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Análise de Projectos

ESAPL / IPVC
Critérios de Valorização e
Selecção de Investimentos.
Métodos Estáticos
Como escolher investimentos ?

z Desde sempre que o homem teve necessidade de


encontrar métodos racionais para a ajuda na
tomada de decisões.
z Ao nível dos investimentos a questão também se
põe: quando há investimentos alternativos, como
escolher entre eles ?
z Surgem desta forma uma série de critérios de
valorização e selecção de investimentos, e todos
eles se baseiam em demonstrar se , com o
investimento a realizar, é possível conseguir uma
rentabilidade superior àquela que é proporcionada
pelo mercado.
Tipos de Métodos
z Há essencialmente dois grandes tipos de métodos de selecção
para investimentos alternativos:

z Os Métodos de Selecção Estáticos:


z São os que não têm em consideração o factor tempo,
z Os capitais têm, assim, o mesmo valor em diferentes momentos de
tempo,
z Na prática não deveriam ser utilizados porque conduzem a decisões
erradas,
z Continuam contudo a ser muito utilizados, quando se visa obter uma
primeira valorização e fazer uma primeira escolha.
z Os Métodos de Selecção Dinâmicos:
z Incorporam o factor tempo,
z Os capitais têm, por isso, valores distintos em função do momento
em que são gerados,
z São um conjunto de métodos muito mais precisos e fiáveis, e por
isso mesmo de muito maior aplicação.
Fluxos de Caixa ou Cash-Flows
z O Fluxo de Caixa Líquido num dado momento t é a diferença entre os
benefícios gerados pelo investimento nesse momento e os gastos ou
custos requeridos por esse mesmo investimento nesse instante de
tempo.
z Utiliza-se normalmente a seguinte simbologia:
z A – desembolso ou investimento inicial
z Ci – Custo ou saída de dinheiro (outflow), originado pelo investimento no final
do ano i
z Bi – Benefício ou entrada de dinheiro (inflow), gerado pelo investimento no
ano i.
ƒ Por simplicidade, em matéria de análise e selecção de investimentos, costuma
sempre considerar-se que tanto os custos como os benefícios têm lugar no final do
ano correspondente.
z Qi – Fluxo de Caixa Líquido no ano i. Qi = Bi – Ci . Será por isso positivo
sempre que Bi > Ci e negativo no caso contrário.
z n – Duração do investimento. Corresponde ao número de anos que decorre
desde o desembolso inicial até que se produz o último custo ou benefício.
ƒ Neste domínio trabalha-se normalmente com períodos de tempo anuais.

A Q1 Q2 Q3 Qn-1 Qn
0 1 2 3 n-1 n
Vejamos agora vários tipos
de Métodos Estáticos
Critério do Fluxo de Caixa Total por
Unidade Monetária Comprometida

z Consiste em calcular a rentabilidade do investimento comparando


o fluxo de caixa total gerado com o desembolso inicial (ou seja,
com a totalidade do investimento). A sua formulação será:

∑Q i
r= i =1
A
z Regras de selecção:
z Se r > 1, o projecto é aceitável
z Se r < 1, o projecto é rejeitado
z Se r = 1, o projecto é indiferente
z Um investimento é tento melhor quanto maior for r .
Critério do Fluxo de Caixa Total por
Unidade Monetária Comprometida

z Inconvenientes do Método:
z Somam-se magnitudes de Q que são heterogéneas, uma vez
que não se tem em conta o tempo.
z Não existe distinção alguma entre unidades iniciais e finais do
fluxo de caixa, no caso de dois investimentos que apresentem
a mesma rentabilidade.
z O que de facto se pretende é que se recupere o desembolso
inicial (e por isso r deve ser maior que 1). Assim, r não é uma
verdadeira variável de rentabilidade.
z Só proporciona uma rentabilidade global, quando deveria
antes ter uma base anual. Isso impede a comparação entre
investimentos com durações diferentes.
Critério do Fluxo de Caixa Total por
Unidade Monetária Comprometida
z Um exemplo: deseja-se seleccionar o melhor dos seguintes investimentos:

Inv. A Q1 Q2 Q3
10 + 50 + 100 1º
A 100 10 50 100 r= = 1,6
100
20 + 60 + 70 rejeitado
B 200 20 60 70 r= = 0,75
200
210 + 80 + 30 1º
C 200 210 80 30 r= = 1,6
200
40 + 100 + 70
D 300 40 100 70 r= = 0,7 rejeitado
300
240 + 160 + 40 2º
E 400 240 160 40 r= = 1,1
400

z Como se nota, os investimentos B e D são rejeitados, por não cumprirem a


regra r > 1. Ou seja, o Fluxo de Caixa Total não chega para cobrir as
despesas de desembolso inicial.
z Já os investimentos A e C ficam classificados em primeiro lugar, por
apresentarem a taxa de rentabilidade r mais elevada. O que este método
não diz é que, certamente, o projecto C é melhor que o projecto A, por
possuir fluxos de caixa iniciais mais elevados.
Critério do Fluxo de Caixa Médio por
Unidade Monetária Comprometida
z Consiste no fundo numa melhoria do método anterior. Trata de
calcular o fluxo de caixa líquido médio anual Q, e de determinar
quanto corresponde por cada unidade monetária investida. Temos
portanto:

(Q + Q2 + L + Qn )
Q= 1
z Regras de Selecção:
z Se r’ > 1/n , o inv. é aceitável
n z Se r’ < 1/n , o inv. é rejeitado
n

∑Q
z Se r’ = 1/n , o inv. é indiferente.
i n z Um investimento é tanto

Q
i =1
n
∑Q i melhor quanto maior for r’ .
r' = = = i =1 z R’ é o que, em média, o
A A n. A investimento gera anualmente
por unidade investida.
Critério do Fluxo de Caixa Médio por
Unidade Monetária Comprometida

z Vantagens:
z Este método tem tendência para seleccionar
investimentos de curta duração e de elevados fluxos
de caixa;
z A taxa de rentabilidade r aparece-nos agora como
uma taxa anual.

z Inconvenientes
z Tal como qualquer outro método estático, não
considera o factor tempo para efeitos de capitalização
ou actualização do capital.
Critério do Fluxo de Caixa Médio por
Unidade Monetária Comprometida
z Um exemplo: seja o mesmo caso apresentado no método anterior,
com a excepção do investimento C (que contudo mantém o mesmo
fluxo de caixa total de 320 unidades monetárias:

Inv. A Q1 Q2 Q3 Q4
10 + 50 + 100
A 100 10 50 100 - r=
3 ×100
= 0,53 > 1/3 1º
20 + 60 + 70
B 200 20 60 70 - r=
3 × 200
= 0,25 < 1/3 rejeitado
110 + 100 + 80 + 30 > 1/4 2º
C 200 110 100 80 30 r=
4 × 200
= 0,4

40 + 100 + 70
D 300 40 100 70 - r= = 0,23 < 1/3 rejeitado
3 × 300
240 + 160 + 40 > 1/3 2º
E 400 240 160 40 - r= = 0,36
3 × 400

z Note-se que tudo se manteria igual, se não fosse a alteração


introduzida no investimento C. Note-se também que este, apesar de
manter o mesmo fluxo de caixa total e o mesmo desembolso inicial,
passou agora para segundo lugar, simplesmente por ter mais um
ano de duração.
Critério do Tempo de Recuperação ou
“Pay-Back Period”

z O Pay-Back, P, calcula o número de anos que demora até à


recuperação do investimento ou desembolso inicial. É um
indicador que compara o investimento inicial com o fluxo de
caixa.

z Quando os fluxos de caixa líquidos são constantes, ou seja, Q1 =


Q2 = … = Qn = Q , o Tempo de Recuperação calcula-se dividindo
o investimento inicial A pelo fluxo de caixa Q: P=A/Q

z Quando os fluxos de caixa líquidos são variáveis, o Pay-Back


determina-se acumulando os fluxos de caixa líquidos até que a
sua soma seja igual ao investimento inicial; o número de anos
transcorridos será o Tempo de Recuperação (se não der um
número de anos exacto, deverá proceder-se da forma mais
aproximada possível).
Critério do Tempo de Recuperação ou
“Pay-Back Period”

z Regra de Selecção:
z Os investimentos preferíveis são aqueles cujo Tempo de
Recuperação esperado é mais curto.

z Inconvenientes:
z Não tem em conta os diferentes vencimentos dos fluxos de
caixa líquidos, isto é, não os actualiza.
z Não considera os fluxos líquidos gerados depois do Tempo
de Recuperação. Note-se que a rentabilidade de um
investimento decorre precisamente dos fundos gerados
depois da recuperação do investimento inicial.
ƒ Este método inspira-se mais numa política de Liquidez do que
numa de Rentabilidade.
Critério do Tempo de Recuperação ou
“Pay-Back Period”
z Exemplo: deseja-se seleccionar qual dos seguintes investimentos é
o melhor, utilizando o critério do Tempo de Recuperação:

Inv. Fluxo de Caixa


Inv. Inic. Q1 Q2 Q3 Q4
A
A 450 150 150 150 150 PA = 450/150 = 3 anos

B 500 100 100 100 100 PB = não se recupera

C 400 50 150 150 50 PC = 4 anos – recupera-se no último período

D 800 300 200 200 200 PD = 3 anos e 6 meses

E 300 50 50 50 50 PE = não se recupera

F 600 250 250 250 250 PF = 600/250 = 2,4 anos = 2 anos e 146 dias

z Os investimentos B e E seriam recusados. Os restantes seriam


aceitáveis pela seguinte ordem: F, A, D, C.
Critério da Taxa Média de Rentabilidade ou
Método Contabilístico

z Trata-se de um método que usa dados


contabilísticos para estabelecer, mediante as
correspondentes contas de exploração
previsionais, a relação entre o benefício
médio anual previsto e o investimento
necessário para obtê-lo.
z O método considera:
z O benefício contabilístico anual médio, depois de
deduzidas as amortizações e os impostos;
z O investimento médio.
Critério da Taxa Média de Rentabilidade ou
Método Contabilístico

z O Benefício Anual Médio será


dado por:

B=
∑ Bn z

z
Em que n representa o número de anos de vida útil do
projecto e,
Bn representa o benefício líquido contabilístico de qualquer
n ano n.

z O Investimento Médio será dado por:

A + VR z O Investimento Inicial é A.
V= z Consideramos que os bens que foram objecto do
investimento se amortizam de forma linear e que, portanto, o
2 seu valor diminui de forma linear ao longo dos anos de vida
útil do projecto.
z Consideramos ainda que esses bens possuem, no fim do
período de vida útil do projecto, um determinado Valor
Residual VR.
Critério da Taxa Média de Rentabilidade ou
Método Contabilístico

z Velamos melhor a questão do Investimento Médio, de uma forma


gráfica:

Devido às amortizações z Pode-se portanto dizer, como se havia


constantes, o valor do
investimento decresce referido, que o investimento médio em
linear e constantemente cada ano é o que corresponde a
A
A + VR
V=
2
A+VR z Então, a Taxa Média de Rentabilidade
2
ou Rentabilidade Contabilística será
dada por:
VR
∑B n
B n
n/2 n RC = =
V A + VR
2
Critério da Taxa Média de Rentabilidade ou
Método Contabilístico
z Exemplo: uma firma deseja levar a cabo um projecto de investimento que
consiste na aquisição de um equipamento no valor de 380 u.m., com uma
vida útil de 7 anos e um valor residual de 30 u.m.. O imposto é de 50%
sobre o benefício líquido anual. Qual a Taxa Média de Rentabilidade.

1 2 3 4 5 6 7
Receitas 500 450 500 480 470 450 400
Amortizações = (380-30)/7 = 50
Materiais -90 -80 -70 -100 -70 -90 -90
Mão de Obra -80 -60 -80 -70 -60 -70 -60 Benefício Anual Médio =
Outros Custos -40 -50 -50 -40 -30 -50 -30 (120+105+125+110+130+95+85)/7
=110
Benefício Bruto 290 260 300 270 310 240 220
Amortizações -50 -50 -50 -50 -50 -50 -50 Investimento Médio = (380+30)/2 =
Benefício Líquido 240 210 250 220 260 190 170 205

Imposto -120 -105 -125 -110 -130 -95 -85


RC = 110 / 205 = 0,5366 = 53,66%
Benefício Total 120 105 125 110 130 95 85
Critério da Taxa Média de Rentabilidade ou
Método Contabilístico

z Inconvenientes:
z Não leva em conta o desfasamento temporal dos
rendimentos ou dos fluxos, nem o cronograma desses
rendimentos ou fluxos.
z Vantagens:
z É um método simples,
z E pode ser usado para o estudo comparativo de projectos
de investimento de reduzido valor e de duração
relativamente curta.
z Serve como:
z Critério de Rejeição: se RC for menor de que uma norma
fixada a priori.
z Critério de Selecção: entre dois projectos, prefere-se
aquele cuja taxa média de rentabilidade seja maior.

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