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AS ESPÉCIES DE COISA JULGADA REGULAMENTADA PELO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL DE 2015

A coisa julgada é um instituto de natureza processual com o objetivo de


impedir que o Poder Judiciário, as partes e eventuais terceiros, novamente
discutam questão já decidida em um processo judicial transitado em julgado.
Desse modo, o mencionado instituto visa a segurança jurídica, sendo este
um dos princípios mais importantes do Estado democrático de direito.
Em todo processo, seja qualquer for a sua natureza, existirá a prolação
de uma sentença (ou acórdão nas ações de competência originária dos
tribunais), que em determinado momento se tornará imutável e indiscutível
dentro do processo em que foi proferida. Para tanto “basta que não seja
interposto o recurso cabível ou ainda que todos os recursos cabíveis já tenham
sido interpostos e decididos”.1
Assim, no momento em que não for mais possível a interposição de
recurso ou tenha ocorrido o exaurimento das vias recursais, a sentença transita
em julgado.
Esse impedimento de “modificação da decisão por qualquer meio
processual dentro do processo em que foi proferida é chamado tradicionalmente
de coisa julgada formal, ou ainda, preclusão máxima, considerando-se tratar de
fenômeno endoprocessual”.2
Ainda, é necessário mencionar que todas as sentenças produzem coisa
julgada formal, todavia, nem todas produzem coisa julgada material. Isso porque,
no momento do trânsito em julgado da sentença, forma-se a coisa julgada formal,
mas algumas sentenças produzirão nessa fase processual, a coisa julgada
material, ou seja, a decisão torna-se indiscutível e imutável além do processo em
que foi proferida. Pela coisa julgada material, a decisão não mais poderá ser
desconsiderada em processos futuros.
Segundo o doutrinador, Luiz Guilherme Marinoni:

“essa imutabilidade gerada para fora do processo, resultante da


coisa julgada material, atinge tão somente as sentenças de
mérito proferidas mediante cognição exauriente, de forma que
haverá apenas coisa julgada formal nas sentenças terminativas
ou mesmo em sentenças de mérito, desde que proferidas
mediante cognição sumária, como ocorre para a maioria
doutrinária da sentença cautelar”.3

1
Greco Filho, Direito, n 57.2, p.274.
2
Nery-Nery, código, p. 682; Greco Filho, Direito, n. 57.2, p. 276-277.
3
MARINONi. Luiz Guilherme. Manual do Processo Civil. Pg. 456. Ano 2019. Editora. Revista dos
Tribunais.
O Código de Processo Civil de 2015 também traz mais duas espécies de
coisa julgada, quais sejam: coisa julgada sobre questão prejudicial e coisa
julgada sobre tutela antecipada antecedente.
Considera-se questão prejudicial aquela de cuja solução dependerá não
a possibilidade nem a forma do pronunciamento sobre outra questão, mas o teor
mesmo desse pronunciamento. A segunda questão depende da primeira não no
seu ser, mas no seu modo de ser.4
Dessa forma, essa espécie de questão se caracteriza “pelo fato de seu
julgamento, que precede logicamente a decisão da questão principal, influir
necessariamente no conteúdo desta”.5
Por fim, a última espécie de coisa julgada diz respeito às decisões que
concedem a tutela antecipada em caráter antecedente e não são impugnadas
por recurso. Essas decisões continuam produzindo efeito mesmo após a
extinção do processo em que proferidas. A este fenômeno dá-se o nome de
estabilização da tutela antecipada antecedente, nos termos do artigo 304, caput,
§ 1º do Código de Processo Civil.
Assim, chega-se à conclusão de que com o advento do Novo Código de
Processo Civil foi disciplinado quatro espécies de coisa julgada, que possuem
como semelhança a proibição de rediscutir matéria já decida em decisão judicial
transitada em julgado, mas tendo como pontos diferentes o conteúdo da decisão
proferida.
Ademais, a coisa julgada é a concretização do princípio da segurança
jurídica, uma vez que o instituto ora em estudo estabiliza a discussão sobre uma
determinada situação jurídica, resultando em um “direito adquirido” reconhecido
judicialmente.

4
LIMA. Tiago Asfor Rocha. Exceção de suspeição de magistrado. Revista dialética de Direito Processual.
São Paulo, 2007. N 48. P 105.
5
https://www.conjur.com.br/2018-set-20/luiz-eduardo-mourao-quatro-especies-coisa-julgada-cpc.
REFERÊNCIAS
Greco Filho, Direito, n 57.2, p.274.

LIMA. Tiago Asfor Rocha. Exceção de suspeição de magistrado. Revista dialética de Direito
Processual. São Paulo, 2007. N 48. P 105.

MARINONi. Luiz Guilherme. Manual do Processo Civil. Pg. 456. Ano 2019. Editora. Revista dos
Tribunais.

Nery-Nery, código, p. 682; Greco Filho, Direito, n. 57.2, p. 276-277.

https://www.conjur.com.br/2018-set-20/luiz-eduardo-mourao-quatro-especies-coisa-julgada-
cpc.

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