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AULA 02 - PATRÍCIA CASTAGNA

23/08/2022

DIÁLOGOS ENTRE ÁREAS E CULTURA DO


DIÁLOGO

Relação entre outras áreas: a abordagem de qualquer tema na área de ciências humanas
exige uma expansão para outras áreas além da própria. Exemplo: no direito entender um
pouco a parte psicológica, sociológica, etc.

Importante que um diálogo englobe os fenômenos sociais, jurídicos e do comportamento


humano.

CIÊNCIA FRAGMENTADA

A partir do século XV: desenvolvimento da ciência, ela surge como “disciplina única”.
A partir do século XX: a ciência passou a ser fracionada para ser estudada.

A primeira divisão ocorreu entre as ciências sociais (sociologia, antropologia, economia,


psicologia, direito, etc) e ciências naturais (biologia, química, física e medicina) com suas
subdivisões: em medicina, por ex, anatomia, neurologia, cardiologia.

Sentido contrário: após o século XX então, realiza-se um movimento no sentido


contrário, de superar a visão segundo a qual a divisão de conhecimento em áreas
específicas e estagnadas serve melhor para a solução dos problemas no mundo real.

No século XX, a partir daí, uma visão do direito acoplada à da psicologia tornou-se
possível!

DIREITO E PSICOLOGIA

Em algumas situações o direito por si só não é capaz de lidar com a situação, sendo
necessário analisar outras áreas de conhecimento como, por exemplo, a psicologia.

Exemplo para a relação de direito e psicologia é a inimputabilidade de um réu - aquele


que por alguma condição específica não responde por seus atos (menor de idade e pessoa
com algum problema psicológico).

Muito comum o conhecimento da psicologia na ramo do direito da família.


Reflexão:

Embora o Brasil seja rico em terras nas quais facilmente haveria comida para todos, a
maioria da população não tem condições mínimas de alimentação, moradia, saúde, etc.

A sociedade capitalista incentiva o consumo, porém a maioria está impedida de consumir.


Se por falta de condições de consumir, a pessoa for levada a roubar, será presa: uma
realidade social que incentiva um comportamento impossível, pode levar ao crime,
necessitando da intervenção do direito. “O direito chancela a possibilidade de alguns terem
o que o resto não tem”. (Carla Pinheiro, p. 70)

DIREITO E SERVIÇO SOCIAL


O trabalho do assistente social na área sociojurídica  se desenvolve  no interior das
instituições estatais que formam o sistema de justiça (Tribunais de Justiça, Ministério
Público e Defensorias), no aparato estatal militar e de segurança pública, no Ministério de
Justiça e Secretarias de Justiça dos estados, e Sistema de Garantias de Direitos (cf.
Conanda, 2006) que, por força das demandas às quais têm que dar respostas,
confrontam-se com a necessidade de resolver conflito de interesses (individuais ou
coletivos), necessitando de seu parecer enquanto profissional do Serviço Social.
(Elisabete Borgianni, Para entender o serviço social na área jurídica,
2013,https://www.scielo.br/j/sssoc/a/m7fYNtwTngwKyg3N7DWB8yS/?format=pdf&lang=pt)

O CONFLITO

“O conflito deve ser percebido como um processo que tem características da


transdisciplinaridade” (Célia Passos – Teoria dos Conflitos)

A compreensão do conflito passa pelas seguintes áreas de conhecimento:


comunicacionais, sociológicas, psicológicas, socioeconômicas, ideológicas, sócio
interativas, etc.

CONFLITO NA ÁREA TRABALHISTA

Podemos entender o conflito na esfera trabalhista das seguintes maneiras:

1. Controvérsia: conflito em fase de ser solucionado (mediação ou arbitragem) - pode


ser judicial ou não. Exemplo: sindicato quando entra em negociação por conta de
aumento de salário, etc.
2. Dissídio: individual (empregado X empregador) ou coletivo (julgamento de greve
pela JT). Nome utilizado somente na área trabalhista.
3. LIDE: “conflito de interesses qualificado por pretensão resistida” (Carnelutti) - só
acontece quando se leva ao judiciário o conflito entre os indivíduos.

CONFLITO QUANTO ÀS PARTES


- Conflito Individual: trata do interesse relativo ao próprio indivíduo. A maioria dos
conflitos são individuais, é o direito daquela pessoa especificamente ou casal com o
mesmo objetivo. Exemplo: guarda, alimentos, direito do consumidor, acidente de
trânsito, etc.
- Conflito Coletivo: trata do interesse relativo a um grupo de pessoas, determinadas
ou indeterminadas (art. 81 CDC). Quando o prejudicado por determinado assunto
não é uma única pessoa e sim várias. Exemplo: no caso da indústria farmacêutica
que lançou vários lotes de anticoncepcionais de farinhas, várias mulheres
engravidaram por conta desse erro. Elas podem acionar o judiciário de forma
individual ou esperar ingressarem com uma ação coletiva (MP).

Vantagem da ação coletiva: na coleta de prova, mais força nas provas pela
quantidade de pessoas envolvidas.

MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

a) Autodefesa/autotutela: o próprio sujeito resolve. Em via de regra, não é permitida -


exceções.

No direito penal tem-se a legítima defesa e estado de necessidade como excludentes de


ilicitude (art. 23 do CP).

Não se admite exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP) para solução de
conflitos, ainda que legítimo, para satisfazer pretensão. “Fazer justiça com as próprias
mãos”.

Exemplo: o caso que o indivíduo tatuou “sou ladrão e vacilão” na testa do outro que tentou
roubar.

Tem-se também no Direito do Trabalho tem-se: greve e lockout (empregador não deixa
empregados trabalharem para desestabilizá-los emocionalmente para que desistam de
pleitear maiores salários).

b) Autocomposição: o próprio sujeito resolve mas com auxílio de um terceiro. Mediador ou


Conciliador. O próprio sujeito resolve, mas tem ajuda de terceiro.

Pode ser unilateral com renúncia de uma das partes à pretensão ou bilateral com uma das
partes fazendo concessões recíprocas.

Exemplo: acordo coletivo (entre sindicato de empregados e empresa) e convenção coletiva


(entre sindicatos de empregados e empregadores.

- Mediação:caso exista mediador, este apenas aproxima as partes mas não faz
propostas. - utilizada muito em conflitos familiares por ser relações contínuas
- Conciliação: pode auxiliar na elaboração direta das propostas mas não tem poder
de decisão.

A) Heterocomposição: diante da inviabilidade de autocomposição das partes, um


terceiro (árbitro ou juiz) vai decidir o conflito. OBS: A decisão do árbitro tem o
mesmo valor que a decisão do juiz!

ARBITRAGEM

CONCEITO: é uma forma de solução de conflitos, realizada por terceiro (árbitro)


estranho à relação das partes ou por um órgão, escolhido por elas, impondo a
solução do litígio

Sentença arbitral = sentença judicial

Caso não cumprida, pode-se requerer ao juiz o cumprimento da sentença arbitral (é


título executivo judicial – art. 515, VII CPC).

LEI 9307/1996: Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus
litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a
cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

E no CPC:

Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


(Princípio do Acesso à Justiça)

§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos


conflitos.

§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de


conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e
membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

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