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Disciplina: Direito Constitucional I Período: 2DI

Professora: Ana Virgínia Gabrich

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

1 CONCEITO
 O Poder Constituinte é o responsável pela escolha e formalização do conteúdo das
normas constitucionais. (NOVELINO, 2018, p. 71).
 "Uma prerrogativa extraordinária que ocorre em um momento extraordinário e que
visa a descontituição de uma ordem constitucional (um poder
desconstitutivo/constitutivo ou de despositivação/positivação)". (FERNANDES, 2016,
p. 121).

2 NATUREZA JURÍDICA
A natureza jurídica pode variar de acordo com a concepção de direito adotada.

A) Poder de direito (ou jurídico): adotado pelos jusnaturalistas é fundamentado em um


direito natural, ou seja, o PCO estaria subordinado aos princípios do direito natural (eterno,
universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado). Apesar disso, os autores
concordam que o PCO não encontra limites no direito positivo anterior.

B) Poder de fato (político ou extrajurídico): que funda a si próprio (o dir. se expressa de


forma máxima na constituição). Os autores dessa ideia não se preocuparam em realizar
qualquer análise ou estudo sobre sua legitimidade. É a ideia adotada pelos positivistas (para
quem inexiste outro direito além daquele posto pelo Estado).

C) Natureza híbrida: como ruptura, é um poder de fato, porém na elaboração de sua obra, é
um poder de direito. (Canotilho e Paulo Bonavides).
OBSERVAÇÃO! Para a doutrina tradicional, o poder constituinte originário surge (se
manifesta) por meio de um golpe de estado, ou de uma revolução ou de um consenso jurídico-
político.

3 CLASSIFICAÇÃO
3.1 Quanto à dimensão:
A) Poder constituinte material: conjunto de forças político-sociais que vão produzir o
conteúdo de uma nova constituição, fixando o conteúdo das normas constituicionais. É
exteriorizado pelo poder constituinte formal.

B) Poder constituinte formal: grupo encarregado de redigir a constituição; formaliza a ideia de


direito construída pelo poder constituinte material.

3.2 Quanto à manifestação histórica:


A) Fundacional (ou histórico): surge com a construção de um novo Estado nacional que vai
necessitar de uma constituição. Ou seja, origina a primeira constituição de um Estado (como a
Constituição de 1824).

B) Pós-fundacional (ou revolucionário): surge em Estados nacionais já existentes e dotados de


uma constituição. Há uma ruptura. Pode ocorrer a partir de uma revolução (o que não é
sinônimo de violência, mas do “triunfo de um novo direito ou de um fundamento de validade
do sistema jurídico positivo do Estado”, como a Constituição de 1937, criada a partir da
Revolução de 1930) ou de uma transição constitucional (“que tem como nota distintiva a
observância das competências e formas de agir preestabelecidas”, como a CR/88, cuja
Assembleia Nacional Constituinte foi criada por meio de uma EC à Constituição de 1967).
(NOVELINO, 2018, p. 71-73).

3.3 Quanto ao modo de deliberação constituinte:


A) Poder constituinte concentrado (ou demarcado): constituições escritas -> deliberação
formal de um grupo leva ao surgimento da constituição.

B) Poder constituinte difuso: processo informal -> constituições consuetudinárias (criação ou


modificação da constituição ocorre a partir da tradição) -> ou mutação constitucional.
4 CARACTERÍSTICAS
A) Inicial: inaugura uma nova ordem jurídica, rompendo com a anterior;

B) Autônomo: só a ele cabe fixar as bases em que a nova constituição será estabelecida;

C) Ilimitado: três teorias:


1ª) TEORIA POSITIVISTA: é um marco inicial para a criação de uma nova ordem
jurídica (ilimitado do ponto de vista do direito positivo anterior). É um poder de fato (pois o
direito se expressa de forma máxima na constituição). É a tese tradicionalmente adotada na
doutrina nacional;
2ª) TEORIA JUSNATURALISTA: o PCO não é ilimitado, pois irá guardar limites em
aspectos do direito natural (ex.: liberdade e igualdade);
3ª) TEORIA (DE TENDÊNCIA) SOCIOLÓGICA: PCO é autônomo, pois exerce
funções ilimitadas do ponto de vista do direito positivo anterior; entretanto, guarda limite nele
mesmo.

D) Incondicionado: não guarda condições ou termos prefixados, ele mesmo cria regras para a
elaboração da nova constituição.

E) Permanente: não se exaure com a elaboração da nova constituição. O poder constituinte


material é permanente e o formal não.

5 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL


 Citado por alguns autores, como Maurício Andreiuolo.
 Trata-se de um poder ainda incipiente, que estaria afeto às bases do direito
comunitário. A perspectiva teria como norte uma Constituição supranacional
elaborada com legitimidade conferida pelos próprios Estados nacionais. Com isso, as
Constituições nacionais (e seus respectivos ordenamentos internos) estariam
subordinadas a uma Constituição supranacional, fruto da elaboração de um poder
constituinte supranacional.
6 CONCLUSÃO
"Atualmente o Poder Constituinte Originário para a doutrina mais adequada (dotada de maior
razoabilidade) não pode ser entendido como algo absoluto, pois ele, sem dúvida, guarda
limites internos na própria sociedade que o fez emergir e limites externos em princípios de
direito internacional (cânones supranacionais) como os princípios da independência, da
autodeterminação e da observância dos direitos humanos" (FERNANDES, 2016, p. 125,
grifos do autor).

A CONSTITUINTE
PARTE 1: https://youtu.be/LkBOhfYKZ_s
PARTE 2: https://youtu.be/iVYjGV_iyww

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