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TIPOS SOCIETÁRIOS
Capítulo I – Da sociedade simples, art. 997-1.038, CC – esse tipo não é utilizado, mas
esse capítulo serve de fonte subsidiária para os demais tipos de sociedade;
Capítulo II – Da sociedade em nome coletivo, art. 1.039-1044; esse tipo não é
utilizado, pois a responsabilidade do sócio é ilimitada;
Capítulo III – Da sociedade em comandita simples, arts. 1.044-1.051;
Capítulo IV – Da sociedade Limitada, arts. 1.052-1.087 – os bens dos sócios estão
protegidos, exceto contra dívidas trabalhistas, fraudes tributárias, essa blindagem não
tem caráter absoluto;
Sociedades Anônimas – previsão em Lei Especial, art. 1.089, CC, aplicado o
Código Civil subsidiariamente (em caso de omissão).
Sociedades em comandita por ações
EIRELI não é tipo societário, é uma pessoa jurídica sem ser sociedade. O
entendimento é de que foi abolida, porque o DREI disse que foi abolida;
1, 2, 3, e 6 estão em desuso. Na prática existem 4 e 5.
ORIGEM DA SOCIEDADE LIMITADA
Se originou em 1892 na Alemanha.
No Brasil, chegou em 1919, com a influência do direito português, através do Decreto
3.708/19, com apenas 18 artigos, portanto, era tido como um decreto lacônico. Desse modo,
era importante na época que o contrato social fosse minucioso para solucionar os problemas
que pudessem surgir.
No caso de o contrato ser omisso, e a Lei antiga (Decreto) também – por conta dos
poucos artigos, surgia a dúvida de como resolver a questão. Haviam duas teorias: 1) aplicava-
se ou o Código Comercial ou 2) Lei da S/A.
Primeira corrente: À época, Rubens Requião e Sérgio Campinho entendiam que no caso
de omissão no contrato e no decreto, a dúvida deveria ser suprida pelo código comercial. Se
o código comercial não se aplica-se, deveria ser aplicada a LSA.
Segunda corrente: O professor Marlon Tomazette e o professor Tavares Borba
entendiam que o certo era se valer da LSA para suprir a lacuna.
O artigo 18 do Decreto 3.708/19 tratava da fonte subsidiária, mas continha uma
redação dúbia. Isso gerava insegurança jurídica.
Em 2002, o CC revogou o Decreto, então.
Qual a razão do surgimento da Sociedade limitada?
O professor entende que a sociedade limitada não surgiu para ser próxima da S.A.,
mas para ser ela mesma.
1º caso concreto – o contrato social pode, numa sociedade com até 10 sócios e a reunião pode
ser convocada com até dois dias de antecedência, desde que seja previsto no contrato social.
2º caso – a irregularidade do registro da ata não induz a irregularidade da sociedade, mas
apenas a ineficácia perante terceiros que não participaram da deliberação da assembleia.
2º tempo
SOCIEDADES POR AÇÕES. Espécies.
Sociedade em Comandita por Ações.
Origem e características. Sociedade
10:10
30/05/2 0 Anônima. Histórico. Características.
às CLAUDIO CALO SOUSA
2 8 Nome empresarial. Objeto social.
12:00
Natureza jurídica do ato constitutivo.
Espécies de companhias: abertas e
fechadas.
O preâmbulo da LSA não cuida de S.A., mas sim de sociedade por ações (gênero). Há
dois tipos de sociedades por ações 1) Sociedade Anônima (S/A) e 2) Sociedade em
Comandita por Ações.
Já foi tema de prova oral: “Quais os tipos de S.A?” S.A. de capital aberto e S.A. de
capital fechado que constam do art. 4º da LSA.
Sociedade por ações
Sociedade anônima
Sociedade em comandita por ações
Nomenclatura e legislação
Se tratando de SA é preciso ter cuidado com a nomenclatura. O legislador usa o termo
sociedade por ações no preâmbulo da Lei 6.404/76.
982, parágrafo único, CC > sociedade por ações – o artigo diz que a sociedade
anônima e a sociedade em comandita por ações são sempre sociedades da espécie
empresárias independente do objeto que exerça.
Art. 3º, §4º, X, LC 123/06 – conceitua ME e EPP – o artigo diz que pode ser ME ou
EPP e poder ser simplificada, mas não pode haver enquadramento em ME ou EPP as
sociedades por ações. Ex.: numa SA, o examinador diz que tem uma receita bruta anual de
até 3.600.000,00 e quer ter no âmbito tributário o enquadramento no simples (empresário,
ME ou EPP – podem ser valer desse instituto) ou, no âmbito empresarial, entrou com pedido
de recuperação judicial (esse instituto só pode ser utilizado por ME ou EPP). Embora a S.A.
seja uma sociedade empresária e a receita bruta anual é aquém de 4.800.000,00, há a previsão
do artigo 3º, §4º da LC 123/06. As sociedades por ações não podem se enquadrar em ME
ou EPP.
No CC, em matéria de SA, há previsão no art. 1.088-1.089, CC e art. 1.160, CC – Lei
14.195/21.
E também há previsão na Lei 6.404/76.
Legislação:
O que prevalece?
O art. 1.089 do CC – 1º aplica-se a LSA e, em 2º lugar, o CC.
Por exemplo, tem um tema que está regulado no art. 1.160, CC e no art. 3º da LSA – o
1.160, CC, diz que a sociedade anônima deve se identificar por uma denominação e deve ter
S.A no início, no meio ou no final e, também pode substituir SA por CIA. O art. 1.160 não
diz que é vedado o uso da expressão Cia ao final. Se aplicar o art. 1.160 pode ser Vale do Rio
Doce Cia ou Cia Vale do Rio Doce.
Já o art. 3º da LSA diz que o termo SA pode constar em qualquer lugar como no art.
1160, pode usar “CIA”, entretanto, não pode ser usado ao final.
A posição dominante manda aplicar o DREI que manda aplicar o art. 3º da LSA.
A Lei 14.195/21 introduziu uma alteração no art. 1160, CC (artigo que não é
aplicado). Antigamente a SA tinha que usar a denominação e a lei exigia que devia ter uma
expressão que designasse o objeto, ou seja, “Gula Gula Restaurante SA”. Após a Lei
14.195/21, alterou o art. 1160, não exige mais expressão do objeto, agora a designação do
objeto é uma faculdade.
O art. 3º da LSA não exige a designação do objeto.
Desse modo, uma sociedade anônima precisa ter um nome, mas esse nome não
precisa conter objeto designado. Mas ainda que o art. 1160 do CC esteja mais parecido
possível, o que prevalece é o art. 3º da LSA que não exige a designação do objeto na
denominação do nome. Aqui a solução é o art. 1.089, CC.
Histórico
Onde surgiu a Sociedade Anônima?
Há uma 1ª posição que entende que a Sociedade surgiu na idade média em Gênova, na
Itália, através de uma instituição financeira denominada casa de São Jorge, no Séc. XV e
XVI.
Uma segunda posição entende que surgiu na idade moderna, no Séc. XVII com a Cia
das Índias Ocidentais.
No início, para constituir uma S.A. era um privilégio, uma outorga pessoal do
imperador, no caso do Brasil. Mais tarde, com o Código de Napoleão, passou a exigir uma
outorga estatal. Aquela outorga pessoal violava ao princípio da pessoalidade.
Em meados do sec. XIX, passou a ser exigida legislação própria, mas para alguns
casos ainda era necessário a outorga estatal.
No caso de se abrir uma instituição financeira (art. 17, Lei 4.595/64 – conceito de
instituição financeira). Qualquer um pode criar uma S.A. hoje, basta pegar a Nota Fiscal para
saber. Todavia, no caso das instituições financeiras, precisa da autorização do governo e
do credenciamento na CVM na S.A. de capital aberto. SA de capital fechado (...). Fabio
Ulhôa chama isso de dualidade de sistemas: regulamentação e autorização.
Características:
É uma sociedade personificada – aplica-se o mesmo de personificação em sociedade
Ltda. Pode ser alvo da teoria da desconsideração da personalidade jurídica - art.
49-A, CC- S.A., por ser PJ, não se confunde com PF;
Sociedades que sempre visam lucro;
É uma Sociedade, em regra, Pluripessoal, ou seja, mais de 2 sócios – art. 80, I, LSA.
Ela pode ter eventualmente uma unipessoalidade? Sim.
Subsidiária integral: art. 251, LSA – é uma S.A. que tem um sócio, esse único sócio
tem de ser uma sociedade brasileira.
Empresa pública pode ser S.A. – no caso de o capital estar todo concentrado no
único ente público.
Unipessoalidade Incidental temporária – sociedade tem dois ou mais sócios, ocorre
um incidente e, em razão deste, a sociedade fica com um sócio só – prazo no art. 206,
d, da LSA até a realização da próxima assembleia geral.
Na LSA anterior, exigia-se 7 acionistas, mas na nova legislação não é mais a correta,
atualmente precisa ter no mínimo 2 acionistas, regra, art. 80, I, LSA.
Toda SA é empresária por força de lei – pode uma SA ter uma atividade não
empresária ou empresária, a SA será sempre empresária qualquer que seja o
objeto.
Caio e Tício criaram a Cia Agropecuária Bom Pastor (objeto rural). Se é uma Cia, é uma SA
– art. 3º da LSA e art. 982, parágrafo único, CC – sociedade empresária que tem obrigação de
se registrar na junta, conforme prevê o art. 32, Lei 8.934 e, além disso pode se valer do art. 1º
da Lei de Falência.
E, no caso de ser Agropecuária Bom Pastor Ltda?
A limitada pode ser empresária ou não, de acordo com o art. 984, CC ou 983, CC
Ademais, pode se afirmar que toda economia mista é empresária, porque tem de ser S/A.
O ato constitutivo dela é um Estatuto ou Institucional – a S/A é criada por um
Estatuto/ou é chamada de Institucional.
Teoria da Instituição – Maurice Hauriou – jurista e sociólogo francês da universidade de
Tolouzee há vários doutrinadores brasileiros adotam essa teoria, segundo a qual, quando se
constitui uma S/A não se leva em conta apenas os interesses dos acionistas, há também um
interesse social, da comunidade, dos trabalhadores que é maior – art. 116, parágrafo único da
LSA consubstancia a teoria de Hauriou. A sociedade seria estatutária ou institucional.
É uma Sociedade regular, registrada na Junta Comercial, porque ela é sempre
empresária, art. 1150, CC c/c art. 32, II, “a”, Lei 8.934. a presunção é relativa de ?
Na S/A, o administrador pode ser sócio ou não – não precisa ser acionista para ser
administrador.
Novidade: Lei 14.195 – o administrador antigamente tinha que ser residente no país, hoje
não, pode ser residente ou não – art. 146 da LSA c/c Lei 14.195.
O administrador na S/A tem que ser Pessoa Física (na Limitada é polêmica).
Na S/A o administrador tem mandato – art. 143, LSA, 3 anos, permitida reeleição;
O capital social é dividido em ações, participação societária. Todo Sócio de S/A é
acionista, mas nem todo acionista é sócio de S/A, por causa da Comandita por Ações
– pois nessa também há acionistas.
A S/A pode ser de capital, na qual se leva em conta preponderantemente a
capacidade de contribuição dos sócios. É chamada também de impessoal, de intuito
pecuniae. (Quando falo em Sociedade de Pessoas, a sociedade é de Pessoas).
Obs.: e no caso da S/A de capital fechado?
Não tem autorização para negociar ações no mercado, é considerada sociedade familiar. Parte
da doutrina chama de sociedade intuito familiae, é aquela que não está autoriza pela CVM
para negociar seus valores no mercado de capitais.
Qual a natureza da S/A de capital fechado?
1ª posição entende que como ela é uma modalidade S/A ela também é de capital, não há
diferenciação de capital aberto ou fechado nesse sentido. Toda S/A é de capital, é impessoal,
é intuito pecuaniae.
2ª posição (STJ REsp 419.174/ REsp 11.294) e grande parte da doutrina sustentam que a S/A
pode ser, dependendo do caso, de pessoas – art. 36 da LSA, aplicável a S/A de capital
fechado – o artigo diz que o estatuto da S/A de capital fechado pode haver restrição a
circulação de ações, se houver essa restrição passa a ter caráter personalíssimo, art. 599, §2º
do CPC c/c art. 36, LSA. O CPC prevê a possibilidade de uma S/A de capital fechado ser
dissolvida por ação de dissolução parcial.
Pode ter Conselho Fiscal – órgão que fiscaliza os administradores. Existência
obrigatória e funcionamento facultativo.
Obs.: art. 48-A da Lei de recuperação Judicial c/c art. 161 da LSA – se for uma S/A de
capital aberto, que requereu Recuperação judicial e está em recuperação judicial, a lei exige
que haja o Conselho Fiscal e que funcione.
Pode haver cônjuge na mesma sociedade, porque ela é estatutária e não se aplica.
Está sujeita a insolvência/falência (a limitada pode ser falência ou insolvência
dependendo se é limitada ou não).
Está sujeita a recuperação judicial, em regra.
Não pode ser ME nem EPP. Art. 3º, §4º, X da LC 123.
Apesar de ser S/A tem nome que é uma denominação – art. 3º da LSA se sobrepõe ao
art. 1.160, CC – a S/A tem denominação e a expressão designativa do objeto é
facultativa.
Pode na S/A o nome ser o número do CNPJ – art. 35-A da Lei 8934/94.
É uma sociedade limitada, ou seja, a responsabilidade dos acionista possuem um
limite (não é igual à Sociedade limitada, na S.A os sócios respondem
subsidiariamente e entre eles respondem solidariamente pela parte que falta para
integralizar o capital) e não há solidariedade entre acionistas (Na S/A o acionista é
responsável pela integralização de suas próprias ações e não pelo capital).
Sociedade em comandita por ações
É regulada nos arts. 1090 ao 1092, CC.
O art. 1090 diz que primeiro se aplica o art. 1090 ao 1092 e depois vai para a LSA.
É uma modalidade de sociedade por ações, mas não é atrativa.
Características:
Personificada;
É uma sociedade;
É Pluripessoal;
É estatutária (não é contratual);
É regular (registrada na Junta Comercial);
É uma sociedade híbrida/mista no tocante à responsabilidade dos sócios;
O administrador tem que ser sócio e pessoa física – art. 1090, CC c/c art. 146 da LSA;
e responde ilimitadamente, portanto – art. 1091, CC; no caso de haver somente um
acionista diretor, não há responsabilidade solidária, pois precisa ter mais de um
acionista diretor;
O sócio pode ser pessoa física ou jurídica, mas como administrador precisa ser pessoa
física;
O administrador não tem mandato, ele é nomeado no ato constitutivo – art. 143 LSA
c/c art. 1091, §2º do CC, pode ser destituído por 2/3 do capital;
Não tem Conselho de Administração – é um órgão administrativo, facultativo e
deliberativo). Por sua vez, a diretoria é um órgão da administração, obrigatório,
executivo. Na falta de Conselho de Administração terá Assembleia geral.
Pode ter sócios cônjuge (independente do regime), porque ela é estatutária, não é
contratual;
Está sujeita a falência e a recuperação judicial, em regra.
Art. 1090 do CC - Seu nome pode ser firma ou denominação sempre seguida da
expressão “Em Comandita por Ações”. Hoje tem uma terceira opção, pode ser usado
o CNPJ.
Responsabilidade mista – os acionistas diretores respondem ilimitadamente e os
acionistas não diretores respondem limitadamente. Se houver dois ou mais diretores,
haverá responsabilidade solidária – art. 1091, §1º do CC.
Casos concretos:
1ª questão – características principais são as peculiares – resposta está acima.
2ª questão – o problema é conjugal, não tem a ver com o problema societário. Em se tratando
de S/A nada impede que ela fosse sócia, mas ela não é sócia, assim, não há como se opor a
venda de ações do marido, não há interesse.
André pode propor ação de dissolução parcial, art. 599, §3º, CPC e Enunciado 390 do CJF.
É um instrumento para que fundamentalmente as Cias obtenham financiamento para o
exercício de suas atividades, então, é um ambiente por meio do qual as Cias, as SAs obterão
financiamento para o exercício de suas atividades. Elas obtém esse crédito mediante a
negociação de seus títulos/valores mobiliários no mercado. Essa negociação de valores
mobiliários é uma forma de captação de recursos popular para o exercício da sua atividade. A
Cia também pode obter credito junto às instituições financeiras, mas essas são burocráticas e
muito mais caras e isso torna a obtenção de financiamento muito dispendiosa para as Cias.
Assim, o mercado de capitais é uma ferramenta importante para que a Cia possa obter
recursos de modo mais barato, menos dificultoso para financiar a sua atividade.
Essa obtenção de recursos pelas Cias se dá fundamentalmente pelo lançamento de
ações, debentures e outros títulos. Esse lançamento se dá por meio de uma instituição
financeira autorizada pela CVM a fazer essa distribuição dos valores mobiliários dos títulos
da Cia.
Salvo as hipóteses que a Lei e a Instruções Normativas 480 e 400 da CVM que
autorizam que a Cia faça o lançamento direto de seus títulos no mercado ela irá precisar de
um contrato que é o contrato de underwrinting.
VALORES MOBILIÁRIOS
Os valores mobiliários podem ser observados pela ótica do titular quanto pela ótica da
Companhia.
Sob a ótica do titular, o valor mobiliário é um título de investimento – que o faz
como forma de obter os ganhos que esse título oferece –, esse investimento, em regra, é de
risco. Na maioria dos títulos de valores mobiliários o direito de crédito é um direito eventual,
por exemplo, a ação confere ao seu titular o direito dos dividendos, mas esses dividendos não
são título, a ação não corporifica o direito de crédito eventual. Além do lucro obtido com a
própria receita do valor mobiliário, o valor mobiliário é negociado no mercado. O titular tem
expectativa de ganho tanto pelos frutos provenientes do título, quanto na possibilidade de
negociação desses títulos no mercado.
Sob a ótica das Companhias, os valores mobiliários são fonte de receita, de crédito.
No art. 2º da Lei 6.385/76, o legislador elenca as espécies de valores mobiliários e o rol
é tido como taxativo, o que impede que algum órgão/agente crie algum outro valor
mobiliário, por exemplo o Conselho Monetário Nacional. Em que pese a taxatividade do rol,
existe uma cláusula ampla de caracterização como valor mobiliário que está no inciso IX do
art. 2º da referida lei.
MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Pode ser definido como o conjunto de instrumentos e instituições que possibilitam as
negociações de valores mobiliários entre os agentes investidores e os agentes captadores de
recursos, que são as Companhias.
É no mercado de valores mobiliários que ocorrerão as negociações. O mercado de
valores mobiliários se divide em:
a) mercado primário: A própria expressão permite que se entenda o que é. O
mercado primário é aquele em que há o lançamento primário dos valores/títulos ao público, a
relação direta entre a Cia emissora do valor mobiliário e o investidor.
b) mercado secundário: é responsável pela revenda dos títulos, pela negociação entre
os investidores.
O mercado de valores mobiliários é constituído essencialmente pelas bolsas de valores
e mercados de balcão, regulados na Lei 6.385/76.
Bolsas de valores: são PJs, tem personalidade jurídica própria e integram o sistema
de distribuição dos valores mobiliários nos termos do art. 15, IV, da Lei 6385/76. Elas
possuem autonomia administrativa, financeira e patrimonial, mas atuam sob a
fiscalização da CVM. São consideradas órgão auxiliar da CVM. Precisam estar
registradas na CVM que irá fazer a fiscalização sob a atividade das bolsas de valores.
O art. 18, I, “f”, da Lei 8365/76 trata da competência da CVM.
As negociações nas bolsas de valores envolvem os recursos públicos da população.
Por esse motivo sofrem fiscalização da CVM sobre atividade negocial privada. O que
justifica essa fiscalização entre os particulares que estão negociando é a atuação da CVM
(mesmo raciocínio para instituições financeiras). O objetivo é a proteção dos recursos do
público.
As bolsas de valores são criadas para manterem um ambiente seguro, evitando que os
titulares negociem diretamente os títulos assumindo os riscos das negociações. As
negociações e as operações dos valores mobiliários se dão por meio de pregão (hoje é
eletrônico).
Mercados de balcão: exerce a função tanto de mercado primário como de mercado
secundário, ou seja, neles se fazem tanto o lançamento quanto a venda dos títulos
novos e de revenda. Os mercados de balcão também integram o sistema de
distribuição de valores mobiliários (art. 15, V, Lei 6385/76). Tudo aquilo que se opera
fora das bolsas se dá no mercado de balcão. As negociações no mercado de balcão se
dão por meio da intervenção dos agentes: bancos múltiplos, sociedades corretoras,
sociedades (?) e agentes autônomos credenciados.
Nos termos do art. 21, §3º e §5º da Lei, o mercado de balcão pode ser organizado e
não organizado (essa expressão sofre crítica da doutrina). o mercado de balcão organizado
(art. 21, V) se utiliza de um sistema centralizado, fiscalizado pela CVM, como ocorre com as
bolsas de valores.
Já o mercado de balcão não organizado exerce sua atividade de modo residual, por
exclusão (art. 21, §3º). Tudo o que não é operado na Bolsa e em Balcão organizado se opera
em balcão não organizado. A atuação no balcão não organizado é mais livre na negociação de
preços.
O mercado de balcão não organizado não possui personalidade jurídica.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
A partir do art. 5º da Lei 6385/76, tem-se a criação da CVM.
A CVM é uma pessoa jurídica, possui personalidade jurídica própria, é autarquia, é
vinculada ao Ministério da Fazenda, mas tem patrimônio próprio e não se subordina ao
Ministério da Fazenda.
As funções da CVM estão previstas no art. 8º da Lei. Possui função consultiva,
fiscalizatória, uma função registraria e uma função regulamentar. Os agentes do mercado
de valores frequentemente fazem consultas à CVM sobre operações, sobre prática e a CVM
emite pareceres sobre a legalidade dessas práticas, portanto, é órgão consultivo. Exerce
função fiscalizatória na medida em que fiscaliza a bolsa de valores e o mercado de balcão
organizado e paralelamente um sucedâneo dessa função fiscalizatória é a função registraria,
uma vez que o agente precisa se registrar na CVM. Por fim, há a função regulamentadora que
suscita inúmeros debates/controvérsias. A CVM edita normas para regulamentar o mercado
de valores mobiliários. A grande discussão nesse poder regulamentar é dos limites
constitucionais que se impõem nesse poder, pois o poder regulamentar é um poder
complementar a lei. O que se discute são alguns casos em que a CVM inovaria por meio de
suas INs. O que prevalece amplamente é que esse poder regulamentar é pleno, ela é tida
como uma agência reguladora.
REGISTRO DAS CIAS ABERTAS – LEI 6404/76
As cias se dividem em cias abertas e fechadas. A grande diferença entre elas diz respeito
a possibilidade de oferta pública de seus valores (art. 4º, Lei 6404/76 e art. 22, Lei 6385/76),
característica essa da Cia aberta.
No caso das Cias abertas, exige-se o registro na CVM, o que justifica esse registro junto
ao órgão fiscalizador é a negociação pública. Esse registro e essa fiscalização são
regulamentados pela IN CVM 480, sem prejuízo das disposições da Lei 6385 e da Lei 6404.
Além do registro das Cias abertas, os valores negociados pelas Cias abertas também
dependem de registro na CVM (art. 1º, da IN 480 da CVM). Esse registro possui tanto o
objetivo fiscalizatório quanto o de segurança, para que o público tenha a ampla circulação
dos títulos da Cia e de como ela negocia, a fim de cumprir o princípio do disclosure
(divulgação).
Uma vez registrado na CVM, a Cia passa a cumprir certas obrigações, como a obrigação
de passar informações relevantes ao mercado.
Mas há exceções à necessidade de registro da Cia na lei 6385/76, uma das hipóteses está
regulada na instrução normativa 476/09 da CVM, que trata dos valores mobiliários com
esforços restritos (são valores voltados a investidores profissionais que tem a plena
capacidade de reconhecer os riscos das negociações – objetivo dessa oferta é atingir esse
público que atinge maior risco). O art. 1º da IN 476 diz quais são os títulos que podem ser
negociados por esses investidores profissionais. O rol do art. 1º é taxativo.
A instrução normativa da CVM 480 regulamenta o §3º do art. 4, da Lei 6404/76, faculta
à CVM a possibilidade de registrar as Cias abertas segundo duas categorias: A e B. o
registro de cada uma delas será requerido pela cia emissora. As categorias A e B se diferem
pela amplitude dos valores que podem ser negociados por essas cias. As cias de categoria A
podem negociar quaisquer valores mobiliários, enquanto as Cias de categoria B apenas
negociam os títulos que estão no art. 2º, §2º da IN CVM 480, são: ações e certificados de
ações ou, valores mobiliários que confiram ao titular o direito de adquirir os valores
mobiliários no inciso I, etc.
FECHAMENTO DO CAPITAL SOCIAL
Art. 4º e 4º-A da Lei 6404/76.
É o cancelamento do registro de uma Cia aberta junto a CVM, transformando a Cia
aberta em uma Cia fechada. A decisão pelo fechamento do capital é exclusiva tanto da Cia
quanto dos seus acionistas, especialmente o controlador.
Essa ação de fechamento do capital tem forte intervenção e fiscalização da CVM, pois
afeta fundamentalmente o direito dos minoritários que irão perder valor de mercado, liquidez
de suas ações. Por essa razão, a lei assegura para os minoritários o direito de reaver os valores
investidos com a aquisição das ações quando do fechamento do capital porque não é causa
autorizada pela lei de direito de recesso ou retirada do acionista o fechamento do capital.
O fechamento do capital social não confere o direito de retirada (art. 1.029 código
civil c/c 137 da LSA) e ser reembolsado por suas ações (nos termos do art. 137 da Lei 6404),
assim o legislador criou um mecanismo para assegurar aos minoritários o direito de reaver o
valor investido.
A lei 6404, no art. 4º e 4º-A, no fechamento da Cia aberta, o controlador (geralmente a
iniciativa é do controlador) deve fazer uma proposta de aquisição de ações (OPA- oferta
pública de ações) para adquirir as ações que estão em circulação no mercado. Quem é que
define o preço justo para aquisição dessas ações? Quem define é aquele que irá adquirir essas
ações. O legislador previu critérios para definição desse valor, esses critérios são aplicados
alternativamente. No art. 4º-A o legislador prevê a possibilidade dos titulares de no mínimo
10% das ações no mercado possam requerer aos administradores da cia a convocação de uma
assembleia especial para fazer uma reavaliação do valor das ações. O §1º dá um prazo
decadencial para que se formule esse requerimento que é de 15 dias a contar da divulgação da
oferta pública, os acionistas devem requerer aos administradores que convoquem assembleia
geral para deliberarem sobre novo preço das ações.
No caso de a nova avaliação encontrar valor inferior ao da oferta pública realizada, esses
acionistas que requereram a nova avaliação, bem como aqueles que votaram na assembleia
pela nova avaliação terão de reembolsar a Cia pelas despesas que ela teve pela realização da
assembleia, pela contratação com os profissionais que fizeram a nova avaliação.
No caso de o valor encontrado na assembleia ser superior, quem terá de reembolsar a cia
será o controlador. O controlador não está obrigado a pagar valor maior, pois ele está
vinculado a oferta pública que ele fez, o que lhe dá a oportunidade de ele desistir da venda
das ações, ressalvada a questão de ele ter de reembolsar a Cia pelas despesas que ela teve.
FECHAMENTO BRANCO – OFERTA PÚBLICA POR AUMENTO DE
PARTICIPAÇÃO – ART. 4º, §6º da Lei 6404
É chamada de fechamento maquiado, se traduz na hipótese em que o agente vai
adquirindo ações do mercado e, no caso de essa retirada de ações levar a uma liquidez das
ações dos minoritários, o controlador será obrigado a fazer essa oferta pública de aquisições
de ações nos termos do art. 4º, §6º, da Lei 6404/76(IN CVM 361/02 – arts 26-28).
Os titulares dos valores mobiliários não são obrigados a vender, mas se no final da OPA
restar menos de 5% das ações da Cia, a assembleia geral pode decidir pelo resgate dessas
ações da Cia, caso em que a Cia irá depositar as ações em instituição financeira autorizada
pela CVM e o titular irá resgatar o valor (art. 4º, §5º da Lei 6404).
CASOS CONCRETOS
1ª - Questão: Vital Construtora S.A., companhia aberta devidamente registrada na Comissão
de Valores Mobiliários, tem o seu capital dividido da seguinte forma: 55% de suas ações são
detidas pelo acionista controlador, Sr. Joaquim Silva, fundador da companhia; 20% das ações
estão distribuídos entre os Conselheiros de Administração; 5% estão em tesouraria. O
restante encontra-se pulverizado no mercado. Em 15/4/2017, a Companhia divulgou Edital de
Oferta Pública de Aquisição de Ações para Fechamento de Capital, em que as ações da
Companhia seriam adquiridas em mercado ao preço de R$ 5,00 por ação. Diante da
divulgação, um grupo de acionistas detentores em conjunto de 5% do capital social
(correspondente a 25% das ações em circulação) da companhia apresenta, em 25/4/2017,
requerimento aos administradores, solicitando a convocação de Assembleia Geral Especial
para reavaliar o preço da oferta, uma vez que foi adotada metodologia de cálculo inadequada,
o que foi comprovado por meio de laudo elaborado por uma renomada empresa de auditoria e
consultoria. Em 5/5/2017, a administração da companhia se manifesta contrariamente ao
pedido, alegando que este não foi realizado de acordo com os requisitos legais. Pergunta-se:
Está correto o argumento da Administração da Companhia?
Não, pois preenche os requisitos da lei, ou seja, o prazo e a porcentagem acima da mínima
das ações.
Diante da negativa, que medida poderiam tomar os acionistas?
Nesse caso, os próprios acionistas passam a ter legitimidade para fazer a convocação no
prazo de 8 dias.
2ª - Questão: Arminda e Rose são diretoras da Companhia Araguaia de Mineração S/A e
deixaram de comunicar aos investidores pela imprensa e à Bolsa de Valores um fato relevante
ocorrido nos negócios da companhia, por entenderem que sua divulgação poderia colocar em
risco o legítimo interesse da companhia, além de frustrar a realização da operação, que
deveria ser mantida no mais absoluto sigilo por cláusula de confidencialidade durante as
tratativas. Diante do caso concreto apresentando, responda se a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) poderá tomar alguma medida quanto à não divulgação do fato relevante?
Justifique.
Resposta: sim, art. 157, §5º da Lei 6404/76 – dever de informar.
2º tempo
CONSTITUIÇÃO DA S.A
É ato complexo e está regulada a partir do art. 80 da Lei 6404/76, e se desdobra em 3
etapas. Os requisitos preliminares estão previstos no art. 80 da Lei.
Subscrição da integralidade das ações em que se divide o capital social por pelo
menos duas pessoas;
O ato de subscrição é uma promessa, um compromisso que o subscrito faz perante a
Cia de pagar aquele valor que ele se comprometeu de pagar aquele valor. A subscrição se
realiza mediante a integralização que é o efetivo pagamento das ações.
A responsabilidade do acionista é limitada ao preço das ações. Ele só tem uma
responsabilidade perante a Cia que é a de pagar aquele preço que subscreveu.
A subscrição deve ser feita por no mínimo 2 pessoas (pluripessoalidade), mas há
exceções de sociedades anônimas unipessoal (art. 241, Lei 6404 – subsidiárias integrais),
outra exceção é a empresa pública que pode ser criada por apenas uma pessoa jurídica.
A realização ou integralização de no mínimo 10% do capital em dinheiro:
O capital pode ser integralizado com bens ou dinheiro, vedado o sócio de serviço
(aquele que entra somente com o trabalho), mas a lei exige que 10% do capital seja
integralizado com dinheiro.
Há casos em que o legislador exige uma porcentagem maior, por exemplo, as
instituições financeiras, em que o art. 27 da lei 4594/64 exige que o mínimo de 25% do
capital seja integralizado em dinheiro.
Depósito dos valores das instituições em instituição financeira autorizada pela CVM a
manter conta de deposito ou banco do brasil;
O art. 81 da Lei 6404/76. Essa conta é especial, incide juros e os valores serão
depositados até a formação da cia. A conta é em nome do subscritor, mas em favor da Cia em
constituição.
Uma vez constituída a Cia, no prazo de 6 meses, o dinheiro irá para cia, e não se
constituindo a Cia no prazo de 6 meses (decadencial) os valores voltarão para as mãos dos
investidores.
FASE DE CONSTITUIÇÃO DA CIA (Sociedades Anônimas)
Essa fase pode se dar por subscrição pública ou subscrição particular de ações. Nas Cias
abertas, ocorrerá a oferta pública das ações. Mas se a Cia criada for fechada a negociação será
privada.
O procedimento de subscrição pública é mais formal, mais complexa, terá que se
requerer a CVM um prévio registro para se realizar o lançamento público das ações, que se
dá por meio de uma Instituição Financeira por contrato de underwriting, mas exige
inicialmente uma assembleia de constituição.
A partir do art. 86 da Lei 6404/76, tem-se a previsão da convocação da assembleia. A
subscrição tem de ser integral a integralização se dará por bens ou dinheiro. Quando se der
por bens, é necessário realizar uma assembleia de avaliação prévia (art. 8º da Lei 6404/76).
Na hipótese de haver divergências na avaliação do bem podem frustrar a constituição
da Cia.
Ultrapassada a fase de avaliação passa-se à assembleia de constituição (art. 87). A
assembleia de constituição precisa de quórum da metade do capital social para primeira
convocação. Já em segunda convocação, a assembleia se instala com qualquer número.
A assembleia de constituição é composta por todos os subscritores de ações da cia,
independentemente da classe da espécie de ação e todos os subscritores terão direito, ainda
que a ação que ele está adquirindo seja uma ação sem direito a voto.
Quanto ao quórum de aprovação para constituição da Cia (art. 87, §3º, Lei 6404),
quórum negativo, pois a lei exige que haja uma oposição de mais da metade, se não houver a
cia se constitui.
CONSTITUIÇÃO NAS CIAS FECHADAS
Na constituição das Cias fechadas a fase de subscrição se dá por subscrição particular,
ou seja, não há oferta pública de ações, nem registro na CVM, é um procedimento menos
burocrático, menos oneroso.
Mas pode haver assembleia dos subscritores particulares, se assim o subscritor optar.
Na subscrição particular todos os subscritores ganham a qualidade de fundador, e pode ser
por assembleia ou por escritura pública (chamada de constituição simultânea, porque se faz a
escritura pública já registrando). O Estatuto da Cia estará incorporado na escritura e todos os
subscritores devem assinar a escritura.
Formalidades complementares
Estão tratadas a partir do art. 94 da Lei. Segundo o art. 94, nenhuma Cia/S/A pode
funcionar sem registro na junta comercial. Não há S/A irregular, em comum. No caso de ela
funcionar sem registro, art. 99, a ausência de registro gera a responsabilidade pessoal dos
primeiros administradores.
O art. 95 – exige o arquivamento na junta de diversos documentos para que se cumpra a
formalidade complementar e tenha a regularidade da S/A.
No caso de ser constituída por escritura pública, basta o arquivamento de certidão do
instrumento, nos termos do art. 96 da Lei 6404/76.
Assim, depois do registro os administradores irão publicar o ato do registro em Diário
Oficial, estando cumpridas as formalidades complementares e o procedimento está acabado,
nos termos do art. 98.
CAPITAL SOCIAL
A partir do art. 5º.
É o conjunto das contribuições dos sócios para a constituição da Cia. É o montante
mínimo necessário para que a sociedade exerça sua atividade. Não se confunde com o
patrimônio em si, porque o patrimônio é muito mais amplo do que o capital social.
O capital social é o patrimônio mínimo e só guarda relação com o patrimônio no
momento da constituição da cia. Durante a vida da sociedade se dissocia a ideia de
patrimônio do capital social porque o patrimônio é flutuante e varia conforme o sucesso e o
insucesso da sociedade. O número que consta no capital social serve para que o credor saiba
qual a força econômica da sociedade, ou seja, é a garantia para os credores.
Há uma hipótese de redução obrigatória do capital social, que ocorre quando a
sociedade passa por alguma ocorrência que faz seu capital diminuir drasticamente sem
possibilidade de retomar o valor anterior.
Princípios do Capital Social
Determinação: o capital social tem de estar determinado no ato constitutivo, tem de
ter um valor determinado.
Efetividade: o capital social deve representar efetivamente a contribuição dos sócios
para sua formação. Esse princípio é chamado de princípio da veracidade por alguns.
Estabilidade ou perenidade: esse princípio diz-se que o capital social tem de se
manter estável, perene, não é volátil como o patrimônio. Essa perenidade do capital
não significa imutabilidade, mas só pode ser alterado nas hipótese previstas na lei,
sendo possível a sua alteração tanto para cima ou para baixo.
Hipótese de aumento do capital - art. 166, Lei 6404/76
Há hipóteses de aumento e formas de aumento. O artigo 166 trata das hipóteses de aumento.
Há 4 hipóteses:
Inciso I - Por deliberação da assembleia geral ordinária para correção da expressão
monetária. Essa hipótese foi muito criticada porque correção não é aumento. A
doutrina majoritária entende que essa hipótese está tacitamente revogada pela art. 4º,
Lei 9249/95.
Inciso II – aumentos nos casos de sociedade anônima de capital autorizado – art.
168 da Lei. São aquelas sociedades em que o estatuto já prevê a autorização para
aumento do capital e estabelece o limite do aumento que pode ser percentual ou valor
determinado. Esse aumento pode se dar por decisão da assembleia ou do Conselho de
administração.
Inciso III - É a única hipótese de aumento obrigatório do capital – conversão em
ações de títulos da Cia convertidos em ações, por exemplo, debêntures. Isso
configura a efetividade do princípio da efetividade.
Inciso IV – hipótese geral/ampla – para quando os acionistas querem aumentar o
capital, assim, fazem a reforma do capital social, que pode se dar quando não tem
autorização para aumento, seja porque já esgotou a possibilidade de aumento.
Formas de aumento do Capital Social
Subscrição de novas ações – se aumenta o capital se criando novas ações. Essa
forma de aumento se aplica diretamente nas hipóteses de sociedade de capital
autorizado, nas hipóteses de reforma do estatuto e se aplica indiretamente na
conversão de outros títulos em ações. O capital social deve estar integralizado em no
mínimo ¾ (art. 170).
Capitalização de lucros e reservas – prevista no art. 169 – a Cia que tiver lucros e
reservas de capital, ela irá empregar esses lucros e reservas para aumentar o seu
capital social, só que esse aumento se reverte em favor dos acionistas porque essa
forma de aumento vai importar na distribuição de ações novas aos acionistas ou no
aumento do valor nominal das ações, se forem ações com valor nominal. Só se aplica
nos casos de cia de capital autorizado e reforma do estatuto.
Redução do capital social
Se dá em 3 hipóteses previstas na lei, cuja interpretação é restritiva, porque a redução
do capital impacta no direito dos credores.
1ª hipótese – art. 45, §6º da Lei 6404/76 – trata do acionista dissidente > sócio que
dissente da opinião da sociedade. O art. 1029 do CC trata do direito potestativo do sócio de
retirada)
O direto de retirada nas S/A é restrito, só pode ser exercido de forma taxativa. O
primeiro motivo é que as ações têm fluidez, a sociedade tem de pagar (usando seus
lucros e reservas) o valor das ações do acionista que quer exercer o direito de retirada,
isso impacta na sociedade.
Nos casos em que a Cia não possui lucros e reservas, a Cia terá de vender bens para
pagar o acionista retirante, reduzindo proporcionalmente o seu capital social.
2ª hipótese – art. 107, §4º, da Lei 6404/76 - sócio remisso (art. 107) > sócio que não
cumpriu com a obrigação de integralizar o preço de suas ações. Para o sócio remisso, a
sociedade pode executar o sócio remisso, ajuizando uma ação de execução para satisfazer o
seu próximo, ou, pode alienar as ações da remissão em bolsas de valores.
Se ela não conseguir satisfazer seu crédito, a lei diz que a sociedade pode adquirir essas ações
caducas e ela própria integralizar essas ações com seus lucros e reservas, e manterá elas em
tesouraria.
§4º, art. 107 – se cancela a ação e se reduz o capital social proporcionalmente.
3ª hipótese –art. 173, Lei 6404/76 – caso de redução voluntária – a assembleia geral
poderá deliberar a redução do capital social pelas perdas patrimoniais irreparáveis ou
quando os acionistas entendem que o capital social é excessivo frente ao seu objeto.
A primeira hipótese (redução do capital social pelas perdas patrimoniais
irreparáveis) é tida como uma redução obrigatória por conta do princípio da efetividade,
caso em que se reduz o capital social ao novo patrimônio mínimo.
No caso de entender que capital social é excessivo, os acionistas irão deliberar pela
redução do capital, mas essa redução não produz efeitos imediatamente. Se ninguém
impugnar em 60 dias a redução se torna efetiva. Se houver impugnação a redução só se
efetiva se a sociedade provar que pagou o crédito ou diante da prova de que depositou o valor
do crédito.
Caso concreto
Sim, pode ser feita pelo Conselho de Administração. Fundamento no art. 76 da Lei 6.404/76.
01/06/22
AÇÕES. Noções gerais. Natureza jurídica.
Ações nominativas cartulares. Ações
escriturais. Custódia de ações. Classificação
08:00 das ações quanto aos direitos: ações
01/06/2 CLAUDIO LUIZ DE 1
às ordinárias, ações preferenciais e ações de
2 MIRANDA BASTOS FILHO 1
09:50 fruição. Negociação das ações. Limitações.
Amortização. Resgate. Reembolso. Aquisição
de ações para permanência em tesouraria.
Direito de terceiros sobre as ações.
MERCADO DE CAPITAIS
SOCIEDADE ANÔNIMA – ESTRUTURA JURÍDICA
A CIA é formada por órgãos. Na assembleia geral surge a vontade da Cia, é uma
vontade unilateral que nasce de uma deliberação colegiada. Os acionistas, seja ele controlador
ou minoritário deliberam e decidem qual será a vontade da cia. O conselho de administração
(órgão facultativo, salvo 3 ocasiões: cia aberta, cia fechada e ?) está ligado a gestão da Cia e,
a diretoria, como órgão de execução.
O título emitido por uma S/A tem por finalidade financiar uma S/A. A oferta garante
prerrogativas inerentes a direitos. O título em sim funciona quase como uma interface entre o
titular e a cia.
Os títulos se inserem na categoria dos valores mobiliários. Tem uma comissão com
esse nome, a CVM. A CVM foi editada no mesmo ano da Lei 6404/76. Em 76, surge a
necessidade de criação de uma disciplina jurídica favorável a captação de recursos. Nasce a
Lei 6404 e a lei 6385. O art. 2º, Lei 6385/76, define o que são valores mobiliários. Era uma
lei exaustiva e depois se tornou exemplificativa pelo inciso IX.
O emitente dos variados títulos é a S/A, essa possui viés econômico institucional,
funciona como uma corporação, é disciplinada por estatuto, o mais importante é a cia, se
caracteriza como uma sociedade de capitais, mais relevante pelo investimento financeiro. A
Affectio societatis é relativizada, principalmente nas Cias abertas.
AÇÕES (carregam em si, prerrogativas, direitos, deveres, etc)
Título mínimo de participação e representação de direitos na S/A.
Se relaciona diretamente com o capital social da cia. As ações são a menor divisão do
capital social da cia, que a empresa tem a sua disposição para executar o objeto.
Sob a perspectiva do emissor a ação funciona como um exército de avatares, é como se
fosse um átomo de um corpo humano.
As ações conferem direitos e responsabilidades aos seus titulares e possuem diferentes
formas.
O único momento em que o capital social é = ao patrimônio líquido é o momento da
integralização da cia.
As ações representam uma parte do capital social, daquela cifra imutável que consta do
estatuto. Ação não é um pedaço do patrimônio líquido. a
A natureza jurídica desse instituto é confere ao acionista direitos e deveres e o enquadra
numa categoria, e recebe até um nome, o sujeito não era e passa a ser acionista. A ação é um
ativo que confere o direito de crédito ao particular, de participar nos lucros, ou seria um ativo
que confere direitos políticos (direito de voto, de participar das ações, etc)? o entendimento
preponderante é de uma natureza jurídica mista das ações, funcionando tanto como um título
que confere direito de crédito ao seu titular, como quanto um certificado que atribui uma
posição, um estado, um direito, categoria especial ao sujeito.
Para Tavares Borba, ação “seria um instrumento legitimador da condição de sócio e
veículo de transmissão dessa condição”.
Do ponto de vista mais prático se assemelha a um bem jurídico móvel, como título de
participação em determinada cia. A Lei 6404 traz essa essência no seu artigo 1º -
responsabilidade dos sócios é limitada ao valor investido.
Ações com e sem valor nominal
Numa S/A pode haver ações com ou sem valor nominal. O mais comum é que não haja
o valor nominal. Na ltda há o conceito de valor nominal, a quota é emitida com valor fixo. Na
S/A também havia essa regra, porém, ela trazia muitas restrições. A lei, então, foi modificada
e surge o conceito de preço de emissão, que não é estanque/congelado.
O art. 11 da Lei 6404 prevê a possibilidade de valor nominal ou não. O grande motivo
pelo qual o valor nominal é pouco utilizado é porque ele faz surgir muitas restrições para a
cia. O valor nominal é um conceito incongruente para a S/A. O valor nominal tem de ser o
mesmo para todas as ações da cia, nas cias abertas quem define o mínimo do valor das ações
é a CVM, não é possível alterar nem o número, nem o valor das ações em situações
ordinárias.
O mercado avalia se o preço é justo ou não.
A legislação anterior não admitia ações sem valor nominal.
As ações sem valor nominal permitiram (i) um maior número de acionistas, já que não
há necessidade de atualizar os valores dos certificados ou do estatuto, (ii) afastou a
impossibilidade de aumentar o capital social sempre que as ações da cia estivessem
cotadas/avaliadas por valor inferior ao nominal (iii) sem valor nominal, o preço de emissão
das ações pode ser trazido para a realidade do mercado.
Ações nominativas
A titularidade, a transferência de ações ocorrem mediante registro e averbação nos livros
da cia. Na S/A, a titularidade das ações é registrada no livro de registro de ações nominativas.
Isso confere uma praticidade muito alta para as cias. Na S/A, há um livro com os registros de
acionistas e quantidade de suas ações, não é necessário levar a registro no órgão.
Os registros podem ocorrer seja por transferência voluntária ou involuntária. A ação
pode ser passada, por exemplo, para os herdeiros, ou ser dada como doação, são atos
registrados no livro de ações nominativas.
A ação ao portador era uma realidade, mas foi vedada no Brasil e hoje só é permitida
ação nominativa.
As ações não podem circular via endosso, só podem circular como ações nominativas
(titularidade advém do que está escrito nos livros do emissor).
Ações escriturais (art. 34 e 35, Lei 6404)
É uma modalidade, é um subtipo da ação nominativa, enquanto a ação nominativa o
livro fica na própria cia. Ao invés das ações nominativas, nas ações escriturais, a lei prevê a
possibilidade de instituições financeiras funcionarem como agentes escrituradores dos livros
da cia. A ação continua a ser nominativa, a diferença é que não é mantido em livro, mas em
sistema digital por agente escriturador. Isso pode ocorrer em cias abertas ou fechadas, a
diferença é que o sistema na cia aberta o sistema tem de estar atrelado a bolsa de valores e na
cia fechada o sistema é fechado e não atrelado a bolsa. A cia responde pelos prejuízos
advindos da prática do agente escriturador perante o acionista, perante o terceiro (quase que
uma culpa “en eligendo”).
Os custos do agente escriturador são repassados pela Cia aos acionistas (a lei permite,
mas na prática não repassa) - §3º, art. 35, Lei 6404.
Ação escritural não se confunde com custódia de ações. Existem instituições
autorizadas pela CVM a oferecer o serviço de acompanhar o extrato da conta das ações
escriturais ou das ações nominativas. A instituição depositaria custodiante passa a gerenciar
os direitos econômicos advindos dessas ações. O poder de voto permanece com o
depositante.
Qualquer valor mobiliário pode ser custodiado junto a uma instituição custodiante, pois
o depositante pode, ao invés de manter o gerenciamento em casa, contratar uma instituição
custodiante para ser responsável pelo gerenciamento dos títulos do ponto de vista dos valores
mobiliários.
As ações ordinárias, preferenciais e de fruição (espécies).
Ações ordinárias
Ação ordinária é a regra geral. Na cia fechada, a lei permite que as ações ordinárias
sejam divididas em classes diferentes. Na Cia aberta não é possível a divisão em classes.
Ações preferenciais
Sempre carregam algo de diferente, sendo importante que ao menos uma das
preferências do art. 17 da lei 6404 (LSA) sejam contempladas.
A regra geral é que toda ação permita direito a voto, a diferença é que na ação
preferencial o direito de voto pode ser afastado ou restringido
Golden shares - direito especial de vetar determinadas operações (art 17, §7 da Lei
6404/76)
Ações de fruição
Direito de antecipar os lucros – amortização de ações.
Art. 44, §2º, LSA
Via de regra, a ação de fruição tem todos os direitos das ações ordinárias, salvo, no caso
de liquidada a sociedade, somente participarão do acervo líquido depois que todos os demais
acionistas tiverem recebido o valor corrigido da amortização.
O acionista antecipa o valor que ele teria no caso de liquidação da cia. Se o valor for
menor no momento da liquidação, o acionista não precisa devolver nada, pois trata-se de uma
decisão negocial de mercado.
É pouco comum que essa ação se implemente na prática, mas é um tema que cai em
prova por não ser muito usual.
Resgate e reembolso – arts. 44 e 45, Lei 6.404/76
No resgate a cia decide retomar ações que estavam em circulação no mercado por razões
puramente econômicas.
Já no reembolso é diferente. O reembolso é um direito do acionista exercido no
momento de retirada.
Negociação das ações – limitações
A regra é a livre circulação das ações.
No caso de Cia aberta a regra é absoluta, a cláusula é considerada nula.
O art. 36 prevê, de maneira bem restritiva, limitações à circulação de ações nominativas,
mas isso deve ser feito de maneira detalhada e sem que isso revogue o direito.
Ações em tesouraria
Art. 30, LSA – via de regra, a cia não pode negociar com as próprias ações. A lei
excepciona essa regra do art. 30. Ações em tesouraria podem ocorrer nos casos de operações
de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei. Tem de ser feita até o valor dos lucros
ou reservas, mas é permitida que se faça como exceção à regra do artigo 30.
ICVM 567.
As ações em tesouraria não conferem direito a voto.
Direitos de terceiros sobre as ações
A ação é indivisível em relação à companhia. O condomínio deverá eleger um
representante, pelo qual os direitos serão exercidos.
No caso de separação, há divisão das ações entre os ex cônjuges.
A ação pode ser dada como caução ou penhor (direitos reais) – art. 39, LSA. Essa ação
se dará por escrito, na qual é importante especificar quais as ações estão sendo dadas.
Art. 40 c/c art. 113 e
Art. 114 da Lei da LSA.
DEBÊNTURES – Art. 52 e seguintes da LSA
Assim como a nota comercial, as debêntures representam um direito de crédito em face
do emitente.
É exclusivamente emitido por S/As. Polêmica antiga, renovada recentemente.
Pode fixar juros livremente, pode prever prêmio de reembolso, pode ser conversível em
ações.
A debênture com garantia flutuante possui um privilégio geral sobre os bens da cia,
porém.
Criação e emissão
A emissão das debentures depende de uma assembleia geral que delibera e fixa
condições, via de regra.
Há 3 exceções:
(i) se for cia aberta, o Conselho pode deliberar emissão de debenture não conversível em
ação;
(ii) o Conselho pode deliberar dentro dos limites do capital (...),
(iii) a assembleia geral pode delegar ao Conselho de administração a delibera
Agente fiduciário – art. 66 a 70 da LSA – sujeito contratado para facilitar a emissão das
debentures.
Deveres –
Assembleias de debenturistas – art. 71, LSA
Debenture perpétua – tem vencimento condicionado, ou seja, a cia pode emitir uma
debenture cujo vencimento esteja condicionado ao adimplemento da obrigação de pagar juros
e na dissolução da cia. (art. 55, §4º, LSA)
O art. 74, da LSA, prevê a hipótese de extinção das debentures.
PARTES BENEFICIÁRIAS – art. 46 ao art. 51 da LSA
Confere ao titular o direito de participar nos lucros anuais da cia, nos termos do estatuto
da cia. O credor de parte beneficiária é um credor eventual, porque o lucro não é certo. O
titular de partes beneficiárias é um credor da Cia.
O máximo de partes beneficiárias que a cia pode emitir corresponde até 10% de seus
lucros. A lei define teto a fim de não esvaziar o lucro dos acionistas.
É muito importante que o estatuto da cia defina detalhadamente as condições, os direitos
e deveres dessas partes beneficiárias.
Essa reserva prefere uma preferência no âmbito da liquidação da cia.
São nominativas – decorrer do previsto nos livros do emitente.
COMMERCIAL PAPERS – NOTAS COMERCIAIS – Lei 14.195
Commercial papers é um valor mobiliário, título de dívida de curto prazo, muito
parecido com nota promissória. Era assim até o ano de 2020. A lei 14.195 (arts. 45 a 51)
trouxe uma disciplina nova para as notas comerciais, que são as “debentures das Ltdas.”.
Foi criada na Lei 14.195 a figura da nota comercial como debenture na ltda. O que se
queria é que a sociedade ltda pudesse emitir um título que funcionasse como mútuo passível
de emissão privada particular ou publica que confere direitos ao particular.
Não conversíveis em ações.
É um título executivo extrajudicial, independentemente de protesto, o protesto é uma
faculdade do credor, mas mesmo sem protestar ele pode cobrar a dívida.
É nominativa e escritural, semelhante a uma S/A.
Quando a nota comercial é emitida no mercado aberto, a lei prevê a possibilidade de
regulação da CVM. Se for emitida em mercado fechado não haverá regulação pela CVM.
Art. 47: conteúdo essencial.
Passou a ser aplicado às Ltdas.
Professor entende como passível de cair nas provas futuras.
BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO – art. 75 da LSA
É um título que confere ao seu titular o direito de subscrever determinadas ações da cia.
O titular paga por ele, mas não é obrigado a exercê-lo.
O bônus pode prever condições especiais de preço, de prazo, mas o titular possui o
direito de subscrever ações da cia.
03/06/22
As sociedades anônimas tiveram origem na própria estrutura estatal, são usadas para
atividades mais complexas e possui função deliberativa, (...)
A lei prevê atribuição para os principais órgãos, de modo que o estatuto não pode
alterar competências legais. Vigora no âmbito das S/A e da sua estrutura organicista o
princípio da inelegibilidade, ou seja, o estatuto não pode delegar funções de um órgão para
outro órgão, mas em alguns casos a própria lei delega, por exemplo, convocação de
assembleia é de competência da diretoria, mas nas sociedades anônimas que tiver conselho de
administração a lei delega essa atribuição. O estatuto, em que pese seja o ato constitutivo, não
pode alterar as competências legais dos órgãos.
No art. 139 da LSA há uma disposição geral que transfere ao estatuto poder para criar
outros órgãos, diferente desses que iremos examinar, mas esses órgãos não podem assumir as
competências legais. Na verdade, esses órgãos que o art. Autoriza servem para
assessoramento dos órgãos legais.
ASSEMBLEIA
É o órgão deliberativo, tem competência para tratar de todos os assuntos de interesse da
companhia e traça os rumos gerais da companhia. Pode ser geral e especial.
Assembleia especial: é voltada para tratar dos interesses de acionistas de classes e
especiais de ações, por exemplo, há assembleia dos preferencialistas. Também é
realizada para tratar dos interesses de titulares de outros títulos emitidos pela
companhia, por exemplo, os debenturistas. (art. 136, §1º, LSA).
A assembleia geral pode ser originária ou superveniente.
Será originária quando a iniciativa da sua realização for do interesse de seus
particulares sem que tenha havido uma assembleia geral prévia.
Será superveniente após uma assembleia geral que decida por matéria que afete o
interesse desses titulares, por exemplo, tem uma assembleia geral envolvendo o
direito dos preferencialistas, estes podem fazer uma assembleia superveniente para
ratificar o que foi dito na assembleia geral, de modo que se decidirem por não
ratificar, não tem eficácia o que foi deliberado na assembleia geral (art. 136, §1º,
LSA)
A assembleia geral é o órgão máximo e soberano da companhia. É composta por
todos os acionistas com e sem direito a voto da companhia. Mesmo os acionistas sem direito
a voto podem participar da ASG, só não podem votar. (art. 125, parágrafo único, LSA).
Uma vez tomada decisão em assembleia que respeitou o estatuto, a lei, e o edital de
convocação, a decisão só poderá ser modificada por outra assembleia geral, pois a decisão é
soberana. Porém, essa soberania não é irrestrita, pois precisa respeitar a lei, o estatuto e a
convocação, além disso, a assembleia tem de respeitar as competências legais, cada órgão
tem a sua.
A assembleia tem competências privativas (art. 122, LSA), rol taxativo.
A assembleia geral se divide em:
Assembleia Geral Ordinária (AGO):
Assembleia Geral Extraordinária (AGE):
A diferença entre elas diz respeito as matérias que serão objetos de deliberação em
cada uma delas. O caput do art. 131, LSA diz que se terá AGO nos casos do art. 132 e AGE
nos demais casos. A AGO possui matérias previstas no art. 132 e a AGE possui matéria
residual, ou seja, tudo o que não for matéria no art. 132 será deliberado em AGE.
A AGO é aquela que se realiza anualmente (art. 132) para decidir sobre matérias que
estão nos 4 incisos do artigo.
Convocação e realização da Assembleia
As regras se aplicam tanto para assembleia geral, quanto para assembleia especial.
A convocação é o ato de convocar os acionistas da assembleia. A competência
primária para convocar assembleia é a diretoria, mas se existir Conselho de administração
(órgão facultativo) a competência passa a ser dele.
O parágrafo único do art. 123 elenca as hipóteses residuais de convocação.
As regras de realização estão a partir do art. 124 c/c art. 289, da LSA.
A convocação se dá, como regra, mediante a convocação de edital, mas a lei exige o
mínimo de 3 editais a convocatórios. Nas companhias fechadas (art. 124, §3º), dispões que os
acionistas representem no mínimo 5% do capital social podem requerer a companhia que
além da convocação por edital eles também recebam a convocação por carta ou telegrama.
Só que essa prerrogativa perdura por no máximo dois exercícios, passado esse tempo, os
acionistas precisam renovar o pedido para que a convocação continue sendo dessa forma.
Então, a eficácia dessa prerrogativa perdura por 2 anos.
OBS- (EXCEÇÃO à publicação de editais) - Companhias fechadas de pequeno
porte: Estão previstas no art. 294 e 294-B. são de pequeno porte por conta do montante do
seu patrimônio líquido. Para essas companhias, a convocação pode se dar por mera carta
com AR, sem necessidade de edital.
A publicação de editais tem de observar um prazo mínimo entre a sua publicação e a
realização da assembleia (art. 124, § 1º, I e II, LSA), esses prazos variam para as companhias
abertas e fechadas.
Nas companhias abertas o prazo mínimo entre o primeiro edital e a realização da
assembleia foi alterado pela Lei 14.195/21 para 21 dias e 8 dias para segunda convocação.
Nas companhias fechadas o prazo é de 8 dias para primeira convocação e 5 dias
para segunda convocação.
Na prática, se admite que num edital a convocação para 1ª e 2ª convocação ocorram
no mesmo edital, de modo que frustrada a primeira, já se está convocado para 2ª convocação.
O que não pode acontecer é convocar somente para a 1ª convocação e, na 1ª convocação, sem
quórum, se decidir na hora da assembleia que a 2ª convocação se dará para algumas horas
depois ou dias depois. Tem de ter a convocação editalícia. Qualquer vício de formalidade
prevista no art. 124, o vício será sanável se todos os acionistas comparecerem (§4º, art. 124,
LSA).
Os acionistas podem fazer convocação única para a realização da AGO e AGE (art.
131, parágrafo único).
Tem prazo para se realizar AGO, caso não seja realizada AGO de algum exercício,
será necessária a sua realização em outro exercício e a convocação pode se dar no mesmo
ato de convocação, podendo ser no mesmo dia, local e horário. Contudo, as AGOs terão de
ser redigidas em atas distintas (interpretação a contrário senso do art. 131, pú).
As regras para realização da assembleia estão previstas no art. 124, §2º e §2º-A. Pelo §2º
a AGO deve ser realizada no prédio da sede da companhia, excepcionalmente, por motivo
de força maior pode se realizar em outro lugar, mas desde que no mesmo município da sede.
A Lei 14.030/20 previu, criando o §2º-A no art. 124 da LSA, expressamente a
possiblidade de realização virtual de assembleia, está regulada pela IN 622/2020. Além da
realização de assembleia virtual, desde 2001, por uma alteração promovida no parágrafo
único do art. 121, redação dada pela Lei 14.030/2020, é possível em assembleia presencial
acionistas participarem e votarem a distância, isso também está regulado pela IN 622/2020.
QUÓRUNS
Quórum de instalação da assembleia
O quórum geral de instalação está previsto no art. 125, da LSA, cuja redação foi
alterada pela Lei 14.195/21, e precisa estar presente o equivalente a ¼ das ações com direito a
voto da companhia. Em segunda convocação pode ser qualquer número.
Há quóruns especiais de instalação, por exemplo, assembleia para alterar o estatuto da
companhia (art. 135). Para instalar uma assembleia, cuja matéria seja a reforma do estatuto, é
necessário 2/3 dos acionistas com direito a voto, em primeira convocação, em segunda pode
ser qualquer número.
Quórum de deliberação (para aprovação das matérias)
O quórum geral está no art. 129 da LSA. Atenção, a maioria absoluta dos votos (=
maioria absoluta dos presentes) prevista no artigo diz respeito a maioria dos presentes.
No art. 136 há um quórum qualificado para diversas matérias. Aqui o quórum
qualificado é de metade dos acionistas com direito a voto.
O artigo 1 prevê que o estatuto pode exigir quórum mais gravoso, mas essa previsão
precisa ser razoável, pois é possível anulação de previsão estatutária dependendo da situação
no caso concreto, se verificada a falta de razoabilidade no quórum previsto.
O art. 221 dispõe sobre quórum unânime de consentimento dos sócios acionistas para os
casos de transformação da companhia (cisão, etc), não se trata de hipótese em que o estatuto
pode reduzir esse quórum, mas precisa prever a possiblidade de modificação do quórum. Só
vai ter o direito de retirada quando a modificação puder impactar de fato o acionista e só irá
impactar quando o quórum não for de unanimidade. Assim, pode se dizer que não há direito
de retirada nesse caso.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
São responsáveis pela administração, é órgão decisório e deliberativo, enquanto que a
diretoria é órgão executivo e representativo. O conselho de administração toma as decisões
“no varejo e não no atacado” de acordo com as conveniências e oportunidades do negócio,
enquanto a diretoria é aquela que irá executar e representar a companhia.
O Conselho de administração começa a ser tratado no art. 140 da LSA. É considerado
órgão facultativo, porém, ele é obrigatório em alguns casos. Quando se diz que ele é
facultativo é porque ele não precisa estar presente em todas as companhias. Ele é obrigatório
nas companhias abertas e de capital autorizado (art. 138, §2º), nas sociedades de economia
mista (art. 239, LSA), nas SAF’s (sociedades anônimas de futebol reguladas pela Lei
14.193/21 , art. 5º).
As competências do Conselho de administração estão previstas no art. 142 da LSA, uma
vez sendo eleito o Conselho, este elegerá o diretor, se não existir o Conselho essa atribuição
será da assembleia.
No que toca a composição, o Conselho de Administração é órgão colegiado, porque a
tomada de decisões se dá no Conselho, por deliberação da maioria dos membros do
Conselho, é integrado por no mínimo 3 pessoas, mas não há numero máximo. Os
conselheiros são eleitos por mandatos de até 3 anos, mas permite-se reeleições sucessivas e
indefinidas conforme previsto no estatuto.
Os conselheiros e os administradores precisam ser pessoas naturais (porque são
executores da vontade, exige-se deles concretude), mas não precisa ser acionista da
companhia. A lei admite representatividade de empregados e minoritários no Conselho de
administração. O art. 140, §1º da LSA prevê que o estatuto pode dispor sobre a participação
no conselho dos representantes dos empregados.
No art. 141 está prevista participação dos acionistas minoritários que podem eleger o
representante minoritário com e sem direito a voto, se dará na própria assembleia de
membros do Conselho.
No caso de os acionistas com direito a voto (quórum de 15% das ações com direito a
voto) e os preferencialistas sem direito a voto (quórum de 10% do total dos acionistas) podem
se unir, se não conseguirem quórum, (§5º, art. 141) para juntos elegerem um representante
para os dois grupos.
Voto múltiplo – art. 141, LSA - para eleição dos membros do conselho, os
minoritários têm direito de requerer a companhia, com até 48h de antecedência, a realização
da assembleia a votação por voto múltiplo. Esses acionistas que requereram a votação por
voto múltiplo terão o direito a voto múltiplo, cada ação terá tantos votos quanto forem os
membros do conselho a serem eleitos. O objetivo de voto múltiplo é atribuir a quantidade de
votos aos minoritários para eleger um representante deles no Conselho.
O problema é quando eles querem, além do voto múltiplo, votação em separado na
assembleia, assim, toda vez que for adotado o sistema de voto múltiplo e os minoritários
também elegeres representantes em separado, os majoritários terão direito de eleger o mesmo
número de membros eleitos pelos minoritários +1, independentemente do número de
membros de conselheiros previstos no estatuto, para assegurar o princípio do sistema
majoritário (art. 141, §7º).
2º tempo
DIRETORIA
Está tratada nos artigos 143 e 144 da LSA.
A diretoria é o órgão executivo da companhia, que executa a vontade social, as tomadas
de decisões da assembleia e do conselho de administração.
A assembleia presenta a companhia, é ela que corporifica e dá concretude as vontades da
Companhia (art. 138, §1º, LSA). O poder de representação é privativo da diretoria.
Composição da diretoria
A diretoria é composta por no mínimo 1 membro (alteração da LC 182/21) que será uma
única pessoa natural com mandatos de no mínimo 3 anos.
Não se exige que o diretor seja residente no Brasil (§2º, art. 146).
O diretor não pode outorgar mandato para terceiro executar atividades suas (art. 144,
parágrafo único), mas a lei autoriza que ele, como diretor representante da companhia,
nomeie representante para a companhia.
Quando a diretoria for composta por duas ou mais pessoas, será um órgão coletivo, mas
não será colegiado, ou seja, as decisões não serão tomadas em reunião. A regra é a atribuição
do diretor estar prevista no estatuto, mas a atuação é individual (?)
Quem elege os diretores é a assembleia, mas havendo conselho de administração, essa
atribuição passa a ser do conselho.
A diretoria não pode ser eleita pelo sistema do voto múltiplo, porque a regra do art. 141
é uma regra de exceção prevista para o conselho de administração, portanto, deve ser
interpretada de modo múltiplo.
Art. 143, §1º, LSA – diz que 1/3 dos membros do conselho de administração podem ser
diretores. Pode ocorrer de a diretoria toda ser composta por conselheiros. A lei limita a
quantidade de diretores na diretoria, mas não limita a quantidade de diretores no conselho.
Diretoria e conselho de administração nas estatais – Lei 13.303/2016
Essa lei trata do regime jurídico das estatais, porque as estatais são sociedades.
O que tem na lei são exigências de fins políticos, qualificações técnicas, específicas para
os membros das diretorias e das estatais.
No art. 17 da referida lei diz que os membros do conselho da administração e da
diretoria precisam preencher os requisitos previstos nos incisos.
No §2º estão previstos os impedimentos.
Aqui o legislador estabeleceu um limite mínimo e máximo para o conselho.
Para a diretoria, o mínimo é de 3 membros (na LSA o mínimo é 1).
Nas estatais o prazo máximo é de 2 anos, permitido no máximo 3 reconduções (Na LSA
o mandato é de no mínimo 3 anos, permitidas quantas reconduções forem permitidas no
estatuto).
Quanto as competências, o art. 18 da lei 13.303/16 faz remissão as competências da
LSA. Além das competências do art. 142 da LSA tem função fortemente fiscalizatória, por
exemplo, observância de regras de vigilância coordenativa, etc., sem prejuízo do próprio
poder fiscalizatório nas estatais.
CONSELHO FISCAL
É o órgão fiscalizatório das funções dos administradores, da gestão, das contas da
administração, mas além disso, eles não se limitam a fiscalizar as contas, a gestão em si, mas
também o cumprimento dos deveres legais e estatutários dos administradores.
O Conselho fiscal é o órgão de assessoramento da assembleia para tirar dúvidas acerca
da gestão da companhia. Precisa estar presente pelo menos 1 membro do conselho. Dessa
função de assessoramento há a função de informação, pois ele irá prestar as informações
necessárias para os acionistas por meio de resposta a consultas e por meio de pareceres, mas
estes não são vinculativos, não possuem função sancionatória, a decisão é da assembleia de
acolher ou não o parecer.
O conselho fiscal, por ser um conselho, é um órgão colegiado, as tomadas de suas
decisões são tomadas por conselho e as deliberações são tomadas por maioria. A sua atuação
de modo coletivo não afasta a opção de um conselheiro em particular de informar sobre
irregularidade que tenha conhecimento, sob pena de responder por negligencia.
O Conselho fiscal é o órgão obrigatório, mas não é órgão de funcionamento obrigatório
permanente, pois seu funcionamento pode ser também eventual. As exceções em que precisa
estar instalado são as sociedades de economia mista e as sociedades anônimas de de futebol.
Seu funcionamento pode ser eventual, mediante provocação da assembleia, se durante a
assembleia houver a necessidade de informação pelo conselho fiscal os acionistas que
representem 10% das ações com direito a voto ou acionistas que detenham 5 % das ações sem
direito a voto com poderão requerer a participação do Conselho, nesse caso não é necessária a
publicação de edital (art. 161, §§ 2º e 3º da LSA).
Conselho fiscal de funcionamento permanente previsto no estatuto 161, §1º c/c 132, II –
competência da assembleia ordinária. Eleição do conselho é sempre feita na assembleia
ordinária.
O mandato do conselheiro fiscal perdura até a assembleia ordinária seguinte àquela
assembleia em que ele foi eleito.
O conselho fiscal é composto entre 3 e 5 membros, mas se o estatuto estabelecer que o
conselho é composto por 3 membros, haverá número superior previsto no estatuto, tendo em
vista a observância do poder dos sócios majoritários tem de escolher número igual +1 (art.
161, §4ªº, alíneas “a” e “b”, LSA)
Requisitos e impedimentos
Art. 162, LSA.
Para o Conselho fiscal o legislador exigiu qualificação técnica do conselheiro, tem de ser
pessoa natural residente no brasil, não precisa ser acionista, porque pode ser que não se tenha
no quadro de acionistas pessoas com qualificação exigida pela lei. O mais importante é a
qualificação.
No caso de não haver na localidade, profissional com a qualificação técnica, a lei
determina que a companhia requeira em procedimento de jurisdição voluntária que o juiz
nomeie outra pessoa (art. 162, §1º, LSA).
O art. 162, §2º fala dos impedimentos e o legislador faz remissão aos parágrafos do
art. 147 da lei (pessoas condenadas por crimes falimentares, por exemplo).
Poderes dos Conselheiros
Previstos nos §§ do art. 163 da LSA. São poderes severos intervenção na atuação dos
outros órgãos, ele irá exigir a apresentação de documentos e esclarecimentos acerca das
decisões que tomas - de fiscalização. Os demais órgãos são obrigados a encaminhar ao
conselho fiscal as atas das reuniões, os balancetes da companhia, ou seja, se eles não
cumprirem o conselho fiscal pode exigir a apresentação das atas da organização dos outros
órgãos.
A remuneração está no art. 162, §3º - quem fixa é a assembleia, o legislador somente
estabeleceu patamar mínimo que não pode ser inferior a 10% da verba do diretor.
Responsabilidade
Aos membros do Conselho fiscal se aplicam os mesmos deveres (art. 153-156) dos
administradores e respondem pelos seus atos. Mas aqui há natureza de responsabilidade
distinta a partir da conduta.
No ato ilícito, a responsabilidade do conselheiro fiscal é pessoal e subjetiva, exceto se
for conivente ou concorrer com ele.
A responsabilidade pelo não cumprimento dos deveres legais estatutários é uma
responsabilidade objetiva e solidária entre todos. Mas não será solidária se o dissidente
consignar sua dissidência em ata do conselho e comunicar aos órgãos de administração e
assembleia, §3º do art. 165.
Comitê de auditoria estatutário – art. 24, Lei 13.303/16
É um órgão auxiliar do conselho de administração das estatais e deve se reportar ao
conselho de administração. A função do CAE é notadamente auxiliar o conselho de
administração na fiscalização dos auditores externos e independentes das estatais (§1º, art.
24).
Há exigências de qualificação técnica dos membros do CAE.
Formando por no mínimo 3 e máximo 5 membros.
06/02/2022
ADMINISTRADORES. Natureza jurídica em
relação à sociedade. Requisitos.
08:00 Impedimentos. Garantia de gestão.
06/06/ THIAGO FERREIRA 1
às Investidura e vacância. Remuneração.
22 CARDOSO NEVES 7
09:50 Administração nas empresas públicas e
sociedades de economia mista. (requisitos
especiais e impedimentos).
DEVERES E RESPONSABILIDADE CIVIL DOS
ADMINISTRADORES. Deveres dos
administradores. Dever de diligência.
Atuação no interesse da companhia. Deveres
de lealdade e de sigilo (companhia aberta).
Insider trading. Conflito de interesses:
10:10
06/06/ THIAGO FERREIRA 1 formal e material. Dever de informar.
às
22 CARDOSO NEVES 8 Aplicação dos deveres dos administradores
12:00
aos membros do Conselho Fiscal.
Responsabilidade civil. Natureza da
responsabilidade. Responsabilidade solidária.
Ação de responsabilidade. Ação social e ação
individual. Prescrição.
.
ADMINISTRADORES DA SOCIEDADE ANÔNIMA
Introdução
São tidos como administradores da companhia são os membros do conselho de
administração e da diretoria.
Os membros do conselho fiscal não são administradores, embora o art. 165 da lei 6404
diga que eles tenham os mesmos deveres dos administradores, não são administradores.
Os administradores são responsáveis pelas tomadas das decisões acerca dos negócios da
companhia.
A assembleia cuida das matérias do art. 122 da Lei 6404. A assembleia pode aprovar a
celebração de um contrato, mas de modo geral a tomada desse tipo de decisão compete ao
Conselho de administração.
Os diretores são os representantes da companhia, responsáveis por cumprir a vontade da
sociedade.
As S/A são sociedades empresária por força de lei (art. 982, CC c/c art. 170 da CF –
ordem econômica, fundada no princípio da livre concorrência, livre iniciativa. Nos incisos do
art. 170 há princípios que devem ser respeitados, como a função social da empresa. Quando o
administrador atua no interesse da companhia, ele não pode abandonar a função social.
A função social da empresa é empregar a atividade empresarial em observância com os
valores constitucionais (respeito ao trabalho, ao empregado, ao consumidor).
Requisitos em impedimentos dos administradores – art. 146 e ss.
Os Administradores precisam ser pessoas naturais, pois concretizam a vontade social
de um ente que é abstrato – a sociedade – ele precisa ser concreto.
O artigo 146 já passou por diversas alterações, uma delas era para afastar a necessidade
de o administrador ser acionista da companhia, isso ocorreu porque cada vez mais tem se
exigido que o administrador possua capacidades técnicas que podem não ser encontradas
entre os acionistas.
Os administradores (...)
A última modificação foi para não exigir mais que o administrador seja residente no
Brasil, Lei 14.195.
Hoje a única exigência é que sejam pessoas naturais.
Quanto aos impedimentos – requisitos de caráter negativo – o art. 147, nos seus
parágrafos, elenca os impedimentos, (i) pessoas impedidas por lei – exemplo: membros da
magistratura, do MP, da Defensoria –, o §1º traz alguns crimes pelos quais o administrador
não pode ter sido condenado; exige-se que essa condenação tenha transitado em julgado;
Todavia, o reabilitado poderá, pois não existe pena perpétua no nosso país, (ii) o §2º do art.
147 determina que não pode ser administração as pessoas declaradas inabilitadas pela CVM.
Natureza jurídica da relação com a sociedade
Não se trata de questão somente dogmática, essa questão possui repercussão prática. Há
controvérsia sobre o que é essa relação jurídica.
Há entendimento de que seria uma relação trabalhista, por conta de uma subordinação
do administrador à sociedade.
O entendimento que prevalece é que não há subordinação trabalhista, mas a há uma
subordinação societária, pois, a lei tem cada vez mais prestigiado a independência do
administrador, para que suas decisões não sejam viciadas, mas sejam legais e cumpridoras
dos deveres estatutários.
Os órgãos das sociedades são independentes e sustenta-se que o sistema de freios e
contrapesos se aplica aos órgãos societários, por exemplo, a fiscalização de um órgão por
outro. Essa ausência de subordinação afasta a teoria do mandato, porque o administrador não
é representante de nenhuma pessoa. O que se aplica, na verdade, é a teoria da presentação.
Assim, se chega na teoria do órgão, pois a organização dos administradores é organicista e
isso repercute nas responsabilidades do administrador, pois quando praticado o seu ato de
acordo com a lei e com o estatuto, tem-se um ato da sociedade, ele não é mero representante,
mas sim a própria sociedade, a isso denomina-se teoria do órgão. Portanto, a natureza
jurídica do administrador em relação a sociedade é de órgão.
Resp
Súmula 435 STJ
2º tempo
OS MOTIVOS DAS OPERAÇÕES
. ganho de economia de escala.
. aumento do poder
(complementar com o material)
TRANSFORMAÇÃO
Arts. 220 a 222 da Lei 6.404/76
É a mudança de tipo societário.
Na prática, a sociedade Ltda. se transforma em S.A.
Por outro lado, pode ocorrer de uma S.A. se transformar em Ltda, pois manter uma S.A.
custa caro.
Qual o quórum de deliberação para a transformação? O quórum qualificado do art. 136.
A responsabilidade pessoal do sócio decorre do tipo societário.
(pedir pra Mari)
Transformação imprópria ou registraria, art. 968, CC
O CC falou somente em transformação, mas é diferente, ocorre quando o empresário
quer se transformar numa sociedade Pluripessoal.
O Princípio da preservação da continuidade da empresa é que rege a transformação.
Poderia uma fundação se transformar em sociedade anônima?
Não, pois a transformação é entre tipos societários.
FUSÃO, INCORPORAÇÃO E CISÃO – ASPECTOS GERAIS
Rio Negro Ltda e Rio Solimões S.A se unem para constituir a Rio Amazonas S.A. =
fusão, surge uma sociedade nova e as fusionadas são extintas.
Rio Purus, Rio Tapajós e Rio Madeira são afluentes, são absorvidos por Rio Amazonas
S.A. = incorporação (vem do latim “incorpore”, trazer para dentro do corpo).
Rio Amazonas S.A se divide no final em dois outros Rios = cisão.
Art. 223, §3º - se envolverem companhias abertas, as sociedades que sucederem também
serão abertas necessariamente.
Na incorporação só haverá o direito de retirada para os acionistas da incorporada e não
da incorporadora (art. 136, IV c/c caput, art. 137, LSA).
O art. 137, II, somente as ações prefenreciais tem liquidez e não tem direito de retirada.
As ações ordinárias que não integram o índice do ibovespa, não tem liquidez e portanto, tem
direito de retirada.
Protocolo e justificação – arts. 224 e 225 da LSA
São documentos obrigatórios para a sociedade anônima, na prática se faz para a ltda por
que se acha prático, mas para a ltda não há obrigatoriedade. O Protocolo será elaborado,
inserindo nesse documento as condições da fusão, incorporação e cisão que são negociadas
previamente entre os administradores.
A justificação é um documento de natureza estritamente técnica, que traz detalhamento
sobre a operação, a justificação representa uma espécie de exposição de motivos da operação.
incorporação
Rito no art. 227 da LSA.
Fusão
Rito no art. 228 da LSA. Na prática as sociedades fazem mais incorporação do que
fusão, pois na fusão os custos são mais altos, já que se cria uma sociedade nova.
Cisão
Rito no artigo 229 da LSA.
Pode haver cisão total ou parcial. Não necessariamente haverá uma sociedade nova.
(saí da aula/pegar material)
08/06/2022
GRUPOS ECONÔMICOS DE FATO E DE DIREITO. Grupos
econômicos de coordenação e de subordinação. Legislação
08/06/ 08:00 às JOSE EDUARDO CAVALCANTI DE 2 aplicável. Participações societárias. Tipo de participações:
22 09:50 ALBUQUERQUE 1 coligação ou filiação; controle; simples participação;
participação recíproca. Holding pura e mista. Subsidiária
integral. Grupos de sociedades. Consórcios. Joint Ventures.
CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL E DEFESA DA LIVRE
CONCORRÊNCIA. Princípio constitucional da livre iniciativa.
Livre iniciativa e livre concorrência. Concentração
empresarial. Classificação da concentração empresarial. O
controle dos atos de concentração. Apreciação dos atos de
08/06/ 10:10 às JOSE EDUARDO CAVALCANTI DE 2
concentração. Mercado relevante. Concorrência desleal.
22 12:00 ALBUQUERQUE 2
Modalidades. Distinção entre concorrência desleal e infração
à ordem econômica. Órgãos administrativos de repressão às
infrações. Atribuições do CADE (Lei nº 12.529/11) e INPI
(Lei nº 5.648/70 e Portaria nº 11/2017). Condutas
infracionais. Sanções por infração da ordem econômica.
ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL
É formada por 3 grupos: grupos societários, consórcios e joint ventures.
A expressão grupo só pode ser entendida pelo grupo de direito e não pelos grupos de
fatos. (art. 243 e ss da LSA).
A relação que se dá tanto no grupo de direito quanto no grupo de fato é através de
uma subordinação ao comando central que integra esses grupos.
No grupo de fato há três principais atores, há a controladora, sociedades controladas e
as chamadas coligadas, essas são sociedades que integram o grupo de fato, porém, não
possuem relação de controle. A controladora não tem o poder de controle na coligada, mas
tem o poder de influenciar as decisões estratégicas e financeiras. Se ela passa da relação de
influencia estratégica ela exercerá uma posição de controle.
Coligadas, controladas e controladoras – art. 243
O legislador trouxe um conceito do direito europeu a despeito da coligação: a coligação
passa a ter um sentido de influência significativa. O anterior era matemático: 10% ou mais
sem controlar.
O que é influência significativa? É a possibilidade dessa investidora exercer o poder de
participar das decisões. Está no §1º do artigo 243.
À coligação não importa em momento algum a relação de controle.
No que diz respeito às controladoras, uma sociedade sobre uma outra em que ela define
os rumos da sociedade, elege a totalidade ou maioria dos administradores. O conceito de
controle está associado ao artigo 116 da LSA.
Em relação ao controle interno, há 4 modalidades: (i) controle majoritário: quando
acionista detém 50% mais uma ação com direito a voto, (ii) controle minoritário: quando o
controlador detém menos de 50%, mas detém controle, (iii) controle gerencial: ocorre nas
grandes companhias abertas cujo o capital está pulverizado no mercado; não há controlador
majoritário, mas há vários grupos com participação equivalente, assim, esses grupos elegem
administradores, outorgando procurações aos administradores, estes, por sua vez, passam a
ter o poder de decidir os rumos da sociedade, quem comanda são os administradores. O
controle gerencial é a forma mais moderna de controle.
No controle gerencial, os acionistas delegam seus poderes para os administradores.
O controle externo se torna comum no Brasil em determinadas situações; se dá de fora
para dentro, numa relação não societária; não tem nenhuma participação no capital da
controlada, mas pode ter. Um exemplo seria a franquia empresarial, na qual o franqueador
tem o controle externo dos franqueados.
Assim, a controlada está submetida a vários tipos de controle: controle majoritário,
minoritário e gerencial, interno e externo.
O §5º criou uma presunção relativa de influência significativa, quando a investidora for
titular de 20% do capital votante investido, sem controlá-la.
A controladora geralmente é chamada holding, essa detém o controle e fica acima das
controladas. A relação da controladora e controladas com a coligada (participação sem
controle) se dá por participação no capital.
Condições para participação reciproca no capital. Vedação total
A participação recíproca, em princípio é vedada, mas não é uma vedação absoluta,
especialmente quando se trata de controladoras e controladas. O que leva a vedação de uma
participação recíproca? Porque seria uma espécie de devolução do capital. A controladora
holding coloca 60% do capital em A e A compra 60% do capital da controladora = devolução
do capital investido.
A regra geral do art. 244 é vedar a participação recíproca.
A controladora tem necessariamente o poder de comando de suas controladas.
O legislador previu uma exceção no §1º, nas chamadas ações em tesouraria (ações que
a companhia adquire de seu próprio capital), isso tem limites, mas se a companhia tende aos
pré-requisitos presentes no art. 30, ela pode adquirir suas próprias ações. É uma situação
curiosa, pois a sociedade passa a ser acionista de suas próprias ações. Essas ações sofrem
restrições quando ficam em tesouraria (§4º, art. 30) no que se refere a lucro e reserva de
lucro, além de 10% máximo de ações. Durante a permanência em tesouraria essas ações não
terão direito de voto, nem participarão do lucro.
As ações em tesouraria recebem juros sobre o capital próprio? É uma forma inteligente
da companhia aberta ou fechada; essas cias podem optar em pagar ao acionista juros por
capital próprio. Os juros, do ponto de vista contábil, são considerados despesas. Quando a cia
paga os acionistas com esses juros ela pode ter dedução da base de cálculo do IR. Quando o
acionista recebe dividendo, essa receita não incide IR. Porém, quando o acionista recebe juros
sobre capital próprio (bancos fazem isso geralmente) há desconto no capital do acionista, pois
incide juros de 15%. A resposta aqui é não, porque os juros tem natureza de dividendo.
Prevalece hoje a essência sobre a forma. Os juros de capital, na essência é distribuição de
resultado.
Ações que já foram integralmentes amortizadas ou de fruição podem receber juros
sobre capital? Professor Fábio Ulhôa Coelho entende que não cabe pagar juros sobre capital
das ações amortizadas porque o acionista já não tem capital na cia. Uma segunda corrente
(CVM, Carvalhosa) entendem que os juros sobre capital próprio é uma distribuição do lucro
e, assim sendo, não =haveria impedimento do pagamento desse lucro às ações amortizadas ou
de fruição.
Ações em tesouraria recebem bonificação? Bonificação (conceito do direito societário, art.
169 da LSA, aparece com nome de novas ações), resulta do aumento do capital social, esse
aumento é realizado com o lucro e reservas de lucro já existentes na sociedade. Esses lucros
são a riqueza em parte que a sociedade retem dentro da sociedade. quando a sociedade
precisa fazer aumento de capital, mas seus acionistas não possuem recursos, nesse caso, a
sociedade autoriza que a sociedade pegue esses lucros e leve para a conta do capital social,
faz um aumento de capital legal sem pedir dinheiro aos seus acionistas. É uma modalidade de
aumento de capital (art. 169, LSA). Quando a sociedade faz esse aumento de capital ela tem
duas alternativas: pode alterar o valor nominal das ações, não criando novas ações, mas ela
pode também pode fazer novas ações compatíveis como aumento e essas quando distribuídas
aos acionistas dá-se o nome de bonificação. Na doutrina prevaleceu o entendimento do
professor Borba, que defende que as ações em tesouraria poderiam receber bonificação, uma
vez que o §4º traz uma redação restrita, no sentido de a lei só ter vedado dividendos e votos.
A CVM entendeu o contrário, mas mudou o posicionamento e se alinhou ao posicionamento
do professor Borba.
Quando a participação reciproca é autorizada, as ações terão suspenso o direito de voto,
mas participam dos dividendos.
O art. 30, §1º = regra geral
A letra “b” elenca as exceções
Responsabilidade dos administradores e das sociedades controladas
Administradores
Art. 245 - Aqui rege o princípio do dever de diligencia no âmbito das controladoras,
controladas e coligadas, mas vale para qualquer administrador. Tratamento equitativo ou
comutativo nas relações.
Há uma exceção (art. 276 da LSA) que só se aplica ao grupo de direito, porque irá ser
pactuado um acordo, uma convenção do grupo, em que o legislador autoriza que uma ou mais
sociedades possam ser sacrificadas ao interesse do grupo ou a sociedade em comando do
grupo. É uma exceção do princípio de equitatividade, de zelo. Exemplo: A sociedade A
venderá o produto abaixo do custo de produção. Precisa estar previamente estabelecido na
convenção o tipo de benefício que a sociedade “x” fará em nome do grupo. Nesse caso, passa
a se ter um vínculo de subordinação.
Quando a controladora passa a causar danos as sociedades controladas, danos
decorrentes de uma decisão equivocada ela será responsabilizada (art. 246, art. 116 e art.
117).
A CVM poderia reduzir os percentuais previstos na LSA? Sim, pode, nas hipóteses
previstas no art. 300, caput da LSA.
HOLDING
A holding é uma sociedade criada para controlar outras sociedades. Normalmente é
pura, sem nenhuma atividade operacional, mas podem atuar na parte operacional.
Holding mista e pura. A pura somente controla, já a mista possui outra atividade além da
de controlar.
A previsão legal está no art. 251, pode ser constituída originariamente como subsidiária
integral ou pode ser derivada ou através da operação prevista no art. 252 da LSA,
incorporação de ações.
Formas de surgimento de subsidiária integral
Modalidade originária: art. 251
Modalidade derivada: 252 – incorporação de ações
Diferenciação entre incorporação de sociedades e incorporação de ações (art. 252)
Na incorporação entre sociedades, a incorporada se extingue, porque se torna parte da
incorporadora e desaparece. O acionista que não for dissidente irá receber as ações novas da
incorporadora.
Na incorporação de ações o que vai ser incorporado serão as ações da cia incorporada.
As ações se transferem para a incorporadora, mas a incorporada continua existindo. Na
incorporação de ações não ocorre o fenômeno da sucessão universal dos direitos e
obrigações. A pessoa jurídica continua existindo.
A maioria dos negócios feitos atualmente são feitos com incorporação de ações, pois se
trata de operação menos custosa. É um fato relevante e precisa ser divulgado, mas não há
controle pela CVM.
Na incorporação de ações, os acionistas da incorporadora nomearão o perito que avaliará
as ações da cia (§1º, art. 252, LSA). O perito que irá dizer os critérios a serem utilizados, se
valor econômico, se valor de mercado, por exemplo.
O que é valor econômico? É o fluxo de caixa (dinheiro que irá entrar na sociedade)
projetado (por exemplo, um contrato de 20 anos, o valor que entrará nesses anos) descontado.
Hoje é um critério de avaliação nas empresas.
Na incorporação de ações há direito de retirada na incorporadora também, pois o
legislador estabelece de forma clara que a dissidência poderá ocorrer de acordo com o §1º do
art. 252, LSA.
Há uma assembleia na incorporadora e outra na incorporada. A assembleia da
incorporadora precisa ter quórum de metade no mínimo do total de votos com direito a votos
para aprovar a negociação.
Capítulo XXI – Grupo de sociedades
Grupos de direito – é formando por sociedade controladora e as controladas. Essas
sociedades podem, querendo, criar uma convenção de grupos. Nesse contrato, a lei admite
que algumas sociedades sejam submetidas aos interesses de outras sociedades. Essa
sociedade deve ser brasileira.
Quando se cria um grupo de direito, as controladas passam a ser denominadas pela lei
de filiadas. Essa é a vantagem do grupo de direito: ser uma exceção ao previsto no art. 245.
Joint venture – Lei 12.529/11, art. 88
A LSA não fala em joint venture. No Brasil não há conceito legal. A doutrina entende
que há três tipos de joint venture (i) consórcios, (ii) sociedade em conta de participação e
(iii) sociedade de propósito específico.
A sociedade de propósito especifico é aquela cujo objeto é perfeitamente delimitado, a
atividade econômica é destinada a um único objetivo.
O consórcio é muito utilizado porque é uma união contratual, na qual as sociedades que
integram o consorcio não possuem relação de controle, são independentes. Pode haver
controle, mas normalmente não o são. O consórcio visa reunir esforços para alcançar
determinado objetivo por determinado período de tempo. Concluído esse objeto o
consórcio deixa de existir. A evolução da economia capitalista ocorre pela (...) o consórcio é
feito em projetos de grande porte (gastos vultosos).
Vantagens de se realizar uma joint venture: união de recursos, ganho de eficiência,
alocação de riscos, acesso a novos mercados. É um mecanismo a ser utilizado para alcançar
essas vantagens.
Motivos para a concentração empresarial: redução do custo unitário com o aumento
do volume da produção; Possibilidade de autofinanciamento; supressão de intermediários;
estocagem de matéria prima; diminuição dos custos administrativos, em relação ao
faturamento global.
Consórcio é um instituto jurídico que atende a necessidade de crescimento temporário
ou de uma operação não permanente da empresa. Consórcio pode ser entre companhias e
sociedade (quando a lei se refere a companhia ela se refere à S/A, mas pode ser também de
sociedade ltda, etc).
Atingido o objetivo do consórcio, ele deverá ser extinto, mas na prática podem aparecer
empresas que após o cumprimento do objetivo mantém o consórcio.
Pode haver a eleição de uma sociedade líder, para representar o consorcio.
Elementos essenciais – determinado empreendimento por prazo temporário.
Para consórcio com prazo indeterminado – 981, parágrafo único do CC – sociedade de
propósito específico.
Na esfera tributária, o CARF pode conferir tratamento de sociedade de fato ou irregular
nos casos em que não há objeto ou prazo determinado.
Art. 278, §1º - cada consorciado mantém sua autonomia jurídica e administrativa.
Responsabilidade dos consorciados – cada consorciada se obriga perante terceiros de
forma indicava e direta porem representada pela sociedade líder.
O consórcio possui capacidade processual – art. 75, inciso IX, do CPC.
Em regra, não há solidariedade entre as consorciadas, mas há exceções à presunção de
não solidariedade no art. 28, §3º CDC, art. 15, Lei (?) direito trabalhista, art. 2º,§2º, CLT.
Tanto não há solidariedade, que a falência da consorciada não se estende as demais.
E se o consórcio for integrado por apenas duas sociedades? Se o contrato de consorcio
contemplar a hipótese de substituição, será de acordo com o contrato, mas a falência de uma
delas ocasionará a extinção do consórcio. Porque o consórcio é de natureza plurilateral,
assim, existindo apenas uma, não há como manter o consórcio.
O grupo de sociedades normalmente tem por objeto atividade de longo prazo, não é
objeto determinado, existe a relação de controle e a convenção do grupo.
Nos grupos convencionais o objeto é permanente e visam favorecer o grupo como um
todo.
No consorcio o objetivo não será permanente e o prazo será determinado.
Consórcio e sociedade em conta de participação
Na SCP esta se obriga direta e exclusivamente através de seu sócio ostensivo. A SPE
possui objeto social único o que reduz o risco empresarial. Trata-se de sociedade constituída
permanente.
No consórcio, verifica-se a coordenação das atividades de diversas partes para execução
de um empreendimento. O consorcio não tem personalidade jurídica.
Vantagens do consórcio
Tratamento mais flexível, menos burocrático, incentiva a cooperação entre empresas
quando o fim visado seja empreendimento ou negocio especifico e fim determinado.
2ª ementa – tema mais voltado ao direito administrativo, mas possui relação profunda com o
direito societário.
CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL E DEFESA DA LIVRE CONCORRENCIA
O modelo da ordem econômica no brasil é inspirado no neoliberalismo que se
fundamenta na livre iniciativa, mas consagra também outros valores com os quais a economia
deve se compatibilizar. Isso foi para sair da crise econômica que devastou o EUA em 1929.
Os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência não são absolutos no direito
brasileiro, o art. 170 da CF coloca esses princípios em pé de igualdade com outros princípios
que são o do trabalho, do meio ambiente, defesa do consumidor, função social da
propriedade.
A iniciativa econômica pode se dar pela inciativa privada, pela cooperação, autogestão e
iniciativa estatal.
A liberdade inciativa é que qualquer pessoa possa abrir seu próprio negócio obedecidas
as regras legais. A livre iniciativa acaba resultando no poder econômico, pois os grupos só
sobrevivem com o poder econômico. O poder econômico em si, não é ato ilícito, mas o seu
uso abusivo configura uma ilicitude, é a empresa fazer uma fusão, incorporação visando
dominar a venda de determinado produto na sociedade, por exemplo.
O CADE (autarquia vinculada ao ministério da justiça - lei 12.529/11) passou a
exercer um controle preventivo nessas operações. A partir de 2011 o CADE abandona a
função repressiva para ter uma atuação preventiva. Mas nem toda operação passa pelo
CADE, art. 88, da Lei 12.529/11.
A função do CADE está prevista na CF, art. 173, §4º, que pune o abuso do direito
econômico em hipóteses especificadas na referida norma.
Há duas formas de concorrência: a lícita e a ilícita.
Formas de concorrência lícita
Há duas formas de concorrência que o direito repudia: a concorrência desleal (esta não
compromete as estruturas do livre mercado) e, a concorrência praticada com abuso de
poder que vai comprometê-las.
A deslealdade atinge a um concorrente específico, essa concorrência desleal não tem
punição frente ao CADE (art. 195 da Lei 9.279/96 - lei de propriedade industrial). Já a
concorrência praticada com abuso de poder (Art. 209 – concorrência genérica).
Concorrência leal x concorrência desleal
Na concorrência leal, o principal elemento é obter o maior numero de consumidores para
o seu produto. O que não pode ser feito é se utilizar de meios inidôneos para atingir a esses
fins objetivos.
É importante observar os meios empregados pelo empresário, se idôneos ou inidôneos
(concorrência desleal e específica).
Art. 195, IV Lei 9.279/96 – fala da confusão entre os produtos e estabelecimentos.
Inciso XI – concorrência desleal específica - Art. 1.085, CC – exclusão de minoritário
por justa causa – caso em que a sócio estava desviando a clientela para empresa criada por
ela, colocando em risco a sociedade, também tem repercussão no direito penal, pois a vítima
pode denunciar na delegacia de deflagrações.
Hipóteses do art. 195, são taxativas.
O §1º - inclui-se nas hipóteses dos incisos XI e XII o empregado, o empregador, o sócio
ou administrador da empresa. Pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
Infrações à ordem econômica – art. 173, §4º da CF
A lei reprime o abuso e não o uso do poder econômico.
Na concorrência desleal são os meios empregados que fazem a diferença. No abuso
da ordem econômica são os efeitos que farão a diferença.
Abuso é o comportamento de empresa ou grupo de empresas que usa de seu poder de
mercado para prejudicar a livre concorrência, por meio de condutas competitivas.
No caso de abuso de poder, a empresa irá se enquadra na lei 12.529/11 – CADE art. 88 –
que determinará se a operação pode ser feita ou precisa de ajustes ou não pode acontecer.
O CADE tem prazo de 280 dias.
Ler artigo 36 – função repressiva do CADE as infrações a ordem econômica.
O artigo elenca as condutas antijurídicas que podem caracterizar as infrações,
especialmente dominar mercado relevante (aspecto geográfico e o aspecto material do
produto) de bens e serviços, “independentemente de culpa.”.
O art. 88 é que combate os atos de infração. O art. 88 c/c art. 90.
Por fim, são duas ordens de concorrência desleal, uma especifica na Lei de
propriedade específica e outra mais ampla que tem repercussão no CC e na lei penal.
Caso concreto
a) submeter a concentração ao CADE.
b) pode haver multa, nulidade, o ato não é consumado e tem de observar o art. 88, §3º.
[O antitruste law surge nos EUA.]
INFORMATIVOS
Origem: STJ - Informativo: 719
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa
jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência, não pode ser autorizado contra o sócio
ou o terceiro não sócio que, embora exercessem poderes de gerência ao tempo do fato
gerador, sem incorrer em prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retirou e não deu causa à sua posterior
dissolução irregular, conforme art. 135, III do CTN. STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.019-SP, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 962) (Info
719).
Se a pessoa tinha poderes de administração na data da ocorrência da dissolução irregular da
sociedade, PODERÁ ser responsabilizada, ainda que na data da ocorrência do fato gerador
que ensejou a propositura da execução fiscal ela não fosse administradora. (tema 981)
Origem: STJ - Informativo: 693
Na Sociedade Anônima de capital fechado, não fixado prazo para que seja lavrado o termo no
Livro de Transferência de Ações Nominativas, é indispensável a interpelação do devedor
para que fique caracterizada a mora.
Origem: STJ - Informativo: 686
O fato de a sociedade ter somente dois sócios não é suficiente para afastar a proibição de o
administrador aprovar suas próprias contas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.692.803-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/02/2021 (Info 686).