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AIDS
Prof. Marcelo Rogero
Na presença do vírus HIV, os linfócitos TCD4 + ficam prejudicados, assim como outras
células do sistema imune como macrófagos e neutrófilos – ficam menos ativadas devido ao
comprometimento dos linfócitos.
O vírus se acopla no CD4, com RNA no núcleo – este entra na célula quando acoplado, e a
transcriptase reversa faz o pareamento das bases de RNA, produzindo a fita dupla. O corpo
reconhece o DNA inserido como seu, e não como corpo estranho, e então a célula começa a gerar
proteínas virais, que se unem e usam um pedaço da membrana para formar uma cópia do vírus,
matando a célula TCD4.
Contagem de CD4/CD8: deve ser realizada sempre nos pacientes. CD4: alterado em casos
de AIDS. CD8: quase não se altera – o que altera é a razão CD4/CD8, e pode ser analisada nos
últimos 2 anos para evolução/regressão da doença.
Classificação dos estágios da doença: no estagio inicial, ocorre uma queda na contagem
de linfócitos TCD4+ (>500 células/mm³), e tem como sintomas o aparecimento de dermatites e
lifadenopatia. No estágio intermediário a contagem de linfócitos TCD4 + está entre 200-500
células/mm³, e a sintomatologia é de candidíase oral e vaginal, neuropatia periférica, displasia
cervical, herpes e febre. Já no estágio final, há uma queda ainda maior da contagem de linfócitos
(<200 células/mm³), já com a presença de infecções oportunistas, doenças neurológicas, tumores,
etc.
Perda de peso: em 1 ano, 18% dos pacientes apresentam uma queda acima de 10% do
peso corporal, 21% uma queda acima de 5% do peso, e 8% apresentam um
IMC<20kg/m².
Baixo peso – possíveis causas: anorexia, náuseas e vômitos, causas endócrinas,
alterações neurológicas, citocinas (aumento do catabolismo proteico), interação
droga-nutriente (muitos pacientes usar fitoterápicos para diminuir os sintomas da
medicação, porém eles diminuem também a ação dos medicamentos, piorando a
infecção), má absorção e diarreia persistente, modificações metabólicas, fatores
psicossociais (maior propensão à depressão, auto estima baixa) e financeiros.
Resposta terapêutica: tem como objetivo a supressão máxima da carga viral (<50
cópias/mm³) após um ano de tratamento.
1. Inibidores de transcriptase reversa análogo ao nucleosídeo : tem como sintomatologia
diarreia, náusea, vômitos, fadiga, cefaleia, suspensão da hemopoiese (levando à
anemia e neutropenia).
2. Inibidores de transcriptase reversa não análogo ao nucleosídeo : tem como
sintomatologia anorexia, náusea, vômitos, erupções cutâneas, tontura, alucinações e
euforia.
3. Inibidores de proteases: tem a capacidade de aumentar a sobrevida, porém
aumentam o risco cardiovascular – inibe a LLP (lipase de lipoproteínas), que fica
ancorada na membrana dos vasos, quebrando os quilomícrons e VLDL, liberando
ácidos graxos para o tecido adiposo, que serão transformados em triacilglicerol. Com
sua inibição, aumenta a quantidade de ácidos graxos circulantes, levando ao aumento
do risco cardiovascular. Também competem pelo sitio de ligação de receptores
hepáticos para quilomícrons remanescentes, aumentando o tempo de circulação do
quilomícrons, aumentando triacilglicerol e colesterol, e reduzindo HDL. Aumentam a
produção de IL-6 e TNF-α, levando à resistência à insulina (quando a insulina chega ao
receptor, libera uma proteína chamada de IRS-1, ativando várias proteínas, incluindo
AKT ou PKB, que ativa o GLUT-4 a ir para a membrana, permitindo o transporte de
glicose para dentro da célula, baixando a glicemia – em casos de IL-6 e TNF-α
elevados, há liberação de algumas quinases, que fosforilam o IRS-1 em serina,
diminuindo a liberação de GLUT-4 e consequentemente menor entrada de glicose,
levando à uma resistência à insulina, levando à um aumento de ácidos graxos livres,
aumentando o risco de maior incorporação de lipídios no fígado), além de diminuírem
a expressão do GLUT-4 e adiponectina (diminui a sensibilidade à insulina). Todos
estes fatores levam à uma resistência da ação da insulina no fígado e no músculo!
Síndrome lipodistrófica do HIV: ocorre em 83% dos casos de pacientes com uso de
inibidores de proteases. O paciente possui um acúmulo de gordura no dorso e abdômen, e uma
redução de gordura na face. A atrofia de gordura subcutânea leva à um aumento de gordura
visceral, levando ao aumento do colesterol, LDL, VLDL, TAG e glicose, e diminuição de HDL –
aumento do risco cardiovascular!
DIETOTERAPIA:
Preservar a massa magra (pode ser feito com suplementos – glutamina, arginina), evitar a
subnutrição e recuperar o estado nutricional adequado, fornecer quantidades adequadas de
nutrientes (vitamina A, zinco, selênio, B1, B2 e B6 – podem ter uma necessidade acima da RDA,
porém não podemos suplementar muito devido aos excessos, devemos atender um pouco acima
de 100% da necessidade), evitando deficiências ou excessos que comprometam a função imune,
reduzir as complicações e sintomas de infecções oportunistas e de efeitos colaterais de drogas que
interfiram na ingestão e absorção de nutrientes. Levar em conta a preferencia alimentar do
paciente, promovendo ainda mais a qualidade de vida do paciente.
HISTÓRIA CLÍNICA:
EXAMES LABORATORIAIS:
Rotineiros: CD4, CD8 e carga viral. Outros: albumina sérica, hemograma completo, TGO e
TGP (excesso de medicamentos eleva as enzimas hepáticas circulantes), testosterona (),
hormônios da tireoide, ácido metilmalônico e vitamina B12 (por ser encontrada em baixas fontes,
e a ingestão do paciente ser restrita, pode estar deficiente, além de ter um prejuízo na absorção,
pelos episódios de diarreia), zinco e selênio séricos (: suplementação!), função renal (uréia e
creatinina), PCR, perfil lipídico, glicemia de jejum ( por resistência à insulina), curva glicêmica
(avalia a resistência à insulina) e insulina de jejum.
Necessidade energética = TMB x Fator de atividade x Fator lesão (ou injúria) x Fator
térmico. Ou divide-se os pacientes entre assintomáticos e sintomáticos:
- Com infecção oportunista: 40-50 kcal/kg de peso atual, onde 2,0-2,5 g de proteína/kg de
peso atual/dia.
Balanço proteico muscular = síntese – degradação (pode virar positivo com o aumento da
síntese, ou diminuição da proteólise, que pode ser feito através do aumento da ingestão de
aminoácidos, principalmente leucina).
Necessidade de líquidos: mesma para todos – 30-35 mL/kg de peso – o alto consumo de
medicamentos aumenta o funcionamento do rim, e deve-se ingerir muita água para manutenção
das funções adequadas, além da ocorrência alta de diarreias. Em casos de diarreia: isenção de
lactose. Pacientes com má absorção: utilização de TCM (ácidos graxos de cadeia média).
SUPLEMENTAÇÃO ESPECIALIZADA?
GLUTAMINA (GLN): principal local de produção – musculo esquelético. Devido à
perda de massa magra, a produção diminui: os aminoácidos de cadeia ramificada, junto ao α-
cetoglutarato, forma um cetoácidos de cadeia ramificada e glutamato – glutamato + nitrogênio =
glutamina! Outros locais de produção: fígado, pulmões e cérebro. Tecidos que consomem
glutamina: trato digestório, células do sistema imune, fígado e rins (os dois primeiros estão
alterados na doença, aumentando o consumo de glutamina).
Em casos de infecção, as bactérias gram negativas possuem, na parede, LPS, que
interage com TLR4 na parede do macrófago, reconhecendo a infecção – ocorre uma ativação do
macrófago, através da ativação da resposta inflamatória através do fator de transcrição, que vai ao
núcleo do macrófago e se liga ao DND, na região promotora, produzindo RNAm, liberando iNos
(óxido nítrico sintase – produz óxido nítrico, que auxilia na destruição do patógeno), IL-1 e TNF-α,
que ativam mecanismos que auxiliam na resposta imunológica. A glutamina é doadora de
nitrogênio, para as células do sistema imune, para síntese de bases nitrogenadas (RNA e DNA). A
glutamina, ao seu degradada, gera NADPH, que é utilizado na reação de síntese do óxido nítrico
(arginina, com ação de NADPH óxico nítrico + citriluna), além de ser precursora de arginina,
aumentando ainda mais a formação de óxido nítrico. Na presença de glutamina, o macrófago
secreta mais citocinas (IL-1, IL-6, TNF-α) e óxido nítrico para fora do macrófago. A glutamina
também é capaz de formar lipídios, para reposição de membrana macrófica durante a fagocitose.
Ao fagocitar a bactéria, sobram pedaços da mesma, e um deles é apresentado ao TCD4 +,
ocorrendo o reconhecimento da infecção, e consequente aumento de número celular, ativando
ainda mais o macrófago, aumentando a fagocitose. A glutamina gera glutamato, que gera α-
cetoglutarato.
Principal função da glutamina: substrato energético para o sistema imune,
auxiliando na síntese de ATP α-cetoglutarato).
Recomendação: 30g/dia, reduz a gravidade da diarreia associada ao tratamento
com inibidor de protease em pacientes com HIV/AIDS. O tratamento nutricional por período curto,
provavelmente não seja suficiente par influenciar esses parâmetros – deve ser preparada e
consumida na hora, por ser pouco solúvel.
Exemplo de suplemento: Impact®. Suplementação de glutamina (14g) + arginina
(14g) + HMB (3g – diminui a proteólise muscular), ingerido em 2 doses diárias durante 8 semanas:
aumento de cerca de 3kg de massa corporal, 2,55kg de massa magra, aumento de hemoglobina e
hematócrito geral, diminui a carga viral do HIV e aumento de linfócitos CD3 e CD8.
A suplementação oral contendo ácidos graxos ômega-3 por três meses é tolerada e
resulta em ganho de peso corporal e aumento da contagem de células CD4 em pacientes
infectados pelo HIV – complicações metabólicas: diminuição dos TGs e do ácido araquidônico em
fosfolipídeos de membrana, atenuando a resposta inflamatória e diminuindo o catabolismo
proteico muscular.