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2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde | 2016/2017

Avaliação e Intervenção Neurocognitiva

Professora Inês Gomes


Universidade Fernando Pessoa
igomes@ufp.edu.pt
Sumário

CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

2.1. Princípios gerais e métodos de exame

2.2. O exame mental e as baterias de avaliação


neuropsicológica
2.1. Princípios gerais e métodos de exame
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação neuropsicológica:
– Método para examinar o encéfalo a partir do estudo
do seu produto comportamental (Lezak, 1995)

– Essencial para a tomada de decisão diagnóstica e


para o desenvolvimento de programas de
reabilitação (Ardila & Ostrosky-Solis, 1996)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Visa a interpretação dos mecanismos


subjacentes aos distúrbios

– + do que a mera classificação de um indivíduo em


relação a um grupo

– + do que a mera descrição dos distúrbios


apresentados
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Objectivos (Hynd & Willis, 1988)


– Efectuar diagnóstico

– Identificar forças e fraquezas

– Auxiliar no planeamento da reabilitação

– Caracterizar o estado neuropsicológico actual


• para analisar a melhoria ou a deterioração em função da
passagem do tempo ou de intervenções medicamentosas
ou neuropsicológicas
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Quando realizar?
– Situação de lesão ou disfunção cerebral

– Avaliação do efeito do tempo

– Avaliação do efeito dos programas de intervenção


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Quando realizar?
– Exame do estado mental revela défices cognitivos

– Curso da doença envolve melhoria/declínio cognitivo

– Forças e fraquezas cognitivas devem ser consideradas para


decidir o regresso ao trabalho/escola

– Necessidade de indicar reabilitação específica ou outros


serviços terapêuticos
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Quando realizar?
– Perfil cognitivo pode ajudar a esclarecer dados
clínicos, laboratoriais ou imagiológicos no
estabelecimento do diagnóstico

– Cirurgia em situação de epilepsia


– Situações de litígio em que o estado cognitivo é
questionado
(American Academy of Neurology, 1996)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Processo de Avaliação Neuropsicológica:

Observação

Entrevista Testes

(Lezak, 1995)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Observação
– Motivação (cooperação, esforço, ...)
– Aparência visual
– Comportamento (interação adequada, atividade
psicomotora, distração, ruidoso, linguagem...)
– Humor (expressão facial, depressão, ansiedade,
perda de apetite/sono,...)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Entrevista
– Paciente vs. familiar/cuidador
– Deve permitir conhecer...
• História clínica do paciente
• Integridade/comprometimento de funções cognitivas
• Variáveis mediadoras (idade, escolaridade, profissão, nível de
funcionamento pré-mórbido,...)

• Descrição do paciente sobre a situação atual


• Problemas específicos e importância dos mesmos
• Grau de auto-consciência das limitações

• Padrões de conduta e personalidade prévia


• Nível de ajustamento psicossocial prévio (uso de substâncias tóxicas,
habilidades sociais,...)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Estrutura da entrevista (Hodges, 1994)


– 1º Questões gerais, simples, não confrontativas
• Idade, escolaridade, local de nascimento, profissões
anteriores, família, hobbies, interesses,...

– 2º Questões abertas
• Como é que os problemas começaram? Quais são as
principais dificuldades que sente atualmente? Qual o seu
impacto no trabalho/família/hobbies/...? Quais são as
atividades que tem mais dificuldade em realizar?

– 3º Questões diretas (validade ecológica)


• Funções cognitivas; personalidade e conduta social,
alterações emocionais
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Testes (avaliação formal)

Avaliação geral das


Instrumentos
principais áreas do
específicos e
funcionamento
refinados
cognitivo
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Testes (avaliação formal)

– O examinador deve planear quais os instrumentos a


usar em função das hipóteses sobre os distúrbios do
paciente, formuladas a partir de informações
recolhidas, por exemplo, na entrevista inicial e nos
procedimentos diagnósticos de outros profissionais
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Testes (avaliação formal)

– Critérios para seleção de instrumentos:


• Adequação dos conteúdos e grau de dificuldade

• Informação sobre os mecanismos cognitivos alterados

• Validade ecológica

• Sensibilidade às alterações (efeito do tempo e da


intervenção)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Testes (avaliação formal)


– Avaliação formal + observação detalhada das
respostas gerais do paciente diante da prova e da
situação de avaliação (Ardil & Ostrosky-Solís, 1996)

– Assim, registo quantitativo das respostas +


• Registos qualitativos das respostas
• Reconhecimento dos seus próprios erros
• Respostas emocionais
• Características da execução das tarefas
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Testes (avaliação formal)


– Avaliação efetuada em relação a um padrão:

• Normativo, i.e., derivado de uma população apropriada

• Individual, i.e., derivado da história prévia do paciente e


das suas características
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• O processo de avaliação neuropsicológica

– Disposição física:

• Frente-a-frente

• Paciente à esquerda do psicólogo, fazendo ângulo de 90 a


120 graus (Barlow, 2011; Sommers-Flanagan & Sommers-Flanagan, 2009)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• O processo de avaliação neuropsicológica

– Material complementar necessário:


2.2. O exame mental e as baterias de avaliação
neuropsicológica
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• O exame mental: indicações da DGS

https://www.dgs.pt/normas-clinicas/normas-clinicas.aspx
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• NORMA 053/2011 (https://www.dgs.pt/normas-clinicas/normas-clinicas.aspx)


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• NORMA 053/2011 (https://www.dgs.pt/normas-clinicas/normas-clinicas.aspx)


Alterações
Avaliação Avaliação das
psicológicas e
cognitiva AVD
comportamentais

Psicopatologia
Testes breves
(Inventário Escala de Lawton
(MMSE; MoCA)
neuropsiquiátrico)

Comportamento
Avaliação formal e (Inventário de
extensa comportamento
frontal)

Livro de Escalas e Testes na


Sintomatologia Demência do Grupo de
depressiva (GDS)
Estudos de Envelhecimento
Cerebral e Demência
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação cognitiva e neuropsicológica

Capacidade Estado
intelectual mental

Funções
cognitivas
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação cognitiva e neuropsicológica


– Funcionamento intelectual:

• Matrizes Progressivas de Raven

• WISC-III (crianças) / WAIS-III (adultos)


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– População: Crianças (5-12 anos) e
Adultos (baixa escolaridade; + 65 anos)

– Versão: Portuguesa (2009)

– Tempo de Aplicação: 10-20 min


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– Avalia: Capacidade de edução de
relações

– Descrição: 36 itens, divididos em 3


séries de 12 [A, AB e B]

– Pontuação: 0 - 36
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– Procedimentos de administração:

• Estar familiarizado com as instruções


• Certificar-se que o sujeito compreendeu a
tarefa a realizar
• Anotar as respostas e auto-correções
• Registar o tempo total
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– Procedimentos de cotação:

• Calcular a idade cronológica

• Para cotar:
– Verificar se existe apenas 1 resposta por item
– Calcular pontuação obtida em cada série
– Calcular pontuação total obtida nas 3 séries
– Converter resultado bruto em padronizado
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– Interpretação:

• Efetuada a partir de escala percentílica,


entre 1 e 99, com valor médio de 50

• Valor do percentil revela a posição do


sujeito em relação ao seu grupo

• Valor do percentil revela capacidade


intelectual do sujeito
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Matrizes Progressivas Coloridas de


Raven (Raven, Court & Raven, 1938)
– Interpretação:
Classificação Descrição
Grau I Muito superior Percentil  95
Grau II Superior Percentil  75 e < 95
Grau II+: Percentil entre 90 e 94
Grau III Médio Percentil > 25 e < 75
Grau III+: Percentil entre 50 e 74
Grau IV Inferior Percentil  25
Grau IV-: Percentil entre 5 e 10
Grau V Muito inferior Percentil  5
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– População: Adolescentes e adultos (+
de 16 anos)

– Versão: Portuguesa (2008)

– Tempo de Aplicação:  90 min


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Avalia: Funcionamento intelectual
• QI
• QI de realização + QI Verbal

• Índice de Compreensão Verbal


• Índice de Organização Percetiva
• Índice de Memória de Trabalho
• Índice de Velocidade de Processamento
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)

– Descrição: 14 subtestes
• Verbal (6 + 1)
– Vocabulário, Semelhanças, Aritmética, Memória de Dígitos,
Informação, Compreensão e Sequências de Letras e Números
(suplementar)

• Realização (5 + 2)
– Completamento de Gravuras, Código, Cubos, Matrizes, Disposição
de Gravuras, Pesquisa de Símbolos (suplementar) e Composição
de Objetos (opcional)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Procedimentos de administração:

• Estar familiarizado com as instruções


• Certificar-se que o sujeito compreendeu as tarefas
a realizar
• Anotar as respostas, auto-correções e
questionamentos
• Estar atento às regras de retrocesso, critérios de
interrupção e tempo limite, quando adequado
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Procedimentos de cotação:

• Calcular a idade cronológica

• Para cotar:
– Verificar se a regra de retrocesso e critério de interrupção foram
cumpridos
– Calcular pontuação obtida em cada subteste
– Converter resultados brutos em padronizados
– Calcular somas dos resultados padronizados para determinar QI e
Índices
– Converter somatórios em QI e Índices e respetivos percentis
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Interpretação (Flanagan, Ortiz & Alfonso, 2009)
Subteste Verbal Habilidade geral Habilidade específica
Vocabulário Conhecimento cristalizado Conhecimento lexical
Semelhanças Conhecimento cristalizado Conhecimento lexical
Raciocínio fluido Indução
Aritmética Raciocínio fluido Raciocínio quantitativo
Memória a curto-prazo Memória de trabalho
Conhecimento quantitativo Cálculo mental
Memória de Dígitos Memória a curto-prazo Memória de trabalho
Amplitude de memória
Informação Conhecimento cristalizado Informação geral
Compreensão Conhecimento cristalizado Informação geral
Sequências de Letras e Números Memória a curto-prazo Memória de trabalho
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Interpretação (Flanagan, Ortiz & Alfonso, 2009)
Subteste Realização Habilidade geral Habilidade específica
Completamento de Gravuras Processamento visual Informação geral
Conhecimento cristalizado
Código Velocidade de processamento Flexibilidade mental
Atenção seletiva e
sustentada
Cubos Processamento visuo-construtivo Relações espaciais
Matrizes Raciocínio fluido Indução
Raciocínio sequencial
Disposição de Gravuras Processamento visual Compreensão
Pesquisa de Símbolos Velocidade de processamento Velocidade percetiva
Composição de Objetos Processamento visual Relações espaciais
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Interpretação:

• Efetuada a partir do valor do QI e dos Índices

• Valor do QI revela a posição do sujeito em relação ao


seu grupo

• Valor do QI revela capacidade intelectual do sujeito


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• WAIS-III (Wechsler, 1997)


– Interpretação:
QI / Índice Classificação
> 130 Muito superior
120 – 129 Superior
110 – 119 Médio superior
90 – 109 Médio
80 – 89 Médio inferior
70 – 79 Inferior
< 69 Muito inferior
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação cognitiva e neuropsicológica


– Estado mental:

• Mini-Mental State Examination [MMSE; Avaliação Breve do


Estado Mental]

• MoCA [Montreal Cognitive Assessment]


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MMSE (Folstein et al., 1975)

– População: Adultos (> 40 anos)

– Versão: Portuguesa

– Tempo de Aplicação: 5 – 10 min.


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MMSE (Folstein et al., 1975)

– Avalia: Existência de défice cognitivo

– Descrição: Contém itens que avaliam a


orientação (temporal e espacial),
retenção, atenção e cálculo, evocação,
linguagem e praxia

– Formas Paralelas: 0
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MMSE (Folstein et al., 1975)

– Pontuação: 0 – 30 [quanto menor a


pontuação maior o défice cognitivo]

– Pontos de corte:
• Analfabetos – defeito cognitivo  15
• 1 a 11 anos escol. – defeito cognitivo  22
• > 11 anos de escol. – defeito cognitivo  27
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MMSE (Folstein et al., 1975)

– Sensibilidade / Especificidade (Fischer, 2001):


• Sensibilidade: 21-36%
– Geralmente fraca em lesões específicas ou
subcorticais e em casos de comprometimento
ligeiro

• Especificidade: 89-100%
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MoCA (Nasreddine et al., 2005)

– População: Adultos (> 65 anos)

– Versão: Portuguesa (2010)

– Tempo de Aplicação: 10 - 15 min.


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MoCA (Nasreddine et al., 2005)

– Avalia: Existência de défice cognitivo

– Descrição: Contém itens que avaliam


as funções executivas, a capacidade
visuo-espacial, a memória, a atenção,
concentração e memória de trabalho, a
linguagem e a orientação (temporal e
espacial)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MoCA (Nasreddine et al., 2005)

– Pontuação: 0 – 30 [> 26 normal]

– Formas Paralelas: 3

– Instruções de administração e cotação:


http://www.mocatest.org/wp-content/uploads/2015/tests-
instructions/MoCA-Instructions-Portuguese.pdf
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto se contorno circular;


1 ponto se todos os números
presents;
1 ponto se: 1 ponto se ponteiros indicam
desenho 3D + todas as horas e minutos + tamanho
linhas presentes + linhas correto
paralelas e tamanho
igual

1 ponto se 1-A-2-B-3-C-4-D-5-E

“Neste espaço existem alguns números e letras. Gostaria que desenhasse uma linha, sem levantar a caneta,
alternando entre números e letras, respeitando a ordem dos números e do alfabeto. Comece aqui no número 1
(apontar para o número 1) e desenhe uma linha até à letra A, continue até ao número 2, e depois continue para a
letra seguinte e por aí adiante alternando entre números e letras, até chegar à letra E. Termine aí (apontar a letra E)”

“Copie este desenho do modo mais parecido que conseguir, no espaço em baixo. Avise quando terminar.”

“Agora gostaria que desenhasse um relógio redondo. Coloque todos os números no relógio e, no final, marque 11
horas e 10. Quando terminar avise. Percebeu?”
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto por cada


nomeação correta

“Diga-me o nome deste animal.” (apontar para o leão). “E deste?” (apontar para o rinoceronte). “E deste?”
(apontar o camelo/dromedário)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Sem pontuação

“Isto é um teste de memória. Eu vou ler uma lista de palavras que deve memorizar. Escute com atenção!
Quando eu terminar, vou pedir-lhe que diga todas as palavras de que se consegue lembrar. Pode dizê-las
pela ordem que quiser. Está preparado(a)? “Boca, Linho, Igreja, Cravo, Azul” [registar ordem]

“Agora vou ler novamente a mesma lista de palavras. No final, tente recordar-se e dizer-me o maior
número de palavras que conseguir, incluindo as palavras que repetiu da primeira vez. Está preparado(a)?
“Boca, Linho, Igreja, Cravo, Azul”.
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I
1 ponto se nenhum ou 1 ponto por cada
apenas 1 erro sequência correta

3 pontos se 4 ou 5 corretas; 2 pontos se 2


ou 3 corretas e 1 ponto se 1 correta

“Vou dizer-lhe alguns números. Quando acabar, quero que repita esses números pela mesma ordem que
eu os disse. Está preparado(a)? Atenção! 2-1-8-5-4”.

”Agora vou dizer-lhe mais alguns números. Quando acabar, quero que repita esses números na ordem
inversa à que lhe disse, diga-os ao contrário. Por exemplo, se eu lhe disser 1-3, deve dizer-me 3-1. Está
preparado(a)? Atenção! 7-4-2”.

”Vou ler várias letras. Sempre que eu disser a letra A, bata com a mão na mesa. Quando eu disser uma
outra letra diferente, não bata com a mão. Está preparado(a)?”

“Agora vou pedir-lhe que me diga quanto é 100 menos 7 e, depois, continue a tirar 7 ao número que deu
como resposta. Vá retirando sempre 7, até eu lhe dizer para parar. Percebeu? Está preparado(a)?”.
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto por cada frase


repetida corretamente

1 ponto se  11 palavras

“Agora vou ler uma frase. Quero que a repita, tal como eu a disser, com as mesmas palavras, logo depois
de eu terminar de a ler [pausa]: “Eu só sei que hoje devemos ajudar o João”.

“Agora vou ler outra frase. Quero que a repita, tal como eu a disser, com as mesmas palavras, logo depois
de eu terminar de a ler” [pausa]: “O gato esconde-se sempre que os cães entram na sala”.

“Agora vou pedir-lhe que diga o maior número possível de palavras que comecem por uma determinada
letra, que lhe vou dizer a seguir. Pode dizer qualquer tipo de palavra, menos nomes próprios, como nomes
de pessoas ou de lugares. Por exemplo, se eu disser “A”, o(a) senhor(a) pode dizer “água” ou “andar”, mas
não pode dizer “António” ou “Aveiro”. Também não pode usar duas ou mais palavras da mesma família (p.
ex. galinha, galinheiro). Percebeu? [Caso o sujeito não tenha entendido voltar a dar as instruções].
Tem um minuto para dizer o maior número de palavras que se lembrar, que comecem pela letra P, como
por exemplo, “pai”. [Tempo: 60 segundos]. Pare!”
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto por cada


resposta correta

“Diga-me agora em que são parecidas uma banana e uma laranja?”. Se o sujeito dá uma resposta concreta
(p. ex., têm casca), o examinador repete apenas mais uma vez: “Diga-me em que mais são parecidas uma
banana e uma laranja?”. Se o sujeito não dá uma resposta adequada (são frutos/fruta), o examinador deve
dizer: “Sim, e ambas são frutos”. Não dar quaisquer outras instruções ou explicações.

Depois do ensaio (item de treino), o examinador diz: “Agora diga-me, em que são parecidos um comboio e
uma bicicleta?”. Após a resposta do sujeito, o examinador deve perguntar: “E em que são parecidos um
relógio e uma régua?”.
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto por cada resposta


correta (sem pista)

Palavra Categoria Escolha Múltipla


Boca Parte do corpo nariz, boca, mão
Linho Tipo de tecido lã, algodão, linho
Igreja Tipo de edifício igreja, escola, hospital
Cravo Tipo de flor rosa, cravo, tulipa
Azul Uma cor azul, vermelho, verde

[5 min. após a tarefa de aprendizagem]

“Li há pouco uma lista de palavras, que depois o(a) senhor(a) repetiu, por duas vezes. Pedi-lhe que a
memorizasse para repetir mais tarde. Agora, diga todas as palavras que conseguir recordar”.
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

1 ponto por cada resposta


correta

“Diga-me qual é a data de hoje?”. Se o sujeito der uma resposta incompleta, o examinador diz; “Diga o
ano, o mês, o dia do mês (data) e o dia da semana” (não questionar para as categorias temporais que o
sujeito já referiu).

A seguir, o examinador pergunta: “Diga como se chama o lugar onde estamos agora e em que
cidade/vila/aldeia nos encontramos”.
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• MoCA vs. MMSE

– Sensibilidade / Especificidade
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação cognitiva e neuropsicológica


– Funções cognitivas:

• Baterias de avaliação neuropsicológica


– Bateria de Lisboa para Avaliação de Demência (BLAD)
– Bateria de Avaliação de Comprometimento Cognitivo (BACC)
– Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC)

• Provas específicas
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Bateria de Lisboa para Avaliação das Demências


(BLAD, Garcia, 1984)

– Descrição: Contém 28 provas que avaliam 9


capacidades cognitivas diferentes

• atenção, memória, linguagem, capacidade construtiva,


abstração, iniciativa, orientação, praxias e cálculo
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Atenção:
• corte de ‘A’s
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Memória:
• memória de números
• memória verbal com interferência
• memória lógica
• informação
• memória visual de Wechsler
• pares de palavras
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Linguagem:
• compreensão de ordens
• identificação de objetos
• identificação de cores
• identificação de cores e formas
• nomeação
• repetição
• leitura e escrita
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Capacidade construtiva:
• cópia do cubo
• cópia de desenho
• desenho do relógio
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Abstração:
• matrizes progressivas de Raven
• Provérbios
• Cubos da WAIS-III
• Interpretação da figura
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Capacidade de iniciativa:
• iniciativa verbal
• iniciativa motora
• iniciativa grafomotora
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Capacidade de orientação:
• Orientação
• Mental Status Questionnaire
• direita-esquerda
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• BLAD (Garcia, 1984)

– Capacidade de cálculo:
• Cálculo escrito
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Baterias de avaliação Funções


neuropsicológica executivas
(Lezak, 1995)

Linguagem

Velocidade
de processa- Memória Cálculo
mento

Orientação

Atenção

Negligência Praxias Gnosias


CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Características das Baterias de Avaliação


Neuropsicológica (Ardila & Ostrosky-Solís, 1996)
– fundamento teórico sólido
– exploração das funções cognitivas, i.e.,
formas fundamentais do comportamento
resultantes da actividade do SN e afectadas o
mínimo possível por factores sócio-culturais e
educacionais
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Características das Baterias de Avaliação


Neuropsicológica (Ardila & Ostrosky-Solís, 1996)
– aplicação com um mínimo de ajuda e instruções
verbais, permitindo avaliação de pacientes com
graves distúrbios de linguagem
– critérios de avaliação objectivos e bem definidos,
de modo a permitir obter índices de validade e
precisão
– requerer um mínimo de recursos, instrumentos e
materiais para a aplicação
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Alterações psicológicas e comportamentais

Psicopatologia Comportamento

Humor
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Inventário Neuropsiquiátrico (Cummings et al., 1994;


adaptação portuguesa de Leitão & Nina, 2007)

• Entrevista ao cuidador
• Avalia Frequência (1 a 4), Gravidade (1 a 3) e Desgaste (1 a 5)

• 10 manifestações neuropsiquiátricas (delírios, alucinações,


agitação, depressão/disforia, ansiedade, euforia/elação,
apatia/indiferença, desinibição, irritabilidade/labilidade, comportamento
motor aberrante)
+
• 2 alterações neurovegetativas (comportamento noturno,
apetite/alteração alimentar)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Inventário de Comportamento Frontal (Kertesz et al.,


2000; adaptação portuguesa de Baeta, Guarcia, Silvestre & Kertesz, 2007)

• Entrevista ao cuidador
• Avalia Gravidade (0 a 3)

• Comportamento negativo (itens 1 a 12)


+
• Comportamento de desinibição (itens 13 a 24)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage et al., 1983;


adaptação portuguesa de Barreto, Leuschner, Santos & Sobral, 2007)

• 2 versões: 30 itens | 15 itens


• Resposta: Sim | Não
• Pontuação: 1 | 0 pontos

• Pontes de Corte (estudo original):


30 itens 15 itens
– ausência de depressão 0 – 10 0–5
CP3. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Avaliação das AVD

AVD AIVD
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária


(Lawton & Brody, 1969; adaptação portuguesa de Madureira & Verdelho,
2007)

• Entrevista ao cuidador
• Avalia a capacidade para usar o telefone, fazer compras,
cozinhar, fazer a lida da casa, tratar da roupa, deslocar-se,
responsabilizar-se pelos medicamentos, e tratar das
finanças
• Pontuação de 1 (independência) a 4 (dependência)
2.3. O relatório de avaliação neuropsicológica
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Legibilidade
Princípios do
relatório de Utilidade
avaliação Credibilidade
neuropsicológica
Especificidade

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Secção I
• Identificação e informação geral
• Elementos relativos ao profissional

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Secção II
• Motivo da avaliação
• História relevante / informação contextual

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Secção II - Motivo da avaliação

Motivo geral

Natureza e origem do problema

Proveniência do pedido

Questões a responder
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Secção II – História relevante

História pessoal e social

Problema atual

Funcionamento pré-mórbido

Relatórios médicos
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• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Secção III
• Procedimentos / testes administrados
• Observação comportamental
• Avaliação do funcionamento atual através dos resultados
obtidos nos testes

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Secção III – Procedimentos

Entrevista ao paciente e/ou cuidador

Identificação e justificação dos testes

Inteligência:
Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS-III; Wechsler,
1997; aferição portuguesa, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

– Observação comportamental
( - ) “A Sr.ª Maria pareceu nervosa durante a aplicação dos
testes”
( + ) “O comportamento da Sr.ª Maria – risos nervosos, tremor
das mãos e uma abordagem hesitante das tarefas – sugere
que ela estava ansiosa durante a avaliação”

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

– Resultados da avaliação
( - ) “Os resultados nos testes mostram que o João pode ser
uma pessoa moderadamente perturbada”
( + ) “Os resultados nos testes sugerem que o João pode
encontrar-se apenas moderadamente perturbado”

(Simões, 2008)
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– Resultados da avaliação
• Apresentar os resultados (brutos e padronizados) obtidos
em quadro, com indicação do nível de funcionamento

Teste Res. Bruto Percentil Apreciação

MMSE 15 ----- com def. cognitivo

MPC-P 28 50 na média

FC Rey – cópia 25 10  da média


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– Resultados da avaliação
( - ) “O Sr. António encontra-se no nível médio de aptidão
intelectual”
( + ) “Os resultados do Sr. António situam o seu desempenho
na tarefa no nível médio de aptidão intelectual”

(Simões, 2008)
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• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Secção IV
• Formulação do caso: interpretações, impressões e
conclusões
• Recomendações

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Secção IV – Formulação do caso

Dados

Constructos de nível intermédio

Conclusões
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– Formulação do caso
1. O Miguel tem 12 anos e manifesta erros no reconhecimento de palavras que
resultam da sua impulsividade.
2. Os resultados padronizados em subtestes da WISC-III incluem os seguintes valores:
Memória de Dígitos (6), Código (4) e Aritmética (6).
3. Relativamente ao comportamento do Miguel na sala de aula os professores
referem uma maior impulsividade e atividade do que a manifestada pelos colegas

Dados 1, 2 e 3 permitem inferir o Constructo “défices na capacidade de atenção” e a


presença de “Perturbação da Hiperactividade com Défice de Atenção”
+
Conclusão de modo a responder às questões formuladas na secção II e a permitir
formular Recomendações
(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

Secção IV – Recomendações

- Continuar a intervenção actual; intervenções


Gerais adicionais; novo programa; hospitalização…
- Avaliações/estudos diagnósticos adicionais
Específicas

- Alteração de atividades sociais / tempos livres (e.g., aumentar


atividades fora de casa/família, assumir atividades de voluntariado)
- Aconselhamento/psicoterapia (frequência e duração; técnicas
recomendadas)
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• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Alguns cuidados de redação
• Incluir não apenas aspetos negativos mas também
positivos
• Colocar as afirmações numa forma positiva
• Colocar apenas na 1ª pág. o nome do sujeito (nas páginas
seguintes usar o primeiro nome para as crianças ou o
último nome para os adultos)

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Alguns cuidados de redação
• Escrita explícita e legível (usar dicionário de verificação
ortográfica e gramatical)
• Ter a certeza de que as afirmações são consistentes e não
ir além dos dados disponíveis/obtidos
• Preferir afirmações específicas, definitivas e concretas, em
vez de afirmações gerais, vagas e abstratas

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

• Relatório de avaliação neuropsicológica:


– Alguns cuidados de redação
• Ordem de apresentação clara
• Minimizar o uso da linguagem técnica e adaptar o relatório
às necessidades de informação do(s) leitor(es)
• Numerar e rubricar páginas
• Assinar e colocar número da cédula OPP

(Simões, 2008)
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I
CP2. Avaliação e Intervenção Neurocognitiva I

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