardíacas
hepática, que resulta em aumento do catabolismo (21), pós-cirurgias cardíacas (22) e com a incidência e
e em diminuição do anabolismo de proteínas e de prognóstico de uso de terapias de reposição renal (23).
aminoácidos. O efeito é exacerbado no paciente já Em pacientes que desenvolveram IRA pós-cirurgia
desnutrido. O aumento do catabolismo pode conduzir cardíaca, houve 26,5% de aumento em cada 5kg/m2
ao excesso de produção da ureia. Outro aspecto de elevação do índice de massa corporal (IMC) (22).
que eleva o catabolismo proteico é o aparecimento Em relação ao desenvolvimento da DRC, já é
da rejeição aguda. Nesta condição, o tratamento bem reconhecido que a obesidade pode promover
pode ser o aumento significativo das doses de a hipertensão, o diabetes, a resistência periférica à
imunossupressores, como os corticosteroides. insulina, a dislipidemia e a proteinúria. Em estudos
O catabolismo proteico elevado, combinado com da população em geral, a relação entre morbidade e
possíveis depleções pré-existentes, adiciona mortalidade com o IMC forma uma curva em J ou em
problemas substanciais, como cicatrização lenta da U. Isso indica que a mortalidade aumenta com o IMC
ferida operatória e maior suscetibilidade à infecção. baixo (<18kg/m2) e também com o elevado (>25kg/
Porém, após o período de tx imediato, a m2). Os dados mostram que o IMC mais saudável
desnutrição deixa de ser um problema para os está entre 18 e 25kg/m2. Ou seja, estar muito magro
transplantados renais, exceto para aqueles que pode ser tão prejudicial à saúde quanto estar muito

10
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

gordo. Porém, em algumas situações, a magreza completamente, com a população normal. Por isso,
pode refletir perda de peso, como em fumantes ou é chamado de fenômeno “contraepidemiológico”
naqueles com doenças crônicas, e piora com a idade. ou “epidemiologia reversa”. Kalantar-Zadeh et al
Nesses casos, a magreza aumenta a mortalidade. mostraram diminuição da mortalidade com o aumento
A obesidade pode ser um fator de risco importante do IMC (33). Um estudo observou a obesidade em
para o desenvolvimento da DRC (24-26). E também três diferentes grupos raciais (negros, hispânicos
está associada à história familiar da doença (27). No e não hispânicos brancos) e verificou que a teoria
entanto, um estudo mostrou que a circunferência da epidemiologia reversa se aplicou a todas as
cintura-quadril foi um determinante mais importante categorias analisadas (34). Os grupos de hispânicos
para o desenvolvimento da DRC e para a morte do que e negros com IMC ≥40kg/m² tiveram maior declínio
o IMC (28). No estudo, não houve associação entre o na mortalidade, quando comparados ao grupo de
aumento do IMC e o desenvolvimento da DRC. Mas foi não hispânicos brancos com IMC entre 23-25kg/
verificado que o aumento na relação cintura-quadril foi m². Em outro grande estudo, com 54.535 pacientes
associado à maior incidência de DRC e de mortalidade. em HD, quanto maior a obesidade, mesmo mórbida
(IMC ≥45kg/m2), menor foi a taxa de mortalidade
Epidemiologia Reversa na DRC durante dois anos avaliados (35). Porém, quanto
Similar à população em geral, a obesidade tem mais obeso, pior a condição física dos indivíduos
aumentado em pacientes com DRC. Porém, os em diálise (36, 37), principalmente considerando a
resultados de pesquisas, em relação ao IMC e à quantidade de massa muscular corporal.
mortalidade de pacientes com DRC instalada, são Várias explicações são propostas para o fenômeno
intrigantes. Os estudos mostram que os pacientes contraepidemiológico, incluindo o papel do tecido
com IMC elevado apresentam menor mortalidade adiposo no processo inflamatório e a presença da
(29, 30). Ou seja, a presença da DRC parece desnutrição proteico-calórica. Também, pode ocorrer
modificar as associações, que são encontradas alteração, com a uremia, na produção adiposa ou na
na população em geral, entre a obesidade e a ação das citocinas inflamatórias. Outro aspecto é que,
mortalidade. Um estudo encontrou evidências de comparado ao paciente de baixo peso, o obeso tem
que pacientes com IMC mais elevado tiveram menor melhor aporte nutricional geral, incluindo vitaminas
mortalidade (31). Nesse estudo, os pacientes com e outros antioxidantes. Além disso, é sugerido que,
circunferências maiores tiveram maior mortalidade pelo fato de os pacientes em diálise terem risco de
para todas as classificações do IMC. mortalidade total muito maior do que a população
Em relação à perda da função renal, depois de em geral, os efeitos de longo prazo da obesidade não
iniciar a diálise, um estudo acompanhou por 18 são sentidos em curto prazo. Na população em geral,
meses um grupo de 1.271 pacientes de 38 diferentes somente no final da vida (idosos) é que a obesidade não
centros de diálise, participantes do estudo NECOSAD está associada com aumento das taxas de morte. Mas
(Netherlands Cooperative Study on the Adequacy em outras doenças crônicas, a análise dos dados do
of Dialysis) (32). Os pacientes foram separados em IMC também apresenta o paradoxo da obesidade. Ao
quatro grupos de acordo com o IMC: <20kg/m², ≥20- contrário da curva usual em J, na insuficiência cardíaca
25kg/m², ≥25-30kg/m² e ≥30kg/m². Os resultados e no câncer, parece não haver aumento da mortalidade
mostraram declínio da função renal, de 1,2mL/min/ com os níveis elevados de IMC. Um estudo examinou a
ano, no grupo com IMC normal. Comparado a esse associação do IMC com a taxa de mortalidade de mais
resultado, foi observado declínio adicional de 0,4mL/ de 7.000 pacientes estáveis com insuficiência cardíaca
min/ano, no grupo com sobrepeso, e de 1,2mL/min/ (38). Durante o período médio de observação de 34
ano, no grupo com obesidade. Em contraste, foi meses, houve diminuição quase linear nas mortes, de
observada a redução de apenas 0,6mL/min/ano na todas as causas, de pacientes com IMC elevado. Ou
função renal do grupo com baixo peso. seja, menor proporção de pacientes com sobrepeso e
Há quase duas décadas, estudos mostram, obesidade morreu durante o período de observação,
particularmente para a HD, que a obesidade é um comparado aos com baixo peso ou dentro do chamado
fator protetor significativo da morte. O fato contrasta, saudável. Nesse estudo, o aumento da mortalidade

11
não ocorreu até que o IMC estivesse acima de recomendadas em outras fases da DRC; 3) estímulo
35kg/m2. Porém, outro estudo grande e prospectivo do apetite (hiperfagia), induzido pelas altas doses
também analisou o IMC de pessoas com doenças de corticosteroides; 4) presença de doença óssea,
crônicas, incluindo a cardíaca e o câncer (39). A partir que pode limitar a atividade física e diminuir o gasto
de um grupo de mais de 1.000.000 de pessoas, energético; 5) estilo de vida sedentário, ao qual o
quatro subgrupos foram identificados. Para todos os paciente se torna acostumado no período de diálise.
indivíduos com história de doença, a variação do IMC Em suma, depois do tx renal, a obesidade
ideal foi de, aproximadamente, 23,9 a 26,5kg/m2 para aumenta significativamente o risco de morte e o
homens e 23,5 a 26kg/m2 para mulheres. Naqueles aparecimento de outras enfermidades crônicas, tanto
indivíduos, cuja doença cardiovascular ou câncer se para o paciente como para o enxerto.
desenvolveu durante o período de 14 anos, mas que
nunca fumaram e não tinham história de doença até Obesidade Abdominal
o início do acompanhamento, o risco mais baixo de Já é bem conhecido que a adiposidade abdominal
morte foi com o IMC entre 20,5 e 23,5kg/m2 para as tem implicações metabólicas, como inflamação,
mulheres e de 20,5 a 24,5kg/m2 para os homens. resistência à insulina, dislipidemia e estresse
Portanto, o estudo não confirma a melhor sobrevida da oxidativo (44-46). Os pacientes em DP aumentam
doença crônica com a obesidade. o peso corporal em virtude, principalmente, da
Em resumo, a obesidade é um grande risco para deposição de tecido adiposo na região abdominal.
o desenvolvimento da DRC. Porém, uma vez instalada Essa característica pode contribuir para o risco
a doença, a mortalidade parece não seguir os fatores de mortalidade cardiovascular dessa população.
de risco tradicionais. Nessa população, a obesidade Um estudo em HD mostrou que cada quilograma
correlaciona-se com a morbidade e a mortalidade, aumentado no IMC reduziu o risco de morte (47). Mas,
mas de maneira inversa. Pelos dados existentes até concomitantemente, cada centímetro aumentado na
o momento, parece seguro recomendar, a esses circunferência da cintura elevou o risco de morte. Em
pacientes, pesos corporais mais altos do que para a outro estudo, houve correlação forte e significativa
população em geral, além de atividade física regular. entre triglicerídeos séricos e circunferência da cintura
com mortalidade (48). Portanto, o acúmulo anormal
Epidemiologia Normal no Transplante Renal de gordura abdominal, independentemente do IMC,
Os resultados de estudos mais recentes não pode apresentar riscos para o paciente renal. Porém,
justificam a exclusão de candidatos obesos o assunto necessita de pesquisas em relação a
ao tx renal (40, 41). Um grande estudo (7.521 parâmetros normais e anormais, concentração
pacientes) mostrou, inclusive, que pacientes intravisceral ou subcutânea, e associações
obesos transplantados apresentaram sobrevida específicas com a mortalidade.
significativamente melhor do que se fossem
mantidos em diálise (42). Porém, embora a
obesidade não limite o tx renal, ela deve ser evitada MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO
no período pós-tx tardio. Sem dúvida, a obesidade
ESTADO NUTRICIONAL
é, a longo prazo, o maior e mais sério risco
nutricional de pacientes transplantados renais. Ela
A avaliação do estado nutricional deve detectar a
pode aumentar significativamente a morbidade e a
deficiência subclínica de nutrientes, a depleção e os
mortalidade do enxerto e do paciente. Um estudo
excessos de massa corporal. E deve, principalmente,
com 27.377 receptores renais também confirmou
investigar as prováveis causas do problema. Para
que a obesidade foi associada com diminuição da
atingir o objetivo, não há um método único e
sobrevida do enxerto (43).
eficaz. Vários marcadores, cada um representando
A obesidade que ocorre após um tx bem-sucedido
uma categoria específica, devem ser aplicados de
pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo: 1)
maneira independente e avaliados em conjunto.
melhora repentina da sensação de bem-estar, com
Os métodos de avaliação nutricional podem ser
aumento concomitante de ingestão alimentar; 2)
divididos em quatro, com características distintas e
sentimento de libertação das restrições alimentares
complementares (Fig. 1).

12
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

podem diminuir a absorção das vitaminas A, D, K,


B12, B6, ácido fólico e zinco (49). O uso de laxantes
também aumenta a perda fecal da maioria das
vitaminas. Pacientes que tomam anticonvulsivantes
podem ter alteração na absorção ou na utilização das
vitaminas B6, B12, ácido fólico, D e K (49). Também,
os medicamentos antigota aumentam a excreção
da vitamina B12. Já os diuréticos elevam a excreção
urinária da vitamina B1 e do zinco. Os agentes
redutores do colesterol diminuem as concentrações
Fig. 1 Métodos de avaliação do estado nutricional. séricas das vitaminas A, D, K e B12. Os corticosteroides
aumentam a necessidade para as vitaminas C, D,
HISTÓRIA B6 e ácido fólico, e para o zinco. Por fim, os anti-
A história é o método que tem a anamnese como inflamatórios alteram os níveis sanguíneos do ácido
principal ferramenta de coleta de dados. Nessa fólico e das vitaminas C e B12 (49).
parte da avaliação, o ponto essencial é a utilização Os aspectos psicossociais, econômicos e
de técnicas adequadas de entrevista. O primeiro funcionais também fazem parte da história global.
passo é o desenvolvimento da inter-relação estreita Entre eles, a capacidade de aprendizado, a acuidade
entre avaliador e avaliado. visual e de audição, as barreiras culturais, as
A coleta da história pode iniciar com o levantamento limitações para exercícios físicos, as condições de
de dados do prontuário e, depois, seguir na entrevista moradia e financeiras, o nível e alterações recentes da
com o paciente, familiares e/ou cuidador. A partir capacidade funcional, e a necessidade de assistência
daí, é contínua. Ou seja, as reavaliações, utilizando para a alimentação. Vários desses dados são
dados coletados da história, devem ocorrer a cada coletados em ferramentas de avaliação da qualidade
novo contato com paciente, mesmo que nem todas de vida, como o Questionário SF-3. Há evidências
as ferramentas sejam aplicadas. Portanto, os dados de que os componentes físicos, psicológicos e/ou
da história são obtidos do paciente, do familiar/ mentais do Questionário SF-36 são capazes de prever
cuidador, da equipe médica, enfermagem, serviço hospitalizações e morte de pacientes em HD (50).
social, psicologia e outros. As informações coletadas O Quadro 4 sugere itens que podem ser incluídos
possibilitam a identificação dos problemas e riscos na coleta da história de pacientes renais.
nutricionais, como também a busca pela causa. Na história específica, os dados nutricionais e
Para efeitos de organização, a história pode ser alimentares devem ser coletados com o máximo
dividida em global e específica. Na história global, possível de detalhamento. Na história nutricional, são
são importantes os dados pregressos e atuais incluídos dados sobre o apetite, o perfil de peso, e os
sobre cirurgias, infecções, neuropatias, causa da problemas gastrintestinais e de deglutição. Todos os
doença renal, progressão, tratamentos e presença aspectos físicos pertinentes são incluídos nessa parte
de condições associadas (ex.: diabetes, câncer, da história. Um estudo mostrou que um marcador
hipertensão, dislipidemia, HIV+). Também, são simples, o apetite, foi diretamente correlacionado
coletados dados sobre os planos ou realização à desnutrição e à inflamação dos pacientes em HD
de tx e o uso de medicamentos, incluindo anti- (51). Portanto, os dados da história nutricional não
hipertensivos, diuréticos e quelantes de fósforo. Em podem ser subestimados. Já a história alimentar
transplantados renais, são importantes os dados identifica as preferências, as aversões e/ou alergias
sobre os agentes imunossupressores utilizados. aos alimentos, o uso de bebidas alcoólicas e os
Uma grande preocupação relacionada à história do tipos especiais de alimentação (sonda e parenteral).
uso de medicamentos é o efeito de alguns deles nos Os dados sobre o uso, tipo e dose de suplementos
nutrientes. Por exemplo: o excesso de vitamina E alimentares também são essenciais nessa parte da
aumenta o risco de sangramentos em pacientes que história. Suplementos alimentares, ou nutricionais,
utilizam o anticoagulante varfarina. Os antibióticos são definidos como produtos contendo um ou mais

13
Quadro 4 Itens incluídos na coleta da história de pacientes renais
História global
yy Tipo e estágio da doença ou do transplante renal
yy Modalidade, programa e prescrição de diálise
yy Aspectos socioeconômicos, religiosos e éticos que podem afetar o estado nutricional
yy Qualidade de vida
yy História, presença e tratamentos de dislipidemia
yy Medicamentos e ervas prescritos e não prescritos
yy Uso de drogas ilícitas e fumo
yy Presença de infecção, inflamação e outros insultos metabólicos
yy Nível de educação e compreensão
yy Preparo para mudanças de comportamento
yy Condições de comorbidades, como diabetes, doença cardiovascular, hipertensão e doença óssea, seus efeitos e tratamentos prévios e atuais
yy Perfil de exercício físico, atividades de rotina e padrão de sono
História nutricional
yy Peso usual, padrão ponderal, história de ganho de peso interdialítico e presença de edema
yy Função gastrintestinal
yy Apetite, capacidade de autoalimentação, saúde oral, problemas de mastigação e deglutição
yy Problemas psicossociais que podem afetar o estado nutricional (ex.: depressão, compulsão alimentar)
História alimentar
yy Ingestão alimentar prévia e atual: número, horário e volume de refeições, consumo de hortaliças e frutas (tipo, quantidade e frequência), de
alimentos fontes de sódio (ex.: enlatados, embutidos), fósforo, potássio, líquido, quilocalorias e proteínas; densidade calórica dos alimentos
selecionados; ingestão de bebidas alcoólicas; frequência de consumo em restaurantes ou similares
yy Prescrição prévia da dieta
yy Ingestão de itens não alimentares (pica), alergias, intolerâncias ou hipersensibilidades alimentares
yy Suplementos nutricionais prescritos e não prescritos
yy Tolerância e aderência aos tratamentos nutricionais prévios e atuais
yy Uso atual e prévio de suporte nutricional especializado (via sonda e/ou parenteral)

dos seguintes ingredientes: vitamina ou mineral, erva dessa parte da história que é possível o monitoramento
ou outro botânico, aminoácido e qualquer nutriente frequente do consumo alimentar dos pacientes renais.
que suplemente a alimentação (ex.: módulo de
carboidratos, fibras ou lipídeos). Eles também são Métodos de Coleta da História Alimentar
definidos como produto para ingestão na forma Várias ferramentas, que agrupam dados da
de comprimido, cápsula, pó, gel ou líquido (49). história nutricional e alimentar, já foram publicadas.
Os pacientes com DRC são usuários frequentes Uma delas é o Nutrition-specific quality of life
de suplementos alimentares. Um estudo mostrou (NSQOL), que combinou duas ferramentas: o Appetite
prevalência de 45% de uso deles por pacientes and Diet Assessment Tool e o Food Enjoyment in
renais (52). Também, nessa investigação, a utilização Dialysis Tool (53). A ferramenta foi associada com
de suplementos vitamínicos e de minerais foi mais o estado nutricional e com indicadores de qualidade
frequente nos estágios iniciais da DRC, diminuindo de vida de pacientes em HD.
conforme a progressão da doença. Os suplementos Na rotina, os métodos mais comuns para coletar
que contêm certos tipos de vitaminas, como A e E, a história dietética são os registros alimentares,
podem ser um grande problema para os pacientes prospectivos ou retrospectivos. Eles são ferramentas
com DRC, já que elas se acumulam com facilidade. válidas e clinicamente úteis para a determinação
Na história alimentar, também é importante da ingestão calórico-proteica. Os recordatórios
coletar informações sobre as instruções e as práticas são utilizados para obter informações da ingestão,
dietéticas prévias e atuais. Há evidência de que os principalmente, das últimas 24 horas (R24h). O R24h
pacientes renais apresentam, frequentemente, baixa é um instrumento interativo. Nele, o avaliador auxilia o
ingestão calórico-proteica. Além disso, a ingestão de paciente a recordar a ingestão qualitativa e quantitativa
carboidratos, lipídeos, sódio, potássio, cálcio, fósforo e de alimentos. É um método simples e rápido. E um
líquidos pode necessitar de quantidades controladas. dos mais úteis para pacientes renais. Uma vantagem é
Em resumo, na história alimentar, são obtidas que o paciente não tem a oportunidade de modificar,
informações minuciosas sobre a ingestão qualitativa e deliberadamente, o seu padrão alimentar. Porém,
quantitativa dos alimentos e dos nutrientes. É por meio a principal desvantagem é que ele se baseia na

14
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

memória, sendo limitado para idosos e crianças. Ou local por, aproximadamente, quatro horas. Portanto,
seja, o paciente pode esquecer detalhes e quantidades não é difícil que o paciente e/ou seu cuidador
de alimentos que já foram ingeridos. Além disso, o dia sejam orientados e relembrados a escrever o diário
investigado pode não representar a ingestão típica. prospectivo da alimentação durante alguns dias. Por
Também, a coleta por meio do R24h, para ser mais outro lado, um paciente em DP retorna uma vez ao
acurada, necessita de um avaliador experiente. Para mês para a consulta com a equipe. Assim, a aderência
melhorar a acurácia, o R24h pode ser repetido três aos diários alimentares pode ser mais complicada.
ou quatro vezes, em dias separados, dentro de um Ou seja, é mais fácil que o paciente se esqueça de
período de duas semanas. fazer ou trazer os diários para as consultas. A mesma
Outro método é o questionário de frequência limitação acontece aos pacientes transplantados
alimentar (QFA). Esse também obtém dados renais. Depois do período inicial do tx, eles têm
retrospectivos da ingestão. Como abrange um período consultas agendadas em espaços menos frequentes
relativamente grande de tempo, pode ser mais de tempo. Nesses casos, os R24h e os QFAs podem
representativo da ingestão típica do paciente do que ser mais indicados do que os diários.
o R24h. Um QFA foi aplicado em em pacientes em HD Por fim, a aplicação de diários em pacientes
(54) e os resultados mostraram que a ferramenta é renais exige cuidados específicos, como: utilizar
útil. Entretanto, o método subestimou a quantidade período de cinco a sete dias, incluir um dia do final
de proteínas e de energia ingeridas diariamente. de semana e, para aqueles em HD, selecionar dias
Dessa forma, ele não foi considerado acurado para com e sem diálise. Para melhorar a acurácia dos
avaliações individuais. Mais estudos são necessários dados, é essencial o treinamento do paciente e dos
para avaliar a validade dos QFAs para pacientes renais. familiares/cuidador sobre tipo e tamanho de porção
Aparentemente, as limitações existentes no método dos alimentos. E que os diários, quando retornados,
são semelhantes às de outras populações. sejam revisados pelo avaliador junto com o paciente/
Já os diários alimentares prospectivos podem cuidador. Um paciente estável, e com estado
proporcionar estimativa mais confiável da alimentação. nutricional adequado, deve ter a ingestão alimentar
Nesse caso, o paciente/cuidador é treinado para avaliada, por meio de registros, a cada seis meses.
registrar o que foi ingerido, diariamente, durante Pacientes instáveis, desnutridos, idosos ou em
determinado período de tempo. Um estudo em HD, qualquer risco nutricional, devem ser avaliados mais
que utilizou diários de sete dias, mostrou haver grande frequentemente (ex.: a cada um a três meses).
variação na alimentação entre os pacientes. E, de um
dia para outro, no mesmo indivíduo (55). Os autores Análise dos Dados da Ingestão Alimentar
concluíram que há necessidade de, no mínimo, Após a coleta, os dados de ingestão alimentar
três dias para a coleta de dados por meio desse devem ser computados. A análise pode ser
método. Sem dúvida, a grande limitação dos diários quantitativa e/ou qualitativa. A avaliação quantitativa
é a possibilidade dos pacientes subestimarem ou dos nutrientes ingeridos necessita de banco de dados
superestimarem a ingestão, ou esquecerem de anotar da composição nutricional dos alimentos. Esse é
alguns dados. Quando não estão bem treinados, um processo que consome tempo. Um método
os pacientes/cuidadores podem ter dificuldades de alternativo, rápido e com adaptação específica para
relatar o tamanho adequado das porções ou o tipo de pacientes renais é o sistema de equivalentes (56).
preparação. A metodologia mais acurada de diário é a Nesse caso, são utilizadas as listas de substituição
pesagem prévia dos alimentos. Porém, poucos estudos adaptadas para pacientes renais. Essas listas
utilizaram essa metodologia para pacientes renais. padronizam os grupos alimentares e o tamanho
Algumas características dos pacientes renais devem das porções (57, 58). As listas separam grupos
ser consideradas ao escolher um método de avaliação de alimentos com teores diferentes de potássio e
da ingestão alimentar. Um aspecto determinante do identificam aqueles com quantidades elevadas de
sucesso é a frequência de atendimento. Na HD, por sódio e de fósforo. Depois de computados, os dados
exemplo, os pacientes comparecem ao centro de obtidos da ingestão de nutrientes são comparados
diálise três vezes por semana. E permanecem no às recomendações do paciente.

15
EXAME FÍSICO e na boca. Por exemplo: as manchas brancas nas
O exame físico nutricional tem o objetivo de avaliar unhas sugerem deficiência de zinco, e as conjuntivas
a presença de anormalidades que podem refletir a pálidas indicam deficiência de ferro. Alguns sinais
nutrição inadequada. Porém, a finalidade não é só clínicos, como edema, palidez, equimoses, fraqueza
diagnosticar deficiências e excessos. É, também, generalizada, apatia, tremores, lesões cutâneas,
determinar se o paciente necessita de avaliação mais prurido, pele escamosa, queilose e feridas nos cantos
detalhada. O Quadro 5 resume os principais dados da boca podem sinalizar deficiências nutricionais.
coletados no exame físico de pacientes renais. Entretanto, para essa população, há algumas
limitações no exame físico nutricional. Alguns sinais
Quadro 5 Itens incluídos no exame físico nutricional de com causas não nutricionais, próprios da doença renal,
pacientes renais
podem ser confundidos. Por exemplo: as alterações
yy Condição dos cabelos, olhos, lábios, boca, unhas, ossos
articulações, sistema neurológico
dermatológicas e oculares, como a hiperpigmentação
yy Integridade e condição cutânea e secura cutânea, a palidez, a equimose, o olho
yy Condição das reservas musculares e gordurosas
vermelho, a retinopatia hipertensiva e a ceratopatia
yy Tônus e força muscular
yy Condição funcional são, todos, sinais clássicos da uremia. Portanto, não
yy Sinais físicos de hidratação podem ser confundidos com causas nutricionais.
yy Retenção hídrica: graus de edema
yy Pressão arterial As formas mais graves da desnutrição calórico-
yy Em pacientes hospitalizados: pulso, taxa respiratória, proteica são o kwashiorkor, o marasmo e o
temperatura corporal
yy Presença e condição dos aparatos de suporte nutricional (ex.: kwashiorkor-marasmático. O kwashiorkor, embora
sonda, cateter) geralmente apresentado como condição particular
das crianças de países subdesenvolvidos, pode ser
identificado em pacientes em DP. Os sinais são
Inicialmente, o exame físico nutricional divide-se na
semelhantes e incluem peso corporal normal ou
avaliação dos tecidos de proliferação rápida (cabelos,
elevado e musculatura esquelética geralmente intacta.
olhos, estruturas orais, periorais e pele), das massas
Porém, as proteínas séricas estão extremamente
gorda e magra e do edema. Além disso, é importante
diminuídas. Ocorre edema em pés e pernas, como
a avaliação dos sistemas corporais (cardiovascular,
também em extremidades superiores e face. O cabelo
nervoso, endócrino, gastrintestinal, imunológico,
torna-se ressecado, quebradiço, opaco e facilmente
musculoesquelético e renal). Os dados vitais, como a
arrancável, sem dor. No kwashiorkor, há associação
pressão arterial, o pulso e a temperatura, podem ser
entre edema, fígado gorduroso, lesões na pele,
incluídos. A avaliação da pressão arterial (Quadro 6)
descoloração do cabelo e alterações mentais (60).
deve fazer parte do exame físico da população em
Já o marasmo pode ser encontrado em pacientes
geral, como forma de prevenção da doença renal.
em HD. Nessa condição, o paciente apresenta,
Quadro 6 Classificação da pressão arterial para tipicamente, perda significativa de peso corporal,
adultos ≥18 anos de idade de músculo esquelético e de tecido adiposo.
Classificação Pressão arterial Pressão arterial Porém, as concentrações de proteínas séricas estão
sistólica diastólica
(mm Hg) (mm Hg) relativamente intactas. O paciente é, frequentemente,
Normal <120 e 80 descrito como tendo a aparência caquética.
Pré-hipertensão 120-139 ou 80-89 As reservas de massas gordurosa e muscular são
Hipertensão 140-159 ou 90-99 julgadas pelo delineamento dos ossos, músculos
estágio 1
e veias. Uma prega da pele pode ser pinçada com
Hipertensão ≥160 ou ≥100
estágio 2 o dedo indicador e o polegar para verificação da
Fonte: Chobanian et al, 2003 (59)
presença de tecido adiposo na região. A massa
gordurosa subcutânea é, usualmente, observada na
Em relação aos tecidos de proliferação rápida, face (depressão na região suborbital e nas bochechas),
a ingestão alimentar insuficiente, inadequada ou tríceps, bíceps, linha lateral média axilar (cintura) e
excessiva em longo prazo pode levar a mudanças coxas (quadríceps). Já a atrofia muscular generalizada
visíveis na pele, nos cabelos, nos olhos, nas unhas pode ser facilmente detectada pela visualização

16
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

dos contornos ósseos, principalmente na região da na composição corporal. Na antropometria, estão


escápula, das vértebras e da cintura pélvica. Em geral, incluídos medidas e análises da estatura (ou
os grupos musculares das partes superiores do corpo comprimento de crianças), do peso corporal atual e
são os mais susceptíveis à perda. Porém, no exame da percentagem do peso atual (em comparação ao
físico completo das reservas musculares, todas as usual e ao ideal), o índice de massa corporal (IMC), as
regiões são examinadas, incluindo a face. A razão é pregas cutâneas, as circunferências e os diâmetros.
que a avaliação de um único músculo não é capaz O maior valor da antropometria é, sem dúvida, a
de refletir a reserva muscular do corpo todo. Quando monitorização longitudinal de um mesmo paciente.
a doença é sistêmica, a perda da função muscular Ou seja, a possibilidade de observar as tendências das
é global. Porém, o desuso de algum conjunto de medidas. A antropometria, entretanto, não identifica
músculo, devido a qualquer causa, pode atrofiar partes alterações nutricionais em períodos curtos de tempo,
específicas do corpo. Em caso de desnutrição grave, nem a deficiência específica de um nutriente. Além
qualquer músculo é representativo de todos. disso, o estado de hidratação pode influenciar,
A avaliação da massa muscular não deve incluir, significativamente, na avaliação de quase todas as
somente, a quantidade. A funcionalidade é essencial. medidas antropométricas. Na verdade, em pacientes
A capacidade funcional significa a habilidade que um renais crônicos, praticamente todos os marcadores
indivíduo tem de desempenhar atividades da vida objetivos (medidas corporais e testes laboratoriais)
diária (trabalho, tarefas cotidianas e autocuidado). Os são questionáveis. Por exemplo: o peso e a massa
músculos dão ao corpo a sua forma e a condição de corporal magra podem ser superestimados devido à
se mover. A capacidade motora, em geral, pode ser sobrecarga hídrica corporal.
avaliada nos braços, dedos, pulso, cotovelo e ombros.
A condição dessas áreas reflete a habilidade que Estatura
o indivíduo tem de manipular alimentos e talheres, Em geral, as pessoas superestimam a estatura,
e de comer (61). O exame físico da motilidade e da quando autorrelatada, especialmente quando elas têm
força também pode identificar a presença de artrite idades acima de 60 anos. A superestimativa parece
e de outras alterações nas articulações, além de ser maior nos pacientes renais do que na população
deformidades. Um simples aperto de mãos entre o em geral. A provável explicação é a existência de
avaliador e o avaliado pode medir a força dos músculos doenças ósseas. Ou seja, a estatura tende a diminuir
da região. Outra maneira é o avaliador ficar de frente mais em pacientes com DRC. Portanto, a realização
para o avaliado, estender os dedos indicador e médio periódica da medida direta da estatura é essencial
de cada mão e solicitar que ele os segure e aperte. A para esses pacientes. E o autorrelato deve ser evitado.
escala de Lovett (62) pode ser utilizada para medir a Naqueles indivíduos incapazes de ficar em pé ereto, o
força muscular. E o Índice de Karnofsky (63) pode seu método da estimativa indireta da estatura, por meio
usado para avaliar a capacidade funcional. da altura do joelho, é uma boa opção.
O edema corporal também é avaliado durante o
exame físico nutricional. Porém, no paciente renal, ele Peso Corporal
pode confundir a avaliação. É difícil estabelecer se a O peso atual é de grande relevância para qualquer
retenção hídrica ocorre devido à depleção proteica ou indivíduo ou população. Entretanto, devido à retenção
à dificuldade renal ou dialítica de excretar líquido. hídrica, o peso corporal medido dos pacientes renais
pode não ser acurado. O percentual de alteração do
MEDIDAS CORPORAIS peso, durante determinado período, é um parâmetro
As medidas antropométricas e de composição importante. A perda não intencional maior que 10% nos
corporal são componentes essenciais da avaliação do últimos seis meses é categorizada como clinicamente
estado nutricional. A antropometria é simples, segura, significativa e pode indicar desnutrição.
prática e custo-efetiva para pacientes renais. Ela PESO SECO. O peso seco, ou peso sem edema,
serve para estimar a adiposidade e a massa magra é usado como referência para a retirada de líquido
dos indivíduos. Ou seja, o método utiliza as medidas durante uma sessão de HD. Ele pode ser avaliado
das partes do corpo para determinar mudanças por meio de métodos sofisticados, como o ultrassom

17
do diâmetro da veia cava inferior. O peso seco pode, tricíclicos. Por outro lado, muito do líquido ingerido não
também, ser avaliado pela bioimpedância. Equações é para matar a sede, mas para facilitar a passagem de
preditoras do peso seco com o uso da bioimpedância alimentos e de medicamentos. Além disso, o líquido
foram desenvolvidas para pacientes em HD (64). tem um aspecto social importante, incluindo a ingestão
Embora ainda necessitem de estudos de validação, as de bebidas alcoólicas, café, chá, refrigerantes e outros.
equações podem auxiliar na determinação mais objetiva Por outro lado, um aspecto de muita relevância é que
do peso seco de pacientes em HD. Clinicamente, o o maior GPID pode refletir melhor ingestão alimentar e
peso seco é avaliado ao final de uma sessão de diálise, estado nutricional. Em um grande estudo internacional
quando a pressão arterial alcança a variação normal, em HD, o ganho de peso interdialítico, a pressão
sem o desenvolvimento de hipotensão e na ausência de arterial sistólica e a albumina sérica permaneceram
sinais clínicos de sobrecarga hídrica (edema periférico, estáveis em sobreviventes (65). O GPID manteve-se
congestão pulmonar e outros). Esse peso é avaliado entre 4,0 e 4,5% do peso corporal pós-HD. Porém,
regularmente (ex.: trimestralmente). Porém, em caso nos pacientes não sobreviventes, esses indicadores
de intervenção nutricional, ele pode ser reavaliado diminuíram mais de um ano antes da morte. O GPID
mais frequentemente. Provavelmente, a avaliação ideal deve ser estabelecido em termos relativos
do peso seco seja mais acurada somente após, individuais (ex.: porcentagem do peso seco), com
aproximadamente, 60 dias do início do programa de o objetivo de considerar as diferenças individuais na
HD. Em DP, o peso seco é aquele que, sem o paciente estrutura física. O aumento de 2 a 4,5% do peso seco,
apresentar edema, é medido após a drenagem do entre as sessões, parece seguro. Porém, somente
dialisato. Ou seja, com a cavidade peritoneal vazia. a avaliação do GPID pode não ser suficiente para
GANHO DE PESO INTERDIALÍTICO (GPID). Os alcançar o volume hídrico adequado dos pacientes ao
pacientes em HD podem apresentar grandes acúmulos final da sessão dialítica. O uso da bioimpedância por
de líquido (ex.: 8-10kg) entre uma sessão e outra espectroscopia e, possivelmente, o volume plasmático
(período interdialítico). Como o ganho de peso é líquido, relativo podem ser úteis para a avaliação da condição
ele deve ser retirado durante as próximas sessões de hídrica dos pacientes em HD (66).
diálise. A necessidade de retirada de muito peso torna
a sessão de HD mais demorada e complicada. Há Peso Corporal Ideal
risco de hipotensão, câimbras musculares, náuseas, O peso ideal (PI) é aquele associado com a menor
cefaleia e edema agudo de pulmão. O excesso de GPID mortalidade para dada altura, idade, sexo e estrutura
tem relação com a não aderência à restrição de sódio e corporal. Um fato questionável sobre o uso de dados
líquido. Muitos indivíduos em HD podem experimentar antropométricos em pacientes renais é a falta de
sede intensa e secura na cavidade oral. Estes fatores padrões de referência, levando em conta o sexo, a
podem facilitar o excesso de GPID. Além disso, grande idade, a raça ou a etnia.
parte dos pacientes em HD relata “desejo compulsivo” TABELAS DA METROPOLITAN LIFE. O PI pode
pela água e sensação de pouco controle sobre a ser derivado das tabelas de peso e estatura da
ingestão, mesmo reconhecendo os sintomas e riscos Metropolitan Life Insurance. Essas tabelas incluem
da sobrecarga. Talvez o aspecto restritivo rigoroso grande banco de dados, reunidos em mais de 40
da ingestão hídrica facilite o desencadeamento de anos. Os pesos corporais ideais foram associados com
comportamentos compulsivos. Também, a elevação a mais baixa mortalidade entre americanos saudáveis,
dos níveis de ureia, no período interdialítico, pode ser que adquiriam seguro de vida da Metropolitan Life
uma das causas fisiológicas do distúrbio. Porém, o Insurance Company (67). As tabelas são especificas
excesso de ingestão de sódio parece ser o principal para altura, estrutura e sexo. Entretanto, embora o
fator contribuinte para a sede. Quando o sódio é banco de dados de mais de oito milhões de pessoas
restringido, e não há hiperglicemia, automaticamente, tenha sido acompanhado a cada 20 anos, o período
os pacientes podem reduzir a ingestão hídrica para médio por indivíduo foi menor que sete anos. Portanto,
níveis adequados. A sede e a secura na boca também é desconhecido o efeito do acompanhamento mais
podem estar relacionadas com o uso de medicamentos, longo nas informações de mortalidade. Além disso, os
como a clonidina, anti-histamínicos e antidepressivos dados foram coletados de população diferenciada. Ou

18
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

seja, não é representativo de grupos que não adquiriram levantamento contínuo, sem interrupções entre os
seguro de vida. A validade da metodologia usada para ciclos (67). O peso corporal padrão é descrito como
as medidas de altura e peso dessas tabelas também é a mediana do peso corporal (percentil 50) da média
questionável. O peso e a estatura nem sempre foram dos americanos, específico para altura, idade, sexo e
medidos por profissionais treinados. Por exemplo: no estrutura (70, 71). Todas as medidas da NHANES são
estudo original de 1959, 20% das alturas e dos pesos coletadas por examinadores treinados, que usaram
foram autorrelatados. Além disso, as pessoas que, estadiômetros, balanças e medidores da largura do
de fato, foram medidas, usavam sapatos e roupas. cotovelo padronizados. Um vasto banco de dados
Algumas das tabelas davam instruções para subtrair inclui mais de 20.000 americanos de todos os grupos
alguns centímetros da altura dos sapatos e alguns sociais, econômicos e étnicos. Por isso, a estimativa
quilos para o peso das roupas. Porém, não há do peso corporal padrão foi recomendada pelo K/DOQI,
indicação de que os sapatos e as roupas foram, de da National Kidney Foundation (72), para servir de
fato, medidos. Nas tabelas de 1959, foi introduzido base para os pacientes com DRC. O comitê do K/DOQI
o conceito de estrutura corporal. Entretanto, a recomendou o uso dos dados da NHANES II porque o
estrutura não representou a medida da dimensão peso médio dos americanos aumentou cerca de 7%
esquelética. Foi usada uma divisão arbitrária, entre os dois estudos (72). Embora os pesos maiores
baseada na hipótese de que o tamanho do esqueleto na NHANES III reflitam a média dos americanos, na
estava associado com o peso de um indivíduo. Dessa época, o comitê não achou prudente recomendá-los
forma, a denominação das estruturas pequena, para as populações com DRC. Entretanto, há algumas
média e grande foi determinada pelos limites menor considerações com relação ao uso do peso corporal
e maior dos pesos, representando provável erro. Em padrão como referência para o PI na DRC. Em primeiro
1983, as tabelas da NHANES (National Health and lugar, as tabelas de peso da NHANES não identificam as
Nutrition Examination Survey) foram publicadas. Elas variações de peso saudável. Ou seja, elas foram criadas
utilizaram a medida da largura do cotovelo para a para descrever o peso médio dos americanos e não
determinação da estrutura corporal (68). As tabelas são correlacionadas com morbidade ou mortalidade.
da Metropolitan Life também adotaram a medida e Portanto, é evidente o aumento dos pesos com o
iniciaram o uso de um medidor plástico. Entretanto, passar dos anos (71). Ou seja, a elevação não significa
para a estimativa dos tamanhos das estruturas, que os indivíduos devam pesar mais. Outra limitação
também foram usadas as circunferências do pulso, e das tabelas de peso padrão da NHANES é que elas
calculada a relação altura-para-pulso. Embora ambas incluem somente adultos até 74 anos. Isso é um
as medidas (largura do cotovelo e circunferência do obstáculo, já que a prevalência da DRC é maior entre
pulso) sejam populares, cada método pode produzir idosos. Além disso, a coleta de dados da NHANES
determinações diferentes da estrutura corporal. Ou I e II utilizou a medida da largura do cotovelo para
seja, um não deve substituir o outro. determinar a estrutura corporal. Portanto, ao serem
EQUAÇÕES DE HAMWI. Em 1964, o Dr. George J. adotadas as tabelas, essa medida deve ser utilizada.
Hamwi descreveu um método para a determinação Porém, pode não ser prático para as rotinas na área.
do PI (69). Trata-se de uma ferramenta simples e ÍNDICE DE MASSA CORPORAL. O IMC é uma
fácil, calculada manualmente. A equação requer ferramenta usada pela maioria das agências de saúde
apenas dados de sexo e estatura. Entretanto, o pública do mundo, inclusive pela OMS. Ele é mais
método de Hamwi não fornece referências ou frequentemente utilizado para definir a obesidade e
explicações. Ou seja, não é conhecida a base reflete a razão do peso para altura [peso (kg)/altura2
científica da origem das equações. (m)]. A relação inversa (IMC ideal x altura2) é utilizada
TABELAS DA NHANES. O peso corporal padrão para definir o PI. A grande vantagem do uso do IMC
é um termo associado à NHANES, conduzida pelo para avaliar o PI é que não necessárias as tabelas ou as
National Center for Health Statistics dos E.U.A. Três medidas de estrutura corporal. Ou seja, o método utiliza
estudos foram completados até agora: NHANES somente a altura, o peso e um cálculo matemático
I, 1971-1975; NHANES II, 1976-1980 e NHANES simples. O NCHS (National Centers for Health Statistics),
III, 1988-1994. Desde 1999, a NHANES é um o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) e

19
a OMS recomendam a variação entre 18,5 e 24,9kg/ equipamentos acurados. O ideal é que cada medida
m2 como IMC saudável. Resultados acima de 25kg/ seja realizada três vezes. Obtém-se uma média delas.
m2 são considerados sobrepeso. E superiores a 30 kg/ As pregas cutâneas do tríceps e subescapular
m2 são classificados como obesidade. Já o IMC menor avaliam a espessura do tecido adiposo subcutâneo
que 16 é considerado magreza grave. De 16-16,99, nos membros e no tronco. A circunferência do braço e
considera-se magreza moderada. E o 17-18,49kg/m2 é a prega cutânea do tríceps podem ser utilizadas para
classificado como magreza leve. estimar a área muscular do braço. Em pacientes em
O uso da mortalidade como ponto extremo é HD, a medida da circunferência do braço deve ser
simples e confiável. Esses mesmos parâmetros de realizada, de preferência, no braço sem a presença de
classificação podem ser utilizados para pacientes fistula arteriovenosa. Aparentemente, o peso atual, em
renais. Porém, os resultados são diferentes. Grandes relação ao usual ou ao ideal, e o IMC são mais acurados
estudos mostraram que os resultados do IMC, acima do que as pregas cutâneas e a circunferência do
daqueles considerados ideais para a população em braço. Além disso, há características antropométricas
geral, estão relacionados com a menor mortalidade específicas para pacientes renais, como a estimativa
dos pacientes com DRC. Portanto, um quadro pode do peso seco. Também, diferente da população em
ser resumido para o IMC ideal a pacientes com DRC geral, há evidência de que IMC mais elevado está
(Quadro 7). Mesmo pacientes em fila de tx renal relacionado à melhor sobrevida de pacientes renais.
deveriam manter o IMC elevado para assegurar a A circunferência da cintura pode ser usada para
sobrevida. Principalmente, enquanto em diálise (73). identificar acúmulo de gordura abdominal. Porém,
ainda não estão estabelecidos os parâmetros de
Quadro 7 Índice de massa corporal (IMC) desejável na normalidade para a população de pacientes renais.
doença renal crônica (DRC), de acordo com a sobrevida
Estágio IMC (kg/m2) Composição Corporal
Prevenção da DRC 18,5-24,9 Independentemente do método de avaliação, as
DRC pré-diálise >18,5 referências para a composição corporal de pacientes
Hemodiálise >25 renais são as mesmas que para a população em
Diálise peritoneal >25-30 geral (Quadro 8). O foco principal dessa avaliação é o
Transplante 18,5-24,9 déficit de massa corporal, tanto gorda como magra,
já que o excesso de peso e, consequentemente, de
Pregas Cutâneas e Circunferências massa magra e gorda é protetor da vida dos pacientes
Depois da estatura e do peso, as pregas cutâneas renais crônicos. Portanto, quando a gordura corporal
e as circunferências podem ser utilizadas para avaliar é classificada como “normal alta” ou “obesidade”,
gordura corporal. Entretanto, as variações hídricas, não deve gerar as mesmas intervenções que para a
comuns nos pacientes renais, podem alterar esses população em geral. Ou seja, um paciente não pode
indicadores. Além disso, as medidas devem ser ser recomendado a perder peso em virtude desse
realizadas por avaliador experiente e com uso de resultado. Mas a atividade física regular, promovendo

Quadro 8 Porcentagem de gordura corporal de referência para crianças e adultos


Não Normal Baixo Médio Normal Alto Obesidade
Recomendado
Homens
6-17 anos <5 5-10 11-25 26-31 >31
18-34 anos <8 8 13 22 >22
35-55 anos <10 10 18 25 >25
>55 anos <10 10 16 23 >23
Mulheres
6-17 anos <12 12-15 16-30 31-36 >36
18-35 anos <20 20 28 35 >35
34-55 anos <25 25 32 38 >38
>55 anos <25 25 30 35 >35
Fonte: Adaptado de Heyward VH, Wagner DR: Applied body composition assessment. 2 ed. Champaign, Human Kinetics, 2004

20
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

aumento da massa muscular, é benéfica para a mais disponível e é uma técnica válida e clinicamente
qualidade de vida dos pacientes. útil para a avaliação do estado nutricional proteico-
As equações de Durnin e Womersley são energético de pacientes renais crônicos (72). É um
amplamente utilizadas para estimar a porcentagem método confiável e não invasivo para avaliar os três
de gordura corporal dos pacientes renais. Essas principais componentes da composição corporal
equações são baseadas no logaritmo da somatória de (massa gordurosa, massa magra e densidade
quatro pregas cutâneas: tríceps, bíceps, subescapular óssea mineral). Um estudo mostrou que, quanto
e suprailíaca. Com base nas equações, foi derivada menor a massa magra dos membros e tronco de
uma tabela que permite a estimativa da %MG corporal. pacientes em CAPD, avaliada pela DEXA, maior a
Entretanto, outras equações derivadas recentemente taxa de mortalidade dos pacientes (76).
parecem ser mais acuradas para o objetivo. O melhor
exemplo são as equações de Peterson et al (74) Quadro 10 Estimativa da massa muscular esquelética
(75)
(Quadro 9). Essas equações foram derivadas de
MME total (kg) = Altura x [(0,00744 x CB2)+ (0,00088 x
modelos de quatro componentes (DEXA, diluição Circunferência da Coxa2) + (0,00441 x Circunferência da
de deutério e hidrodensitometria). Elas utilizam, Panturrilha2)] + (2,4 x Sexo) – (0,048 x Idade) + Raça + 7,8
também, a somatória de quatro pregas cutâneas. Onde: altura em metros; CB em cm; circunferência da coxa em cm; circunferência da
panturrilha em cm; sexo: masculino = 1, feminino = 0; raça: -2,0 para asiáticos, 1,1
Porém, a prega do bíceps, usada na equação de para negros e 0 para brancos e hispânicos

Durnin e Womersley, foi substituída pela dobra da


coxa. Talvez, essa seja a maior limitação para o uso
A bioimpedância elétrica (BIA) de corpo inteiro e
das equações em alguns locais, já que as medidas
frequência simples está cada vez mais disponível
da prega cutânea da coxa não são rotineiras e podem
nos centros de diálise. Entretanto, o método parece
gerar constrangimento entre profissional e paciente.
subestimar, significativamente, a massa livre de
gordura, a massa celular corporal e a água corporal total
Quadro 9 Derivação da porcentagem de massa
gordurosa corporal por meio de medidas de pregas de indivíduos com DRC. Comparada à pletismografia, a
cutâneas (74) BIA de múltipla frequência subestimou a massa gorda
Homens e superestimou a massa livre de gordura em pacientes
%MG = 20,94878 + (idade x 0,1166) – (altura x 0,11666) + em HD (77). No estudo, a porcentagem de gordura
somatória de 4 pregas x 0,42696) – (somatória de 4 pregas2 x
0,00159)
estimada da somatória de quatro pregas cutâneas
Mulheres
apresentou resultados similares aos da pletismografia.
%MG = 22,18945 + (idade x 0,06368) + (IMC x 0,60404) – (altura
Portanto, a BIA não pode ser considerada um método
x 0,14520) + (somatória de 4 pregas x 0,30919) – (somatória de válido para a avaliação da composição corporal de
4 pregas2 x 0,00099562) pacientes renais. Um dado da BIA, o ângulo de fase,
Onde: altura em cm; 4 pregas = tríceps (PCT), subescapular (PCSE), suprailíaca (PCSI)
e coxa média (PCC) em mm foi utilizado em estudos que avaliaram a sobrevida de
pacientes renais (78). Os resultados mostraram que
a sobrevida cumulativa foi significativamente melhor
Outra equação, que parece ser mais acurada do
com ângulos de fase maiores ou iguais a 6º. Zhu et
que as tradicionais, é a de Lee et al (75). Ela deriva
al usaram a bioimpedância por espectroscopia (BIS)
a massa muscular esquelética corporal (MME) em
para medir as mudanças no volume de líquidos em 14
quilogramas (Quadro 10). A derivação da equação teve
pacientes, antes e depois da DP (79). Foi avaliada a
o método da ressonância magnética como referência.
impedância do corpo inteiro, perna, tronco e braços.
Apesar das vantagens apresentadas pela
A água extracelular corporal prognosticada, usando a
antropometria, como a simplicidade e a rapidez na
soma da BIS segmentar, detectou 95±14% do volume
avaliação, métodos mais acurados e sofisticados
drenado e 91±20% do infundido (nenhum dos dois
estão sendo aplicados e estudados, principalmente
foram significativos dos volumes atuais). A BIS de
na área de pesquisa. A análise por ativação de
corpo inteiro detectou, somente, 13±24% do volume
nêutrons in vivo é o método considerado padrão-
drenado e 9±13% do infundido. Portanto, somente
ouro para quantificar a massa celular e outros
a BIS segmentar parece detectar, com acurácia, os
compartimentos do organismo. Entretanto, o
volumes de líquidos da cavidade abdominal.
equipamento não é facilmente disponível. Já DEXA é

21
Avaliação da Força Muscular outras causas, além da deficiência nutricional, alteram
A avaliação muscular funcional tem grandes os níveis sanguíneos dela. A hipoalbuminemia pode
vantagens, particularmente devido à possibilidade de refletir outras condições, como inflamação, retenção
identificação precoce da perda de massa corporal. A hídrica e perdas urinárias. Além disso, ela tem vida-
força muscular pode ser avaliada por meio do exame média longa, de até 21 dias, e grande distribuição no
físico nutricional. Já, dentro da antropometria, a organismo (4 a 5mg/kg). Dessa forma, a albumina
medida pode ser realizada pela dinamometria (força sérica responde lentamente às alterações nas reservas
de preensão das mãos). proteicas viscerais. Ou seja, ela é um marcador tardio
de desnutrição. Portanto, os níveis séricos isolados
LABORATORIAIS de albumina não são clinicamente úteis para avaliar o
Embora haja limitações, os exames laboratoriais estado nutricional de pacientes renais.
podem ser utilizados para avaliar e monitorar o estado Porém, independentemente da causa, a
nutricional. Além disso, vários testes são importantes hipoalbuminemia é um forte preditor de morte, incluindo
para acompanhar a condição metabólica. Uma a cardiovascular e a infecciosa, para os pacientes em
característica da população de pacientes renais é diálise (80). Portanto, ela é um marcador importante
que os tipos, a frequência e os valores de referência de prognóstico. Há aumento significativo de risco de
dos testes laboratoriais dependem da modalidade morte em pacientes com albumina <4,0g/dL em HD
e da fase da doença renal. Para pacientes em e <3,8g/dL em DP (80). Portanto, valores acima dos
programa de diálise, tanto HD como DP, a frequência cortes são desejáveis desses pacientes.
de rotina de vários testes laboratoriais é mensal. A A maioria dos laboratórios utiliza o colorimétrico,
cada trimestre, mais avaliações são incluídas, como particularmente o bromcresol verde (BCV), como
a albumina e a transferrina séricas. Em geral, a método para determinação da albumina sérica.
cada semestre, a avaliação é completa, incluindo A nefelometria e a eletroforese de proteínas são
perfil lipídico, marcadores inflamatórios, PTH e específicas. Porém, são mais demoradas e caras (72).
outros. Vários testes bioquímicos, usados para a O BCV é um método rápido, reprodutível e automatizado
população em geral, não servem para os pacientes (81). O teste utiliza pequenas quantidades de plasma,
com doença renal. Isso porque a interpretação pode tem baixo coeficiente de variação (5,9%) e não é
ser confundida com o acúmulo sérico de certas afetado pela lipemia, salicilatos ou bilirrubina.
substâncias. O Apêndice 1 apresenta um quadro TRANSFERRINA SÉRICA. Com vida-média de
completo dos testes laboratoriais oito a 12 horas e distribuição corporal pequena,
a transferrina pode reagir mais rapidamente às
Marcadores do Estado Nutricional alterações do estado proteico do que a albumina.
Nos estudos, os níveis séricos da albumina, da A principal função da transferrina é se ligar ao
transferrina, da pré-albumina e da proteína ligadora do ferro e transportá-lo para a medula óssea. Então,
retinol são os mais utilizados para detectar problemas a deficiência de ferro aumenta a concentração da
nas reservas proteicas viscerais. Entretanto, todos transferrina, havendo necessidade de avaliação do
esses testes têm limitações. mineral para interpretar a proteína. Devido a essa
ALBUMINA SÉRICA. A albumina pode ser uma relação, a transferrina é mais utilizada, na DRC, para
medida clinicamente útil para avaliar o estado avaliar as reservas de ferro do que o estado nutricional.
nutricional de pacientes renais. Porém, ela reflete Além das flutuações nas reservas de ferro, as maiores
mais a condição de saúde geral do que o estado causas não nutricionais, que afetam a transferrina,
nutricional dos pacientes. A hipoalbuminemia grave são a infecção, a inflamação e as alterações hídricas.
ocorre em diferentes tipos de desnutrição. Por Portanto, a transferrina não é recomendada como
essa razão, a medida tem sido usada na avaliação marcador nutricional proteico na doença renal (82).
nutricional de pacientes renais crônicos hospitalizados TRANSTIRETINA SÉRICA. Devido à vida-média de
e ambulatoriais. Porém, embora a albumina sérica dois a três dias, e distribuição menor no organismo,
tenha alta especificidade, a sua sensibilidade para antecipa-se que a transtiretina (pré-albumina) seja
o diagnóstico da desnutrição é baixa. Isso porque um indicador mais sensível do que a albumina. A

22
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

transtiretina sérica é utilizada como marcador do avaliar a massa magra de indivíduos com DRC (Quadro
estado nutricional proteico-energético de indivíduos 11). Porém, comparado à DEXA, o índice de creatinina
com e sem insuficiência renal. Entretanto, a foi insatisfatório para avaliar a massa corporal magra
transtiretina é, também, uma proteína negativa (83). Um dos problemas é que ele reflete a soma da
da reação inflamatória. Ou seja, os seus níveis ingestão de alimentos ricos em creatina e creatinina
diminuem em resposta à inflamação ou à infecção (ex.: carnes) e a produção endógena dela por meio
(72). A transtiretina está envolvida no transporte da do músculo esquelético. Além disso, o índice é
tiroxina e atua como carreadora da proteína ligadora influenciado pelo estado catabólico, função renal
do retinol. Na DRC, as concentrações da tiroxina e residual e condição de hidratação.
da proteína ligadora do retinol podem estar elevadas
devido à diminuição do catabolismo e da excreção. Quadro 11 Equação para cálculo do índice de creatinina
e massa magra (84, 85)
Os níveis baixos (<30mg/dL) da transtiretina podem
Índice de Creatinina (mg/dia) = creatinina do dialisato (mg/24h)
ser relacionados com a mortalidade e com outros + creatinina urinária (mg/24h) + mudança no pool de creatinina
índices de desnutrição de pacientes renais (72). corporal (mg/24h) + taxa de degradação da creatinina (mg/24h)
UREIA SÉRICA. Em pacientes renais crônicos, a Onde:
1) Mudança no pool de creatinina corporal (mg/24h) = [creatinina sérica final (mg/L) –
determinação seriada dos níveis de ureia é bastante creatinina sérica inicial (mg/L)] x [24h x 24h (intervalo de tempo entre as medidas inicial
e final) x peso corporal (kg) x (0,5L/kg)]
útil para a avaliação e monitoramento da ingestão 2) Taxa de degradação da creatinina no intestino (mg/24h) = 0,038dL/kg/24h x
creatinina sérica (mg/dL) x peso corporal (kg)
proteica atual. Os pacientes desnutridos apresentam Massa Corporal Magra (kg) = 0,029 (kg/mg/24h) x índice de creatinina (mg/24h) +
redução gradual nos níveis de ureia sérica. As 7,38kg

concentrações abaixo do desejável, antes de uma Nota: O peso corporal usado é o seco. 0,5L/kg é o volume de distribuição estimado da
creatinina no corpo.
sessão de HD, estão correlacionadas com aumento
da mortalidade. Em pacientes em HD sem função
renal residual, as concentrações ideais de ureia sérica AVALIAÇAO DA ABSORÇÃO DE GLICOSE NA
pré-sessão são de 150-200mg/dL. Para aqueles em DIÁLISE PERITONEAL. A quantidade diária de
DP, são de 100-150mg/dL. Quando acima desses glicose absorvida pela DP é significativa. Por isso, as
valores, há indicação de, principalmente, dose quilocalorias referentes a essa absorção podem ser
insuficiente de diálise. Somente em casos raros, os consideradas na estimativa da necessidade calórica
níveis elevados estão relacionados ao excesso de dos pacientes. A análise laboratorial da quantidade
ingestão proteica em diálise. de glicose absorvida é relativamente simples. O PET
CREATININA SÉRICA E ÍNDICE DE CREATININA. (teste de equilíbrio peritoneal), que faz uma curva
O nível de creatinina sérica é mais proporcional às de absorção de glicose, pode ser utilizado para a
reservas de massa somática (músculo esquelético) finalidade. A concentração da glicose é medida no
do que à ingestão proteica (72). Na verdade, em momento da infusão na cavidade peritoneal. Ou é
pacientes renais, é um marcador melhor da função usada a concentração informada pelo fabricante
renal do que das reservas musculares. das bolsas. Então, as bolsas drenadas a cada
Uma vez iniciando o programa de diálise, as tempo (2 e 4h) são analisadas para o conteúdo
concentrações de creatinina sérica alcançam um de glicose. A diferença entre a concentração de
plateau e podem ser preditoras da evolução clínica. glicose infundida e a drenada reflete a quantidade
Tanto em HD como em DP, o risco de morte pode absorvida em cada período.
aumentar quando os níveis séricos da creatinina Entretanto, grande parte dos centros utiliza
estão abaixo de 9-11mg/dL em pacientes com métodos indiretos que estimam a absorção da glicose.
pouca função renal residual, refletindo perda Em um programa-padrão de CAPD, em torno de 60
de massa corporal magra. Em caso de aumento a 80% da glicose contida no dialisato é absorvida via
repentino, junto com a elevação dos níveis séricos peritoneal (6). Isso representa, aproximadamente,
de ureia e de potássio, e da pressão sanguínea, há de 100 a 150g por dia de glicose. No programa de
indicação de dose insuficiente de diálise. APD, embora o volume infundido seja maior, a glicose
Já o índice de creatinina avalia a cinética permanece menos tempo na cavidade peritoneal.
(aparecimento) dela. O método pode ser usado para Dessa forma, 45±15% dela é absorvida do dialisato.

23
Há várias equações para estimar a glicose absorvida. estejam na forma de ureia, e a variação do nitrogênio
Porém, elas se aplicam, particularmente, à CAPD. Ou da ureia corporal dentro de um período. A ureia é o
seja, as equações podem não ser acuradas para a maior componente da excreção de nitrogênio e varia
APD. A maneira mais prática é a estimativa por meio conforme a ingestão proteica.
da taxa de absorção. O Quadro 12 apresenta exemplos Por fim, a taxa de aparecimento do nitrogênio
de cálculos para a estimativa da absorção de glicose equivalente à proteína (PNA: protein equivalent
em CAPD e em APD. Como a glicose infundida é nitrogen appearance rate) é uma medida laboratorial
mono-hidratada, ela gera menos quilocalorias por válida e clinicamente útil para a avaliação da
grama (3,4 a 3,7kcal/g). degradação e da ingestão proteica (72). Em indivíduos
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA INGESTÃO estáveis, os resultados da PNA refletem diretamente a
PROTEICA. A ingestão proteica de pacientes renais ingestão de proteínas. Portanto, os valores ideais dela
pode ser avaliada por meio da cinética da ureia. são as gramas recomendadas por dia para a ingestão
O modelo reflete o nitrogênio ureico sanguíneo, proteica. Pelo fato de o conteúdo de nitrogênio da
a geração do nitrogênio ureico e a função renal. proteína ser mais ou menos constante, em torno de
Em condições normais, de equilíbrio, a ingestão 16%, a PNA pode ser estimada multiplicando a TNA
de nitrogênio (proteína) é igual, ou discretamente por 6,25. Ou seja, em cada 100g de proteína, estão
maior, que o nitrogênio avaliado pela taxa de contidos 16g de nitrogênio. Dessa forma, deduz-se
aparecimento do nitrogênio total (TNA: total nitrogen que 6,25g de proteína contêm 1g de nitrogênio.
appearance rate). A TNA reflete todo o nitrogênio A estimativa da PNA para pacientes em diálise é
gerado pelo corpo: mensurável (ex.: urina, dialisato) facilmente obtida por meio dos modelos de cinética
e não mensurável (ex.: respiração, pele e fezes). Ou da ureia. Entretanto, para a estimativa da ingestão
seja, não é só aquele da ureia, mas de todos os proteica, há algumas limitações: 1) a PNA só se
componentes nitrogenados. Em geral, o nitrogênio aproxima da ingestão de proteínas quando o avaliado
não mensurável é estimado por meio de equações. Já está em equilíbrio (estável). Já no paciente catabólico,
a taxa de aparecimento do nitrogênio da ureia (UNA: a PNA excede a ingestão de proteínas devido à
urea nitrogen appearance rate) refere-se à soma de degradação endógena (muscular), com formação
todas as excreções mensuráveis do nitrogênio, que de mais ureia. Por outro lado, para os indivíduos em

Quadro 12 Estimativa da absorção de glicose pela diálise peritoneal


Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD):
yy Calcular o total de gramas de glicose de cada bolsa
yy Multiplicar o total de gramas de glicose por 3,4
yy Multiplicar o total de quilocalorias pela taxa de absorção estimada (60-80%; usar a média: 70%)*
Exemplo: paciente em programa de CAPD, recebendo, por dia, 4 bolsas de 2L, sendo 3 a 1,5% e 1 a 2,5% de glicose.
Cada litro de glicose a 1,5% contém 15g de glicose. Então, cada bolsa de 2L contém 30g de glicose.
Cada litro de glicose a 2,5% contém 25g de glicose. Então, cada bolsa de 2L contém 50g de glicose.
Por dia, são 3 bolsas a 1,5% (30 + 30 + 30g) + 1 bolsa a 2,5% (50g) = 140g de glicose.
Calorias infundidas: 140g x 3,4 = 476kcal
Estimativa das quilocalorias absorvidas/dia pelo dialisato: 476 x 0,7 = 333,3kcal
Diálise Peritoneal Cíclica Contínua (CCPD):
yy Calcular o total de gramas de glicose de cada bolsa
yy Multiplicar o total de gramas de glicose por 3,4
yy Multiplicar o total de quilocalorias pela taxa de absorção estimada (45±15%; usar 45%)*
Exemplo: paciente em programa de APD de 12 horas, com 12L de solução de diálise por dia, sendo 1 bolsa de 6L a 1,5% e outra de 6L a 2,5%
de glicose.
Cada litro de glicose a 1,5% contém 15g de glicose. Então, uma bolsa de 6L contém 90g de glicose.
Cada litro de glicose a 2,5% contém 25g de glicose. Então, uma bolsa de 6L contém 150g de glicose.
Então, por dia, são: 1 bolsa de 6L a 1,5% (90g) + 1 bolsa de 6L a 2,5% (150g) = 240g de glicose.
Quilocalorias infundidas: 240g x 3,4 = 816kcal
Estimativa das quilocalorias absorvidas/dia do dialisato: 816 x 0,45 = 367,2kcal
*Cada paciente difere significativamente nas taxas de absorção. Portanto, esses cálculos são somente estimativos.

24
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

fase anabólica (ex.: crianças em crescimento, último Quadro 13 Cálculo da PNA e balanço nitrogenado de
trimestre de gravidez), a proteína ingerida é utilizada pacientes renais (70)
para formação de nova proteína corporal. Nesses Proteína contém 16% de nitrogênio; então, 6,25g de proteína =
1g de N
casos, a PNA subestima a ingestão proteica real; 2)
yy UNA (g/dia) = N ureico urinário + N ureico do dialisato ou
a TNA (e a PNA) varia conforme a ingestão proteica. ultrafiltrado + variação do N ureico corporal
Portanto, a PNA flutua de um dia para outro, em Onde: variação do N ureico corporal (g/dia) = (N ureico sérico final – N ureico sérico
) x peso inicial x 0,6 + (peso final – peso inicial) x N ureico sérico final
função das alterações usuais na ingestão proteica inicial
Para HD, o N ureico inicial é, tipicamente, aquele pós-diálise, da primeira sessão da
semana, e o N ureico final é o pré-sessão da diálise subsequente. Para pacientes
dos indivíduos. Portanto, uma única medida da PNA que não estão em diálise, o N ureico do dialisato ou ultrafiltrado é igual a zero. O
não reflete a ingestão proteica usual; 3) quando a período usual de medição da UNA é 24h, mas qualquer intervalo de tempo pode
ser utilizado.
ingestão proteica é alta, a TNA a subestima. Ou seja, a yy TNA (g/dia) = 0,97 x UNA + perdas insensíveis (2-4 g N/dia) +
positividade do balanço nitrogenado é irreal. Isso talvez perdas de N (g de aminoácidos) pela diálise
ocorra devido às perdas nitrogenadas por meio das yy PNA (g/dia) = TNA (g/dia) x 6,25
vias de excreção não mensuráveis (pele, respiração, Balanço nitrogenado (g/dia) = Ingestão de N (g/dia) – TNA (g/dia)
fezes e outros); 4) a PNA pode superestimar a
ingestão proteica quando esta estiver inferior a 1g/ Quadro 14 Cálculo da PNA para DRC pré-diálise (86)
kg/dia, possivelmente devido ao catabolismo proteico yy Excreção urinária de nitrogênio = nitrogênio ureico urinário (NUU)
endógeno; 5) a normalização da PNA (ajuste de g/dia + nitrogênio não ureico (NNU)
yy Ingestão proteica (estimada) = 6,25 x [(nitrogênio ureico urinário
para g/kg/dia de peso ideal, chamada de PNAn) permite + 31mg N) ÷ kg]
a comparação entre pacientes de diferentes tamanhos Onde: nitrogênio (N) da molécula de ureia = 46,6% do seu peso molecular. A excreção de
nitrogênio não ureico é mais ou menos constante, em torno de 31mg/kg/dia (nitrogênio
corporais. A utilização do peso corporal atual para a nas fezes, creatinina urinária, ácido úrico, amônia).
normalização da PNA está sujeita a erros em obesos,
desnutridos e naqueles com edema. Isso porque a
Quadro 15 Cálculo da PNA para hemodiálise (72)
taxa de aparecimento do nitrogênio não é afetada pela
PNA (g/dia) = [(6,49 x UNA) + (0,294 x V)] + perdas proteicas
gordura e nem pelo excesso de água corporal. O volume Onde: V = volume corporal total de água (L), que pode ser calculada pela equação
de distribuição da ureia é equivalente à quantidade de Watson et al (adiante). Quando perdas substanciais de proteínas estão presentes
(>0,1g/kg), a medida direta deve ser realizada.
de água corporal e tem alta correlação com a massa
corporal magra. Porém, em indivíduos com grande
edema, o método tem limitação. Nesse caso, é utilizada No caso de existência de função renal residual
a estimativa do peso ideal. significativa, o nitrogênio ureico urinário pré-diálise
Na rotina, a avaliação da PNA é realizada, em deve ser ajustado.
conjunto à adequação da diálise, por meio da
Quadro 16 Cálculo da PNA para adultos e pediatria em
cinética da ureia. O Quadro 13 apresenta equações diálise peritoneal (72)
utilizadas para o cálculo da PNA e do balanço Adultos: PNA (g/dia) = 10,76 x [(0,69 x UNA +1,46)]
nitrogenado. Elas diferem para fases da doença e A equação assume perda proteica média, pelo dialisato, de 7,3g/dia, e é útil quando o
líquido da diálise não é medido.
tratamentos dialíticos, em virtude das diferenças
Pediatria: PNA (g/dia) = (6,49 x UNA) + (0,294 x V) + perdas
no cálculo da TNA. proteicas (g/dia)
Os Quadros 14, 15 e 16 apresentam algumas Onde:
UNA = (Vd x NUd) + [(Vu x NUu) ÷ t]
das equações utilizadas em pré-diálise, HD e Vd e Vu = volumes do dialisato e urina em litros; t = tempo de coleta, NUd e NUu =
DP, respectivamente. O Quadro 17 apresenta a nitrogênio ureico do dialisato e urina

normalização da PNA para a água corporal, estimada


pela equação de Watson et al. Quadro 17 Normalização da PNA para hemodiálise e
Em resumo, a avaliação da ingestão proteica e diálise peritoneal
do balanço nitrogenado, por meio da cinética da PNAn (g/kg de massa magra/dia) = PNA (g/dia) ÷ (V ÷ 0,58)
Onde: V pode ser calculado por meio da antropometria (equação de Watson et al) (87):
ureia, requer coleta extensiva de dados, assistência ŠŠ Homens: V (água corporal total em litros) = 2,447 - (0.09156 x idade em anos)
de pessoal e programas computadorizados para + (0,1074 x estatura em cm) + (0,3362 x peso ideal em kg)
ŠŠ Mulheres: V (água corporal total em litros) = -2,097 + (0,1069 x estatura em
facilitar os cálculos. cm) + (0,2466 x peso ideal em kg)

25
Marcadores Metabólicos Relacionados à Nutrição aumento do risco de morte cardiovascular. Portanto,
CÁLCIO, FÓSFORO E PTH. As alterações quanto pior é a função renal do paciente, mais
no metabolismo mineral e ósseo são comuns frequentemente deve ser avaliado o fósforo sérico.
e importantes na DRC. Elas estão associadas O Quadro 18 apresenta os níveis desejáveis e a
com o aumento da morbidade e da mortalidade, frequência do cálcio, fósforo e PTH dos pacientes
principalmente relacionadas às calcificações com DRC. O produto cálcio x fósforo (multiplicação
em tecidos moles (ex.: artérias coronárias e dos níveis séricos de cálcio pelos de fósforo) deve
válvulas cardíacas). Os distúrbios mineral e ósseo ser mantido abaixo de 55mg 2 /dL 2 (88).
desenvolvem-se nos estágios iniciais da DRC e Embora não seja prática rotineira, os níveis
continuam na progressão da doença. Portanto, a séricos da vitamina D (25-hidroxivitamina D) podem
avaliação e o monitoramento do cálcio, fósforo e PTH ser medidos em pacientes com DRC nos estágios
séricos são essenciais em todas as fases da DRC. 3 e 4 quando o PTH está acima dos valores
As anormalidades laboratoriais mais comuns, desejados. Caso os níveis séricos da vitamina
relacionadas ao metabolismo mineral ósseo, são a D estejam normais, a medida pode ser repetida
hipocalcemia, a hipercalcemia, a hiperfosfatemia, anualmente. Quando os níveis séricos dela estão
o hiperparatireoidismo secundário e os níveis abaixo de 30ng/mL, há indicação de intervenção
sanguíneos baixos da vitamina D ativada (calcitriol). e monitoramento frequente das concentrações
Um aspecto importante, ao avaliar o cálcio sérico, é séricas de cálcio, de fósforo e de PTH.
corrigi-lo para as concentrações da albumina. Pelo GLICEMIA E LIPIDEOS SÉRICOS. Os distúrbios
fato de o cálcio estar ligado à proteína, seus níveis endócrinos e metabólicos são complicações da DRC.
plasmáticos podem estar falsamente baixos quando A hipoglicemia, a hiperglicemia, o hiperinsulinismo e
ocorre a hipoalbuminemia. De maneira ideal, o cálcio a resistência periférica à insulina são comuns na DRC
ionizado, ao invés do total, deve ser avaliado. (89). O diabetes é uma das causas mais frequentes
A hiperfosfatemia é um dos distúrbios metabólicos de DRC e está relacionado a outras complicações,
mais prevalentes da DRC. O problema contribui para como aterosclerose, insuficiência cardíaca congestiva,
o hiperparatireoidismo secundário, a resistência neuropatia e retinopatia. Além disso, a redução da
à vitamina D e a hipocalcemia. O distúrbio pode função renal pode afetar o metabolismo da glicose.
ocorrer já nos estágios iniciais da DRC. Quando a Portanto, o monitoramento da glicemia é essencial para
TFG está <25% do normal, os néfrons residuais não intensificar tratamentos e reduzir riscos relacionados
são mais capazes de excretar fósforo. Nesse estágio, à hiperglicemia. A aterosclerose associada à DRC é
o PTH elevado exacerba a hiperfosfatemia por tirar resultado da inflamação, do estresse oxidativo e da
fósforo dos ossos e passar para o sangue. Mesmo dislipidemia. A redução e a disfunção da HDL-c são
para aqueles que não apresentam hiperfosfatemia, características da DRC. Entretanto, a HDL-c parece
mas que têm perda renal leve a moderada, pode ter mais efeito do estresse oxidativo e do processo
haver estímulo das paratireoides e elevação do inflamatório do que da alimentação nesses pacientes
PTH sérico. Em combinação com outros fatores, (90). Mas, sem dúvida, está relacionada à doença e à
a hiperfosfatemia danifica órgãos, incluindo as mortalidade cardiovascular deles.
glândulas da paratireoide, os ossos, além do sistema Um aspecto particular aos pacientes renais é que
cardiovascular. Níveis elevados de fósforo estão os níveis séricos de colesterol na faixa normal-baixa
associados com calcificação vascular, aterosclerose e (menor que 150-180mg/dL) estão relacionados à

Quadro 18 Medida do cálcio, fósforo e PTH em pacientes com DRC (88)


Filtração Frequência
Glomerular Cálcio sérico Fósforo sérico do cálcio PTH sérico Frequência do
Estágio
(mL/ (mg/dL) (mg/dL) e fósforo (pg/mL) PTH (meses)
min/1,73m2) (meses)
3 30-59 8,4-9,5 2,7-4,6 12 35-70 12
4 15-29 8,4-9,5 2,7-4,6 3 70-110 3
5 <15 ou diálise 8,4-9,5 3,5-5,5 1 150-300 3

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Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

maior mortalidade do que os resultados mais elevados virão, incorretamente, elevados, pois o potássio sai de
(72). Um estudo recente, na fase não dialítica da dentro da célula e se mistura ao soro.
DRC, mostrou que os níveis baixos de lipídeos séricos BICARBONATO. O aumento da concentração
foram correlacionados com maior mortalidade, de hidrogênio no sangue caracteriza o estado de
particularmente em homens (91). No entanto, o acidemia. Esta pode ser determinada por meio da
gráfico da relação do colesterol com a mortalidade avaliação sérica do bicarbonato e/ou do pH. A acidose
em HD tem a forma de U ou J. Ou seja, níveis acima metabólica é comum em pacientes em diálise. Ela está
de 200-300mg/dL também estão associados com o associada ao aumento da oxidação de aminoácidos
aumento da mortalidade (92). Já a curva de associação de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina),
entre o nível sérico de colesterol e a mortalidade não à elevação da degradação proteica e da PNA, e à
foi observada em pacientes em DP. Talvez, a razão redução da síntese de albumina. Em pacientes em
talvez seja a amostragem (número de pacientes e diálise crônica, foi demonstrada correlação positiva
de medidas) pequena ou fatores associados, como entre os níveis séricos de bicarbonato e de albumina.
o maior aporte de energia e/ou a hipertrigliceridemia. Portanto, a correção da acidemia aumenta o influxo
Enfim, como indicador do estado nutricional celular e diminuiu o efluxo de aminoácidos de cadeia
proteico-energético, a concentração sérica de ramificada, aumenta a albumina sérica, reduz a taxa
colesterol é pouco sensível e não específica, e deve de degradação proteica e eleva as concentrações
ser utilizada apenas como triagem. Os pacientes plasmáticas de aminoácidos de cadeia ramificada
com colesterol abaixo de 150mg/dL devem ser e de outros essenciais. Embora, na literatura, haja
avaliados para déficits nutricionais, assim como controvérsia sobre os efeitos da acidemia discreta
para outras condições comórbidas (72). em pacientes em diálise, recomenda-se que o
Já os níveis elevados de triglicerídeos podem bicarbonato seja monitorado mensalmente. Os níveis
contribuir para doença cardiovascular e estão recomendados pré-sessão de HD são 20-22mmol/L.
relacionados ao diabetes, doença hepática, uso da Alguns cuidados especiais devem ser tomados com
glicose no dialisato da DP e esteroides. Os níveis a coleta e manipulação da amostra de sangue. O
baixos são encontrados na desnutrição e na má contato do sangue com o ar, além da demora na
absorção, pancreatite e abuso de álcool. mensuração, pode afetar o resultado.
POTÁSSIO. Em diálise, os níveis séricos do HEMATÓCRITO, HEMOGLOBINA, FERRITINA
potássio são acompanhados mensalmente E SATURAÇÃO DA TRANSFERRINA. A anemia
e determinam intervenções nutricionais. As normocítica e normocrômica está presente na maioria
concentrações séricas desejáveis são de 3,5 a dos pacientes com DRC. A anemia grave é refletida
5,5mEq/L. Os pacientes na fase não dialítica da pelo hematócrito abaixo de 25%. O tratamento usual
DRC, com função renal acima de 20%, geralmente na DRC é a administração da eritropoietina (EPO).
não apresentam problemas com o potássio sérico. Antes de iniciar a terapia, o metabolismo do ferro deve
Já aqueles em HD tradicional intermitente, e com ser avaliado. Para isso, são mensuradas a ferritina
ausência de função renal residual, apresentam sérica e a saturação da transferrina. Esses testes
grande tendência à hiperpotassemia. Por outro lado, devem ser monitorados, sequencialmente, durante a
os pacientes em DP podem apresentar episódios administração da EPO. O hematócrito desejado para
de hipopotassemia, particularmente quando a os pacientes com DRC é de 33 a 36%, a hemoglobina
ingestão alimentar está baixa. Na DP, o potássio é de 11 a 12g/dL, a saturação da transferrina deve
é perdido de maneira contínua e dependente das ser mantida maior que 20% (20 a 50%) e a ferritina
concentrações de glicose do dialisato. A hipocalemia sérica deve ser igual ou superior a 100ng/dL (100
ou a hipercalemia grave (>7mEq/L) traz sintomas a 800ng/dL) (93). Já em pacientes com IRA, ou
semelhantes, como câimbras, fraqueza muscular, aqueles transplantados, os níveis desejados de
arritmia e parada cardíaca. hematócrito são de 36 a 45% (mulheres) e 38 a
Um cuidado importante para evitar erros nos 50% (homens). A hemoglobina ideal é de 12 a 16g/
resultados é a coleta do potássio. Por exemplo: ao dL (mulheres) e 14 a 18g/dL (homens).
retirar a amostra de sangue do paciente, é imperativo MARCADORES INFLAMATÓRIOS. Os marcadores
que não ocorra hemólise. Caso ocorra, os resultados laboratoriais inflamatórios séricos, de uso na rotina,

27
são a proteína C reativa (PCR), a ferritina, a amiloide e o do braço e albumina sérica). Comparada ao
fibrinogênio. O mais comum é a PCR. Os níveis elevados conjunto, a SGA falhou em detectar a desnutrição
desses testes indicam processo inflamatório agudo em número significativo de pacientes.
ou crônico. Como ainda não há dados suficientes As modificações feitas na ferramenta original são
sobre os resultados ideais para pacientes com DRC, uma complicação quanto à utilidade da SGA. Alguns
a interpretação da PCR é baseada na população em autores modificaram a SGA na tentativa de torná-
geral. As concentrações entre 1 e 3mg/L representam la mais específica para a população de pacientes
risco intermediário. E, entre 3 e 10mg/L, risco alto. Os renais. Um exemplo é o clássico estudo CANUSA (97),
resultados acima de 10mg/L indicam necessidade de realizado com pacientes em DP. Nesse formato, os
investigação para a presença de infecção. Os níveis componentes avaliados mantiveram-se os mesmos:
elevados de leucócitos e a contagem de neutrófilos perda de peso, presença de anorexia, reserva de
e de linfócitos também refletem inflamação. Já os gordura subcutânea e de massa muscular. Porém,
níveis baixos de albumina sérica também podem a escala de classificação foi expandida, designando
indicar processo inflamatório. Pacientes com DRC pesos para cada um dos itens. A pontuação de 1 a
e inflamação persistente, em geral, apresentam 2 representou desnutrição grave; 3 a 5, desnutrição
resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância discreta à moderada; e 6 a 7, estado nutricional
à glicose e dislipidemia (94). normal. O estudo mostrou que os resultados mais
elevados da SGA foram associados com menor
MÉTODOS INTEGRADOS risco relativo de morte e menos hospitalizações. Em
Várias ferramentas foram desenvolvidas na outro estudo, em HD, o mesmo modelo de SGA teve
tentativa de validar a associação de métodos correlação direta e significativa com os resultados
para melhorar a eficácia da avaliação do estado do SF-36, usado para medir a qualidade de vida
nutricional. Sem dúvida, a ferramenta integrada relacionada à saúde (98).
mais popular, também para pacientes renais, é Outra adaptação da SGA, para pacientes em
a avaliação subjetiva global (subjective global diálise, foi desenvolvida por Kalantar-Zadeh et
assessment – SGA). Ela é baseada em dados al (99). Essa foi chamada de SGA Quantitativa
da história e do exame físico. A SGA é um Modificada, ou Escore de Desnutrição em Diálise
método barato e pode ser aplicado rapidamente. (Dialysis Malnutrition Score, DMS). O instrumento
Requer período curto de treinamento e depende, consiste da maioria dos componentes da SGA
essencialmente, de recursos humanos. A parte da convencional, exceto a presença de ascite e de
história da SGA abrange os parâmetros como as edema, que foram desconsiderados. Já o número
alterações de peso, a ingestão alimentar, a presença de anos em diálise e a presença de comorbidades,
de distúrbios gastrintestinais e as mudanças na como diabetes, foram incluídos. O escore é
capacidade funcional. A seção de exame físico composto de sete categorias, com pontuação de
tem o objetivo de identificar alterações no tecido 1 (normal) a 5 (desnutrição grave) para cada uma
adiposo, na massa muscular, além da presença delas. A pontuação final corresponde à somatória
de edema. O método proporciona resultado global de todos os sete componentes, com variação de 7
do estado nutricional. Embora a SGA tenha sido, a 35 pontos. O método foi aplicado em um estudo
originalmente, desenvolvida para classificar em HD, mostrando a resposta da suplementação
pacientes cirúrgicos (95), o instrumento é prático com aminoácidos no início e depois de seis meses
e útil também para renais crônicos. Devido às (100). Mais tarde, os mesmos autores da SGA
vantagens, a SGA foi recomendada pela National Quantitativa Modificada propuseram outro sistema
Kidney Foundation para uso em adultos em diálise de pontuação, chamado de Escore de Desnutrição-
(72). Um estudo com pacientes em HD (96) Inflamação (Malnutrition-Inflammation Score, MIS)
comparou os resultados obtidos com a aplicação (101). O modelo consiste de 10 componentes,
da SGA sozinha ou dela dentro de um conjunto de englobando os sete anteriores e adicionando três
outras medidas (IMC, porcentagem do peso ideal, novos itens: IMC, albumina sérica e capacidade
prega cutânea do tríceps, circunferência muscular total de ligação do ferro. Estreitou-se os níveis

28
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

de gravidade, de 0 (normal) até 3 (gravemente também desenvolvida para idosos da população


anormal). A soma de todos os 10 componentes do em geral, tem sido aplicada em pacientes renais
MIS varia de 0 a 30, com aumento crescente da crônicos, particularmente em diálise.
gravidade. Um estudo de validação, realizado com O Índice Geriátrico de Risco Nutricional (Geriatric
pacientes em diálise durante o período de um ano, Nutritional Risk Index - GNRI) (106) tem objetivo
comparou as três ferramentas: SGA tradicional, de prever o risco de morbidade e mortalidade,
SGA modificada e MIS (102). Os resultados especificamente, de idosos hospitalizados. O peso
mostraram que o último teve a correlação mais ideal foi calculado pela equação de Lorentz (107),
forte e significativa com a taxa de hospitalização que leva em conta a estatura e o sexo do paciente.
e de mortalidade. O MIS também foi associado à Mas, pelo fato de muitos idosos hospitalizados
força muscular, mesmo de pacientes na fase não não se levantarem, a medida direta da estatura é
dialítica da DRC (103). Portanto, o MIS parece ser, difícil de ser obtida. Por isso, no GNRI, a estatura é
nesse momento, o método integrado mais indicado estimada pela equação de Chumlea et al (108), que
para a avaliação do estado ou risco nutricional utiliza a altura do joelho para a estimativa da altura.
de pacientes em diálise. Aliás, o MIS é a única Num estudo, o GNRI previu o estado nutricional e
ferramenta que integra todos os quatro métodos de os desfechos clínicos de pacientes em DP (109). O
avaliação do estado nutricional: história (mudança Quadro 19 mostra a equação do GNRI.
de peso, apetite e ingestão alimentar, sintomas
gastrintestinais, capacidade funcional e presença Quadro 19 Índice Geriátrico de Risco Nutricional (GNRI)
de comorbidade), exame físico (reservas gordurosa GNRI = (1,489 × albumina sérica, g/L) + [41,7 × (peso atual /
peso ideal, kg)]
e muscular, e capacidade funcional), antropometria
Onde:
(IMC) e testes laboratoriais (albumina e TIBC). Peso ideal é determinado pela equação de Lorentz:
yy Peso ideal (kg) para homens = estatura em cm – 100 - [(estatura em cm – 150)/4]
Os modelos de fichas da SGA e de métodos yy Peso ideal (kg) para mulheres = estatura em cm – 100 - [(estatura em cm – 150)/2,5]

adaptados estão apresentados nos Apêndices 2 a 5. Estatura é determinada pela equação de Chumlea:
yy Estatura (cm) para homens = [64,19 - (0,04 x idade)] + (2,02 x altura do joelho
Mais uma ferramenta integrada, aplicada em em cm)
yy Estatura (cm) para mulheres = [84,88 - (0,24 x idade)] + (1,83 x altura do joelho
diálise, é a avaliação subjetiva global pontuada em cm)

gerada pelo paciente (PG-SGA Pontuada). Um Interpretação de risco de morbimortalidade relacionada à nutrição:
yy ausência de risco: >98
estudo em HD a comparou com a SGA tradicional yy baixo risco: 92 a ≤98
yy risco moderado: 82 a <92
(104). Os resultados mostraram que a PG-SGA yy alto risco: <82

Pontuada foi de uso fácil e permitiu a identificação


rápida da desnutrição. Entretanto, ainda faltam
Já uma proposta publicada pela International
estudos de validação, em relação à mortalidade,
Society of Renal Nutrition and Metabolism utiliza a
para que essa ferramenta seja considerada
combinação de métodos subjetivos e objetivos para
adequada para uso em diálise.
definir critérios para o diagnóstico da desnutrição
Outra ferramenta integrada é o questionário
de pacientes com DRC (110). Nessa proposta, um
DETERMINE, também aplicado a pacientes renais
sistema de escore de desnutrição, definida como
(105). O instrumento foi criado para a avaliação
PEW (protein-energy wasting), estabelece quatro
específica de idosos da população em geral.
categorias (Quadro 20). No escore, a presença de
O DETERMINE é uma lista de fatores de riscos
um item de, pelo menos, três das quatro categorias
que podem levar aos problemas relacionados à
define a desnutrição. Um estudo em DP mostrou que
nutrição. O questionário considera a doença, a má
o diagnóstico da PEW foi associado à mortalidade,
alimentação, a perda dos dentes, as dificuldades
juntamente com a SGA e a albumina sérica (111).
na deglutição, a presença de patologia gástrica, as
Em resumo, para pacientes renais, várias
limitações econômicas, a diminuição do contato
ferramentas integradas podem ser utilizadas.
social, o uso de medicações múltiplas, a perda
Algumas delas são modificações feitas no modelo
ou ganho de peso involuntário, a necessidade de
original da SGA. Entretanto, quase nenhum
ajuda para o cuidado pessoal e a idade. Além da
instrumento foi suficientemente validado por
DETERMINE, a Miniavaliação Nutricional (MAN),
estudos grandes e prospectivos.

29
Quadro 20 Critérios para detecção de desnutrição na DRC
*Presença de um item de, pelo menos, três das quatro categorias definidas (110)
Parâmetros bioquímicos séricos
yy Albumina <3,8g/dL (método: verde de bromocresol)
yy Pré-albumina <30mg/dL (somente para pacientes em diálise. Nos estágios 2 a 5 da DRC, os níveis podem variar de acordo com a função
renal)
yy Colesterol <100mg/dLa
Massa corporal
yy IMC <23kg/m2
yy Perda de peso não intencional: ≥5% em três meses ou ≥10% em seis meses
yy Percentual de gordura corporal <10%
Massa muscular
yy Depleção muscular: redução ≥5% da massa muscular em três meses ou ≥10% em seis meses
yy Circunferência muscular do braço: redução >10% em relação ao percentil 50 do NHANES II
yy Aparecimento da creatinina (que pode ser influenciada pela massa muscular e ingestão de carne)
Ingestão alimentar
yy Redução não intencional da ingestão proteica por, pelo menos, dois meses:
yy <0,6g/kg/dia para pacientes nos estágios 2 a 5 da DRC
yy <0,8g/kg/dia para pacientes em diálise
yy Redução não intencional da ingestão energética <25kcal/kg/dia por, pelo menos, dois meses
não deve ser considerado na presença de grandes perdas proteicas, doença hepática ou em uso de hipolipemiantes orais.
a

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL avaliação, os dados são sintetizados para produzir


um diagnóstico nutricional. Este é a identificação, o
O diagnóstico nutricional é o segundo passo do rótulo de um problema nutricional existente, do qual
processo de cuidado, conforme representado na Fig. 2. um nutricionista é responsável pelo tratamento.
Ele está entre a avaliação e a intervenção nutricional. Muitos profissionais confundem as classificações
A avaliação é o passo básico na identificação do estado nutricional com os diagnósticos. As
dos dados necessários para fazer um diagnóstico classificações, como obesidade grau I, II e III ou
nutricional, planejar e implementar a intervenção, e desnutrição leve, moderada e grave, somente
monitorar os resultados. Então, após o processo de refletem os níveis de gravidade de uma condição

Fig. 2 Processo de cuidado nutricional

30
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

nutricional. Diagnóstico nutricional é algo mais nutricionais devem ser baseados na urgência, no
amplo e inclui características anormais da ingestão impacto e nos recursos disponíveis para a resolução.
e dos comportamentos alimentares, além das Cada intervenção deve ser planejada e objetivada
reservas corporais de energia e de nutrientes. para um diagnóstico nutricional. Também, pode
A parte mais complicada, em relação aos haver caso em que o cliente/paciente não apresente
diagnósticos nutricionais, é a falta de padronização “nenhum diagnóstico nutricional no momento”, que
de termos. Ou seja, cada profissional ou instituição exija intervenção. E é desta forma que o profissional
utiliza sua própria definição dos diagnósticos deve registrar no prontuário.
nutricionais. Para resolver o problema, em 2006, a Na descrição de um diagnóstico nutricional,
Associação Americana de Dietética (ADA - American ele pode ter um adjetivo, como “alterado”,
Dietetic Association) propôs a padronização “excessivo” ou “inadequado”. E, uma vez definido o
internacional de diagnósticos nutricionais (112). A diagnóstico nutricional, o avaliador deve concentrar
publicação original foi atualizada em 2008 (113) a atenção na identificação da etiologia. Esta pode
e tem proposta de revisões anuais, baseadas em ser patofisiológica, psicossocial, situacional, de
estudos de validação e mudanças na prática. A desenvolvimento, cultural ou relacionada ao meio
padronização dos diagnósticos nutricionais facilita ambiente. A causa do problema é obtida durante
a comunicação e ajuda a descrever, de forma a coleta de dados da avaliação nutricional. Para a
mais clara, os tipos de problemas observados, as tarefa, é essencial a habilidade do profissional em
intervenções realizadas e os resultados delas. A organizar as informações, indo das gerais até as
padronização também facilita a documentação nos mais detalhadas, chegando à “etiologia de base”. As
prontuários manuais ou eletrônicos e o reembolso intervenções nutricionais devem ser dirigidas para a
dos serviços nutricionais. eliminação da causa do problema. Para determinar a
O material traz as definições da ADA e o “etiologia de base”, o avaliador precisará perguntar o
modelo de ficha de identificação dos diagnósticos “por quê” várias vezes, usando o pensamento crítico.
nutricionais. Na proposta, os diagnósticos foram Cada diagnóstico nutricional pode ser escrito no
divididos em três domínios: 1) Ingestão, 2) Clínica formato PEI, que cita o problema (P), a etiologia
e 3) Comportamento. Cada domínio representa (E) e os indicadores (I) (113). Seguido do título do
características únicas que contribuem para problema, deve estar o termo “relacionado a”, já que
a saúde nutricional. Dentro dos domínios, há é importante identificar a causa. A etiologia (causa)
classes e, em alguns casos, subclasses. A maioria está relacionada aos fatores que contribuem para a
dos diagnósticos nutricionais está no domínio existência do problema. A identificação da etiologia
Ingestão. O Apêndice 6 apresenta as definições irá levar à seleção de uma intervenção objetivada a
dos diagnósticos nutricionais padronizados pela resolver o problema nutricional. Os indicadores são
ADA (112). O Apêndice 7 traz o modelo de ficha de aqueles que definiram se o paciente/cliente tem um
identificação dos diagnósticos nutricionais. determinado diagnóstico nutricional. Os indicadores
Todo diagnóstico nutricional deve ter, nutricionais são os dados subjetivos e objetivos da
invariavelmente, a possibilidade de ser resolvido. avaliação, relacionados à etiologia, como os sinais
Também, por definição, eles são problemas já e sintomas, as informações antropométricas e/ou
existentes e não o risco ou o potencial de ocorrerem. laboratoriais. Os indicadores estão ligados à causa
Além disso, não podem ser confundidos com pelas palavras “conforme evidenciado pelo(a)”.
diagnósticos médicos. Um cliente, ou paciente, A ordem de como um diagnóstico nutricional é
pode ter um ou mais diagnósticos nutricionais, descrito é diferente do processo de pensamento
dependendo da complexidade de sua condição. crítico, usado na avaliação. A descrição deve
Entretanto, dar muitos diagnósticos nutricionais ser clara e concisa, específica para o paciente/
de uma só vez não é indicado. O profissional deve cliente, limitada a um único problema. Ela deve
selecionar até dois ou três de cada vez, de acordo estar, precisamente, relacionada a uma etiologia,
com a prioridade. E priorizar aqueles que terão baseada nas informações coletadas na avaliação
intervenção imediata. Ou seja, os diagnósticos nutricional, e sem uso de julgamento.

31
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influenciados por fatores diversos, relacionados à 12. Kamimura MA, Draibe SA, Dalboni MA, Cendoroglo M, Avesani CM,
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o método que pode auxiliar mais precocemente na Transpl2007;22:839-44.
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cuidadosa. Enquanto a albumina sérica é um forte 16. Han S, Han D. Nutrition in patients on peritoneal dialysis. Nat Rev
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34
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

APÊNDICE 1 Avaliação do Paciente Renal - Referência para Testes Laboratoriais


Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
Envolvido na conversão do tropocolágeno p/ colágeno, na esteroidogênese e no
metabolismo da tirosina e do ác fólico.
0,6-2,0mg/dL
Ácido ascórbico ↑: na litíase por oxalato, elevação do ác úrico, redução da abs da vit B12.
(Cromatografia líquida de
(Vit C) ↓: na anemia, alcoolismo, doença inflamatória crônica, fumo, estresse, uso de
alta pressão)
contraceptivos orais, escorbuto, ingestão excessiva de aspirina, redução da abs
de Fe, úlcera duodenal, pós-parto.
A concentração de folato nas hemácias retrata melhor a condição nutricional do
indivíduo do que sua concentração sérica.
Eritrocitário: 55-1.100ng/mL ↓: nas anemias megaloblástica e hemolítica, desnutrição, uso de fármacos
Ácido fólico (folato)
(Quimioluminescência) antagonistas do folato (ex.: anticonvulsivantes, metotrexato, contraceptivos orais),
má-abs (ex.: espru/doença celíaca), doença hepática alcoólica, hipertireoidismo,
def de vit C, diálise, febre, gestação, câncer.
≤0,40µmol/L Produzido na degradação de certos aminoácidos, do colesterol, de alguns ác
Ácido metilmalônico (Cromatografia gasosa graxos e de pirimidinas.
espectrometria de massa) ↑: na def da vit B12, acidemia metilmalônica.
Sua excreção é via urinária e o nível sérico depende do equilíbrio entre ingestão,
síntese endógena, filtração glomerular e manuseio tubular, que possui sistemas
complexos de reabs e excreção. Associa-se c/ hiperlipidemia, obesidade, diabetes,
ingestão de álcool, acromegalia, sarcoidose e hipertensão.
M: 3,4-7,0mg/dL
↑: na gota, insuf renal, anorexia, leucemias, doença infecciosa aguda, câncer
Ácido úrico F: 2,4-6,0mg/dL
metastático, eclâmpsia grave, choque, cetose diabética, acidose metabólica,
(Colorimétrico, química seca)
intoxicação por chumbo, estresse, alcoolismo, exercício vigoroso, policitemia,
psoríase, hiperuricemia assintomática.
↓: c/ uso de fármacos antigota (ex.: alopurinol, probenecida), doença de Wilson,
câncer. Adultos saudáveis estão frequentemente abaixo dos valores de referência.
Hiperuricosúria, isolada ou associada a outros distúrbios metabólicos, ocorre em
cerca de 15% dos pacientes c/ calculose. Não há correlação entre níveis séricos
0,25-0,75g/dia
Ácido úrico, urina e urinários de ác úrico.
(Enzimático, automatizado)
↑: em pacientes c/ cálculos urinários compostos de ác úrico, oxalato de cálcio ou
mistos.
Útil na avaliação do estado nutricional e capacidade de síntese hepática. Na HD,
deve ser medida pré-diálise. Deve ser avaliada em conjunto com marcadores
inflamatórios. Vida-média: em torno de 21 dias.
↑: na desidratação.
≥3,8g/dL
Albumina ↓: em sobrecarga hídrica, doença hepática crônica, má abs, diarreia, queimaduras,
(Colorimétrico)
eclampsia, inflamação crônica, desnutrição, estresse, câncer, gestação, idosos,
síndrome nefrótica, acidose metabólica.
Depleção proteica: leve = 3,0-3,7g/dL; moderada = 2,1- 2,9g/dL; grave =
<2,1g/dL.
Alumínio < 60µg/L ↑(60-200µg/L): provável intoxicação por alumínio
Útil na avaliação do equilíbrio acidobásico. Em situações normais, a proporção
base:ácido é de 20:1. Em HD: avaliado pré-diálise, no meio da semana.
↑: na alcalose metabólica (¯ácidos e ­ HCO3 no líquido extracelular), acidose/
Bicarbonato 20-22mmol/L pré-HD depressão respiratória, enfisema, vômito, aldosteronismo.
(HCO3) (Potenciométrico indireto) ↓: na acidose metabólica, insuf renal, cetoacidose diabética, acidose lática,
diarreia, alcalose/estímulo respiratório (hiperventilação, histeria, falta de O2,
febre, salicilatos), hiperparatireoidismo primário, privação alimentar prolongada,
hipercatabolismo proteico, ingestão proteica excessiva.
Principal produto do catabolismo da hemoglobina. Útil na avaliação de
hepatopatias e de quadros hemolíticos, em particular, na avaliação da icterícia
do recém-nascido.
↑: no dano hepatocelular (inflamatório, tóxico, neoplásico), obstrução biliar
yy Total: 0,2-1,0mg/dL
(tumor, inflamação, cálculos, cicatriz ou trauma cirúrgico), toxicidade por
yy Direta: 0,1-0,4mg/dL
fármaco, anemia hemolítica, jejum prolongado, icterícia fisiológica neonatal,
Bilirrubinas (Bil) yy Indireta: 0,1-0,6mg/dL
hipotireoidismo, síndrome de Dubin-Johnson, síndrome de Crigler-Najjar, síndrome
(Colorimétrico,
de Hotor, síndrome de Gilbert, sepse, transfusão de sangue em grandes volumes,
automatizado)
resolução de grande hematoma, anemias perniciosa, falciforme e hemolítica.
Uso dos fármacos: alopurinol, ácido ascórbico, antibióticos, ácido nicotínico
(grandes doses), anti-malárico, azatioprina, clorpropamida, codeína, colinérgicos,
contraceptivos orais, dextran, diuréticos, epinefrina, esteroides, fenotiazina,

(continua)

35
(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
inibidores da MAO, meperidina, metildopa, metotrexato, morfina, quinidina,
yy Total: 0,2-1,0mg/dL rifanpina, salicilatos, sulfonamidas, teofilina, vitamina A.
yy Direta: 0,1-0,4mg/dL Bilirrubina direta: mede a bilirrubina conjugada ou pós-hepática: ­em obstrução
Bilirrubinas (Bil)
yy Indireta: 0,1-0,6mg/dL biliar.
(continuação)
(Colorimétrico, Bilirrubina indireta: mede a bilirrubina não-conjugada: ­no dano hepático e anemia
automatizado) hemolítica.
↓: uso dos fármacos: barbituratos, cafeína, penicilina, salicilatos (grandes doses).
Possui fç muscular e nervosa, mineralização de ossos e dentes, e secreção
hormonal. Regulador metabólico intracelular. Participa da coagulação sangüínea e
é responsável pelo transporte da vit B12 por meio do trato gastrintestinal. É útil no
diagnóstico e acompanhamento de distúrbios do metabolismo de cálcio e fósforo,
Cálcio total (Ca) Estágio 3 (30-59mL/min)
incluindo doenças ósseas, nefrológicas e neoplásicas.
yy ~50% ligado às ptns Estágio 4 (15-29mL/min)
↑(hipercalcemia): no câncer, hiperparatireoidismo, insuf adrenal, hipertireoidismo,
séricas, principalmente à yy 8,4 - 9,5mg/dL
doença óssea de Paget, imobilização prolongada, ingestão excessiva de vit D
albumina e globulina Estágio 5 (<15mL/min ou
ou cálcio, uso em longo prazo de diuréticos tiazídicos, acidose respiratória, IRC,
yy ~ 48% ionizado diálise)
doenças granulomatosas.
yy 1-2% complexado c/ yy 8,4 - 9,5mg/dL
↓(hipocalcemia): na hipoalbuminemia, def de vit D, uremia, fósforo elevado,
ácidos orgânicos (Colorimétrico, química seca)
alcalose, diarreia, hipoparatireoidismo, espru, osteomalácia, má-abs, pancreatite
aguda, hipomagnesemia, privação alimentar prolongada, uso de esteroides.
Correção de cálcio p/ os níveis de albumina sérica:
Ca corrigido (mg/dL) = [4,0 – alb. do paciente (g/dL)] x 0,8 + Ca medido (mg/dL)
Útil na avaliação de cálculo renal e no acompanhamento do hiperparatireoidismo,
lesões ósseas metastáticas, intoxicações por vit D, acidose tubular renal,
yy Crianças até 12 anos: até tirotoxicose, doença de Paget e sarcoidose.
4mg/kg de peso corporal/ ↑: no hiperparatireoidismo, metástase óssea osteolítica (carcinoma, sarcoma),
Cálcio, urina dia. mieloma, osteoporose (especialmente após mobilização), excesso de vit D,
yy Adultos: 55-220 mg/dia hipercalciúria idiopática, doença de Paget, síndrome de Falconi.
(Colorimétrico) ↓: no hipoparatireoidismo, raquitismo, osteomalácia, todos os casos em que o
cálcio sérico está baixo (exceto na doença renal), esteatorreia, doença celíaca,
neoplasia óssea.
250-400mcg/dL Utilizada para derivar níveis de transferrina sérica.
Capacidade Total de Fixação
(Guanidina / fer rozina, ↑: na anemia ferropriva, gestação, def de ferro.
do Ferro (TIBC)
automatizado) ↓: em estados inflamatórios crônicos, sobrecarga de ferro e hemocromatose.
CHCM (Concentração de 32-37g/dL (g Hb/dL de ↑: usualmente indica esferocitose.
Hemoglobina Corpuscular eritrócitos) ↓: nas anemias ferropriva e macrocítica, talassemia, perda crônica de sangue,
Média) (Cálculo automatizado) anemia responsiva à piridoxina.
Mede o ritmo de filtração glomerular. Influenciado pela ingestão de proteínas,
yy Crianças: 70-130mL/ principalmente de carnes.
min/1,73m2 ↑: na fase inicial do diabetes, hipertireoidismo, acromegalia, exercício físico,
yy M: 85-125mL/min/1,73m2 gestação, síndromes de débito cardíaco alto. Uso dos fármacos: aminoglicosídeos,
Clearance de Creatinina
yy F: 75-115mL/min/1,73m2 gentamicina, cimetidina, agentes quimioterápicos com metal pesado (cisplatina),
(Determinações de creatinina cimetidina, drogas nefrotóxicas (cefalosporinas, cefoxitina).
no soro e urina) ↓: na insuf renal, aterosclerose da artéria renal, desidratação, choque, ICC, cirrose
c/ ascite.
yy >60L/sem/1,73m2
Clearance de Creatinina em (Determinações de soro, Avalia a eficiência dialítica.
diálise peritoneal dialisato e urina, quando ↓: dose de diálise inadequada p/ paciente.
ainda existente)
yy Volume urinário <2,0mL/
min: 41–68mL/min Útil na avaliação da fç renal. Em pacientes renais crônicos, c/ ritmo de filtração
yy Volume urinário >2,0mL/ glomerular abaixo de 20 mL/min, a média aritmética dos clearances de creatinina
min: 64-99mL/min e ureia corresponde, c/ boa aproximação, à depuração de inulina, medindo mais
Clearance de Ureia
(Determinações da ureia no adequadamente o ritmo de filtração glomerular.
soro e na urina por método ↑: na desidratação.
enzimático) ↓: na insuf renal.
yy Em diálise, ver Kt/V
Essencial p/ a manutenção do equilíbrio acidobásico.
97-106mEq/L ↑: na desidratação, eclâmpsia, anemia, hiperventilação, descompensação
Cloreto (Cl) (Potenciométrico, química cardíaca, insuf renal, toxicidade por aspirina, diarreia, diabetes insípido, síndrome
seca) de Cushing, acidose metabólica associada c/ diarreia prolongada, alcalose
respiratória, pneumonia, nefrite.

(continua)

36
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
97-106mEq/L ↓: na acidose diabética, febre, infecções agudas, alcalose metabólica associada
Cloreto (Cl) (continuação) (Potenciométrico, química c/ depleção de potássio, vômitos prolongados ou sucção gástrica, def de potássio,
seca) acidose respiratória crônica, SSIHAD.
yy M: 70-140µg/dL ↑: em anemias megaloblástica e aplástica, leucemia, infecção, cirrose biliar,
yy F: 80-155µg/dL gestação, uso de estrogênios, hipo/hipertireoidismo, hemocromatose.
Cobre (Cu)
(Espectrometria de abs ↓: na doença de Wilson, síndrome de Menkes, def severa de cobre, nefrose,
atômica c/ forno de grafite) kwashiorkor.
Usado, frequentemente, na avaliação de risco de doença coronariana. Na
população sem problemas renais, os níveis elevados têm sido implicados em
processos ateroscleróticos. Entretanto, em pacientes em diálise, níveis baixos de
colesterol estão associados com maior mortalidade. É provável que seja devido ao
efeito da inflamação sistêmica e da desnutrição.
Adultos:
↑: na hiperlipidemia, icterícia obstrutiva, cirrose biliar, diabetes mellitus não
yy Desejável ≥160 e
controlado, hipotireoidismo, obesidade, dieta rica em gordura, estresse,
<200mg/dL
xantomatose, infarto de miocárdio, aterosclerose, doença cardiovascular, síndrome
Colesterol total (Col) yy Limite: 200-239mg/dL
nefrótica, IRC, gestação, uso de álcool. Uso dos fármacos: ACTH, esteroides
yy Elevado: ≥240mg/dL
anabólicos, beta-bloqueadores, corticosteróides, epinefrina, contraceptivos orais,
(Química seca, enzimático,
dilantina, sulfonamidas, diuréticos tiazídicos, vitamina D, ciclosporina.
colorimétrico)
↓: na má-abs, desnutrição, doença hepática, estresse, anemia, sepse,
hipertireoidismo, anemias hemolítica e perniciosa, infarto agudo de miocárdio, dieta
pobre em gordura, AIDS. Uso dos fármacos: alopurinol, andrógenos, quelantes de
sais biliares, captopril, clorpropamida, clofibrato, colchicina, eritromicina, citomel,
mevacor, neomicina, niacina, colestipol, inibidores da MAO, nitratos.
↑ (linfocitose) em hepatite viral, infecção por citomegalovírus, toxoplasmose,
rubéola, infecção aguda por HIV, leucemia linfocítica crônica e aguda.
20-50%
↓ (linfocitopenia) em infecções e enfermidades agudas, def no sistema
Contagem de Linfócitos 1500-5000cél/mm3
imunológico, depleção de proteínas viscerais (não muito preciso), doença de
Totais (Contagem eletrônica em
Hodgkin, lúpus, anemia aplástica, insuf renal, AIDS, carcinoma terminal.
contador automático)
Depleção nutricional leve: 1200-1499/mm3; moderada: 800-1199/mm3,
grave < 800/mm3
Útil na avaliação da fç renal. Aumenta na medida em que diminui o ritmo de
filtração glomerular. Diminui c/ o aumento da filtração. Sofre menos influência da
dieta do que a ureia e, neste aspecto, é melhor índice de fç renal do que a última.
Transplante: 0,6-1,2mg/dL Reflete a soma da ingestão de alimentos ricos em creatina e em creatinina (ex.:
Diálise: 7-11mg/dL (de carnes) e produção endógena de creatinina (músculo esquelético).
acordo com a massa ↑: na IRA e IRC, obstrução do trato urinário, dano muscular agudo, hipertireoidismo,
Creatinina (Creat)
muscular e fç renal residual) c/ aumento da massa muscular, privação alimentar prolongada, acidose
Sem fç renal: 10-11mg/dL diabética, ingestão excessiva de carne, gigantismo, acromegalia, desidratação,
(Enzimático, química seca) choque, trauma, cirurgia, ICC, rabdomiólise. Uso dos fármacos: cimetidina,
aminoglicosídeos, cefalosporinas, agentes quimioterápicos com metal pesado.
↓: na gestação, distrofia muscular, debilitação física, c/ redução da massa
muscular.
Mede acidez/alcalinidade sangüínea. Ver Bicarbonato (HCO3).
↑: na acidose metabólica, alcalose metabólica, aldosteronismo, enfisema, insuf
Dióxido de carbono (CO2) 19-24mmol/L (Calculado)
renal, vômitos graves.
↓: na diarreia grave, jejum prolongado.
yy M: 4,3-5,9 milhões/mm3
↑: na policitemia, desidratação, diarreia grave.
yy F: 3,5-5,5 milhões/mm3
Eritrócitos (Hemácias) ↓: em anemia, hemorragia, def de ferro, doença sistêmica (Hodgkins, leucemia,
(Contagem eletrônica em
lúpus).
contador automático)
M: 36-262ng/mL ↑: nas doenças inflamatórias, IRC, malignidade, hepatite, sobrecarga de ferro,
Ferritina F: 10-155ng/mL hemocromatose.
(imunoflurométrico) ↓: na anemia por def de ferro.
Componente essencial de enzimas, hemoglobina, mioglobina, metaloenzimas de
funções respiratórias.
↑: na ingestão excessiva de ferro, anemias hemolíticas, doença hepática, uso de
50-150mcg/dL estrogênio, hemocromatose.
Ferro (Fe)
(Química seca) ↓: na anemia microcítica, doenças crônicas (ex.: lúpus, artrite reumatóide),
hemorragia, hemólise, hemoglobinúria, desnutrição, acloridria, infecções, doença
hepática,cirurgia, infarto do miocárdio, doenças ou ressecções duodenal ou
jejunal, uso de antiácidos.

(continua)

37
(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
Como prova de fç hepática, só é confiável quando interpretada juntamente c/
outro(s) parâmetro(s), pois é produzida principalmente no fígado e ossos. Indicador
mais sensível de doença óssea.
↑: significativo na doença hepática ou metástase hepática ou óssea, doença óssea
yy Recém-nascidos: 150- de Paget.; ↑: moderado na hipercalcemia (indica possível hiperparatireoidismo),
600U/L pancreatite, hepatite, icterícia obstrutiva, cirrose biliar, sarcoma osteogênico.
yy 6 meses a 9 anos: 250- Também ↑ no crescimento ósseo (criança e adolescentes/gestação), def de
950U/L vit D, raquitismo, osteomalácia, cicatrização de fratura óssea, osteolite, artrite
Fosfatase alcalina (Fosf alc)
yy 10-18 anos: 75-970U/L reumatóide, sarcoidose, isquemia ou infarto intestinal, infecção ativa de AIDS.
yy acima de 18 anos: 50- Uso dos fármacos: alopurinol, antibióticos, azatioprina, colchicina, indometacina,
250U/L contraceptivos orais, metotrexato, metildopa, ácido nicotínico, fenotiazina,
(Cinético, química seca) probenecida, tetraciclina, verapamil.
↓: na hipofosfatemia, desnutrição calórico-proteica, doença celíaca, cretinismo,
hipotireoidismo, anemia perniciosa, def de vit C/escorbuto, def de zinco, excesso
de vit D, síndrome milk-alcali. Uso dos fármacos: arsênicos, cianidas, fluoretos,
nitrofurantoína, oxalatos, sais de zinco.
Importante p/ a mineralização e estrutura óssea, síntese do colágeno e
homeostase do cálcio. É retido no sangue na DRC.
Estágio 3 (30-59mL/min) e
↑: na DRC devido à: ↓fç renal residual, ingestão alimentar de fósforo, hipervitaminose
Estágio 4 (15-29mL/min):
D (administrada), hipocalcemia, diálise insuficiente, tumores ósseos, doença de
yy 2,7- 4,6mg/dL
Fósforo (inorgânico) (P) Addison, acromegalia, anemia falciforme, infecção, trauma, uso de glicocorticóide
Estágio 5 (<15mL/min ou
Fosfato (PO4) ou tetraciclina.
diálise):
↓: em hiperparatireoidismo (c/ ↑ de cálcio), excesso de quelantes de fósforo,
yy 3,5 - 5,5mg/dL
alcoolismo, hipovitaminose D, raquitismo ou osteomalácia, início da realimentação
(Colorimétrico, química seca)
em desnutridos, hiperinsulinismo, gota aguda, síndrome de Cushing, intoxicação
por salicilatos, diabetes mellitus.
Útil na avaliação do balanço cálcio/fósforo do organismo.
400-1300mg/24 h
↑: hiperparatireoidismo, acidose tubular renal, uso de diuréticos, síndrome de
Fósforo, urina (Colorimétrico,enzimático,
Fanconi.
automatizado)
↓: hipoparatireoidismo e pseudo-hipoparatireodismo.
P/ diagnóstico de diabetes mellitus: valor >125 mg/dL na amostra de jejum,
em pelo menos duas oportunidades. Em gestantes, valores >105 mg/dL já são
suspeitos, merecendo maior investigação. O diagnóstico de hipoglicemia se
estabelece c/ valores <50 mg/dL no adulto e <40 mg/dL no recém-nascido.
↑: no diabetes mellitus, síndrome de Cushing, def de tiamina, acromegalia,
gigantismo, doença hepática crônica, infecções graves, trauma, hipertireoidismo,
pancreatite aguda, inatividade física prolongada, desnutrição crônica, def de
potássio, desidratação, AVC, anestesia geral, adenoma de pituitária ou de
pâncreas, hemocromatose, infarto de miocárdio, feocromocitoma, glucagonemia,
IRA, uso de cafeína, álcool. Uso dos fármacos: corticosteróides, doses altas
de antihipertensivos, ciclosporina, glucagon, antidepressivos, bloqueadores
beta-adrenérgicos, dextrotiroxina, diazocida, diuréticos, epinefrina, estrogênios,
70-110mg/dL
Glicose (jejum) isoniazida, lítio, infusões endovenosas de glicose, fenotiazinas, fenitoína,
(Colorimétrico, química seca)
triamterene.
↓: c/ dose excessiva de insulina, carcinoma de pâncreas, sepse bacteriana,
hipotireoidismo, hipopituitarismo, doença de Addison, doença hepática (hepatite,
cirrose, envenenamento, tumor metastático), doença de reserva de glicogênio,
def de glucagon, carcinoma de ilhotas, insulinoma, abuso de álcool, privação
alimentar prolongada, exercício extenuante, pancreatite, hipoglicemiantes orais,
interrupção abrupta da infusão de NPT (principalmente) ou NS, especialmente
em pacientes recebendo hipoglicemiantes orais ou insulina, doença de von
Gierke, galactosemia, alcaptonúria, intolerância à frutose, sobrecarga hídrica. Uso
dos fármacos: acetaminofeno, esteroides anabólicos, clofibrato, disopiramida,
genfibrozila, insulina, inibidores da MAO, pentamidina, proprandol, tolazamida,
tolbutamida.
0-50 anos: <140mg/dL
↑: no diabetes mellitus, diabetes gestacional, estresse agudo, terapia c/
50-60 anos: <150mg/dL
corticosteróide, terapia c/ diurético, síndrome de Cushing, doença hepática grave,
>60 anos: <160mg/dL;
IRC, glucagonoma, hipertireoidismo, desnutrição, feocromocitoma, acromegalia,
Glicose (pós-prandial) Triagem de glicose de 1h
fumo.
para diabetes gestacional:
↓: c/ dose excessiva de insulina, insulinoma, hipopituitarismo, hipotireoidismo, má-
<140mg/dL
abs.
(Colorimétrico, química seca)

(continua)

38
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
Jejum: 70-115mg/dL
↑: no diabetes mellitus, diabetes gestacional, estresse agudo, infecção, síndrome
30 minutos: <200mg/dL
de Cushing, mixedema, câncer pancreático, gastrectomia posterior, hipoglicemia
1 hora: <200mg/dL
reativa, resposta à hipoglicemia de Somogyi, feocromocitoma, acromegalia,
Glicose (teste de tolerância) 2 horas: <140mg/dL
fumo. Uso dos fármacos: antihipertensivos, antinflamatórios, aspirina, beta-
3 horas: 70-115mg/dL
bloqueadores, furosemida, contraceptivos orais, drogas psiquiátricas, esteroides,
4 horas: 70-115mg/dL
diuréticos tiazídicos.
(Colorimétrico, química seca)
Glicemias >180mg/dL geralmente provocam glicosúria, porém em pacientes
diabéticos, o limiar renal pode variar de 50 a 400mg/dL. Crianças c/ menos de
Amostra aleatória: 0 (Zero) um ano e gestantes podem apresentar glicosúria por diminuição do limiar renal.
Amostra de 24h: <0,5g ↑: no diabetes mellitus, estresse severo (trauma, infecção), gestação, síndrome
Glicose (urina)
(Enzimático, c/ glicose- de Cushing. Uso dos fármacos: ác aminosalicílico, cefalosporinas, cloridrato,
oxidase) cloranfenicol, dextrotiroxina, diazóxido, diuréticos de alça e tiazídicos, estrógenos,
infusões de glicose, isoniazida, levodopa, lítio, nafcilina, ác nalidixico, ác nicotínico
(grandes doses).
↑: na infecção, desidratação, doença de Hodgkin, lúpus, mieloma múltiplo,
2,3-3,5mg/dL
Globulina alcoolismo crônico, choque, tuberculose, leucemia.
(Colorimetria)
↓: na desnutrição.
Em HD, o sangue p/ medir o Hct deve ser colhido pré-diálise.
33-36%
↑: na desidratação, policitemia, choque.
Hematócrito (Contagem eletrônica em
↓: anemia (<30%), perda sanguínea, hemólise, leucemia, hipertireoidismo,
contador automático)
cirrose, hiper-hidratação.
↑: no exercício excessivo e regular, terapia c/ estrogênio ou insulina, consumo
yy Desejável >60mg/dL
moderado de álcool, doença hepática.
HDL-colesterol (lipoproteína yy Limite: 35-60mg/dL
↓: no jejum prolongado, obesidade, doença hepática, diabetes mellitus,
de alta densidade) yy Baixo: < 35mg/dL
hipertireoidismo, fumo, AIDS, lipoproteinemia familiar de baixa HDL,
(Enzimático)
hipoproteinemia: síndrome nefrótica, desnutrição.
Em HD, o sangue p/ medir o Hg deve ser colhido pré-diálise. A Hg é superior ao Hct
para avaliar a anemia da DRC.
11-12g/dL
↑: em queimaduras graves, policitemia, insuf cardíaca, talassemia, doença
Hemoglobina (Colorimétrico,
pulmonar obstrutiva crônica, desidratação.
automatizado)
↓: na anemia, hipertireoidismo, cirrose, várias doenças sistêmicas (leucemia,
lúpus, doença de Hodgkin).
Avalia o controle glicêmico de diabéticos em longo prazo. Bom controle: <7,0%;
controle moderado: 7,0-8,0%; controle ruim: >8,0%
Reflete a média das glicemias durante os últimos dois meses. É um teste menos
sensível que a curva glicêmica p/ o diagnóstico do diabetes mellitus.
3,6- <7%
Hemoglobina glicada (ou ↑: no diabetes mal controlado ou recentemente diagnosticado (hiperglicemia),
(Cromatografia líquida de
glicosilada) (HbA1c) talassemia, gestação, hemodiálise, estresse, síndrome de Cushing,
alta pressão)
feocromocitoma, glucagonoma, acromegalia, esplenectomia. Uso dos fármacos:
corticosteróides.
↓: na anemia falciforme, outras anemias hemolíticas, IRC, suplementação c/ vit
E, def de Fe.
A anemia da DRC é geralmente normocítica e normocrômica. Anemia microcítica
pode refletir def de ferro, excesso de alumínio ou certas hemoglobinopatias. A
Hemoglobina Corpuscular 26-34pg/eritrócitos anemia macrocítica pode estar associada com def de vitamina B12 ou folato.
Média (HCM) (Cálculo, automatizado) Pode, também, estar associada ao excesso de ferro e terapia com eritropoietina.
↑: na anemia macrocítica, falso aumento em hiperlipidemia.
↓: na anemia microcítica.
Hormônio do crescimento 0-2,5µg/L ↑: na agromegalia, gigantismo.
(GH) (Imunofluorométrico) ↓: em lesões do hipotálamo ou pituitária, hipotireoidismo.
Adultos:
yy 21 a 54 anos: 0.4-4,2µU/
Hormônio tireotrófico (TSH) ↑: no hipotireoidismo primário.
L
Hormônio tireoestimulante ↓: no hipertireoidismo, hipotireoidismo secundário, terapia c/ hormônio da tireoide.
yy 55-67 anos: 0,5-8,9µU/L
(Imunoquemiluminométrico)
% de saturação da transferrina = (ferro sérico x 100) ÷ TIBC.
20-50%
Índice de Saturação da Em conjunto com a ferritina, é utilizado para monitorar as reservas de ferro.
(Guanidina/ferrosina
Transferrina (ISTr) (%) ↑: na ingestão excessiva de ferro, anemias hemolíticas, doença hepática.
automatizado)
↓: na anemia por def de ferro, hemorragia, hemólise, hemoglobinúria.

(continua)

39
(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
Avalia eficiência da dose de diálise recebida pelo paciente. Inclui diálise e fç renal
residual, se houver (urina >100mL/dia).
Kt/Vureia yy HD: objetivo de >1,4/
Em DP, para aqueles com baixa fç renal residual, o Kt/Vureia deve ser medido
(K=clearance da ureia, diálise 3x/sem (mínimo de
dentro do primeiro mês de diálise e, pelo menos, a cada 4 meses. Para aqueles
t=tempo e V=volume de 1,2)
com volume urinário >100mL/dia, determinações devem ser obtidas à, no
distribuição da ureia) yy DP: >1,7/sem
mínimo, cada 2 meses.
Em DP, é baseado na coleta da urina de 24h (quando >100mL.dia) e coleta do
efluente da diálise.
yy Desejável: <130mg/dL
↑: na hiperlipidemia, dieta rica em lipídeos, hipotireoidismo, doença hepática
yy Limite: 130-159mg/dL
crônica, hepatoma, trauma agudo, diabetes mellitus, gestação, síndrome
yy Alto: ≥160mg/dL
de Cushing, síndrome nefrótica, alcoolismo, mieloma múltiplo, doença de
Para pessoas c/ diabetes e
LDL-colesterol (lipoproteína armazenamento do glicogênio. Uso dos fármacos: aspirina, contraceptivos orais,
DRC estágios 1-4: <100mg/
de baixa densidade) fenotiazinas, esteroides, sulfonamidas.
dL, sendo <70mg/dL, uma
↓: na AIDS, desnutrição, hipolipoproteinemia familiar, hipertireodismo.
opção terapêutica
(Enzimático, química seca,
Valor calculado (fórmula de Friedwald): LDL = Col total – HDL- (TG/5).
automatizado)
4,5-11 x 103 células/mm3 ↑ (leucitose): na leucemia, infecção bacteriana, hemorragia, trauma ou injúria
(mL) tissular, câncer.
Leucócitos
(Contagem eletrônica em ↓ (leucopenia): em algumas infecções virais, quimioterapia, radiação, depressão
contador automático) na medula óssea.
Fç muscular e nervosa, regula sistemas enzimáticos que controlam o metabolismo
dos carboidratos, lipídios, eletrólitos e proteínas.
↑: na insuf renal, acidose diabética, hipotireoidismo, doença de Addison,
1,9-2,5mg/dL
Magnésio (Mg) desidratação, excesso de uso de suplemento de magnésio ou antiácido.
(Colorimétrico, química seca)
↓: na diarreia crônica, alcoolismo, pancreatite, doença renal, cirrose hepática,
toxemia gestacional, hipertireoidismo, má-abs, colite ulcerativa, diuréticos
depletores de potássio, desnutrição, uso dos fármacos cisplatina e ciclosporina.
Estágio 3 (30-59mL/min) e
Estágio 4 (15-29mL/min):
Regula os níveis de cálcio, juntamente c/ a vit D e a calcitonina.
yy 35-110pg/mL
↑: na hipocalcemia, hiperfosfatemia.
Paratormônio (PTH) Estágio 5 (<15mL/min ou
↓: no excesso de administração de vit. D, hipercalcemia, doença óssea adinâmica,
diálise):
após paratireidectomia, DRC diabética, níveis elevados de alumínio.
yy 150-300pg/mL
(Imunoquimioluminométrico)
Avalia a característica de transporte/fç da membrana peritoneal. Auxilia na
Classificação:baixo, médio- prescrição da diálise. Mede taxa de concentração de solutos no dialisato (D) para
PET (teste de equilibrio
baixo, médio-alto ou alto o plasma (P): creatinina D/P. É recomendado que seja obtido quando o paciente
peritoneal)
transportador está clinicamente estável e, pelo menos, 1 mês após a resolução de um episódio
de peritonite (pode alterar as características da membrana peritoneal).
↑ (trombocitose): em malignidade (leucemia, linfoma, tumor sólido), policitemia
150.000- 450.000/mm3 Vera, pós-esplenectomia, artrite reumatóide, anemia ferropriva.
Plaquetas (Automatizado, por ↓ (trombocitopenia): em anemia hemolítica ou perniciosa, quimioterapia, infecção,
impedância) leucemias, trombocitopenia hereditária, hiperesplenismo, hemorragia, lúpus,
coagulação intravascular disseminada.
Reflete o equilíbrio acidobásico.
↑: na alcalose respiratória ou metabólica, vômitos, redução do potássio ou cloro
yy Arterial: 7,35-7,45
séricos (uso de diuréticos, sucção gástrica), febre alta, hiperventilação, anoxia,
pH (equilíbrio acidobásico) yy Venoso: 7,33-7,43
hemorragia cerebral.
(Potenciométrico)
↓: na acidose respiratória ou metabólica, cetoacidose diabética, insuf renal,
diarreia, insuf respiratória, obstrução das vias aéreas, choque, ICC.
Estimada por meio da cinética da ureia. Reflete a ingestão proteica de pacientes
renais. Só é válida para pacientes estáveis. Utiliza coleta de urina e de dialisato de
PNA (Taxa de Aparecimento
24h. Para propósitos de comparação, é recomendado que a PNA seja normalizada
do Nitrogênio equivalente à yy >0,9g/kg/dia (PNAn)
(PNAn).para o volume de distribuição da ureia.
Proteína)
↑: no aumento da ingestão proteica, catabolismo acentuado, uso de glicocorticóides
↓: na redução da ingestão proteica, desnutrição
3,5-5,5mEq/L Principal cátion intracelular. Essencial p/ o metabolismo de carboidratos,
Potássio (K) (Potenciométrico, química transmissão nervosa e fç renal.
seca) ↑ (hipercalemia): na insuf renal, diálise inadequada, obstipação crônica no

(continua)

40
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
paciente renal, dano tissular (queimaduras, cirurgia, injúria de esmagamento,
quimioterapia), acidose, doença de Addison, diabetes não-controlado,
hemorragia interna, hemólise, infecção, AIDS, desidratação. Uso dos fármacos:
diuréticos inibidores da aldosterona e poupadores de potássio, succinil colina,
ác aminocapróico, antibióticos, antineoplásicos, captopril, epinefrina, heparina,
histamina, lítio, manitol, suplementos de potássio, sulfato poliestireno de sódio.
3,5-5,5mEq/L ↓ (hipocalemia): na perda gastrintestinal (ex.: drenagem nasogástrica, vômito
Potássio (K) (continuação) (Potenciométrico, química excessivo, diarreia), administração de líquidos endovenosos s/ suplementação de
seca) potássio, abuso de álcool, má-abs, desnutrição calórico-proteica, estresse crônico
ou febre, doença hepática c/ ascite, insuf renal, acidose tubular renal, sindrome
de Cushing, estenose da artéria renal, fibrose cística, trauma, cirurgia. Uso dos
fármacos: diurético depletor de potássio, esteroides, estrogênios, abuso crônico
de laxantes, acetazolamida, ác aminosalicílico, anfotericina B, carbenicilina,
insulina, aspirina, cisplatina, infusões de glicose, carbonato de lítio, penicilina G
sódica, fenotiazinas.
Estágio 3 (30-59mL/min)
Níveis >70 refletem alta probabilidade de deposição do fosfato de cálcio
Estágio 4 (15-29mL/min)
(calcificação) nos tecidos moles do corpo (pele, pulmões, olhos, coração,
yy ≤55mg2/dL2
Produto Cálcio x Fósforo articulações e vasos sangüíneos).
Estágio 5 (<15mL/min ou
↑: no hiperparatireoidismo, excesso de quelante de fósforo à base de cálcio,
diálise)
excesso de reposição de vitamina D.
yy ≤55mg2/dL2
6,0-8,0g/dL ↑: na desidratação e doenças que aumentam a globulina
Proteína (total) (PT) (Biureto, colorimétrico, ↓: na def proteica, doença hepática grave, desnutrição, diarreia, queimaduras
química seca) graves ou infecção, edema, síndrome nefrótica.
Microalbuminúria: 30-300mg/24h; macroalbuminúria: >300mg/24h
Adultos: ↑: na síndrome nefrótica, trombose de veia renal, terapia c/ droga nefrotóxica,
Proteínas totais: envenenamento por metal pesado, nefropatia diabética, mieloma múltiplo,
50-80mg/24h em repouso síndrome de Falconi, sarcoidose, anemia falciforme, neoplasia, inflamação
<250mg/24h após exercício do trato urinário, após exercício (os níveis variam c/ o tipo de exercício), pré-
Proteína, urina
intenso eclâmpsia, ICC, hipertensão maligna, amiloidose, LES, síndrome de Goodpasture,
Albumina: <30mg/24h galactosemia. Uso dos fármacos: acetazolamida, aminoglicosídeos, anfotericina
(Colorimétrico, automatizado: A, cefalosporinas, colestina, griseofulvina, lítio, meticilina, nafcilina, drogas
pirogalol) nefrotóxicas (arsênicos, sais de ouro), oxacilina, penicilamina, penicilina G,
fenazopiridina, polimixina B, salicilatos, sulfonamidas, tobutamina, viomicina.
Fator de risco p/ evento cardiovascular (infarto de miocárdio ou derrame).
Inferior a 0,8mg/dL ↑: na inflamação arterial, infecções bacterianas (apendicite, otite média,
Proteína C-reativa (PCR)
(Imunonefelometria) pielonefrite, doença inflamatória pélvica), câncer, doença de Crohn, infarto de
miocárdio, pancreatite, febre reumática, artrite reumatóide, obesidade.
PRU (Porcentagem de Objetivo: 70% de redução p/
Redução de Ureia, do início diálise 3x/sem (mínimo de Avaliação da eficiência da hemodiálise.
ao final da sessão) 65%)
Principal cátion extracelular. Importante p/ a manutenção do equilíbrio acidobásico.
↑ (hipernatremia): na desidratação e ingestão hídrica baixa (crianças, idosos e
enfermos), diabetes insípido (diurese osmótica), síndrome de Cushing, coma,
hiperaldosteronismo primário, sudorese excessiva. Uso dos fármacos: esteroides
anabólicos, antibióticos, clonidina, cortcosteróides, laxantes, metildopa,
137-145mEq/L
contraceptivos orais, xaropes de tosse, carbenicilina, estrogênios.
Sódio (Na) (Potenciométrico, química
↓ (hiponatremia): em edema, cirrose c/ ascite, queimaduras severas, vômito/
seca)
diarreia severos, diuréticos, SSIHAD, intoxicação hídrica, doença de Addison,
nefrite grave, IRC, ICC, privação alimentar prolongada, hiperglicemia, má-abs,
AIDS. Uso dos fármacos: inibidores da ACE, captopril, carbamazepina, diuréticos,
sulfonilureias, triamterene, vasopressina, haloperidol, heparina, antidepressivos
tricíclicos.
↑: no hipertireoidismo (doença de Graves, doença de Plummer, adenoma tóxico da
tireoide), tireoidite aguda, hepatite, hiperproteinemia congênita, anorexia nervosa,
hiperemese gravídica. Uso dos fármacos: amiodarona, propranolol, estrogênios,
yy >12 anos: 4,5-12µg/dL metadona, contraceptivos orais, clofibrato, heroína.
Tiroxina total (T4)
(Fluoroimunoensaio) ↓: no hipotireoidismo (cretinismo, mixedema), pré-eclâmpsia, IRC, desnutrição
proteica, insuf da pituitária, insuf hipotalâmica, def de iodo, síndrome de Cushing,
cirrose. Uso dos fármacos: esteroides anabólicos, androgênios, fenitoína,
propranolol, lítio, propiltiouracil.

(continua)

41
(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
Não é um bom parâmetro individual p/ teste de fç hepática, porque, além do
fígado, é encontrada no coração, músculo esquelético e células vermelhas do
sangue.
↑: na injúria/morte celular, infarto do miocárdio (4 a 10 vezes o normal; diminui p/ o
basal em torno do 4o dia), cateterização cardíaca, angioplastia, cirurgia cardíaca,
Transaminase glutâmico- • M: até 38U/L
cirrose aguda, hepatite, cirurgia hepática, pancreatite aguda, IRA, câncer,
oxaloacética (TGO) • F: até 32U/L
alcoolismo, queimaduras, trauma do músculo esquelético, distrofia muscular,
ou aspartato amino- (Cinético, automatizado,
gangrena, anemia hemolítica aguda, mononucleose infecciosa c/ hepatite. Uso
transferase (AST) química seca)
dos fármacos: ácido acetilsalicílico, antihipertensivos, agentes colinérgicos,
anticoagulantes, digitalis, contraceptivos orais, eritromicina, isoniazida, metildopa,
opiatos, verapamil.
↓: no diabetes não controlado (c/ cetoacidose), beribéri (def de tiamina), gestação,
diálise crônica.
Melhor parâmetro que a TGO como teste de fç hepática. Encontrada
predominantemente no fígado, c/ quantidades moderadas nos rins e somente
pequenas quantidades no coração e no músculo esquelético.
↑: na hepatite, colestase, icterícia, cirrose, câncer hepático, infarto do miocárdio,
• M: até 41U/L
Transaminase glutâmico- queimaduras severas, trauma muscular, miosite, choque, mononucleose,
• F: até 31U/L
pirúvica (TGP) ou alanina pancreatite, obesidade. Uso dos fármacos: acetaminofeno, alopurinol, ácido
(Cinético, automatizado,
amino-transferase (ALT) aminosalicílico, ampicilina, azatioprina, carbamazepina, cefalosporinas,
química seca)
clordiazepoxida, clorpropamida, clofibrato, cloxacilina, codeína, dicumarol,
indometacina, metotrexato, metildopa, naficilina, ácido nalidixico, nitrofurantoína,
contraceptivos orais, oxacilina, fenotiazina, fenilbutazona, fenitoína, procainamida,
propoxifeno, propranolol, quinidina, tetraciclina, verapamil.
Proteína carreadora do ferro. Vida média de 8-10 dias, portanto mais sensível do
que a albumina na avaliação nutricional.
↑ em reservas inadequadas de ferro, desidratação, anemia por def de ferro,
hepatite aguda, policitemia, gestação, hipóxia, perda sangüínea crônica, uso de
estrogênios.
200-400mg/dL ↓ em anemia perniciosa e falciforme, infecção, retenção hídrica, câncer, doença
Transferrina
(Nefelometria) hepática, desnutrição, síndrome nefrótica, talassemia, sobrecarga de ferro,
enteropatias, queimaduras, uso de cortisona, e uso de testosterona.
Transferrina = 0,8 x TIBC - 43.
TIBC = capacidade total de fixação de ferro
Depleção proteica: leve = 150-200mg/dL; moderada = 100-149mg/dL; grave
= <100mg/dL.
Importante na avaliação do metabolismo de lipídios. Administração endovenosa
Desejável: ≥100 e ≤150mg/ de emulsões lipídicas deve ser cautelosa em pacientes c/ níveis elevados de Tg.
dL ↑: nas hiperlipidemias, doença hepática, pancreatite, diabetes mal controlado,
Limite: 150-199mg/dL hipotireoidismo, infarto do miocárdio, alcoolismo, cirrose hepática, ingestão
Triglicerídeos (Tg) Alto: 200-499mg/dL excessiva de açúcar e/ou gordura, AIDS, doença do armazenamento de glicogênio,
Muito alto: ≥500mg/dL síndrome nefrótica, gestação. Uso dos fármacos: colestiramina, estrogênio,
(Colorimétrico, enzimático, contraceptivos orais.
química seca) ↓: na desnutrição, síndrome de má-abs, hipertireoidismo, DPOC. Uso dos
fármacos: ác ascórbico, asparaginase, clofibrato, colestipol.
Sua concentração é cerca de 1/70 daquela do T4 e circula ligada à proteínas.
↑: na terapia c/ hormônio da tireoide (dose diária de T3 >25 µg ou T4 >300 µg),
Adultos: hipertireoidismo, tirotoxicose T3, tireoidite, adenoma tóxico da tireoide, doença de
yy 20-50 anos: 70-200ng/dL Graves, doença de Plummer, gestação, hepatite, hiperproteinemia congênita. Uso
Triiodotironina total (T3) yy 50-90 anos: 40-180ng/dL dos fármacos: estrogênios, metadona, contraceptivos orais.
(Fluoroimunoensaio) ↓: nas doenças graves em geral, pós-operatório, jejum prolongado, hipotireoidismo,
Captação da T3: 24-34% cretinismo, mixedema, insuf da pituitária, insuf hipotalâmica, def de iodo, insuf
renal, síndrome de Cushing, cirrose. Uso dos fármacos: propranolol, amiodarona,
corticosteróides, androgênios, fenitoína, reserpina, salicilatos (altas doses).
Reflete quebra proteica endógena (catabolisada) ou exógena (ingerida). Pode
indicar estado de hidratação. Sofre mais a influência do catabolismo proteico do
que a creatinina.
↑: na insuf renal, obstrução do trato urinário, choque, trauma, sepse, desidratação,
• 10-45mg/dL
Ureia para fç renal normal hipovolemia, infecção, diabetes, gota crônica, ingestão/catabolismo proteico
(Colorimétrico, química seca)
excessivo, hemorragias digestivas, infarto do miocárdio, ICC. Uso dos fármacos:
esteroides, alopurinol, aminoglicosídeos, aspirina, bacitracin, carbamazepina,
cefalosporinas, furosemida, guanitidina, indometacina, metotrexato, penicilamina,
propranolol, espirino-lactona, tetraciclina, rifanpina.

(continua)

42
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

(continuação)
Valores de Referência
Exame Causa/Significado de Valores Anormais
(Método Analítico)
↓: na insuf hepática grave (medicamentos, envenenamento, hepatite),
desnutrição (balanço nitrogenado negativo), má-abs, hiperhidratação (excesso de
Ureia para fç renal normal • 10-45mg/dL líquidos endovenosos), síntese proteica aumentada (final da gestação, infância,
(continuação) (Colorimétrico, química seca) acromegalia), diarreia, síndrome nefrótica, SSIHAD, abs alterada (doença celíaca),
ingestão baixa de proteínas, ingestão elevada de CHO. Uso dos fármacos:
cloranfenicol, estreptomicina.
Reflete quebra proteica endógena (catabolisada) ou exógena (ingerida).
Ureia em hemodiálise
≥130 e ≤200mg/dL ↑: diálise ineficiente; alta ingestão proteica.
pré-sessão (“ureia 1”)
↓: hiperfiltração durante a hemodiálise; baixa ingestão proteica.
Reflete quebra proteica endógena (catabolisada) ou exógena (ingerida).
Ureia em diálise peritoneal ≥100 e ≤150mg/dL ↑: diálise ineficiente; alta ingestão proteica.
↓: hiperfiltração durante a diálise; baixa ingestão proteica.
Sintetizada no fígado a partir da amônia, como produto final do catabolismo das
Com fç renal significativa:
proteínas. É livremente filtrada pelos glomérulos renais e cerca de 40-50% são
12-34g/24h, dieta
Ureia, urina reabsorvidos no túbulo contornado proximal. Mede o ritmo de filtração glomerular.
dependente.
Influenciada pela ingestão de proteínas.
(Enzimático, automatizado)
↓: na insuf renal.
• Retinol: 360-1.200µg/L
↓: cirrose, def de zinco, hiperqueratose, manchas de Bitot, xeroftalmia,
Vit A (Cromatografia líquida de
ceratomalacia.
alta pressão)
• Normal: 3-15µg/dL
• Limite: 2,0µg/dL ↓: anemia normocítica e normocrômica, neuropatias compressivas, como
Vit B2 • Diminuído: <2,0µg/dL a síndrome do túnel do carpo, alcoolismo, infecções, neoplasias, pelagra,
(Cromatografia líquida de desnutrição, gestação, lactação.
alta pressão)
Cofator essencial p/ diversas enzimas (glicogênio-fosforilase, transaminases e
5-30ng/mL
descarboxilases de aminoácidos.
Vit B6 (Cromatografia líquida de
↓: alcoolismo crônico, síndromes de má-abs, uso de medicamentos, como a
alta pressão)
isoniazida.
Importante p/ a manutenção da hematopoiese e da mielina. Requer o fator
intrínseco p/ sua abs, e a transcobalamina p/ seu transporte.
↑(>1.100ng/L): na doença hepática, algumas leucemias, câncer (especialmente
190-900ng/L
Vit B12 c/ metástase hepática), gestação, uso de contraceptivos orais.
(Quimioluminescência)
↓(<100ng/mL): na anemia perniciosa, síndromes de má-abs, hipotireoidismo
primário, redução da mucosa gástrica (ex.: gastrectomia ou câncer gástrico), dieta
vegetariana, acloridria.
Mede as reservas corporais da vit. D. Níveis <30ng/mL indicam suplementação.
Vit D (1,25 16-32ng/mL
↑: excesso de suplementação de vit D
dihidroxivitamina D) (Rádio-receptor)
↓: na DRC, ingestão deficiente de vit D, não exposição à luz solar, cirrose.
Adultos: 5,5-17,0mg/L
Contribui p/ a manutenção das membranas celulares, dos sistemas vascular e
• Def: <3,0mg/L
nervoso, e promove proteção antioxidante. O nível sérico, após 12-14h de jejum,
Vit E • Excesso: >40mg/L
reflete as reservas do organismo.
(Cromatografia líquida de
↓: em hepatopatia crônica, síndrome de má-abs, desnutrição, abetalipoproteinemia.
alta pressão)
0,09-2,22ng/mL Vit lipossolúvel cuja abs depende da emulsificação das gorduras no tubo digestivo.
Vit K (Cromatografia líquida de ↓: má-abs intestinal de gorduras, bloqueio do fluxo biliar, antibioticoterapia,
alta pressão) período neonatal.
Volume corpuscular médio 87-103mm3/eritrócitos ↑: no abuso de álcool, anemia perniciosa macrocítica/megaloblástica, def de vit
(VCM) (Cálculo, automatizado) B12 e/ou folato.
Calculo p/ estimativa da VLDL: triglicerídeos dividido por 5.
↑: no hiperlipidemia, dieta rica em lipídeos, hipotireoidismo, doença hepática
VLDL-colesterol 25-50% do colesterol total
crônica, hepatoma, trauma agudo, diabetes mellitus, gestação, síndrome
(lipoproteína de muito baixa (Enzimático, química seca,
de Cushing, síndrome nefrótica, alcoolismo, mieloma múltiplo, doença de
densidade) automatizado)
armazenamento do glicogênio.
↓: na AIDS, desnutrição, hipolipoproteinemia familiar, hipertireodismo.
↑: na ICC, aterosclerose, osteosarcoma.
0,66-1,1µg/mL ↓: na desnutrição, diálise, enteropatia perdedora de proteína, doença inflamatória
Zinco (Zn) (Espectrofotometria de abs intestinal, síndrome nefrótica, queimaduras ou trauma, NPT prolongada, alcoolismo,
atômica c/ chama) cirrose alcoólica ou pancreatite, anorexia, anemia perniciosa ou falciforme, câncer
c/ metástase hepática, tuberculose, talassemia, hipoalbuminemia.

43
Unidades do Sistema Convencional e Internacional (SI), com Fatores de Conversão
Unidade Unidade Valores
Componente Fator de Conversão
Convencional Internacional Normais do SI
Amônia plasmática µg/dL 0,5909 µmol/L 47-65
Aspartato aminotransferase sérico U/L 0,0167 µkat/L 0-0,58
Bilirrubinas séricas totais mg/dL 17,10 µmol/L 5,1-17
Bilirrubina sérica mg/dL 17,10 µmol/L 1,7-5,1
Cloreto sérico mEq/L 1,00 mmol/L 89-106
Colesterol plasmático mg/dL 0,02586 mmol/L <5,2
Creatinina sérica
Homens mg/dL 88,40 µmol/L 53-106
Mulheres mg/dL 88,40 µmol/L 44-97
Creatinina urinária g/24 h 8,840 mmol/L Variável
Desidrogenase láctica sérica U/L 1 U/L 100-190
Fosfatase alcalina sérica U/L 0,01667 µkat/L 0,5-2,0
Glicose plasmática mg/dL 0,05551 mmol/L 3,4-6,1
Lipoproteína de baixa densidade (LDL) mg/dL 0,02586 mmol/L <2,59
Lipoproteína de alta densidade (HDL) mg/dL 0,02586 mmol/L >0,66 <1,0
Osmolalidade plasmática mOsm/kg H2O 1,00 mmol/kg H2O 285-295
Osmolalidade urinária mOsm/kg 1,00 mmol/kg 50-1200
Sódio sérico mEq/L 1,00 mmol/L 136-145
Tiroxina T4
Homens µg/dL 12,87 nmol/L 51-154
Mulheres µg/dL 12,87 nmol/L 64-154
Triiodotironina T3 ng/dL 0,01536 nmol/L 1,2-3,4
Triglicerídeos plasmáticos mg/dL 0,0169 mmol/L <1,69
Ureia sérica mg/dL 0,3570 mmol/L ureia 3,6-7,1

44
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

APÊNDICE 2 Modelo de Ficha da Avaliação Subjetiva Global (SGA) Tradicional

Nome do Paciente: Data:


PARTE 1 – HISTÓRIA Escore da SGA
A B C
1. Mudança de Peso
A. Mudança geral nos últimos 6 meses: kg
B. Porcentagem de mudança
<5%
perda de 5-10%
perda >10%
C. Mudança nas últimas 2 semanas:
aumento
sem mudança
diminuição
2. Ingestão alimentar (em relação ao normal):
A. Mudança geral:
sem mudança
mudança
B. Duração
semanas
C. Tipo de mudança
dieta sólida insuficiente
dieta líquida completa
dieta líquida hipocalórica
jejum
3. Sintomas gastrointestinais (com >2 semanas de duração):
nenhum náusea diarréia
anorexia vômito
4. Capacidade funcional (relacionada à nutrição):
A. Disfunção geral:
nenhuma
moderada
grave
melhora
sem mudança
regrediu

PARTE 2 – EXAME FÍSICO Escore da SGA


Normal Leve Moderada Grave
5. Evidência de:
Perda de gordura subcutânea (suborbital, tríceps, bíceps, cintura)
Perda de massa muscular (têmporas, clavícula, ombros, adutor, escápula,
costelas, quadríceps, joelhos, panturrilha)
Presença de edema (tornozelo, sacral)
Presença de ascite

PARTE 3 – AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (assinalar uma)


A. Bem nutrido B. Desnutrido leve/moderado C. Gravemente desnutrido
Fonte: Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, et al: What is subjective global assessment of nutritional status? J Parenter Enteral Nutr (11):8-13,
1987; Detsky AS, Smalley PS, Change J: Is this patient malnourished? JAMA 271:54-58, 1994

45
APÊNDICE 3 Modelo de Ficha da SGA com Escala de Sete Pontos

FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (SGA)


Nome do Paciente: Data: / /
PESO/MUDANÇA DE PESO (Incluso na SGA K/DOQI) Escala 1-7
1. Peso de base: (Peso seco de 6 meses atrás)
Peso atual: (Peso seco hoje)
Perda de peso atual/últimos 6 meses: % perda: (perda atual do início até a última SGA)
(perda >10%=grave; 5-10%=moderada; <5%=leve)
2. Mudança de peso nas últimas duas semanas:
Sem mudança Aumento Diminuição
INGESTÃO ALIMENTAR Sem mudança (Adequada) Sem mudança (Inadequada)
1. Mudança: Ingestão Sub-ótima: Proteína: Kcal: Duração:
Total de Líquidos: Líquido Hipocalórico: Jejum:
SINTOMAS GASTRINTESTINAIS (Incluso na SGA K/DOQI – anorexia ou causas de anorexia)
Sintomas: Frequência: Duração:
Nenhum
Anorexia
Náusea
Vômito
Diarréia
Nunca, diariamente, 2-3 vezes/semana, 1-2 vezes/semana > 2 semanas, <2 semanas
CAPACIDADE FUNCIONAL
Descrição: Duração:
Sem disfunção
Mudança na função
Dificuldade na ambulação
Dificuldade com atividade (paciente relata “normal”)
Atividade leve
Confinado ao leito/cadeira com nenhuma ou pouca atividade
Melhora na função
ESTADO DE DOENÇA/CO-MORBIDADE, RELACIONADO ÀS NECESSIDADES NUTRICIONAIS
Diagnóstico primário Co-morbidades:
Requerimentos normais: Requerimentos aumentados: Requerimentos diminuídos:
Estresse metabólico agudo: Nenhum Baixo Moderado Alto

EXAME FÍSICO
Perda de gordura subcutânea (abaixo dos olhos, tríceps, bíceps, Algumas áreas
tórax) (Incluso na SGA K/DOQI) Todas as áreas
Perda muscular (têmporas, clavícula, escápula, costelas, quadríceps, Algumas áreas
panturrilha, joelho, interósseo (Incluso na SGA K/DOQI) Todas as áreas
Edema (Relacionado à subnutrição/uso para avaliar mudança de peso)
CLASSIFICAÇÃO GERAL DA SGA
Bem-nutrido ou risco muito baixo = resultado 6 ou 7 na maioria das categorias, ou melhora significativa e continuada
Desnutrido leve-moderado = 3, 4 ou 5. Sinais não claros de estado normal ou desnutrição grave.
Desnutrido grave = 1 ou 2. Na maioria das categorias/sinais físicos significativos de desnutrição
Fonte: Adequacy of dialysis and nutrition in continuous peritoneal dialysis: association with clinical outcomes. Canada-USA (CANUSA) Peritoneal
Dialysis Study Group. J Am Soc Nephrol 7(2):198-207, 1996

46
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

APENDICE 4 Modelo de Ficha da SGA Quantitativa Modificada ou Escore de Desnutrição em Diálise (Dialysis
Malnutrition Score – DMS) com Escala de 5 pontos

(A) História médica relatada pelo paciente:


1- Mudança de peso (mudança total nos últimos 6 meses)
1 2 3 4 5

Sem mudança de peso ou Perda de peso pequena Perda de peso de 5-10% Perda de peso de 10-15% Perda de peso >15%
ganho (<5%)

2- Ingestão alimentar
1 2 3 4 5

Sem mudança Dieta sólida sub-ótima Dieta líquida total ou Líquida hipocalórica Jejum
redução total moderada

3- Sintomas gastrintestinais
1 2 3 4 5

Sem sintomas Náusea Vômito ou sintomas GI Diarréia Anorexia grave


moderados

4- Capacidade funcional (relacionada à nutrição)


1 2 3 4 5

Nenhum (melhorado) Dificuldade com Dificuldade com atividade Atividade leve Confinado ao leito/cadeira
ambulação normal com nenhuma ou pouca
atividade

5- Co-morbidade
1 2 3 4 5

Diálise <12 meses e Diálise há 1-2 anos, ou co- Diálise há 2-4 anos, ou Diálise há >4 anos, ou co- Múltiplas co-morbidades
saudável no restante morbidade leve idade >75 anos ou co- morbidade grave muito graves
morbidade moderada

(B) Exame Físico:


1- Reservas diminuídas de gordura ou perda subcutânea (abaixo dos olhos, tríceps, bíceps, tórax)
1 2 3 4 5

Nenhuma(sem mudança) Moderada Grave

2- Sinais de perda muscular (têmporas, clavícula, escápula, costelas, quadríceps, joelho, adutor)
1 2 3 4 5

Nenhum (sem mudança) Moderado Grave

Escore de Desnutrição (soma de todos os números):


Fonte: Kalantar-Zadek K, Klein, M; Dunne, E, et al. A modified quantitative Subjective Global Assessment of nutrition for dialysis patients. Nephrol
Dial Transpl. 14:1732-1738, 1999.

47
APENDICE 5 Modelo de Ficha do Escore de Desnutrição- Inflamação (Malnutrition-Inflammation Score – MIS)

ESCORE DE DESNUTRIÇÃO-INFLAMAÇÃO
(A) História relatada pelo paciente:
1- Mudança no peso seco (mudança total nos últimos 3-6 meses)
0 1 2 3
Nenhuma mudança no peso seco Perda pequena de peso (≥0,5kg Perda de peso >1kg mas <5% Perda de peso >5%
ou perda de peso <0,5kg mas <1kg)
2- Ingestão alimentar:
0 1 2 3
Bom apetite e sem deterioração Ingestão sub-ótima de dieta sólida Diminuição moderada da dieta Líquida hipocalórica a jejum
do padrão de ingestão alimentar líquida total
3- Sintomas gastrintestinais (GI)
0 1 2 3
Sem sintomas, com bom apetite Sintomas leves, apetite ruim ou Vômito ocasional ou sintomas GI Diarréia ou vômito frequente, ou
náuseas ocasionais moderados anorexia grave
4- Capacidade funcional (alteração funcional relacionada à nutrição):
0 1 2 3
Capacidade funcional normal para Dificuldade ocasional com Dificuldade com atividades Confinado ao leito/cadeira, ou
melhorada, sente-se bem a ambulação, ou sente-se anteriormente independentes (ex: pouca para nenhuma atividade
frequentemente cansado ir ao banheiro) física
5- Co-morbidade, incluindo o número de anos em diálise:
0 1 2 3
Em diálise há menos de 1 ano, e Em diálise há 1-4 anos, ou co- Em diálise há >4 anos, ou co- Qualquer co-morbidade múltipla,
saudável no restante morbidade leve (excluindo PCC*) morbidade moderada (incluindo grave (2 ou mais PCC*)
PCC*)
(B) Exame Físico (de acordo com os critérios da SGA):
6- Reservas diminuídas de gordura ou perda subcutânea (subocular, tríceps, bíceps e cintura)
0 1 2 3
Normal (sem mudança) Leve Moderado Grave
7- Sinais de perda muscular (têmporas, clavícula, ombros, escápula, costelas, adutor, quadríceps, joelho, panturrilha):
0 1 2 3
Normal (sem mudança) Leve Moderado Grave
(C) Índice de Massa Corporal:
8- Índice de Massa Corporal: IMC=Peso (kg)/Altura2(m)
0 1 2 3
IMC ≥20 kg/m2 IMC 18-19,99 kg/m2 IMC 16-17,99 kg/m2 IMC < 16 kg/m2
(D) Parâmetros Laboratoriais:
9- Albumina sérica:
0 1 2 3
Albumina: ≥4,0 g/dL Albumina: 3,5-3,9 g/dL Albumina: 3,0-3,4 g/dL Albumina: <3,0 g/dL
10- TIBC sérico (Capacidade Total de Ligação do Ferro)♣
0 1 2 3
TIBC >250 mg/dL TIBC=200-249 mg/dL TIBC=150-199 mg/dL TIBC <150 mg/dL
Escore Total = soma dos 10 componentes acima (0-30):
* PCC= Principais Condições de Co-morbidade, incluem: insuficiência cardíaca congestiva classe III ou IV, AIDS totalmente desenvolvida, doença
artério-coronariana grave, doença pulmonar obstrutiva crônica moderada a grave, grandes sequelas neurológicas, malignidades metastáticas ou
condição pós quimioterapia recente. ♣Aumentos equivalentes sugeridos para transferrina sérica são: >200 mg/dL (0), 170-200 mg/dL (1), 140-170
mg/dL (2) e <140 mg/dL.
Fonte: Fonte: Kalantar-Zadek K, Kopple JD, Block, G, Humphreys MH: A malnutrition-inflammation score is correlated with morbidity and mortality
in maintenance hemodialysis. Am J Kidney Dis. 38(6):1251-1263, 2001.

48
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

APÊNDICE 6 Definições dos Diagnósticos Nutricionais

Diagnóstico Nutricional Código Definição


Domínio: INGESTÃO NUTRICIONAL IN “Problemas atuais relacionados à ingestão de energia, nutrientes, líquidos, substâncias
bioativas pela dieta oral ou suporte nutricional (nutrição enteral ou parenteral)”
Classe: Balanço Energético (1) IN-1 “Mudanças atuais ou estimadas no gasto ou ingestão de energia (kcal)”
Gasto energético aumentado IN-1.1 Taxa metabólica de repouso (TMR) acima dos requerimentos estimados devido à composição corporal,
medicamentos, mudanças endócrinas, neurológicas ou genéticas. Nota: TMR é a soma dos processos
metabólicos da massa celular ativa relacionada à manutenção das funções corporais normais e balanço
regulatório durante o repouso
Ingestão insuficiente de energia IN-1.2 Ingestão de energia menor do que o gasto energético, estabelecido por padrões de referência ou
recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção: quando o objetivo é perda de peso
ou término do cuidado da vida
Ingestão excessiva de energia IN-1.3 Ingestão calórica que excede o gasto energético estabelecido por padrões de referência ou
recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção: quando o ganho de peso é desejado
Classe: Ingestão Oral ou Suporte IN-2 “Ingestão real ou estimada de alimento ou bebida da dieta oral ou suporte nutricional,
Nutricional (2) comparada ao objetivo do paciente”
Ingestão oral insuficiente de alimento/ IN-2.1 Ingestão oral de alimento/bebida menor do que o estabelecido pelos padrões de referência ou
bebida recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção: quando a recomendação é a perda
de peso ou término do cuidado da vida
Ingestão oral excessiva de alimento/bebida IN-2.2 Ingestão oral de alimento/bebida que excede o gasto energético estabelecido por padrões de referência
ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção: quando o ganho de peso é
desejado
Ingestão insuficiente de nutrição enteral/ IN-2.3 Infusão enteral ou parenteral que fornece calorias ou nutrientes insuficientes, comparada aos padrões
parenteral de referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção:
quando a recomendação é a perda de peso ou término do cuidado da vida
Ingestão excessiva de nutrição enteral/ IN-2.4 Infusão enteral ou parenteral que fornece calorias ou nutrientes elevados, comparada aos padrões de
parenteral referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Infusão inadequada de nutrição enteral/ IN-2.5 Infusão enteral ou parenteral com tipo ou composição errada, que não é garantida (paciente não está
parenteral apto a tolerar a ingestão enteral) ou que não é segura (potencial para sepse ou outras complicações).
Classe: Ingestão de Líquidos (3) IN-3 “Ingestão real ou estimada de líquidos, comparada ao objetivo do paciente”
Ingestão insuficiente de líquidos IN-3.1 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo líquido, comparada aos padrões de referência
estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de líquidos IN-3.2 Ingestão elevada de líquidos, comparada aos padrões de referência estabelecidos ou recomendações
baseadas nas necessidades fisiológicas
Classe: Ingestão de Substâncias IN-4 “Ingestão real ou observada de substâncias bioativas, incluindo componentes únicos ou
Bioativas (4) múltiplos de alimentos funcionais, ingredientes, suplementos dietéticos, álcool”
Ingestão insuficiente de substâncias IN-4.1 Ingestão baixa de alimentos ou outros contendo substâncias bioativas, comparada aos padrões de
bioativas referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de substâncias IN-4.2 Ingestão elevada de substâncias bioativas, além dos nutrientes tradicionais, como alimentos funcionais,
bioativas compostos alimentares bioativos, suplementos dietéticos ou concentrados alimentares, comparada aos
padrões de referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de álcool IN-4.3 Ingestão acima dos limites sugeridos para o álcool
Classe: Balanço de Nutrientes (5) IN-5 “Ingestão real ou estimada de grupos específicos de nutrientes ou nutriente único, comparada
aos níveis desejados”
Necessidades aumentadas de nutriente IN-5.1 Necessidade aumentada de um nutriente específico, comparada aos padrões de referência
(especificar) estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Desnutrição calórico-protéica evidente IN-5.2 Ingestão insuficiente de proteína e/ou energia por tempo prolongado, resultando em perda das reservas
de gordura e/ou musculares
Ingestão insuficiente de energia e proteína IN-5.3 Ingestão insuficiente de proteína e/ou energia, comparada aos padrões de referência estabelecidos ou
recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Necessidades diminuídas de nutrientes IN-5.4 Necessidade diminuída de um nutriente específico, comparada aos padrões de referência estabelecidos
(especificar) ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Desequilíbrio de nutrientes IN-5.5 Combinação indesejável de nutrientes ingeridos, sendo que a quantidade de um interfere ou altera a
absorção e/ou utilização de outro nutriente

49
(continuação)
Diagnóstico Nutricional Código Definição
Sub-Classe: Ingestão de Lipídeos e de Colesterol (IN-5.6)
Ingestão insuficiente de lipídeos IN-5.6.1 Ingestão baixa de gordura, comparada aos padrões de referência estabelecidos ou recomendações
baseadas nas necessidades fisiológicas. Exceção: quando o objetivo é a perda de peso ou término do
cuidado da vida
Ingestão excessiva de lipídeos IN-5.6.2 Ingestão elevada de gordura, comparada aos padrões de referência estabelecidos ou recomendações
baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão inapropriada de alimentos ricos IN-5.6.3 Ingestão do tipo ou qualidade errada de alimentos gordurosos, comparada aos padrões de referência
em gordura (especificar) estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Sub-Classe: Ingestão de Proteínas (IN-5.7)
Ingestão insuficiente de proteínas IN-5.7.1 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo proteínas, comparada aos padrões de referência
ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de proteínas IN-5.7.2 Ingestão acima do nível e/ou tipo de proteína recomendado, comparada aos padrões de referência
estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão inapropriada de aminoácidos IN-5.7.3 Ingestão acima ou abaixo da quantidade e/ou tipo de aminoácido recomendado, comparada aos
(especificar) padrões de referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Sub-Classe: Ingestão de Carboidratos e Fibras (IN-5.8)
Ingestão insuficiente de carboidratos IN-5.8.1 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo carboidratos, comparada aos padrões de
referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de carboidratos IN-5.8.2 Ingestão acima da quantidade e tipo de carboidratos recomendados, comparada aos padrões de
referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão inapropriada de tipos de IN-5.8.3 Ingestão de quantidade ou tipo de carboidrato acima ou abaixo dos padrões de referência estabelecidos
carboidratos (especificar) ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão irregular de carboidratos IN-5.8.4 Frequência irregular na ingestão de carboidratos durante o dia ou no dia-a-dia, ou padrão de ingestão
de carboidrato não consistente com o padrão recomendado, baseado nas necessidades fisiológicas ou
medicamentos
Ingestão insuficiente de fibras IN-5.8.5 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo fibras, comparada aos padrões de referência
estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de fibras IN-5.8.6 Ingestão elevada de alimentos ou substâncias contendo fibras, comparada às recomendações baseadas
na condição do paciente/cliente
Sub-Classe: Ingestão de Vitaminas (IN-5.9)
Ingestão insuficiente de vitaminas IN-5.9.1 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo vitaminas, comparada aos padrões de referência
(especificar) estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de vitaminas IN-5.9.2 Ingestão elevada de alimentos ou substâncias contendo vitaminas, comparada aos padrões de
(especificar) referência estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Sub-Classe: Ingestão de Minerais (IN-5.10)
Ingestão insuficiente de minerais IN-5.10.1 Ingestão baixa de alimentos ou substâncias contendo minerais, comparada aos padrões de referência
(especificar) estabelecidos ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Ingestão excessiva de minerais IN-5.10.2 Ingestão elevada de minerais fornecidos por alimentos, suplementos, medicamentos ou água,
(especificar) comparada aos padrões de referência ou recomendações baseadas nas necessidades fisiológicas
Domínio: NUTRIÇÃO CLÍNICA NC “Achados/problemas nutricionais que estão relacionados com a condição clínica ou física do
paciente/cliente”
Classe: Condição Funcional (1) NC-1 “Mudança no funcionamento físico ou mecânico que interfere ou impede resultados
nutricionais desejados”
Dificuldade na deglutição NC-1.1 Alteração do movimento do alimento ou líquido da boca até o estômago
Dificuldade na mastigação NC-1.2 Alteração da capacidade de morder ou mastigar os alimentos para a deglutição
Dificuldade na amamentação NC-1.3 Incapacidade de sustentar a nutrição infantil através da amamentação
Alteração na função GI NC-1.4 Mudanças na capacidade de digerir ou absorver nutrientes
Classe: Condição Bioquímica (2) NC-2 “Mudança na capacidade de metabolizar nutrientes, devido ao uso de medicamentos ou
cirurgia, ou indicado pelos valores laboratoriais alterados”
Alteração na utilização de nutrientes NC-2.1 Mudanças na capacidade de absorver ou metabolizar nutrientes e substâncias bioativas
Alteração nos valores laboratoriais NC-2.2 Mudanças na capacidade de eliminar produtos finais dos processos metabólicos e digestivos
associados à nutrição
Interação fármaco-nutriente NC-2.3 Interações indesejáveis/perigosas entre o alimento e os fármacos não-controlados (de venda livre) ou
prescritos; ervas e/ou suplementos dietéticos que diminuem, elevam ou alteram o efeito dos nutrientes
e/ou fármacos

50
Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico de Pacientes Renais

(continuação)
Diagnóstico Nutricional Código Definição
Classe: Condição do Peso (3) NC-3 “História de peso ou mudanças recentes, comparado ao desejado ou usual”
Baixo peso NC-3.1 Baixo peso corporal, comparado aos padrões de referência estabelecidos ou recomendações
Perda de peso involuntária NC-3.2 Diminuição não planejada ou desejada do peso corporal
Sobrepeso/obesidade NC-3.3 Aumento da adiposidade, comparada aos padrões de referência estabelecidos ou recomendações
Ganho de peso involuntário NC-3.4 Ganho de peso acima do desejado ou planejado
Domínio: COMPORTAMENTO CN “Achados/problemas nutricionais que estão relacionados ao conhecimento, atitudes/crenças,
NUTRICIONAL ambiente físico, acesso aos alimentos e à segurança alimentar”
Classe: Conhecimento e Crenças (1) CN-1 “Conhecimento e crenças atuais, conforme relatado, observado ou documentado”
Deficiência de conhecimento sobre CN-1.1 Conhecimento incompleto ou impreciso sobre alimentos, nutrição ou quanto às informações e guias
alimentos e nutrição relacionados. Ex.: requerimentos de nutrientes, consequências dos comportamentos alimentares,
requerimentos nos estágios da vida, recomendações nutricionais, condições de doenças, função
fisiológica, ou sobre produtos
Atitudes/crenças perigosas quanto aos CN-1.2 Atitudes/crenças e práticas sobre alimentos, nutrição e tópicos relacionados que são incompatíveis com
alimentos ou tópicos relacionados à os princípios da nutrição saudável, cuidado nutricional ou condição/doença
nutrição
Despreparo para mudança na dieta/estilo CN-1.3 Falha em perceber o valor dos benefícios relacionados à mudança de comportamento em relação aos
de vida custos (consequências ou esforços necessários para a mudança ocorrer); conflito com valores pessoais
de estrutura/propósito
Deficiência no auto-monitoramento CN-1.4 Deficiência de registros de dados para rastrear o progresso pessoal
Distúrbio no padrão alimentar CN-1.5 Crenças, atitudes, pensamentos e comportamentos relacionados aos alimentos, alimentação e controle
de peso, incluindo distúrbios alimentares clássicos e condições similares, menos graves, que têm
impacto negativo sobre a saúde
Aderência limitada às recomendações CN-1.6 Ausência de mudança relacionada à nutrição após intervenção concordada pelo cliente ou população
relacionadas à nutrição
Escolhas alimentares indesejáveis CN-1.7 Escolhas de alimentos/bebidas que são incompatíveis com as recomendações de nutrientes, guias
alimentares ou Pirâmide, ou com os objetivos definidos na prescrição ou no processo de cuidado
nutricional
Classe: Atividade Física e Função (2) CN-2 “Atividade física atual, problemas no auto-cuidado e na qualidade de vida, conforme relatado,
observado ou documentado”
Inatividade física CN-2.1 Baixo nível de atividade ou comportamento sedentário, reduzindo o gasto energético e causando
impacto à saúde
Excesso de exercício CN-2.2 Quantidade de exercício que excede o que é necessário para melhorar a saúde e/ou o desempenho
atlético
Incapacidade ou falta de desejo para CN-2.3 Incapacidade ou indisposição para implementar métodos que apóiem o comportamento saudável
conduzir o auto-cuidado relacionado aos alimentos e à nutrição
Alteração da capacidade de preparar CN-2.4 Alteração cognitiva ou física que impede o preparo de alimentos/refeições
alimentos/refeições
Qualidade de vida e nutrição deficientes CN-2.5 Escores baixos de qualidade de vida e nutrição, relacionados ao impacto dos alimentos, auto-imagem,
fatores psicológicos, sociais/interpessoais, físicos ou de auto-eficácia
Dificuldade na auto-alimentação CN-2.6 Alteração nas ações de colocar alimentos ou bebidas na boca
Classe: Segurança Alimentar e Acesso CN-3 “Problemas atuais em relação à segurança alimentar ou ao acesso aos alimentos”
aos Alimentos (3)
Ingestão de alimento não-seguro CN-3.1 Ingestão intencional ou não-intencional de alimento e/ou líquido contaminado com toxinas, produtos
venenosos, agentes infecciosos, agentes microbianos, aditivos, alérgenos e/ou agentes de bioterrorismo
Acesso limitado aos alimentos CN-3.2 Capacidade diminuída de adquirir alimentos de fontes (ex.: mercado, horta, distribuidor de alimentos),
devido à restrições financeiras, alteração física, falta de apoio do cuidador ou condições de vida não-
seguras (ex.: a alta criminalidade impede a ida ao mercado). Limitação na ingestão alimentar devido à
preocupação com o peso ou com a idade
Fonte: International Dietetics and Nutrition Terminology (IDNT) Reference Manual. Chicago, IL: American Dietetic Association, 2008

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APÊNDICE 7 Ficha de Identificação de Diagnósticos Nutricionais
Paciente:
INGESTÃO DE NUTRIENTES IN Ingestão de Proteínas (IN-5.7) Condição Bioquímica (NC-2)
Definido como “problemas atuais relacionados à  Ingestão insuficiente de proteínas IN-5.7.1 Definido como “mudança na capacidade
ingestão de energia, nutrientes, líquidos, substâncias  Ingestão excessiva de proteínas IN-5.7.2 de metabolizar nutrientes devido ao uso de
bioativas através da dieta oral ou de suporte  Ingestão inapropriada de aminoácidos IN-5.7.3 medicamentos ou cirurgia, ou indicado nos valores
nutricional” especificar: laboratoriais alterados”
 Alteração na utilização de nutrientes NC-2.1
Balanço Energético (IN-1) Ingestão de Carboidratos e Fibras (IN-5.8)  Alteração nos valores laboratoriais NC-2.2
Definido como “mudanças atuais ou estimadas na relacionados à nutrição
 Ingestão insuficiente de carboidratos IN-5.8.1
energia (kcal)” (especificar):
 Ingestão excessiva de carboidratos IN-5.8.2
 Gasto energético aumentado IN-1.1  Ingestão inapropriada de tipos de IN-5.8.3  Interação fármaco-nutriente NC-2.3
 Ingestão insuficiente de energia IN-1.2 carboidratos
 Ingestão excessiva de energia IN-1.3 (especificar): Condição do Peso (NC-3)
 Ingestão irregular de carboidratos IN-5.8.4 Definido como “história de peso ou mudanças
Ingestão Oral ou Suporte Nutricional (IN-2) recentes, comparada com o desejado ou usual”
 Ingestão insuficiente de fibras IN-5.8.5
Definido como “ingestão real ou estimada de
 Ingestão excessiva de fibras IN-5.8.6  Baixo peso NC-3.1
alimento e bebida pela dieta oral ou suporte
 Perda de peso involuntária NC-3.2
nutricional, comparada com o objetivo do paciente”
Ingestão de Vitaminas (IN-5.9)  Sobrepeso/obesidade NC-3.3
 Ingestão oral insuficiente de alimento/ IN-2.1  Ganho de peso involuntário NC-3.4
 Ingestão insuficiente de vitaminas IN-5.9.1
bebida
 Ingestão oral excessiva de alimento/ IN-2.2 (especificar):
COMPORTAMENTO NUTRICIONAL CN
bebida  A (1)  Riboflavina (7)
Definido como “achados/problemas nutricionais
 Ingestão insuficiente de nutrição IN-2.3  C (2)  Niacina (8)
relacionados ao conhecimento, atitudes/crenças,
enteral/parenteral  D (3)  Folato (9)
ambiente físico ou acesso ao alimento e à segurança
 Ingestão excessiva de nutrição enteral/ IN-2.4  E (4)  B6 (10)
 K (5)  B12 (11) alimentar”
parenteral
 Infusão inadequada de nutrição enteral/ IN-2.5  Tiamina (6)
parenteral (uso com cautela)  Outros (especificar): (12) Conhecimento e Crenças (CN-1)
 Ingestão excessiva de vitaminas IN-5.9.2 Definido como “conhecimento e crenças atuais
Ingestão de Líquidos (IN-3) (especificar): conforme relatado, observado ou documentado”
Definido como “ingestão real ou estimada de  A (1)  Riboflavina (7)  Deficiência de conhecimento CN-1.1
líquidos, comparada com o objetivo do paciente”  C (2)  Niacina (8) relacionado aos alimentos e à nutrição
 Ingestão insuficiente de líquidos IN-3.1  D (3)  Folato (9)  Atitudes/crenças perigosas quanto aos CN-1.2
 Ingestão excessiva de líquidos IN-3.2  E (4)  B6 (10) alimentos ou tópicos relacionados à
 K (5)  B12 (11) nutrição (uso com cautela)
Ingestão de Substâncias Bioativas (IN-4)  Tiamina (6)  Despreparo para mudança na dieta/ CN-1.3
Definido como “ingestão real ou observada de  Outros (especificar): (12) estilo de vida
substâncias bioativas, incluindo componentes  Deficiência no auto-monitoramento CN-1.4
únicos ou múltiplos de alimentos funcionais, Ingestão de Minerais (IN-5.10)  Distúrbio no padrão alimentar CN-1.5
ingredientes, suplementos dietéticos, álcool”  Aderência limitada às recomendações CN-1.6
 Ingestão insuficiente de minerais IN-5.10.1 relacionadas à nutrição
 Ingestão insuficiente de substâncias IN-4.1 (especificar):
bioativas  Escolhas alimentares indesejáveis CN-1.7
 Cálcio  Potássio
 Ingestão excessiva de substâncias IN-4.2
 Cloreto  Fósforo Atividade Física e Função (CN-2)
bioativas
 Ferro  Sódio Definido como “atividade física atual, problemas
 Ingestão excessiva de álcool IN-4.3
 Magnésio  Zinco no auto-cuidado e na qualidade de vida, conforme
Balanço de Nutrientes (IN-5)  Outro (especificar): relatado, observado ou documentado”
Definido como “ingestão real ou estimada de  Ingestão excessiva de minerais IN-5.10.2
 Inatividade física CN-2.1
grupos específicos de nutrientes ou nutriente único, (especificar):
 Excesso de exercício CN-2.2
comparada aos níveis desejados para o paciente”  Cálcio  Ferro
 Incapacidade ou falta de desejo para CN-2.3
 Necessidades aumentadas de IN-5.1  Potássio  Zinco conduzir o auto-cuidado
nutrientes  Outro  Alteração da capacidade de preparar CN-2.4
especificar: alimentos e refeições
 Desnutrição calórico-protéica evidente IN-5.2 NUTRIÇÃO CLÍNICA NC  Qualidade de vida e nutrição CN-2.5
 Ingestão insuficiente de energia e IN-5.3 Definido como “achados/problemas nutricionais deficientes
proteína relacionados à condição clínica ou física”  Dificuldade na auto-alimentação CN-2.6
 Necessidades diminuídas de nutrientes IN-5.4
especificar: Condição Funcional (NC-1) Segurança Alimentar e Acesso aos Alimentos
 Desequilíbrio de nutrientes IN-5.5 Definido como “mudança no funcionamento físico (CN-3)
ou mecânico que interfere ou impede os resultados Definido como “problemas atuais em relação à
Ingestão de Lipídeos e de Colesterol (IN-5.6)
nutricionais desejados” segurança alimentar ou ao acesso ao alimento”
 Ingestão insuficiente de lipídeos IN-5.6.1
 Dificuldade na deglutição NC-1.1  Ingestão de alimento não seguro CN-3.1
 Ingestão excessiva de lipídeos IN-5.6.2
 Dificuldade na mastigação NC-1.2  Acesso limitado aos alimentos CN-3.2
 Ingestão inapropriada de alimentos IN-5.6.3
ricos em gorduras  Dificuldade na amamentação NC-1.3
especificar:  Alteração na função GI NC-1.4 Data de Identificação Data de Resolução

1 Problema
Etiologia
Indicadores
2 Problema
Etiologia
Indicadores
3 Problema
Etiologia
Indicadores
Fonte: Adaptado de International Dietetics and Nutrition Terminology (IDNT) Reference Manual. Chicago,IL:American Dietetic Association, 2008.

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