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| Laura Matos
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 1
Fontes ............................................................................................................................... 9
Estratégia de Comunicação e de Assessoria de Imprensa para a empresa Savannah
Lithium Lda. - diagnóstico e análise da envolvente externa | Laura Matos
Introdução
As organizações aprenderam ao longo dos anos que conseguem mais facilmente atingir os
seus objetivos, se comunicarem e informarem os seus públicos. Chinem (2003) diz que
“Um dos pontos da boa comunicação é a coerência entre discurso e ação, o que a empresa
tem de cumprir dentro e fora de casa. (…) Também é preciso ter a consciência geral de que
a informação deve circular (…)” (p. 47).
Está claro que tanto a Comunicação interna, dentro da organização, como a Comunicação
externa, têm o seu peso na balança que é o sucesso. Dentro desta última, temos as Relações
Públicas, “associadas às relações desenvolvidas pelas organizações com os diferentes
grupos de públicos ou stakeholders.” (Gonçalves & Guimarães, 2014, p.3).
Dentro do campo científico das Relações Públicas temos variadas técnicas, uma delas a
Assessoria de Imprensa, que veio profissionalizar e expandir a promoção das empresas e
das instituições através dos media. David Michie (1998) afirma que “a assessoria de
imprensa é uma atividade das relações públicas altamente eficaz para moldar a opinião
pública em relação a uma ideia, um produto ou uma personalidade.” (Ribeiro, 2014, p.80).
A Assessoria de Imprensa é, pois, uma área da Comunicação que administra a informação,
para posicionar positivamente o assessorado junto dos Media e dos seus público-alvo, com
o intuito de potenciar a imagem pública da empresa e por conseguinte aumentar a sua
credibilidade e nível de confiança (Mateus, 2022). Assim, para preparar uma estratégia de
comunicação e de Assessoria de Imprensa para o caso da mineração de lítio em Covas do
Barroso (Boticas, distrito de Vila Real), é primeiro necessário averiguar qual a situação /
ambiente externo, saber com que públicos a empresa Savannah Lithium Lda deve
comunicar e que meta(s) quer atingir com essa comunicação.
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Enquadramento teórico
Cabe esclarecer, em primeiro lugar, que Público diferencia-se dos termos Multidão e
Massa. Multidão é uma forma de agrupamento humano que depende de fatores ambientais,
baseado numa reciprocidade primária, no qual os seus membros perdem a sua
individualidade e cujo comportamento é guiado pelas emoções (Le Bon, 1985; Park, 1921;
Tarde, 1904; citados em Eiró-Gomes, M. e Duarte, J., 2005). Massa representa o todo da
população, cujos membros vêm de estratos sociais diferentes, sendo, por isso, indivíduos
anónimos, que não têm pensamentos e ideologias em comum e que não agem
coletivamente, havendo, no entanto, o falso julgamento de que isso seja possível (Blumer,
1946, citado em Eiró-Gomes, M. e Duarte, J., 2005; Mota et al., 2016).
Ao contrário dos agrupamentos sociais referidos anteriormente, os membros do Público
possuem interesses em comum. Do ponto de vista das organizações, os públicos têm
interesse específico nas suas atividades e comportamentos que de alguma forma afetam
parte da população (Mota et al., 2016). Como sustenta Chinem (2003), “Público é o
conjunto de indivíduos cujos interesses comuns são atingidos pelas ações de uma
organização (…) [e] cujos atos afetam direta ou indiretamente os interesses da
organização.” (p.46).
A Teoria Situacional de Públicos, introduzida por Grunig e Repper (1992), procura
estabelecer um modelo de gestão estratégica para as Relações Públicas, focando no papel
dos públicos ao nível das suas relações com as organizações. Esta perspetiva defende que
os diferentes públicos surgem devido a um estado motivado por uma situação problemática
(neste caso, que envolve uma organização), com a qual se sentem em algum grau afetados,
e que querem resolver, procurando informação e comunicando (Eiró-Gomes, M. e Duarte,
J., 2005).
Identificar e classificar públicos é essencial para uma comunicação eficaz com os mesmos,
pois cada público tem especificidades. Grunig e Repper (1992) defendem, portanto, que é
necessária uma segmentação dos públicos através de duas variáveis, as inferidas,
desenvolvidas através da interação direta com um grupo de pessoas alvo (cognições,
atitudes e perceções), e as objetivas, como dados demográficos, padrões de uso dos media,
ou ainda localização geográfica. (Eiró-Gomes, M. e Duarte, J., 2005).
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Autor Classificação
- Normativos: gestores, acionistas, entidades reguladoras, governo.
- Funcionais: empregados, sindicato, provedores, distribuidores.
Dowling, 2001
- Difusos: jornalistas, comunidade, grupos de interesse.
- Consumidores: segmentos por necessidades.
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Afirmam Sanz e Toro (2018) que “La forma de clasificar los tipos de stakeholders puede
ser muy variada, dependiendo (…) de situaciones prácticas como tipo de empresa, tamaño,
sector al que pertenece, amplitud de la cadena de valor, entre otros factores.” (p.98).
Quando um stakeholder abandona a sua passividade e aumenta o seu envolvimento com a
organização, passa para um Estado de Público. O porquê dos públicos se envolverem e se
tornarem conscientes pode ser explicado por três variáveis situacionais: o reconhecimento
do problema, que leva a uma procura de informação; o reconhecimento de
constrangimentos, que desencoraja a comunicação; o nível de envolvimento entendido
como a perceção cognitiva de um indivíduo acerca da sua conexão com uma dada situação
(Grunig e Repper, 1992, citados em Eiró-Gomes, M. e Duarte, J., 2005).
A combinação das variáveis situacionais permite perceber que existem públicos com
diferentes características. Grunig e Repper (1992) distinguem os públicos ativos, com
elevados níveis de reconhecimento do problema e de envolvimento, procuram informação
e vão fazer algo acerca do problema; os públicos conscientes, com baixos níveis de
reconhecimento do problema e de envolvimento, não comunicam; os públicos latentes, que
enfrentam o problema, mas não se envolvem, devido à pouca perceção de
constrangimentos; por fim, os não-públicos, mais relacionados com a massa, que não
reconhecem o problema, não estão envolvidos com a organização, nem detêm qualquer tipo
de influência sobre a mesma (citados em Eiró-Gomes, M. e Duarte, J., 2005).
Os autores identificam ainda uma tipologia de públicos consoante o seu
envolvimento/atividade: os “todo-o-terreno” (all-issue publics), ativos e atentos em todas
as questões; os “seletivos” (single-issue publics), ativos e atentos em apenas um assunto ou
num pequeno número de assuntos; os “escaldantes” (hot-issue publics), ativos e atentos
apenas em relação a assuntos que envolvem quase toda a população e que recebem
cobertura mediática; e os públicos “apáticos” (apathetic publics), passivos e desatentos face
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Por outro lado, ainda que o Governo garanta “que tais operações não põem em causa a
saúde das populações daquelas zonas ou o meio ambiente”, a sua prospeção e exploração é
duramente criticada por associações ambientalistas e pelas populações, devido aos
impactos a si associados, que incluem descaracterização da paisagem, alteração da
morfologia do terreno, contaminação dos solos, contaminação das águas com a infiltração
de resíduos industriais, entre muitos outros (Green Savers, 2020; Jornal de Notícias, 2019).
Covas do Barroso encontra-se entre as seis principais ocorrências de mineração de lítio –
sendo as restantes em Serra de Arga, Barca d'Alva, Guarda, Mangualde e Segura. Está
prevista uma mina a céu aberto, com investimento de 500 milhões de euros, com
expetativa de produzir baterias para 250 a 500 mil carros/ano. (Jornal de Notícias, 2019).
A população da freguesia opõe-se ao projeto. Queixa-se de falta de informação, mas
acima de tudo acredita “que a mina trará ruído, poeiras, poluição e um fim ao modo como
vivem.”, que denota a profunda ligação sentimental que há com as terras (Carter, B. &
Euronews, 2021; Jornal de Notícias, 2019).
Este território é reconhecido como Património Agrícola Mundial pela Organização das
Nações Unidas. A associação ambientalista Quercus fez uma denúncia à Organização,
fundamentada com a “ameaça severa à integridade do sistema agro-silvo-pastoril da
região do Barroso” com a instalação de minas de lítio a céu aberto na região. O Governo
Português argumenta que a exploração vai ser feita “com todo o rigor ambiental”,
aderindo ao “green mining”, que pressupõe uma enorme eficiência material e hídrica e
um rigoroso cumprimento de todas as regras ambientais. (Jornal de Notícias, 2019).
João Joanaz de Melo, dirigente do GEOTA, e Miguel Macias Sequeira, investigador da
FCT-UNL, contrapõem e ideia de “green mining”, alegando que a exploração mineira é
sempre uma atividade de elevado risco ambiental. Todavia, acreditam que os impactes
podem ser mitigados até certo ponto, sendo basilar encontrar soluções ambientalmente
sustentáveis e socialmente equitativas (Green Savers, 2020).
A Comunidade Local dos Baldios de Covas do Barroso interpôs uma ação judicial contra
a Savannah Lithium Lda. por indevida apropriação de parcelas do baldio, cujos registos
corresponderem com a verdade, alegadamente. Afirma que “Em alguns dos casos as
novas áreas registadas abrangem inclusive tanques, muros e caminhos fundamentais à
gestão pública dos baldios e aos quais pertencem.” (Público, 2022).
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