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Filosofia – 11º ano

➢ Descartes apresenta três provas da existência de Deus como fundamento


metafísico do saber.

- 1º Argumento: Argumento ontológico – a construção deste argumento consiste em


partir da ideia de Deus e seus atributos intrínsecos, para concluir a necessidade da
sua existência. O argumento é a priori 1na medida em que a existência de Deus é
conclusão necessária da ideia de ser perfeito. A ideia inata de Deus é, para Descartes,
a ideia de um ser perfeito, acima do qual nada de mais perfeito pode existir.
Sendo Deus o ser absolutamente perfeito é de sua natureza possuir todos os
atributos e, entre estes, o da existência, sem o qual não será a ideia de ser
maximamente perfeito, uma vez que aquilo que existe possui maior perfeição do que
aquilo que não existe. Se a ideia de Deus é a ideia de máxima perfeição, então, a esta
ideia corresponde o ser perfeito, pois faz parte das suas qualidades positivas ter o
atributo da existência. A existência de Deus é necessária porque a sua existência
está contida necessariamente na sua essência: logo Deus é e existe.

- 2º Argumento: Da causa da ideia de Deus – o cogito é substância pensante que


duvida e, por isso mesmo, imperfeito e limitado. Como imperfeito, não pode ser a
causa da ideia inata de ser perfeito que possui. A realidade objetiva da ideia de
perfeição ultrapassa-nos, ela não está contida em nós, nem formalmente nem
eminentemente, nem pode estar contida noutro ser para além do Ser Perfeito, por
conseguinte, Deus existe e é a causa desta ideia que está em nós. Este argumento
a posteriori,2 baseia-se no princípio da causalidade das ideias que existem no nosso
espírito. Este princípio da causalidade é de ordem ontológica, deste modo, não pode
haver mais realidade no efeito do que na causa. Enquanto ser imperfeito e finito,
não posso ser a causa da ideia de uma substância perfeita e infinita, logo, só o
ser absoluto é causa da ideia de perfeição que encontro no meu pensamento.

1 Existência em mim da ideia de Perfeito.


2
Pela existência de mim que penso o Perfeito.
Filosofia – 11º ano

- 3º Argumento: Da causa da existência do cogito3 – Esta prova encontra-se em


íntima correlação com a prova apresentada anteriormente. O cogito é um ser pensante
que duvida, logo é imperfeito, porque se não o fosse teria todas as qualidades e todos
os conhecimentos. Como ser finito e contingente não pode ser a causa de si mesmo,
se existe é porque um ser superior a conserva. Para além da causa criadora,
Descartes estabelece a necessidade de uma causa conservadora. Uma vez que
as partes do tempo são independentes, uma coisa que dura agora pode deixar de
existir no momento seguinte. Então é necessária uma causa que conserve. A causa
antecedente, ou os antepassados, não serve para explicar a minha permanência.
Como não tenho a capacidade de me conservar, dependo necessariamente de
um ser de natureza superior que mantenha a minha existência. A causa que me
conserva tem de ter tanta ou mais realidade objetiva que o efeito. Se sou um ser
pensante que tem a ideia de perfeição, a causa da existência só pode ser um ser
pensante que exista por si. Ora, um ser que exista por si e que não dependa de
nenhuma outra causa, só pode ser um ser que tenha em ato todas as perfeições, logo,
Deus existe, e é a causa que conserva a minha existência.

3 Pela essência de Perfeito que eu penso.

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