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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Unidade II
5 CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DO LAZER

5.1 Os estudos do lazer no Brasil: principais pesquisadores e contribuições


das escolas internacionais

A área do lazer como estudo e pesquisa acompanha o contexto histórico social. Após a
Primeira Guerra Mundial, foram introduzidas a jornada de trabalho de 40 horas semanais, com
8 horas de trabalho por dia, e férias remuneradas. A conquista do tempo livre por meio das
reivindicações de direitos trabalhistas por parte dos movimentos sociais representou um impacto
na sociedade capitalista.

Um dos marcos principais dessa conquista foi a Assembleia-Geral da Organização Internacional do


Trabalho (OIT), realizada em 1924, que teve como tema principal o lazer. Na ocasião foram requisitados
aos governantes de diferentes países dados mais detalhados sobre as atividades de lazer exercidas pelos
trabalhadores de suas nações. Conforme Mommaas (1996), essa atividade foi realizada e os resultados
publicados no mesmo ano, na International Labour Review, que foi considerado o primeiro estudo de
lazer do Ocidente.

De acordo com Mommaas (1996), antes desse estudo da OIT, já haviam ocorrido outras iniciativas,
dentre as quais algumas de George Bevans, que, em 1913, fez estudos sobre o tempo livre dos
trabalhadores de Nova York, além de outras iniciativas realizadas por diferentes países, como Alemanha,
Bélgica, França, Holanda e União Soviética.

Ainda no final do século XIX, houve outros trabalhos significativos, tais como Le Droit à la Paresse,
de Paul Lafargue, que, em 1880, escreveu sobre os operários; e, posteriormente, nos Estados Unidos, em
1899, Leisure Theory Class, de Thorstein Vebler.

Observação

Lafargue frequentou o curso de medicina e posteriormente se casou


com Laura, filha de Karl Marx. Abandonou a medicina após a morte dos
filhos e se dedicou à vida política. Seu estudo contribuiu para uma visão
do direito ao ócio como forma de equilíbrio existencial para a dignidade
do trabalhador.

Em 1906, foi criada a primeira organização profissional direcionada para o lazer: a American
National Recreation Association, assim como surgiram, em outros países, a World Association for Adult
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Education (1918), a Socialist Workers Sport Internacional (1920) e o International Office for Allotments
and Workers Gardens (1926).

Em 1930, em Liège, na Bélgica, ocorreu o primeiro Congresso Internacional do Tempo Livre dos
Trabalhadores. O evento possibilitou a formação de um comitê internacional sobre o tempo livre
vinculado à Organização Internacional do Trabalho. Somente no segundo congresso, ocorrido em
1935, em Bruxelas, houve a formalização do comitê, que, porém, não avançou devido a divergências
políticas. Devido à recessão econômica de 1930, a noção de tempo livre tornou-se cada vez mais
vinculada ao consumo.

Ainda de acordo com o autor, as pesquisas sociais começaram a ser pensadas cientificamente: a
palavra “lazer” começou a aparecer em livros, revistas e jornais. Entre 1956 e 1969, na União Soviética,
surgiram também estudos na mesma área, dentre os quais se destacam os trabalhos O Tempo e o
Trabalho (1964), de G. A. Prudenski, O Tempo Fora do Trabalho dos Trabalhadores (1956), de G. Petrosjan,
e O Tempo Livre: Duração (1967), de B. Gruschin e L. Górdon.

De acordo com Dumazedier (1974), na Iugoslávia, foi realizada uma pesquisa empírica sobre o lazer
em um contexto socialista por V. Ahtik que foi uma referência para outras pesquisas, principalmente
pelo pesquisador Miro Mihovilovich (1967-1972).

A sociologia empírica do lazer, ou seja, a pesquisa na prática do lazer na cultura de massa, teve
também repercussões na Polônia e na Tchecoslováquia.

Posteriormente as pesquisas sociais sobre lazer e as suas respectivas gerações de pesquisadores


acadêmicos começaram a desenvolver um interesse pelas pesquisas empíricas com o objetivo de não
só compreender a sociedade, mas também apresentar as necessidades de implantações e avaliações de
políticas públicas voltadas para a área.

Os estudos de lazer realizados em alguns países começaram a buscar novas conotações para uma
melhor compreensão das atividades de lazer, utilizando técnicas para avaliar como as pessoas usavam
o seu tempo livre, considerando a quantidade de tempo para suas atividades cotidianas, o trabalho,
as atividades domésticas, as necessidades fisiológicas e o lazer. Essa técnica era conhecida como
orçamento-tempo, como já vimos.

Essas pesquisas eram, aos poucos, incorporadas e aplicadas nas áreas de Sociologia, Economia e
Psicologia, em países como a Alemanha, a Bélgica, a França, a Grã-Bretanha e a Holanda. Essa perspectiva
de estudo se desenvolveu no contexto da organização industrial, e nela destacaram-se Frédéric Le Play,
Ernst Engel e Franklin Giddings.

Cada vez mais o lazer vai adquirindo novos olhares, sendo encarado como um direito individual e
socialmente democrático em um sistema de produção que era até então aliado ao trabalho. A partir
desse viés, muitos investigadores começaram a vincular o lazer à cultura de consumo no final da década
de 1960 e início de 1970. Nessa direção de pensamento e análise, destacam-se Dumazedier, Riesman,
entre outros autores.
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Houve muitos fatores que contribuíram não só para o lazer, mas também para a sua diversificação:
a redução da jornada de trabalho, a aposentadoria, o aumento da expectativa de vida, a crescente
necessidade de educação profissional adulta, os avanços tecnológicos que impulsionaram o lazer
doméstico com o crescimento da aquisição e do uso da televisão.

A diversificação das atividades não só promoveu mudanças no tempo social e dos valores, como
também chamou a atenção dos pesquisadores: a “sociedade do lazer” começou a ser questionada
considerando as mais diferentes práticas do lazer. Os estudos se voltaram para os espaços e programas
de lazer que eram disponibilizados e consumidos nas sociedades ocidentais, principalmente em clubes,
colônias de férias e associações.

Esses espaços e programas impulsionaram o surgimento de novas profissões, como o trabalho


recreativo, e de disciplinas no currículo do Ensino Superior, assim como de associações como a World
Leisure and Recreation Association (WLRA), a European Leisure and Recreation Association (ERLA), a
The Australian and New Zealand Association e a Fundación Colombiana de Tiempo Libre & Recreación.

Dentre as mais articuladas, destaca-se a WLRA, como organização internacional que tem como
premissa promover condições ideais de lazer como forma de desenvolvimento humano e bem-estar
social por meio de congressos para discussões e trocas de experiências – surgem também, com as
associações, periódicos e coletâneas.

Segundo Mommaas (1996), em 1965, durante a Sexta Conferência Internacional dos Sociólogos,
em Evia, foi criada a Comissão de Pesquisa do Lazer, na Associação Sociológica Internacional (ISA). Esse
grupo foi responsável pelo grande projeto de orçamento-tempo entre países, coordenado por Alexander
Salai. Anos depois, em 1968, a Unesco cooperou com o Centre Européen du Loisir, de I´Education et de
la Culture, com estudos e pesquisas que resultaram em uma revista internacional, a Loisir & Société,
editada pela Universidade de Quebec. A publicação teve como objetivo reunir diferentes especialistas da
área das ciências sociais do lazer.

Também de acordo com Mommaas (1996), conforme iam se institucionalizando o lazer e a sua
profissionalização, também surgiam apoios políticos a projetos e ao Journal of Leisure Research (1969).
Dentre os muitos eventos que ocorreram em torno da temática lazer, destaca-se: Os Efeitos Sociais da
Cultura e do Turismo em Washington (1976).

No que se refere a publicações, destaca-se o livro Sociologia do Lazer, de Stanley Parker (1978),
que apresenta o lazer em diversas esferas da vida, considerando o ciclo vital, as relações do lazer entre
religião, família e educação e a necessidade de planejamento de políticas públicas voltadas a essa esfera
da vida do trabalhador.

Na década de 1980, além das tradições acadêmicas, as investigações buscaram outros interesses.
Para Mommaas (1996), houve, no campo da pesquisa do lazer, naquele contexto, uma fragmentação
dos estudos, justificada tanto pela busca de novas teorias quanto pela defesa da tradição. A abordagem
sobre o tema Lazer começou a analisá-lo também pela sua importância econômica e comercial e por
seus impactos, tais como geração de emprego e ativação da cadeia produtiva local e regional.
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Posteriormente, houve muitas críticas aos aspectos econômicos do lazer levantados por essas
novas abordagens, devido à importância que estava sendo dada à indústria do lazer em relação
à formação humanística da atividade. Da mesma forma que surgiram, em contrapartida, novos
programas de educação superior, especialmente na Europa central e ocidental, apareceram, então,
outras abordagens, como:

• dimensão social e/ou coletiva do lazer;

• lazer relacionado a gênero e à classe;

• envolvimento ativo das pessoas na constituição de seu lazer.

O lazer vai adquirindo, em estudos, um caráter multidisciplinar, com enfoque nos estudos culturais,
bem como turismo, esporte e educação física. Dentre os estudos da área do turismo, destacam-se as
contribuições de Jost Krippendorf, da Universidade de Berna, na Suíça. No livro Sociologia do Turismo:
para uma Compreensão do Lazer e das Viagens (1989), o autor discute o modelo existencial da sociedade
industrial, assim como a humanização do cotidiano e das viagens. Para o autor, a humanização se dará
não apenas para o homem-férias, mas para o homem por completo e absoluto.

Destacam-se também as contribuições de Michel Maffesoli, que apresentou a fenomenologia como


método de estudo para o cotidiano da vida e do lazer.

Dessa forma, verificamos que o lazer interfere em diversos aspectos da sociedade. Assim, o lazer,
como campo de estudo interdisciplinar, possibilita o diálogo entre disciplinas, contribuindo com uma
visão mais ampla e integradora do conhecimento, assim como com o diálogo entre ciência e outros
tipos de conhecimentos produzidos na sociedade.

Saiba mais

Para mais informações, consulte os sites da Organização Mundial de


Lazer e da Organização Internacional de Turismo Social:

<http://www.oits-isto.org/oits/public/index.jsf>.

<http://www.worldleisure.org/>.

5.2 A escola dumazediana e os principais estudiosos brasileiros

Em nosso País, os estudos de lazer surgem na década de 1970, numa onda de desenvolvimento de
estudos e projetos mais específicos. Ainda nesse período surgiram no Brasil também as primeiras ações
de políticas públicas voltadas ao incentivo da atividade turística.

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A literatura da época teve como referência principal da sociologia do lazer Jofre Dumazedier,
que esteve em nosso País em diferentes cidades e em diferentes ocasiões. O sociólogo participou dos
seminários organizados pelo Serviço Social do Comércio. Em 1961 e 1963, o pesquisador esteve presente
na Universidade de Brasília e depois em Recife, cidade para a qual foi convidado pelo Movimento Popular
da Cidade de Recife.

Na década de 1960, a bibliografia era muito restrita, devido à própria organização das cidades que
não chamava atenção dos sociólogos, economistas e educadores, nem do próprio governo. Não se tinha
ainda, nas cidades, as características das sociedades industriais.

Destaca-se, com relação a isso, o trabalho de José Acácio Ferreira, que, em 1959, desenvolveu
uma pesquisa sobre os trabalhadores assalariados da cidade de Salvador, o que resultou no livro Lazer
Operário. Requixa (1977) considera essa uma obra de grande interesse na época, devido a seu caráter
histórico, documental e referencial, que marcava os primeiros movimentos sobre os estudos do lazer.

A pesquisa desenvolvida por J. A. Ferreira entrevistou 597 trabalhadores que tinham como renda um
salário mínimo. Dentre os resultados obtidos, o autor observou a prática de jogos e a participação no
candomblé como atividades desenvolvidas por esse público.

Além dessa pesquisa, destacam-se os trabalhos do sociólogo José Vicente de Freitas Marcondes, da
Escola de Sociologia e Política de São Paulo. O pesquisador desenvolveu, na obra Trabalho e Lazer no
Trópico, a apresentação e o questionamento de diferentes tipos de trabalhos existentes em nosso País,
como os trabalhos indígena, doméstico, escravo e industrial, ressaltando a importância do lazer no
desenvolvimento da sociedade. Outro trabalho importante que marcou os estudos do lazer foi Lazer
& Cultura, organizado em 1968 por João Camilo de Oliveira Torres, caracterizando as relações entre a
cultura de massa e o lazer.

Em 1969, o Sesc São Paulo e a Secretaria de Bem-estar da Cidade de São Paulo promoveram o
Seminário sobre o Lazer: Perspectivas para uma Cidade que Trabalha, que teve como objetivo discutir
o tema Lazer junto com pesquisadores. O evento confirmava o lazer como produto do processo de
desenvolvimento industrial como o que estava acontecendo na cidade mais industrializada do País.

Então, começou a progredir a importância social e política do lazer no Brasil. Renato Requixa,
na ocasião do evento, chamou a atenção para a importância do lazer no mundo contemporâneo,
assim como da validade dos estudos do lazer para os países em desenvolvimento, conforme a
linha de Dumazedier.

A experiência do evento promovido pelo Sesc ressaltou também o lazer no sentido educativo: a
necessidade da educação para e através do lazer, levando em conta seus diferentes públicos, como
crianças, adolescentes, adultos e idosos. Passaram a ser discutidas, assim, as necessidades de lazer
na cidade, considerando o planejamento de áreas verdes e espaços de recreação. Foram discutidos
também a formação profissional de lazer, a sua importância nas políticas públicas e a promoção
do lazer municipal.

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O evento contou com embates de opiniões favoráveis e desfavoráveis. Havia posicionamentos


contrários, segundo Requixa (1977), orquestrados por ideias preconceituosas que consideravam a
discussão sobre lazer ofensiva à cultura do trabalho.

Luiz Octávio de Camargo, que foi orientando de Jofre Dumazedier em seu doutorado na Faculdade
de Ciências da Educação da Universidade de Sorbonne, em Paris, considerava que as sociedades urbanas
apresentavam três estágios em relação ao lazer:

• a negação da questão pelos mais diferentes argumentos;

• a visão do lazer como algo importante do ponto de vista terapêutico em relação à vida urbana;

• a percepção de que o lazer é importante em si mesmo.

Os três estágios refletem o processo de crescimento da industrialização e da urbanização das


sociedades capitalistas.

O seminário promovido pelo Sesc em 1969 teve repercussões positivas no lazer, principalmente quanto
ao conhecimento de suas características e à intensificação de outros estudos e eventos promovidos em
diferentes áreas acadêmicas. O lazer passou a ser discutido não só na Sociologia ou na Educação, mas
também no que diz respeito ao planejamento urbano.

Em 1973, foi criado, em Porto Alegre, o Centro de Estudos de Lazer e Recreação (Celar), na PUC do
Rio Grande do Sul, em parceria com a prefeitura do município. Em 1975, Dumazedier ministrou um
curso no Celar, para graduandos e professores universitários, sobre Teoria do Lazer. O curso culminou
no livro Questionamento Teórico do Lazer, escrito por Dumazedier na tentativa de oferecer subsídios
para as questões e preocupações sobre o lazer em nosso País. A obra tinha como premissa a proposta
de ações condizentes e respeitosas à humanidade e à sua relação com as atividades de lazer no
contexto brasileiro.

Outra iniciativa promovida pela Celar foi a promoção de cursos sobre educação e lazer que culminou
na criação de um curso de pós-graduação lato sensu em lazer, em 1974.

No mesmo ano, o Governo Federal criou a Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Política
Urbana (CNPU). As diretrizes propostas para uma possível política pública para o lazer buscavam disciplinar
a urbanização devido às atividades ligadas ao turismo e ao lazer, assim como ações de preservação e
conservação das cidades históricas e também apoio às infraestruturas das estâncias hidrominerais e das
cidades litorâneas.

O Sesc e o Sesi, com o apoio do Ministério do Trabalho, realizaram, no mês de agosto de 1975, no
Hotel Glória, o Primeiro Encontro sobre Lazer no Rio de Janeiro, que contou com a presença de Jofre
Dumazedier. Os principais temas abordados foram a formação sociocultural e o lazer nas sociedades em
desenvolvimento.

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Dois anos depois, em 1977, Requixa escreveu o livro Lazer no Brasil, obra na qual destacou o
elemento lúdico das etnias formadoras da nacionalidade brasileira, assim como a industrialização, a
urbanização e seus reflexos, e também as formas contemporâneas de uso do tempo livre. Dentre as
principais atividades, foram considerados os meios de comunicação, o teatro, os hábitos de leitura,
os esportes, os fins de semana, as férias e o turismo. Além disso, o autor apresentou os equipamentos
urbanos públicos e privados para o uso do lazer.

A Constituição Federal brasileira, em 1988, instituiu o lazer como um direito básico do cidadão
brasileiro. Nessa década, houve um desenvolvimento significativo na área do lazer, assim como eventos
de importância nacional e internacional.

Em 1988, Sarah Bacal publicou, em São Paulo, o livro Lazer: Teoria e Pesquisa, no qual aborda as
relações entre trabalho, tempo livre e turismo. A autora considera que o tempo total (TT) é dividido em
tempo necessário (TN) para a execução das tarefas essenciais à sobrevivência e tempo liberado (TLB),
para as atividades não obrigatórias, sendo, muitas vezes, confundido com tempo livre.

Os estudos de lazer acompanham as mudanças da sociedade, assim como permitem a produção de


pesquisas de diferentes campos de estudo e refletem o comportamento do lazer como prática sociológica.

6 NOVAS PERSPECTIVAS PARA A SOCIOLOGIA DO LAZER

O lazer é uma área interdisciplinar, o que vem contribuindo para distintas possibilidades e abordagens
e construindo novas ideias. Os múltiplos olhares podem favorecer a reflexão e a crítica, colaborando com
o conhecimento e o debate sobre o lazer.

As discussões sobre lazer estão presentes em vários cursos, por exemplo, Administração,
Artes, Educação Física, Hotelaria, Turismo e Sociologia. Contudo, ainda ocupam um pequeno
espaço no interior das propostas curriculares em muitos cursos, o que restringe as oportunidades
de estudo e atuação.

Em muitas escolas de Ensino Superior, prioriza-se a formação técnica e operacional do lazer,


principalmente em níveis técnico e de graduação. Faz-se necessário criar pesquisadores na área do lazer
com o objetivo de aprofundar os conhecimentos e dar conta das manifestações de lazer que circundam
os contextos locais onde as práticas do lazer estão inseridas.

Gomes (2004), ao analisar os estudos e pesquisas na área, apresenta que houve avanços no campo de
estudos a partir da produção acadêmica em nível de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado)
principalmente nos cursos de Educação Física, Turismo, Educação, Comunicação e Sociologia, entre
outros.

De acordo com dados levantados por Marinho et al. (2011), foram identificados 211 grupos de
pesquisa que estudam direta ou indiretamente o lazer no Brasil:

• Educação Física: 9.
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• Educação: 25.

• Turismo: 22.

• Antropologia: 12.

• Psicologia: 7.

• Sociologia: 7.

• Planejamento Urbano Regional: 6.

• Geografia: 4.

• Fisioterapia: 3.

• Terapia Ocupacional: 3.

• História: 3.

• Administração: 3.

• Arquitetura: 3.

• Medicina: 2.

• Saúde Coletiva: 2.
• Economia: 2.
• Serviço Social: 2.
• Engenharia de Produção: 2.
• Desenho Industrial: 1.
• Museologia: 1.
• Comunicação: 1.
• Engenharia Naval: 1.
• Engenharia Oceânica: 1.
• Ecologia: 1.

• Parasitologia: 1.

Verificamos, portanto, a necessidade de pensar a construção de conhecimento no que se refere ao


lazer e ao ócio, a partir de uma perspectiva interdisciplinar. As diferentes possibilidades de estudo e
intervenção estimulam a construção de novas abordagens e ideias.
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As ideias devem ser concebidas e aplicadas em uma realidade concreta. Para Pimenta e Lima (2012),
é necessário pensar o lazer como uma atividade teórica de conhecimento, diálogo e intervenção na
realidade, ou seja, é no contexto do lazer e da sociedade que a práxis acontece.

A realização de eventos de caráter técnico-científico possibilita encontros e trocas de diferentes


profissionais. Além dos grupos de pesquisa, como já mencionamos, destacamos a realização de
eventos técnico-científicos, que contribuem para a formação dos profissionais e pesquisadores
na área do lazer.

O Encontro Nacional de Recreação e Lazer (Enarel) e o seminário O Lazer em Debate são eventos
que ocorrem anualmente e reúnem pessoas de diferentes áreas. Já o Congresso Brasileiro de Estudos do
Lazer acontece bienalmente e é organizado pela Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em
Estudos do Lazer (Anpel).

Outros eventos de diferentes áreas também contribuem para o lazer, tais como o Congresso do
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (Conbrace), o Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-graduação (Anptur) e o Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana.

Assim como os grupos de pesquisa e os eventos, são importantes também as a publicações de


artigos científicos em revistas de diferentes áreas. Uma das publicações mais relevantes nos estudos
de lazer é a revista Licere, publicação do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do
Lazer, da Universidade Federal de Minas Gerais, com periodicidade trimestral, que tem como objetivos
contribuir com avanços qualitativos dos estudos e experiências desenvolvidos na universidade, assim
como difundir, registrar e compartilhar o conhecimento construído na área de lazer.

Outra publicação importante é a Revista Brasileira de Estudos do Lazer, publicação quadrimestral da


Anpel, sem fins lucrativos, que objetiva divulgar a produção científica nacional e internacional sobre lazer
e temas afins. Com relação aos temas mais abordados pela revista, podemos mencionar que há uma forte
reflexão sobre o lazer voltada à implementação de políticas públicas e iniciativas do Terceiro Setor.

Nelson Carvalho Marcellino (2010) apresenta que é necessária a ampliação das possibilidades de
pesquisa, pois há diversos campos que ainda não foram explorados.

Saiba mais
A seguir indicamos os sites das revistas Licere, da Revista Brasileira
de Estudos do Lazer e do Grupo Interdisciplinar de Estudos do Lazer da
Universidade de São Paulo, respectivamente:
<https://seer.lcc.ufmg.br/index.php/licere>.
<https://seer.lcc.ufmg.br/index.php/rbel/index>.
<http://www.each.usp.br/giel/pt-br/lazer.php>.
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6.1 Duplo aspecto educativo das experiências do lazer

Para Marcellino (1987), ao se tratar o lazer como veículo de educação, é fundamental considerar
as potencialidades para o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. O lazer não pode ser visto
restritamente como um bem de consumo.

Renato Requixa (1977) compreende que se pode educar pela prática do lazer e reconhece a
importância de se educar para o lazer, o que consiste na estimulação da produção cultural caracterizada
por diferentes práticas que buscam simultaneamente introduzir a prática criativa despretensiosa nas
necessidades lúdicas do cotidiano, assim como aprimorar a apreciação crítica.

O desenvolvimento do lazer é uma ação que pode ser coordenada por diferentes atores sociais,
tais como: governo, escolas, organizações não governamentais e comunidade. A educação para o lazer
implica diminuir as diferenças e proporcionar a igualdade de oportunidades no acesso a recursos.

Para Marcellino (1987), a educação para o lazer deve oferecer às pessoas atividades que possam
promover a vivência do lazer de forma criativa e adaptada às necessidades locais, considerando os sistemas
culturais, econômicos e sociais. O lazer pode contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos,
aptidões, valores e atitudes que podem ser desenvolvidos tanto na escola quanto fora dela.

Há, conforme o autor, um duplo processo educativo do lazer, que pode ser compreendido tanto como
objeto quanto como veículo da educação. A experiência do lazer pode contribuir com o enriquecimento
do espírito crítico através de aprendizado, estímulo e iniciação.

O lazer compreendido como veículo de educação deve fornecer a compreensão da realidade, o


desenvolvimento social e o reconhecimento das responsabilidades sociais. Já como objeto da educação,
envolve a necessidade de disseminar o seu significado, apresentar sua importância e possibilitar a
participação e a transmissão de informações.

É preciso pensar e organizar um programa de ensino dedicado ao lazer, adotando procedimentos


didático-metodológicos que possam concretizar um fazer educativo de forma lúdica, criativa, cultural e
coletiva. Para isso, faz-se importante não só desenvolver currículos, mas também capacitar os profissionais
não somente na teoria, mas também na prática do lazer, de forma interdisciplinar e constante.

Trabalhar com o lazer tendo na educação um duplo sentido exige dos recursos humanos o
conhecimento das mais diversas realidades brasileiras, assim como das mais diferentes linguagens
culturais, e a busca do equilíbrio entre consumo e participação do tempo do lazer.

É importante que os profissionais de lazer tenham a ampliação de suas próprias vivências, de forma
não só a atualizar, mas também a manter condizente a prática profissional. Os profissionais devem
educar as pessoas participantes das atividades de lazer para as sensibilidades, provocando, por meio das
atividades propostas, experiências edificantes, e extrapolando a discussão em sala de aula, ampliando,
assim, os espaços de referências.

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Marcellino (2010) sugere o equilíbrio entre quatro eixos fundamentais para a formação do
profissional de lazer:

• teoria do lazer;

• relato de experiências refletidas;

• vivências de conteúdos culturais;

• políticas e diretrizes gerais do campo do lazer.

A educação para o lazer tem como princípio formar pessoas para que possam viver o seu tempo
disponível de forma positiva, capaz de conhecer a si mesmas e as relações do lazer com a sociedade.

A escola é um espaço importantíssimo na sociedade, um espaço de troca de saberes e conhecimento e


de formação moral e ética dos indivíduos. Nesse sentido, a WLRA (ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE RECREAÇÃO
E LAZER, 2002), no que se refere à educação para o lazer, recomenda, numa carta internacional de uma
educação para o lazer, de 1993, o auxílio aos estudantes de diferentes níveis, para que seja alcançada uma
qualidade de vida por meio do desenvolvimento pessoal, social, físico, emocional e intelectual. Ao promover
valores, a escola envolverá e influenciará a família, a comunidade e a sociedade onde o estudante está inserido.

É importante considerar também, no âmbito da educação, que o lazer não deve ser exclusividade
de uma única disciplina. Considerando o seu aspecto interdisciplinar, ele precisa envolver as diferentes
disciplinas direta e indiretamente, e também proporcionar atividades extracurriculares. Dessa forma, o
lazer pode ser incorporado dentro e fora da escola, por meio de atividades culturais e esportivas que
possam envolver os alunos e a comunidade.

Saiba mais

Leia a Carta Internacional do Lazer na versão original:

WORLD LEISURE ORGANIZATION. Charter for leisure. 2000. Disponível


em: <http://www.worldleisure.org/userfiles/Charter_for_Leisure_art27.pdf>.
Acesso em: 11 dez. 2015.

Requixa (1979) afirma que a educação é um importante veículo de desenvolvimento e tem no lazer
um ótimo instrumento para incentivar e motivar o indivíduo a desenvolver-se e ampliar seus interesses
e participação mais ativa de ordem individual, familiar, cultural e comunitária.

A sociabilidade no lazer é estimulada pela possibilidade de contatos variáveis em um


momento propício para a troca de experiências e ideias. O lazer também possibilita a afirmação
de comportamentos.
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A pedagogia da animação cultural engloba os sentidos da vida, de movimento e de alegria. É


preciso reconhecer a relação lazer-escola-processo educativo: “[...] uma ‘pedagogia da animação’, assim
encarada, estaria ligada à criação de ânimo, à provocação de estímulos, e à cobrança da esperança”
(MARCELLINO, 1988b, p.142).

Nesse sentido, pensar em uma educação para o lazer implica um processo amplo de educação, que
considere as relações entre as possibilidades da escola e as potencialidades educativas do lazer, ou seja,
a educação para o lazer é um canal possível para a busca de transformações.

A pedagogia da animação atuaria, desse modo, no plano cultural, orientada por princípios de
valorização da cultura local e regional em todas as áreas: artística, física, manual, social e intelectual, e
também no plano social, buscando compreender os interesses das pessoas participantes e iniciando um
trabalho a partir das diferentes realidades.

A Carta Internacional de Educação para o Lazer (2002), da Associação Mundial de Recreação e Lazer, é
um documento importante, pois apresenta as diretrizes para o desenvolvimento de educação para o lazer.

Saiba mais

Leia a carta na íntegra:

ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE RECREAÇÃO E LAZER (WORLD LEISURE


AND RECREATION ASSOCIATION – WLRA). Carta internacional de educação
para o lazer. Saúde em Movimento, 2002. Disponível em: <http://www.
saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_
noticia=195>. Acesso em: 17 nov. 2015.

O lazer, segundo a carta, refere-se a uma experiência humana que possibilita uma série de benefícios,
como a liberdade de escolha, a criatividade, a satisfação, a diversão, o aumento de prazer e a felicidade.
A atividade de lazer, além de um direito básico, é um recurso para a melhoria da qualidade de vida que
pode também ser considerado um produto cultural, por gerar bens, serviços e empregos.

Observação

Fatores de ordem política, econômica, social, cultural e ambiental


podem influenciar a prática do lazer, ampliando ou restringindo seu acesso.

A carta enfatiza que a educação para o lazer tem um papel fundamental na diminuição de diferenças
das condições de vida, possibilitando a igualdade de oportunidades e recursos. Mas, para que isso aconteça,
é necessária a atuação de vários atores sociais, como a própria comunidade, os governos de todos os
âmbitos, as organizações não governamentais, as instituições de ensino e os meios de comunicação.
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Para que existam ações coordenadas, o documento propõe metas, princípios e estratégias para
efetivar uma educação para o lazer nos ambientes formais e informais da educação. O texto aponta
também diretrizes da educação para o lazer na comunidade, incentivando a participação social, assim
como estruturas e serviços comunitários para tal.

Considerando as diversas dimensões do lazer, principalmente a importância da educação para o lazer,


é importante destacar também o papel do animador sociocultural. Para começar, é importante destacar
que entendemos o sentido da palavra “animação” no contexto do lazer como “dar ânimo, coragem, força
e estímulo”. Nesse sentido, o animador sociocultural desenvolve seu trabalho a partir de vivências que
possibilitem a alegria e o prazer, tendo como objetivo estimular as pessoas em seus momentos de lazer.
A intervenção, nesse caso, deve se dar com a ideia de uma construção coletiva.

O animador sociocultural baseia o seu exercício profissional na vontade social e no compromisso


político-pedagógico com a promoção de mudanças, contribuindo para o exercício da cidadania e
para a melhoria da qualidade de vida, proporcionando, assim, uma ação educativa preocupada com a
emancipação de sujeitos para uma realidade mais justa e humana.

A animação sociocultural tem como objetivos:

• proporcionar o autoconhecimento;

• promover a compreensão das pessoas em relação a si mesmas e ao mundo;

• incentivar a participação dos sujeitos nas questões sociais mais amplas e também naquelas que
estão diretamente ligadas à sua comunidade;

• possibilitar o preparo e o empreendimento de mudanças por meio do estímulo à reflexão e à crítica.

Para que os objetivos sejam alcançados, a animação sociocultural deverá ser:

• concebida;

• discutida;

• planejada;

• organizada;

• executada;

• avaliada.

Independentemente da atuação no campo público ou privado do lazer e também independentemente


do tipo de público, a animação sociocultural deverá ser desenvolvida a partir dos seguintes aspectos:
67
Unidade II

• facilitação: interação e troca de informações entre pessoas e grupos;

• conscientização: noção dos significados individuais e coletivos das atividades de lazer que se
pretendem desenvolver;

• catalisação: iniciativas para a elaboração das atividades;

• promoção: a partir das ações realizadas, promoção da participação dos sujeitos.

Ação Reflexão Ação

Figura 29 – Ações do animador sociocultural

O animador sociocultural deverá tornar-se um pesquisador de suas ações práticas, compreendendo


a realidade dos grupos com os quais se relaciona e interage.

A prática reflexiva permite ao animador sociocultural aprender ainda mais sobre lazer, a partir de
uma análise crítica de suas próprias ações, no que diz respeito à condução de atividades, assim como,
por meio de eventos e revistas científicas, socializar suas experiências com outros profissionais que
atuam na área de animação.

Não se deve só incentivar a participação das pessoas nas atividades propostas, mas também despertar
no público envolvido a consciência da importância da atitude participativa. É necessário compreender
que a animação sociocultural tem como meta fomentar comunidades, grupos e pessoas a partir de
atitudes abertas e orientadas.

No que concerne a conteúdo, o animador sociocultural trabalha com vários campos de interesse,
tais como atividades físico-esportivas e artísticas. Os animadores socioculturais devem elaborar
atividades capazes de atrair e possibilitar a mobilização de pessoas por meio de programações (fixas
e regulares) e eventos.

As atividades devem ser pensadas conforme o tipo de público e a quantidade de pessoas que se
deseja envolver. Para isso, os profissionais devem ter a seguinte característica, de acordo com Luis
Octávio de Camargo (1998):

• polivalência cultural: conhecer diferentes práticas e linguagens como ginástica, dança, música,
cinema entre outras;

• conhecer as peculiaridades de participação dos mais diferentes públicos a partir de gênero, faixa
etária, classes socioeconômica e sociocultural;

• capacidade de organizar e coordenar equipes com profissionais das mais diversas formações;

68
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

• conhecimento sobre a formatação de projetos e sua viabilidade socioeconômica;

• conhecimento do espaço físico onde serão desenvolvidas as atividades.

Saiba mais

Você pode obter mais informações sobre o tema, lendo:

MARCELLINO, N. C. Lazer e recreação: repertório de atividades por fases


da vida. Campinas: Papirus, 2013.

___. Lazer e recreação: repertório de atividades por ambientes.


Campinas: Papirus, 2010.

CAMARGO, L. O. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998.

6.2 Desenvolvimento de projetos de animação sociocultural

Para desenvolver atividades de lazer na prática, os animadores socioculturais, como vimos, devem,
além de conceber as atividades a serem executadas e refletir sobre elas, articular o planejamento de
ações e projetos.

A ação de planejamento não se resume apenas em detalhar o que será feito, mas envolve também
determinar previamente as ações, os materiais e os recursos que serão utilizados para realizar os projetos
de animação sociocultural.

A organização e o planejamento, quando bem-sucedidos, possibilitam a delimitação antecipada das


situações que podem ocorrer, promovendo, assim, a resolução ou a minimização de problemas.

O roteiro que apresentaremos pode ser utilizado por animadores que desejam elaborar novos projetos
nas instituições nas quais trabalham ou buscar novos espaços e oportunidades de atuação. Ressaltamos
que o roteiro proposto não é único; existem outros, mas queremos apontar os elementos fundamentais
para a adequação de projetos.

É importante lembrar que os projetos da área de lazer necessitam de avaliação, considerando


os objetivos e metas propostos no início do projeto. As avaliações podem ser quantitativas
e/ou qualitativas. A avaliação também é importante para verificar os aspectos que foram
bem-sucedidos e os que precisam ser melhorados no que diz respeito às atividades propostas,
aprimorando, assim, a experiência profissional e a qualidade dos projetos que poderão ser
desenvolvidos futuramente.

69
Unidade II

• Análise do contexto atual.


• Limites e possibilidades.
Introdução • Justificativas.
(Por que fazer?) • Local e público-alvo.
• Contato prévio com o grupo.

• O que se pretende alcançar.


Objetivos e metas • Solução de problemas.
(O que fazer?) • Delimitar objetivos gerais e específicos.

• Descrever os grupos que serão atendidos


pelos projetos.
• Faixa etária.
• Interesses.
• Expectativas.
Público-alvo • Preferências.
• Outros dados relevantes, tais como gênero,
classe social, etnia etc.

• Descrever como os objetivos propostos


Metodologia e serão alcançados.
cronograma • Descrever passo a passo todas as ações.
(Como fazer?) • Organização cronológica dos passos pensados
para a execução completa do projeto.

• Quais os profissionais que


atuarão no projeto?
Recursos • Quantos serão?
humanos • Quais funções exercerão?
• Qual sua formação específica?

Materiais e •Materiais necessários.


serviços • Bens e serviços que permitem oferecer
as atividades propostas.

Orçamento e • Delimitar as fontes de recursos


fontes de de cada elemento de despesa.
• De onde os recursos serão
financiamento provenientes.

Figura 30 – Etapas do planejamento de um projeto de lazer

Saiba mais

Aprofunde o estudo com a leitura:

ZINGONI, P. Marco lógico: uma metodologia de elaboração, gestão e


avaliação de projeto social de lazer. In: PINTO, L. M. S. Como fazer projetos de
lazer: elaboração, execução e avaliação. Campinas: Papirus, 2008. p.13-32.

70
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

6.3 Lazer e animação sociocultural: áreas de atuação

O animador sociocultural poderá exercer sua atividade em diferentes âmbitos, conforme segue.

6.3.1 No setor público

Podemos considerar as ações e os equipamentos voltados para a ocupação do tempo livre da


população em geral, nos âmbitos municipais, estaduais e federal da esfera governamental, tais como:

• centros culturais;

• centros esportivos;

• centros comunitários;

• parques públicos;

• clubes recreativos urbanos e campestres;

• museus;

• oficinas;

• conservatórios públicos, entre outros.

Incluem-se ainda no setor público as ações desenvolvidas por:

• secretarias governamentais;

• fundações públicas;

• empresas e autarquias ligadas ao poder público municipal, estadual e federal nas áreas de:

— cultura;

— esportes;

— turismo;

— lazer;

— meio ambiente.

6.3.2 Nas escolas

Principalmente na iniciativa privada, as escolas estão desenvolvendo projetos de lazer a serem


realizados no próprio recinto escolar.

71
Unidade II

Lembrete

Como vimos, é preciso atuação e participação dos atores sociais para


que as escolas públicas possam conceber, na formação formal e informal,
atividades de lazer.

Além do uso e aproveitamento dos espaços e equipamentos, os animadores socioculturais podem


propor programações que possam mobilizar alunos e comunidades.

6.3.3 No setor privado

No setor privado, os animadores socioculturais podem atuar em:

• clubes;
• parques temáticos;
• livrarias;
• academias de dança.

Nos empreendimentos turísticos hoteleiros, podem atuar em:

• acampamentos de férias;
• hotéis;
• colônias de férias;
• cruzeiros marítimos.

Outro espaço que vem desenvolvendo o interesse em práticas de lazer e animação sociocultural é o
dos hospitais. A prática de atividades lúdicas e artísticas, como a música, contribui para a melhoria dos
pacientes que estão em tratamento médico, assim como atenua a permanência na rotina hospitalar.

Destacam-se, nesse sentido, diversas iniciativas bem-sucedidas, entre elas a dos Doutores da
Alegria, grupo pioneiro que visita e anima as alas infantis dos hospitais e conta com grande número de
colaboradores.

6.3.4 No Terceiro Setor

Além do setor público e do privado, as atividades de lazer podem ser desenvolvidas pelo
Terceiro Setor. Na década de 1990, o crescimento desse tipo de organização estava diretamente
ligado às transformações estruturais nos modos de organização das ações de assistência social,
pois tratava-se de uma nova concepção de como se fazer política, considerando e fortalecendo as
72
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

dimensões sociais ligadas à cultura e à vida comunitária, ou seja, um novo arranjo de organização
social entre sociedade civil e Estado.

Lembrete
Como vimos anteriormente, os marcos regulatórios favoreceram o
protagonismo político e social desempenhado pelas ONGs, tendo o lazer como
um elemento estratégico para o desenvolvimento de uma agenda política.

A criação de marcos regulatórios, como diretrizes, cartas, convenções, declarações e leis, teve
como propósito sensibilizar governos, não apenas de forma imediata, mas também a médio e a longo
prazo, sobre as questões e os benefícios do lazer. Nesse sentido, as ONGs desenvolvem projetos sociais
ligados ao esporte e às artes (música, dança, produção audiovisual) que têm como objetivos estimular o
desenvolvimento de indivíduos e comunidades por meio do lazer, para:

• estimular a vida ativa;


• estimular o desenvolvimento cognitivo e reduzir a ansiedade;
• difundir valores morais positivos e desenvolver comportamento socialmente valorizado;
• reduzir taxas de abandono escolar;
• reduzir delinquência e criminalidade.

Conforme dissemos, o lazer pode ser considerado um instrumento importante para a melhoria da
qualidade de vida individual e coletiva. O animador sociocultural tem a possibilidade de desenvolver
atividades que proporcionem benefícios aos mais diferentes públicos. A atuação do profissional é ampla
em órgãos públicos, privados e em organizações não governamentais.

Saiba mais
Consulte os livros a seguir para aprofundar os conhecimentos no assunto:
LOPES, T. B.; ISAYAMA H. F. Sobre o fazer técnico e o fazer político:
a atuação do profissional de lazer no serviço público municipal. Revista
Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 19, p. 87-99, 2011.
MARCELLINO, N. C. et al. Espaços e equipamentos de lazer em região
metropolitana: o caso da região metropolitana de Campinas. Curitiba:
Opus, 2007.
PINA, L. W.; RIBEIRO, O. C. F. Lazer e recreação na hotelaria. São Paulo:
Senac, 2007.

73
Unidade II

7 EXPERIÊNCIAS DO LAZER E DO ÓCIO NO BRASIL: ESTUDOS DE CASO

7.1 Lazer e esporte

Como sabemos, foram muitas as transformações que aconteceram na sociedade brasileira. Em


se tratando de lazer, foi no século XX que começaram a se desenhar novas relações com o tempo
do trabalho e fora dele nos grandes centros urbanos, principalmente por iniciativa de distintos
grupos sociais.

Entre 1850 e 1914, e posteriormente, entre 1927 e 1937, houve um aumento significativo da taxa de
industrialização. A mudança do sistema econômico introduziu novas formas e métodos de organização
do trabalho. Houve uma delimitação do tempo do trabalho, que foi sendo reduzido. Muitas horas
dedicadas ao trabalho apontavam para a necessidade de atividades recreativas como minimizadoras da
“desintegração fisiológica do homem”.

Aos poucos, as mudanças da paisagem já impunham desafios aos trabalhadores quanto ao tempo
fora do trabalho. A crescente concentração populacional possibilitou diversões populares, nem sempre
de acordo com os padrões da elite. A migração de trabalhadores que vinham do campo para a cidade
apresentava uma mão de obra nem um pouco familiarizada com as técnicas dos trabalhos exercidos
na indústria.

Tendo como parâmetro a influência europeia, vários setores da elite brasileira construíram uma
visão, a partir da ideia de que o trabalho era moralmente edificante, ligada à Igreja católica. Essa visão
criou os círculos operários, tendo como objetivo educar os trabalhadores na ordem da fé cristã por meio
de atividades ocupacionais como oficina de tricô e outros trabalhos manuais.

Os médicos também foram importantes nesse processo. A partir de 1930, surge a medicina do
trabalho, com técnicas de racionalização para otimizar a produção. Os profissionais da área médica
diagnosticavam a fadiga como uma das causas para o pouco rendimento do trabalhador e o aumento
da possibilidade de acidentes.

As origens da fadiga, os acidentes, as alterações do ritmo do trabalho e o descanso fora do trabalho


contribuíram para a relação desses fatores com a forma como esses trabalhadores se divertiam e
descansavam. Fortaleciam, ademais, as orientações dos donos das empresas sobre as atividades
recreativas favoráveis e desfavoráveis (excessos físicos) ao trabalho.

Surgiam, assim, a assistência social aos trabalhadores em muitas fábricas, incluindo o oferecimento
de atividades recreativas, esportivas e culturais.

Um exemplo disso foram os clubes de futebol organizados no chão das fábricas entre 1910 e 1920
na cidade de São Paulo. O Juventus, time de futebol do bairro operário da Mooca, surgiu nesse contexto.

Os operários frequentavam as sociedades recreativas dançantes,


engrossavam com sua presença os clubes de futebol, gostavam de bailes e de
74
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

casas de jogo e apostas. Muitos dos bairros operários tinham seus times
de futebol ou associações esportivas, os clubes de várzeas, sendo muitos
deles vinculados a fábricas e empresas. Alguns nomes de times de futebol
ou sociedades esportivas: Fabrica Santana, Gasômetro F. C., Esportiva Casa
Pratt, Maria Zelia F. C. etc. (DECCA, 1987, p. 42).

Os clubes dos trabalhadores eram considerados mais do que um espaço para a prática do futebol:
eram locais para o estabelecimento de relações sociais e de comunicação. Era nas sedes sociais dos clubes
que os associados, acompanhados de seus familiares, participavam das atividades de lazer, como bailes,
piqueniques, excursões, festas de final de ano, assim como se comunicavam e trocavam informações
sobre o clube e o cotidiano de suas vidas.

As vilas operárias constituíram outra forma de habitação popular da virada


do século na cidade de São Paulo. Muitas grandes indústrias possuíam vilas
em suas proximidades ocupadas pelos trabalhadores. As mais conhecidas
situavam-se nos bairros do Brás e [da] Mooca, construídas pela Fábrica
Santana, Álvares Penteado, Francisco Matarazzo e Crespi (ROSA, 2005, p. 3).

Em contrapartida, as empresas, ao investirem no grêmio dos trabalhadores, exigiam a prestação de


contas, como forma de controle, dos clubes que estavam subsidiando. Formavam-se, assim, as diretorias,
cujos membros eram responsáveis pelo gerenciamento das atividades.

Era comum também que o dono ou os altos funcionários das indústrias que mantinham os clubes
ocupassem posições de destaque ou recebessem títulos de “presidente de honra” como reconhecimento
pelos benefícios prestados.

Saiba mais

AGOSTINO, G. Vencer ou morrer: futebol, geopolítica e identidade


nacional. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.

DECCA, M. A. G. A vida fora das fábricas: cotidiano operário em São


Paulo. 1920-1934. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

No Brasil, no intenso processo de industrialização, entre 1935 e 1938, discutiam-se a organização da


educação industrial e novas estratégias de racionalização do trabalho envolvendo como benefícios ao
trabalhador assistência técnica, moradia, educação, cuidados domésticos e serviços de recreação e lazer.

Surge posteriormente, em 1942, o Serviço Nacional da Aprendizagem Social (Senai), que, além da
formação para o trabalhador da indústria, oferece diversas atividades, entre elas manuais, esportivas e
de formação moral e cívica.

75
Unidade II

Três anos depois, em 1945, realiza-se, na cidade de Teresópolis, a Primeira Conferência das Classes
Produtoras, que reúne mais de 700 associações de todo o País e culmina na criação de um fundo
social para ser investido em atividades que possam beneficiar os trabalhadores. Em 1946, organiza-se
formalmente a criação dos Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Comércio (Sesc).

Essas organizações têm como princípio atuar no tempo fora do trabalho. Dentre as atividades
desenvolvidas pelo Sesi, destacamos:

• atividades de lazer;
• esporte;
• jogos operários;
• segurança no trabalho;
• nutrição;
• literatura;
• economia doméstica.

Tanto Sesi quanto Sesc, independentemente da ênfase da programação, são organizadores de lazeres
que têm como objetivo o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e moral de seus trabalhadores.
Atualmente as entidades oferecem:

• teatros;
• clubes;
• bibliotecas;
• colônias de férias
• equipamentos e atividades esportivas.

Além dessas iniciativas, a ideia de atividades de lazer e recreação também seriam assumidas pelo
poder público. Assim, em 1943, surgiu o Serviço de Recreação Operária, que funcionou até 1964.

Saiba mais
Visite os sites do Sesi e do Sesc:
<http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/>.
<http://www.sesc.com.br/>.

76
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Na mesma década, são criados os marcos legais das políticas voltadas ao esporte. Na década de 1990,
há uma progressão sutil por meio da criação da Secretaria dos Desportos da Presidência da República,
que posteriormente origina o Ministério dos Esportes, em 2003.

Inicialmente, a estrutura estatal está voltada às políticas de esportes e lazer como instância de
regulação. Posteriormente, surgem programas como o Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc), que
atua nacionalmente em situações e realidades de vulnerabilidade social. Com o objetivo de democratizar
o acesso ao lazer, o programa tem tentado suprir as carências de ações públicas para as demandas
mais importantes para crianças, jovens, adultos, idosos e portadores de deficiência. Dentre as atividades
desenvolvidas, destacamos:

• oficinas culturais;
• oficinas artísticas;
• oficinas esportivas;
• implantação de brinquedotecas;
• salas de leitura
• projeções;
• debates;
• eventos dos mais variados tipos.

Figura 31 – Logotipo do Programa Esporte e Lazer na Cidade

Contudo, apesar das ações, ainda são restritos os investimentos do Ministério nesse programa.
Segundo Almeida e March Júnior (2010), infelizmente 80% de todo o recurso destinado à pasta de
77
Unidade II

atividades esportivas são gastos com esportes de alto rendimento, apoio e financiamento de atletas e
equipes esportivas, eventos internacionais e construções esportivas.

Apesar das restrições para o programa, podemos avaliar positivamente a iniciativa. O programa
Esporte e Lazer na Cidade, do Governo Federal, apesar das dificuldades, representa uma conquista, mesmo
que tímida, para o esporte recreativo e de lazer. Ainda necessita, contudo, de iniciativas de práticas
esportivas comunitárias, assim como é necessário reivindicar a ampliação dos recursos destinados, para
que possam proporcionar impactos positivos.

Saiba mais

Obtenha mais detalhes sobre o Pelc acessando:

BRASIL. Ministério do Esporte. Projeto Esporte e Lazer da Cidade. Brasília,


[s.d.]. Disponível em: <http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/
esporte-educacao-lazer-e-inclusao-social/esporte-e-lazer-da-cidade/
programa-esporte-e-lazer-da-cidade-pelc>. Acesso em: 24 nov. 2015.

7.2 Lazer e cultura

Além do esporte, as atividades culturais desenvolvidas em nosso País têm contribuído para o lazer
e a qualidade de vida da população. Embora nem todos tenham ainda acesso aos bens culturais, há
interesse por parte das pessoas em experimentar atividades culturais fora do lar.

Para se ter uma ideia, em 2014, foi realizada a pesquisa Público de Cultura (SESC, 2013), para
compreender e criar cenários sobre o comportamento de consumo e da produção cultural com relação
à atividade de lazer.

A pesquisa foi realizada pelo Sesc em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Ela fez 2.400
entrevistas, na área urbana de 25 estados das cinco regiões brasileiras, em 139 pequenos, médios e
grandes municípios.

Os resultados da pesquisa são muito interessantes. A maioria dos entrevistados se declarou branca e
parda. A maior parcela não está estudando e é composta por pessoas que completaram o Ensino Médio
ou Superior, seguida pelas pessoas que possuem Ensino Fundamental incompleto.

Quanto aos aspectos relacionados ao trabalho, a maior parte dos pesquisados está inserida
na População Economicamente Ativa (PEA). Um fato que chamou particularmente a atenção foi
a porcentagem de inativos (aposentados, donas de casa e desempregados): quatro em cada dez
entrevistados estão em uma dessas situações.

78
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Outro aspecto relevante são as pessoas que estão no mercado informal (assalariados sem carteira
assinada). Entre os empregados formalmente, destacam-se assalariados com carteira assinada, servidores
públicos e autônomos que recolhem ISS. Mais de sete em cada dez pessoas que participaram da pesquisa
trabalham nos ramos de comércio (29%) e serviços (45%).

Já o perfil socioeconômico revelado pela pesquisa indica que mais da metade dos entrevistados
está inserida nos chamados estratos médios (EM), cuja renda mensal per capita corresponde a um valor
entre R$ 290,00 e R$ 1.018,00. É significativa a proporção de pessoas em altos estratos médios (20%) e
estratos altos (16%) concentradas nas Regiões Sul e Sudeste.

De acordo com o levantamento, 73% das pessoas ascenderam e conquistaram maiores níveis de
escolaridade que seus pais. A maior parte dos entrevistados é casada (54%) e é seguidora de alguma
religião: 57% se declararam católicos, e 28%, evangélicos.

Com relação aos hábitos de lazer, aproximadamente a metade afirmou que em seu tempo
livre de final de semana se dedica a atividades dentro de casa e/ou pratica alguma atividade de
lazer/entretenimento, como ir a restaurantes, a shoppings, sair com os amigos etc. Já durante a
semana (de segunda a sexta), as atividades de lazer exercidas dentro de casa são as apontadas por
66% dos entrevistados.

Considerando o total de horas gastas em atividades ao longo da semana, destacam-se:


cuidados pessoais com a própria saúde, incluindo tempo para repor o sono, alimentação, trabalho
remunerado, assistir à TV, deslocamento de um lugar para o outro. Já durante o final de semana,
a presença da TV se destaca, seguida de afazeres domésticos, passeio e trabalho remunerado.
Destaca-se também que 31% dos entrevistados exercem trabalho remunerado aos finais de
semana.

Ainda conforme a pesquisa, os entrevistados consideram as viagens e a companhia da família as


atividades mais valorizadas.

Já quando perguntada sobre quais atividades gostaria de fazer se pudesse escolher livremente, sem
a preocupação com tempo, dinheiro e permissão, mais da metade das pessoas citou o desejo de viajar,
de permanecer na companhia da família (41%), de cuidar de si (24%) e a intenção de descansar e não
fazer nada (18%).

Dentre os principais locais visitados quando se deseja fazer alguma atividade cultural aos finais
de semana, destacam-se: shoppings, cinemas, parques, igrejas, teatros, restaurantes e outros espaços
de alimentação, e praças.

A maior parcela dos entrevistados se dedica, nos lugares citados, à atividade de entretenimento, às
atividades culturais e à participação em atividades esportivas e religiosas. Destaca-se, na pesquisa, que
na percepção de 51% das pessoas entrevistadas, nenhuma atividade cultural é feita aos fins de semana.
Essa proporção chega a 85% durante a semana, de forma que a principal atividade cultural citada é
frequentar a igreja e outros espaços religiosos.
79
Unidade II

Dentre os entrevistados, se pudessem escolher, 60% fariam alguma atividade cultural no fim de
semana, e outros 50%, nos dias de semana. Entre os locais escolhidos para essas atividades, foram
citados: cinemas, teatros, parques, praças e shopping centers.

Ainda conforme a pesquisa, foi possível verificar que ainda é pequeno o leque de atividades culturais
realizadas pelos entrevistados: 89% nunca foram a um concerto de ópera ou música clássica em sala
de espetáculo, 75% nunca estiveram em espetáculos de balé ou dança no teatro, 71% nunca estiveram
em uma exposição de arte (pintura, escultura e outros) em museus ou outros locais e 70% nunca
frequentaram uma exposição de fotografia. Além desses dados, a maioria dos entrevistados (61%)
afirmou nunca ter realizado atividades como ir a uma peça de teatro ou a um show de música (57%).
Por outro lado, 91% já assistiram a um filme em casa ou em outro local diferente de salas de cinema,
80% já dançaram em bailes e baladas, 78% já estiveram no cinema, e 72% no circo, 77% já assistiram a
um show de música em casa ou outro local diferente de casas de espetáculo, 69% já leram um livro por
prazer e 58% já foram a uma biblioteca.

As razões apresentadas para a não realização das atividades se equilibram entre a falta de gosto por
determinadas atividades e sua não existência na cidade do entrevistado. Os principais meios pelos quais
os pesquisados se informam sobre as atividades culturais a que costumam ir são as sugestões de amigos,
parentes e colegas (41%), divulgação na mídia (36%) e internet (25%).

Quando questionados sobre a primeira atividade cultural com a qual tiveram contato (ainda na
infância ou mais tarde), os entrevistados indicaram o circo (29%), o cinema (16%) e o teatro (11%).

Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo Sesc, é pequena a proporção de pessoas que
desenvolvem algum tipo de produção: 15% cantam, 13% dançam individualmente ou em grupo, 10%
tocam algum tipo de instrumento musical, 7% fazem fotografia, 5% praticam pintura, escultura ou
desenho e somente 4% fazem algum tipo de escrita criativa ou compõem músicas.

A pesquisa, no que toca aos gostos musicais, revela que a maioria das pessoas entrevistadas
apontam gostar de observar os principais elementos culturais e artísticos presentes em uma cidade,
como parques (89%), arquitetura (73%), luzes decorativas e artísticas (70%), monumentos e estátuas
(68%), propaganda e publicidade (54%) e grafites e murais (41%).

Já com relação aos gostos musicais, os gêneros citados foram: sertanejo, MPB, Forró,
Gospel e Pagode. Entre as danças, as mais citadas foram forró, dança de salão, samba e street
dance/rap. Com relação ao teatro, o gênero preferido é comédia, e os principais tipos de
apresentação são o circo, as comédias stand up e os teatros de bonecos; 26% dos entrevistados
afirmaram que não gostam de exposições artísticas, e outros 26% citaram que não sabem o que
é uma exposição ou nunca foram a uma.

Sobre os hábitos de leitura, 58% dos entrevistados não leram nenhum livro nos últimos seis meses, e
os que leram possuem uma média de 1,2 livros lidos nesse período. Dos livros mais citados, destaca-se,
depois de romance, a Bíblia.

80
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Já com relação ao hábito de ver televisão, 62%, afirmam assistir aos canais abertos e 28%
assistem tanto à TV por assinatura quanto à TV aberta. Os principais produtos culturais vistos na
TV são novelas (54%), filmes (52%) e jornais de notícias (44%). Já entre os filmes prediletos, foram
apontados os de aventura (39%), comédia (38%) e romance (29%), tendo como preferência o
cinema americano (45%), em detrimento do cinema nacional (33%); 65% das pessoas veem filmes
nacionais de vez em quando, enquanto 22% assistem sempre; 14% dos entrevistados afirmaram
nunca terem assistido.

Com relação aos meios de comunicação, a TV aberta é tida como principal meio de adquirir informação
sobre o que acontece nos âmbitos da cidade, do país e do mundo. A TV aberta se destaca em todas as
regiões do Brasil, embora tenha menos força na Região Sul.

A internet foi apontada como um dos meios mais utilizados para a obtenção de informações por
um terço dos entrevistados, principalmente as pessoas situadas nos estratos de renda acima de cinco
salários mínimos. Posteriormente, destacam-se as conversas entre amigos, rádio, jornais impressos e
TV por assinatura. Pouco mais da metade das pessoas pesquisadas afirmou que usa o computador e a
internet em sua residência. O uso do computador é voltado tanto ao entretenimento quanto à pesquisa:
conhecer pessoas e entrar em salas de bate-papo (35%), buscar notícias (28%), utilizar sites de busca
(22%) e enviar e-mails ou mensagens (14%).

Outro dado revelado pela pesquisa é que pouco mais de oito em cada dez pesquisados possuem
telefone celular, mas ainda são poucas as pessoas que usam o aparelho para outras modalidades que
não fazer e receber ligações telefônicas: usar SMS (34%), fotografar/filmar (17%), usar a internet (17%),
ouvir música (16%), conectar-se às redes sociais (12%) e jogar jogos (18%).

Saiba mais

Os dados detalhados e a apresentação dos gráficos podem ser acessados


através do link:

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO (SESC). Públicos de cultura: pesquisa


de opinião pública. 2013. Disponível em: <http://www.sesc.com.br/wps/
wcm/connect/cac99ed0-4052-406b-a0ac-d92fcade0737/sintese_brasil.
pdf?MOD=AJPERES&CONVERT_TO=URL&CACHEID=cac99ed0-4052-
406b-a0ac-d92fcade0737>. Acesso em: 24 nov. 2015.

81
Unidade II

7.3 Festas tradicionais

Figura 32 – Festa junina no Nordeste

Outro aspecto interessante quando nos referimos ao lazer é compreendê-lo a partir da vertente
popular da cultura.

Como sabemos, a cultura é dinâmica e contínua e varia conforme o espaço e o tempo. A cultura
é a expressão de crenças, valores, costumes, conhecimentos e criações artísticas. Ela é acumulada
pelos membros de uma sociedade e transmitida socialmente de geração em geração, originalmente
ou modificada.

A cultura popular, ou espontânea, refere-se às manifestações de caráter coletivo, marcada de forma


pela espontaneidade e pelo cotidiano, e relaciona-se com os modos de vida, saberes e fazeres, tais como:

• alimentação;

• crenças;

• habitação;

• divisão de tarefas;

• práticas de cura, entre outras expressões.

Dentre várias expressões da cultura popular, destacam-se as festas, consideradas como


elementos fundamentais para compreender a mentalidade e o simbolismo do povo. Em nosso
País, particularmente, as festas com a participação popular estão presentes em todas as regiões,
resistindo e negociando com o contexto global, caracterizando uma das expressões mais criativas
da cultura brasileira. Para Rita Amaral (1998), as festas nas diferentes cidades do País revelam
múltiplos sentidos, tais como:
82
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

• organização popular;

• expressão artística;

• ação social;

• expressão de identidade cultural;

• afirmação de valores.

As festas foram muito utilizadas pelos colonizadores portugueses como um instrumento didático
e de catequização para a implantação da religião católica em nosso País, e meio de inserção social.
A festa é uma importante mediação simbólica na cultura dos povos. Ela é caracterizada por reunir
simultaneamente o sagrado e profano.

As festividades foram se tornando cada vez mais populares, pois agrupavam outras expressões, como
dança, fantasias, músicas, personagens. Elas apresentam duas dimensões: divertimento e compromisso.
As festas rompem com a rotina diária, muitas vezes no decorrer do ano, no que diz respeito tanto à
organização quanto à participação.

A festa, em todas as suas diferentes modalidades e em seus múltiplos


significados e contextos, tem em comum o fato de criar um espaço essencial
para fortalecer e nutrir a rede das relações sociais, a parte humana vital da
chamada “teia da vida”. A Festa – esses eternos rituais que acompanham
o homem em momentos suspensos, extraídos da linearidade do tempo
cotidiano – tem muitas modalidades, mas seja qual for sua forma de
expressão, os momentos de lazer proporcionados por ela têm sempre um
caráter participativo e a forma de convivialidade como cria, reforça e
nutre os laços sociais. O tempo vivido na festa é um tempo extraído do
cotidiano porque cria um envolvimento que permite um distanciamento
das preocupações, especialmente aquelas decorrentes do trabalho e/ou [do]
medo subjacente de perdê-lo (BUENO, 2008, p. 52).

São muitas as expressões da cultura popular brasileira, porém utilizaremos como exemplo o fandango
caiçara, presente em muitas festas nas comunidades caiçaras brasileiras.

Brevemente, podemos dizer que o fandango caiçara é uma expressão que interage nas festividades
da cultura popular nas regiões litorâneas dos Estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Paraná. É um
elemento essencial na construção e afirmação da identidade cultural das comunidades caiçaras, fortalecendo
a articulação, a resistência, a identidade e a manutenção de suas práticas culturais.

O fandango é uma manifestação cultural e tem como características as cantigas e os versos


improvisados pelos fandangueiros, que também recriam as letras de acordo com acontecimentos do
cotidiano, ou provenientes de repertórios tradicionais.
83
Unidade II

Originalmente, o fandango está ligado à organização do trabalho coletivo (mutirão), no qual o dono
da terra a ser trabalhada convoca a comunidade para auxiliá-lo. Vizinhos e “camaradas” se reúnem para
ajudar a erguer uma casa, varar uma canoa, fazer lanço de tainha, ou ajudar nos preparativos para um
casamento. Após a tarefa, realizam-se os bailes, que são acompanhados de mesas fartas (pratos à base
de peixe, mariscos, farinha de mandioca e de milho, carne de caça, doces, cachaças curtidas em ervas
ou com melado).

As comunidades caiçaras comemoram, com fandango, aniversários, casamentos, batizados e festas


religiosas. Nesses encontros, a comunidade atualiza as notícias e reforça as relações de parentesco, a
convivência entre o grupo formado por tocadores e dançadores. A comunidade mantém a memória
e a prática das diferentes músicas e danças, bem como a continuidade do conhecimento musical em
torno do fandango e sua evolução.

7.4 Jogos, brinquedos e brincadeiras

Figura 33 – Crianças brincando

Além das festas, o lazer na cultura popular também é marcado pela presença de jogos, brinquedos
e brincadeiras.

De acordo com Gaspar e Barbosa (2007), esses elementos infantis possibilitam uma série de benefícios
paras as crianças como atividades de lazer e recreação:

• socialização;
• colaboração;
84
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

• desenvolvimento da imaginação;
• melhor compreensão do mundo a sua volta.

Contudo, devido às constantes mudanças e principalmente àquelas oriundas da constante evolução


tecnológica, as brincadeiras e os jogos infantis populares vêm sendo substituídos pela televisão, pelo
computador e pelos jogos eletrônicos.

A verticalização das cidades, assim como a redução do espaço e a violência, são fatores que
ameaçam essas expressões. Há algum tempo, nas mais diferentes cidades brasileiras, era comum
encontrar crianças brincando e jogando tranquilamente nas ruas com os mais variados tipos de
brinquedos e brincadeiras. Apesar das dificuldades, fizeram e ainda fazem parte da realidade
de muitas crianças:

• amarelinha;
• bola de gude;
• esconde-esconde;
• boca de forno;
• passarás;
• queimada;
• quebra-panela.

Em muitos espaços como equipamentos culturais e na escola, é possível verificar atividades que
visam a resgatar e ressignificar essas e outras brincadeiras para as gerações mais novas, com o sentido
de oferecer uma experiência lúdica, positiva e de contato com a cultura brasileira.

Saiba mais

Leia mais sobre o tema acessando:

SÃO PAULO (Estado). Biblioteca Virtual do Governo do Estado de


São Paulo. Cultura e folclore paulista: brincadeiras e brinquedos. 2015.
Disponível em: <http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/temas/sao-paulo/
cultura-e-folclore-paulista-brincadeiras-e-brinquedos.php>. Acesso em:
24 nov. 2015.

85
Unidade II

8 NATUREZA, SOCIEDADE E TURISMO

Figura 34 – Turismo em áreas naturais

A evolução da atividade turística remonta à própria trajetória histórica da sociedade. Gregos e


romanos, por exemplo, já realizavam viagens para aproveitar atividades culturais e artísticas, além de
eventos, como os primeiros Jogos Olímpicos, realizados no século VIII a.C.

No período do Renascimento, entre os séculos XVI e XVII, houve registros de viagens turísticas
pela Europa, efetuadas por jovens que buscavam ampliar seus conhecimentos acerca de distintas
manifestações culturais.

O turismo organizado, entretanto, surge na Revolução Industrial, que marcou a Europa não só pelo
surgimento dos grandes centros urbanos, mas também pela degradação ambiental. As conquistas do
tempo livre e dos direitos trabalhistas por parte dos operários contribuíram para a busca de atividades
de lazer, dentre elas o turismo. Além desses fatores, ocorreu também o surgimento da classe média, que
emergiu nesse período, propiciando o aumento do consumo e das viagens. Todos esses fatores, por sua
vez, contribuíram para os danos ao meio ambiente.

A evolução dos meios de transporte contribuiu significativamente para o crescimento da atividade


turística no século XX. O apogeu do fenômeno foi alcançado entre as décadas de 1970 e 1980, o que
propiciou o crescimento desordenado da atividade e fez aumentar de forma assustadora uma série de
problemas ambientais, como:

• poluição do ar;

• poluição das águas;

• ausência de saneamento básico.

86
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

A necessidade humana de proximidade com a natureza, assim como a busca de um modelo de


desenvolvimento turístico de forma sustentável, fez com que a Organização Mundial do Turismo (OMT)
propusesse diretrizes para o ecoturismo,

[São diretrizes para o ecoturismo] todas as formas de turismo em que a


motivação principal do turista é a observação e a apreciação da natureza,
de forma a contribuir para a sua preservação e conservação e minimizar
impactos negativos no meio ambiente natural e sociocultural onde se
desenvolve (OMT, 1994).

Esse segmento da atividade turística tem como conceitos básicos e determinantes:

• desenvolvimento sustentável;

• educação ambiental;

• envolvimento das comunidades locais.

Segundo a World Travel & Tourism Council (WTTC, 2012), o turismo é o setor que apresenta o
maior crescimento. A estimativa, de acordo com o órgão, é de que, até 2023, exista um crescimento
anual de 2,4% ao ano na área. Uma das razões para essa perspectiva de aumento está relacionada
aos seguintes fatores:

• reconhecimento ainda maior do lazer para uma melhor qualidade de vida;

• maior interesse da população em expandir seus conhecimentos, procurando novas experiências


significativas e contato com novas culturas e novos lugares.

Ao procurar a atividade turística como principal atividade do lazer, segundo a Associação Brasileira
das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA, 2010) o perfil do viajante está relacionado
às seguintes motivações:

• paz e tranquilidade (descansar, relaxar, contemplar);

• socialização (conhecer diferentes pessoas);

• união de casal (romantismo e privacidade);

• exploração e descobertas (conhecer novos lugares e estilos de vida);

• fuga (da família, do trabalho, do estresse, da rotina);

• proatividade (saúde, bem-estar, condicionamento físico);

87
Unidade II

• liberdade (de horários e responsabilidades);

• união familiar (momentos com os filhos, resgate de memórias).

Dentre os principais destinos no Brasil e no mundo, destacamos:

• Amazônia;

• Pantanal;

• Bonito;

• Fernando de Noronha;

• Parque Nacional de Iguaçu;

• Brotas;

• Vale do Ribeira;

• Estados Unidos;

• Nova Zelândia;

• Costa Rica;

• Quênia.

A Associação Mundial de Recreação e Lazer conta com uma comissão permanente sobre turismo e
meio ambiente que tem como objetivos:

• fornecer uma rede de comunicação sobre as relações entre lazer, turismo e meio ambiente para os
membros participantes;

• desenvolver iniciativas que pesquisem mais a fundo as inter-relações de lazer, recreação, turismo
e meio ambiente;

• servir como um mecanismo de defesa para políticas e programas na associação mundial.

Com relação principalmente ao lazer na cultura popular e suas relações com o turismo, essas
atividades podem contribuir não só para a qualidade de vida, mas também favorecer as experiências
subjetivas e individuais ligadas ao ócio.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Os benefícios tanto do lazer quanto do ócio só poderão ser ameaçados se o lazer for visto apenas
como mais um produto para consumo, levando os indivíduos à alienação.

Observação
A alienação está vinculada à fragmentação e também à perda de
consciência do sujeito. Ao propor atividades de lazer e ócio alienantes e
pautadas somente pela lógica do consumo, o sujeito deixa de ser o centro
de si e passa a ser comandado; como consequência, perde a sua consciência
crítica sobre o mundo e a sociedade na qual está inserido. Além disso, perde
também a sua individualidade, não conseguindo, portanto, pensar por si.

Resumo
Esta unidade abordou que o lazer como área de estudos e pesquisa
surge no final do século XIX, com alguns trabalhos importantes, como os de
Paul Lafargue. Além desses trabalhos, começam a acontecer alguns eventos
importantes, principalmente após a Primeira Guerra Mundial, como as
conquistas trabalhistas obtidas nesse período.

Aos poucos, os estudos do lazer começam a buscar novas conotações


e objetos de estudo, não só analisando como as pessoas usam o seu
tempo livre, mas também avaliando programas e espaços voltados para
a prática do lazer. Essas mudanças favorecem os estudos empíricos da
área, assim como a importância do lazer e suas implicações na família, na
religião e na educação.

Surgem estudos e pesquisas voltados para os impactos econômicos da


área, como a geração de emprego e a ativação da cadeia produtiva tanto
em nível local quanto regional. Aparecem, além disso, estudos abordando
a dimensão social e/ou coletiva do lazer, considerando gênero, classe e
envolvimento ativo dos sujeitos.

No Brasil, os estudos de lazer começam efetivamente no final da


década de 1960 e início da década de 1970. Tanto os estudos quanto as
iniciativas de lazer como Sesc e Celar tiveram influência do pesquisador
Jofre Dumazedier, que participou de muitos eventos e desenvolveu suas
pesquisas com outros estudiosos brasileiros, que seguiram a sua trilha de
conhecimento – caso de Luiz Octávio de Camargo, por exemplo. Destacam-se,
além disso, as contribuições de José Acácio Ferreira, Renato Requixa, Sarah
Bacal, entre outros.

89
Unidade II

O lazer como possibilidade de estudo é interdisciplinar, pois possibilita


diferentes olhares e reflexões sobre as mais diferentes áreas, devido a sua
amplitude e complexidade: Sociologia, Educação Física, Turismo, Psicologia etc.

Nelson Carvalho Marcellino, ao longo do desenvolvimento de toda a


sua obra, que se constitui como importante referência dos estudos do lazer
no Brasil, alerta que é necessário um equilíbrio entre os quatro eixos que
norteiam a formação para o lazer (teoria do lazer; relatos de experiências
refletidas; vivências de conteúdos culturais; políticas e diretrizes), assim como
é necessário haver novas abordagens para estudos e pesquisas.

O lazer tem um duplo aspecto educativo: educar para o lazer e o


lazer como veículo de educação. A educação para o lazer tem como
princípios formar pessoas para viver o seu tempo disponível de forma
positiva, conhecendo a si e a sociedade à qual pertencem. Já o lazer como
veículo de educação pode ser implementado dentro e fora da escola, por
meio de atividades culturais e esportivas que possam envolver alunos e
comunidades. Dentre os documentos importantes sobre esses aspectos,
destaca-se a Carta Internacional de Educação para o Lazer (ASSOCIAÇÃO
MUNDIAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 2002).

É fundamental ter em vista a importância do animador sociocultural,


principalmente com relação aos objetivos, características e desenvolvimento
do lazer que visem à facilitação, conscientização, catalisação e promoção
da participação dos diferentes sujeitos.

Faz-se necessário também conhecer as etapas para o desenvolvimento


de projetos para o lazer (introdução, objetivos, metas, público-alvo,
metodologia, cronograma, recursos humanos, materiais e serviços,
orçamentos e fontes de financiamento).

Assim como na Europa, o período de industrialização em nosso País,


ocasionado no final do século XIX e no século XX, trouxe uma série de
mudanças na paisagem e na dinâmica da vida dos operários.

Surge uma série de iniciativas sociais para os trabalhadores,


oferecendo-lhes atividades esportivas e culturais. As empresas tinham
interesse não só em conhecer como seus trabalhadores se divertiam, mas
também orientar quais atividades recreativas poderiam ser exercidas por
eles. Por exemplo, muitos times de futebol na cidade de São Paulo surgiram
nos chãos das fábricas. Posteriormente, na década de 1940, surgem o Sesi
e o Sesc, que tinham como objetivo oferecer atividades fora do ambiente
do trabalho, como lazer, esporte, jogos, segurança, nutrição, literatura e
economia doméstica.
90
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

Dentre as iniciativas mais recentes em termos de políticas públicas para


o lazer, destaca-se o Pelc, presente em várias cidades brasileiras e voltado
para crianças, jovens, adultos, idosos e portadores de deficiência.

Além do esporte, destacam-se as atividades culturais. Em 2014, o Sesc e


a Fundação Perseu Abramo realizaram uma pesquisa que revelou aspectos
interessantes para que sejam repensados propostas e projetos voltados
para o lazer e a cultura.

O lazer mantém relação com a cultura popular; daí, por exemplo, a


importância das festas tradicionais, assim como dos jogos, brinquedos e
brincadeiras populares, atividades que colaboram com a sociabilização, a
colaboração e o senso comunitário.

Finalmente, é vital lembrar a importância da atividade turística em


áreas naturais, a necessidade de contato com a natureza e as principais
motivações que despertam o interesse pelo lazer por meio do turismo
na natureza e pelas viagens aos principais destinos turísticos do Brasil
e do mundo.

Exercícios

Questão 1. (Enade 2013, adaptada) Uma empresa de grande porte da área de produtos alimentícios
instalada em uma pequena cidade de interior é responsável por parte da economia local, empregando um
número expressivo de habitantes da cidade nos setores de produção, embalagem, estoque e distribuição.
Consciente de sua responsabilidade social, a empresa decide criar um programa de qualidade de vida
para seus empregados. Para tanto, contrata diferentes profissionais, pois entende que há necessidades
específicas em cada setor. Um profissional de Educação Física é convidado a integrar a equipe
multidisciplinar e desenvolver o projeto pretendido. Nessa situação, são ações que um profissional de
Educação Física pode desenvolver de forma a contribuir efetivamente com a melhoria da qualidade de
vida dos empregados da empresa:

I – Identificar grupos de interesse em diferentes práticas corporais e, a partir de então, estabelecer


as ofertas de atividades físicas coletivas para que, dessa forma, ocorra maior aderência dos empregados
às práticas.

II – Propor sessões semanais de ginástica laboral utilizando série padronizada de alongamento para
que os empregados de todos os setores possam realizá-la de forma correta.

III – Organizar campeonatos esportivos exigindo índices de rendimento compatíveis com competições
da região onde vivem os empregados, a fim de que aqueles que representam a empresa em eventos
esportivos possam ser treinados.

91
Unidade II

IV – Criar estratégias de comunicação (campanhas, palestras ou divulgação nos e-mails) para


disseminar orientações regulares sobre a postura corporal adequada, fatores de risco e sedentarismo a
ser adotada em cada setor da empresa.

V – Promover eventos de recreação e lazer, buscando integrar os empregados e seus familiares,


levando em consideração a cultura corporal local na escolha das atividades propostas.

Escolha a alternativa correta:

A) Somente as afirmações I, II e III estão corretas.

B) Somente as afirmações I, III e IV estão corretas.

C) Somente as afirmações I, IV e V estão corretas.

D) Somente as afirmações II, III e V estão corretas.

E) Somente as afirmações II, IV e V estão corretas.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: a identificação do interesse dos grupos é fundamental para a aderência dos empregados
às práticas.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: esta proposição de sessões semanais de ginástica laboral e as séries padronizadas de


alongamento em todos os setores criariam monotonia, dificultariam a aderência dos empregados às
práticas e não levariam em conta que cada setor tem a sua característica.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a organização de campeonatos esportivos com exigência de índices de rendimento


compatíveis com competições não é uma boa estratégia para melhorar a qualidade. Há empregados que
têm interesse em competições e campeonatos.

IV – Afirmativa correta.

Justificativa: a criação de estratégias (campanhas, palestras ou divulgação nos e-mails) são boas
estratégias de para disseminar orientações regulares sobre a postura corporal adequada, fatores de risco
e sedentarismo a ser adotada em cada setor da empresa e, assim, melhorar a qualidade de vida.
92
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA

V – Afirmativa correta.

Justificativa: promover eventos de recreação e lazer buscando integrar os empregados e seus


familiares, levando em consideração a cultura corporal local na escolha das atividades propostas são
boas estratégias para melhorar a qualidade de vida.

Questão 2. (Enade 2010, adaptada) “A implementação da educação para o lazer na comunidade


inclui o processo de desenvolvimento comunitário. Comunidade é definida como lugar geográfico e
agregado de interesses que tem afinidade e interconexão mútuas. O desenvolvimento comunitário
refere-se a um processo que utiliza o ensino formal, o informal e o não formal, bem como a liderança
para aumentar a qualidade de vida dos grupos que vivem na comunidade”. (Carta internacional de
Educação para o lazer. Associação Mundial de Recreação e Lazer – World Leisure and Recreation
Association – WLRA, 2002).

A partir dessa citação, analise as afirmações que se seguem.

I – A educação para o lazer deve estimular a organização autogerida de comunidades, com o objetivo
de desenvolver a capacidade de pessoas ou grupos e melhorar sua qualidade de vida.

II – Projetos de lazer devem trabalhar com grupos comunitários existentes, para minimizar as
barreiras e otimizar o acesso aos serviços de lazer.

III – Liderança e orientação permanentes do profissional de Educação Física são necessárias para que
grupos comunitários se capacitem para propor formas que atendam aos seus interesses de lazer.

IV – As políticas de lazer comunitárias devem estimular a abrangência, respeitando a existência de


grupos multiculturais, raciais, sexuais, etários e de habilidades na sociedade.

Aponte a alternativa correta:

A) Somente as afirmações I e II são corretas.

B) Somente as afirmações I, II e III são corretas.

C) Somente as afirmações I, II e IV são corretas.

D) Somente as afirmações II, III e IV são corretas.

E) As afirmações I, II, III e IV são corretas.

Resolução desta questão na plataforma.

93
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

873610. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/873610>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 2

26048. Disponível em: <http://openphoto.net/gallery/image/view/26048>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 3

12399. Disponível em: <http://openphoto.net/gallery/image/view/12399>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 4

921351. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/921351>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 5

181928. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/181928>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 6

901127. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/901127>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 7

120746. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/120746>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 8

939760. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/939760>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 9

924590. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/924590>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 10

849151. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/849151>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 11

82894. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/82894>. Acesso em: 11 jan. 2016.


94
Figura 12

953214. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/953214>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 13

858140. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/858140>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 14

102014. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/102014>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 15

CONIC%20029.JPG. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/


files/gallery_assist/26/gallery_assist668836/prev/Conic%20029.jpg>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 16

08112010-03.11.2010WDO9190.JPG. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_


agenciabrasil/files/gallery_assist/29/gallery_assist664908/prev/08112010-03.11.2010WDO9190.jpg>.
Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 17

653595. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/653595>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 18

UFF-ABRE-PRIMEIRO-CURSO-DE-MESTRADO-EM-TURISMO-DO-ESTADO-DO-RIO-DE-JANEIRO.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2015-04/uff-abre-primeiro-curso-
de-mestrado-em-turismo-do-estado-do-rio-de-janeiro>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 19

876117. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/876117>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 20

910399. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/910399>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 22

142114. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/142114>. Acesso em: 11 jan. 2016.


95
Figura 23

930490. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/930490>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 24

791914. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/791914>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 25

779996. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/779996>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 26

114483. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/114483>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 27

953934. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/953934>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 28

904127. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/904127>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 31

ESPORTE-E-LAZER-DA-CIDADE/IMAGENS. Disponível em: <http://www.esporte.gov.br/index.php/


institucional/esporte-educacao-lazer-e-inclusao-social/esporte-e-lazer-da-cidade/imagens>. Acesso
em: 11 jan. 2016.

Figura 32

ARRAIAIS-DO-BRASIL-ASSISTA-AOS-SHOWS-DAS-FESTAS-JUNINAS-DO-PAIS. Disponível em: <http://


www.ebc.com.br/cultura/2013/06/arraiais-do-brasil-assista-aos-shows-das-festas-juninas-do-pais>.
Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 33

EDUCADORA-E-CINEASTA-PERCORREM-O-PAIS-PARA-REGISTRAR-BRINCADEIRAS. Disponível em:


<http://www.ebc.com.br/infantil/para-educadores/2012/07/educadora-e-cineasta-percorrem-o-pais-
para-registrar-brincadeiras>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Figura 34

231612. Disponível em: <http://www.morguefile.com/archive/display/231612>. Acesso em: 11 jan. 2016.


96
REFERÊNCIAS

Audiovisuais

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2014. 1 DVD.

AMOR. Dir. Michel Haneke. Áustria; França; Itália: Les Films du Losange, 2012. 127 minutos.

ANTUNES, A. Se assim quiser. Intérprete: ___. In: Saiba. São Paulo: BMG, 2004. 1 CD. Faixa 7.

ANTUNES, A.; TATIT, P. Criança não trabalha. Intérprete: Palavra Cantada. In: Canções curiosas. 2005.
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CRIANÇAS invisíveis. Dir. Mehdi Charef; Emir Kusturica; Spike Lee; Kátia Lund; Jordan Scott; Ridley
Scott; Stefano Veneruso; John Woo. França; Itália: MK Film Productions S.r.l., 2005. 124 minutos.

JENECI, M.; CÉSAR, C. Felicidade. Intérprete: Marcelo Jeneci. In: Feito pra acabar. São Paulo: Som Livre,
2010. 1 CD. Faixa 1.

LENINE; DUDU FALCÃO. Paciência. Intérprete: Lenine. In: Perfil. São Paulo: Som Livre, 2009. 1 CD. Faixa 2.

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VALLE, M.; VALLE, P. L. Capitão de indústria. Intérprete: Paralamas do Sucesso. In: Perfil. São Paulo: Som
Livre, 2006. 1 CD. Faixa 12.

Textuais

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97
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA (ABETA). Plano


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Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2004: Educação Física.
Questão 15. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/2004/enade/provas/
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Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2004: Educação Física.
Questão 21. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/2004/enade/provas/
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Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2013: Educação Física.
101
Questão 25. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2013/03_
EDUCACAO_FISICA.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018.

Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2010: Educação Física.
Questão 24. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2010/
educacao_fisica_2010.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018.

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104
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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