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INFORME – NET DTA Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo

Centro de vigilância Epidemiológica – CVE

MANUAL DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

Phytohaemaglutininas
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Descrição da doença: é uma intoxicação causada pelo consumo de feijão-fava cru ou mal cozido.
A phytohaemaglutinina é, presumivelmente, o agente tóxico, encontrado em muitas espécies de
feijão, em alta concentração no feijão vermelho (Phaseolus vulgaris). O início dos sintomas, após
a ingestão do alimento, varia de 1 a 3 horas, inicialmente, caracterizado pela presença de fortes
náuseas, vômitos, os quais podem ser graves. Algumas horas após, pode surgir diarréia (mínima) e
dor abdominal. Algumas pessoas podem necessitar de hospitalização; em geral, recuperam-se
espontaneamente (3 a 4 horas depois do inicio dos sintomas). O diagnóstico da doença é feito com
base no quadro clínico, na história alimentar, e na rápida exclusão de outros alimentos e agentes
tóxicos como o arsênico, chumbo e cianeto.

Agente etiológico: trata-se de uma toxina denominada phytohaemaglutinina. Este composto tem
sido muito estudado por imunologistas há vários anos com vistas à síntese do DNA de linfócitos
T, e mais recentemente, para a ativação do vírus tipo 1 da imunodeficiência humana latente (HIV-
1, vírus AIDS) proveniente de linfócitos periféricos humanos, induzindo mitose. Essa substância
também é conhecida por outras habilidades aglutinantes em células vermelhas, em muitos
mamíferos, alterando células do sistema de transporte da membrana, geralmente interferindo com
o metabolismo celular.

Ocorrência: há relatos de surtos ocorridos devido à ingestão dessa toxina, mais frequentemente
registrados no Reino Unido; foram descritos sete surtos entre 1976 e 1979, e mais dois incidentes
no verão de 1988. Em geral, os surtos ou casos não são notificados. A síndrome é provavelmente
esporádica, afetando poucas pessoas, e dificilmente diagnosticada, ou nunca relatada devido à
curta duração dos sintomas. Não há registro de surtos ou casos no Brasil e no Estado de São Paulo.

Reservatório: toxina encontrada em varias espécies de feijão-fava.

Período de incubação: o período de surgimento de sintomas, após ingestão da toxina, varia de 1 a


3 horas, dependendo da quantidade de toxina ingerida.

Modo de transmissão: ingestão da toxina de feijões crus ou mal cozidos.

Susceptibilidade: todas as pessoas apresentam suscetibilidade, independente de sexo ou idade.


Relata-se severidade somente quando são ingeridas altas doses da toxina.

Tratamento: somente tratamento de suporte ao paciente, nos casos agudos e complicações.

Alimentos associados: Phytohaemaeglutinina, o agente tóxico presumível, é encontrado em


muitas espécies de feijão vermelho (phaseolus vulgaris). A unidade de toxina é medida pela
unidade de hemaglutinação (hau). Os feijões crus contem 20.000 a 70.000 hau e os cozidos, ainda
entre 200 a 400 hau. Feijões brancos, uma outra variedade de phaseolus vulgaris contém
aproximadamente 1/3 do total da toxina da variedade vermelha; feijões tipo favas (Vicia faba)
contem 5 de 10% do total do que contém o feijão vermelho. A síndrome é freqüentemente causada
pela ingestão do alimento cru, ou mal cozido, adicionado às saladas. Os sintomas podem ocorrer
pela ingestão de apenas 4 ou 5 feijões crus. Estudos mostram que o aquecimento à 80ºC pode
potencializar a toxina 5 vezes, assim estes feijões podem tornar-se mais tóxicos do que quando
ingeridos crus. Em estudos de cozimento em pressão e cozimento lento muitas vezes a temperatura
não excede 75ºC.

Medidas de Controle: 1) notificação de surtos – a ocorrência de 2 ou mais casos requer


notificação às autoridades de vigilância epidemiológica municipal, regional ou central, para que se
desencadeie a investigação. 2) medidas preventivas e educativas: recomenda-se deixar o feijão
de molho, pelo menos, por 5 horas, depois jogar a água fora; ferver ativamente em água fresca, em
panela de pressão, por 10 minutos.

Fonte: Adaptado e traduzido de FDA/CFSAN (2003). Bad Bug Book. Phytohaemagglutinin URL:
http:// www.cfsan.fda.gov/~mow/chap43.html

Texto organizado por Dalva de Assis, estagiária FUNDAP/CVE, da divisão de Doenças de


Transmissão Hídrica e Alimentar, 2003 e atualizado em agosto de 2006.

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