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SEGURANÇA DO TRABALHADOR: REFLEXOS DA TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO

DE OBRA NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

RESUMO

Refere-se a um estudo exploratório, por meio de uma revisão bibliográfica, tendo por objetivo
identificar, como a terceirização de mão de obra na construção civil impacta na segurança do
trabalho. Em análise aos estudos encontrados nas bibliotecas virtuais dos bancos de dados
LILACS e SCIELO, apontam que é crescente o número de acidentes envolvendo trabalhadores
terceirizados nas obras do setor. E isto não é devido ao maior contingente no processo
produtivo, mas em função das precárias condições de trabalho a que são expostos. Ausência de
qualificação profissional, capacitação insuficiente para o trabalho e mínima orientação, são
fatores referidos como causadores de graves consequências para a segurança do trabalhador.
Palavras-chave: Terceirização. Construção Civil. Segurança do Trabalhador.
1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto do problema

A organização onde o estudo foi desenvolvido, é uma das obras de uma construtora de
grande porte da região de Belo Horizonte, que atua no mercado de construção de
empreendimentos de alto luxo há 60 anos. Atualmente a construtora possui na região
cinco obras em andamento, sendo que a obra alvo da pesquisa, é a construção de um
hospital que está na fase de acabamento. Neste empreendimento, atividades como
montagem de estruturas metálicas, concretagens, escavações,construção de alvenaria,
gesso,pintura, instalações elétricas e hidráulicas foram e estão sendo executadas por
profissionais terceirizados.

A obra é um ambiente considerado de grau de risco 03 (três), conforme a Norma


Regulamentadora 04 (quatro), sendo que os trabalhadores ficam expostos diariamente
ao risco de queda de altura, exposição a ruídos, poeiras,choque elétrico entre outros,
carecendo de orientações e acompanhamentos diários de um profissional da área de
Segurança do Trabalho.

1.2 Problema de pesquisa

Pretende-se com a realização desta pesquisa, responder ao seguinte questionamento: A


terceirização de mão-de-obra na construção civil impacta na segurança do trabalho?

Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar as deficiências referentes á segurança
do trabalho, das empresas terceirizadas prestadoras de serviço na obra, propor
alterações nos modelos de contratos da construtora e sugerir a utilização de um
formulário mensal para a gestão de documentação dos terceirizados, caso os resultados
alcançados não sejam satisfatórios.

E como objetivos específicos, a fim de conduzir o estudo serão adotados:

a) Descrever sucintamente as empresas terceirizadas e suas respectivas atividades


na obra.
b) Aplicar um questionário para os responsáveis pelas empresas com o intuito de
conhecer o cenário atual da segurança do trabalho nas empresas terceirizadas
prestadoras de serviço na obra em estudo.
c) Propor medidas de melhorias e alterações nos contratos com as empresas
terceirizadas, a fim de atender aos requisitos da segurança do trabalho da
construtora.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A terceirização de mão de obra no Brasil
2.2 A terceirização de mão de obra na Construção Civil
2.3 Gestão de terceirizados na Construção Cvil

3 METODOLOGIA

A pesquisa será apresentada principalmente, através de estudo de caso em uma das


obras de uma construtora de Belo Horizonte. Tal estudo será composto por um
questionário aplicado aos responsáveis pelas empresas terceirizadas que prestam serviço
na referida obra.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Descrições das empresas terceirizadas e suas respectivas atividades

4.2 Resultado da aplicação do questionário aos responsáveis pelas empresas


terceirizadas

4.3 Medidas de melhoria recomendadas

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.2 A TERCEIRIZAÇÃO NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL


Atualmente na construção civil, principalmente nas grandes construtoras a ordem é
terceirizar. As vantagens mais relevantes observadas na prática da terceirização, são o
custo com a mão de obra e também a produtividade, ficando evidente através de um
comparativo realizado por uma construtora do Rio do Janeiro, que concluiu um custo
total com mão de obra terceirizada de 15,17% mais barato e uma produção de 20% a
30% maior que a mão de obra direta. Só para se ter como exemplo, em uma
construtora que atualmente possui oito obras em andamento, uma das obras com um
total de 300 trabalhadores, 240 são terceirizados, contratados através de 15 empresas de
prestação de serviços.
Na maioria das vezes, estas empresas de prestação de serviços são constituídas apenas
para atender o contratante ou só admitem empregados após o contrato firmado.
Neste método de trabalho, os empregados terceirizados, trabalham de um modo de
produção totalmente controlado pelo contratante, que coordena e conduz todo o serviço
que é executado, através de instruções técnicas e ordens diretas. Estes são avaliados
criteriosamente e são substituídos pela menor falha, conforme determinação da empresa
que o contratou.

2.3 O PROCESSO DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL


3 SEGURANÇA DOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
A quase totalidade das empresas de prestação de serviços, na
construção civil, não possuem qualquer estrutura administrativa ou
financeira
para garantir o cumprimento dos direitos trabalhistas, até mesmo o mais
básico
deles, os salários. Estes, inclusive, são sempre menores do que aqueles
pagos
pelo tomador a seus empregados. E quando superior ao piso salarial da
categoria, em face da produtividade, que acaba implicando em excesso de
jornada, somente o piso salarial é anotado na carteira de trabalho, sobre o
qual é
recolhido os encargos sociais e pagos os demais direitos trabalhistas.
(terceirização do caixa dois, ou pelo menos parte dele)

As verbas rescisórias nunca são quitadas quando a demissão do


empregado terceirizado coincide com o encerramento da obra ou dos
serviços.
Isso ocorre porque o suposto empregador, vulgarmente conhecido como
“gato”
(em muitos casos ex-empregado do contratante/tomador), não faz conta,
além
dos salários, de todos os direitos trabalhistas e encargos sociais, seja por
desconhecimento ou simplesmente para conseguir os serviços oferecidos
pelas
construtoras, que impõe o preço e todas as cláusulas do contrato.

3.1 IMPACTOS CAUSADOS PELA TERCEIRIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO


CIVIL
De acordo com a pesquisa da Unisinos, na construção de edifícios no Brasil, a mortalidade é
o dobro do restante do mercado de trabalho. Mesmo com a maioria dos trabalhadores
contratados, os terceirizados representaram o maior número de mortes em 2013. Dos 135,
75 eram subcontratados (55,5%).

Nas obras de acabamento, dos 20 trabalhadores mortos, 18 eram terceirizados. Na


terraplanagem, dos 19 mortos, apenas um era contratado direto; e na fundação, dos 30
mortos em 2013 no país, 26 eram terceirizados.

A terceirização na construção civil, assim como em qualquer outro setor, torna precária a
condição do trabalhador. Muitas vezes, as empresas pagam salários abaixo do piso,
aumentam as jornadas de trabalho e pressionam o empregado a intensificar suas atividades.
Esses agravos só aumentam o risco de acidentes e mortes e colocam em perigo a vida de
trabalhadores diariamente.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas últimas décadas, muitas empresas passaram a adotar equipes terceirizadas para realizar
atividades dentro da empresa. Alguns especialistas consideram isso uma revolução em
relação aos fluxos de produção de trabalho dentro de uma companhia. Exemplos disso são
muito comuns no meio da construção civil. Muitas construtoras utilizam a mão de obra
terceirizada para realizar diversas tarefas dentro do canteiro de obras.
Ao fazer a contratação, é importante conhecer como são desenvolvidas as políticas
de segurança do trabalho pela empresa. Ela segue todas as regras? Ela oferece suporte ao
trabalhador? Ela utiliza um plano de prevenção bem elaborado? Esses e outros aspectos
devem ser avaliados sempre antes de fechar o contrato. Veja aqui como contratar uma
empresa de terceirização .
Por outro lado, o contratante deve exercer uma forte influência ao definir regras de segurança
dentro do ambiente de trabalho. Torna-se essencial que as atitudes em prol do bem-estar
sejam estabelecidas por um acordo entre a empresa que contrata e a prestadora de serviço.
Por vezes, médicos ou engenheiros de segurança do trabalho assumem a responsabilidade
de atuar como gestor da segurança das equipes terceirizadas. Contudo, outros profissionais
e líderes podem assumir tal posição; como gerentes de serviços ou de operações. E, desta
maneira, podem realizar programas de treinamento, realizar fiscalizações mais apuradas e
incentivar os trabalhadores a seguir as regras de segurança com a intenção de evitar
acidentes.

Como devem ser trabalhadas as questões de segurança do trabalho?


Esse cuidado com as equipes terceirizadas é uma forma de evitar que uma ocorrência não se
transforme em um problema ainda maior para ambas as empresas: o contratante e a
contratada. Da mesma forma, que preza pela vida do trabalhador, que devem estar acima
das intenções das companhias.
Citamos anteriormente o canteiro de obras da construção civil, mas em qualquer ambiente a
pessoa pode estar exposta a acidentes se não houver um plano de segurança do
trabalho bem desenvolvido. Seja fornecendo Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou
proporcionando condições de trabalho sem riscos à integridade física, é dever das empresas
cuidar da vida do trabalhador durante sua jornada de trabalho.
Outra forma de criar conscientização nas equipes terceirizadas é por meio de treinamentos e
palestras sobre segurança no ambiente de trabalho. A parceria entre a empresa contratada e
a contratante pode ser a melhor solução na hora de passar esse conhecimento para seus
funcionários. Afinal, quando essa atitude é realizada de forma conjunta, ela é ainda mais
efetiva, pois as duas empresas podem ser responsabilizadas em caso de acidentes.
Além de eleger um gestor de segurança, uma forma de incentivar os trabalhadores é
selecionar alguns funcionários para contribuir com a fiscalização da segurança dos outros
companheiros. Esse esforço coletivo é significativo para evitar acidentes graves e que
possam custar vidas. Por outro lado, mesmo que o trabalho da terceirizada seja pontual, é
sempre bom valorizar essa característica de respeito às normas de segurança do
colaborador.

A preservação do capital humano é fundamental


Ao contratar uma firma de prestação de serviço, o contratante deve oferecer as melhores
condições de segurança do trabalho  para as equipes terceirizadas. E escolher uma empresa
contratada que valorize esses aspectos é importante para que todas as ações ocorram da
melhor forma entre ambas as partes. 
Muito mais do que negócios, prezar pela segurança dos colaboradores é valorizar a vida
humana. Por tal motivo, esta deve ser uma questão a ser tratada com cuidado e extrema
atenção. Se em algum momento a vida desses indivíduos for interrompida ou ficarem
incapacitados de trabalhar, muitas outras pessoas podem sofrer as consequências.
E quando falamos de segurança do trabalho, ressaltamos essa valorização do capital
humano dentro das companhias. Sejam colaboradores contratados ou  equipes terceirizadas,
todos precisam das melhores condições de trabalho, sem riscos ou falta de qualidade de vida

REFERÊNCIAS
ASSUNTOS IMPORTANTES SOBRE TERCEIRIZAÇÃO

Após aprovação no Congresso, o presidente Michel Temer sancionou


recentemente o projeto que libera a terceirização para as chamadas
atividades-fim, isto é, aquelas para as quais a empresa foi criada. Significa que
a terceirização poderá ocorrer sem restrições em todos os setores das
empresas, inclusive na administração pública. Isso agrava ainda mais o cenário
dos acidentes de trabalho no país.

Atualmente, oito em cada dez acidentes de trabalho acontecem com


terceirizados, que respondem ainda por quatro de cada cinco mortes nessas
circunstâncias.

Os terceirizados possuem os salários mais baixos, no entanto trabalham em


média 3 horas a mais por semana comparados aos demais trabalhadores.
Jornadas maiores são mais cansativas e provocam maiores incidências de
acidentes.

Além disso, esses trabalhadores ocupam as vagas mais precarizadas, que


envolvem os maiores riscos de acidentes e doenças ocupacionais, já que as
empresas querem também ‘terceirizar’ os riscos para não terem que se
responsabilizar por eles.

A subcontratação de mão de obra já atinge um em cada quatro trabalhadores


no Brasil. Com a permissão oficial do governo Temer para a terceirização
desenfreada, está dada a largada também para um disparo nos índices de
acidentes e doenças do trabalho.

https://esquerdaonline.com.br/2017/04/06/brasil-e-4o-lugar-no-mundo-em-
acidentes-de-trabalho/

Segundo os indicadores oficiais disponíveis, a construção civil é a atividade econômica que mais mata
trabalhadores no Brasil. Considerando apenas os empregados formalmente vinculados aos CNAEs
(Classificação Nacional de Atividade Econômica) que integram a Construção (Setor F) e os dados dos
últimos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho (AEATs 2010, 2011, 2012, 2013) do INSS
(Instituto Nacional de Seguridade Social), morrem mais de 450 trabalhadores no setor, a cada ano. A
participação do setor da construção civil no total de acidentes fatais registrados no Brasil passou de
10,1%, em 2006, para 16,5%, em 2013.
À luz da quantidade de trabalhadores ocupados na construção civil em relação ao conjunto do mercado
de trabalho, a partir dos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2010 a 2012, apura-
se que o risco de um trabalhador morrer na construção é mais do que o dobro da média.

Nos últimos anos, a relação entre acidentes (incluindo doenças) de trabalho e terceirização tem sido
objeto de muitas pesquisas. A própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem manifestado
preocupação sobre o vínculo entre terceirização e acidentes de trabalho.

No que concerne especificamente à construção civil, já em 2001, a OIT publicou um relatório em que
destaca a relação entre terceirização e o aumento dos acidentes nesse setor. No Brasil, a literatura
especializada há muito vem anunciando a estreita ligação entre terceirização e elevação dos acidentes na
construção civil. Ver, por exemplo, textos de autores como Gomes (2003), Fonseca (2007), Mangas,
Minayo-Gómez e Thedim-Costa (2008), Druck e Filgueiras (2014) e Fernandes (2015). 

O artigo analisa a relação entre a terceirização e os acidentes de trabalho na construção civil no Brasil, e
tem como objetivos: colaborar para dar consistência empírica às proposições que relacionam
terceirização e acidentalidade na construção civil, particularmente acidentes fatais, sistematizando
indicadores existentes e apresentando novos indicadores sobre o tema, e ainda, a partir da crítica do
conceito hegemônico de terceirização, refletir sobre as razões que promovem a relação entre
terceirização e acidentes na construção civil.

Data: 29/02/2016 / Fonte: Vitor Araújo Filgueiras

http://www.protecao.com.br/noticias/leia_na_edicao_do_mes/
gestao_de_sst_entre_trabalhadores_terceirizados_na_construcao_e_preocupante/
AnjjJyy5/9612

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