Você está na página 1de 17

AO JUÍZO DA º_XXX__ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO

HORIZONTE/MINAS GERAIS.

NOME COMPLETO, nacionalidade, estado civil, profissão, e-mail, RG e CPF,


endereço completo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
meio de seu procurador subscrito, propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

Em desfavor da MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S/A, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 08.343.492/0014-44, com sede na Av.
Santos Dumont, Av. Santos Dumont, 1510 - Salas 1601 e 1602, Fortaleza/CE, CEP:
60150-161, pelos motivos e fundamentos abaixo expostos:

PRELIMINARMENTE

DA JUSTIÇA GRATUITA - Requer o (a) autor (a) os Benefícios da Gratuidade da


Justiça, tendo em vista a impossibilidade de arcar com o pagamento das despesas
judiciais do presente feito, sem prejuízo próprio e de sua família, apoiando-se
legalmente nos arts. 99 e SS do Novo Código de Processo Civil.

Junta documentos comprobatórios que motivam o deferimento do pedido de


Assistência Jurídica Judiciária – AIG.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO - Requer o autor a realização da audiência de


conciliação, tendo por objetivo dirimir a litigância com a demandada, bem como
prover celeridade à resolução da lide em questão.
DOS FATOS

CONTAR A HISTORINHA, CHEIA DE LENGA LENGA E OS CRL-


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

No entanto, embora o contrato estipule prazo de entrega para 30/11/2014, o mesmo


ainda não foi entregue e a obra abandonada, por culpa única e exclusiva dos Réus.

O Autor entrou em contato diversas vezes com os Réus, mas nunca obteve
sucesso. Sendo assim, excedidos os esforços para solucionar amigavelmente as
pendencias supra, e diante dos inúmeros atos ilícitos cometidos pelas Rés que
acarretaram prejuízos ao Autor, não restou alternativa a não ser a propositura da
vertente ação, dentre os quais serão mencionados a seguir:

III – DOS ATOS ILÍCITOS

III.I – ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL

No Contrato de Promessa de Compra e Venda as Rés se obrigam a entregar o


imóvel ao Autor no prazo de dois anos, conforme já argumentado supra não
aconteceu até os dias de hoje.

Deste modo, as Rés ficaram inadimplentes com sua obrigação de entregar o imóvel,
sem apresentar qualquer justificativa aceitável. Portanto restou infringida a cláusula
contratual que determinou a entrega do imóvel na data de 30/11/2014.

Estamos diante de um Contrato de Compra e Venda bilateral, ou seja, cada uma


das partes é ao mesmo tempo credora e devedora da outra, se os autores cumprem
sua obrigação de pagamento ao mesmo tempo os réus devem cumprir com sua
obrigação de entrega do bem avençado no prazo estipulado.
O ordenamento jurídico prevê que aquele que sofre dano causado por outrem tem
direito a receber o que efetivamente perdeu e o que deixou de lucrar, conforme
artigo 402 do Código Civil;

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos


devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.

Ademais, o artigo 395 do Código Civil estabelece que;

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

Ocorre que no caso do Autor, não houve sequer a entrega do imóvel, descumprindo
as Rés com o estabelecido contratualmente, são muitas as decisões nos Tribunais
de Justiça quanto ao não cumprimento contratual por uma das partes, vejam;

APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. JUROS DE OBRA. COMISSÃO DE
CORRETAGEM. DANO MORAL. Descumprido o prazo estipulado para a entrega da
obra, não podem as demandadas se escusar da responsabilidade pelo atraso sob a
alegação de caso fortuito ou força maior, mormente porque a demora adveio de
fatores inerentes ao negócio da construção civil. Comprovado o pagamento de juros
em razão do atraso na obra, a parte requerida deverá ressarcir tais valores, pois
decorrente de culpa exclusiva sua que não cumpriu o prazo estabelecido no contrato.
Em regra, o simples atraso injustificado na entrega de obra de empreendimento não
acarreta dano moral passível de indenização. Todavia, no caso, o prazo fixado foi
extrapolado em muito, sendo justificável a indenização postulada. É válida a cláusula
contratual que transfere ao promitente comprador a obrigação de pagar a comissão
de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda do Programa Minha
Casa, Minha Vida, desde que previamente informado o preço total da aquisição da
unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.
Ressalvada, contudo, a denominada Faixa 1, em que não há intermediação
imobiliária. Hipótese dos autos em que a parte autora foi previamente informada a
respeito do pagamento, cujo valor foi diretamente alcançado pela proponente ao
corretor. DERAM PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação
Cível Nº 70069074862, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 15/05/2019).

APELAÇÕES CÍVEIS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO


INDENIZATÓRIA ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. DANOS MATERIAIS E
MORAIS. Considerando que os documentos juntados aos autos demonstram que
ambas demandadas agiram como responsáveis pelo empreendimento adquirido pela
parte autora, inviável o acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva. A
previsão contratual da tolerância de 120 dias na entrega da obra não se afigura
abusiva, tratando-se de cláusula padrão nos contratos como o da espécie, com o
que anuiu o promitente comprador. Descumprido o prazo estipulado para a entrega
da obra, não podem as demandadas se escusar da responsabilidade pelo atraso sob
a alegação de caso fortuito ou força maior, mormente porque a demora adveio de
fatores inerentes ao negócio da construção civil. Comprovado o pagamento de juros
em razão do atraso na obra, a parte requerida deverá ressarcir tais valores, pois
decorrente de culpa exclusiva sua, não havendo falar em ilegitimidade passiva
quanto a tal pleito, pois tal rubrica cobrada da autora decorreu do atraso na entrega
do imóvel por parte da ré. Em regra, o simples atraso injustificado na entrega de obra
de empreendimento não acarreta dano moral passível de indenização. Todavia, no
caso, o prazo fixado foi extrapolado, sendo justificável a indenização postulada.
Manutenção do valor estabelecido para a indenização. É válida a cláusula contratual
que transfere ao promitente comprador a obrigação de pagar a comissão de
corretagem nos contratos de promessa de compra e venda do Programa Minha
Casa, Minha Vida, desde que previamente informado o preço total da aquisição da
unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.
Ressalvada, contudo, a denominada Faixa 1, em que não há intermediação
imobiliária, raciocínio este que também deve pautar a quantia paga como taxas
relativas a custo de assistência técnica e jurídica para a finalização do contrato.
Hipótese dos autos em que a parte autora foi previamente informada a respeito do
pagamento, cujo valor foi diretamente alcançado pela proponente ao corretor. Lícita
a utilização do INCC como índice de correção monetária, pois se trata apenas de
atualização monetária, não representando um acréscimo no valor. Possível a
aplicação de tal índice de correção monetária até a expedição do habite-se, uma vez
que não há qualquer abusividade na sua utilização. Multa contratual indevida pois
ausente qualquer previsão para o caso de atraso na entrega da obra. DERAM
PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO DOS AUTORES E NEGARAM
PROVIMENTO ÀS APELAÇÕES DAS RÉS. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº
70069265270, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Walda
Maria Melo Pierro, Julgado em 15/05/2019).
Portanto, ficou claramente demonstrado que as Rés descumpriram o prazo
estipulado para a entrega da obra, e não podem se escusar da responsabilidade
pelo atraso devendo arcar com as consequências.

III.II – DA MULTA CONTRATUAL

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

IV – DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

IV.I – DO DEVER DE INDENIZAR

Para aplicação do Código de Defesa do Consumidor, se faz necessário o critério


objetivo e legal, presentes consumidores e fornecedores definidos nos artigos 2º e
3º da Lei 8.078/1990.

Além de não usufruir do imóvel, a não entrega desse, gerou ao Autor diversos
danos, pela impossibilidade de utilização da propriedade.

Os fatos já narrados e as disposições legais, são claros no sentido de que as Rés


devem indenizar o Autor, pois além de sua responsabilidade objetiva, houve nexo
de causalidade entre sua omissão e a produção dos eventos danosos.

O código civil aplicado ao CDC, estabelece que:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,


nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Por sua vez, o CDC é expresso ao responsabilizar de forma objetiva, as condutas


das rés, impondo-lhes o dever de indenizar na linha do Código Civil.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

Também é entendimento jurisprudencial:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA CONSUMIDOR.


PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL NA PLANTA.
COBRANÇA DE JUROS DE OBRA APÓS ENTREGA. LEGITIMIDADE
PASSIVA DA VASCO CONSTRUTORA PARA RESPONDER PELOS
JUROS DE OBRA. CONTRATO PREVENDO ENTREGA DO LOTE E
CONCLUSÃO FINAL DO MÓDULO. PRAZO DISTINTO EM
RELAÇÃO AO CONTRATO DE FINANCIAMENTO. INTELIGÊNCIA
DO ART. 47 DO CDC. INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO
CONSUMIDOR. DEVIDA A OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE
CONCLUSÃO PREVISTO NO CONTRATO FIRMADO ENTRE OS
LITIGANTES, JAMAIS NO DE FINANCIAMENTO JUNTO À CEF.
CLÁUSULA CONTRATUAL, JUNTO À CEF, QUE PREVÊ
PAGAMENTO DE JUROS DE OBRA ATÉ CONCLUSÃO DO
EMPREENDIMENTO. RESPONSABILIDADE DO AUTOR QUE SE
LIMITA NATURALMENTE A SUA UNIDADE. ÔNUS DA RÉ EM
ARCAR COM FINANCIAMENTO DO COMPLEXO. DEVER DE
INDENIZAR PELAS COBRANÇAS POSTERIORES AO PRAZO
PREVISTO PARA CONCLUSÃO DA UNIDADE INDIVIDUAL, ATÉ
INÍCIO EFETIVO DA AMORTIZAÇÃO DO FINANCIAMENTO.
PARCELAS REFERENTES AOS MESES DE FEVEREIRO E MARÇO
DE 2017 QUE COMPREENDEM PERÍODO DE PRORROGAÇÃO E,
POR ISSO, DEVEM SER DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
CONDENAÇÃO REDUZIDA NO PONTO. JUROS DE MORA PARA
DEVOLUÇÃO DO MONTANTE QUE INCIDEM A PARTIR DA
CITAÇÃO, E NÃO DO DESEMBOLSO. APLICAÇÃO DO ART. 405 DO
CC. DANO MORAL INEXISTENTE. DESCUMPRIMENTO
CONTRATUAL. RECURSO DA RÉ PROVIDO EM PARTE. RECURSO
DO AUTOR DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71008037129, Quarta
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Luis Antonio
Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 14/12/2018).

IV.II – DA APLICAÇÃO DO CDC E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Incontestável que o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao presente caso.

O vínculo estabelecido entre as partes configura relação de consumo, com


aplicação ampla e irrestrita do Código de Defesa do Consumidor, já que as partes
se enquadram nos conceitos de consumidor e fornecedor, estabelecidos nos arts. 2º
e 3º do CDC.

Portanto, tratando-se de relação de consumo, incide no presente caso todas as


normas protetivas do consumidor previstas na Lei n. 8.078/90, inclusive com a
possibilidade de declaração de nulidade de cláusulas contratuais abusivas e
arbitrárias, bem como com a determinação para inversão do ônus da prova.

Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito


mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme
disciplina o artigo 333, incisos I e II do Código de Processo Civil.
O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do direito
vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre polos
processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro,
o fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados
pelo primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se
admite a inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.

Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes,


como de fato há, este deve ser contemplado com as normas atinentes na Lei nº.
8.078/90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor, inclusive
com a possibilidade de declaração de nulidade de cláusulas contratuais abusivas e
arbitrárias e a letra da Lei é clara.

Ressalte-se que se considera relação de consumo, a relação jurídica havida entre


fornecedor (artigo 3º da Lei 8.078/90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo
que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando:

“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que


for hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do princípio
constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais
fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma
diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da relação
de consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio
constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais,
desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de Processo Civil
Comentado, Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed.1999, pág.
1805, nota 13)”

Nesse diapasão, preceitua o art. 14 do CDC, in verbis:

“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.”
Assim, a responsabilidade do fornecedor dos produtos e serviços é objetiva, sendo
presumida a culpa do mesmo, o que gera, inevitavelmente, a indenização integral,
inclusive no tocante aos danos morais.

Quanto à verossimilhança de suas alegações, basta uma análise ao contexto


probatório colacionado, para vislumbrar que não restam maiores indagações acerca
do tema.

Diante do exposto com os fundamentos acima pautados, requer o Autor a inversão


do ônus da prova, incumbindo às rés à demonstração de todas as provas referente
aos pedidos desta peça.

V – DOS DANOS MORAIS

A garantia do reparo do dano moral, é absolutamente pacífica tanto na doutrina


como na jurisprudência. Tamanha sua importância que ganhou destaque no texto
da Constituição federal no artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias
fundamentais.

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

Há que se lembrar que quando se compra um imóvel em construção, o consumidor


passa a fazer planos para o uso do bem adquirido e isso envolve questões
emocionais, planejamentos econômicos dentre outros. Qualquer descumprimento
na data da entrega do bem, ou até mesmo a não entrega até hoje no caso do Autor,
certamente trará ao comprador vários tipos de transtornos, que deverão ser
suportados pela vendedora.
Destarte, é sabido que os réus se comprometeram a entregar o imóvel na data de
30/11/2014, o que não foi efetuado até os dias de hoje. Assim, configurando in
casu, um atraso injustificado que ultrapassa os limites de um mero aborrecimento
cotidiano, configurando o Dano Moral.

O descumprimento do contrato, de fato, ocasionou angústia, desgosto ao Autor,


sensação de impotência e frustração, pois é notório que quem adquire o imóvel e
efetua o pagamento regular das prestações, sente-se frustrado por não poder dispor
do bem, sofrendo aflição psicológica, em razão da longa espera sem respostas.

Ressalte-se que, no caso, configuram-se danos morais decorrentes não só do mero


descumprimento do contrato, mas, sim, daquele que transborda os limites da
razoabilidade, com atraso excessivo na entrega do imóvel, e mais, por motivos
injustificáveis.

Dessa forma, as rés não podem repassar ao consumidor o risco da atividade que
exerce, impondo ao autor prejuízos pelo atraso na entrega do imóvel. O imóvel não
foi entregue no prazo ajustado e até os dias de hoje o que resulta na
responsabilização das rés.

Sobre a existência de danos morais na hipótese de atraso na entrega do imóvel


adquirido, segue o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - ATRASO DA ENTREGA DA UNIDADE


IMOBILIÁRIA – MULTA - DANOS MORAIS - OCORRÊNCIA - CRITÉRIOS PARA
FIXAÇÃO - AGRAVO RETIDO PROVIDO - APELAÇÃO PARCIALMENTE
PROVIDA. - O atraso demasiado ou incomum na entrega do imóvel ocasiona séria e
fundada angústia no espírito dos adquirentes, que interfere no seu bem-estar, não se
tratando de mero dissabor, ensejando, assim, indenização compensatória pelo abalo
moral sofrido. - Agravo retido provido e apelação parcialmente provida". (TJMG.
Apelação Cível 1.0024.11.258274-7/001, Relator (a): Des.(a) Eduardo Mariné da
Cunha, 17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/01/2014, publicação da sumula em
04/02/2014).
APELAÇÃO - ATRASO INJUSTIFICADO NA ENTREGA DE IMÓVEL -
CONSTRUTORA - DANO MATERIAL - RESSARCIMENTO DO VALOR
CORRESPONDENTE AO ALUGUEL MENSAL DO IMÓVEL RESIDENCIAL ATÉ A
ENTREGA DO BEM ADQUIRIDO - CABIMENTO - DANO MORAL - OCORRÊNCIA -
VALOR DA INDENIZAÇÃO - REDUÇÃO - NÃO CABIMENTO - VALOR FIXADO EM
MONTANTE MÓDICO CONSIDERADAS AS VARIÁVEIS DO CASO CONCRETO. -
Há dano moral se a construtora, de modo injustificado, atrasa, por longo período, a
entrega de imóvel já quitado, impedindo o comprador de dele tomar posse na data
aprazada. - Não se há de reduzir o valor arbitrado para a indenização por danos
morais se fixado ele em montante até mesmo módico diante das diversas variáveis
do caso concreto". (TJMG. Apelação Cível 1.0024.11.085882-6/001, Relator (a):
Des.(a) Evandro Lopes da Costa Teixeira, 17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
19/09/2013, publicação da sumula em 01/10/2013).

Na exegese do ilustre jurista Rizzato Nunes, dano moral é;

"aquele que afeta a paz interior de cada um. Atinge o sentimento da pessoa, o
decoro, o ego, a honra, enfim, tudo aquilo que não tem valor econômico, mas que
lhe causa dor e sofrimento. É, pois, a dor física e/ou psicológica sentida pelo
indivíduo". (NUNES, Luiz Antonio Rizzato. Curso de Direito do Consumidor. 2. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 307).

Enfim, quando se trata de reparação de dano moral como no caso em tela, nada
obsta a ressaltar o fato de ser este, tema pacífico e consonante tanto sob o prisma
legal, quanto sob o prisma doutrinário. Por conseguinte, mera relação de causa e
efeito seria falar-se em pacificidade jurisprudencial. Faz-se patente, a fartura de
decisões brilhantes em consonância com o pedido do autor, proferidas pelos mais
ilustres julgadores em esfera nacional.

V.I – DO VALOR DA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS

No tocante ao quantum da indenização, é cediço que a fixação do dano moral tem


caráter subjetivo, não havendo critérios pré-estabelecidos para o arbitramento do
dano. Assim, cabe ao juiz, por seu prudente arbítrio e, tendo sempre em mente, os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, estimar, no caso concreto, um
valor justo a título de indenização.
Com efeito, a dificuldade na mensuração do valor do ressarcimento, exige que se
analisem as peculiaridades do caso concreto, devendo sopesar especialmente as
condições econômicas e sociais do ofensor, as circunstâncias do fato e a culpa dos
envolvidos, a extensão do dano e seus efeitos, sem esquecer que a indenização
deve ser suficiente para reparar o dano, não podendo importar em enriquecimento
sem causa e que deve ter caráter pedagógico.

Conforme atual doutrina sobre o tema, Carlos Alberto Bittar acentua:

“A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que represente


advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento
assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância
compatível com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso,
no patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem
jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia
economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do
lesante (in Reparação Civil por Danos Morais, Editora Revista dos Tribunais, 1993,
p. 220)”.

Sobre o tema, colhe-se da jurisprudência:

[...] “O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo juiz de maneira a
servir, por um lado, de lenitivo para o abalo creditício sofrido pela pessoa lesada,
sem importar a ela enriquecimento sem causa ou estímulo ao prejuízo suportado; e,
por outro, deve desempenhar uma função pedagógica e uma séria reprimenda ao
ofensor, a fim de evitar a recidiva” [...] (TJSC, AC n. 2001.010072-0, de Criciúma, rel.
Des. Luiz Carlos Freyeslebem, Segunda Câmara de Direito Civil, j. Em 14-10-04).

Assim, atento ao princípio da prudência e às peculiaridades do caso sub judice já


apontadas, ausente o critério objetivo de fixação da verba indenizatória por danos
morais e levando-se em conta os profundos abalos emocionais, transtornos,
constrangimentos e danos sofridos pelos autores, provocados pelo demasiado
atraso na entrega do imóvel e demais ilícitos praticados e o entendimento firmado
pelos Egrégios Tribunais de Justiça e o Superior Tribunal de Justiça, diante dos
casos similares julgados, e versando sobre a justa quantificação dos danos morais,
será justa a indenização na ordem de 10% sobre o valor atualizado do imóvel,
referente à reparação pelos sérios danos morais sofridos pelos autores.

VI – DOS LUCROS CESSANTES

Nesta senda, o entendimento jurisprudencial moderno entende que, havendo atraso


na entrega do imóvel ou mesmo a não entrega do mesmo, faz-se por emergir o
direito à indenização por lucros cessantes durante o período de mora/abuso do
promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo comprador, a saber:

RESCISÃO CONTRATUAL. Insurgência contra sentença de parcial procedência.


Sentença mantida. Culpa pela rescisão. Vendedora atrasou entrega do apartamento
e compradores não quitaram o saldo devedor. Inadimplemento parcial de ambos, a
determinar rescisão do contrato mediante retenção de 10% das quantias pagas.
Lucros cessantes. "Descumprido o prazo para a entrega do imóvel objeto do
compromisso de venda e compra, é cabível a condenação da vendedora por lucros
cessantes, havendo a presunção de prejuízo do adquirente, independentemente da
finalidade do negócio" (Súmula 162, TJSP). Taxa condominial cobrada antes da
entrega das chaves. Abusividade da previsão contratual de repasse das taxas
condominiais a partir da expedição do "habite-se". Ressarcimento devido. Recurso
parcialmente provido. (TJ-SP 10038542420138260068 SP 1003854-
24.2013.8.26.0068, Relator: Carlos Alberto de Salles, Data de Julgamento:
13/03/2018, 3ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/03/2018)

Neste mesmo sentido, tem-se que o dever de indenizar surge até mesmo pela
simples conjectura da 'perda de uma chance', vez que, no caso, o Autor poderia até
mesmo ter colocado em locação seu imóvel, pois residia na casa dos sogros, não
importando a real finalidade de aquisição do bem.

Trata-se, portanto, de uma possibilidade real, que somente não se concretizou por
culpa única e exclusiva dos Réus, pois estes, ao não entregarem o imóvel,
impediram indevidamente o Autor de imitir na posse, causando a frustração de
aproveitamento de uma oportunidade e, consequentemente, fazendo nascer o dever
de indenizar. Neste sentido, observe-se o que dispõe o enunciado sumulado
Superior Tribunal Federal:
Súmula 162: “Descumprido o prazo para a entrega do imóvel objeto do compromisso
de venda e compra, é cabível a condenação da vendedora por lucros cessantes,
havendo a presunção de prejuízo do adquirente, independentemente da finalidade
do negócio. ”

Nesta linha de raciocínio, forçoso reconhecer que os lucros cessantes devem ser
calculados como sendo o valor do aluguel do imóvel em atraso.

Assim, tomando-se por base o valor de mercado do imóvel, atualmente


correspondente ao montante variável entre R$ xxxxxx e R$ xxxxxxx, conforme telas
de imobiliárias que ora se anexam, e aplicando-se o índice de 0,5% sobre o valor
médio (R$ xxxxxx), conclui-se como valor mensal de aluguel da referida unidade
reflete a monta de R$1.000,00.

Destarte, considerando-se a data final de conclusão das obras, e a não entrega do


imóvel, tem-se que a partir do mês de dezembro de 2014 será devida pela requerida
a importância mensal supra informada (R$ 1.000,00), tudo a ser devidamente
corrigido e atualizado.

VII – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer se digne Vossa Excelência:

1. Conceder o benefício da assistência judiciária gratuita nestes autos, visto que o


Autor não possui condição financeira suficiente para suportar os custos e as
despesas processuais, consoante exposto, demonstrado e comprovado pela
Declaração de Hipossuficiência;

2. Conceder, em caráter liminar, a tutela de urgência exposta no item II.I desta


exordial, para determinar à construtora ré que promova, imediatamente, a entrega
definitiva do imóvel ao Autor, sob pena da inversão da clausula penal (análoga à
penalidade prevista na cláusula 35 do contrato de normas contratuais;
3. Determinar a citação e a intimação das rés no endereço declinado nos autos do
presente, para, querendo, oferecer sua resposta, sob pena dos efeitos da confissão
e revelia;

4. Ao final, julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente demanda para:

4.1 Determinar a rescisão do contrato, o recebimento dos valores pagos de R$


100.000,00 (cem mil reais);

4.2 Condenar as rés ao pagamento de indenização por danos materiais, a título de


lucros cessantes, no valor equivalente ao percentual de 0,5% aplicado mensalmente
sobre o valor de mercado do imóvel, correspondente a R$ xxxxxxxx (xxxxxx reais),
contados a partir do mês de XXXXXXX de 2021 e até a efetiva entrega das chaves;

4.3 Condenar as rés ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados


pelo Autor, sugerindo-se como o valor de arbitramento a monta de 10% sobre o
valor atualizado do imóvel, referente à reparação pelos sérios danos morais sofridos
pelos autores.

4.4 Ao pagamento da multa contratual, esta fixada em R$15.000 (quinze mil reais).

5 Condenar as rés nos consectários legais decorrentes de tal julgamento, tais como
nas custas, despesas processuais e verba honorária de sucumbência.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, ainda
que não admitido em nosso ordenamento jurídico, mas desde que obtidos de forma
lícita, notadamente pelo depoimento pessoal dos representantes das rés, oitiva de
testemunhas oportunamente arroladas, juntada de novos documentos e perícias, o
que fica tudo desde logo requerido.

No mais, manifesta o Autor pelo interesse na realização de audiência conciliatória,


em cumprimento ao disposto no artigo 334, do Código de Processo Civil.
Por fim, requer que todas as intimações inerentes ao feito sejam remetidas e
publicadas em nome dos signatários desta, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ XXXXXXXXXXXXXXXXX (XXXXXX REAIS)

Termos em que, Pede Deferimento.

XXXXXXX, XX de XXXX de 2022.

OAB/XX

Você também pode gostar