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SOCIEDADE LIMITADA. Histórico.

Características. Natureza jurídica. Regência


25/05/2 08:00 às 0 supletiva e aplicação das normas da
CLAUDIO CALO SOUSA
2 09:50 1 sociedade simples e das sociedades anônimas
às sociedades limitadas. Sociedade Limitada
Unipessoal
CAPITAL SOCIAL DA SOCIEDADE LIMITADA.
Conceito. Distinção entre capital social e
25/05/2 10:10 às 0 patrimônio. Princípios aplicáveis ao capital
CLAUDIO CALO SOUSA
2 12:00 2 social. Formação do capital social. Subscrição
e integralização do capital social. Aumento e
redução do capital social.

TIPOS SOCIETÁRIOS
 Capítulo I – Da sociedade simples, art. 997-1.038, CC – esse tipo não é utilizado, mas
esse capítulo serve de fonte subsidiária para os demais tipos de sociedade;
 Capítulo II – Da sociedade em nome coletivo, art. 1.039-1044; esse tipo não é
utilizado, pois a responsabilidade do sócio é ilimitada;
 Capítulo III – Da sociedade em comandita simples, arts. 1.044-1.051;
 Capítulo IV – Da sociedade Limitada, arts. 1.052-1.087 – os bens dos sócios estão
protegidos, exceto contra dívidas trabalhistas, fraudes tributárias, essa blindagem não
tem caráter absoluto;
 Sociedades Anônimas – previsão em Lei Especial, art. 1.089, CC, aplicado o
Código Civil subsidiariamente (em caso de omissão).
 Sociedades em comandita por ações
EIRELI não é tipo societário, é uma pessoa jurídica sem ser sociedade. O
entendimento é de que foi abolida, porque o DREI disse que foi abolida;
1, 2, 3, e 6 estão em desuso. Na prática existem 4 e 5.
ORIGEM DA SOCIEDADE LIMITADA
Se originou em 1892 na Alemanha.
No Brasil, chegou em 1919, com a influência do direito português, através do Decreto
3.708/19, com apenas 18 artigos, portanto, era tido como um decreto lacônico. Desse modo,
era importante na época que o contrato social fosse minucioso para solucionar os problemas
que pudessem surgir.
No caso de o contrato ser omisso, e a Lei antiga (Decreto) também – por conta dos
poucos artigos, surgia a dúvida de como resolver a questão. Haviam duas teorias: 1) aplicava-
se ou o Código Comercial ou 2) Lei da S/A.
Primeira corrente: À época, Rubens Requião e Sérgio Campinho entendiam que no caso
de omissão no contrato e no decreto, a dúvida deveria ser suprida pelo código comercial. Se
o código comercial não se aplica-se, deveria ser aplicada a LSA.
Segunda corrente: O professor Marlon Tomazette e o professor Tavares Borba
entendiam que o certo era se valer da LSA para suprir a lacuna.
O artigo 18 do Decreto 3.708/19 tratava da fonte subsidiária, mas continha uma
redação dúbia. Isso gerava insegurança jurídica.
Em 2002, o CC revogou o Decreto, então.
Qual a razão do surgimento da Sociedade limitada?
O professor entende que a sociedade limitada não surgiu para ser próxima da S.A.,
mas para ser ela mesma.

 Sociedades no Código Comercial


Vantagens
Fácil constituição
Simples funcionamento
Desvantagens
Sociedades com responsabilidade ilimitada
 Sociedades na LSA
Desvantagens
Constituição é mais complexa;
Funcionamento mais complexo/custoso
Vantagens
Responsabilidade limitada
Na época da Revolução Industrial, havia a necessidade de uma sociedade de fácil
constituição, fácil funcionamento, e que os sócios tivessem responsabilidade limitada. Assim,
foram unidas as vantagens da sociedade do Código Comercial com as vantagens das
Sociedades Anônimas.
A partir de 2002, o Código Civil revogou o Decreto 3.708/19 e passamos a ter a
Sociedade limitada dentro do Código Civil (artigos 1.052-1.087). Junto com esses artigos é
importante ler as Instruções Normativas previstas no DREI.
 Arts. 1.052/1.087 + INs do DREI, especialmente a IN 81 e 112/22 (professor indicou)
O Juiz não está adstrito às IN, salvo se concordar.
Mesmo com os artigos do Código Civil, é importante que o contrato seja bem elaborado.
Hoje, se houver omissão no contrato e no capítulo da Sociedade Limitada do Código
Civil, como resolver? O artigo 1.053, CC. O caput diz que, nas omissões, aplicam-se as
regras da sociedade simples, artigos 997 ao 1.038 - Capítulo I.
Cuidado em relação ao parágrafo único! Para aplicar o parágrafo único, é necessário:
1) omissão + 2) previsão expressa no contrato + 3) compatibilidade.
Em havendo omissão, qual é a FONTE SUBSIDIÁRIA?
1ª corrente: Tavares Borba
Entende que a fonte subsidiária é impositiva:
1) Primeiro se aplica o Capítulo da Limitada;
2) Normas das sociedades Simples (artigos 997-1.038, CC).
O professor Tavares Borba difere fonte subsidiária de fonte supletiva. Ele entende que
sempre terá que se aplicar as normas das sociedade simples (Capítulo I), podendo, por último,
se o contrato prever e houver compatibilidade, aplicar a LSA.
O artigo 1.053, parágrafo único, fala em fonte supletiva. Fonte subsidiária são as
normas das sociedades simples.
2ª corrente: Sergio Campinho e Fabio Ulhôa Coelho
1) se aplica o capítulo da sociedade limitada, depois é preciso ler o artigo 1.053, sendo
necessário observar o
2) contrato social para saber o que ele manda aplicar. 1) se o contrato social manda aplicar as
normas das sociedades simples (artigos 997-1.038, CC); 2) se o contrato social manda aplicar
a LSA, aplica-se a Lei da S.A., desde que haja compatibilidade.
Obs.: Ainda que o contrato mande aplicar a LSA, por vezes, o próprio Capítulo da
sociedade limitada manda aplicar artigos do Capítulo I. Se a questão envolver constituição e
extinção da limitada, ainda que o contrato social mande aplicar a LSA, não será possível.
 Se o contrato for omisso: aplica-se as normas da Sociedade Simples – Capítulo I, CC.
(Essa posição é forte entre os juízes)
3ª corrente: André Santa Cruz e Marcos Andrei de Souza
É necessário analisar o caso concreto. Não é porque o contrato manda aplicar a LSA
que essa sempre será aplicada. Não é porque o contrato manda aplicar as normas da
Sociedades Simples que essas serão aplicadas de forma absoluta.
Ex.: não existe Sociedade limitada de capital aberto, então, embora o contrato mande
aplicar a LSA, isso não será possível.
Ex2: o artigo 1.054, CC, diz que se aplica o artigo 997 – capítulo da sociedade simples.
Ex3: art. 1.066, §1º - sociedade simples
Ex4: 1.052, CC > artigo 1.010
Ex5: 1.054 > 1.066, §1º, > 1.067 (57 ouvir gravação)
A terceira posição está de acordo com o Enunciado 223 do CJF da 3ª Jornada de
Direito Civil, in verbis:
“O parágrafo único do art. 1.053 não significa a aplicação em bloco da Lei n. 6.404/76 ou das
disposições sobre a sociedade simples. O contrato social pode adotar, nas omissões do
Código sobre as sociedades limitadas, tanto as regras das sociedades simples quanto as das
sociedades anônimas.”
Recentemente, teve o projeto de lei de conversão do PLV MP 1040, transformando na
Lei 14.195/21 – o PLV previa que o Capítulo do 997-1.038, CC seria abolido e o Capítulo I
seria adaptado para ser o Capítulo de normas gerais das sociedades. Porém, o Presidente
vetou e manteve o capítulo que já está em desuso.
Obs.: o legislador usa o Termo Sociedade Simples com dois sentidos: pode ser simples no
tipo ou na espécie = sociedade não empresária. A sociedade simples – tipo – importado do
direito italiano, é chamada de simples espécie, homogênea, pura, simples simples.
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE LIMITADA – TIPO
“Todo empresário tem onerosidade, mas onerosidade não é uma especificidade do
empresário.”
O fato de a sociedade ser limitada não significa que ela é empresária.
As S.A. e as Comandita por Ações sempre serão sociedades empresárias por força de
lei – art. 2º, §1º LSA e 982, parágrafo único, CC
As Sociedades limitadas – não tem artigo específico dizendo que ela é empresária. O
artigo 983 diz que uma sociedade empresária pode adotar o tipo de sociedade Ltda. Pode
também adotar o tipo Ltda a sociedade não empresária, nesse último caso será uma sociedade
simples em sentido amplo, heterogênea ou sociedade não empresária (registrada no Cartório
de Pessoas Civis e Jurídicas e não estará sujeita a recuperação). É um tipo híbrido.
1ª característica: Híbrido – empresária ou não – art. 983, CC;
Obs.: Sociedade limitada rural – atividade agrícola, pecuária, extrativista, piscicultura
– art. 984, CC. O artigo 984 diz que pode optar pelo registro ou RCPJ ou na Junta Comercial.
Se ela se registrar no RCPJ ela não é empresária e não tem tratamento de empresária. Se ela
se registrar na junta o registro vai equipará-la a sociedade empresária.
No caso de ser uma S/A rural, será empresária por força de lei e tem o dever de se
registrar na junta comercial.
2ª característica: Personificada – dotada de personalidade jurídica – pode ser destinatária da
teoria da despersonificação (art. 44, II, CC).
A aquisição da personalidade jurídica se dá com o registro no órgão competente, se
for sociedade empresária será na junta comercial, se for não empresária será no RCPJ – arts.
985, 45, 1150, CC e art. 32 da Lei 8.934/94.
3ª característica: sociedade limitada é regular, porque ela deve ser registrada no órgão
competente – art. 1.150, CC.
4ª característica: pode ter sócio PF ou PJ – art. 1.054, CC.
Obs.: Existe alguma limitada em que o sócio tem de ser pessoa física? ESC – empresa
simples de crédito – LC 167/19. É um instituto jurídico que visa conceder crédito/financiar a
quem seja ME ou EPP. Estes podem pedir crédito nos bancos ou na ESC, mas a ESC não tem
nada a ver com instituição financeira.
Quem pode ser ESC? Art. 2º, LC 167/19
– Empresário individual – PF
– PJ, a Sociedade limitada
– EIRELI.
Na sociedade limitada os sócios podem ser PF ou PJ, entretanto, se for uma limitada ESC,
os sócios terão de ser PF.
5ª característica: a Sociedade Limitada pode ser pluripessoal (pode ter 2 ou mais sócios) ou
unipessoal permanente (formada por apenas 1 único sócio que pode ficar só
permanentemente) – artigos 1.052, §§ 1º/2º, CC e Lei 13.874/19 (Lei da liberdade
econômica).
Pode ser unipessoal originariamente ou derivada (em um determinado momento o outro
sócio sai e o sócio que fica pode escolher entre escolher um novo ócio ou permanecer
sozinho).
Obs.: acabou o prazo de 180 dias para o sócio ficar sozinho. Atenção! Está revogado o art.
1.033, IV, CC;
Obs2: no caso de ser uma Sociedade limitada unipessoal pode o único sócio ser PJ? Sim,
pode, art. 1.052, §2º c/c art. 997, I, CC.
Obs3: qual a diferença entre a sociedade limitada unipessoal e a EIRELI?
Existe a diferença topográfica, pois a limitada unipessoal está no art. 1.052, CC e a EIRELI
está no art. 980-A que foi revogado pela MP 1.085/2021.
A sociedade limitada é um tipo societário PJ, já a EIRELI PJ – não é sociedade, art. 44, VI,
CC.
Na Sociedade limitada não há mínimo de capital para se constituir. Já na EIRELI, a lei prevê
o mínimo de 100 salários mínimos.
Na limitada o sócio pode ser sócio de várias sociedades limitadas, já na EIRELI tem a
característica da unicidade, ou seja, se o sócio constituir uma EIRELI ele não poderia ser
sócio de nenhuma outra.
QUADRO COMPARATIVO
EIRELI Sociedade Limitada Unipessoal
Art. 980-A, CC Art. 1.052, CC
PJ não é sociedade, art. 44, VI, CC É um tipo societário - PJ
Mínimo de 100 salários mínimos Não há mínimo de capital para
constituição
Existe algum tipo societário em que todos os sócios devem ser pessoas naturais?
Resposta: Sim, as sociedades em nome coletivo – art. 1.039, CC.
Obs4: EIRELI – PLV MP 1.040 ((MP da Melhoria do ambiente de negócios) convertida na
Lei 14.195
Após a entrada em vigor da Lei 14.195 se estabeleceu uma polêmica sobre a EIRELI.
Era claro o objetivo do legislador ao aprovar o projeto de lei de conversão da MP 1.040
acabar com a EIRELI. André Santa Cruz se baseia em três fatos: 1) a começar pelo o que
está dito no próprio relatório do deputado Marto Bertaioli, texto aprovado pelo Congresso
Nacional e foi levado para sanção presidencial: 2) substituição da figura da EIRELI pela
sociedade limitada unipessoal – o art. 41 da Lei 14.195 transforma todas as EIRELIS em
Sociedades limitadas unipessoal; 3) o artigo 57, XXIX da Lei 14.195 revogava diversos
dispositivos do CC, entre eles o inciso VI do art. 44 e 980-A que tratam da EIRELI.
Porém, alguns dispositivos da Lei 14.195 foram objeto de veto presidencial e dentre os
objetivos vetados estão justamente os que revogavam as regras sobre a EIRELI. Porque se
manteve o art. 41 da Lei que manda transformar as EIRELIs existentes em sociedades
limitadas unipessoais e ao mesmo tempo se vetou o dispositivo que revogava as regras sobre
ele? A lei 14.195 também estava acabando com a sociedade simples a partir da entrada em
vigor da lei e caso ela tivesse a sua redação mantida não haveria mais sociedade simples e
sociedade empresária. Ocorre que essa extinção do fim da sociedade simples gerou muita
polêmica e o presidente da república decidiu vetar as regras que sobre o fim da sociedade
simples. Um dispositivo da lei 14.195 que revogava algumas regras sobre sociedade simples
também revogava o art. 980-A que trata da EIRELI, e como se decidiu vetar as mudanças na
sociedade simples, esse dispositivo que é a alínea “e” do inciso XXIX do art. 57 da Lei
14.195, acabou sendo vetado porque ele vetava os dispositivos da sociedade simples, como o
artigo 982, 998 e o art. 1.000 (esses dispositivos foram vetados pois não era do interesse do
legislativo acabar com a sociedades simples). Mas o problema, é que no mesmo dispositivo
(alínea e, inciso XXIX, art. 57 da Lei 14.195) estava se revogando também o art. 980-A que
trata da EIRELI e, não existe veto parcial, assim se entendeu que tinha que se vetar.
Assim, chegamos a situação inusitada, pois há o art. 41 que foi sancionado que manda
transformar as EIRELIS já existentes em sociedades limitadas unipessoais, mas ao mesmo
tempo continuamos a ter as regras sobre EIRELI no CC, art. 980-A e art. 44, VI, CC.
Vamos poder continuar constituindo EIRELI ou não? Aqui, há basicamente duas
argumentações possíveis: a primeira é de que não é mais possível constituir EIRELI, pois
houve revogação tácita do art. 44, VI e do art. 980-A e seus parágrafos. A segunda
interpretação é que sim, é possível continuar arquivando atos constitutivos de constituição da
EIRELI porque os artigos 44, VI e o art. 980-A foram mantidos a partir do veto presidencial.
O professor Sérgio Campinho, bem como o professor André Santa Cruz defendem
que houve uma revogação tácita. O professor Campinho diz “vejo o art. 41 da Lei 14.195/21
como o dispositivo que revoga o inciso VI, do art. 44 e o art. 980-A do CC por
incompatibilidade, §1º, art. 2º da LINDB”. Entende, portanto, que houve uma revogação
tácita, pois o art. 2º, §1º da LINDB diz que lei posterior revoga a anterior quando
expressamente declarar, quando seja com ela incompatível ou, quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior. Pode-se dizer, portanto, que há uma incompatibilidade
muito clara do art. 41 da Lei 14.195 com o inciso VI do art. 44, CC e 980-A do CC, não faz
sentido transformar as EIRELIS em sociedades limitadas unipessoais e depois permitir a
criação de novas EIRELIS.
O professor Marlon Tomazzate e professor Henrique Arach, entendem que não há
incompatibilidade e se filiam a corrente interpretativa de que é possível ainda constituir
EIRELI. Eles dizem que a dúvida não existe, mas a solução decorrente da Lei 14.195 é
esdrúxula, pois as EIRELIs existentes até a data de início da Lei 14.195 foram transformadas
em sociedades limitadas unipessoais, mas nada impede, porém, que após essa data sejam
constituídas novas EIRELIS que não serão transformadas em sociedades, pela
inaplicabilidade da Lei 14.195.
“Entendo que o ordenamento jurídico não pode comportar uma incoerência desse nível
do sistema jurídico”. Assim, André entende que houve uma revogação tácita dos dispositivos
da EIRELI.
Ademais, se faz necessário entender o que ocorreu no processo legislativo do projeto de
lei de conversão da MP 1040. Foi um processo legislativo conturbado. A mp1040 foi batizada
de mp de melhoria do ambiente de negócios, foi editada pelo governo federal com o objetivo
de mexer nas regras referentes a cinco indicadores avaliados pelo Banco Mundial no relatório
do in business. Existe uma meta do governo de colocar o Brasil entre os 50 melhores países
no relatório do in business do banco mundial. O Brasil nunca ficou entre os 100 primeiros,
por isso que foi feita a lei da liberdade econômica, a reforma da lei de falência e por último a
lei MP da melhoria do ambiente de negócios. Essa MP tinha o seguinte objetivo: alterar
regras sobre abertura de empresas, obtenção de eletricidade, execução de contratos, proteção
de acionistas minoritários e facilitação do comercio exterior, porque são justamente esses
cinco indicadores avaliados pelo Banco Mundial no seu relatório do in business.
Quando essa MP chega ao Congresso, como ela é uma MP importante para o governo,
com muitos dispositivos, obviamente que os parlamentares e os grupos de interesse tentaram
emplacar algumas emendas no texto. Isso faz parte do processo legislativo. Dentre as
emendas propostas, estavam o fim da EIRELI quanto o fim das Sociedades simples. Ninguém
questionou o fim da EIRELI, mas muitos questionaram o fim da Sociedade Simples. Diante
de toda a discussão o texto foi alterado no senado, depois de aprovado na comissão especial,
o texto foi para o senado e sofreu restrições. O texto, então voltou para a câmara e numa
manobra legislativa rejeitaram o substitutivo do senado e reprovaram o relatório do deputado
Marco Bertaioli com tudo o que ele tinha, fim da EIRELI, fim da sociedade simples, entre
outras coisas. Isso gerou uma atrito entre as casas legislativas, o que motivou o envio de um
oficio por meio do senado para o presidente da república de uma série de dispositivos por
uma suposta inconstitucionalidade formal no processo legislativo. Algumas sociedades de
classe j´[a estava com ação de inconstitucionalidade prontas para serem propostas no STF
questionando os supostos vícios nesse processo legislativo. A presidência da republica
resolveu acolher, em parte o pedido feito pelo presidente do senado nesse oficio e vetar
alguns dispositivos, dentre eles os dispositivos que acabavam com a sociedade simples. Mas
não era objetivo acabar/vetar com os dispositivos que acabavam com a EIRELI, o problema
todo era o fim da Sociedade simples. O dispositivo que revogava o art. 980-A do CC estava
junto com outros dispositivos da sociedade simples. A alínea e, XXIX, art. 57 da Lei 14195
revogava não só a regra da EIRELI, mas outras regras do CC referentes as sociedades
simples. Assim, disseram que não era mais para vetar os dispositivos que falavam da
sociedade simples. No final das contas tivera, que vetar o dispositivo por causa da revogação,
em regra, sobre a sociedade simples.
Todavia, ao observar as razões do veto, sequer acrescentam argumento sobre a EIRELI,
o que confirma o fato de que o problema não era o fim da EIRELI, mas sim as mudanças nas
sociedades simples.
Se o problema fosse a EIRELI o art. 41 também teria sido vetado.
Considerando todos os pontos acima, todos os pontos reforçam minha conclusão pela
revogação tácita do inciso VI do art. 44 e do art. 980-A do CC, nos termos do art. 2º, §1º da
LINDB. Não me parece haver dúvidas, há uma clara incompatibilidade, não faz sentido
transformar as EIRELIs em sociedades limitadas unipessoais e ao mesmo tempo permitir a
constituição de novas EIRELIs.

 Art. 41: as EIRELIS constituídas: 1) deverão ser transformadas em Sociedades


limitada unipessoais de forma automática, ou seja, sem necessidade de alteração
contratual.
 Art. 57, XXVI, Lei 14.195 – EIRELI nova não pode, porque a lei revogou – art. 44,
VI e 980-A, CC.
Isso fez surgir uma incoerência e passou a ter um problema de compatibilidade. A dúvida
é se a EIRELI está valendo ou não? A posição que prevalece é a posição do DREI – Ofício
Circular 3.510/21 – ME – o DREI disse para as juntas que acabou as EIREIS. Ele entende
que os arts. 44, VI e 980-A, CC, estão revogados tacitamente pela incompatibilidade do art.
41. [posição dominante - Campinho]
Se o legislador revoga e o Presidente veta, o congresso pode derrubar o veto ou ele fica em
vigor. O DREI é uma autarquia federal, vinculado ao Paulo Guedes, vinculado ao Presidente.
Assim, a decisão está toda no mesmo prisma executivo.
O art. 5º, XXXVI da CF – Obrigatoriedade de alterar a EIRELI - será que o artigo 41 tem
o poder de impor a quem tem a EIRELI de transformá-la em Sociedade Limitada, será que a
pessoa que constituiu a EIRELI não tem o direito de mantê-la? E quanto ao ato jurídico
perfeito? Será que não há ofensa ao ato jurídico perfeito? Tempus regit Actum – entretanto,
o entendimento majoritário é de que foi revogada a EiRELI – art. c/c
2º tempo
6ª característica: (...)
Pluripessoal – contrato social – 1.054, CC
Unipessoal, art. 1.052, §2º, CC – docto de (...)
7ª caraterística: administração – o administrador da Sociedade limitada pode ser sócio ou
não, bem como na S.A. Na sociedade limitada, art. 1061, CC.
Obs.: não confundir administrador com gerente – Súmulas 430 e 435 – utilizam a
expressão sócio-gerente, essa expressão está errada, pois era usada na época do Decreto
3.708/1919, a qual continha vários artigos que usavam essa expressão.
O Código Civil usa a expressão administrador – art. 1061, CC.
Não confundir as expressões:
 Sócio: é o participante social - detém participação societária;
 Administrador - aquele que pratica atos de gestão – o administrador é um
presentante;
 Gerente – é um mero preposto – art. 1.172, CC.
Não usar a expressão sócio-gerente.
9ª característica: PF ou PJ - O administrador tem de ser pessoa física para todos os tipos
societários. Já na Limitada, a questão é polêmica:
 Sergio Campinho – entende que o administrador da sociedade limitada também deve
ser pessoa natural. Argumentos: (i) art. 1.054 c/c 997, VI, CC – o 997, VI diz que
precisa ser pessoa natural e é aplicado à sociedade limitada por força do artigo 1.054,
CC; (ii) art. 1.062, § 2º, CC – precisa mencionar o estado civil e quem tem estado
civil é PF;
 Rubens Requião, Waldo Fazzeo Junior e Marlon Tomazette – sustentam que o
administrador de uma sociedade limitada pode ser pessoa natural ou jurídica.
Argumentos: (i) art. 1.060, CC – o legislador não quis especificar no artigo 1.060. Há
um projeto de lei para colocar pessoas naturais.
Obs.: na S.A. o administrador pode ser sócio ou não, mas precisa ser pessoa natural – Lei
14.195/21 – antigamente ele precisava ser residente no país, pois agora a Lei passou a admitir
que o administrador pode ser residente no país ou não.
10ª característica: a participação do sócio é feita por cotas sociais que não se confunde com
ações. As cotas podem ser cedidas para terceiros, podem ser penhoradas – art. 30, Lei
6.830/80, art. 833, IX, CPC., numa execução fiscal ou numa execução particular,
respectivamente.
11ª característica: nome – art. 1.158, CC – a sociedade limitada pode escolher ser firma
coletiva/razão social (nome dos sócios + Ltda ao final), ou denominação (acrescenta-se a
expressão Ltda).
Obs.: Novidade da Lei 14.195/21 – introduziu o art. 35-A à Lei 8934, hoje pode se substituir
o nome pelo número do CNPJ.
12ª característica: a sociedade limitada é limitada. A sociedade é PJ, é ela que exerce a
sociedade, ela que contrata e responde diretamente e a PJ responde com o patrimônio
ilimitadamente. Aplica-se o disposto no art. 789, CPC.
Sócio: depende. a) dívidas pessoais – art. 789, CPC – responde de forma direta e ilimitada;
b) dívidas da sociedade – art. 790, II, CPC (sócios respondem de acordo com o tipo societário
por ele constituído), art. 795, CPC, 1024, CC (os sócios respondem de forma subsidiaria
secundária pelas dívidas da sociedade, ou seja, o sócio tem benefício de ordem/de excussão);
art. 1052, CC – na sociedade limitada a responsabilidade é subsidiária, entre os sócios é
solidária (E/ou) – a responsabilidade é limitada
Exemplo: Numa sociedade limitada capital social de R$ 1.000.000,00, com caio (25%), Tício
(25%), Mévio (50%) - todos os sócios tem o dever legal de contribuir para o capital social
(art. 1004 c/c 1058, CC) com qualquer bem suscetível de avaliação pecuniária (art. 997, III,
CC), pode ser em valor, com bem móvel, imóvel, bem incorpóreo (uma marca), crédito (pode
ser uma nota promissória), nesse último caso o sócio será responsável pela solvência do
crédito. A integralização pode ser feita por transferência de propriedade (deve ser feita no
RGI - (Deve ter registro em nome da PJ no RGI REsp 1743.088) -, quando a finalidade for
integralizar o capital social), ou usufruto. Se a transferência for de bem imóvel, o sócio que
transfere responde por evicção e vício redibitório = será tratado como se vendedor fosse.
Obs.: Se o sócio transfere o imóvel a titulo de contribuição para o capital social, incide
ITBI? Não incide ITBI, art. 156, §2º, I da Constituição da República (evitar falar
Constituição federal). Todavia, o STF, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurelio Melo,
no RE 796.376 entendeu que sob o excedente incide o ITBI. Suponhamos que a contribuição
seja de R$ 500.000,00, só que ele está avaliado em R$ 600.000,00, assim, o STF entendeu
que sob 500.000,00 não incide, mas sob o excedente incide – 100.000,00.
O valor não pode se fictício, deve ser real, os sócios são responsáveis pelo valor real da
dívida – art. 1055, §1º, CC – Princípio da realidade.
Princípio da intangibilidade – art. 1059, CC – o capital social é intangível, não se pode
desfalcar o capital social, mas ele não é imutável, pode ser aumentado ou reduzido.
Pode sofrer perdas irreparáveis – pode haver necessidade de reduzir o capital social.
Os sócios são obrigados a contribuir para o capital? Sim, na forma e prazo – art. 1004,
CC. Forma: a) dinheiro; b) bens e c) crédito. Prazo: a) integralização (pago no ato) ou b)
subscrição (se compromete a pagar). Se o sócio integralizar a quota ele está liberado.
Subscrição significa que o capital será parcelado. Se o sócio que precisava subscrever não
paga totalmente o que faltava, a sociedade irá notificar o sócio judicialmente ou
extrajudicialmente (art. 1004, CC), ao ser notificado, o sócio terá 30 dias para pagar, se ele
não pagar será constituído em mora – ex persona – se isso acontecer ele passa a ser
denominado de sócio remisso (aquele que não cumpre com o dever perante a sociedade).
Opções: 1. Pode ser expulso da sociedade e recebe reembolso do que pagou, o capital social
será diminuído ou algum sócio aumenta com sua parte; 2. Pode ser compelido a pagar; 3.
Pode ser reduzida a sua participação.
Qual a responsabilidade do sócio se houver subscrição? Está no art. 1052, CC. 1.
Subsidiariamente = sócio; 2. Solidário – sócios respondem solidariamente; 3. Ltda - a
responsabilidade de cada sócio é limitada ao que falta para o capital ficar integralizado. Em
regra, integralizado o capital social, os sócios estão isentos – razão da súmula 430 do STJ.
Uma vez integralizado o capital social, os sócios estão, em regra, isentos, exceção – fraude
tributária art. 135, III, CTN (descumprimento ou fralde)
- TDPJ – teoria da desconsideração da personalidade jurídica.
- Dívidas trabalhistas;
- Dívidas consumeristas – teoria menor;
- Dívidas de meio ambiente.
Obs.: O STJ excepcionalmente e anomalamente, admitiu teoria da desconsideração de um
ente sem personalidade jurídica, foi o caso de um fundo de investimento e participação. O
fundo tem natureza de condomínio especial. Nesse caso, o fundo foi utilizado para ocultar
bens, então o STJ admitiu a teoria da desconsideração.
Não confundir Capital social com patrimônio – o capital social é estático, em regra. O
patrimônio é dinâmico, até mesmo porque envolve ativos e passivos. O capital social é que
regula a participação nos lucros e nas perdas. Também é importante para o poder de
deliberação.
Sociedade limitada é de pessoas ou de capital? Para a segunda aula de amanhã.
O art. 1052 tem duas partes – 1ª parte trata de relação interna: sócio se relacionando com a
sociedade – art. 1004, CC
e 2ª parte de relação externa: todos respondem solidariamente perante terceiros e pelo que
falta para integralizar.
Tem uma falha no artigo 1052, pois o legislador não incluiu a subsidiariedade – fazer remição
ao 780, II, CPC, 1024 do CC e 795 do CPC.
1º caso concreto – 1º tema:
Sim, deve ser acolhida a pretensão. O entendimento majoritário na doutrina e no STJ é de que
a sociedade limitada de prazo indeterminado tem de aplicar o art. 1029 do CC, não a lei da
S/A. por esse artigo o sócio pode exercer o direito de retirada a qualquer momento e sem
justo motivo.
No caso de a sociedade por prazo determinado, o sócio que quer retirar-se deve respeitar o
pacta sunt servanda, salvo se houver justo motivo e com ação judicial. [Marlon Tomazettee,
Sergio Campinho e STJ – REsp 1.403.947].
2º caso – O pedido deve ser julgado procedente. Os sócios possuem responsabilidade
subsidiária, solidária – arts 1052, 1024, CC e 780, II, 795, do CPC.
26/05/22
QUOTAS SOCIAIS DA SOCIEDADE LIMITADA.
Conceito. Natureza jurídica. Características.
Copropriedade e indivisibilidade da quota.
26/05/2 08:00 às WAGNER TEIXEIRA 0 Representação da quota. Integralização da
2 09:50 MOREIRA 3 quota. Cessão de quotas. Caução de quota.
Penhora das quotas, direito de preferência
dos sócios e liquidação. Usufruto de quotas.
Quotas preferenciais
QUOTAS SOCIAIS DA SOCIEDADE LIMITADA
Serve para criar o patrimônio inicial da sociedade. É a fração de confirmação do
capital social, pode-se dizer que é a menor fração. Tem dois momentos: I) momento em que
se subscreve (promessa de integralizar) e o II) momento da integralização (cumprimento da
promessa). Assim, há cotas subscritas e integralizadas.
As cotas podem ser iguais ou desiguais (art. 1055, CC). Mas a cota é indivisível, não
pode se dividir. É a menor fação do capital social de uma sociedade de pessoas. Não pode
dividir para evitar que haja prejuízo para algum sócio.
 Ex.: quotas iguais e desiguais estaria se referindo a possibilidade de um sócio possuir
50% do capital e o outro os 50% restantes, considerando neste caso a quotas como
iguais. E quando um sócio possui 45%, outro 25% e outro 30%, estaríamos diante do
caso das quotas desiguais.
Esse conjunto de quotas permite visualizar a porcentagem societária.
As quotas podem ser assumidas através de bens móveis ou imóveis. Hoje a
integralização somente pode ser feita em bens. O art. 1055, §2º, CC veda a contribuição que
consista em prestação de serviço, precisa ser em bens móveis ou imóveis. Quando o valor do
bem for estimado, o valor do bem precisa ter o valor exato da estimação, caso contrário, os
sócios respondem pela correção até o prazo de 5 anos da data do registro da sociedade (art.
1055, §1º, CC). A responsabilidade nesse caso é solidária. O sócio não pode integralizar com
valor superestimado.
A jurisprudência e a doutrina aceitam o lucro futuro, mas aqui vale uma observação, é
o lucro futuro não da própria sociedade (eu subscrevo como sócio para integralizar como
sócio com o lucro que eu vou ter da própria sociedade – isso não pode).
Todos os sócios são responsáveis nessa situação e devem observar o dever de cautela,
pois podem gerar prejuízos a terceiros ou à própria sociedade.
Sócio remisso é aquele que não integralizou as quotas em 5 anos, assim, a sociedade
possui algumas opções (arts. 1004 e 1008, CC).
O art. 1058, CC prevê situação em que a quota não integralizada torna o sócio
remisso, permitindo aos outros sócios, sem prejuízo do disposto no art. 1004, (preencher com
o artigo)
Características:
 Informação e limitação da responsabilidade social. As quotas são tanto para
sociedade de pessoas com responsabilidade limitada, como para a sociedade de
pessoas com sociedade ilimitada;
 Indivisibilidade – art. 1056, CC – ao corresponder a menor fração, não é possível
diminuir ainda mais o valor;
Exceção à regra da indivisibilidade: na verdade, o que acontece não é bem uma
divisibilidade.
Para o caso de transferência, caso em que as quotas continuam indivisíveis, o que é dividido
é a participação. Se o sócio tem uma quota, ele não pode transferir a metade, precisa ser a
quota toda; o que pode acontecer é o sócio transferir para várias pessoas (pode ser uma única
quota), caso em que se terá um condomínio. Isso acontece no caso de falecimento do sócio,
por exemplo.
Natureza jurídica
É um bem móvel que possui vertente dupla. Possui caráter patrimonial no que ela
vale, no que representa e pode trazer de lucros e resultado, mas também possui um caráter
pessoal, por caracteriza o seu status de sócio, como participação na sociedade no direito de
voto, na sua decisão em votos.
Copropriedade de quotas
Essa quota pode ter como detentores ou proprietários mais de uma pessoa.
O art. 1056, §1º, CC, fala do condomínio/copropriedade de quotas – caso em que a
representação será exercida por apena sum sócio para tornar viável o exercício dos direitos a
essa quota. No caso de herança, esse representante será o inventariante do espólio (§2º).
A quota continua sendo indivisível, mas a lei permite uma copropriedade, tanto por
situações inter vivos, como por situações causa mortis.
Quanto a responsabilização, essa recai sobre todos os condôminos. A responsabilidade é
sempre solidária.
A sociedade do código civil não previu diferenciação de quotas, como acontece na
LSA. A lei 6.404, cria categorias diferente das ações para a LSA.
A sociedade limitada ou ilimitada de pessoas não prevê distinção quanto às quotas, no
entanto, começou a se discutir que não era proibido. Porque não seria possível criar uma
sociedade de pessoas limitada com quotas preferenciais? Num primeiro momento, o DREI
negou tal requerimento; num segundo momento pensou em possibilitar a aplicação supletiva
das normas da LSA que se começou a admitir o uso das quotas preferenciais de forma
supletiva, desde que estivesse previsto no contrato social.
A IN DREI 81 pulverizou mais essa possibilidade permitindo-se, mesmo quando o
contrato for omisso. No primeiro momento o contrato precisava dizer que poderia se dividir
as quotas em ordinárias e preferenciais. A IN presumiu pela adoção de qualquer insituto
próprio das AS, se compatível com a sociedade limitada, por exemplo, na criação de um
conselho administrativo.
Hoje o entendimento é de que é possível ter quotas preferenciais numa sociedade
limitada, desde que a sociedade limitada aplique supletivamente a LSA ou, ainda que o
contrato seja omisso, ela precisa se utilizar das (...)
Art. 1059 – sócios precisam repor lucros e quantias retiradas, quando tais lucros se
distribuírem com prejuízo de capital.
O contrato da sociedade é social e plurilateral.
O sócio pode ceder (termo usado pois está-se diante de uma venda de um bem).
Ninguém é obrigado a permanecer contratado. O que o contrato pode prever é uma anuência,
por exemplo, pode criar uma cláusula, mas não pode vedar a cessão de quotas entre os sócios.
Quando tiver o direito de preferencia, é necessário observar a fórma do contrato, sob pena de
nulidade (art. 1003, CC).
Na omissão do contrato (art. 1057, CC).
Ao sócio ok, aos que não são sócios exige a aprovação ou não desaprovação de ¼ do
capital social, ou seja, 25% não podem se opor, se tiver oposição de mais 25%, a alienação
não pode ser feita.
REsp 1.309.188
Sem previsão contratual, Código Civil limita cessão de quotas.
Art. 1057, CC – c/c art. 1003, parágrafo único
Parágrafo único – a cessão terá eficácia contra terceiros a parti da averbação no órgão
competente. A partir da alienação, o adquirente entra, mas o alienante fica responsável pelas
obrigações da sociedade por até dois anos, contados da averbação.
Tema 3 – casos concretos
1ª - Questão: Joilson cedeu à Juvenal suas quotas na sociedade empresária Supermercados
Baratex Ltda. retirando-se da sociedade em 20/02/2016, sendo a alteração contratual
devidamente averbada Na Junta Comercial em 18/06/2016.
Anos após a retirada, Joilson teve seus ativos financeiros bloqueados para satisfação da
dívida de um credor quirografário da sociedade.
Irresignado, Joilson apresentou exceção de pré-executividade, aduzindo ter se retirado da
sociedade em 18/06/2016, data em que foi devidamente averbada a alteração do contrato
social relativa à cessão de suas quotas. Esclareceu ainda que as obrigações que deram ensejo
à ação de cobrança em desfavor da sociedade devedora se referem aos meses de dezembro de
2017 a agosto de 2018, ou seja, período posterior à retirada da sociedade. ]
Diante do caso concreto, indaga-se: o ex-sócio é responsável pelo pagamento de obrigação
contraída pela sociedade posteriormente à averbação da alteração contratual que registra a
cessão de suas cotas? Responda, fundamentadamente.
Resposta: Art. 1003, parágrafo único c/c art. 1057, CC. O sócio não é responsável pelas
obrigações contraídas pela sociedade posteriormente à averbação contratual, mas pelos dois
anos anteriores à averbação no órgão competente.
Usufruto das quotas
Não está previsto na lei.
Art. 1390, CC – produz efeitos depois de averbado no registro competente. Muitas
vezes o usufruto se forma por contrato de doação das quotas.
O usufruto, pode responder por dívidas, visto que é patrimônio.
Penhora de quotas sociais
O penhor das quotas sociais representa meio prático e eficaz de cumprimento de uma
obrigação. O art. 1026 possibilita a penhorabilidade das quotas.
O art. 1026 não se confunde com a desconsideração da personalidade jurídica.
Quanto ao entendimento do STF sobre o tema, precede-se dois momentos que pautaram
o entendimento.
(complementar com o material do professor)
Procedimento previsto para penhorabilidade no art. 789 do CPC.
REsp 1.803.250 SP – admite a penhora de uma sociedade em recuperação judicial.
2ª - Questão: Em um determinado processo de execução, em razão do não cumprimento da
obrigação de pagar, foi determinada a penhora das cotas do sócio devedor (Juan Carlos) na
sociedade Merlin Copacabana Hotel Ltda. Inconformados, o sócio apresentou embargos, no
qual argumenta a penhora das quotas da sociedade teria ofensa ao princípio da menor
onerosidade para a parte executada, visto que a constrição dos lucros e dividendos da referida
sociedade advinda seria suficiente para satisfação do crédito perseguido pelas exequentes.
Decida a questão, fundamentadamente.
Resposta: Princípio da menor onerosidade excessiva, no caso de existirem outros bens
possíveis de suprir com a obrigação. Por outro lado, não pode ser um argumento para não
adimplir ou embaraçar a obrigação.
 Assiste razão ao sócio executado, pois, em que pese o sócio responda pelas dívidas da
sociedade, deve se atentar para o princípio da menor onerosidade ao executado, haja
vista que haviam outros meios para quitar a dívida que não penhorar as quotas. O
artigo 835, IX do CPC prevê a possibilidade da penhora de quotas sociais de
sociedades simples e empresárias, tratando-se, no entanto, de medida extraordinária,
dada a posição em que figura na ordem preferencial desse artigo. O artigo 1026 do
CC, dispõe acerca do caráter residual dessa penhora, haja vista que não se justifica
processualmente a constrição de quotas sociais de empresa quando existem outros
bens penhoráveis no patrimônio do executado suficientes para a satisfação do crédito
do exequente. Portanto, considerando o acima exposto, devem ser acolhidos os
embargos opostos pelo sócio para que a execução recaia sobre os outros bens
disponíveis e suficientes a satisfação do crédito.
Caução de quotas = dar quotas em garantia
Oferecer as quotas sociais a outros como garantia da obrigação (...)
O direto de sociedade existe para qualquer situação, exceto na sociedade por prazo
determinado, caso em que o sócio será obrigado a cumprir com o prazo. No direito de
retirada, basta que o sócio (art. 1029, CC) notifique os demais sócios da intenção de sair e
proponha a apuração de haveres para sua retirada. O direito de retirada gera uma apuração de
haveres (ao contrário de liquidação, que ocorre quando há uma dissolução total).
A partir da notificação aos demais sócios, o prazo para apuração de haveres será de 60
dias e será nomeado um contador ou perito. Pode ser que ocorra a dissolução de haveres de
forma extrajudicial e a liquidação dos haveres de forma judicial, caso em que o magistrado
irá designar um perito.
2º tempo
26/05/2 10:10 CLAUDIO CALO SOUSA 0 SÓCIO NA SOCIEDADE LIMITADA.
2 às 4 Sociedade limitada entre cônjuges. Sócio
12:00 incapaz. Sócio remisso. Aquisição de quotas
do sócio remisso pela própria sociedade.
Hipóteses de responsabilidade ilimitada de
sócio. Acordo de cotistas.
SÓCIO NA SOCIEDADE LIMITADA
Natureza jurídica do sócio
 O sócio é um credor eventual – se a pessoa se torna sócio de uma limitada, ela é um
credor eventual. Credor porque tem direito à participação nos lucros. Lucro é o
crédito. Eventual porque o lucro é um risco/alia. [posição minoritária; posição do
Campinho]
Sócio não tem obrigatoriamente direito de crédito, mas pode uma pessoa ser sócia e possuir
uma operação de crédito.
 Sócio é um participante social – porque detém uma serei de direitos participativos
(lucros, deliberação, partilha) que a quota/ações lhe dão. Art. 109, 110, da LSA e art.
1008 do CC. [posição majoritária; Tavares Borba; professor entende que essa posição
é melhor].
O direito de participação consta do art. 109 da LSA.

Sócio NÃO é empresário


Empresário individual – pessoa natural, tem CNPJ e exerce a empresa – art. 966, CC. O
empresário pode ir à falência.
Sócio – não exerce a empresa, mas participa. O sócio não vai a falência.
Caio é empresário individual (art. 966, CC), exerce atividade empresarial, do ramo
de confecções. Simultaneamente, existe a padaria Ltda, uma PJ, cujo sócios são Caio e Tício.
Petrobrás S/A em que Caio é acionista.
O art. 1030, CC – “(...) o sócio declarado falido” – o que o artigo quer dizer: o sócio
que, na condição de empresário, seja declarado falido, será expulso da sua sociedade. Nesse
caso, a falência produzira efeitos para ele como sócio de sociedade. Essa falência repercute
na sociedade em que ele é sócio.
Decretada a falência do Caio, empresário, um dos efeitos é a arrecadação dos bens
para formar a massa falida, após serão vendidos para pagar os credores na forma legal. As
quotas da padaria e as ações da Petrobrás farão parte da massa falida. Caio será expulso da
Petrobrás e suas ações serão arrecadadas e serão vendidas na falência.
Quanto à sociedade limitada (padaria), a venda das quotas a terceiro pode afetar a
“affectio societatis” ou “bona fideis societatis”. As quotas não serão arrecadadas para serem
vendidas na falência e um terceiro comprar. Caio é expulso da padaria e será feita uma
apuração de haveres, para apurar quanto custa a quota do caio através de um balanço
patrimonial, vai haver uma solução interna corporis da sociedade. (art. 123 LFR). O que vai
para a massa falida são os haveres e não as quotas.
Sócio remisso x Sócio retirante x Sócio dissidente
 Sócio remisso é aquele que não cumpre com o seu dever legal de contribuir com o
capital social (art. 1058 c/c art. 1004, CC);

 Sócio retirante é aquele que exerce um direito de retirada (vontade própria) ou


direito de recesso. Posição dominante é o art. 1029, CC. Pode se retirar a qualquer
momento sem justo motivo; o sócio também pode sair da sociedade pelo falecimento;
pode sair pela vontade dos outros (expulsão);
No caso de falecimento: se ele tiver um herdeiro, Mévio, art. 1028 do CC, pode o contrato
social prever que o sócio que continua na sociedade veta o ingresso de herdeiro. Se os sócios
não concordarem deverá ser feita a apuração de haveres (liquidação da quota para saber
quanto vale a quota).
Condições para responsabilização do sócio que sai – art. 1032, CC:
 As dívidas da sociedade foram assumidas quando ele ainda era sócio;
 Prazo de dois anos, a contar do registro no órgão competente.
Art. 1032, CC
 retirada/expulsão -
 falecimento –
Se caio exercer o direito de retirada ou for expulso ele vai responder pelas dívidas antes de
sua saída, mas também responderá pelas dívidas após sua saída, mas antes do registro e,
ainda, responderá pelo prazo de dois anos após o registro. Observância ao Princípio da
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Se Caio morrer, ele só responde pelas dívidas antes do óbito. Após o óbito, mesmo que antes
do registro, não haverá responsabilidade. assim, no caso de falecimento de Caio, os herdeiros
deste responderão apenas pelas dívidas antes do óbito.
 Sócio dissidente é o sócio minoritário que ficou vencido na deliberação social. Em
virtude da dissidência ele pode exercer o direito de retirada. O sócio dissidente pode
ser sócio retirante. Mas nem todo sócio é retirante por causa da dissidência.
Sociedade entre cônjuge
Antes do CC, a lei era omissa e o entendimento era de que podia haver sociedade
entre cônjuge.
Ex.: Numa sociedade limitada em que Caio e Tícia eram casados pelo regime da
comunhão universal, antes do CC/02, podiam tranquilamente constituir sociedade entre
cônjuges e não havia vedação. O Professor Carvalho de Mendonça, antes do CC/02, entendia,
minoritariamente que não poderia se o regime fosse da comunhão universal. Eles poderiam
cometer alguma fraude no regime de bens, transferindo bens a terceiro, para pessoa jurídica.
Era minoritário porque ele presumia fraude e essa não se presume, se comprova.
Após o CC/02, o art. 977, CC, passa a tratar de forma restritiva a sociedade entre
cônjuge. A redação do art. 977 resultou no acolhimento da posição minoritária da posição do
professor Carvalho de Mendonça.
No RS tem um julgado que entende que o artigo 977, CC é inconstitucional porque
viola o art. 5º, XVIII e XX da CR/88. Esse artigo constitucional diz que é livre o direito de
associar-se e o art. 977 está restringindo o direito de associa-se, além disso fraude não se
presume, fraude se comprova.
A maioria da doutrina aplica o art. 977, CC. A inconstitucionalidade erga omnes não
foi declarada até o momento.
O art. 977 é aplicável às sociedades antigas, anteriores a 2002? Por exemplo, no caso
de um casal que faz sociedade em 2000, a regra do 977, CC/02 tem de retroagir? O
entendimento é de que o artigo 977 não se aplica as sociedades anteriores em razão DO art.
5º, XVI, da CR/88, pois a lei deve respeitar o ato jurídico perfeito. Isso serve tanto para as
sociedades heterônomas e heterogêneas.
Essa questão das sociedades chegou ao STJ – REsp 1.058.165, Ministra Nancy
Andrighy, o art. 977 se aplica tanto (ler o julgado)
Enunciado 205 da 3ª Jornada de Direito Civil – o art. 977 abrange a participação
originária (os cônjuges constituem a sociedade desde o início) e derivada (o cônjuge entra
depois da constituição da sociedade).
O artigo 977 tem interpretação restritiva – a interpretação deve ser de maneira estrita.
Facultam-se aos cônjuges “contratar” que diz respeito a formação, ao ato constitutivo. As
sociedades quanto a formação, podem ser contratuais (formada por contato social) ou
estatutárias (formadas por estatutos) ou chamadas de institucionais, são as chamadas
sociedades por ações. O art. 977 não está facultando aos cônjuges constituir, mas contratar,
então o seu campo de incidência é tão somente para as sociedades que tem um contrato
social (sociedade simples em sentido simples, em nome coletivo, em comandita simples e
ltda)
Enunciado 94 da 3ª Jornada de Direito comercial – o art. 977 não se aplica as
sociedades por ações. Isso também consta da Instrução 81 do DREI.
 Caio e a cônjuge casados pelo regime da comunhão universal não podem constituir
sociedade limitada. O art. 977, CC veda. A solução é alterar o regime, art. 1639, §2º,
CC – mudar o regime para a comunhão parcial e, nesse caso, poderão constituir
sociedade entre eles.
 Pode uma ltda ter sócio incapaz? Antes do CC/02 a questão era polemica porque a
lei era omissa. No Código Comercial havia o art. 308, que dizia que no caso de
falecimento de um sócio, se houvesse herdeiro menor ou incapaz não poderia fazer
parte da sociedade. Requião entendia assim.
Mas a posição dominante na doutrina e na jurisprudência do STF – RE 82.433/76 –
sustentava ser possível na ltda sócio incapaz. Nas sociedades com responsabilidade ilimitada
não poderia, mas na sociedade limitada a jurisprudência admitia sob condições cumulativas e
protetivas. Condições: I. precisa ser representado ou assistido; II. Não pode administrar a
sociedade para não causar prejuízo; III. O capital social deve estar integralizado, não é a
quota do incapaz, mas todo o capital está integralizado. Presentes esses requisitos o incapaz
pode fazer parte da sociedade.
A Lei 12.399/11 acrescentou o § 3º ao art. 974, CC – funciona como dispositivo autônomo,
não tem relação alguma com o art. 974, CC. Falhas do §3º:
 Topográfica: o § 3º não tem nada a ver. O art. 974 está no capitulo do empresário
individual e o § 3º tem a ver com sociedade. O art. 974 tem a ver com pessoa física,
empresária, individual. E o §3º tem a ver com sociedade limitada que tem sócio
incapaz.
 Registro público de empresas mercantis - esse é o nome do registro que é feito na
junta comercial, regulado pela Lei 8.934/94. O art. 974 dá a entender que está se
falando de sociedade empresária, mas na verdade está se tratando de sociedade
limitada.
 O legislador só usa a expressão sociedade – induzindo que qualquer tipo pode conter
sociedade com incapaz.
Enunciado 467 da 5ª Jornada de Direito Civil.
Obs.: O fato de haver incapaz na sociedade, se houver necessidade de aumentar o
capital, só se for integralizado, não pode haver subscrição.
Acordo de cotistas
Na LSA está previsto no art. 118.
Na ltda, não tem previsão na lei. Há o contrato social que é o ato constitutivo que não se
confunde com o acordo de cotista.
O acordo de cotista é um pacto parassocial, firmado por acordo de sócios, formado pelo
princípio da autonomia e da relatividade – quem quiser fazer parte do acordo faz e quem não
quiser não faz. O acordo possui efeitos intrínsecos, eficácia intramuros ou interna corporis.
O acordo é amplo, mas tem seus limites: não pode violar a lei, a ordem pública e o contrato
social. O que pode ser acordado? Distribuição de lucros, ajuste de votos, eleição do
administrador, qualquer matéria, é uma combinação entre os sócios. Não há obrigação de
registro no órgão competente, as partes podem registrar conforme sua conveniência.
Contrato social Acordo de cotistas
Natureza É um contrato É um pacto
jurídica plurilateral. parassocial, está a
parte do contrato social
Legislação regulado nos ats. 1054 Na LSA, art. 118
c/c art. 997, ambos do
CC c/c art. 35 lei 8934
+ art. 53 Decreto?
Finalidade  Disciplinar a  Relação dos
relação dos sócios que
sócios entre si; subscreveram o
 disciplinar a acordo.
relação dos  Não há
sócios com a obrigatoriedade
sociedade; de registro.
 disciplinar a
relação da
sociedade com
terceiros;
 disciplinar a
relação dos
sócios com
terceiros;
 Registro
obrigatório, ou
seja, o ato
constitutivo
deve ser
arquivado no
órgão
competente
É possível acordo de cotistas na ltda. Não há vedação legal, a sociedade ltda é contratual
(formada pela autonomia da vontade), logo, pode haver acordo de cotista desde que respeite a
lei, a ordem pública. A LSA pode ser aplicada supletivamente, assim não há nenhum
problema de ela ser aplicada. Ainda que ela não seja aplicável supletivamente, nada impede
que se valha da analogia.
Casos concretos
1ª - Questão: A sociedade empresária Pontualidade Impressões a Laser Ltda., atuante no setor
de impressões, vem passando por dificuldades em razão da obsolescência de seus
equipamentos. Por esse motivo, os sócios decidiram admitir Antônio como sócio.
Antônio subscreveu, no aumento de capital, uma quota no montante de R$ 303.000,00
(trezentos e três mil reais), se comprometendo a integralizá-las no prazo de dois meses. Os
sócios não exerceram direito de preferência e o cederam a Antônio. A alteração do ato
societário refletindo tal aumento de capital foi assinada por todos e levada para arquivamento
na Junta Comercial.
Contando com os recursos financeiros oriundos do aumento de capital e na esperança de
recuperar o mercado perdido, os administradores da sociedade adquiriram, em nome da
pessoa jurídica, os equipamentos necessários ao aprimoramento dos serviços,
comprometendo-se a efetuar o pagamento de tais aparelhos dentro do prazo de dois meses,
contando com a prometida integralização das quotas. Como Antônio não integralizou o valor
subscrito no prazo, a sociedade tomou as providências previstas para a constituição em mora.
Em função do inadimplemento de Antônio, Pontualidade Impressões a Laser Ltda. assumiu
expressiva dívida, na medida em que atrasou o pagamento dos equipamentos adquiridos e
teve que renegociar seu débito, submetendo-se a altos juros.
Indaga-se: a) É possível a exclusão de Antônio da sociedade? Justifique e fundamente.
Considerando que se trata de sócio remisso, há varias hipótese art. 1058 c/c art. 1004, CC.
b) É possível cobrar de Antônio indenização pelos prejuízos sofridos pela sociedade, caso ele
permaneça como sócio? Justifique e fundamente.
Resposta: sim, pois ele cometeu ato ilícito, independentemente de ele continuar como sócio
da sociedade. Art. 1058 c/c art. 1004, CC.
2ª - Questão: Helena e Heloisa são engenheiras agrônomas e filhas do falecido Álvaro, sócio
fundador de uma sociedade simples limitada em que o objeto é o desenvolvimento de novas
práticas de engenharia rural e preservação ao meio ambiente. Além das duas filhas existe uma
menor, Hilda, com dezesseis anos de idade a concluir os estudos para ingressar no curso de
engenharia. Considerando o falecimento do sócio fundador e ainda existência de dois outros
sócios na sociedade responda de forma fundamentada: a) As filhas poderão assumir a
totalidade das quotas pertencentes até então ao seu pai falecido?
b) É possível que Hilda faça parte do quadro social da sociedade?
Resposta: Depende. Art. 1028 do CC, pode haver permissividade ou não. Elas podem exercer
condomínio 1026, §1º do CC. Sobre Hilda, antes do CC/02 (...)
27/05/22

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA EM RELAÇÃO


A UM SÓCIO. Hipóteses. Falecimento de sócio. Direito
Envia
05 de retirada. Sócio dissidente. Exclusão de sócio. 2
do
Apuração de haveres. Ação de dissolução parcial da
sociedade.

ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE. A figura do


administrador. Investidura e destituição do
Envia
06 administrador sócio e do não sócio. Impedimentos. 2
do
Delegação de poderes. Administração conjuntiva e
disjuntiva. Responsabilidade do administrador.

Doutrina – Marlom Tomazette, Ricardo Negrão


SOCIEDADE LIMITADA
Administração
Legislação – art. 1.060 ao 1.080 do CC/02
“burocracia, rigor e formalismo”
Aula de hoje - Principal litígio sobre o direito societário.
Professor Paulo Penalva – tema dele é falência e recuperação
Uma das maiores mudanças com o Código Civil foi a mudança nesse trecho “1060 ao 1080).
A administração da ltda ficou cara, burocrática, pois o legislador se baseou na lei 6404 –
LSA, da década de 70.
Uma pj pode administrar outra pj? Art. 1060 do CC. A ltda é administrada por uma ou
mais pessoas (pessoa física, pessoa natural, e a PJ?)
1ª corrente - Escola paulista de direito – Raquel Stande, Erasmo Valadão – dizem que a lei
não proíbe a PJ de administrar, logo, é possível. [provas em SP]
2ª corrente – é verdade que a lei não proíbe/ não nega a ausência de proibição, todavia, apesar
de não proibir diretamente, analisando se encontra vários exemplos em que só a pessoa
natural pode administrar, como no art. 997, VI, CC. [corrente majoritária]
O administrador pode não ser pessoa não sócia? Sim. Art. 1060, diz que quem não é sócio
pode administrar uma PJ. A administração vai estar em instrumento público ou particular. O
cartório pode fazer um contrato social de uma ltda.
Formalidades para o cargo de administrador:
 Por instrumento público ou
 particular;
A administração pode ser genérica ou limitada. A genérica é aquela em que o
administrador pode fazer tudo, ele só não pode alienar e onerar bens. A administração
limitada é a regra, em que o administrador não pode fazer tudo, essa é a clássica na prática. O
instrumento que nomeou o administrador trará obstáculos para o exercício da administração.
Qual o prazo da administração? Cuidar em prova, pois tentam confundir com prazo do
conselho fiscal que é até o exercício social seguinte. O prazo na administração pode ser
determinado ou indeterminado.
Formas de saída do administrador da sociedade – pode acontecer por 3 motivos:
 Renúncia: precisa cumprir dois efeitos, o interno (comunicar a sociedade de que não
quer mais ser o administrador) e o externo (dar publicidade indo ao registro
competente que pode ser junta comercial ou RCPJ).
 Fim do prazo: alcançando o prazo, o administrador sai.
 Expulsão - termo técnico > Destituição : art. 1063, §1º, CC – para destituir é
necessário mais da metade do capital social.
Deveres do administrador
Art. 1011, CC – quando o tema da ltda for omisso aplica-se a parte da sociedade simples.
Caso queiram, os sócios podem estipular a regência supletiva das SAs e colocar no contrato
que a sociedade será regida pela LSA. É normal uma ltda misturar regras de simples e LSA.
E ambas podem ser usadas. O professor Fabio Ulhoa diz para ignorar o art. 1011, pois ele não
especifica os deveres do administrador e fala que se deve ir buscar na doutrina:
 Dever de diligência: administrador diligente é o administrador profissional, que cota
o melhor preço, escolhe o melhor contrato;
 Dever de lealdade: é o dever de não fazer concorrência com a própria sociedade –
não utiliza o maquinário ou serviços da sociedade benefício próprio; pode pegar um
funcionário da sociedade e colocá-lo para fazer trabalhos pessoais;
 Dever de prestar contas – art. 1020 e 1065, CC: é um dever social. O ato de
administrar é um ato social. O dever de prestar contar não diz respeito apenas aos
sócios, mas a toda sociedade. A Sociedade ltda unipessoal?
Responsabilidade do administrador
Responsabilidade é diferente de deveres. Ele não possui nenhuma responsabilidade. A
pessoa jurídica é uma pessoa. Quem contrata não é o administrador, mas a sociedade, assim,
o administrador não possui responsabilidade, salvo se ele descumprir os deveres, a lei, o
contrato social. A responsabilidade do administrador é uma exceção. O administrador
representa a sociedade – teoria da representação.
Ato ilícito de um administrador contamina os demais?
Em regra, não contamina os demais, salvo se eles sabiam e nada fizeram, caso em que
responderão por uma omissão.
Ex.: comunicar ao Conselho.
A prestação de contas exime o administrador de responsabilidades?
Em regra, a aprovação do balanço exime o administrador de sua responsabilidade,
salvo, vício, como fraude, simulação, dolo, casos em que haverá exceção.
Responsabilidade tributária do administrador
Art. 135, III, CTN -
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.”
Toda vez que se ler gerente, significa administrador.
No caso de o condomínio deixar de pagar um tributo, é justo a dívida recair sobre a
síndica?
STJ e Fábio Ulhoa – entendem que não se aplica o art. 135
(...) – pegar material
Se o desvio no pagamento aconteceu nua decisão assemblear, o administrador se
esquiva da aplicação do art. 135 do CTN? Nenhum acordo privado vigora para a Fazenda
Nacional. O administrador poderia sair da administração renunciando ao seu cargo.
Teoria dos atos ultra vires – ato em excesso do administrador – art. 1015, CC
Essa teoria vem do direito inglês, do latim “além da força” é positivada no art. 1015,
CC e estuda o ato do administrador que agiu em excesso. Antes do 1015 a jurisprudência não
era pacífica e nem a literatura. Havia duas correntes:
 A primeira corrente se baseava na Teoria da Aparência e na culpa in eligendo, na
qual a sociedade responde pelos atos em excesso do administrador;
 A segunda corrente é baseada no princípio da publicidade e na força do sistema
registral;
O art. 1015 está falando sobre administração genérica, e diz que sociedade responde
por tudo que o administrador fizer, essa é a regra. A Teoria da Aparência e a culpa in
eligendo prevaleceu. A segunda corrente estava prevista no parágrafo único que foi revogado.
A regra é que a sociedade responde pelas ações do administrador.
Conselho fiscal da sociedade
Começa no art. 1066, do CC.
O Conselho fiscal não é obrigatório na limitada. Na SA é obrigatório. Na limitada o
Conselho Fiscal é facultativo. Em toda sociedade anônima o Conselho Fiscal vai existir, o
seu funcionamento é que será diferente.
Numa SA fechada o Conselho Fiscal pode funcionar de maneira esporádica, diferente
de uma SA aberta, na qual o CF é permanente.
Qual a função do Conselho Fiscal?
É uma fiscalização técnica. Na assembleia de cotista a fiscalização é política e no CF
ela é técnica, matemática.
Qual a responsabilidade do Conselheiro Fiscal? Em regra, nenhuma. Salvo, se praticado
ato ilícito.
Qual o principal valor do Conselho fiscal? independência, ou seja, ausência de conflito de
interesses.
2º tempo
Sociedade limitada – introdução
Código civil > Art. 1028 ao 1031
Hipótese de “Resolução”
Esse tema resolução em relação ao sócio tem dois ângulos: um é código civil e o outro
é processo civil.
Novo Código de processo Civil > Art. 599 ao 609 – título III
A primeira mudança é no nome, nunca tínhamos positivado essa ação, antes era ação
de resolução parcial, hoje é ação de (...)
Quanto ao objetivo da ação
O objetivo da ação de resolução em relação a um sócio é a apuração de haveres e a
formalização da saída do administrador.
Quanto a competência
A competência para essa ação é a sede da sociedade ltda. No caso de um conflito
positivo de competência, caso em que o sócio falecer, a competência para a propositura da
ação de apuração de haveres será no juízo cível da sede da sociedade (REsp 1.459.192) e não
juízo cível do inventário, depois de decidido o objeto da ação a questão será levada para o
juízo do inventário.
O valor da causa será o valor das cotas debatidas no processo (art. 292, II, CPC).
O NCPC acabou com a problemática e hoje é permitido (...) (art. 599, §2º, CPC).
Quanto aos legitimados para a propositura da ação, tal previsão se encontra no art.
600, parágrafo único, CPC, são o cotista, etc.
No que tange a citação, os sócios e a sociedade serão citados, art. 601, parágrafo
único, 602, CPC. A citação pode ser tanto da sociedade, como de todos os sócios.
Da sentença: em não havendo litígio, (...) as custas serão repartidas e não haverá
honorários se não teve litígio (art. 603, CPC).
A natureza jurídica dessa sentença que formaliza a saída é de constitutiva
negativa. É possível movimento de urgência com tutela.
Apuração de haveres
A primeira coisa é analisar se o contrato social traz alguma forma de apuração, se o
contrato nada disser, o juiz nomeará um perito e fará um balanço especial/determinado
(considerar as despesas e o valor presente). O juiz vai fixar uma data da resolução, exemplo:
do óbito, da assembleia. (art. 604, I, II e III, 605, do CPC)
O valor incontroverso é motivo de levantamento pelo sócio que está saindo ou de seus
herdeiros.
Sociedade limitada – dissolução – análise civilista
Art. 1028 ao 1032, CC
Existem 4 formas de um sócio sair da sociedade:
 Forma consensual – não tem processo, mas apenas procedimento. Todos estão de
acordo com a saída e valor a pagar àquele que está saindo.
 Denúncia unilateral – o sócio comunica que está saindo.
Sociedade por prazo determinado – a saída do sócio precisa ter justa causa (não há conceito
na lei do que é justa causa).
Prazo indeterminado – o sócio comunica com 60 dias de antecedência e se retira – art. 1029.
 Recesso / retirada (maior conhecedor sobre o tema: Francisco Müssnich – dono do
BMA) – art. 1077, 1031, CC - quando acontecer coisa grave, exemplo: fusão, cisão.
 Rachel Sztajn e José W. Lucena entendem que qualquer mudança no contrato pode
dar o direito de retirada ao sócio.
 Outra corrente (doutrina majoritária) entende que a mudança deve ser
substancial/estrutural e, na dúvida, o juiz irá decidir.
Obs.: o direito de retirada é disponível, ou seja, pode existir cláusula no contrato social
dizendo que diante das mudanças descritas no art. 1077, o sócio X não pode exercer o direito
de retirada?
 O direito de retirada é sempre disponível;
 Doutrina majoritária - Fabio Ulhoa Coelho diz que a disponibilidade desse direito de
retirada não pode ser geral, mas precisa ser esmiuçado.
Aqui não há uma dicotomia entre os entendimentos, mas sim um debate quanto a ideia. Numa
prova, basta dizer que há uma corrente mais cautelosa do professor Fábio Ulhoa que pede
para que esse direito de retirada seja mais esmiuçado.
Há dois artigos: art. 1029, CC c/c 137 da LSA – a limitada pode ser regida por simples ou
sociedade anônima. Se a limitada for regida por SA, art. 137 da LSA é mais simples.
O direito de retirada pode ser fundamentado por dois caminhos: art. 1077 c/c art. 1029, CC
ou art. 1077, CC, c/c 137 da LSA. Essa previsão precisa estar no contrato social.
Art. 1032, CC – Na retirada, o sócio ou seus herdeiros não se eximem das obrigações sociais.
Aquele que sai responde pelas dívidas sociais do tempo em que integrava a sociedade.
Na saída da sociedade com registro feito no órgão competente, podem ser cobradas
obrigações sociais de dois anos para trás.
Saída da sociedade sem comunicação, cobrança de obrigações sociais pelo prazo de 2 anos,
mas como não foi dada publicidade, o boleto continua a chegar no nome do sócio.
O prazo para ser cobrado, se o sócio vai a registro, é de 2 anos do registro.
Se o sócio não levou a registro, deverá ser observado o prazo prescricional quanto à
obrigação objeto.
Na opinião do professor, somente são cobradas obrigações sociais, ou seja, obrigações como
sócio. Assim, o sócio não pode ser responsabilizado pelas dívidas da sociedade.
 Expulsão (exclusão é o nome técnico) – há duas formas: a primeira é a forma
pecuniária e a segunda é colocar a sociedade em risco.
 Remissão – caráter pecuniário – art. 1058 do CC. Na sociedade limitada o sócio
remisso é expulso. Mas essa expulsão pode ser por algo que não seja $,
 Pode ocorrer por conduta que coloque a sociedade em risco, caso em que a
sociedade pode opor ação de resolução ao sócio, em razão da prática de atos de
inegável gravidade (art. 1085, CC).
Há duas formas práticas dessa exclusão ocorrer:
 Exclusão de pleno direito – o falido - por exemplo, sendo o sócio falido ele será
expulso da sociedade. O sócio pode ser pessoa física ou jurídica. O sócio da sociedade
em nome coletivo e sócio da comandita simples e a lei de falência ou recuperação
equipara efeitos de falência ao sócio que responde ilimitadamente. Sócio não é falido,
só quem pode falir é a sociedade.
 Exclusão por justa causa – quando o sócio é remisso, quando ele pratica uma
atividade que coloque em risco a sociedade. O que seria uma justa causa? A lei não
prevê.
 O professor Sérgio Campinho entende que justa causa é ferir o dever de lealdade.
[entendimento majoritário]
 A doutrina minoritária diz que é quando tem briga. Só pode ser judicial.
Para a sociedade decidir expulsar alguém ela precisa deliberar internamente para depois
ajuizar a expulsão do sócio. Como conseguir deliberação interna para expulsar o sócio
majoritário? Somente o juiz poderá expulsar.
Enunciado 216 CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil.
Casos concretos
1ª - Questão:
Espólio de Alexandre Maia propôs ação de dissolução parcial de sociedade em face de
Francisco Maia e Álvaro Maia Administradora de Imóveis Ltda. - EPP, na qual alega como
causa de pedir a quebra da affectio societatis e a prática de concorrência desleal pelo sócio
administrador (Francisco), impedindo, inclusive, que os demais sócios - herdeiros de
Alexandre Maia - participassem da administração da sociedade.
O Juiz de Direito da 2ª Vara Empresarial julgou procedente o pedido formulado na inicial
para excluir o sócio Francisco Maia do quadro societário da sociedade, postergando a
apuração de haveres para a fase de liquidação de sentença.
Irresignado, Francisco Maia recorreu da decisão, sob o argumento de que somente se admite
a exclusão de sócio por falta grave no cumprimento de suas obrigações e por maioria dos
demais sócios integrantes da sociedade, desde que também possuam a maioria do capital
social, o que não ocorreu na presente hipótese, visto que o recorrente é o sócio majoritário da
sociedade.
Pergunta-se: é possível a exclusão judicial de sócio majoritário de sociedade limitada por
falta grave no cumprimento de suas obrigações, mediante a iniciativa da maioria dos demais
sócios? Responda, de forma fundamentada.
Resposta:
 Nessa questão, precisa dizer o que é falta grave, o que é justa causa.
 Sim, é possível a exclusão judicial de sócio majoritário de sociedade limitada por falta
grave no cumprimento de suas obrigações, mediante a iniciativa da maioria dos
demais sócios e até mesmo por sócio minoritário.
2ª - Questão:
Alfonso, sócio de uma sociedade limitada constituída em 2004, titular de 76% do capital
social, em reunião de sócios, aprovou, contra o voto dos demais presentes, a alteração do
objeto para substituir a atividade social, até então voltada para a comercialização de artigos
infantis, pela comercialização de artigos militares, inclusive uniformes. Dois sócios se
opuseram à alteração da atividade social, sob a alegação de ilegalidade na deliberação por
parte do sócio Alfonso, hipótese em que, exerceram o direito de retirada e com pedido de
liquidação de quotas com o respectivo pagamento.
Com base nos dados do problema, analise com a devida justificativa se a alteração do objeto,
nos termos descritos no enunciado, autoriza o recesso. Resposta justificada.
Resposta:
 A mudança do objeto social nesse caso foi substancial.
 Aqui é importante falar da alteração do contrato substancial.
1ª - Questão:
Savoy Indústria e Comércio Ltda. sociedade limitada composta por 13 sócios, cujo contrato
social prever a regência supletiva das normas da sociedade anônima, pretende instituir o
Conselho de Administração.
Pergunta-se: é possível a criação de Conselho de Administração na sociedade limitada, nos
moldes previstos na Lei 6.404/76, sujeitando-se também as regras e determinações
especificas da LSA aplicáveis a esse órgão deliberativo? Responda, de forma fundamentada.
Resposta:
 Falar o que é Conselho de administração – pequeno grupo dentro da administração
responsável para representar a companhia e representa-la para resolver questões
dentro da sociedade.
 Art. 1053, CC e 139 LSA.
2ª - Questão:
VALDECIR administrador de uma sociedade limitada, não autorizado pelo contrato social,
vendeu um bem móvel da sociedade deixando de entregá-lo ao comprador, Orlon Hernon. O
credor demandou a sociedade devedora para receber o bem. Citada, a ré alega, em preliminar,
que é parte ilegítima no feito, pelo fato de o administrador não ter poderes para realizar a
operação.
Examine a contestação da sociedade, sob os seguintes aspectos:
a) restrição de poderes do administrador consta do contrato social arquivado no registro
competente;
b) restrição de poderes do administrador consta de documento em separado, não arquivado no
registro competente.
Respostas fundamentadas.
Resposta:
 Ele agiu além dos poderes dele.
 Teoria dos atos intra vires.
 O administrador não tinha poderes para essa ação.
 Existem restrições dos poderes do administrador.
 Regra: sociedade responde pelos atos em excesso do administrador, salvo quando a
proibição estivesse no registro, porém foi revogado o § do art. 1015. Agora a
sociedade responde pelo excesso do administrador.
30/05/22
DELIBERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE
LIMITADA. Foro de deliberação: assembleia
ou reunião de sócios. Convocação.
08:00 Instalação, curso dos trabalhos e
30/05/2 LUIZ GUSTAVO NUNES 0
às instrumentalização da deliberação.
2 FERREIRA MOURAO 7
09:50 Assembleia anual. Quórum de deliberação.
Deliberações na microempresa e na
empresa de pequeno porte (Lei
Complementar 123/2016).
DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS NA SOCIEDADE LIMITADA
A deliberação dos sócios é a manifestação do desejo dos donos da sociedade. É o
órgão mais importante da sociedade. Os sócios podem deliberar sobre qualquer assunto.
A soberania e atribuição exclusiva (art. 1071, CC) – prevalece sobre deliberação de
qualquer outro órgão da sociedade.
Por mais que não haja uma determinação específica na lei sobre alguma matéria, os
sócios ainda assim podem deliberar.
Existem determinadas matérias que somente os sócios podem deliberar a respeito, rol
do art. 1071, CC:
Inciso I. aprovação das contas dos administradores;
Inciso II. Eleição dos administradores – cuidado com a Sociedades por Ações, que admite a
eleição dos diretores pelo Conselho de Administradores. Da mesma maneira que é a eleição é
a destituição. Os Sócios que vão deliberar o valor da administração que será paga ao
administrador. Na LSA há (...)
É prerrogativa dos sócios as alterações do contrato social. O contrato social é a base
do investimento feito pelos sócios. A alteração do contrato social só pode ser feita pelos
contratantes. Quem não é sócio não pode alterar o contrato social.
No inciso VI, trata de questões societárias e somente os sócios podem deliberar a
respeito.
A última hipótese é a lei de concordata, que significa o pedido de recuperação social.
A apresentação da ata de assembleia, inclusive, é um requisito necessário para o início da
ação. Se a ata não for apresentada a ação é extinta.
Formas de deliberação – art. 1072, CC
 Deliberações feitas por documentos celebrados por escrito – 1.072, §1º c/c 1.072, §3º
- há determinados assuntos em que são dispensáveis a deliberação, mas todos os
sócios precisam estar de acordo (indispensável a unanimidade) e assinar o documento
por escrito;
 As outras hipóteses de reunião pressupõe a forma de reunião ou assembleia – em
regra, as sociedades deliberam em assembleia, e esta necessariamente tem de cumprir
todas as formalidades previstas nos arts. 1.072/1.080 e também no art. 1.152, §3º, CC.
O contrato social pode prever que as deliberações sociais serão tomadas em reunião
ao invés de sê-lo em assembleia. A vantagem da reunião em detrimento das assembleias é a
possibilidade de os sócios determinarem formalidades diversas das previstas no CC para a
colheita das deliberações societárias.
Art. 1.072, §6º c/c art. 1.079, CC - Deliberações em reunião ao invés de assembleia -
Quando se faz uma assembleia o CC estabelece inúmeras formalidades. O descumprimento
dessas formalidades dá aso a nulidade da assembleia, mas por outro lado a assembleia é
dispendioso. Os sócios abrem mão dessas formalidades para diminuir os custos para os
sócios.
Dois requisitos para essa reunião: previsão no contrato social e ter até 10 sócios na
sociedade. No caso de a sociedade ter 12 sócios, pois um sócio faleceu e deixou 2 herdeiros,
essa reunião não poderá ser convocada. Quanto maior o numero de sócios mais relevantes se
fazem as formalidades para dar voz aos minoritários.
ASSEMBLEIAS
Primeiro ponto a destacar sobre as assembleias é obrigatoriedade. São obrigatórias as
assembleias nas sociedades com mais de 10 sócios.
O segundo ponto são as formalidades de convocação.
Art. 1.152, §3º, CC – as assembleias têm de ser convocadas através de publicações no
Diário Oficial, em jornal de grande circulação, por pelo menos três vezes, devendo a primeira
das três inserções ser realizada com pelo menos 8 dias de antecedência nos casos de primeira
convocação e, com 5 dias de antecedência nos casos de segunda convocação. Se tiver
comparecido, por exemplo, ¾ do capital social, mas se não alcançar o número de ¾ do capital
social, os sócios serão obrigados a fazer uma segunda chamada, sendo o segundo prazo
previsto em lei de 5 dias. Cada convocação dessa, publicada por 3x é cara, custa em torno de
10 mil reais cada convocação dessas hoje no RJ. Não é possível já fazer a segunda
convocação na mesma data da primeira, pois só se deve fazer a segunda se a primeira (3x
publicado) não funcionar. O objetivo é que de fato o sócio possa tomar conhecimento da
convocação. O problema de um vício de convocação é a nulidade da assembleia.
Art. 1072, §2º, CC – as convocações possuem caráter instrumental, ou seja, elas
existem para atingir um determinado objetivo. Se esse objetivo (ciência de todos os sócios)
for atingido de outra maneira, todo vício de formalidade inerente à convocação será sanado.
Quórum de instalação diz respeito ao número mínimo de sócios que precisa estar
presente a uma reunião ou assembleia para que ela seja validamente instalada. De acordo com
o art. 1.074, CC, em primeira instalação o quórum é de ¾, enquanto nas assembleias
realizadas em segunda chamada o quórum é livre. A abstenção de participação na reunião ou
assembleia é uma forma de manifestação de expressão.
Quanto a periodicidade, o art. 1.078 estabelece a obrigatoriedade de realização de
assembleias por pelo menos 1 x ao ano dentro dos 4 meses seguintes ao término de exercício
social. Essa assembleia se destina a aprovação das contas dos administradores e a deliberação
quanto a destinação do resultado econômico, além da eleição de administradores em caso de
término de mandato. No caso de não acontecer isso, a consequência é que a parti desse
momento qualquer sócio poderá convocar. A atribuição ordinária de convocação de
assembleia é dos administradores, mas se estes retardarem por mais de 30 dias a realização
de assembleia, os sócios passam a ter competência os Membros do Conselho Fiscal se esse
existir. Passados 60 dias, qualquer sócio pode convocar a assembleia.
Quanto a legitimação e representação – só quem é sócio pode comparecer a
assembleia, em regra, conforme previsto no art. 1.074, caput e §1º do CC. O Sócio, no
entanto, pode ser representado nas assembleias por procuração, mas a lei só admite que o
mandato seja outorgado a outro sócio ou advogado. Além disso, o art. 7ºdo Estatuto da
Advocacia estabelece o direito de todo cidadão ser assistido por advogado em reuniões.
Quanto a condução dos trabalhos – art. 1.075, CC – ao final da realização dos
trabalhos será lavrada uma ata que terá de ser assinada pelo presidente e pelo secretário da
assembleia. Quando se abre a assembleia a primeira coisa a ser feita é a lista de presença.
REUNIÕES
Cabimento – art. 1072, §1º, CC.
Requisitos: sociedades até 10 sócios e estar previsto no contrato social
É um ato livre que segue as formalidades impostas no contrato social. No tocante as
formalidades de convocação, as regras inerentes ao quórum de instalação, a legitimação para
participar do ato, assim como a periodicidade e a própria condução dos trabalhos, o contrato
social pode estabelecer diferente. O legislador tinha a intenção de facilitar, mas nada impede
que os sócios dificultem as deliberações sobre os temas.
Se o contrato for silente, aplica-se a legislação da LSA.
O DREI editou através de IN 79/2020 as formalidades para realização das assembleias
ou reuniões virtuais e nesse contexto foi inserido o artigo 1.080-A, CC. O parágrafo único
prevê a possibilidade de o sócio participar virtualmente, desde que o contrato social assim o
preveja.
Quanto ao quórum de deliberação – número mínimo de votos que uma determinada
deliberação precisa receber para que seja validamente aprovada - não se trata de mera
formalidade, ainda que haja deliberação em assembleia, não pode alterar quórum de
deliberação para baixo, pode alterar para cima. O CC estabelece a possibilidade de o contrato
social estabelecer quórum de deliberação mais rígido dos que os previstos em lei art. 1076,
III, CC – art. 1071, CC – quórum previsto de ¾ do capital social para hipóteses inerentes as
transformações sociais e com relação ao resto estabelece que é o quórum da maioria simples
dos presentes.
Além das hipóteses previstas no art. 1.076, CC, há quóruns de deliberação expressos no
art. 1.061 e no art. 1.073, §1º do CC. Fora do art. 1078 há somente essas duas hipóteses de
quórum de deliberação. O desrespeito ao quórum de deliberação dá aso a invalidade do
quórum de validação.
Direito de recesso – cabimento (art. 1.077, CC) – levar em consideração o conceito de
sócio dissidente, é aquele que não votou favoravelmente a deliberação. Os sócios que não
participaram também têm o direito de recesso. É lícita a retratação do direito de retirada. Art.
(? 1:00 gravação) LSA será utilizado supletivamente ou analogicamente quando o contrato
prever. Essa retratação da assembleia terá de ocorrer nos 10 subsequentes depois de acabado
o prazo para o exercício do recesso.
Responsabilidade civil do sócio perante a sociedade e perante a terceiros - O art. 1.010,
§3º prevê que o sócio está impedido de votar nas matérias que digam respeito aos seus
interesses pessoais. Qual é a consequência do desrespeito ao impedimento? 1ª consequência
diz respeito ao dever de indenizar, o art.1010, §1º c/c art. 187 do CC – indenizar com base
no ato ilícito. Essa deliberação votada pelo sócio impedido – art. 115, §3º da LSA, aplicável
na forma do art. 1053, CC. OBS.: Enunciado CJF 227, Jornada de Direito Civil.
Há outra hipótese de voto ilegal como no caso do art. 1080 do CC que estabelece a
responsabilidade ilimitada do sócio que votou em assembleia em desacordo com a lei ou com
o contrato social. Ex.: descumprimento de obrigações trabalhistas. Toda deliberação ilegal
gera responsabilidade ilimitada dos sócios - Enunciado 229 do CJF, Jornada de Direito
Civil.
A ata da assembleia precisa ser registrada na Junta Comercial e depois seja publicada no
Diário Oficial, a falta disso representa ineficácia da ata.
Micro e pequenas empresas – art. 70, LC 123/2016
Não é necessária a realização de reuniões ou assembleias para a colheita da anuência dos
sócios, qualquer que seja o assunto. Se colher num documento manifestação de sócios que
atinja o quórum de deliberação necessário, não é necessário a realização de reunião ou
assembleia. Para altera o contrato social, no caso de uma limitada, basta colher a assinatura
dos sócios em documento qualquer que seja registrado em Junta Comercial, basta apenas o
número mínimo de sócios anuindo para o ato.

1º caso concreto – o contrato social pode, numa sociedade com até 10 sócios e a reunião pode
ser convocada com até dois dias de antecedência, desde que seja previsto no contrato social.
2º caso – a irregularidade do registro da ata não induz a irregularidade da sociedade, mas
apenas a ineficácia perante terceiros que não participaram da deliberação da assembleia.

2º tempo
SOCIEDADES POR AÇÕES. Espécies.
Sociedade em Comandita por Ações.
Origem e características. Sociedade
10:10
30/05/2 0 Anônima. Histórico. Características.
às CLAUDIO CALO SOUSA
2 8 Nome empresarial. Objeto social.
12:00
Natureza jurídica do ato constitutivo.
Espécies de companhias: abertas e
fechadas.
O preâmbulo da LSA não cuida de S.A., mas sim de sociedade por ações (gênero). Há
dois tipos de sociedades por ações 1) Sociedade Anônima (S/A) e 2) Sociedade em
Comandita por Ações.
Já foi tema de prova oral: “Quais os tipos de S.A?” S.A. de capital aberto e S.A. de
capital fechado que constam do art. 4º da LSA.
Sociedade por ações
 Sociedade anônima
 Sociedade em comandita por ações

Nomenclatura e legislação
Se tratando de SA é preciso ter cuidado com a nomenclatura. O legislador usa o termo
sociedade por ações no preâmbulo da Lei 6.404/76.
982, parágrafo único, CC > sociedade por ações – o artigo diz que a sociedade
anônima e a sociedade em comandita por ações são sempre sociedades da espécie
empresárias independente do objeto que exerça.
Art. 3º, §4º, X, LC 123/06 – conceitua ME e EPP – o artigo diz que pode ser ME ou
EPP e poder ser simplificada, mas não pode haver enquadramento em ME ou EPP as
sociedades por ações. Ex.: numa SA, o examinador diz que tem uma receita bruta anual de
até 3.600.000,00 e quer ter no âmbito tributário o enquadramento no simples (empresário,
ME ou EPP – podem ser valer desse instituto) ou, no âmbito empresarial, entrou com pedido
de recuperação judicial (esse instituto só pode ser utilizado por ME ou EPP). Embora a S.A.
seja uma sociedade empresária e a receita bruta anual é aquém de 4.800.000,00, há a previsão
do artigo 3º, §4º da LC 123/06. As sociedades por ações não podem se enquadrar em ME
ou EPP.
No CC, em matéria de SA, há previsão no art. 1.088-1.089, CC e art. 1.160, CC – Lei
14.195/21.
E também há previsão na Lei 6.404/76.
Legislação:
O que prevalece?
O art. 1.089 do CC – 1º aplica-se a LSA e, em 2º lugar, o CC.
Por exemplo, tem um tema que está regulado no art. 1.160, CC e no art. 3º da LSA – o
1.160, CC, diz que a sociedade anônima deve se identificar por uma denominação e deve ter
S.A no início, no meio ou no final e, também pode substituir SA por CIA. O art. 1.160 não
diz que é vedado o uso da expressão Cia ao final. Se aplicar o art. 1.160 pode ser Vale do Rio
Doce Cia ou Cia Vale do Rio Doce.
Já o art. 3º da LSA diz que o termo SA pode constar em qualquer lugar como no art.
1160, pode usar “CIA”, entretanto, não pode ser usado ao final.
A posição dominante manda aplicar o DREI que manda aplicar o art. 3º da LSA.
A Lei 14.195/21 introduziu uma alteração no art. 1160, CC (artigo que não é
aplicado). Antigamente a SA tinha que usar a denominação e a lei exigia que devia ter uma
expressão que designasse o objeto, ou seja, “Gula Gula Restaurante SA”. Após a Lei
14.195/21, alterou o art. 1160, não exige mais expressão do objeto, agora a designação do
objeto é uma faculdade.
O art. 3º da LSA não exige a designação do objeto.
Desse modo, uma sociedade anônima precisa ter um nome, mas esse nome não
precisa conter objeto designado. Mas ainda que o art. 1160 do CC esteja mais parecido
possível, o que prevalece é o art. 3º da LSA que não exige a designação do objeto na
denominação do nome. Aqui a solução é o art. 1.089, CC.
Histórico
Onde surgiu a Sociedade Anônima?
Há uma 1ª posição que entende que a Sociedade surgiu na idade média em Gênova, na
Itália, através de uma instituição financeira denominada casa de São Jorge, no Séc. XV e
XVI.
Uma segunda posição entende que surgiu na idade moderna, no Séc. XVII com a Cia
das Índias Ocidentais.
No início, para constituir uma S.A. era um privilégio, uma outorga pessoal do
imperador, no caso do Brasil. Mais tarde, com o Código de Napoleão, passou a exigir uma
outorga estatal. Aquela outorga pessoal violava ao princípio da pessoalidade.
Em meados do sec. XIX, passou a ser exigida legislação própria, mas para alguns
casos ainda era necessário a outorga estatal.
No caso de se abrir uma instituição financeira (art. 17, Lei 4.595/64 – conceito de
instituição financeira). Qualquer um pode criar uma S.A. hoje, basta pegar a Nota Fiscal para
saber. Todavia, no caso das instituições financeiras, precisa da autorização do governo e
do credenciamento na CVM na S.A. de capital aberto. SA de capital fechado (...). Fabio
Ulhôa chama isso de dualidade de sistemas: regulamentação e autorização.
Características:
 É uma sociedade personificada – aplica-se o mesmo de personificação em sociedade
Ltda. Pode ser alvo da teoria da desconsideração da personalidade jurídica - art.
49-A, CC- S.A., por ser PJ, não se confunde com PF;
 Sociedades que sempre visam lucro;
 É uma Sociedade, em regra, Pluripessoal, ou seja, mais de 2 sócios – art. 80, I, LSA.
Ela pode ter eventualmente uma unipessoalidade? Sim.
 Subsidiária integral: art. 251, LSA – é uma S.A. que tem um sócio, esse único sócio
tem de ser uma sociedade brasileira.
 Empresa pública pode ser S.A. – no caso de o capital estar todo concentrado no
único ente público.
 Unipessoalidade Incidental temporária – sociedade tem dois ou mais sócios, ocorre
um incidente e, em razão deste, a sociedade fica com um sócio só – prazo no art. 206,
d, da LSA até a realização da próxima assembleia geral.
Na LSA anterior, exigia-se 7 acionistas, mas na nova legislação não é mais a correta,
atualmente precisa ter no mínimo 2 acionistas, regra, art. 80, I, LSA.
 Toda SA é empresária por força de lei – pode uma SA ter uma atividade não
empresária ou empresária, a SA será sempre empresária qualquer que seja o
objeto.
Caio e Tício criaram a Cia Agropecuária Bom Pastor (objeto rural). Se é uma Cia, é uma SA
– art. 3º da LSA e art. 982, parágrafo único, CC – sociedade empresária que tem obrigação de
se registrar na junta, conforme prevê o art. 32, Lei 8.934 e, além disso pode se valer do art. 1º
da Lei de Falência.
E, no caso de ser Agropecuária Bom Pastor Ltda?
A limitada pode ser empresária ou não, de acordo com o art. 984, CC ou 983, CC
Ademais, pode se afirmar que toda economia mista é empresária, porque tem de ser S/A.
 O ato constitutivo dela é um Estatuto ou Institucional – a S/A é criada por um
Estatuto/ou é chamada de Institucional.
Teoria da Instituição – Maurice Hauriou – jurista e sociólogo francês da universidade de
Tolouzee há vários doutrinadores brasileiros adotam essa teoria, segundo a qual, quando se
constitui uma S/A não se leva em conta apenas os interesses dos acionistas, há também um
interesse social, da comunidade, dos trabalhadores que é maior – art. 116, parágrafo único da
LSA consubstancia a teoria de Hauriou. A sociedade seria estatutária ou institucional.
 É uma Sociedade regular, registrada na Junta Comercial, porque ela é sempre
empresária, art. 1150, CC c/c art. 32, II, “a”, Lei 8.934. a presunção é relativa de ?
 Na S/A, o administrador pode ser sócio ou não – não precisa ser acionista para ser
administrador.
Novidade: Lei 14.195 – o administrador antigamente tinha que ser residente no país, hoje
não, pode ser residente ou não – art. 146 da LSA c/c Lei 14.195.
 O administrador na S/A tem que ser Pessoa Física (na Limitada é polêmica).
 Na S/A o administrador tem mandato – art. 143, LSA, 3 anos, permitida reeleição;
 O capital social é dividido em ações, participação societária. Todo Sócio de S/A é
acionista, mas nem todo acionista é sócio de S/A, por causa da Comandita por Ações
– pois nessa também há acionistas.
 A S/A pode ser de capital, na qual se leva em conta preponderantemente a
capacidade de contribuição dos sócios. É chamada também de impessoal, de intuito
pecuniae. (Quando falo em Sociedade de Pessoas, a sociedade é de Pessoas).
Obs.: e no caso da S/A de capital fechado?
Não tem autorização para negociar ações no mercado, é considerada sociedade familiar. Parte
da doutrina chama de sociedade intuito familiae, é aquela que não está autoriza pela CVM
para negociar seus valores no mercado de capitais.
Qual a natureza da S/A de capital fechado?
1ª posição entende que como ela é uma modalidade S/A ela também é de capital, não há
diferenciação de capital aberto ou fechado nesse sentido. Toda S/A é de capital, é impessoal,
é intuito pecuaniae.
2ª posição (STJ REsp 419.174/ REsp 11.294) e grande parte da doutrina sustentam que a S/A
pode ser, dependendo do caso, de pessoas – art. 36 da LSA, aplicável a S/A de capital
fechado – o artigo diz que o estatuto da S/A de capital fechado pode haver restrição a
circulação de ações, se houver essa restrição passa a ter caráter personalíssimo, art. 599, §2º
do CPC c/c art. 36, LSA. O CPC prevê a possibilidade de uma S/A de capital fechado ser
dissolvida por ação de dissolução parcial.
 Pode ter Conselho Fiscal – órgão que fiscaliza os administradores. Existência
obrigatória e funcionamento facultativo.
Obs.: art. 48-A da Lei de recuperação Judicial c/c art. 161 da LSA – se for uma S/A de
capital aberto, que requereu Recuperação judicial e está em recuperação judicial, a lei exige
que haja o Conselho Fiscal e que funcione.
 Pode haver cônjuge na mesma sociedade, porque ela é estatutária e não se aplica.
 Está sujeita a insolvência/falência (a limitada pode ser falência ou insolvência
dependendo se é limitada ou não).
 Está sujeita a recuperação judicial, em regra.
 Não pode ser ME nem EPP. Art. 3º, §4º, X da LC 123.
 Apesar de ser S/A tem nome que é uma denominação – art. 3º da LSA se sobrepõe ao
art. 1.160, CC – a S/A tem denominação e a expressão designativa do objeto é
facultativa.
 Pode na S/A o nome ser o número do CNPJ – art. 35-A da Lei 8934/94.
 É uma sociedade limitada, ou seja, a responsabilidade dos acionista possuem um
limite (não é igual à Sociedade limitada, na S.A os sócios respondem
subsidiariamente e entre eles respondem solidariamente pela parte que falta para
integralizar o capital) e não há solidariedade entre acionistas (Na S/A o acionista é
responsável pela integralização de suas próprias ações e não pelo capital).
Sociedade em comandita por ações
É regulada nos arts. 1090 ao 1092, CC.
O art. 1090 diz que primeiro se aplica o art. 1090 ao 1092 e depois vai para a LSA.
É uma modalidade de sociedade por ações, mas não é atrativa.
Características:
 Personificada;
 É uma sociedade;
 É Pluripessoal;
 É estatutária (não é contratual);
 É regular (registrada na Junta Comercial);
 É uma sociedade híbrida/mista no tocante à responsabilidade dos sócios;
 O administrador tem que ser sócio e pessoa física – art. 1090, CC c/c art. 146 da LSA;
e responde ilimitadamente, portanto – art. 1091, CC; no caso de haver somente um
acionista diretor, não há responsabilidade solidária, pois precisa ter mais de um
acionista diretor;
 O sócio pode ser pessoa física ou jurídica, mas como administrador precisa ser pessoa
física;
 O administrador não tem mandato, ele é nomeado no ato constitutivo – art. 143 LSA
c/c art. 1091, §2º do CC, pode ser destituído por 2/3 do capital;
 Não tem Conselho de Administração – é um órgão administrativo, facultativo e
deliberativo). Por sua vez, a diretoria é um órgão da administração, obrigatório,
executivo. Na falta de Conselho de Administração terá Assembleia geral.
 Pode ter sócios cônjuge (independente do regime), porque ela é estatutária, não é
contratual;
 Está sujeita a falência e a recuperação judicial, em regra.
 Art. 1090 do CC - Seu nome pode ser firma ou denominação sempre seguida da
expressão “Em Comandita por Ações”. Hoje tem uma terceira opção, pode ser usado
o CNPJ.
 Responsabilidade mista – os acionistas diretores respondem ilimitadamente e os
acionistas não diretores respondem limitadamente. Se houver dois ou mais diretores,
haverá responsabilidade solidária – art. 1091, §1º do CC.
Casos concretos:
1ª questão – características principais são as peculiares – resposta está acima.
2ª questão – o problema é conjugal, não tem a ver com o problema societário. Em se tratando
de S/A nada impede que ela fosse sócia, mas ela não é sócia, assim, não há como se opor a
venda de ações do marido, não há interesse.
André pode propor ação de dissolução parcial, art. 599, §3º, CPC e Enunciado 390 do CJF.
É um instrumento para que fundamentalmente as Cias obtenham financiamento para o
exercício de suas atividades, então, é um ambiente por meio do qual as Cias, as SAs obterão
financiamento para o exercício de suas atividades. Elas obtém esse crédito mediante a
negociação de seus títulos/valores mobiliários no mercado. Essa negociação de valores
mobiliários é uma forma de captação de recursos popular para o exercício da sua atividade. A
Cia também pode obter credito junto às instituições financeiras, mas essas são burocráticas e
muito mais caras e isso torna a obtenção de financiamento muito dispendiosa para as Cias.
Assim, o mercado de capitais é uma ferramenta importante para que a Cia possa obter
recursos de modo mais barato, menos dificultoso para financiar a sua atividade.
Essa obtenção de recursos pelas Cias se dá fundamentalmente pelo lançamento de
ações, debentures e outros títulos. Esse lançamento se dá por meio de uma instituição
financeira autorizada pela CVM a fazer essa distribuição dos valores mobiliários dos títulos
da Cia.
Salvo as hipóteses que a Lei e a Instruções Normativas 480 e 400 da CVM que
autorizam que a Cia faça o lançamento direto de seus títulos no mercado ela irá precisar de
um contrato que é o contrato de underwrinting.
VALORES MOBILIÁRIOS
Os valores mobiliários podem ser observados pela ótica do titular quanto pela ótica da
Companhia.
Sob a ótica do titular, o valor mobiliário é um título de investimento – que o faz
como forma de obter os ganhos que esse título oferece –, esse investimento, em regra, é de
risco. Na maioria dos títulos de valores mobiliários o direito de crédito é um direito eventual,
por exemplo, a ação confere ao seu titular o direito dos dividendos, mas esses dividendos não
são título, a ação não corporifica o direito de crédito eventual. Além do lucro obtido com a
própria receita do valor mobiliário, o valor mobiliário é negociado no mercado. O titular tem
expectativa de ganho tanto pelos frutos provenientes do título, quanto na possibilidade de
negociação desses títulos no mercado.
Sob a ótica das Companhias, os valores mobiliários são fonte de receita, de crédito.
No art. 2º da Lei 6.385/76, o legislador elenca as espécies de valores mobiliários e o rol
é tido como taxativo, o que impede que algum órgão/agente crie algum outro valor
mobiliário, por exemplo o Conselho Monetário Nacional. Em que pese a taxatividade do rol,
existe uma cláusula ampla de caracterização como valor mobiliário que está no inciso IX do
art. 2º da referida lei.
MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Pode ser definido como o conjunto de instrumentos e instituições que possibilitam as
negociações de valores mobiliários entre os agentes investidores e os agentes captadores de
recursos, que são as Companhias.
É no mercado de valores mobiliários que ocorrerão as negociações. O mercado de
valores mobiliários se divide em:
a) mercado primário: A própria expressão permite que se entenda o que é. O
mercado primário é aquele em que há o lançamento primário dos valores/títulos ao público, a
relação direta entre a Cia emissora do valor mobiliário e o investidor.
b) mercado secundário: é responsável pela revenda dos títulos, pela negociação entre
os investidores.
O mercado de valores mobiliários é constituído essencialmente pelas bolsas de valores
e mercados de balcão, regulados na Lei 6.385/76.
 Bolsas de valores: são PJs, tem personalidade jurídica própria e integram o sistema
de distribuição dos valores mobiliários nos termos do art. 15, IV, da Lei 6385/76. Elas
possuem autonomia administrativa, financeira e patrimonial, mas atuam sob a
fiscalização da CVM. São consideradas órgão auxiliar da CVM. Precisam estar
registradas na CVM que irá fazer a fiscalização sob a atividade das bolsas de valores.
O art. 18, I, “f”, da Lei 8365/76 trata da competência da CVM.
As negociações nas bolsas de valores envolvem os recursos públicos da população.
Por esse motivo sofrem fiscalização da CVM sobre atividade negocial privada. O que
justifica essa fiscalização entre os particulares que estão negociando é a atuação da CVM
(mesmo raciocínio para instituições financeiras). O objetivo é a proteção dos recursos do
público.
As bolsas de valores são criadas para manterem um ambiente seguro, evitando que os
titulares negociem diretamente os títulos assumindo os riscos das negociações. As
negociações e as operações dos valores mobiliários se dão por meio de pregão (hoje é
eletrônico).
 Mercados de balcão: exerce a função tanto de mercado primário como de mercado
secundário, ou seja, neles se fazem tanto o lançamento quanto a venda dos títulos
novos e de revenda. Os mercados de balcão também integram o sistema de
distribuição de valores mobiliários (art. 15, V, Lei 6385/76). Tudo aquilo que se opera
fora das bolsas se dá no mercado de balcão. As negociações no mercado de balcão se
dão por meio da intervenção dos agentes: bancos múltiplos, sociedades corretoras,
sociedades (?) e agentes autônomos credenciados.
Nos termos do art. 21, §3º e §5º da Lei, o mercado de balcão pode ser organizado e
não organizado (essa expressão sofre crítica da doutrina). o mercado de balcão organizado
(art. 21, V) se utiliza de um sistema centralizado, fiscalizado pela CVM, como ocorre com as
bolsas de valores.
Já o mercado de balcão não organizado exerce sua atividade de modo residual, por
exclusão (art. 21, §3º). Tudo o que não é operado na Bolsa e em Balcão organizado se opera
em balcão não organizado. A atuação no balcão não organizado é mais livre na negociação de
preços.
O mercado de balcão não organizado não possui personalidade jurídica.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
A partir do art. 5º da Lei 6385/76, tem-se a criação da CVM.
A CVM é uma pessoa jurídica, possui personalidade jurídica própria, é autarquia, é
vinculada ao Ministério da Fazenda, mas tem patrimônio próprio e não se subordina ao
Ministério da Fazenda.
As funções da CVM estão previstas no art. 8º da Lei. Possui função consultiva,
fiscalizatória, uma função registraria e uma função regulamentar. Os agentes do mercado
de valores frequentemente fazem consultas à CVM sobre operações, sobre prática e a CVM
emite pareceres sobre a legalidade dessas práticas, portanto, é órgão consultivo. Exerce
função fiscalizatória na medida em que fiscaliza a bolsa de valores e o mercado de balcão
organizado e paralelamente um sucedâneo dessa função fiscalizatória é a função registraria,
uma vez que o agente precisa se registrar na CVM. Por fim, há a função regulamentadora que
suscita inúmeros debates/controvérsias. A CVM edita normas para regulamentar o mercado
de valores mobiliários. A grande discussão nesse poder regulamentar é dos limites
constitucionais que se impõem nesse poder, pois o poder regulamentar é um poder
complementar a lei. O que se discute são alguns casos em que a CVM inovaria por meio de
suas INs. O que prevalece amplamente é que esse poder regulamentar é pleno, ela é tida
como uma agência reguladora.
REGISTRO DAS CIAS ABERTAS – LEI 6404/76
As cias se dividem em cias abertas e fechadas. A grande diferença entre elas diz respeito
a possibilidade de oferta pública de seus valores (art. 4º, Lei 6404/76 e art. 22, Lei 6385/76),
característica essa da Cia aberta.
No caso das Cias abertas, exige-se o registro na CVM, o que justifica esse registro junto
ao órgão fiscalizador é a negociação pública. Esse registro e essa fiscalização são
regulamentados pela IN CVM 480, sem prejuízo das disposições da Lei 6385 e da Lei 6404.
Além do registro das Cias abertas, os valores negociados pelas Cias abertas também
dependem de registro na CVM (art. 1º, da IN 480 da CVM). Esse registro possui tanto o
objetivo fiscalizatório quanto o de segurança, para que o público tenha a ampla circulação
dos títulos da Cia e de como ela negocia, a fim de cumprir o princípio do disclosure
(divulgação).
Uma vez registrado na CVM, a Cia passa a cumprir certas obrigações, como a obrigação
de passar informações relevantes ao mercado.
Mas há exceções à necessidade de registro da Cia na lei 6385/76, uma das hipóteses está
regulada na instrução normativa 476/09 da CVM, que trata dos valores mobiliários com
esforços restritos (são valores voltados a investidores profissionais que tem a plena
capacidade de reconhecer os riscos das negociações – objetivo dessa oferta é atingir esse
público que atinge maior risco). O art. 1º da IN 476 diz quais são os títulos que podem ser
negociados por esses investidores profissionais. O rol do art. 1º é taxativo.
A instrução normativa da CVM 480 regulamenta o §3º do art. 4, da Lei 6404/76, faculta
à CVM a possibilidade de registrar as Cias abertas segundo duas categorias: A e B. o
registro de cada uma delas será requerido pela cia emissora. As categorias A e B se diferem
pela amplitude dos valores que podem ser negociados por essas cias. As cias de categoria A
podem negociar quaisquer valores mobiliários, enquanto as Cias de categoria B apenas
negociam os títulos que estão no art. 2º, §2º da IN CVM 480, são: ações e certificados de
ações ou, valores mobiliários que confiram ao titular o direito de adquirir os valores
mobiliários no inciso I, etc.
FECHAMENTO DO CAPITAL SOCIAL
Art. 4º e 4º-A da Lei 6404/76.
É o cancelamento do registro de uma Cia aberta junto a CVM, transformando a Cia
aberta em uma Cia fechada. A decisão pelo fechamento do capital é exclusiva tanto da Cia
quanto dos seus acionistas, especialmente o controlador.
Essa ação de fechamento do capital tem forte intervenção e fiscalização da CVM, pois
afeta fundamentalmente o direito dos minoritários que irão perder valor de mercado, liquidez
de suas ações. Por essa razão, a lei assegura para os minoritários o direito de reaver os valores
investidos com a aquisição das ações quando do fechamento do capital porque não é causa
autorizada pela lei de direito de recesso ou retirada do acionista o fechamento do capital.
O fechamento do capital social não confere o direito de retirada (art. 1.029 código
civil c/c 137 da LSA) e ser reembolsado por suas ações (nos termos do art. 137 da Lei 6404),
assim o legislador criou um mecanismo para assegurar aos minoritários o direito de reaver o
valor investido.
A lei 6404, no art. 4º e 4º-A, no fechamento da Cia aberta, o controlador (geralmente a
iniciativa é do controlador) deve fazer uma proposta de aquisição de ações (OPA- oferta
pública de ações) para adquirir as ações que estão em circulação no mercado. Quem é que
define o preço justo para aquisição dessas ações? Quem define é aquele que irá adquirir essas
ações. O legislador previu critérios para definição desse valor, esses critérios são aplicados
alternativamente. No art. 4º-A o legislador prevê a possibilidade dos titulares de no mínimo
10% das ações no mercado possam requerer aos administradores da cia a convocação de uma
assembleia especial para fazer uma reavaliação do valor das ações. O §1º dá um prazo
decadencial para que se formule esse requerimento que é de 15 dias a contar da divulgação da
oferta pública, os acionistas devem requerer aos administradores que convoquem assembleia
geral para deliberarem sobre novo preço das ações.
No caso de a nova avaliação encontrar valor inferior ao da oferta pública realizada, esses
acionistas que requereram a nova avaliação, bem como aqueles que votaram na assembleia
pela nova avaliação terão de reembolsar a Cia pelas despesas que ela teve pela realização da
assembleia, pela contratação com os profissionais que fizeram a nova avaliação.
No caso de o valor encontrado na assembleia ser superior, quem terá de reembolsar a cia
será o controlador. O controlador não está obrigado a pagar valor maior, pois ele está
vinculado a oferta pública que ele fez, o que lhe dá a oportunidade de ele desistir da venda
das ações, ressalvada a questão de ele ter de reembolsar a Cia pelas despesas que ela teve.
FECHAMENTO BRANCO – OFERTA PÚBLICA POR AUMENTO DE
PARTICIPAÇÃO – ART. 4º, §6º da Lei 6404
É chamada de fechamento maquiado, se traduz na hipótese em que o agente vai
adquirindo ações do mercado e, no caso de essa retirada de ações levar a uma liquidez das
ações dos minoritários, o controlador será obrigado a fazer essa oferta pública de aquisições
de ações nos termos do art. 4º, §6º, da Lei 6404/76(IN CVM 361/02 – arts 26-28).
Os titulares dos valores mobiliários não são obrigados a vender, mas se no final da OPA
restar menos de 5% das ações da Cia, a assembleia geral pode decidir pelo resgate dessas
ações da Cia, caso em que a Cia irá depositar as ações em instituição financeira autorizada
pela CVM e o titular irá resgatar o valor (art. 4º, §5º da Lei 6404).
CASOS CONCRETOS
1ª - Questão: Vital Construtora S.A., companhia aberta devidamente registrada na Comissão
de Valores Mobiliários, tem o seu capital dividido da seguinte forma: 55% de suas ações são
detidas pelo acionista controlador, Sr. Joaquim Silva, fundador da companhia; 20% das ações
estão distribuídos entre os Conselheiros de Administração; 5% estão em tesouraria. O
restante encontra-se pulverizado no mercado. Em 15/4/2017, a Companhia divulgou Edital de
Oferta Pública de Aquisição de Ações para Fechamento de Capital, em que as ações da
Companhia seriam adquiridas em mercado ao preço de R$ 5,00 por ação. Diante da
divulgação, um grupo de acionistas detentores em conjunto de 5% do capital social
(correspondente a 25% das ações em circulação) da companhia apresenta, em 25/4/2017,
requerimento aos administradores, solicitando a convocação de Assembleia Geral Especial
para reavaliar o preço da oferta, uma vez que foi adotada metodologia de cálculo inadequada,
o que foi comprovado por meio de laudo elaborado por uma renomada empresa de auditoria e
consultoria. Em 5/5/2017, a administração da companhia se manifesta contrariamente ao
pedido, alegando que este não foi realizado de acordo com os requisitos legais. Pergunta-se:
 Está correto o argumento da Administração da Companhia?
Não, pois preenche os requisitos da lei, ou seja, o prazo e a porcentagem acima da mínima
das ações.
 Diante da negativa, que medida poderiam tomar os acionistas?
Nesse caso, os próprios acionistas passam a ter legitimidade para fazer a convocação no
prazo de 8 dias.
2ª - Questão: Arminda e Rose são diretoras da Companhia Araguaia de Mineração S/A e
deixaram de comunicar aos investidores pela imprensa e à Bolsa de Valores um fato relevante
ocorrido nos negócios da companhia, por entenderem que sua divulgação poderia colocar em
risco o legítimo interesse da companhia, além de frustrar a realização da operação, que
deveria ser mantida no mais absoluto sigilo por cláusula de confidencialidade durante as
tratativas. Diante do caso concreto apresentando, responda se a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) poderá tomar alguma medida quanto à não divulgação do fato relevante?
Justifique.
Resposta: sim, art. 157, §5º da Lei 6404/76 – dever de informar.

2º tempo

CONSTITUIÇÃO DA S.A
É ato complexo e está regulada a partir do art. 80 da Lei 6404/76, e se desdobra em 3
etapas. Os requisitos preliminares estão previstos no art. 80 da Lei.
 Subscrição da integralidade das ações em que se divide o capital social por pelo
menos duas pessoas;
O ato de subscrição é uma promessa, um compromisso que o subscrito faz perante a
Cia de pagar aquele valor que ele se comprometeu de pagar aquele valor. A subscrição se
realiza mediante a integralização que é o efetivo pagamento das ações.
A responsabilidade do acionista é limitada ao preço das ações. Ele só tem uma
responsabilidade perante a Cia que é a de pagar aquele preço que subscreveu.
A subscrição deve ser feita por no mínimo 2 pessoas (pluripessoalidade), mas há
exceções de sociedades anônimas unipessoal (art. 241, Lei 6404 – subsidiárias integrais),
outra exceção é a empresa pública que pode ser criada por apenas uma pessoa jurídica.
 A realização ou integralização de no mínimo 10% do capital em dinheiro:
O capital pode ser integralizado com bens ou dinheiro, vedado o sócio de serviço
(aquele que entra somente com o trabalho), mas a lei exige que 10% do capital seja
integralizado com dinheiro.
Há casos em que o legislador exige uma porcentagem maior, por exemplo, as
instituições financeiras, em que o art. 27 da lei 4594/64 exige que o mínimo de 25% do
capital seja integralizado em dinheiro.
 Depósito dos valores das instituições em instituição financeira autorizada pela CVM a
manter conta de deposito ou banco do brasil;
O art. 81 da Lei 6404/76. Essa conta é especial, incide juros e os valores serão
depositados até a formação da cia. A conta é em nome do subscritor, mas em favor da Cia em
constituição.
Uma vez constituída a Cia, no prazo de 6 meses, o dinheiro irá para cia, e não se
constituindo a Cia no prazo de 6 meses (decadencial) os valores voltarão para as mãos dos
investidores.
FASE DE CONSTITUIÇÃO DA CIA (Sociedades Anônimas)
Essa fase pode se dar por subscrição pública ou subscrição particular de ações. Nas Cias
abertas, ocorrerá a oferta pública das ações. Mas se a Cia criada for fechada a negociação será
privada.
O procedimento de subscrição pública é mais formal, mais complexa, terá que se
requerer a CVM um prévio registro para se realizar o lançamento público das ações, que se
dá por meio de uma Instituição Financeira por contrato de underwriting, mas exige
inicialmente uma assembleia de constituição.
A partir do art. 86 da Lei 6404/76, tem-se a previsão da convocação da assembleia. A
subscrição tem de ser integral a integralização se dará por bens ou dinheiro. Quando se der
por bens, é necessário realizar uma assembleia de avaliação prévia (art. 8º da Lei 6404/76).
Na hipótese de haver divergências na avaliação do bem podem frustrar a constituição
da Cia.
Ultrapassada a fase de avaliação passa-se à assembleia de constituição (art. 87). A
assembleia de constituição precisa de quórum da metade do capital social para primeira
convocação. Já em segunda convocação, a assembleia se instala com qualquer número.
A assembleia de constituição é composta por todos os subscritores de ações da cia,
independentemente da classe da espécie de ação e todos os subscritores terão direito, ainda
que a ação que ele está adquirindo seja uma ação sem direito a voto.
Quanto ao quórum de aprovação para constituição da Cia (art. 87, §3º, Lei 6404),
quórum negativo, pois a lei exige que haja uma oposição de mais da metade, se não houver a
cia se constitui.
CONSTITUIÇÃO NAS CIAS FECHADAS
Na constituição das Cias fechadas a fase de subscrição se dá por subscrição particular,
ou seja, não há oferta pública de ações, nem registro na CVM, é um procedimento menos
burocrático, menos oneroso.
Mas pode haver assembleia dos subscritores particulares, se assim o subscritor optar.
Na subscrição particular todos os subscritores ganham a qualidade de fundador, e pode ser
por assembleia ou por escritura pública (chamada de constituição simultânea, porque se faz a
escritura pública já registrando). O Estatuto da Cia estará incorporado na escritura e todos os
subscritores devem assinar a escritura.
Formalidades complementares
Estão tratadas a partir do art. 94 da Lei. Segundo o art. 94, nenhuma Cia/S/A pode
funcionar sem registro na junta comercial. Não há S/A irregular, em comum. No caso de ela
funcionar sem registro, art. 99, a ausência de registro gera a responsabilidade pessoal dos
primeiros administradores.
O art. 95 – exige o arquivamento na junta de diversos documentos para que se cumpra a
formalidade complementar e tenha a regularidade da S/A.
No caso de ser constituída por escritura pública, basta o arquivamento de certidão do
instrumento, nos termos do art. 96 da Lei 6404/76.
Assim, depois do registro os administradores irão publicar o ato do registro em Diário
Oficial, estando cumpridas as formalidades complementares e o procedimento está acabado,
nos termos do art. 98.
CAPITAL SOCIAL
A partir do art. 5º.
É o conjunto das contribuições dos sócios para a constituição da Cia. É o montante
mínimo necessário para que a sociedade exerça sua atividade. Não se confunde com o
patrimônio em si, porque o patrimônio é muito mais amplo do que o capital social.
O capital social é o patrimônio mínimo e só guarda relação com o patrimônio no
momento da constituição da cia. Durante a vida da sociedade se dissocia a ideia de
patrimônio do capital social porque o patrimônio é flutuante e varia conforme o sucesso e o
insucesso da sociedade. O número que consta no capital social serve para que o credor saiba
qual a força econômica da sociedade, ou seja, é a garantia para os credores.
Há uma hipótese de redução obrigatória do capital social, que ocorre quando a
sociedade passa por alguma ocorrência que faz seu capital diminuir drasticamente sem
possibilidade de retomar o valor anterior.
Princípios do Capital Social
 Determinação: o capital social tem de estar determinado no ato constitutivo, tem de
ter um valor determinado.
 Efetividade: o capital social deve representar efetivamente a contribuição dos sócios
para sua formação. Esse princípio é chamado de princípio da veracidade por alguns.
 Estabilidade ou perenidade: esse princípio diz-se que o capital social tem de se
manter estável, perene, não é volátil como o patrimônio. Essa perenidade do capital
não significa imutabilidade, mas só pode ser alterado nas hipótese previstas na lei,
sendo possível a sua alteração tanto para cima ou para baixo.
Hipótese de aumento do capital - art. 166, Lei 6404/76
Há hipóteses de aumento e formas de aumento. O artigo 166 trata das hipóteses de aumento.
Há 4 hipóteses:
 Inciso I - Por deliberação da assembleia geral ordinária para correção da expressão
monetária. Essa hipótese foi muito criticada porque correção não é aumento. A
doutrina majoritária entende que essa hipótese está tacitamente revogada pela art. 4º,
Lei 9249/95.
 Inciso II – aumentos nos casos de sociedade anônima de capital autorizado – art.
168 da Lei. São aquelas sociedades em que o estatuto já prevê a autorização para
aumento do capital e estabelece o limite do aumento que pode ser percentual ou valor
determinado. Esse aumento pode se dar por decisão da assembleia ou do Conselho de
administração.
 Inciso III - É a única hipótese de aumento obrigatório do capital – conversão em
ações de títulos da Cia convertidos em ações, por exemplo, debêntures. Isso
configura a efetividade do princípio da efetividade.
 Inciso IV – hipótese geral/ampla – para quando os acionistas querem aumentar o
capital, assim, fazem a reforma do capital social, que pode se dar quando não tem
autorização para aumento, seja porque já esgotou a possibilidade de aumento.
Formas de aumento do Capital Social
 Subscrição de novas ações – se aumenta o capital se criando novas ações. Essa
forma de aumento se aplica diretamente nas hipóteses de sociedade de capital
autorizado, nas hipóteses de reforma do estatuto e se aplica indiretamente na
conversão de outros títulos em ações. O capital social deve estar integralizado em no
mínimo ¾ (art. 170).
 Capitalização de lucros e reservas – prevista no art. 169 – a Cia que tiver lucros e
reservas de capital, ela irá empregar esses lucros e reservas para aumentar o seu
capital social, só que esse aumento se reverte em favor dos acionistas porque essa
forma de aumento vai importar na distribuição de ações novas aos acionistas ou no
aumento do valor nominal das ações, se forem ações com valor nominal. Só se aplica
nos casos de cia de capital autorizado e reforma do estatuto.
Redução do capital social
Se dá em 3 hipóteses previstas na lei, cuja interpretação é restritiva, porque a redução
do capital impacta no direito dos credores.
1ª hipótese – art. 45, §6º da Lei 6404/76 – trata do acionista dissidente > sócio que
dissente da opinião da sociedade. O art. 1029 do CC trata do direito potestativo do sócio de
retirada)
 O direto de retirada nas S/A é restrito, só pode ser exercido de forma taxativa. O
primeiro motivo é que as ações têm fluidez, a sociedade tem de pagar (usando seus
lucros e reservas) o valor das ações do acionista que quer exercer o direito de retirada,
isso impacta na sociedade.
 Nos casos em que a Cia não possui lucros e reservas, a Cia terá de vender bens para
pagar o acionista retirante, reduzindo proporcionalmente o seu capital social.
2ª hipótese – art. 107, §4º, da Lei 6404/76 - sócio remisso (art. 107) > sócio que não
cumpriu com a obrigação de integralizar o preço de suas ações. Para o sócio remisso, a
sociedade pode executar o sócio remisso, ajuizando uma ação de execução para satisfazer o
seu próximo, ou, pode alienar as ações da remissão em bolsas de valores.
Se ela não conseguir satisfazer seu crédito, a lei diz que a sociedade pode adquirir essas ações
caducas e ela própria integralizar essas ações com seus lucros e reservas, e manterá elas em
tesouraria.
 §4º, art. 107 – se cancela a ação e se reduz o capital social proporcionalmente.
3ª hipótese –art. 173, Lei 6404/76 – caso de redução voluntária – a assembleia geral
poderá deliberar a redução do capital social pelas perdas patrimoniais irreparáveis ou
quando os acionistas entendem que o capital social é excessivo frente ao seu objeto.
A primeira hipótese (redução do capital social pelas perdas patrimoniais
irreparáveis) é tida como uma redução obrigatória por conta do princípio da efetividade,
caso em que se reduz o capital social ao novo patrimônio mínimo.
No caso de entender que capital social é excessivo, os acionistas irão deliberar pela
redução do capital, mas essa redução não produz efeitos imediatamente. Se ninguém
impugnar em 60 dias a redução se torna efetiva. Se houver impugnação a redução só se
efetiva se a sociedade provar que pagou o crédito ou diante da prova de que depositou o valor
do crédito.
Caso concreto
Sim, pode ser feita pelo Conselho de Administração. Fundamento no art. 76 da Lei 6.404/76.
01/06/22
AÇÕES. Noções gerais. Natureza jurídica.
Ações nominativas cartulares. Ações
escriturais. Custódia de ações. Classificação
08:00 das ações quanto aos direitos: ações
01/06/2 CLAUDIO LUIZ DE 1
às ordinárias, ações preferenciais e ações de
2 MIRANDA BASTOS FILHO 1
09:50 fruição. Negociação das ações. Limitações.
Amortização. Resgate. Reembolso. Aquisição
de ações para permanência em tesouraria.
Direito de terceiros sobre as ações.
MERCADO DE CAPITAIS
SOCIEDADE ANÔNIMA – ESTRUTURA JURÍDICA
A CIA é formada por órgãos. Na assembleia geral surge a vontade da Cia, é uma
vontade unilateral que nasce de uma deliberação colegiada. Os acionistas, seja ele controlador
ou minoritário deliberam e decidem qual será a vontade da cia. O conselho de administração
(órgão facultativo, salvo 3 ocasiões: cia aberta, cia fechada e ?) está ligado a gestão da Cia e,
a diretoria, como órgão de execução.
O título emitido por uma S/A tem por finalidade financiar uma S/A. A oferta garante
prerrogativas inerentes a direitos. O título em sim funciona quase como uma interface entre o
titular e a cia.
Os títulos se inserem na categoria dos valores mobiliários. Tem uma comissão com
esse nome, a CVM. A CVM foi editada no mesmo ano da Lei 6404/76. Em 76, surge a
necessidade de criação de uma disciplina jurídica favorável a captação de recursos. Nasce a
Lei 6404 e a lei 6385. O art. 2º, Lei 6385/76, define o que são valores mobiliários. Era uma
lei exaustiva e depois se tornou exemplificativa pelo inciso IX.
O emitente dos variados títulos é a S/A, essa possui viés econômico institucional,
funciona como uma corporação, é disciplinada por estatuto, o mais importante é a cia, se
caracteriza como uma sociedade de capitais, mais relevante pelo investimento financeiro. A
Affectio societatis é relativizada, principalmente nas Cias abertas.
AÇÕES (carregam em si, prerrogativas, direitos, deveres, etc)
Título mínimo de participação e representação de direitos na S/A.
Se relaciona diretamente com o capital social da cia. As ações são a menor divisão do
capital social da cia, que a empresa tem a sua disposição para executar o objeto.
Sob a perspectiva do emissor a ação funciona como um exército de avatares, é como se
fosse um átomo de um corpo humano.
As ações conferem direitos e responsabilidades aos seus titulares e possuem diferentes
formas.
O único momento em que o capital social é = ao patrimônio líquido é o momento da
integralização da cia.
As ações representam uma parte do capital social, daquela cifra imutável que consta do
estatuto. Ação não é um pedaço do patrimônio líquido. a
A natureza jurídica desse instituto é confere ao acionista direitos e deveres e o enquadra
numa categoria, e recebe até um nome, o sujeito não era e passa a ser acionista. A ação é um
ativo que confere o direito de crédito ao particular, de participar nos lucros, ou seria um ativo
que confere direitos políticos (direito de voto, de participar das ações, etc)? o entendimento
preponderante é de uma natureza jurídica mista das ações, funcionando tanto como um título
que confere direito de crédito ao seu titular, como quanto um certificado que atribui uma
posição, um estado, um direito, categoria especial ao sujeito.
Para Tavares Borba, ação “seria um instrumento legitimador da condição de sócio e
veículo de transmissão dessa condição”.
Do ponto de vista mais prático se assemelha a um bem jurídico móvel, como título de
participação em determinada cia. A Lei 6404 traz essa essência no seu artigo 1º -
responsabilidade dos sócios é limitada ao valor investido.
Ações com e sem valor nominal
Numa S/A pode haver ações com ou sem valor nominal. O mais comum é que não haja
o valor nominal. Na ltda há o conceito de valor nominal, a quota é emitida com valor fixo. Na
S/A também havia essa regra, porém, ela trazia muitas restrições. A lei, então, foi modificada
e surge o conceito de preço de emissão, que não é estanque/congelado.
O art. 11 da Lei 6404 prevê a possibilidade de valor nominal ou não. O grande motivo
pelo qual o valor nominal é pouco utilizado é porque ele faz surgir muitas restrições para a
cia. O valor nominal é um conceito incongruente para a S/A. O valor nominal tem de ser o
mesmo para todas as ações da cia, nas cias abertas quem define o mínimo do valor das ações
é a CVM, não é possível alterar nem o número, nem o valor das ações em situações
ordinárias.
O mercado avalia se o preço é justo ou não.
A legislação anterior não admitia ações sem valor nominal.
As ações sem valor nominal permitiram (i) um maior número de acionistas, já que não
há necessidade de atualizar os valores dos certificados ou do estatuto, (ii) afastou a
impossibilidade de aumentar o capital social sempre que as ações da cia estivessem
cotadas/avaliadas por valor inferior ao nominal (iii) sem valor nominal, o preço de emissão
das ações pode ser trazido para a realidade do mercado.
Ações nominativas
A titularidade, a transferência de ações ocorrem mediante registro e averbação nos livros
da cia. Na S/A, a titularidade das ações é registrada no livro de registro de ações nominativas.
Isso confere uma praticidade muito alta para as cias. Na S/A, há um livro com os registros de
acionistas e quantidade de suas ações, não é necessário levar a registro no órgão.
Os registros podem ocorrer seja por transferência voluntária ou involuntária. A ação
pode ser passada, por exemplo, para os herdeiros, ou ser dada como doação, são atos
registrados no livro de ações nominativas.
A ação ao portador era uma realidade, mas foi vedada no Brasil e hoje só é permitida
ação nominativa.
As ações não podem circular via endosso, só podem circular como ações nominativas
(titularidade advém do que está escrito nos livros do emissor).
Ações escriturais (art. 34 e 35, Lei 6404)
É uma modalidade, é um subtipo da ação nominativa, enquanto a ação nominativa o
livro fica na própria cia. Ao invés das ações nominativas, nas ações escriturais, a lei prevê a
possibilidade de instituições financeiras funcionarem como agentes escrituradores dos livros
da cia. A ação continua a ser nominativa, a diferença é que não é mantido em livro, mas em
sistema digital por agente escriturador. Isso pode ocorrer em cias abertas ou fechadas, a
diferença é que o sistema na cia aberta o sistema tem de estar atrelado a bolsa de valores e na
cia fechada o sistema é fechado e não atrelado a bolsa. A cia responde pelos prejuízos
advindos da prática do agente escriturador perante o acionista, perante o terceiro (quase que
uma culpa “en eligendo”).
Os custos do agente escriturador são repassados pela Cia aos acionistas (a lei permite,
mas na prática não repassa) - §3º, art. 35, Lei 6404.
Ação escritural não se confunde com custódia de ações. Existem instituições
autorizadas pela CVM a oferecer o serviço de acompanhar o extrato da conta das ações
escriturais ou das ações nominativas. A instituição depositaria custodiante passa a gerenciar
os direitos econômicos advindos dessas ações. O poder de voto permanece com o
depositante.
Qualquer valor mobiliário pode ser custodiado junto a uma instituição custodiante, pois
o depositante pode, ao invés de manter o gerenciamento em casa, contratar uma instituição
custodiante para ser responsável pelo gerenciamento dos títulos do ponto de vista dos valores
mobiliários.
As ações ordinárias, preferenciais e de fruição (espécies).
Ações ordinárias
Ação ordinária é a regra geral. Na cia fechada, a lei permite que as ações ordinárias
sejam divididas em classes diferentes. Na Cia aberta não é possível a divisão em classes.
Ações preferenciais
Sempre carregam algo de diferente, sendo importante que ao menos uma das
preferências do art. 17 da lei 6404 (LSA) sejam contempladas.
A regra geral é que toda ação permita direito a voto, a diferença é que na ação
preferencial o direito de voto pode ser afastado ou restringido
 Golden shares - direito especial de vetar determinadas operações (art 17, §7 da Lei
6404/76)
Ações de fruição
Direito de antecipar os lucros – amortização de ações.
Art. 44, §2º, LSA
Via de regra, a ação de fruição tem todos os direitos das ações ordinárias, salvo, no caso
de liquidada a sociedade, somente participarão do acervo líquido depois que todos os demais
acionistas tiverem recebido o valor corrigido da amortização.
O acionista antecipa o valor que ele teria no caso de liquidação da cia. Se o valor for
menor no momento da liquidação, o acionista não precisa devolver nada, pois trata-se de uma
decisão negocial de mercado.
É pouco comum que essa ação se implemente na prática, mas é um tema que cai em
prova por não ser muito usual.
Resgate e reembolso – arts. 44 e 45, Lei 6.404/76
No resgate a cia decide retomar ações que estavam em circulação no mercado por razões
puramente econômicas.
Já no reembolso é diferente. O reembolso é um direito do acionista exercido no
momento de retirada.
Negociação das ações – limitações
A regra é a livre circulação das ações.
No caso de Cia aberta a regra é absoluta, a cláusula é considerada nula.
O art. 36 prevê, de maneira bem restritiva, limitações à circulação de ações nominativas,
mas isso deve ser feito de maneira detalhada e sem que isso revogue o direito.
Ações em tesouraria
Art. 30, LSA – via de regra, a cia não pode negociar com as próprias ações. A lei
excepciona essa regra do art. 30. Ações em tesouraria podem ocorrer nos casos de operações
de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei. Tem de ser feita até o valor dos lucros
ou reservas, mas é permitida que se faça como exceção à regra do artigo 30.
ICVM 567.
As ações em tesouraria não conferem direito a voto.
Direitos de terceiros sobre as ações
A ação é indivisível em relação à companhia. O condomínio deverá eleger um
representante, pelo qual os direitos serão exercidos.
No caso de separação, há divisão das ações entre os ex cônjuges.
A ação pode ser dada como caução ou penhor (direitos reais) – art. 39, LSA. Essa ação
se dará por escrito, na qual é importante especificar quais as ações estão sendo dadas.
Art. 40 c/c art. 113 e
Art. 114 da Lei da LSA.
DEBÊNTURES – Art. 52 e seguintes da LSA
Assim como a nota comercial, as debêntures representam um direito de crédito em face
do emitente.
É exclusivamente emitido por S/As. Polêmica antiga, renovada recentemente.
Pode fixar juros livremente, pode prever prêmio de reembolso, pode ser conversível em
ações.
A debênture com garantia flutuante possui um privilégio geral sobre os bens da cia,
porém.
Criação e emissão
A emissão das debentures depende de uma assembleia geral que delibera e fixa
condições, via de regra.
Há 3 exceções:
(i) se for cia aberta, o Conselho pode deliberar emissão de debenture não conversível em
ação;
(ii) o Conselho pode deliberar dentro dos limites do capital (...),
 (iii) a assembleia geral pode delegar ao Conselho de administração a delibera

Agente fiduciário – art. 66 a 70 da LSA – sujeito contratado para facilitar a emissão das
debentures.
Deveres –
Assembleias de debenturistas – art. 71, LSA
Debenture perpétua – tem vencimento condicionado, ou seja, a cia pode emitir uma
debenture cujo vencimento esteja condicionado ao adimplemento da obrigação de pagar juros
e na dissolução da cia. (art. 55, §4º, LSA)
O art. 74, da LSA, prevê a hipótese de extinção das debentures.
PARTES BENEFICIÁRIAS – art. 46 ao art. 51 da LSA
Confere ao titular o direito de participar nos lucros anuais da cia, nos termos do estatuto
da cia. O credor de parte beneficiária é um credor eventual, porque o lucro não é certo. O
titular de partes beneficiárias é um credor da Cia.
O máximo de partes beneficiárias que a cia pode emitir corresponde até 10% de seus
lucros. A lei define teto a fim de não esvaziar o lucro dos acionistas.
É muito importante que o estatuto da cia defina detalhadamente as condições, os direitos
e deveres dessas partes beneficiárias.
Essa reserva prefere uma preferência no âmbito da liquidação da cia.
São nominativas – decorrer do previsto nos livros do emitente.
COMMERCIAL PAPERS – NOTAS COMERCIAIS – Lei 14.195
Commercial papers é um valor mobiliário, título de dívida de curto prazo, muito
parecido com nota promissória. Era assim até o ano de 2020. A lei 14.195 (arts. 45 a 51)
trouxe uma disciplina nova para as notas comerciais, que são as “debentures das Ltdas.”.
Foi criada na Lei 14.195 a figura da nota comercial como debenture na ltda. O que se
queria é que a sociedade ltda pudesse emitir um título que funcionasse como mútuo passível
de emissão privada particular ou publica que confere direitos ao particular.
Não conversíveis em ações.
É um título executivo extrajudicial, independentemente de protesto, o protesto é uma
faculdade do credor, mas mesmo sem protestar ele pode cobrar a dívida.
É nominativa e escritural, semelhante a uma S/A.
Quando a nota comercial é emitida no mercado aberto, a lei prevê a possibilidade de
regulação da CVM. Se for emitida em mercado fechado não haverá regulação pela CVM.
Art. 47: conteúdo essencial.
Passou a ser aplicado às Ltdas.
Professor entende como passível de cair nas provas futuras.
BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO – art. 75 da LSA
É um título que confere ao seu titular o direito de subscrever determinadas ações da cia.
O titular paga por ele, mas não é obrigado a exercê-lo.
O bônus pode prever condições especiais de preço, de prazo, mas o titular possui o
direito de subscrever ações da cia.

03/06/22
As sociedades anônimas tiveram origem na própria estrutura estatal, são usadas para
atividades mais complexas e possui função deliberativa, (...)
A lei prevê atribuição para os principais órgãos, de modo que o estatuto não pode
alterar competências legais. Vigora no âmbito das S/A e da sua estrutura organicista o
princípio da inelegibilidade, ou seja, o estatuto não pode delegar funções de um órgão para
outro órgão, mas em alguns casos a própria lei delega, por exemplo, convocação de
assembleia é de competência da diretoria, mas nas sociedades anônimas que tiver conselho de
administração a lei delega essa atribuição. O estatuto, em que pese seja o ato constitutivo, não
pode alterar as competências legais dos órgãos.
No art. 139 da LSA há uma disposição geral que transfere ao estatuto poder para criar
outros órgãos, diferente desses que iremos examinar, mas esses órgãos não podem assumir as
competências legais. Na verdade, esses órgãos que o art. Autoriza servem para
assessoramento dos órgãos legais.
ASSEMBLEIA
É o órgão deliberativo, tem competência para tratar de todos os assuntos de interesse da
companhia e traça os rumos gerais da companhia. Pode ser geral e especial.
 Assembleia especial: é voltada para tratar dos interesses de acionistas de classes e
especiais de ações, por exemplo, há assembleia dos preferencialistas. Também é
realizada para tratar dos interesses de titulares de outros títulos emitidos pela
companhia, por exemplo, os debenturistas. (art. 136, §1º, LSA).
A assembleia geral pode ser originária ou superveniente.
 Será originária quando a iniciativa da sua realização for do interesse de seus
particulares sem que tenha havido uma assembleia geral prévia.

 Será superveniente após uma assembleia geral que decida por matéria que afete o
interesse desses titulares, por exemplo, tem uma assembleia geral envolvendo o
direito dos preferencialistas, estes podem fazer uma assembleia superveniente para
ratificar o que foi dito na assembleia geral, de modo que se decidirem por não
ratificar, não tem eficácia o que foi deliberado na assembleia geral (art. 136, §1º,
LSA)
A assembleia geral é o órgão máximo e soberano da companhia. É composta por
todos os acionistas com e sem direito a voto da companhia. Mesmo os acionistas sem direito
a voto podem participar da ASG, só não podem votar. (art. 125, parágrafo único, LSA).
Uma vez tomada decisão em assembleia que respeitou o estatuto, a lei, e o edital de
convocação, a decisão só poderá ser modificada por outra assembleia geral, pois a decisão é
soberana. Porém, essa soberania não é irrestrita, pois precisa respeitar a lei, o estatuto e a
convocação, além disso, a assembleia tem de respeitar as competências legais, cada órgão
tem a sua.
A assembleia tem competências privativas (art. 122, LSA), rol taxativo.
A assembleia geral se divide em:
 Assembleia Geral Ordinária (AGO):
 Assembleia Geral Extraordinária (AGE):
A diferença entre elas diz respeito as matérias que serão objetos de deliberação em
cada uma delas. O caput do art. 131, LSA diz que se terá AGO nos casos do art. 132 e AGE
nos demais casos. A AGO possui matérias previstas no art. 132 e a AGE possui matéria
residual, ou seja, tudo o que não for matéria no art. 132 será deliberado em AGE.
A AGO é aquela que se realiza anualmente (art. 132) para decidir sobre matérias que
estão nos 4 incisos do artigo.
Convocação e realização da Assembleia
As regras se aplicam tanto para assembleia geral, quanto para assembleia especial.
A convocação é o ato de convocar os acionistas da assembleia. A competência
primária para convocar assembleia é a diretoria, mas se existir Conselho de administração
(órgão facultativo) a competência passa a ser dele.
O parágrafo único do art. 123 elenca as hipóteses residuais de convocação.
As regras de realização estão a partir do art. 124 c/c art. 289, da LSA.
A convocação se dá, como regra, mediante a convocação de edital, mas a lei exige o
mínimo de 3 editais a convocatórios. Nas companhias fechadas (art. 124, §3º), dispões que os
acionistas representem no mínimo 5% do capital social podem requerer a companhia que
além da convocação por edital eles também recebam a convocação por carta ou telegrama.
Só que essa prerrogativa perdura por no máximo dois exercícios, passado esse tempo, os
acionistas precisam renovar o pedido para que a convocação continue sendo dessa forma.
Então, a eficácia dessa prerrogativa perdura por 2 anos.
OBS- (EXCEÇÃO à publicação de editais) - Companhias fechadas de pequeno
porte: Estão previstas no art. 294 e 294-B. são de pequeno porte por conta do montante do
seu patrimônio líquido. Para essas companhias, a convocação pode se dar por mera carta
com AR, sem necessidade de edital.
A publicação de editais tem de observar um prazo mínimo entre a sua publicação e a
realização da assembleia (art. 124, § 1º, I e II, LSA), esses prazos variam para as companhias
abertas e fechadas.
Nas companhias abertas o prazo mínimo entre o primeiro edital e a realização da
assembleia foi alterado pela Lei 14.195/21 para 21 dias e 8 dias para segunda convocação.
Nas companhias fechadas o prazo é de 8 dias para primeira convocação e 5 dias
para segunda convocação.
Na prática, se admite que num edital a convocação para 1ª e 2ª convocação ocorram
no mesmo edital, de modo que frustrada a primeira, já se está convocado para 2ª convocação.
O que não pode acontecer é convocar somente para a 1ª convocação e, na 1ª convocação, sem
quórum, se decidir na hora da assembleia que a 2ª convocação se dará para algumas horas
depois ou dias depois. Tem de ter a convocação editalícia. Qualquer vício de formalidade
prevista no art. 124, o vício será sanável se todos os acionistas comparecerem (§4º, art. 124,
LSA).
Os acionistas podem fazer convocação única para a realização da AGO e AGE (art.
131, parágrafo único).
Tem prazo para se realizar AGO, caso não seja realizada AGO de algum exercício,
será necessária a sua realização em outro exercício e a convocação pode se dar no mesmo
ato de convocação, podendo ser no mesmo dia, local e horário. Contudo, as AGOs terão de
ser redigidas em atas distintas (interpretação a contrário senso do art. 131, pú).
As regras para realização da assembleia estão previstas no art. 124, §2º e §2º-A. Pelo §2º
a AGO deve ser realizada no prédio da sede da companhia, excepcionalmente, por motivo
de força maior pode se realizar em outro lugar, mas desde que no mesmo município da sede.
A Lei 14.030/20 previu, criando o §2º-A no art. 124 da LSA, expressamente a
possiblidade de realização virtual de assembleia, está regulada pela IN 622/2020. Além da
realização de assembleia virtual, desde 2001, por uma alteração promovida no parágrafo
único do art. 121, redação dada pela Lei 14.030/2020, é possível em assembleia presencial
acionistas participarem e votarem a distância, isso também está regulado pela IN 622/2020.
QUÓRUNS
Quórum de instalação da assembleia
O quórum geral de instalação está previsto no art. 125, da LSA, cuja redação foi
alterada pela Lei 14.195/21, e precisa estar presente o equivalente a ¼ das ações com direito a
voto da companhia. Em segunda convocação pode ser qualquer número.
Há quóruns especiais de instalação, por exemplo, assembleia para alterar o estatuto da
companhia (art. 135). Para instalar uma assembleia, cuja matéria seja a reforma do estatuto, é
necessário 2/3 dos acionistas com direito a voto, em primeira convocação, em segunda pode
ser qualquer número.
Quórum de deliberação (para aprovação das matérias)
O quórum geral está no art. 129 da LSA. Atenção, a maioria absoluta dos votos (=
maioria absoluta dos presentes) prevista no artigo diz respeito a maioria dos presentes.
No art. 136 há um quórum qualificado para diversas matérias. Aqui o quórum
qualificado é de metade dos acionistas com direito a voto.
O artigo 1 prevê que o estatuto pode exigir quórum mais gravoso, mas essa previsão
precisa ser razoável, pois é possível anulação de previsão estatutária dependendo da situação
no caso concreto, se verificada a falta de razoabilidade no quórum previsto.
O art. 221 dispõe sobre quórum unânime de consentimento dos sócios acionistas para os
casos de transformação da companhia (cisão, etc), não se trata de hipótese em que o estatuto
pode reduzir esse quórum, mas precisa prever a possiblidade de modificação do quórum. Só
vai ter o direito de retirada quando a modificação puder impactar de fato o acionista e só irá
impactar quando o quórum não for de unanimidade. Assim, pode se dizer que não há direito
de retirada nesse caso.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
São responsáveis pela administração, é órgão decisório e deliberativo, enquanto que a
diretoria é órgão executivo e representativo. O conselho de administração toma as decisões
“no varejo e não no atacado” de acordo com as conveniências e oportunidades do negócio,
enquanto a diretoria é aquela que irá executar e representar a companhia.
O Conselho de administração começa a ser tratado no art. 140 da LSA. É considerado
órgão facultativo, porém, ele é obrigatório em alguns casos. Quando se diz que ele é
facultativo é porque ele não precisa estar presente em todas as companhias. Ele é obrigatório
nas companhias abertas e de capital autorizado (art. 138, §2º), nas sociedades de economia
mista (art. 239, LSA), nas SAF’s (sociedades anônimas de futebol reguladas pela Lei
14.193/21 , art. 5º).
As competências do Conselho de administração estão previstas no art. 142 da LSA, uma
vez sendo eleito o Conselho, este elegerá o diretor, se não existir o Conselho essa atribuição
será da assembleia.
No que toca a composição, o Conselho de Administração é órgão colegiado, porque a
tomada de decisões se dá no Conselho, por deliberação da maioria dos membros do
Conselho, é integrado por no mínimo 3 pessoas, mas não há numero máximo. Os
conselheiros são eleitos por mandatos de até 3 anos, mas permite-se reeleições sucessivas e
indefinidas conforme previsto no estatuto.
Os conselheiros e os administradores precisam ser pessoas naturais (porque são
executores da vontade, exige-se deles concretude), mas não precisa ser acionista da
companhia. A lei admite representatividade de empregados e minoritários no Conselho de
administração. O art. 140, §1º da LSA prevê que o estatuto pode dispor sobre a participação
no conselho dos representantes dos empregados.
No art. 141 está prevista participação dos acionistas minoritários que podem eleger o
representante minoritário com e sem direito a voto, se dará na própria assembleia de
membros do Conselho.
No caso de os acionistas com direito a voto (quórum de 15% das ações com direito a
voto) e os preferencialistas sem direito a voto (quórum de 10% do total dos acionistas) podem
se unir, se não conseguirem quórum, (§5º, art. 141) para juntos elegerem um representante
para os dois grupos.
Voto múltiplo – art. 141, LSA - para eleição dos membros do conselho, os
minoritários têm direito de requerer a companhia, com até 48h de antecedência, a realização
da assembleia a votação por voto múltiplo. Esses acionistas que requereram a votação por
voto múltiplo terão o direito a voto múltiplo, cada ação terá tantos votos quanto forem os
membros do conselho a serem eleitos. O objetivo de voto múltiplo é atribuir a quantidade de
votos aos minoritários para eleger um representante deles no Conselho.
O problema é quando eles querem, além do voto múltiplo, votação em separado na
assembleia, assim, toda vez que for adotado o sistema de voto múltiplo e os minoritários
também elegeres representantes em separado, os majoritários terão direito de eleger o mesmo
número de membros eleitos pelos minoritários +1, independentemente do número de
membros de conselheiros previstos no estatuto, para assegurar o princípio do sistema
majoritário (art. 141, §7º).
2º tempo
DIRETORIA
Está tratada nos artigos 143 e 144 da LSA.
A diretoria é o órgão executivo da companhia, que executa a vontade social, as tomadas
de decisões da assembleia e do conselho de administração.
A assembleia presenta a companhia, é ela que corporifica e dá concretude as vontades da
Companhia (art. 138, §1º, LSA). O poder de representação é privativo da diretoria.
Composição da diretoria
A diretoria é composta por no mínimo 1 membro (alteração da LC 182/21) que será uma
única pessoa natural com mandatos de no mínimo 3 anos.
Não se exige que o diretor seja residente no Brasil (§2º, art. 146).
O diretor não pode outorgar mandato para terceiro executar atividades suas (art. 144,
parágrafo único), mas a lei autoriza que ele, como diretor representante da companhia,
nomeie representante para a companhia.
Quando a diretoria for composta por duas ou mais pessoas, será um órgão coletivo, mas
não será colegiado, ou seja, as decisões não serão tomadas em reunião. A regra é a atribuição
do diretor estar prevista no estatuto, mas a atuação é individual (?)
Quem elege os diretores é a assembleia, mas havendo conselho de administração, essa
atribuição passa a ser do conselho.
A diretoria não pode ser eleita pelo sistema do voto múltiplo, porque a regra do art. 141
é uma regra de exceção prevista para o conselho de administração, portanto, deve ser
interpretada de modo múltiplo.
Art. 143, §1º, LSA – diz que 1/3 dos membros do conselho de administração podem ser
diretores. Pode ocorrer de a diretoria toda ser composta por conselheiros. A lei limita a
quantidade de diretores na diretoria, mas não limita a quantidade de diretores no conselho.
Diretoria e conselho de administração nas estatais – Lei 13.303/2016
Essa lei trata do regime jurídico das estatais, porque as estatais são sociedades.
O que tem na lei são exigências de fins políticos, qualificações técnicas, específicas para
os membros das diretorias e das estatais.
No art. 17 da referida lei diz que os membros do conselho da administração e da
diretoria precisam preencher os requisitos previstos nos incisos.
No §2º estão previstos os impedimentos.
Aqui o legislador estabeleceu um limite mínimo e máximo para o conselho.
Para a diretoria, o mínimo é de 3 membros (na LSA o mínimo é 1).
Nas estatais o prazo máximo é de 2 anos, permitido no máximo 3 reconduções (Na LSA
o mandato é de no mínimo 3 anos, permitidas quantas reconduções forem permitidas no
estatuto).
Quanto as competências, o art. 18 da lei 13.303/16 faz remissão as competências da
LSA. Além das competências do art. 142 da LSA tem função fortemente fiscalizatória, por
exemplo, observância de regras de vigilância coordenativa, etc., sem prejuízo do próprio
poder fiscalizatório nas estatais.

CONSELHO FISCAL
É o órgão fiscalizatório das funções dos administradores, da gestão, das contas da
administração, mas além disso, eles não se limitam a fiscalizar as contas, a gestão em si, mas
também o cumprimento dos deveres legais e estatutários dos administradores.
O Conselho fiscal é o órgão de assessoramento da assembleia para tirar dúvidas acerca
da gestão da companhia. Precisa estar presente pelo menos 1 membro do conselho. Dessa
função de assessoramento há a função de informação, pois ele irá prestar as informações
necessárias para os acionistas por meio de resposta a consultas e por meio de pareceres, mas
estes não são vinculativos, não possuem função sancionatória, a decisão é da assembleia de
acolher ou não o parecer.
O conselho fiscal, por ser um conselho, é um órgão colegiado, as tomadas de suas
decisões são tomadas por conselho e as deliberações são tomadas por maioria. A sua atuação
de modo coletivo não afasta a opção de um conselheiro em particular de informar sobre
irregularidade que tenha conhecimento, sob pena de responder por negligencia.
O Conselho fiscal é o órgão obrigatório, mas não é órgão de funcionamento obrigatório
permanente, pois seu funcionamento pode ser também eventual. As exceções em que precisa
estar instalado são as sociedades de economia mista e as sociedades anônimas de de futebol.
Seu funcionamento pode ser eventual, mediante provocação da assembleia, se durante a
assembleia houver a necessidade de informação pelo conselho fiscal os acionistas que
representem 10% das ações com direito a voto ou acionistas que detenham 5 % das ações sem
direito a voto com poderão requerer a participação do Conselho, nesse caso não é necessária a
publicação de edital (art. 161, §§ 2º e 3º da LSA).
Conselho fiscal de funcionamento permanente previsto no estatuto 161, §1º c/c 132, II –
competência da assembleia ordinária. Eleição do conselho é sempre feita na assembleia
ordinária.
O mandato do conselheiro fiscal perdura até a assembleia ordinária seguinte àquela
assembleia em que ele foi eleito.
O conselho fiscal é composto entre 3 e 5 membros, mas se o estatuto estabelecer que o
conselho é composto por 3 membros, haverá número superior previsto no estatuto, tendo em
vista a observância do poder dos sócios majoritários tem de escolher número igual +1 (art.
161, §4ªº, alíneas “a” e “b”, LSA)
Requisitos e impedimentos
Art. 162, LSA.
Para o Conselho fiscal o legislador exigiu qualificação técnica do conselheiro, tem de ser
pessoa natural residente no brasil, não precisa ser acionista, porque pode ser que não se tenha
no quadro de acionistas pessoas com qualificação exigida pela lei. O mais importante é a
qualificação.
No caso de não haver na localidade, profissional com a qualificação técnica, a lei
determina que a companhia requeira em procedimento de jurisdição voluntária que o juiz
nomeie outra pessoa (art. 162, §1º, LSA).
O art. 162, §2º fala dos impedimentos e o legislador faz remissão aos parágrafos do
art. 147 da lei (pessoas condenadas por crimes falimentares, por exemplo).
Poderes dos Conselheiros
Previstos nos §§ do art. 163 da LSA. São poderes severos intervenção na atuação dos
outros órgãos, ele irá exigir a apresentação de documentos e esclarecimentos acerca das
decisões que tomas - de fiscalização. Os demais órgãos são obrigados a encaminhar ao
conselho fiscal as atas das reuniões, os balancetes da companhia, ou seja, se eles não
cumprirem o conselho fiscal pode exigir a apresentação das atas da organização dos outros
órgãos.
A remuneração está no art. 162, §3º - quem fixa é a assembleia, o legislador somente
estabeleceu patamar mínimo que não pode ser inferior a 10% da verba do diretor.
Responsabilidade
Aos membros do Conselho fiscal se aplicam os mesmos deveres (art. 153-156) dos
administradores e respondem pelos seus atos. Mas aqui há natureza de responsabilidade
distinta a partir da conduta.
No ato ilícito, a responsabilidade do conselheiro fiscal é pessoal e subjetiva, exceto se
for conivente ou concorrer com ele.
A responsabilidade pelo não cumprimento dos deveres legais estatutários é uma
responsabilidade objetiva e solidária entre todos. Mas não será solidária se o dissidente
consignar sua dissidência em ata do conselho e comunicar aos órgãos de administração e
assembleia, §3º do art. 165.
Comitê de auditoria estatutário – art. 24, Lei 13.303/16
É um órgão auxiliar do conselho de administração das estatais e deve se reportar ao
conselho de administração. A função do CAE é notadamente auxiliar o conselho de
administração na fiscalização dos auditores externos e independentes das estatais (§1º, art.
24).
Há exigências de qualificação técnica dos membros do CAE.
Formando por no mínimo 3 e máximo 5 membros.
06/02/2022
ADMINISTRADORES. Natureza jurídica em
relação à sociedade. Requisitos.
08:00 Impedimentos. Garantia de gestão.
06/06/ THIAGO FERREIRA 1
às Investidura e vacância. Remuneração.
22 CARDOSO NEVES 7
09:50 Administração nas empresas públicas e
sociedades de economia mista. (requisitos
especiais e impedimentos).
DEVERES E RESPONSABILIDADE CIVIL DOS
ADMINISTRADORES. Deveres dos
administradores. Dever de diligência.
Atuação no interesse da companhia. Deveres
de lealdade e de sigilo (companhia aberta).
Insider trading. Conflito de interesses:
10:10
06/06/ THIAGO FERREIRA 1 formal e material. Dever de informar.
às
22 CARDOSO NEVES 8 Aplicação dos deveres dos administradores
12:00
aos membros do Conselho Fiscal.
Responsabilidade civil. Natureza da
responsabilidade. Responsabilidade solidária.
Ação de responsabilidade. Ação social e ação
individual. Prescrição.
.
ADMINISTRADORES DA SOCIEDADE ANÔNIMA
Introdução
São tidos como administradores da companhia são os membros do conselho de
administração e da diretoria.
Os membros do conselho fiscal não são administradores, embora o art. 165 da lei 6404
diga que eles tenham os mesmos deveres dos administradores, não são administradores.
Os administradores são responsáveis pelas tomadas das decisões acerca dos negócios da
companhia.
A assembleia cuida das matérias do art. 122 da Lei 6404. A assembleia pode aprovar a
celebração de um contrato, mas de modo geral a tomada desse tipo de decisão compete ao
Conselho de administração.
Os diretores são os representantes da companhia, responsáveis por cumprir a vontade da
sociedade.
As S/A são sociedades empresária por força de lei (art. 982, CC c/c art. 170 da CF –
ordem econômica, fundada no princípio da livre concorrência, livre iniciativa. Nos incisos do
art. 170 há princípios que devem ser respeitados, como a função social da empresa. Quando o
administrador atua no interesse da companhia, ele não pode abandonar a função social.
A função social da empresa é empregar a atividade empresarial em observância com os
valores constitucionais (respeito ao trabalho, ao empregado, ao consumidor).
Requisitos em impedimentos dos administradores – art. 146 e ss.
Os Administradores precisam ser pessoas naturais, pois concretizam a vontade social
de um ente que é abstrato – a sociedade – ele precisa ser concreto.
O artigo 146 já passou por diversas alterações, uma delas era para afastar a necessidade
de o administrador ser acionista da companhia, isso ocorreu porque cada vez mais tem se
exigido que o administrador possua capacidades técnicas que podem não ser encontradas
entre os acionistas.
Os administradores (...)
A última modificação foi para não exigir mais que o administrador seja residente no
Brasil, Lei 14.195.
Hoje a única exigência é que sejam pessoas naturais.
Quanto aos impedimentos – requisitos de caráter negativo – o art. 147, nos seus
parágrafos, elenca os impedimentos, (i) pessoas impedidas por lei – exemplo: membros da
magistratura, do MP, da Defensoria –, o §1º traz alguns crimes pelos quais o administrador
não pode ter sido condenado; exige-se que essa condenação tenha transitado em julgado;
Todavia, o reabilitado poderá, pois não existe pena perpétua no nosso país, (ii) o §2º do art.
147 determina que não pode ser administração as pessoas declaradas inabilitadas pela CVM.
Natureza jurídica da relação com a sociedade
Não se trata de questão somente dogmática, essa questão possui repercussão prática. Há
controvérsia sobre o que é essa relação jurídica.
Há entendimento de que seria uma relação trabalhista, por conta de uma subordinação
do administrador à sociedade.
O entendimento que prevalece é que não há subordinação trabalhista, mas a há uma
subordinação societária, pois, a lei tem cada vez mais prestigiado a independência do
administrador, para que suas decisões não sejam viciadas, mas sejam legais e cumpridoras
dos deveres estatutários.
Os órgãos das sociedades são independentes e sustenta-se que o sistema de freios e
contrapesos se aplica aos órgãos societários, por exemplo, a fiscalização de um órgão por
outro. Essa ausência de subordinação afasta a teoria do mandato, porque o administrador não
é representante de nenhuma pessoa. O que se aplica, na verdade, é a teoria da presentação.
Assim, se chega na teoria do órgão, pois a organização dos administradores é organicista e
isso repercute nas responsabilidades do administrador, pois quando praticado o seu ato de
acordo com a lei e com o estatuto, tem-se um ato da sociedade, ele não é mero representante,
mas sim a própria sociedade, a isso denomina-se teoria do órgão. Portanto, a natureza
jurídica do administrador em relação a sociedade é de órgão.

Garantia de gestão - art. 148 da LSA


O administrador atua de modo imediato nos interesses da companhia e de modo mediato
sobre os bens e interesses dos acionistas, atua em relação a bens alheios, de terceiros, assim,
surge a ideia de sua responsabilidade.
Assim, o estatuto pode estabelecer que o exercício do cargo do administrador deva ser
assegurado por garantias pessoais do administrador ou por terceiros. Essa garantia pode ser
por suas próprias ações, assim como outras garantias. Toda e qualquer garantia em lei é
passível de ser dada para assegurar eventual responsabilização do administrador.
Por essa razão, o parágrafo único do artigo diz que essas garantias não podem ser
levantadas antes de ser realizada as contas do seu último período de gestão, pois assim afasta-
se a possiblidade de responsabilização.
Investidura e vacância – art. 149 e ss.
A investidura se dá por assinatura de termos no livro de atas da companhia. Ele deve
assinar esse termo no prazo de 30 dias da sua nomeação, sob pena de tornar-se sem efeitos a
sua nomeação, salvo se apresentar justificativa e esta for aceita pela companhia.
O administrador irá exercer a sua gestão até o prazo do seu mandato, que é de no
máximo 3 anos, admitidas reeleições.
Pode ser que o mandato termine e ainda não se tenha um novo administrador, a lei diz
que o administrador ficara no cargo até que seja investido novo membro do órgão (art. 150,
§4º, LSA), ou seja, há uma extensão por força de lei.
Durante o prazo da gestão, se o administrador sair, por morte, por renúncia, por
destituição, ocorrerá a vacância do cargo. A lei trata de modo diferente a vacância no modo
de gestão no conselho e na diretoria. Se no conselho de administrador, se não for da maioria
dos membros, caberá aos demais conselheiros eleger os substitutos, assim, ele exercerá o
mandato até a assembleia geral seguinte a eleição interna do conselho. Essa assembleia pode
ser geral extraordinária irá eleger o substituto que exercerá a gestão até o fim do mandato do
conselheiro que está substituindo. Se a vacância for da maioria do conselho, este não poderá
eleger o novo membro, mas terá de convocar uma assembleia para eleger os novos
conselheiros. Se a vacância for de todos os cargos do conselho de administração, não há mais
o órgão que convoca a assembleia, assim, a diretoria que irá imediatamente convocar
assembleia geral para eleger os substitutos. O §3º do art. 150 é a regra geral que se aplica a
todas as normas do instituto de vacância, o substituto não terá um novo mandato do 0, mas
sim uma complementação do mandato do substituído.
Quando a vacância for da diretoria, caberá ao conselho da administração eleger o
substituto, porém, no caso de este não existir, será o conselho fiscal de funcionamento
permanente ou qualquer acionista independente da sua participação acionária que terá o
dever de convocar uma assembleia geral para eleger o substituto e, o sócio majoritário irá
praticar até a realização da assembleia os atos urgentes de gestão da companhia (art. 150,
§2º, LSA).
Remuneração
O art. 152 da LSA diz que compete a assembleia deliberar sobre a remuneração da
assembleia. A remuneração pode ser global, para abranger todos os membros do conselho de
administração, ou, pode ser individual, esta última se dá para atrair profissionais no mercado.
A despeito da participação nos lucros (PL), prevista nos parágrafos do artigo, dispõe que
as companhias que tenham fixado dividendos obrigatórios em 25%, pode atribuir aos
administradores participação no PL, entretanto, a distribuição de lucro aos administradores
não pode ser superior ao seu salário anual, nem ser superior a distribuição do lucro líquido
anual da companhia.
Deveres – a partir do art. 153 – 157
O primeiro dever é o dever de diligência, que é um dever de cuidado, nos termos do
art.153, ou seja, o administrador deve agir com cuidado, uma vez que ele é um gestor de
deveres em relação aos bens da companhia (imediato) e em relação aos bens dos acionistas
(mediato). O dever de diligência é de caráter técnico, se exige do administrador a capacitação
técnica. Se ele não tiver capacitação técnica ele precisará ter profissionais a sua volta que
tenham capacitação para exercer da melhor forma sua função. Então, esse dever de diligência
pressupõe capacitação técnica.
Esse dever de diligência é uma obrigação de meio, ou seja, ele tem de empregar
todos os meios técnicos exigidos no exercício da sua atividade, independentemente de causar
prejuízos.
Eventuais atos temerários do administrador, como regra, o juiz não deve se imiscuir
de decidir, assim, há possibilidade de eventual ação do administrador ser avaliada
judicialmente, aplicando-se a teoria business judgmente rule, que são as regras para
julgamento de decisões negociais. Essa teoria é criada no direito norte americano que busca
estabelecer padrões de conduta do juiz na avaliação do risco empregado pelo administrador.
Essa teoria busca standard para a decisão judicial, ou seja, busca-se padrões, requisitos
objetivos para atuação do juiz na revisão dos atos dos administradores. Essa teoria busca
evitar decisões discricionárias do juiz. Essa avaliação é de razoabilidade e deve ser vista
no caso concreto.
O segundo dever está previsto no art. 254, é o dever de realizar os fins da
companhia, está diretamente ligado a função social da atividade empresária. O art. 254
elenca um rol exemplificativo de condutas que não podem ser praticadas pelo administrador
sob pena de não observância dos fins sociais. Ele pode praticar atos por deliberalidade, mas
visando a função social (§4º).
A alínea b, §2º, proibido pegar bens da companhia sem prévia autorização da
assembleia geral.
No art. 155 estão previstos o dever de lealdade e o dever de sigilo. No dever de
lealdade está ínsito o dever de probidade (atuar honesto), ele não pode usar a companhia para
atender fins próprios ou de terceiros. O dever de sigilo se contrapõe ao dever de informação
(art. 157).
O administrador não pode se beneficiar ou beneficiar terceiro, com informações e
dados que tenha conhecimento por conta da sua função. Insider trading é o uso indevido de
informações privilegiadas, é o princípio da informação clara e sincera no âmbito do
mercado de capitais e do exercício das atividades econômicas. O uso das informações tem de
ser feito de forma proba, visando sempre a isonomia, ou seja, todos tem de ter acesso
igualmente as informações da companhia. Visa tutelar a informação isonômica, a fim de não
beneficiar ninguém injustamente. As posturas do insider trading estão previstas na INCVM
358/2002. Qualquer pessoa que dentro da companhia exerça uma atividade que tenha acesso
a informação pode se caracterizar como insider e pode ser sancionado/responsabilizado civil
e administrativamente pela CVM.
O art. 156, da LSA prevê o dever de não conflitar com os interesses da companhia,
esse dever é um desdobramento do dever de lealdade. O administrador não pode participar de
negocio em que seus interesses pessoais conflitem com os interesses da companhia, assim
como não pode participar de deliberações em que os seus anseios sejam conflitantes com os
interesses da companhia.
Nas Sociedades anônimas há uma particularidade em relação as sociedades em geral,
o art. 156, §1º admite a possibilidade de o administrador adquira bens da companhia desde
que em igualdade de competição com o mercado. Regra geral é o administrador não pode
adquirir bens da companhia, está no art. 497, I, CC.
O dever de informar, previsto no art. 157 da LSA, é visto sob duas óticas, uma
interna e uma externa. O dever de informar interno sob a ótica interna diz respeito ao
administrador informar os interesses, negócios que ele tem com a companhia, etc., está no
caput do art. 157. O dever de informar sob a ótica externa é em relação ao mercado sobre
fatos relevantes (cumprimento do princípio do disclosure – informação clara, sincera,
honesta). Aqui pode ocorrer o conflito entre o dever de sigilo e o dever de informar. Aqui
entra o aspecto do papel consultivo da CVM, momento em que o administrador pode se
consultar com a CVM, e, numa eventual, ação de responsabilidade, estará protegido.
Responsabilidade dos administradores
Os administradores agem como se fosse a própria companhia atuando. No caso do seu
agir vier a causar danos, a reponsabilidade é imputada à companhia e não pessoal do
administrador. A responsabilização pela pratica de atos do administrador se imputa a
companhia, regra geral.
Primeira parte do art. 158 da LSA – quando o legislador extrapola os limites de seu
poder e, cometendo ato ilícito e, descumprindo os deveres legais e estatutários, ele passa a
responder pessoalmente.
A lei traz duas hipóteses de responsabilização:
 Por ato ilícito (culpa ou dolo) – a responsabilidade é pessoal e subjetiva pela prática
do ato ilícito – art. 158 – não solidária – no entanto, quando o administrador atuar
conjuntamente com outro ou, quando for conivente com o autor do dano, responderá
juntamente com este.
 Violação da lei ou do estatuto (violação dos deveres legais e estatutários) – há uma
controvérsia sobre a natureza dessa responsabilidade é subjetiva, objetiva ou com
culpa presumida. Uma parcela minoritária entende que é subjetiva, ou seja, precisa se
aferir a conduta individual daquele que viola o estatuto, se agiu por culpa ou dolo. Há
quem defenda que sua responsabilidade é objetiva, porque a violação de um dever
legal estatutário é objetivamente aferida, independe de agir com dolo ou culpa. A
responsabilidade objetiva é que tem prevalecido. Há uns anos atrás prevalecia a
responsabilidade por culpa presumida. Por essa teoria, a violação legal estatutária
presume a culpa ou dolo, mas a diferença é a possiblidade de o administrador provar
que não agiu com culpa, na responsabilidade objetiva, ainda que ele prove que não
agiu com culpa ele será responsável, na culpa presumida, se provar que não agiu com
culpa, ele não responde pela culpa.
No que tange a responsabilidade solidária entre os administradores, a regra geral é
que no cumprimento das regras legais e estatutárias a responsabilidade é individual. Nas
companhias abertas em que o estatuto contenha previsão de atribuições específicas para cada
administrador, a responsabilidade será pessoal e individual e não solidária. Exceto, se o
administrador for conivente, §4º, art. 158, LSA.
Há duas ações passíveis de serem manejadas no caso de responsabilidade do
administrador, ação social e ação individual. A ação social visa resguardar/ressarcir a
sociedade, já a ação individual é aquela proposta pelo acionista ou por terceiro diretamente
atingido pela conduta do administrador. A ação individual depende de prova de que houve
dano diretamente ao acionista ou terceiro.
A ação social pode ser de duas espécies:
 Uti universi – aquela proposta pela sociedade em nome próprio (legitimidade
ordinária) após realização assemblear que aprove o ajuizamento de ação de
responsabilidade – art. 287, II, “b”, LSA. Uma vez aprovada em assembleia a
propositura da ação, o administrador é destituído de seu cargo, essa decisão é legal,
não precisa de realização de assembleia (art. 159, §2º, LSA), a destituição do
administrador configura um efeito automático.
 Uti singuli – é aquela proposta por acionista em favor da sociedade (legitimação
extraordinária). Duas hipóteses: (i) já ter sido deliberado em assembleia sobre a
responsabilização do administrador, caso em que passados 3 meses sem que a
sociedade tenha proposto a ação, tanto a sociedade quanto o acionista podem propor a
ação conjuntamente (litisconsórcio ativo entre sociedade e acionista),
ou, (ii) no caso de assembleia não aprovar o ajuizamento da ação em face do
administrador, a lei prevê que acionistas que representem no mínimo 5% do capital,
podem propor ação em favor da companhia (art. 159, §4º, LSA). O resultado é dado à
sociedade, devendo essa, no entanto, ressarcir o acionista nas despesas que ele teve
para ajuizar a ação.
O §7º do art. 159, LSA – não cabe dano reflexo, precisa ser dano direto para justificar a ação
individual.
Quanto a reponsabilidade do administrador por dano causado a companhia quando teve
suas contas aprovadas sem ressalvas, art. 134, §3º, LSA (art. 286, LSA). O acionista que
não fizer ressalva quando da apresentação de contas do administrador não poderá propor
ação, ressalvados as hipóteses de fraude, simulação. Uma vez que se aprovam as contas sem
reservas do administrador, para o ajuizamento da ação de responsabilidade há uma condição
de procedibilidade que é a anulação da assembleia realizada em que as contas foram
aprovadas, precisa ser ajuizada ação de anulação da assembleia que aprovou as contas do
administrador sem reservas, 2 anos a contar da deliberação.
A partir do trânsito em julgado da ação anulatória começa a correr o prazo de 3 anos (art.
287, II, b, LSA) para ajuizar a ação de responsabilidade.
1º tempo - 1º caso – Nesse caso há violação de um dos deveres estatutários que é o dever de
diligência. O professor discorda que o administrador será responsabilizado por ato ilícito do
art. 158, I, e entende que a responsabilidade deve ser no art. 158, II.
2º caso – Na sociedade anônima, o direito de exigir contas é da assembleia, não é direito
individual do acionista.
2º tempo - 1ª questão – a) responsabilidade na forma do art. 158, II da LSA, responsabilidade
subjetiva, objetiva ou com culpa presumida. B) Essa teoria impõe padrões para o julgamento
de questões atinentes a uma eventual má administração do administrador. Essa má
administração baseia-se na falta de razoabilidade de seus atos. C) a lei 6404 não ampara a
responsabilidade solidária, teoria dos atos ultra vires societatis é aquela que imputa a
responsabilidade dos atos ao administrador quando ele extrapola o seu poder, o entendimento
majoritário (professor Roberto Requião) é de que a teoria ultra vires não se aplica as
sociedades anônimas. Há hipótese de responsabilidade solidária entre os administradores,
mas não entre administradores e a sociedade. o parágrafo do art. 1015 foi revogado e hoje não
se discute mais essa questão.
2ª questão – não caberia ação de responsabilidade direta, porque precisa da ação anulatória de
assembleia, mas já prescreveu. Mesmo assim, não tem mais prazo para ação de
responsabilidade também.
SOCIEDADES ANÔNIMAS DE FUTEBOL – LEI 14.193/21
O principal propósito da SAF não foi uma administração profissional, mas sim tentar
salvar os clubes brasileiros por meio de uma sociedade, que na visão de muitos é um
patrimônio cultural brasileiro.
A SAF pode ser constituída (i) de modo originário, ou seja, ao nascer um time de futebol
já como uma S/A. A estrutura dos times de futebol no Brasil é de Associação sem fins
lucrativos, nesses casos, a constituição da SAF pode ser (ii) de modo superveniente:
transformar em SAF seja pela transformação, seja pela cisão de departamento de futebol em
sociedade anônima.
Quanto a responsabilização anterior a transformação em SAF, art. 9, Lei 14.193, ou seja,
a sucessão de responsabilidade da SAF em relação as atividades anteriores. Exceto quanto as
atividades especificas do seu objeto social,
O entendimento majoritário é de que só se transferem as responsabilidades do clube à
SAF, se forem voluntariamente transferidas as obrigações.
Art. 10, da Lei 14.193
A questão de estrutura societária está a partir do art. 4º da Lei, trata-se do conselho de
administração é órgão obrigatório e o conselho fiscal deve funcionar de modo permanente.
O art. 5º, §1º trata dos impedimentos aplicados aos administradores.
Outro ponto importante é o regime de execução previsto no art. 14 da Lei. A Lei prevê
a possibilidade de os clubes utilizarem o regime centralizado de execuções, em que se
concentra num único juízo todas as execuções do clube e as receitas (art. 10), eles vão
empregar dentro do regime único para que seja feito um plano único de pagamento para todos
os credores, se utilizando das receitas transferidas para a SAF.
07/06/22
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA.
Modalidades de dissolução. Resolução da
08:00 JOSE EDUARDO sociedade anônima em relação ao acionista.
07/06/ 1
às CAVALCANTI DE Liquidação. Deveres e responsabilidades do
22 9
09:50 ALBUQUERQUE liquidante. Partilha entre os acionistas.
Direito dos credores não satisfeitos.
Extinção.
TRANSFORMAÇÃO, FUSÃO, INCORPORAÇÃO
E CISÃO DE SOCIEDADES. Noções gerais.
Transformação. Incorporação. Fusão. Direito
10:10 JOSE EDUARDO de retirada na fusão e na incorporação.
07/06/ 2
às CAVALCANTI DE Direito dos credores na fusão e na
22 0
12:00 ALBUQUERQUE incorporação. Cisão. Formação do capital
social na Cisão. Direito de retirada na Cisão.
Sucessão nas obrigações da cindida. Direito
dos credores.
DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DE SOCIEDADES ANÔNIMAS
Arts. 206-218, LSA.
Extinção, art. 219, LSA.
Há quatro principais eixos da lei das S.A.
O primeiro eixo é que o objetivo da lei é equilibrar as forças internas nas
sociedades entre acionistas minoritários e acionista controlador. Há várias decisões do
STJ no sentido de a proteção ser a favor do acionista minoritário.
O segundo elemento para entender a lei, é que ela faz uma distinção e cria dois
subsistemas, o da cia fechada e o da cia aberta. Na época de criação da lei, anos 70, a lei
tinha o objetivo de fomentar o mercado de capitais. Assim, foi dado um tratamento distinto
para as cias abertas. Quando a lei quer diferenciar ela se refere à “cia aberta” ou “cia
fechada”.
O terceiro aspecto relevante a ser considerado sempre que se analisar uma questão de
direito societário foi que a lei 6.404/76 colocou em evidencia a figura do acionista
controlador. Antes de 76 se falava em acionista controlador, mas não havia sistema
específico de acionista controlador. O conceito está no art. 116, da LSA. A lei fez
diferenciação na responsabilidade civil, art. 117, da responsabilidade civil do controlador.
A sociedade anônima é visualizada como uma máquina jurídica de captar dinheiro,
conceito vindo da França, assim o legislador coloca a disposição das S.A. uma série de
instrumentos legais para captar recursos, chamados valores mobiliários, que podem ser ações,
debentures, bônus de subscrição, entre outros.
Modalidade de liquidação
As dissoluções têm diversas modalidades, mas o principal enquadramento se encontra
no art. 206 da LSA: a dissolução de pleno direito, dissolução judicial e dissolução por
decisão administrativa.
A dissolução parcial (solução excepcional dada pela jurisprudência, pois a LSA não
trata de dissolução parcial), em relação a extensão da dissolução, pode ser total ou parcial. A
dissolução parcial tem rito próprio. Nela irão se dissolver alguns vínculos acionários entre um
ou mais acionistas e a sociedade, e não a totalidade dos vínculos. Havendo dissolução parcial,
haverá apuração de haveres. O primeiro princípio que o STJ aplica para submeter uma
sociedade a dissolução parcial é o princípio da preservação da empresa.
Há uma corrente no STJ, minoritária (ministro Salomão, Isabel Galoti), que não
admite a dissolução parcial.
A dissolução parcial não tem previsão na lei.
Se a dissolução for total inicia-se o processo de liquidação da sociedade.
Na dissolução parcial há apuração de haveres e reembolso do acionista que está
saindo da sociedade.
1ª hipótese de dissolução total, art. 206, I, LSA, se dá pelo termino do prazo de
duração, pode ser data certa ou final do exercício. Aqui não se aplica a exceção do CC, art.
1.033, I, previsão tácita, porque a LSA não traz essa previsão. Se ela continuar a sua duração
ela ficará irregular, mas os acionistas podem deliberar para estender o prazo.
No estatuto de uma S.A. pode ter uma ou mais cláusulas apontando que em
determinada hipótese a sociedade se dissolverá de pleno direito. A hipótese mais comum é
por deliberação da assembleia geral (art. 206, I, “c” c/c art. 136, X), esse quórum das matérias
do art. 136 é qualificado. O professor Borba diz que mesmo no caso do art. 136 precisa ter
maioria, metade mais um. Mas o professor não concorda.
Em relação as companhias abertas com ações negociadas na bolsa ou mercado de
balcão, no art. 136 o legislador fez distinção entre as cias abertas que vão a público com
ações ou outros valores mobiliários e essas não podem ampliar o quórum do art. 136, mas as
companhias abertas com debenture simples ou comercial papers, por exemplo, que são
valores mobiliários não admitidos em bolsa, essas sim poderão ampliar o quórum do art. 136
da LSA.
O art. 2º da Lei 6.385/76, enumera taxativamente os valores mobiliários que as
sociedades podem negociar para captar recurso.
No que tange ao inciso IX, trata-se de uma decisão ampla para incluir valores
mobiliários novos, trazido do direito norte americano e incluído no ano de 2001pela Lei
10.303.
Voltando à dissolução parcial, no caso de ficar somente um acionista, este terá até o
próximo ano para incluir um novo acionista, ou, poderá passar por uma transformação para
adequar a sociedade para a nova estrutura. A partir dessa transformação, a S.A. passará a ser
uma LTDA, por exemplo.
Art. 206, I, d - A segunda exceção é a subsidiária integral (S.A com um único acionista
que obrigatoriamente tem que ser uma sociedade brasileira), prevista no art. 252, da LSA. O
que é sociedade brasileira? Ela é construída de acordo com a lei brasileira e mantém sua sede
no Brasil. Essa definição está na LSA e no CC. O art. 300 da LSA manteve em vigor os
artigos 59 a 73 do antigo decreto. A definição de sociedade brasileira está no art. 60 do
Decreto mantido em vigor pelo art. 300 da LSA. E também temos a definição do CC, art.
1.126. Para se formar uma subsidiaria integral, o único acionista precisa ser sociedade
brasileira.
E se o único acionista quiser manter a sociedade aberta tendo um único acionista? Pode
ser uma subsidiária integral mantendo um único acionista mantendo debentures, notas
comerciais, assim terá uma estrutura de unipessoalidade, mas não poderá emitir ações (a
BNDES Par tem um único acionista, companhia aberta que emitiu debentures para o
mercado).
A letra “e” do art. 206, se há uma extinção da autorização, a companhia não poderá
mais funcionar regularmente, assim inicia sua dissolução de pleno direito.
Dissolução judicial – LSA, art. 206, II
 Quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista;
Em relação a dissolução judicial, a primeira hipótese é quando a constituição da
sociedade for anulada por ação proposta por qualquer acionista. Havendo vício na
constituição também pode ensejar ação anulatória. Essa ação tem uma característica
diferenciada porque sentenciada a anulação da constituição não volta tudo para trás, a partir
daquele momento inicia-se o processo de liquidação. Essa ação tem previsão expressa no art.
285 da LSA.
Existe um princípio na LSA que é o da ampla sanação dos vícios e societários, um dos
casos é o do art. 285, parágrafo único. Outros exemplos estão previstos nos artigos 134, §3º,
124, §4º, 133, §4º, da LSA.
Nas ações anulatórias da LSA não volta tudo para trás, pois existe um outro princípio
em direito societário que é o princípio da ampla legalidade dos atos societários (?) que
decorre da exigência que os atos societários sejam registrados na junta comercial, em
princípio, a junta faz o exame das formalidades legais e se ela dá o registro, dali em diante se
tem que o ato é legal.
 Quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionista
que representem 5% ou mais do capital social;
Essa ação é proposta no sentido de preserva os direitos do acionista minoritário.
O art. 599, §2º do CPC possui uma impropriedade, segundo o professor. Pois se a a
companhia não consegue mais preencher o seu fim, não pode haver dissolução parcial, mas
total.
 Em caso de falência, na forma prevista na respectiva Lei.
Uma vez decretada a falência, a dissolução será total.

Dissolução administrativa – LSA – art. 206, III


Por decisão administrativa de autoridade administrativa competente, nos casos e na
forma previstos em lei especial.
As seguradores também estão sumetidas a SUSEP, e realizam a dissolução dessas
sociedades. É uma dissolução extrajudicial.
Uma vez dissolvida a companhia, ela preserva a personalidade jurídica até a extinção.
Ela é entinta pelo encerramento da liquidação ou pela incorporação ou fusão e pela cisão
com versão (art. 219, LSA).
Liquidação extrajudicial ou ordinária – LSA, art. 208
Na liquidação ordinária (decisão da própria sociedade, por exemplo, sem clientes,
produto superado, etc.).
A finalidade da liquidação é: o liquidante que comandar a liquidação irá realizar o ativo
da sociedade, ou seja, transformar o ativo em dinheiro, pagar o passivo, se possível todo e
prestar contas e encerrar a liquidação.
Liquidação judicial, LSA, art. 209
Pode ser pedida por qualquer acionista, que irá a juízo e requererá ao juízo a
liquidação.
Há casos, em que o MP pode pedir a liquidação, casos em que foi comunicada por
autoridade competente a liquidação da sociedade, mas a companhia não iniciar nos 30 dias
subsequentes, ou interrompê-la por mais de 15 dias, o MP poderá continuar com a liquidação.
O MP terá legitimidade para propor ação de dissolução e até liquidação social quando
for caso de violação de ordem pública (exemplo, empresa formada de fachada para fraudar
concursos públicos). (art. 209, II)
Deveres do liquidante, LSA, art. 210
O inciso IV é a essência do liquidante.
Em relação ao art. 213, §2º, da LSA, há um problema técnico, pois dá uma
incumbência ao juiz de conhecer bem a competência especifica que decorre de uma
sociedade anônima em liquidação judicial.
Pagamento do passivo, art. 214, LSA
O liquidante tem papel relevante no rateio que irá fazer para pagar os credores da
sociedade, observando a ordem dos credores na lei falimentar.
Partilha do ativo, art. 215, LSA
O §1º trouxe mudança pela Lei 14.195/21, e, a princípio, essa redação estaria
afastando as ações preferenciais, pois dispõe que no caso serão 90% das ações com direito a
voto, isso irá suscitar polêmica. Porém, o outro dispositivo diz que durante a liquidação todos
tem direito a voto. Na visão do professor, não se pode afastar o voto dos preferencialistas.
O §2º dá a entender que se restringe ainda mais o voto dos acionistas tirando também
os dissidentes.
Acionistas minoritários são todos os acionistas que não participam do bloco de
controle. O conceito de minoria tem a ver com aqueles que não alcançam maioria nas
assembleias ou que não podem votar.
O Art. 216, LSA, prevê o prazo de 30 dias, contados da publicação, para o acionista
dissidente para promover a ação que lhe couber.
Direito do credor não satisfeito, LSA, art. 218
Amortização de ações, art. 44, LSA, em que a sociedade delibera devolver
antecipadamente ao acionista o valor das suas ações. A Lei vê como benéfica a
amortização das ações, é uma espécie de liquidação antecipada ou devolução dos recursos
que acionista coloca na sociedade. A amortização irá preservar a ação.
As ações amortizadas também respondem pelo crédito de credores insatisfeitos?
Os doutrinadores entendem que não cabe aos acionistas com ações amortizadas
responder ao credor insatisfeito, a não ser que eles ainda tenham algum crédito a receber.
Como se apura os haveres do herdeiro de sócios de sociedade anônima de capital
fechado?
A sociedade anônima não há apuração de haveres, a não ser que exista previsão em
estatuto, mas o professor nunca viu isso. Mas a rigor, o herdeiro ingressa na sociedade e
passa a ser o próprio acionista.
Tema 981
“O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da
pessoa jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado
contra o sócio ou o terceiro não sócio, com poderes de administração na data em que
configurada ou presumida a dissolução irregular, ainda que não tenha exercido poderes
de gerência quando ocorrido o fato gerador do tributo não adimplido, conforme art. 135,
III, do CTN.”

Resp
Súmula 435 STJ
2º tempo
OS MOTIVOS DAS OPERAÇÕES
. ganho de economia de escala.
. aumento do poder
(complementar com o material)
TRANSFORMAÇÃO
Arts. 220 a 222 da Lei 6.404/76
É a mudança de tipo societário.
Na prática, a sociedade Ltda. se transforma em S.A.
Por outro lado, pode ocorrer de uma S.A. se transformar em Ltda, pois manter uma S.A.
custa caro.
Qual o quórum de deliberação para a transformação? O quórum qualificado do art. 136.
A responsabilidade pessoal do sócio decorre do tipo societário.
(pedir pra Mari)
Transformação imprópria ou registraria, art. 968, CC
O CC falou somente em transformação, mas é diferente, ocorre quando o empresário
quer se transformar numa sociedade Pluripessoal.
O Princípio da preservação da continuidade da empresa é que rege a transformação.
Poderia uma fundação se transformar em sociedade anônima?
Não, pois a transformação é entre tipos societários.
FUSÃO, INCORPORAÇÃO E CISÃO – ASPECTOS GERAIS
Rio Negro Ltda e Rio Solimões S.A se unem para constituir a Rio Amazonas S.A. =
fusão, surge uma sociedade nova e as fusionadas são extintas.
Rio Purus, Rio Tapajós e Rio Madeira são afluentes, são absorvidos por Rio Amazonas
S.A. = incorporação (vem do latim “incorpore”, trazer para dentro do corpo).
Rio Amazonas S.A se divide no final em dois outros Rios = cisão.
Art. 223, §3º - se envolverem companhias abertas, as sociedades que sucederem também
serão abertas necessariamente.
Na incorporação só haverá o direito de retirada para os acionistas da incorporada e não
da incorporadora (art. 136, IV c/c caput, art. 137, LSA).
O art. 137, II, somente as ações prefenreciais tem liquidez e não tem direito de retirada.
As ações ordinárias que não integram o índice do ibovespa, não tem liquidez e portanto, tem
direito de retirada.
Protocolo e justificação – arts. 224 e 225 da LSA
São documentos obrigatórios para a sociedade anônima, na prática se faz para a ltda por
que se acha prático, mas para a ltda não há obrigatoriedade. O Protocolo será elaborado,
inserindo nesse documento as condições da fusão, incorporação e cisão que são negociadas
previamente entre os administradores.
A justificação é um documento de natureza estritamente técnica, que traz detalhamento
sobre a operação, a justificação representa uma espécie de exposição de motivos da operação.
incorporação
Rito no art. 227 da LSA.
Fusão
Rito no art. 228 da LSA. Na prática as sociedades fazem mais incorporação do que
fusão, pois na fusão os custos são mais altos, já que se cria uma sociedade nova.
Cisão
Rito no artigo 229 da LSA.
Pode haver cisão total ou parcial. Não necessariamente haverá uma sociedade nova.
(saí da aula/pegar material)
08/06/2022
GRUPOS ECONÔMICOS DE FATO E DE DIREITO. Grupos
econômicos de coordenação e de subordinação. Legislação
08/06/ 08:00 às JOSE EDUARDO CAVALCANTI DE 2 aplicável. Participações societárias. Tipo de participações:
22 09:50 ALBUQUERQUE 1 coligação ou filiação; controle; simples participação;
participação recíproca. Holding pura e mista. Subsidiária
integral. Grupos de sociedades. Consórcios. Joint Ventures.
CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL E DEFESA DA LIVRE
CONCORRÊNCIA. Princípio constitucional da livre iniciativa.
Livre iniciativa e livre concorrência. Concentração
empresarial. Classificação da concentração empresarial. O
controle dos atos de concentração. Apreciação dos atos de
08/06/ 10:10 às JOSE EDUARDO CAVALCANTI DE 2
concentração. Mercado relevante. Concorrência desleal.
22 12:00 ALBUQUERQUE 2
Modalidades. Distinção entre concorrência desleal e infração
à ordem econômica. Órgãos administrativos de repressão às
infrações. Atribuições do CADE (Lei nº 12.529/11) e INPI
(Lei nº 5.648/70 e Portaria nº 11/2017). Condutas
infracionais. Sanções por infração da ordem econômica.

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL
É formada por 3 grupos: grupos societários, consórcios e joint ventures.
A expressão grupo só pode ser entendida pelo grupo de direito e não pelos grupos de
fatos. (art. 243 e ss da LSA).
A relação que se dá tanto no grupo de direito quanto no grupo de fato é através de
uma subordinação ao comando central que integra esses grupos.
No grupo de fato há três principais atores, há a controladora, sociedades controladas e
as chamadas coligadas, essas são sociedades que integram o grupo de fato, porém, não
possuem relação de controle. A controladora não tem o poder de controle na coligada, mas
tem o poder de influenciar as decisões estratégicas e financeiras. Se ela passa da relação de
influencia estratégica ela exercerá uma posição de controle.
Coligadas, controladas e controladoras – art. 243
O legislador trouxe um conceito do direito europeu a despeito da coligação: a coligação
passa a ter um sentido de influência significativa. O anterior era matemático: 10% ou mais
sem controlar.
O que é influência significativa? É a possibilidade dessa investidora exercer o poder de
participar das decisões. Está no §1º do artigo 243.
À coligação não importa em momento algum a relação de controle.
No que diz respeito às controladoras, uma sociedade sobre uma outra em que ela define
os rumos da sociedade, elege a totalidade ou maioria dos administradores. O conceito de
controle está associado ao artigo 116 da LSA.
Em relação ao controle interno, há 4 modalidades: (i) controle majoritário: quando
acionista detém 50% mais uma ação com direito a voto, (ii) controle minoritário: quando o
controlador detém menos de 50%, mas detém controle, (iii) controle gerencial: ocorre nas
grandes companhias abertas cujo o capital está pulverizado no mercado; não há controlador
majoritário, mas há vários grupos com participação equivalente, assim, esses grupos elegem
administradores, outorgando procurações aos administradores, estes, por sua vez, passam a
ter o poder de decidir os rumos da sociedade, quem comanda são os administradores. O
controle gerencial é a forma mais moderna de controle.
No controle gerencial, os acionistas delegam seus poderes para os administradores.
O controle externo se torna comum no Brasil em determinadas situações; se dá de fora
para dentro, numa relação não societária; não tem nenhuma participação no capital da
controlada, mas pode ter. Um exemplo seria a franquia empresarial, na qual o franqueador
tem o controle externo dos franqueados.
Assim, a controlada está submetida a vários tipos de controle: controle majoritário,
minoritário e gerencial, interno e externo.
O §5º criou uma presunção relativa de influência significativa, quando a investidora for
titular de 20% do capital votante investido, sem controlá-la.
A controladora geralmente é chamada holding, essa detém o controle e fica acima das
controladas. A relação da controladora e controladas com a coligada (participação sem
controle) se dá por participação no capital.
Condições para participação reciproca no capital. Vedação total
A participação recíproca, em princípio é vedada, mas não é uma vedação absoluta,
especialmente quando se trata de controladoras e controladas. O que leva a vedação de uma
participação recíproca? Porque seria uma espécie de devolução do capital. A controladora
holding coloca 60% do capital em A e A compra 60% do capital da controladora = devolução
do capital investido.
A regra geral do art. 244 é vedar a participação recíproca.
A controladora tem necessariamente o poder de comando de suas controladas.
O legislador previu uma exceção no §1º, nas chamadas ações em tesouraria (ações que
a companhia adquire de seu próprio capital), isso tem limites, mas se a companhia tende aos
pré-requisitos presentes no art. 30, ela pode adquirir suas próprias ações. É uma situação
curiosa, pois a sociedade passa a ser acionista de suas próprias ações. Essas ações sofrem
restrições quando ficam em tesouraria (§4º, art. 30) no que se refere a lucro e reserva de
lucro, além de 10% máximo de ações. Durante a permanência em tesouraria essas ações não
terão direito de voto, nem participarão do lucro.
As ações em tesouraria recebem juros sobre o capital próprio? É uma forma inteligente
da companhia aberta ou fechada; essas cias podem optar em pagar ao acionista juros por
capital próprio. Os juros, do ponto de vista contábil, são considerados despesas. Quando a cia
paga os acionistas com esses juros ela pode ter dedução da base de cálculo do IR. Quando o
acionista recebe dividendo, essa receita não incide IR. Porém, quando o acionista recebe juros
sobre capital próprio (bancos fazem isso geralmente) há desconto no capital do acionista, pois
incide juros de 15%. A resposta aqui é não, porque os juros tem natureza de dividendo.
Prevalece hoje a essência sobre a forma. Os juros de capital, na essência é distribuição de
resultado.
Ações que já foram integralmentes amortizadas ou de fruição podem receber juros
sobre capital? Professor Fábio Ulhôa Coelho entende que não cabe pagar juros sobre capital
das ações amortizadas porque o acionista já não tem capital na cia. Uma segunda corrente
(CVM, Carvalhosa) entendem que os juros sobre capital próprio é uma distribuição do lucro
e, assim sendo, não =haveria impedimento do pagamento desse lucro às ações amortizadas ou
de fruição.
Ações em tesouraria recebem bonificação? Bonificação (conceito do direito societário, art.
169 da LSA, aparece com nome de novas ações), resulta do aumento do capital social, esse
aumento é realizado com o lucro e reservas de lucro já existentes na sociedade. Esses lucros
são a riqueza em parte que a sociedade retem dentro da sociedade. quando a sociedade
precisa fazer aumento de capital, mas seus acionistas não possuem recursos, nesse caso, a
sociedade autoriza que a sociedade pegue esses lucros e leve para a conta do capital social,
faz um aumento de capital legal sem pedir dinheiro aos seus acionistas. É uma modalidade de
aumento de capital (art. 169, LSA). Quando a sociedade faz esse aumento de capital ela tem
duas alternativas: pode alterar o valor nominal das ações, não criando novas ações, mas ela
pode também pode fazer novas ações compatíveis como aumento e essas quando distribuídas
aos acionistas dá-se o nome de bonificação. Na doutrina prevaleceu o entendimento do
professor Borba, que defende que as ações em tesouraria poderiam receber bonificação, uma
vez que o §4º traz uma redação restrita, no sentido de a lei só ter vedado dividendos e votos.
A CVM entendeu o contrário, mas mudou o posicionamento e se alinhou ao posicionamento
do professor Borba.
Quando a participação reciproca é autorizada, as ações terão suspenso o direito de voto,
mas participam dos dividendos.
O art. 30, §1º = regra geral
A letra “b” elenca as exceções
Responsabilidade dos administradores e das sociedades controladas
Administradores
Art. 245 - Aqui rege o princípio do dever de diligencia no âmbito das controladoras,
controladas e coligadas, mas vale para qualquer administrador. Tratamento equitativo ou
comutativo nas relações.
Há uma exceção (art. 276 da LSA) que só se aplica ao grupo de direito, porque irá ser
pactuado um acordo, uma convenção do grupo, em que o legislador autoriza que uma ou mais
sociedades possam ser sacrificadas ao interesse do grupo ou a sociedade em comando do
grupo. É uma exceção do princípio de equitatividade, de zelo. Exemplo: A sociedade A
venderá o produto abaixo do custo de produção. Precisa estar previamente estabelecido na
convenção o tipo de benefício que a sociedade “x” fará em nome do grupo. Nesse caso, passa
a se ter um vínculo de subordinação.
Quando a controladora passa a causar danos as sociedades controladas, danos
decorrentes de uma decisão equivocada ela será responsabilizada (art. 246, art. 116 e art.
117).
A CVM poderia reduzir os percentuais previstos na LSA? Sim, pode, nas hipóteses
previstas no art. 300, caput da LSA.
HOLDING
A holding é uma sociedade criada para controlar outras sociedades. Normalmente é
pura, sem nenhuma atividade operacional, mas podem atuar na parte operacional.
Holding mista e pura. A pura somente controla, já a mista possui outra atividade além da
de controlar.
A previsão legal está no art. 251, pode ser constituída originariamente como subsidiária
integral ou pode ser derivada ou através da operação prevista no art. 252 da LSA,
incorporação de ações.
Formas de surgimento de subsidiária integral
 Modalidade originária: art. 251
 Modalidade derivada: 252 – incorporação de ações
Diferenciação entre incorporação de sociedades e incorporação de ações (art. 252)
Na incorporação entre sociedades, a incorporada se extingue, porque se torna parte da
incorporadora e desaparece. O acionista que não for dissidente irá receber as ações novas da
incorporadora.
Na incorporação de ações o que vai ser incorporado serão as ações da cia incorporada.
As ações se transferem para a incorporadora, mas a incorporada continua existindo. Na
incorporação de ações não ocorre o fenômeno da sucessão universal dos direitos e
obrigações. A pessoa jurídica continua existindo.
A maioria dos negócios feitos atualmente são feitos com incorporação de ações, pois se
trata de operação menos custosa. É um fato relevante e precisa ser divulgado, mas não há
controle pela CVM.
Na incorporação de ações, os acionistas da incorporadora nomearão o perito que avaliará
as ações da cia (§1º, art. 252, LSA). O perito que irá dizer os critérios a serem utilizados, se
valor econômico, se valor de mercado, por exemplo.
O que é valor econômico? É o fluxo de caixa (dinheiro que irá entrar na sociedade)
projetado (por exemplo, um contrato de 20 anos, o valor que entrará nesses anos) descontado.
Hoje é um critério de avaliação nas empresas.
Na incorporação de ações há direito de retirada na incorporadora também, pois o
legislador estabelece de forma clara que a dissidência poderá ocorrer de acordo com o §1º do
art. 252, LSA.
Há uma assembleia na incorporadora e outra na incorporada. A assembleia da
incorporadora precisa ter quórum de metade no mínimo do total de votos com direito a votos
para aprovar a negociação.
Capítulo XXI – Grupo de sociedades
Grupos de direito – é formando por sociedade controladora e as controladas. Essas
sociedades podem, querendo, criar uma convenção de grupos. Nesse contrato, a lei admite
que algumas sociedades sejam submetidas aos interesses de outras sociedades. Essa
sociedade deve ser brasileira.
Quando se cria um grupo de direito, as controladas passam a ser denominadas pela lei
de filiadas. Essa é a vantagem do grupo de direito: ser uma exceção ao previsto no art. 245.
Joint venture – Lei 12.529/11, art. 88
A LSA não fala em joint venture. No Brasil não há conceito legal. A doutrina entende
que há três tipos de joint venture (i) consórcios, (ii) sociedade em conta de participação e
(iii) sociedade de propósito específico.
A sociedade de propósito especifico é aquela cujo objeto é perfeitamente delimitado, a
atividade econômica é destinada a um único objetivo.
O consórcio é muito utilizado porque é uma união contratual, na qual as sociedades que
integram o consorcio não possuem relação de controle, são independentes. Pode haver
controle, mas normalmente não o são. O consórcio visa reunir esforços para alcançar
determinado objetivo por determinado período de tempo. Concluído esse objeto o
consórcio deixa de existir. A evolução da economia capitalista ocorre pela (...) o consórcio é
feito em projetos de grande porte (gastos vultosos).
Vantagens de se realizar uma joint venture: união de recursos, ganho de eficiência,
alocação de riscos, acesso a novos mercados. É um mecanismo a ser utilizado para alcançar
essas vantagens.
Motivos para a concentração empresarial: redução do custo unitário com o aumento
do volume da produção; Possibilidade de autofinanciamento; supressão de intermediários;
estocagem de matéria prima; diminuição dos custos administrativos, em relação ao
faturamento global.
Consórcio é um instituto jurídico que atende a necessidade de crescimento temporário
ou de uma operação não permanente da empresa. Consórcio pode ser entre companhias e
sociedade (quando a lei se refere a companhia ela se refere à S/A, mas pode ser também de
sociedade ltda, etc).
Atingido o objetivo do consórcio, ele deverá ser extinto, mas na prática podem aparecer
empresas que após o cumprimento do objetivo mantém o consórcio.
Pode haver a eleição de uma sociedade líder, para representar o consorcio.
Elementos essenciais – determinado empreendimento por prazo temporário.
Para consórcio com prazo indeterminado – 981, parágrafo único do CC – sociedade de
propósito específico.
Na esfera tributária, o CARF pode conferir tratamento de sociedade de fato ou irregular
nos casos em que não há objeto ou prazo determinado.
Art. 278, §1º - cada consorciado mantém sua autonomia jurídica e administrativa.
Responsabilidade dos consorciados – cada consorciada se obriga perante terceiros de
forma indicava e direta porem representada pela sociedade líder.
O consórcio possui capacidade processual – art. 75, inciso IX, do CPC.
Em regra, não há solidariedade entre as consorciadas, mas há exceções à presunção de
não solidariedade no art. 28, §3º CDC, art. 15, Lei (?) direito trabalhista, art. 2º,§2º, CLT.
Tanto não há solidariedade, que a falência da consorciada não se estende as demais.
E se o consórcio for integrado por apenas duas sociedades? Se o contrato de consorcio
contemplar a hipótese de substituição, será de acordo com o contrato, mas a falência de uma
delas ocasionará a extinção do consórcio. Porque o consórcio é de natureza plurilateral,
assim, existindo apenas uma, não há como manter o consórcio.
O grupo de sociedades normalmente tem por objeto atividade de longo prazo, não é
objeto determinado, existe a relação de controle e a convenção do grupo.
Nos grupos convencionais o objeto é permanente e visam favorecer o grupo como um
todo.
No consorcio o objetivo não será permanente e o prazo será determinado.
Consórcio e sociedade em conta de participação
Na SCP esta se obriga direta e exclusivamente através de seu sócio ostensivo. A SPE
possui objeto social único o que reduz o risco empresarial. Trata-se de sociedade constituída
permanente.
No consórcio, verifica-se a coordenação das atividades de diversas partes para execução
de um empreendimento. O consorcio não tem personalidade jurídica.
Vantagens do consórcio
Tratamento mais flexível, menos burocrático, incentiva a cooperação entre empresas
quando o fim visado seja empreendimento ou negocio especifico e fim determinado.
2ª ementa – tema mais voltado ao direito administrativo, mas possui relação profunda com o
direito societário.
CONCENTRAÇÃO EMPRESARIAL E DEFESA DA LIVRE CONCORRENCIA
O modelo da ordem econômica no brasil é inspirado no neoliberalismo que se
fundamenta na livre iniciativa, mas consagra também outros valores com os quais a economia
deve se compatibilizar. Isso foi para sair da crise econômica que devastou o EUA em 1929.
Os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência não são absolutos no direito
brasileiro, o art. 170 da CF coloca esses princípios em pé de igualdade com outros princípios
que são o do trabalho, do meio ambiente, defesa do consumidor, função social da
propriedade.
A iniciativa econômica pode se dar pela inciativa privada, pela cooperação, autogestão e
iniciativa estatal.
A liberdade inciativa é que qualquer pessoa possa abrir seu próprio negócio obedecidas
as regras legais. A livre iniciativa acaba resultando no poder econômico, pois os grupos só
sobrevivem com o poder econômico. O poder econômico em si, não é ato ilícito, mas o seu
uso abusivo configura uma ilicitude, é a empresa fazer uma fusão, incorporação visando
dominar a venda de determinado produto na sociedade, por exemplo.
O CADE (autarquia vinculada ao ministério da justiça - lei 12.529/11) passou a
exercer um controle preventivo nessas operações. A partir de 2011 o CADE abandona a
função repressiva para ter uma atuação preventiva. Mas nem toda operação passa pelo
CADE, art. 88, da Lei 12.529/11.
A função do CADE está prevista na CF, art. 173, §4º, que pune o abuso do direito
econômico em hipóteses especificadas na referida norma.
Há duas formas de concorrência: a lícita e a ilícita.
Formas de concorrência lícita
Há duas formas de concorrência que o direito repudia: a concorrência desleal (esta não
compromete as estruturas do livre mercado) e, a concorrência praticada com abuso de
poder que vai comprometê-las.
A deslealdade atinge a um concorrente específico, essa concorrência desleal não tem
punição frente ao CADE (art. 195 da Lei 9.279/96 - lei de propriedade industrial). Já a
concorrência praticada com abuso de poder (Art. 209 – concorrência genérica).
Concorrência leal x concorrência desleal
Na concorrência leal, o principal elemento é obter o maior numero de consumidores para
o seu produto. O que não pode ser feito é se utilizar de meios inidôneos para atingir a esses
fins objetivos.
É importante observar os meios empregados pelo empresário, se idôneos ou inidôneos
(concorrência desleal e específica).
Art. 195, IV Lei 9.279/96 – fala da confusão entre os produtos e estabelecimentos.
Inciso XI – concorrência desleal específica - Art. 1.085, CC – exclusão de minoritário
por justa causa – caso em que a sócio estava desviando a clientela para empresa criada por
ela, colocando em risco a sociedade, também tem repercussão no direito penal, pois a vítima
pode denunciar na delegacia de deflagrações.
Hipóteses do art. 195, são taxativas.
O §1º - inclui-se nas hipóteses dos incisos XI e XII o empregado, o empregador, o sócio
ou administrador da empresa. Pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
Infrações à ordem econômica – art. 173, §4º da CF
A lei reprime o abuso e não o uso do poder econômico.
Na concorrência desleal são os meios empregados que fazem a diferença. No abuso
da ordem econômica são os efeitos que farão a diferença.
Abuso é o comportamento de empresa ou grupo de empresas que usa de seu poder de
mercado para prejudicar a livre concorrência, por meio de condutas competitivas.
No caso de abuso de poder, a empresa irá se enquadra na lei 12.529/11 – CADE art. 88 –
que determinará se a operação pode ser feita ou precisa de ajustes ou não pode acontecer.
O CADE tem prazo de 280 dias.
Ler artigo 36 – função repressiva do CADE as infrações a ordem econômica.
O artigo elenca as condutas antijurídicas que podem caracterizar as infrações,
especialmente dominar mercado relevante (aspecto geográfico e o aspecto material do
produto) de bens e serviços, “independentemente de culpa.”.
O art. 88 é que combate os atos de infração. O art. 88 c/c art. 90.
Por fim, são duas ordens de concorrência desleal, uma especifica na Lei de
propriedade específica e outra mais ampla que tem repercussão no CC e na lei penal.
Caso concreto
a) submeter a concentração ao CADE.
b) pode haver multa, nulidade, o ato não é consumado e tem de observar o art. 88, §3º.
[O antitruste law surge nos EUA.]
INFORMATIVOS
Origem: STJ - Informativo: 719
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa
jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência, não pode ser autorizado contra o sócio
ou o terceiro não sócio que, embora exercessem poderes de gerência ao tempo do fato
gerador, sem incorrer em prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retirou e não deu causa à sua posterior
dissolução irregular, conforme art. 135, III do CTN. STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.019-SP, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 962) (Info
719).
Se a pessoa tinha poderes de administração na data da ocorrência da dissolução irregular da
sociedade, PODERÁ ser responsabilizada, ainda que na data da ocorrência do fato gerador
que ensejou a propositura da execução fiscal ela não fosse administradora. (tema 981)
Origem: STJ - Informativo: 693
Na Sociedade Anônima de capital fechado, não fixado prazo para que seja lavrado o termo no
Livro de Transferência de Ações Nominativas, é indispensável a interpelação do devedor
para que fique caracterizada a mora.
Origem: STJ - Informativo: 686
O fato de a sociedade ter somente dois sócios não é suficiente para afastar a proibição de o
administrador aprovar suas próprias contas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.692.803-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/02/2021 (Info 686).

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