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Alimentação fora do lar contribui com a obesidade

Por Igor Truz - igor.moraes@usp.br


 Publicado em 2/janeiro/2013 |   Editoria : Saúde |   Imprimir | 
Aproximadamente 60% dos paulistanos que se alimentam fora de casa sofrem com
problemas relacionados ao sobrepeso, é o que aponta o estudo Alimentação fora do lar
e sua relação com a qualidade da dieta dos moradores do município de São Paulo:
estudo ISA-Capital. A pesquisa, desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da
USP, foi objeto da dissertação de mestrado da nutricionista Bartira Mendes Gorgulho e
faz parte de uma parceria de professores da FSP com a Secretaria Municipal de Saúde
para a produção do Inquérito de Saúde do município de São Paulo.

Sobrepeso nos que se alimentaram fora em São Paulo supera média nacional
Bartira procurou mapear a situação da alimentação fora do lar, e gerar estatísticas
sobre a quantidade de pessoas que fazem ao menos uma das três principais refeições
(café da manhã, almoço e jantar) fora de casa, quais as diferenças qualitativas entre
comer dentro e fora do lar e que tipo de alimento é consumido em ambientes externos
as residências. A coleta de dados durou um ano, e se deu por meio de 834 entrevistas
realizadas em domicílios por toda a cidade, a fim de garantir a representatividade de
todas as regiões. Além de colher informações sobre hábitos de vida em geral e
condições sociais, as perguntas procuravam saber o quê e onde as pessoas realizaram
suas refeições nas ultimas 24 horas.
Do total de entrevistados, mais da metade, 482 pessoas, afirmaram ter se alimentado
fora de suas casas. Entretanto, quase metade deste número corresponde ao consumo
de lanches, ou seja, o que se come entre as refeições. Apenas 55% havia realizado de
fato uma das principais refeições fora do lar. Destes, 15% correspondem ao café da
manhã, 30% ao almoço, e 10% ao jantar.
No café da manhã, 80% dos alimentos consumidos foram pães, torradas, manteiga,
margarina, café e leite integral. Já no almoço, 70% do consumo correspondeu a arroz,
feijão, carne bovina, verduras, legumes, refrigerantes e aves. Enquanto isso, no jantar,
os dados apontam também na casa dos 70% para o consumo de salgados, sanduíches,
arroz, verduras, legumes, carne bovina, aves, refrigerante e suco de frutas.
Equivalência
A pesquisa apontou que 59% das pessoas que afirmaram ter se alimentado fora de
casa têm sobrepeso, número acima da média geral brasileira, a qual ultrapassa os 50%.
Como fora constatado na coleta de dados, em comparação ao que se come dentro do
lar, não há grandes diferenças entre os alimentos consumidos fora. “Não encontramos
muitas diferenças entre o que se come dentro e fora de casa”, afirma Bartira. Os maus
hábitos alimentares independem do local em que se realizam as refeições: “o
refrigerante, por exemplo, é consumido com maior frequência fora de casa, mas
quando o consumo ocorre dentro de casa corresponde a uma quantidade muito maior,
o que torna o impacto equivalente”, garante a nutricionista.
A única diferença sensível constatada na pesquisa, e que pode explicar o maior
número de pessoas com sobrepeso que comem fora de casa é o maior consumo de
gorduras totais e saturadas nas refeições realizadas fora, o que pode ser atribuído a
frituras e carnes em geral. “Em um restaurante ‘self-service’, proporcionalmente,
consumir carnes é mais barato do que dentro de casa”, afirma.
Apesar disto, para Bartira, a conscientização sobre a necessidade da mudança de
hábitos alimentares têm de ser geral, uma vez que o problema está em todos os
lugares: “as pessoas comem mal independente do local em que se realizam as
refeições, como o consumo de frutas, por exemplo, que é baixo tanto dentro, quanto
fora de casa”.
Metrópole
Maior cidade do Brasil, não apenas em extensão geográfica, mas também em número
de habitantes, São Paulo é o grande polo da economia nacional. Trânsito, trabalho,
escola, e outras tantas responsabilidades, fazem da vida do paulistano uma eterna
corrida contra o tempo. E nesta corrida, é cada vez menor a quantidade de horas que
sua população passa dentro de casa. Aos poucos, as residências tornam-se simples
dormitórios, e os espaços de convivência cada vez mais são as ruas da metrópole, e
tudo o que ela pode oferecer. Neste cenário, realizar todas as refeições em casa, mais
do que um luxo, é quase uma missão impossível.
Entretanto, a alimentação é fator de extrema relevância para a saúde. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) a considera como um dos principais fatores de risco
modificáveis para doenças crônicas não-transmissíveis, ou seja, um elemento gerador
de doenças que pode ser alterado a partir de uma mudança de hábitos.

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