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FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

Unidade III
7 ANTIBIÓTICOS (PARTE 2)

7.1 Antiparasitários

Os antiparasitários são uma classe de medicamentos indicada para o tratamento de doenças


parasitárias, como as causadas por helmintos, amebas, ectoparasitas, fungos parasitários, protozoários,
entre outros. Os antiparasitários visam aos agentes parasitários das infecções, destruindo-os ou
inibindo seu crescimento. Geralmente são efetivos contra um número limitado de parasitas dentro
de uma determinada classe. Os antiparasitários são um dos medicamentos antimicrobianos que
incluem antibióticos que visam às bactérias e aos antifúngicos que atingem os fungos. Eles podem ser
administrados por via oral, intravenosa ou tópica.

7.1.1 Fármacos usados contra os nematódeos (helminto)

Os nematódeos são vermes redondos e alongados que possuem um sistema digestivo completo. Eles
causam infecções no intestino, bem como no sangue e no tecido.

• Mebendazol

— Mecanismo de ação: o fármaco atua inibindo a montagem dos microtúbulos no parasita e


também bloqueando a captação de dextrose de modo irreversível. Os parasitas atigindos são
expelidos nas fezes.

— Indicação: o mebendazol é o fármaco de primeira escolha para o tratamento de infecções


causadas por Trichuris (tricuro), Enterobius vermicularis, Necator americanus, Ancylostoma
duodenale e Ascaris lumbricoides (lombriga).

— Efeitos adversos: incluem dores abdominais e diarreia. O mebendazol não pode ser
usado por gestantes.

• Pamoato de pirantel

— Mecanismo de ação: atua como fármaco despolarizante e bloqueador neuromuscular,


causando liberação de acetilcolina, inibição da colinesterase e paralisia nos vermes. O verme
paralisado se solta de sua fixação no trato intestinal e é expelido.

— Indicação: é eficaz no tratamento de infecções causadas por A. lumbricoides, E. vermicularis,


N. americanus e A. duodenale.
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— Efeitos adversos: náusea, vômito e diarreia.

• Ivermectina

— Mecanismo de ação: atua nos receptores de canais de cloro disparados por glutamato. O
influxo de cloreto aumenta e ocorre a hiperpolarização, resultando em paralisia e morte do
helminto.

— Indicação: é o fármaco de escolha para o tratamento contra a larva migrans cutânea, a


estrongiloidíase e a oncocercose. Também é útil no tratamento da pediculose (piolhos) e das sarnas.

— Efeitos adversos: a morte da microfilária na oncocercose pode causar a perigosa reação


de Mazzotti (febre, cefaleia, tontura, sonolência e hipotensão). A gravidade dessa reação é
proporcional à carga parasitária.

7.1.2 Fármacos usados contra trematódeos (helminto)

Os trematódeos (fascíolas) são vermes achatados em formato de folha e, geralmente, caracterizados


pelos tecidos que infectam, como fígado, pulmão, intestinos ou sangue.

• Praziquantel

— Mecanismo de ação: a permeabilidade da membrana ao cálcio aumenta, causando contratura


e paralisia do parasita.

— Indicação: é o fármaco de escolha para o tratamento de todas as formas de esquistossomose


e infecções por cestoideos (teníase). Também pode ser usado para o tratamento da cisticercose,
causada por larvas de Taenia solium.

— Efeitos adversos: os efeitos mais comuns incluem tontura, mal-estar e anorexia.

7.1.3 Fármacos usados contra os cestoideos (helminto)

Os cestoideos, ou tênias, têm normalmente corpo achatado e segmentado e se fixam no intestino do


hospedeiro. Como os trematódeos, os cestoideos não têm boca e trato digestório durante o seu ciclo vital.

• Albendazol

— Mecanismo de ação: inibe a síntese de microtúbulos e a captação de glicose em nematódeos,


além de ser eficaz contra todos os nematódeos conhecidos.

— Indicação: sua aplicação terapêutica primária, contudo, é o tratamento contra infecções


por cestoideos, como cisticercose e hidatidose, esta causada por estágios larvais de
Echinococcus granulosus.
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— Efeitos adversos: cefaleia, êmese, hipertermia e convulsão em decorrência dos parasitas que
morrem no SNC.

7.1.4 Antiprotozoários

Agentes antiprotozoários são uma classe de produtos farmacêuticos utilizados no tratamento da


infecção por protozoários. Os protozoários têm pouco em comum um com o outro, e, portanto, os
fármacos eficazes contra um patógeno podem não ser eficazes contra outro. Eles podem ser agrupados
por mecanismo ou por organismo. São exemplos de fármacos desta categoria: eflornitina, furazolidona,
melarsoprol, metronidazol, nifursemizona e nitazoxanida.

• Antiprotozoários

— Mecanismo de ação: os mecanismos de fármacos antiprotozoários diferem significativamente


de fármaco para fármaco. Por exemplo, parece que a eflornitina, uma droga usada para tratar
a tripanossomíase, inibe a ornitina descarboxilase, enquanto o antibiótico/antiprotozoário de
aminoglicosídeo utilizado para tratar a leishmaniose é pensado para inibir a síntese proteica.

— Indicação: os antiprotozoários são usados ​​para tratar infecções protozoárias, que incluem
amibiase, giardíase, criptosporidiose, microsporidiose, malária, babesiose, tripanosomiases,
doença de chaga, leishmaniose e toxoplasmose. Atualmente, muitos dos tratamentos para
essas infecções são limitados pela sua toxicidade.

— Efeitos adversos: os principais efeitos relatados são náuseas, vômitos, azias e cólicas abdominais.

7.2 Antivirais

Os medicamentos antivirais são uma classe de medicação usada especificamente para o tratamento
de infecções virais em vez de bactérias. A maioria dos antivirais é usada para infecções virais específicas,
enquanto um antiviral de amplo espectro é eficaz contra uma ampla gama de vírus.

Ao contrário da maioria dos antibióticos, os medicamentos antivirais não destroem seu


patógeno alvo, em vez disso, inibem seu desenvolvimento. Os medicamentos antivirais são uma
classe de antimicrobianos. Os antimicrobianos também incluem medicamentos antibióticos
(também denominados antibacterianos), antifúngicos e antiparasitários, ou medicamentos
antivirais baseados em anticorpos monoclonais.

A maioria dos antivirais é considerada relativamente inofensiva para o hospedeiro e, portanto, pode
ser usada para tratar infecções. Eles devem ser distinguidos dos viricidas, que não são medicação, mas
desativam ou destroem partículas de vírus dentro ou fora do corpo. Os antivirais naturais são produzidos
por algumas plantas, como o eucalipto.

Os vírus consistem em um genoma e, às vezes, em algumas enzimas armazenadas em uma cápsula


feita de proteína (chamada de capsídeo) ou coberta com uma camada lipídica (chamada de “envelope”).
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Os vírus não podem se reproduzir por conta própria e, em vez disso, se propagam subjugando uma
célula hospedeira para produzir cópias de si mesma, produzindo assim a próxima geração.

Os pesquisadores que trabalham em estratégias de designação de drogas racionais para o


desenvolvimento de antivirais tentaram atacar vírus em todas as fases dos ciclos de vida. Algumas
espécies de cogumelos possuem moléculas antivirais com efeitos sinérgicos semelhantes.

Os ciclos de vida virais variam em seus detalhes precisos dependendo do tipo de vírus, mas todos
compartilham um padrão geral:

• Anexo a uma célula hospedeira.


• Liberação de genes virais e possivelmente enzimas na célula hospedeira.
• Replicação de componentes virais usando organelas de células hospedeiras.
• Montagem de componentes virais em partículas virais completas.
• Liberação de partículas virais para infectar novas células hospedeiras.

7.2.1 Antirretrovirais

Um retrovírus é um vírus de RNA de sentido positivo, de cadeia simples com um intermediário de


DNA e, como parasita obrigatório, visa a uma célula hospedeira. Uma vez dentro do citoplasma da
célula hospedeira, o vírus usa sua própria enzima de transcriptase reversa para produzir DNA do seu
genoma de RNA, o inverso do padrão usual, assim, retro (para trás). O novo DNA é então incorporado
no genoma da célula hospedeira por uma enzima integrase, ponto em que o DNA retroviral é referido
como um provírus. A célula hospedeira trata o DNA viral como parte de seu próprio genoma, traduzindo
e transcrevendo os genes virais juntamente com os próprios genes da célula, produzindo as proteínas
necessárias para montar novas cópias do vírus. É difícil detectar o vírus até que ele tenha infectado o
hospedeiro. Nesse ponto, a infecção persistirá indefinidamente.

O principal retrovírus de interesse clínico é o HIV (vírus da imunodeficiência humana). A seguir estão
listados os principais fármacos utilizados no tratamento:

• Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos: fazem parte desta classe os


fármacos zidovudina (AZT), estavudina e tenofovir.

— Mecanismo de ação: são análogos de nucleosídeos ou nucleotídeos desprovidos da hidroxila


3’. Uma vez dentro da célula, eles são fosforilados por enzimas celulares ao análogo trifosfato
correspondente, que é incorporado ao DNA viral pela transcriptase reversa. Porém, por ter a
hidroxila 3’ bloqueada, a transcripatase reversa não consegue terminar de sintetizar todo o
DNA viral.
— Efeitos adversos: apresentam toxicidade hepática potencialmente fatal, caracterizada por
acidose láctica e hepatomegalia com esteatose.
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• Inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos: são integrantes desta


categoria o efavirenz e a nepirapina.

— Mecanismo de ação: são inibidores não competitivos altamente seletivos da transcriptase


reversa. Não necessitam de ativação celular.

— Efeitos adversos: apresentam alta taxa de hipersensibilidade, causando urticárias, efeitos


dermatológicos graves e efeitos adversos no SNC.

• Inibidores da protease viral: são fármacos pertencentes a esta família o ritonavir, o saquinavir,
o indinavir, o nelfinavir, entre outros.

— Mecanismo de ação: todos os fármacos deste grupo são inibidores reversíveis da aspartil
protease, que é a enzima viral responsável pela clivagem e montagem do capsídeo. A inibição
evita a maturação de partículas virais e resulta na produção de vírions não infecciosos.

— Efeitos adversos: causam parestesia, náusea, êmese e diarreia. Também ocorrem distúrbios no
metabolismo de glicose e lipídeos, incluindo diabetes, hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia.
Promove acúmulo de gordura abdominal, no pescoço e aumento do tórax.

• Inibidores de fusão: são fármacos desta classe a enfuvirtida e a maraviroque.

— Mecanismo de ação: para que o HIV entre na célula do hospedeiro, ele deve fundir sua
membrana com a da célula deste. Isso é possibilitado por mudanças na conformação da
glicoproteína viral transmembrana GP41 e ocorre quando o HIV se liga à superfície da célula do
hospedeiro. Portanto, estes fármacos impedem que a GP41 interaja com a célula hospedeira,
impedindo a infecção.

— Efeitos adversos: as reações principais ocorrem no local da injeção do fármaco e incluem dor,
eritema, endurecimento e nódulos.

Observação

A terapia combinada antirretroviral age contra a resistência viral,


reprimindo a replicação do HIV tanto quanto possível e reduzindo o pool
potencial de mutações de resistência espontânea.

7.2.2 Anti-herpéticos

O herpes simples é uma doença viral causada pelo vírus herpes simplex. As infecções são categorizadas
com base na parte do corpo infectado. O herpes oral envolve o rosto ou a boca. Pode resultar em
pequenas bolhas em grupos – muitas vezes chamadas de feridas ou bolhas de febre – ou pode apenas
causar dor de garganta.
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O herpes genital, muitas vezes simplesmente conhecido como herpes, pode ter sintomas mínimos ou
formar bolhas que se abrem e resultam em pequenas úlceras. Costuma estar curado entre duas e quatro
semanas. Podem ocorrer dores de formigamento antes que as bolhas apareçam. O herpes cicatriza entre
os períodos de doença ativa seguida de períodos sem sintomas. O primeiro episódio é muitas vezes mais
grave e pode estar associado a febre, dores musculares, linfonodos inchados e dores de cabeça. Ao longo
do tempo, os episódios de doença ativa diminuem em frequência e gravidade.

O tratamento da herpes deve ser medicamentoso, os principais fármacos estão indicados a seguir:

• Aciclovir

— Mecanismo de ação: é um análogo da guanosian e monofosforilado na célula por uma enzima


viral, assim, células infectadas pelo vírus são mais suscetíveis. O aciclovir fosforilado compete
com o substrato natural da DNA-polimerase viral e é incorporado ao DNA viral, causando a
finalização prematura da cadeia de DNA.
— Efeitos adversos: irritação local, cefaleia, diarreia, náuseas e êmese. Se o paciente estiver
desidratado, pode causar disfunção renal transitória.

• Penciclovir e fanciclovir

— Mecanismo de ação: é semelhante ao mecanismo descrito para o aciclovir. Está aprovado


para uso no tratamento da herpes-zóster aguda, infecção genital por herpes e herpes
labial recorrente.
— Efeitos adversos: cefaleia e náusea.

• Ganciclovir

— Mecanismo de ação: semelhante ao aciclovir, porém é indicado também para o tratamento


de infecção por citomegalo vírus.
— Efeitos adversos: grave neutropenia, carcinogênico, embriotóxico e teratogênico em animais
de laboratório.

7.2.3 Anti-influenza

As infecções virais do trato respiratório, para as quais existem tratamentos, incluem a gripe (ou influenza)
dos tipos A e B e o vírus sincicial respiratório (VSR). Os principais fármacos estão arrolados a seguir:

• Inibidores da neuraminidase: são exemplos de fármacos desta família o oseltamivir e o zanamivir.

— Mecanismo de ação: o vírus da gripe emprega uma neuraminidase específica, que é inserida
na membrana celular do hospedeiro para proporcionar a liberação de vírions recentemente
formados. Essa enzima é essencial para o ciclo vital do vírus.
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— Indicação: esses fármacos são eficazes contra os dois tipos de vírus da gripe, A e B. Eles não
interferem na resposta imune da vacina da gripe, são capazes de prevenir a infecção e, se
administrados de 24 a 48 horas após o início dos sintomas, diminuem sua intensidade. O
oseltamivir é administrado por via oral, enquanto o zanamivir é inalado.

— Efeitos adversos: desconforto gastrointestinal e náuseas que diminuem com a ingestão


concomitante de alimentos. Broncoespasmos podem ocorrer, causando irritação das vias
aéreas.

• Amantadina e rimantadina

— Mecanismo de ação: interferem na função da proteína viral M2, possivelmente bloqueando o


descascamento da partícula viral e prevenindo a liberação do vírus no interior da célula.

— Indicação: o espectro terapêutico é limitado a infecções por influenza A. Devido à resistência


generalizada, não são recomendados para o tratamento ou para a profilaxia da gripe A.

— Efeitos adversos: insônia, tontura, ataxia, alucinações e convulsões.

Observação

A imunização contra gripe A é a abordagem preferencial. Contudo, os


antivirais são usados quando os pacientes são alérgicos à vacina ou quando
ocorre um surto.

7.2.4 Anti-hepatites

A hepatite é inflamação do tecido hepático. Algumas pessoas não apresentam sintomas, enquanto
outras desenvolvem coloração amarela na pele e nos brancos dos olhos, falta de apetite, vômitos,
cansaço, dor abdominal ou diarreia.

A hepatite pode ser temporária (aguda) ou a longo prazo (crônica), dependendo da duração de
menos de seis meses. A hepatite aguda às vezes pode se resolver por conta própria, progredir para
hepatite crônica ou, raramente, resultar em insuficiência hepática aguda. Ao longo do tempo, a forma
crônica pode progredir para a cicatrização do fígado, insuficiência hepática ou câncer de fígado.

A causa mais comum em todo o mundo são os vírus. Outras causas incluem o uso intenso de
álcool, certos medicamentos, toxinas, outras infecções, doenças autoimunes e esteato-hepatites não
alcoólicas (NASH).

Existem cinco principais tipos de hepatite viral: tipo A, B, C, D e E. As hepatites A e E são principalmente
espalhadas por alimentos e água contaminados. A hepatite B é principalmente sexualmente transmitida,
mas também pode ser transmitida de mãe para bebê durante a gravidez ou o parto. Tanto a hepatite B
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como a C são comumente espalhadas por sangue infectado, como pode ocorrer durante a partilha de
agulhas por usuários de drogas intravenosas. A hepatite D só pode infectar pessoas já infectadas com
hepatite B. As hepatites A, B e D são evitáveis ​​com imunização.

Os medicamentos podem ser usados para


​​ tratar casos crônicos de hepatite viral. Não há tratamento
específico para NASH, no entanto, é importante um estilo de vida saudável, incluindo atividade física,
uma dieta saudável e perda de peso. A hepatite autoimune pode ser tratada com medicamentos para
suprimir o sistema imunológico. Um transplante de fígado também pode ser uma opção em certos casos.

A seguir os principais fármacos utilizados no tratamento de infecções virais hepáticas.

• Interferonas

— Mecanismo de ação: seu mecanismo não está completamente elucidado. O fármaco parece
envolver a indução de enzimas nas células dos hospedeiros que inibem a translação do RNA
viral, o que acaba causando degradação do RNA mensageiro e do RNA transportador do vírus.

— Indicação: hepatites virais.

— Efeitos adversos: febre, calafrios, mialgia, artralgia, distúrbios gastrointestinais, fadiga


e depressão. Também pode potencializar a mielosupressão causadas por outros agentes na
medula óssea.

• Lamivudina, adefovir, entecavir, telbivudina e telaprevir

— Mecanismo de ação: são fármacos que interferem com a transcrição reversa ou replicação
viral nas células hospedeiras.

— Indicação: hepatites A, B e C.

— Efeitos adversos: fadiga, cefaleia, diarreia e elevação das enzimas hepáticas no sangue.

Observação

A hepatite fulminante é uma complicação rara e potencialmente fatal


de hepatite aguda que pode ocorrer nos casos de hepatites B, D e E, além
da hepatite induzida por drogas e autoimune. Além dos sinais de hepatite
aguda, as pessoas também podem demonstrar sinais de coagulopatia –
estudos anormais de coagulação com hematomas e hemorragias fáceis
– e encefalopatia – confusão, desorientação e sonolência. A mortalidade
por hepatite fulminante é tipicamente o resultado de várias complicações,
incluindo edema cerebral, sangramento gastrointestinal, sepse, insuficiência
respiratória ou insuficiência renal.
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7.3 Antineoplásicos

A quimioterapia é uma categoria de tratamento contra o câncer que usa um ou mais medicamentos
anticancerígenos (agentes quimioterápicos) como parte de um regime de quimioterapia padronizado. A
quimioterapia pode ser administrada com uma intenção curativa, que quase sempre envolve combinações
de drogas, ou pode visar prolongar a vida ou reduzir os sintomas (quimioterapia paliativa).

A quimioterapia é uma das principais categorias da disciplina médica especificamente dedicada à


farmacoterapia para câncer, chamada de oncologia médica. Por uso comum, o termo quimioterapia
passou a caracterizar o uso de fármacos intracelulares não específicos, especialmente relacionados à
inibição do processo de divisão celular, conhecido como mitose, e, em geral, exclui agentes que bloqueiam
mais seletivamente sinais de crescimento extracelular, ou seja, os bloqueadores de transdução de sinal.

Para evitar essas conotações, as terapias recentemente desenvolvidas contra alvos moleculares ou
genéticos específicos, que inibem os sinais que promovem o crescimento provenientes de hormônios
endócrinos clássicos, principalmente estrogênios para câncer de mama e andrógenos para câncer de
próstata, são conhecidas como terapia hormonal. As inibições do crescimento, especialmente aquelas
associadas aos receptores tirosina quinases, são conhecidas como terapia direcionada.

É importante saber que o uso de drogas, seja quimioterapia, terapia hormonal ou terapia
direcionada, constitui terapia sistêmica para o câncer na medida em que são introduzidas na
corrente sanguínea e, portanto, são, em princípio, capazes de abordar o câncer em qualquer
localização anatômica no corpo.

A terapia sistêmica é frequentemente usada em conjunto com outras modalidades que constituem
terapia local para câncer, ou seja, tratamentos cuja eficácia é limitada à área anatômica na qual são
aplicados, como terapia de radiação, cirurgia ou terapia com hipertermia.

Os agentes quimioterapêuticos tradicionais são citotóxicos por meio da interferência na divisão


celular (mitose), mas as células cancerosas variam amplamente em sua susceptibilidade a esses agentes.

Em grande medida, a quimioterapia pode ser pensada como uma forma de danificar ou estressar
células, o que pode levar à morte celular se a apoptose for iniciada. Muitos dos efeitos colaterais da
quimioterapia podem ser atribuídos ao dano às células normais que se dividem rapidamente e são
sensíveis aos medicamentos antimitóticos: células da medula óssea, do aparelho digestivo e dos folículos
capilares. Isso resulta nos efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia: mielossupressão (diminuição
da produção de células sanguíneas, portanto, também imunossupressão), mucosite (inflamação do
revestimento do aparelho digestivo) e alopecia (perda de cabelo).

Devido ao efeito sobre as células imunes – especialmente os linfócitos –, os fármacos de quimioterapia


geralmente são usados ​​em várias doenças que resultam da hiperatividade nociva do sistema imunológico
contra si próprio, a chamada autoimunidade. Esses efeitos incluem artrite reumatoide, lúpus eritematoso
sistêmico, esclerose múltipla, vasculite e muitos outros.

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Há uma série de estratégias na administração de medicamentos quimioterapêuticos usados ​​hoje. A


quimioterapia pode ser administrada com intenção curativa, pode ter como objetivo prolongar a vida
ou a paliação de sintomas. A seguir, veja os diferentes tipos de quimioterapia:

• Quimioterapia de indução: é o tratamento de primeira linha do câncer com um medicamento


quimioterápico. Este tipo de quimioterapia é usado para fins curativos.
• Quimioterapia de modalidade combinada: é o uso de drogas com outros tratamentos contra o
câncer, como cirurgia, terapia de radiação ou terapia com hipertermia.
• Quimioterapia de consolidação: é administrada após remissão, a fim de prolongar o tempo total
sem doença e melhorar a sobrevivência global. A droga que é administrada é a mesma que atingiu
a remissão.
• Quimioterapia de intensificação: é idêntica à quimioterapia de consolidação, mas uma droga
diferente da quimioterapia de indução é usada.
• Quimioterapia combinada: envolve o tratamento de um paciente com várias drogas diferentes
simultaneamente. As drogas diferem em seus mecanismos e efeitos colaterais. Para o quimioterápico
aparecer, a maior vantagem é minimizar as chances de resistência. Além disso, as drogas podem
ser usadas em doses mais baixas, reduzindo a toxicidade.
• Quimioterapia adjuvante: é administrada após um tratamento local, como radioterapia ou
cirurgia. Pode ser usada quando há pouca evidência de câncer presente, mas há risco de recorrência.
Também é útil para matar todas as células cancerosas que se espalharam para outras partes do
corpo. Essas micrometástases podem ser tratadas com quimioterapia adjuvante e podem reduzir
as taxas de recaída causadas por essas células disseminadas.
• Quimioterapia neoadjuvante: é administrada antes de um tratamento local, como a cirurgia, e
é projetada para encolher o tumor primário. Também é administrada para câncer com alto risco
de doença micromestásica.
• Quimioterapia de manutenção: é um tratamento repetido de baixa dose para prolongar a remissão.
• Quimioterapia de salvamento (ou quimioterapia paliativa): é administrada sem intenção
curativa, mas simplesmente para diminuir a carga tumoral e aumentar a expectativa de vida. Para
esses regimes, em geral, um perfil de toxicidade melhor é esperado.

Todos os regimes de quimioterapia exigem que o paciente seja capaz de suportar o tratamento. O
status do desempenho é frequentemente usado como uma medida para determinar se um paciente
pode receber quimioterapia ou se a redução da dose é necessária. Como apenas uma fração das células
tumorais morrem com cada tratamento (morte fracionada), doses repetidas devem ser administradas
para continuar a reduzir o tamanho do tumor.

Os regimes de quimioterapia atuais aplicam tratamento medicamentoso em ciclos, com a frequência


e a duração dos tratamentos limitados pela toxicidade para o paciente.

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7.3.1 Antimetabólitos

Os antimetabólitos são um grupo de moléculas que impedem a síntese de DNA e RNA. Muitos deles
têm uma estrutura semelhante aos blocos de construção de DNA e RNA. Os blocos de construção são
nucleotídeos, uma molécula que compreende uma nucleobase, um açúcar e um grupo fosfato.

As nucleobases são divididas em purinas (guanina e adenina) e pirimidinas (citosina, timina e


uracila). Os antimetabólitos se parecem com nucleobases ou nucleosídeos (um nucleotídeo sem o
grupo fosfato), mas têm grupos químicos alterados. Essas drogas exercem seu efeito bloqueando
as enzimas necessárias para a síntese do DNA ou se incorporando no DNA ou no RNA. Ao inibir as
enzimas envolvidas na síntese de DNA, elas impedem a mitose porque o DNA não pode duplicar.
Além disso, após a má incorporação das moléculas no DNA, o dano do DNA pode ocorrer, e a
morte celular programada (apoptose) é induzida.

Ao contrário dos agentes alquilantes, os antimetabolitos dependem do ciclo celular. Isso


significa que eles só funcionam durante uma parte específica desse ciclo, nesse caso, a fase S, fase
da síntese de DNA. Por essa razão, com uma certa dose ocorre o efeito e não ocorre mais morte
celular com doses aumentadas.

Os subtipos dos antimetabolitos são antifolatos, fluoropirimidinas, análogos de desoxinucleosídeos


e tiopurinas. Os antifolatos incluem o metotrexato e o pemetrexede. O metotrexato inibe a redutase de
dihidrofolato (DHFR), uma enzima que regenera tetrahidrofolato de dihidrofolato.

Quando a enzima é inibida pelo metotrexato, os níveis celulares de coenzimas de folato diminuem.
Estes são necessários para a produção de timidilato e purina, sendo ambos essenciais para a síntese de
DNA e para a divisão celular.

O pemetrexede é outro antimetabolito que afeta a produção de purina e pirimidina, portanto,


também inibe o DNA síntese. Inibe principalmente a enzima timidilato sintase, mas também tem efeitos
sobre DHFR, aminoimidazol carboxamida ribonucleótido formiltransferase e glicinamida ribonucleótido
formiltransferase. As fluoropirimidinas incluem fluorouracil e capecitabina.

O fluorouracil é um análogo de nucleobases que é metabolizado em células para formar pelo


menos dois produtos ativos, o 5-fluourouridina monofosfato (FUMP) e o 5-fluoro-2’-desoxiuridina-
5’-fosfato (fdUMP). O FUMP incorpora-se no RNA, e o fdUMP inibe a enzima timidilato sintase, o
que leva à morte celular.

A capecitabina é um pró-fármaco de 5-fluorouracilo que é dividido em células para produzir a


droga ativa.

Os análogos de desoxinucleosídeos incluem citarabina, gencitabina, decitabina, azacitidina,


fludarabina, nelarabina, cladribina, clofarabina e pentostatina. As tiopurinas incluem tioguanina
e mercaptopurina.

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7.3.2 Agentes alquilantes

Os agentes alquilantes são o grupo mais antigo de quimioterapêuticos em uso atualmente.


Originalmente derivados do gás de mostarda utilizado na Primeira Guerra Mundial, existem agora muitos
tipos de agentes alquilantes em uso. Eles têm a capacidade de alquilar muitas moléculas, incluindo
proteínas, RNA e DNA.

Essa capacidade de se ligar de forma covalente ao DNA através do seu grupo alquilo é a principal
causa de seus efeitos anticancerígenos. O DNA é feito de duas cadeias, e as moléculas podem se ligar
duas vezes a uma cadeia de DNA ou podem se ligar uma vez a ambas as fitas (crosslink). Se a célula
tentar replicar o DNA reticulado durante a divisão celular, ou tentar repará-lo, os fios de DNA podem
quebrar. Isso leva a uma forma de morte celular programada chamada apoptose.

Os agentes de alquilação funcionam em qualquer ponto do ciclo celular e, portanto, são conhecidos
como drogas independentes deste. Por esse motivo, o efeito sobre a célula depende da dose. A fração de
células que morrem é diretamente proporcional à dose de medicamento.

Os subtipos de agentes alquilantes são as mostardas de nitrogênio, nitrosoureias, tetrazinas,


aziridinas, cisplatinas e seus derivados e agentes alquilantes não clássicos.

As mostardas de nitrogênio incluem a ciclofosfamida, o melfalano, a clorambucila, a ifosfamida e o


busulfano. Nitrosoureias incluem N-Nitroso-N-metilureia (MNU), carmustina (BCNU), lomustina (CCNU),
semustina (MeCCNU), fotemustina e estreptozotocina. Tetrazinas incluem dacarbazina, mitozolomida e
temozolomida. As aziridinas incluem tiotepa, mitomicina e diaziquona (AZQ). A cisplatina e os derivados
incluem cisplatina, carboplatina e oxaliplatina. Esses fármacos prejudicam a função celular, formando
ligações covalentes com os grupos amino, carboxilo, sulfidrilo e fosfato em moléculas biologicamente
importantes. Os agentes alquilantes não clássicos incluem procarbazina e hexametilmelamina.

Saiba mais

Vários estudos clínicos demonstraram que, quando a dosagem de


quimioterapia é individualizada para obter uma exposição sistêmica ideal
ao fármaco, os resultados do tratamento são melhorados e os efeitos
colaterais tóxicos são reduzidos. Mais informações sobre isso podem ser
encontradas no seguinte artigo:

GAMELIN, E.; DELVA, R.; JACOB, J. et al. Individual fluorouracil


dose adjustment based on pharmacokinetic follow-up compared with
conventional dosage: results of a multicenter randomized trial of patients
with metastatic colorectal cancer. Journal of Clinical Oncology, [s.l.], v. 26,
n. 13, maio 2008.

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7.3.3 Inibidores de microtúbulos

Os agentes antimicrotúbulos são produtos químicos derivados de plantas que bloqueiam a divisão
celular impedindo a função dos microtúbulos. Estes são uma estrutura celular importante composta
de duas proteínas, α-tubulina e β-tubulina. São estruturas em forma de haste oca, necessárias para a
divisão celular, entre outras funções celulares. Os microtúbulos são estruturas dinâmicas, o que significa
que estão permanentemente em estado de montagem e desmontagem.

Os alcaloides de vinca e os taxanos são os dois principais grupos de agentes antimicrotúbulos


e, embora esses dois grupos de drogas causem disfunção de microtúbulos, seus mecanismos de
ação são completamente opostos. Os alcaloides da vinca impedem a formação dos microtúbulos,
enquanto os taxanos impedem a desmontagem dos microtúbulos. Ao fazê-lo, eles impedem que
as células cancerosas completem a mitose. Após isso, ocorre uma parada do ciclo celular, o que
induz à morte celular programada (apoptose). Essas drogas podem afetar o crescimento dos vasos
sanguíneos, um processo essencial que os tumores utilizam para crescer e metastatizar.

Os alcaloides de vinca são derivados da pervinca-de-Madagascar, Catharanthus roseus


(anteriormente conhecido como Vinca rosea). Eles se ligam a locais específicos sobre a tubulina,
inibindo a montagem de tubulina em microtúbulos. Os alcaloides originais da vinca são produtos
naturais que incluem vincristina e vinblastina.

Após o sucesso dessas drogas, foram produzidos alcaloides de vinca semissintéticos, como vinorelbina
(utilizada no tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas), vindesina e vinflunina. Esses
medicamentos são específicos do ciclo celular, eles se ligam às moléculas de tubulina na fase S e
impedem a formação adequada de microtúbulos necessários para a fase M.

Os taxanos são drogas naturais e semissintéticas. A primeira droga de sua classe, o paclitaxel,
foi originalmente extraída da árvore do Yew do Pacífico (Taxus brevifolia). Atualmente, esta droga
e outra desta classe, o docetaxel, são produzidas semissinteticamente a partir de um precursor
químico encontrado na casca de outra árvore do Yew, a Taxus baccata. Essas drogas promovem a
estabilidade dos microtúbulos, impedindo sua desmontagem. O paclitaxel impede o ciclo celular no
limite de G2-M, enquanto o docetaxel exerce seu efeito durante a fase S. Os taxanos apresentam
dificuldades na formulação como medicamentos porque são pouco solúveis em água.

A podofilotoxina é uma lignana antineoplásica obtida principalmente do Podophyllum peltatum, do


Podophyllum hexandrum ou do Podophyllum emodi. Tem atividade antimicrotúbulos e seu mecanismo
é semelhante ao dos alcaloides da vinca na medida em que se liga à tubulina, inibindo a formação
de microtúbulos. A podofilotoxina é usada para produzir dois outros medicamentos com diferentes
mecanismos de ação, o etopósido e o tenipósido.

7.3.4 Anticorpos monoclonais

A imunoterapia (imunooncologia ou imunooncologia) é o uso do sistema imune para tratar


o câncer. As imunoterapias podem ser categorizadas como ativas, passivas ou híbridas (ativas e
passivas). Essas abordagens exploram o fato de que as células cancerosas geralmente possuem
103
Unidade III

moléculas na superfície que podem ser detectadas pelo sistema imunológico, conhecidas como
antígenos associados a tumores (TAAs). Eles são muitas vezes proteínas ou outras macromoléculas,
como os carboidratos.

A imunoterapia ativa direciona o sistema imunológico para atacar células tumorais visando TAAs. As
imunoterapias passivas aumentam as respostas antitumorais existentes e incluem o uso de anticorpos
monoclonais, linfócitos e citocinas. Entre estas, terapias de múltiplos anticorpos são aprovadas em
diversas jurisdições para tratar uma ampla gama de cânceres.

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico que se ligam a um antígeno alvo
na superfície celular. O sistema imunológico geralmente usa os anticorpos para combater agentes
patogênicos. Cada anticorpo é específico para uma ou algumas proteínas. Aqueles que se ligam a
antígenos tumorais tratam câncer. Os receptores da superfície celular são alvos comuns para terapias de
anticorpos e incluem CD20, CD274 e CD279. Uma vez ligados a um antígeno de câncer, os anticorpos
podem induzir citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos, ativar o sistema do
complemento ou impedir que um receptor interaja com o seu ligando, o que pode levar à morte celular.
Os anticorpos aprovados incluem alentuzumab, ipilimumab, nivolumab, ofatumumab e rituximab.

As terapias celulares ativas geralmente envolvem a remoção de células imunes do sangue ou de


um tumor. Aqueles específicos para o tumor são cultivados e retornados ao paciente onde eles atacam
o tumor. Alternativamente, as células imunes podem ser geneticamente modificadas para expressar
um receptor específico do tumor, cultivadas e devolvidas ao paciente. Tipos de células que podem
ser utilizados dessa maneira são células assassinas naturais, células assassinas ativadas por linfocinas,
células T citotóxicas e células dendríticas.

7.3.5 Antimicrobianos

Os antibióticos citotóxicos são um grupo variado de drogas que possuem vários mecanismos de
ação. O tema comum que eles compartilham na indicação de quimioterapia é que eles interrompem
a divisão celular. O subgrupo mais importante são as antraciclinas e as bleomicinas. Outros exemplos
proeminentes incluem mitomicina C, mitoxantrona e actinomicina.

Os primeiros antibióticos utilizados na quimioterapia foram as antraciclinas, a doxorrubicina e a


daunorrubicina, todas obtidas da bactéria Streptomyces peucetius. Derivados desses compostos incluem
epirubicina e idarubicina.

Outras drogas usadas clinicamente no grupo da antraciclina são pirarubicina, aclarubicina e


mitoxantrona. Os mecanismos das antraciclinas incluem intercalação de DNA – moléculas inseridas entre
as duas vertentes do DNA – e geração de radicais livres altamente reativos que danificam moléculas
intercelulares e inibição da topoisomerasa.

A actinomicina é uma molécula complexa que intercala o DNA e evita a síntese de RNA. A
bleomicina, um glicopeptídeo isolado de Streptomyces verticillus, também intercala o DNA, mas produz
radicais livres que danificam o DNA. Isso ocorre quando a bleomicina se liga a um íon metálico, que se
104
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

torna quimicamente reduzido e reage com o oxigênio. Mitomicina é um antibiótico citotóxico com a
capacidade de alquilar DNA.

Observação

Dependendo do paciente, do câncer, do estágio do câncer, do tipo


de quimioterapia e da dosagem, a quimioterapia intravenosa pode ser
administrada em paciente internado ou ambulatorial. Para a administração
contínua, frequente ou prolongada de quimioterapia intravenosa, vários
sistemas podem ser inseridos cirurgicamente na vasculatura para manter
o acesso. Os sistemas comumente usados ​​são a linha Hickman, a Port-
a-Cath e a linha PICC. Eles têm um menor risco de infecção, são muito
menos propensos a flebite ou extravasamento e eliminam a necessidade de
inserção repetida de cânulas periféricas

7.3.6 Efeitos adversos

As técnicas quimioterapêuticas possuem uma série de efeitos colaterais que dependem do tipo
de medicamentos utilizados. Os medicamentos mais comuns afetam principalmente as células que se
dividem rapidamente no corpo, como as células do sangue e as células que alinham a boca, o estômago
e os intestinos.

As toxicidades relacionadas à quimioterapia podem ocorrer agudamente após a administração –


dentro de horas ou dias –, ou cronicamente – de semanas a anos. Entre as principais reações adversas
estão a imunossupressão, mielossupressão, enterocolite, náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, anemia,
fadiga, alopecia, teratogenicidade, infertilidade, neuropatia periférica, distúrbios neurocognitivos,
eritema, xerostalmia, retenção de líquidos e impotência sexual.

Citarabina
a

Cisplatina Conjuntivite química Doxorrubicina/


Ototoxicidade Daunorrubicina
V
T

Nefrotoxicidade Cardiotoxicidade
O
O

Náuseas/êmese c Ca Ca c
cc
Oxaliplatina/
Bleomicina/ B DD B Vincristina/
Busssulfano Taxanos
Toxicidade pulmonar C C Neuropatia periférica
C

y
I
Ciclofosfamida/
Ifosfamida Irinotecano
Cistite hemorrágica O Diarreia
O V
T

Figura 13 – Chemo Man (Homem químico): um resumo da toxicidade dos quimioterápicos

105
Unidade III

8 FARMACOTERAPIA E FARMACOLOGIA CLÍNICA

A farmacoterapia é uma terapia que utiliza medicamentos. É uma abordagem terapêutica própria,
distinta da terapia com cirurgia (terapia cirúrgica), da radiação (radioterapia), do movimento (fisioterapia)
ou outros modos. Entre os médicos, às vezes, o termo terapia médica refere-se especificamente à
farmacoterapia em oposição à terapia cirúrgica ou outra; por exemplo, em oncologia, a oncologia
médica é assim distinguida da oncologia cirúrgica.

Os farmacêuticos são especialistas em farmacoterapia e responsáveis por


​​ garantir o uso seguro,
apropriado e econômico de medicamentos farmacêuticos. As habilidades necessárias para funcionar
como farmacêutico requerem conhecimento, treinamento e experiência em ciências biomédicas,
farmacêuticas e clínicas.

A farmacologia é a ciência que visa melhorar continuamente a farmacoterapia. A indústria


farmacêutica e a academia usam ciência básica, ciência aplicada e ciência translacional para criar novas
drogas farmacêuticas.

Como especialistas em farmacoterapia, os farmacêuticos são responsáveis pelo


​​ atendimento direto
ao paciente, muitas vezes funcionando como membro de uma equipe multidisciplinar e atuando como
fonte primária de informações relacionadas a drogas para outros profissionais de saúde. Um especialista
em farmacoterapia é especializado na administração e na prescrição de medicamentos, o que requer um
vasto conhecimento acadêmico em farmacoterapia. Enquanto os farmacêuticos fornecem informações
valiosas sobre medicamentos para pacientes e profissionais de saúde, eles geralmente não são
considerados fornecedores de farmacoterapia cobertos por companhias de seguro.

8.1 Aplicações da farmacoterapia e farmácia clínica

A farmácia clínica é o ramo da farmácia em que os profissionais fornecem cuidados ao paciente e


otimizam o uso de medicação, promovem saúde, bem-estar e prevenção de doenças.

Os profissionais clínicos cuidam de pacientes em todas as configurações de cuidados de saúde, mas


o movimento clínico de farmácia inicialmente começou dentro de hospitais e clínicas. Profissionais
clínicos muitas vezes trabalham em colaboração com médicos, profissionais de enfermagem e outros
profissionais de saúde.

Dentro do sistema de cuidados de saúde, os profissionais clínicos são especialistas no uso terapêutico
de medicamentos. Eles rotineiramente fornecem avaliações e recomendações de terapia de medicação
para pacientes e outros profissionais de saúde. Os profissionais clínicos são uma fonte primária de
informações e recomendações cientificamente válidas sobre o uso seguro, apropriado e econômico de
medicamentos. Eles também estão se tornando mais prontamente disponíveis para o público.

No passado, o acesso a um profissional clínico era limitado a hospitais, clínicas ou instituições


educacionais. No entanto, os profissionais da Farmácia Clínica estão se disponibilizando por uma linha
direta de informações de medicação e revisando listas de medicamentos, tudo em um esforço para evitar
106
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

erros de medicação no futuro previsível. No Reino Unido, os profissionais clínicos são rotineiramente
envolvidos no atendimento direto de pacientes dentro dos hospitais e, cada vez mais, em cirurgias de
médicos. Eles também desenvolvem educação profissional pós-registro, currículos profissionais para o
desenvolvimento da força de trabalho e fornecem conhecimentos sobre o uso de medicamentos para
organizações.

Os profissionais clínicos interagem diretamente com os pacientes de várias maneiras diferentes. Eles
usam seu conhecimento de medicamentos (incluindo dosagem, interações medicamentosas, efeitos
colaterais, despesas, eficácia etc.) para determinar se um plano de medicação é apropriado para o
paciente. Se não estiver, o profissional irá consultar o médico primário para garantir que o paciente
esteja no plano de medicamentos apropriado. O profissional também trabalha para educar seus pacientes
sobre a importância de tomar e finalizar seus medicamentos. Estudos realizados no Gerenciamento de
Doenças Crônicas, liderados por profissionais clínicos, mostram que esse profissional pode melhorar a
realização de metas fisiológicas.

Os componentes básicos da prática de farmácia clínica incluem medicamentos prescritos,


administração de medicamentos, prescrições de monitoramento, gerenciamento de uso de drogas e
aconselhamento. Muitos pacientes necessitam da ajuda de profissionais que acompanhem sua terapia
medicamentosa.

Figura 14

Lembrete

Os profissionais clínicos têm uma vasta educação nas ciências


biomédicas, farmacêuticas, sociocomportamentais e clínicas.

8.2 Farmacovigilância

A farmacovigilância é a ciência farmacológica relacionada à coleta, detecção, avaliação,


monitoramento e prevenção de efeitos adversos com produtos farmacêuticos. As raízes etimológicas
para a palavra farmacovigilância são: pharmakon (termo grego para drogas) e vigilar (termo latino
para vigiar).

107
Unidade III

A farmacovigilância concentra-se fortemente em reações adversas de drogas, ou ADRs, que são


definidas como qualquer resposta a um medicamento que é nocivo e não intencional, incluindo a falta
de eficácia.

Observação

A condição de que essa definição de ADRs se aplica apenas para as


doses normalmente utilizadas para profilaxia – diagnóstico ou terapia da
doença – ou para a modificação da função de transtorno fisiológico foi
excluída com a última alteração da legislação aplicável.

Os erros de medicação, como a superdosagem, o uso indevido e o abuso de uma droga, bem como a
exposição a medicamentos durante a gravidez e a amamentação, também são de interesse, mesmo sem
um evento adverso, porque podem resultar em uma reação adversa ao medicamento.

As informações recebidas de pacientes e prestadores de cuidados de saúde por meio de acordos de


farmacovigilância, além de outras fontes, como a literatura médica, desempenham um papel crítico
ao fornecer os dados necessários para que a farmacovigilância ocorra. De fato, para comercializar ou
testar um produto farmacêutico na maioria dos países, os dados de eventos adversos recebidos pelo
titular da licença, geralmente uma empresa farmacêutica, devem ser submetidos à autoridade local de
regulamentação de medicamentos.

Em última análise, a farmacovigilância está preocupada com a identificação dos perigos associados
aos produtos farmacêuticos e em minimizar o risco de qualquer dano que possa vir a acontecer aos
pacientes. As empresas devem realizar uma auditoria abrangente de segurança e farmacovigilância para
avaliar sua conformidade com leis, regulamentos e orientações em todo o mundo.

Saiba mais

Para obter mais informações sobre a farmacovigilância e saber como


realizar a notificação de reações adversas, acesse:

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA).


Farmacovigilância. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
farmacovigilancia>. Acesso em: 9 nov. 2017.

8.3 Pesquisa clínica

A pesquisa clínica é um ramo da ciência da saúde que determina a segurança e a eficácia de


medicamentos, dispositivos, produtos de diagnóstico e regimes de tratamento destinados ao uso
humano, que podem ser utilizados para prevenção, tratamento, diagnóstico ou para aliviar os sintomas
108
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

de uma doença. A pesquisa clínica é diferente da prática clínica. Na prática clínica, os tratamentos
estabelecidos são utilizados, enquanto na evidência de pesquisa clínica, são obtidos para estabelecer
um tratamento.

Ensaios clínicos são experiências ou observações realizadas em pesquisa clínica. Esses estudos
prospectivos de pesquisa biomédica ou comportamental em participantes humanos são projetados para
responder a perguntas específicas sobre intervenções biomédicas ou comportamentais, incluindo novos
tratamentos, como novas vacinas, medicamentos, escolhas dietéticas, suplementos dietéticos e dispositivos
médicos, e intervenções conhecidas que justificam um estudo mais aprofundado e comparação.

Ensaios clínicos geram dados sobre segurança e eficácia. Eles são conduzidos somente depois de terem
recebido a aprovação da comissão de saúde/aprovação de ética no país onde a aprovação da terapia é procurada.
Essas autoridades são responsáveis pela
​​ verificação da relação risco/benefício do ensaio, sua aprovação não
significa que a terapia seja “segura” ou efetiva, apenas que o julgamento possa ser conduzido.

Dependendo do tipo de produto e do estágio de desenvolvimento, os pesquisadores inicialmente


inscrevem voluntários e/ou pacientes em estudos piloto pequenos e, posteriormente, realizam estudos
comparativos de escala progressivamente maiores. Os ensaios clínicos podem variar em tamanho e
custo, e podem envolver um único centro de pesquisa ou vários centros, em um país ou em vários países.

O projeto de estudo clínico visa garantir a validade científica e a reprodutibilidade dos resultados.
Os ensaios podem ser bastante onerosos, dependendo de vários fatores. O patrocinador pode ser
uma organização governamental ou uma empresa farmacêutica, de biotecnologia ou de dispositivos
médicos. Certas funções necessárias para o teste, como monitoramento e trabalho de laboratório,
podem ser gerenciadas por um parceiro terceirizado, como uma organização de pesquisa por contrato
ou um laboratório central. Apenas 10% de todas as drogas iniciadas em ensaios clínicos em humanos
tornaram-se um medicamento aprovado.

Os ensaios clínicos envolvendo novos medicamentos são comumente classificados em quatro fases.
Cada fase do processo de aprovação do medicamento é tratada como um ensaio clínico separado. O
processo de desenvolvimento de drogas normalmente procederá por meio das quatro fases ao longo
de muitos anos. Se o medicamento passar com sucesso pelas fases I, II e III, geralmente será aprovado
pela autoridade reguladora nacional para uso na população em geral. Na fase IV estão os estudos
pós-aprovação. Antes de as empresas farmacêuticas iniciarem ensaios clínicos sobre drogas, realizam
extensos estudos pré-clínicos.

8.4 Monitoramento terapêutico

O monitoramento terapêutico de drogas (TDM) é um ramo da farmacologia clínica que se especializa


na medição das concentrações de medicação no sangue. O foco é em drogas com uma janela terapêutica
estreita. O TDM visa melhorar o atendimento ao paciente, ajustando a dose de medicamentos para os
quais a experiência clínica ou os ensaios clínicos demonstraram melhorias nas populações gerais ou
especiais. Pode basear-se em informações farmacogenéticas, demográficas e clínicas, a priori e/ou a
posteriori das concentrações sanguíneas de drogas.
109
Unidade III

Existem inúmeras variáveis que influenciam na interpretação dos dados de concentração de um


fármaco, como tempo, via de administração, dose de fármaco administrado, tempo de amostragem de
sangue, manuseio, condições de armazenamento, precisão do método analítico, validade de modelos
farmacocinéticos, comedicações e estado clínico do paciente.

Muitos profissionais diferentes, como médicos, farmacologistas clínicos, farmacêuticos clínicos, enfermeiros,
cientistas de laboratórios médicos etc., estão envolvidos com os vários elementos do monitoramento da
concentração de drogas, que é um processo verdadeiramente multidisciplinar. Como a incapacidade de realizar
adequadamente qualquer um dos componentes pode afetar severamente a utilidade de usar as concentrações
de drogas para otimizar a terapia, uma abordagem organizada para o processo geral é crítica.

8.5 Prescrição médica e de enfermagem

A consulta de enfermagem utiliza componentes do método científico para identificar situações de


saúde/doença, prescrever e implementar medidas de enfermagem que contribuam para a promoção,
prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, da família e da comunidade.
A realização da consulta de enfermagem como incumbência privativa do enfermeiro, a prescrição da
assistência de enfermagem e a prescrição de medicamentos estão garantidas no Decreto nº 94.406/87,
que regulamenta a Lei nº 7.498/86 e estabelece:

Art. 8º Ao enfermeiro incumbe:


I – privativamente:
[...]

e) consulta de Enfermagem;

f) prescrição da assistência de Enfermagem;

[...]

II – como integrante da equipe de saúde:

[...]

c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de


saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;

[...]

g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral


e nos programas de vigilância epidemiológica;

[...]

i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde


individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e
de alto risco [...] (COFEN, 1987).
110
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

A Resolução Cofen nº 311/2007, que aprova a reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, em relação à prescrição de medicamentos, determina:

[...]
Seção I
[...]
Proibições
[...]
Art. 31. Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico, exceto em casos
previstos na legislação vigente e em situações de emergência [...] (COFEN, 2007).

A Portaria MS/GM nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, aprova a Política Nacional de Atenção Básica
– estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, Estratégia da
Saúde da Família (ESF) e Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) – e prevê, no Anexo A,
como atribuição específica do enfermeiro no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde:

4.3.2 Das atribuições específicas

4.3.2.1 Do Enfermeiro:

[...]

II – Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo


e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo
gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever
medicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços [...]
(BRASIL, 2011).

A prescrição medicamentosa é de atribuição de todo e qualquer profissional regularmente


habilitado, não se tratando, portanto, de ato exclusivamente médico. Desse modo, respaldado pela
legislação federal, o enfermeiro realiza prescrição de medicamentos pertencentes aos programas de
saúde pública (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde) e em rotina aprovada
pelas instituições de saúde.

8.6 Cuidados de enfermagem na administração de medicamentos

A administração de medicamentos é uma das grandes responsabilidades dos profissionais de


enfermagem. A terapia medicamentosa deve ser aprazada pelo enfermeiro, e essa prescrição deve ser
encaminhada à farmácia para que esta possa realizar a dispensação desses medicamentos. O sistema de
medicamentos envolve vários profissionais da equipe de saúde, como médicos, enfermeiros, auxiliares e
técnicos de enfermagem, farmacêuticos e técnicos em farmácia hospitalar.

111
Unidade III

Os profissionais de enfermagem realizam a maior parte desse evento, portanto, estão passíveis a
erros, como os demais profissionais, mas a assistência direta ao paciente pode evidenciar esses erros.
Os principais erros relacionam-se à administração errada de medicamentos, equívocos com dosagens,
via de administração, horário de administração e também sobre a administração em pacientes errados.

Para minimizar esses erros, podemos utilizar um método denominado cinco “certos”, ou seja: paciente
certo, medicamento certo, via de administração certa, dose certa e horário certo. Alguns profissionais já
consideram sete “certos”, incluindo a diluição certa e o registro certo. Esses métodos podem diminuir e
muito a ocorrência de erros de medicamentos, porém, esses fatos possuem relacionamento apenas com
as pessoas, mas devemos avaliar também todo o sistema de medicação, que vai desde a prescrição até
a avaliação dos efeitos desses medicamentos nos pacientes.

É importante que se tenha um protocolo em cada instituição, determinando quais as normas e


rotinas na administração de medicamentos. Um avanço importante para que esse sistema funcione
adequadamente é a instalação das prescrições e prontuários eletrônicos.

Contudo, a equipe de enfermagem deve sempre estar atenta às principais funções dos medicamentos
e às possíveis mudanças de rotinas, pois assim podemos melhorar sempre a qualidade da assistência de
enfermagem prestada ao paciente.

Resumo

Nesta unidade discutimos os fármacos antiviróticos. Os vírus são


parasitas obrigatoriamente intracelulares. Eles são desprovidos tanto de
parede celular quanto de membrana celular e não realizam processos
metabólicos. Os vírus usam muito do mecanismo metabólico do hospedeiro,
e poucos fármacos são suficientemente seletivos para evitar a multiplicação
viral sem lesar as células hospedeiras.

O tratamento das doenças virais ainda é complicado pelo fato de os


sintomas clínicos aparecerem tardiamente no curso da doença, em um
momento em que a maioria das partículas virais já se multiplicou.

Também abordamos a quimioterapia. Estima-se que mais de 25% da


população do Brasil será diagnosticada com câncer durante sua vida, com
mais de 1,3 milhão de novos pacientes sendo diagnosticados a cada ano.
Menos de um quarto desses pacientes será curado somente por cirurgia e/
ou radiação local. A maioria precisará receber quimioterapia sistêmica em
algum momento da enfermidade.

Em uma pequena parcela dos pacientes com câncer representando


neoplasias específicas, a quimioterapia pode resultar em cura ou remissão
prolongada. Contudo, na maioria dos casos, o tratamento farmacológico
produz apenas a regressão da doença, e complicações e/ou recaídas
112
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM

podem eventualmente levar à morte. Assim, a média geral de cinco anos


de sobrevida para os pacientes de câncer é de cerca de 68%, colocando
o câncer em segundo lugar, logo após as doenças cardiovasculares como
causa de mortalidade.

Os trabalhadores da saúde expostos a agentes antineoplásicos tomam


precauções para manter sua exposição ao mínimo. Há uma limitação na
dissolução citotóxica na Austrália e nos Estados Unidos para 20 dissoluções
por farmacêutico/enfermeiro, uma vez que os farmacêuticos que preparam
esses medicamentos ou enfermeiros que podem prepará-los ou administrá-
los são os dois grupos ocupacionais com maior exposição potencial a agentes
antineoplásicos. Além disso, os médicos e o pessoal da sala de operações também
podem ser expostos através do tratamento dos pacientes.

O pessoal do hospital, como pessoal de transporte e recebimento, trabalhadores


de custódia, trabalhadores de lavanderia e manipuladores de resíduos, todos têm
exposição potencial a essas drogas durante o decorrer do trabalho.

O aumento do uso de agentes antineoplásicos em oncologia veterinária


também coloca esses trabalhadores em risco de exposição a esses
medicamentos. As rotas de entrada no corpo do trabalhador são absorção
de pele, inalação e ingestão via mão-boca. Os efeitos a longo prazo da
exposição incluem anormalidades cromossômicas e infertilidade.

Por fim, abordamos assuntos relacionados à administração e ao


manejo de fármacos com utilização clínica, como também conceitos
envolvendo farmacoterapia, pesquisa clínica, farmacovigilância e
prescrição por enfermeiros.

Exercícios

Questão 1. (FCC 2013) Um paciente adulto com doença neoplásica apresenta anemia induzida por
quimioterapia. O medicamento indicado para a correção dessa anemia é:

A) A citarabina.
B) A eritropoietina.
C) A fitomenadiona.
D) A ivermectina.
E) O propiltiouracil.

Resposta correta: alternativa B.


113
Unidade III

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a citarabina é indicada para leucemia aguda não linfocítica.

B) Alternativa correta.

Justificativa: a eritropoietina é um hormônio produzido por nossos rins e levado pela corrente
sanguínea até o sistema nervoso central, que dá o comando de estímulo para a medula óssea produzir
mais sangue. No caso da anemia induzida por quimioterapia, o paciente irá tomar o medicamento
contendo eritropoietina.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o fitomenadiona é indicado para tratamento de hemorragia por falta de vitamina K,


por sua ausência não permitir a coagulação.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a ivermectina é um antiparasita usado para tratamento de verme.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o propiltiouracil é utilizado para tratamento de hipertireoidismo.

Questão 2. (Vunesp 2015) Em relação à administração de antineoplásicos pela cavidade oral, é


correto afirmar que:

A) Os quimioterápicos antineoplásicos orais podem ser manuseados pelo profissional sem a


obrigatoriedade de luvas pelo baixo nível sérico da droga.
B) No caso de o paciente apresentar vômito logo após a ingestão do comprimido quimioterápico,
não se deve repetir a administração.
C) Deve-se orientar o paciente, em caso de vômito, a usar saco plástico transparente para que
eventuais cápsulas ou comprimidos não digeridos possam ser detectados.
D) Não é necessário que o paciente esteja plenamente consciente, pois o comprimido é facilmente
dissolvido em região sublingual.
E) Não existe contraindicação da administração de quimioterápicos antineoplásicos orais durante
quadro de vômito.

Resolução desta questão na plataforma.

114
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2016, p. 439.

Figura 3

EDWARD, A.; JOHN, B. Anatomy coloring workbook. [s.l.]. The Princeton Review, 2003, p. 238.

Figura 4

DORETTO, D. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso. Rio de Janeiro: Atheneu, 1996, p. 213.

Figura 6

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 7

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 8

KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 190.

Figura 9

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 10

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 11

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 12

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 13

Grupo UNIP-Objetivo.

115
Figura 14

MEDICINE-2207622_960_720.JPG. Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/photo/2017/04/06/08/36/


medicine-2207622_960_720.jpg>. Acesso em: 21 nov. 2017.

REFERÊNCIAS

Textuais

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Anfotericina B. União Química Farmacêutica


Nacional S.A. [s.l.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?
pNuTransacao=9032052015&pIdAnexo=2892182>. Acesso em: 1º nov. 2017.

___. Cancidas. Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda. [s.l.]. Disponível em: <http://www.anvisa.
gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=29347362016&pIdAnexo=4357435>.
Acesso em: 1º nov. 2017.

___. Farmacovigilância. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/farmacovigilancia>. Acesso


em: 9 nov. 2017.

BARBOSA, M. P. L.; BONI, C. L. A.; ANDRADE, F. C. J. Conduta na intoxicação por anestésicos locais.
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Exercícios

Unidade I – Questão 1: FUNDAÇÃO Mariana Resende Costa. Concurso público. 2014.

117
Unidade I – Questão 2: FUNDAÇÃO Cesgranrio. Prova Petrobras. 2008.

Unidade II – Questão 1: COORDENAÇÃO de Seleção Acadêmica da Universidade Federal Fluminense.


Prova Médico Anestesiologista. 2014.

Unidade II – Questão 2: FUNDAÇÃO Cesgranrio. Prova Transpetro. 2011.

Unidade III – Questão 1: FUNDAÇÃO Carlos Chagas. Prova Defensoria Pública do Estado do Rio Grande
do Sul – RS. 2013.

Unidade III – Questão 2: FUNDAÇÃO Vunesp. Prova Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. 2015.

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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