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ADMINISTRATIVO

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
SUMÁRIO

1. Introdução: a função administrativa............................................................................................................3


1.1 O Direito Administrativo..............................................................................................................................3
1.2 Administração Pública.................................................................................................................................5
2. Fontes do Direito Administrativo.................................................................................................................7
3. Sistemas de controle....................................................................................................................................7
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO....................................................................................................8
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.................................................................................................................................8
ATUALIZADO EM 02/02/20211

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Introdução: a função administrativa

Os Poderes de Estado figuram de forma expressa em nossa Constituição: são Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art. 2º). A cada um dos Poderes
de Estado foi atribuída determinada função. Assim, ao Poder Legislativo foi cometida a função normativa; ao
Executivo, a função administrativa; e, ao Judiciário, a função jurisdicional. Entretanto, não há exclusividade no
exercício das funções pelos Poderes, mas uma preponderância.

Segundo ensina José dos Santos Carvalho Filho, para a identificação da função administrativa, os
autores têm se valido de critérios de três ordens:

CRITÉRIO SUBJETIVO (ORGÂNICO) Avaliado a partir do sujeito/agente da


função

CRITÉRIO OBJETIVO (MATERIAL) Examina o conteúdo da atividade


exercida

CRITÉRIO FORMAL Examina o regime jurídico aplicável

Nenhum desses critérios sozinhos é suficiente para identificar de forma satisfatória a função
administrativa, de maneira que eles devem ser combinados. É verdade, porém, que o critério material por
vezes é utilizado com protagonismo, especialmente para se aferir o exercício dessa função, de forma atípica,
pelos demais Poderes da República.

1.1 O Direito Administrativo

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
O Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente foi criado com a
instituição do Estado de Direito, tendo nascido a partir dos movimentos constitucionalistas do final do século
XVIII (em oposição às monarquias absolutas).

Através do novo sistema, já no século XIX, o Estado passava a ter órgãos específicos para o exercício
da administração pública e, por consequência, foi necessário o desenvolvimento do quadro normativo
disciplinador das relações internas da Administração e das relações entre esta e os administrados.

Com o desenvolvimento do quadro de princípios e normas voltados à atuação do Estado, o Direito


Administrativo se tornou ramo autônomo dentre as matérias jurídicas. José dos Santos Carvalho Filho
conceitua esse ramo do direito como sendo “o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao
interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as
coletividades a que devem servir”.

Hely Lopes Meirelles, por sua vez, afirma que: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para
nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades
públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.”

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Administrativo é “o ramo do direito público que tem por
objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de
natureza pública”.

Diógenes Gasparini elenca seis principais correntes que buscam identificar um conceito para o
Direito Administrativo:

CRITÉRIO LEGALISTA É o conjunto de legislação administrativa.

CRITÉRIO DO PODER É o complexo de leis que disciplinam o exercício do Poder Executivo.


EXECUTIVO

CRITÉRIO DAS RELAÇÕES É a disciplina das relações jurídicas travadas entre a Administração Pública e
JURÍDICAS os particulares.
CRITÉRIO DO SERVIÇO É a disciplina jurídica dos serviços públicos.
PÚBLICO

CRITÉRIO FINALÍSTICO É o conjunto de atividades voltadas a executar os fins do Estado.

CRITÉRIO NEGATIVISTA Identifica o Direito Administrativo a partir de um critério residual ou por


exclusão.

*(Atualizado em Direito Administrativo é o ramo jurídico que estuda a disciplina


02/02/2021) CRITÉRIO normativa da função administrativa, independentemente de quem esteja
FUNCIONAL encarregado de exercê-la: Executivo, Legislativo, Judiciário ou particulares
mediante delegação estatal.
A doutrina majoritária tem apontado no sentido de utilizar o critério
funcional como o mais eficiente na definição da matéria.

O Direito Administrativo é ramo do Direito Público, na medida em que seus princípios e normas
regulam o exercício de atividades estatais, especialmente a função administrativa.

#PERGUNTADEPROVA: Norma de direito público é sinônimo de norma de ordem pública? NÃO!


Norma de ordem pública é aquela norma inafastável, imodificável pelas partes. Ex.: dever de pagar imposto de
renda, normas de capacidade civil, impedimento para casamento. Há regras de ordem pública no Direito
Público e no Direito Privado. O conceito de ordem pública é mais amplo que direito público. Já o Direito
Público se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público.

Diz-se que seu objeto imediato são as normas jurídicas aplicáveis à função administrativa, entendidas
aquelas como gênero, do qual são espécie os princípios e as regras. Por outro lado, seu objeto mediato é a
disciplina das atividades, funções, pessoas, órgãos, entidades da Administração Pública.

Tendo em vista todas as premissas até aqui vistas, é preciso distinguir conceitos que por vezes são
utilizados como sinônimos:

- Estado: conceito que pressupõe a existência de um povo, submetido a um governo soberano


dentro de um território delimitado geograficamente.
- Governo: é a cúpula diretiva do Estado responsável pelo exercício do poder político deste.
- Poder Executivo: conjunto de órgãos e entidades estatais que compõem um dos Poderes da
República.
- Administração Pública: responsável pelo exercício da função administrativa do Estado.
- Poder Público: é o exercício coercitivo das funções estatais (por vezes, se confunde com a própria
noção de Estado, em sentido subjetivo).

1.2 Administração Pública

A expressão “Administração Pública” pode apresentar conotações diversas. A doutrina aponta os


seguintes sentidos para o termo:

a) Sentido objetivo: corresponde à própria atividade administrativa exercida pelo Estado por seus
órgãos e agentes, caracterizando a função administrativa; é a gestão dos interesses públicos executada pelo
Estado;

b) Sentido subjetivo: corresponde ao conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que possuem a
incumbência de executar as atividades administrativas.

#OUSESABER: Qual a diferença de Administração Dialógica e Administração Monológica?


A Administração Dialógica é uma tendência no direito administrativo moderno, fundada no princípio da
consensualidade, que permite uma abertura de diálogo com os administrados, permitindo que haja uma
legitimação efetiva da atuação administrativa, tal como ocorre na realização de audiências públicas para colher
as opiniões da sociedade civil sobre determinado tema. Percebe-se, assim, uma participação efetiva de todos
os agentes que venham a ser atingidos pela atuação estatal. Esta forma de administração se opõe à chamada
Administração Monológica, em que os administrados atuam como meros espectadores na formação
normativa, não estando aptos a contribuir efetivamente como co-construtores das situações jurídicas que
regerão a sua atuação. Nesta forma de administração predomina a imperatividade da atuação estatal,
resultando em decisões de viés unilateral, sem qualquer ingerência dos destinatários da norma em sua
pactuação.

Modernamente, entende-se que à Administração Pública cabe o exercício das seguintes funções ou
tarefas:

a) Poder de polícia: consistente na limitação e condicionamento de direitos.


b) Serviços públicos: função positiva que ganhou protagonismo com o fortalecimento do
Constitucionalismo Social do século XX.

c) Atividades de fomento: consistente em incentivar setores sociais e econômicos em prol do


desenvolvimento estatal.

d) Atividades de intervenção: na propriedade privada, no domínio econômico e no domínio social.


Em verdade, esta classificação já estava abrangida pelas anteriores, de maneira que parte da doutrina não a
reconhece como autônoma.

2. Fontes do Direito Administrativo

Fontes normativas correspondem aos fatos jurídicos dos quais emanam as normas. Podem ser fontes
primárias ou principais, ou fontes secundárias (verdadeiros acessórios).

No Direito Administrativo, somente a lei constitui fonte primária, na medida em que as demais
fontes (secundárias) estão a ela subordinadas. Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes secundárias.

#SELIGA:

COSTUME SOCIAL COSTUME ADMINISTRATIVO

Na dicção de Matheus Carvalho: “o costume


De acordo com Matheus Carvalho, “os costumes administrativo é caracterizado como prática
sociais se apresentam como um conjunto de regras reiteradamente observada pelos agentes
não escritas, que são, todavia, observadas de modo administrativos diante de determinada situação
uniforme por determinada sociedade, que as concreta. A prática comum na Administração Pública
considera obrigatórias. Ainda se considera fonte é admitida em casos de lacuna normativa e funciona
relevante do Direito Administrativo, tendo em vista como fonte secundária de Direito Administrativo,
a deficiência legislativa na matéria”. podendo gerar direitos para os administrados, em
razão dos princípios da lealdade, boa-fé, moralidade
administrativa, entre outros”.
3. Sistemas de controle

Dois são os sistemas de controle das atividades administrativas:

- Modelo inglês de jurisdição una: todas as causas são apreciadas pelo Poder Judiciário, ainda que
envolvam como parte a Administração Pública. É o modelo adotado pelo Brasil, consubstanciado no art. 5º,
XXXV, da Constituição Federal (princípio da inafastabilidade da jurisdição);

- Modelo francês de contencioso administrativo: ao Poder Judiciário cabe a apreciação das


chamadas causas comuns, ao passo que aos tribunais administrativos são atribuídas as causas que envolvam
interesses da Administração Pública. Essas últimas são de competência do Conselho de Estado. Por fim, cabe
ao Tribunal de Conflitos julgar os conflitos de competência entre as duas jurisdições.

#PERGUNTADEPROVA: Qual o sistema adotado pelo Brasil?


O Brasil acolheu o sistema de jurisdição única. Porém, nós tivemos um momento em que se tentou introduzir
o sistema do contencioso administrativo com a EC 7/77 (Art. 203. Poderão ser criados contenciosos
administrativos, federais e estaduais, sem poder jurisdicional, para a decisão de questões fiscais e
previdenciárias, inclusive relativas a acidentes do trabalho).

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

Não se aplica.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2015.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2018.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Saraiva. 2019.

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