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EXAME NACIONAL DE ACESSO

GRELHA DE CORRECÇÃO

Data: 22 de Setembro de 2017

GRUPO I
DEONTOLOGIA PROFISSIONAL
(6 Valores)

1. Soraya podia responder ao anúncio enviando o Curriculum Vitae com informação pessoal
académica e profissional objectiva e no respeito dos deveres deontológicos nomeadamente
da proibição da publicidade profissional como estabelece o artigo 78º, n.º 1 e 2, e n.º 3 alíneas
a) e d) do EOAM, pelo que lhe era vedado fazer referência aos nomes de clientes salvo no
caso da excepção prevista no citado artigo 78º n.º 2 alínea m). Assim como não podia prestar
informações enganosas induzindo a promessa de resultados ou de auto engrandecimento
(artigo 78º alíneas a) e d) do EOAM.
(Total = 1,5 valores)

2. Soraya podia celebrar com a SMC – Sociedade moçambicana de cobranças, Limitada um


contrato apenas com subordinação económica para o exercício do patrocínio judiciário,
maseste contrato não podia condicionar ou limitar a sua plena autonomia técnica, nem o
exercício de patrocínio de forma isenta independente e responsável, nos termos dos artigos
73º e 74º n.ºs 1, 2 e 3 todos do EOAM. Soraya devia por esta razão, mesmo nas circunstâncias
adversas de poder ver denunciado o referido contrato, ter assegurado a sua independência
por forma a agir de forma livre de qualquer pressão, designadamente da sua cliente Soraya,
nos termos dos artigos 73º e 74º do EOAM. Soraya devia defender os legítimos interesses da
sua cliente, mas sem negligenciar as normas legais e deontológicas que regem a sua
actividade profissional.

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A cláusula que impunha a Soraya o patrocínio de acções/execuções de cobrança,


independentemente da sua ponderação técnica e deontológica é violadora do princípio da
independência nos termos do artigo 73º do EOAM e Soraya não tendo prevenido esta
clausula negligenciou, para agradar à cliente, a sua independência e o dever deontológico de
agir livre de qualquer pressão.
(Total = 1,5 valores)

3. Os advogados estagiários ficam desde a sua inscrição sujeitos ao cumprimento do EOAM,


pelo que devem observar plenamente todos os deveres deontológicos neles previstos nos
termos do artigo 9º n.º 2 do REPENA.
Tendo Soraya assistido e participado durante o seu estagio no encontro do seu patrono com
Rocha Júnior sobre factos constantes do processo-crime, está sujeita ao dever deontológico
de segredo profissional em relação a todos os factos de que tomou conhecimento, nos
termos do artigo 9º n.º 1, alínea i) do REPENA e artigo 79º n.º 1 alínea a) e n.º 2 do EOAM,
mesmo que a sua intervenção tenha sido passiva.
Por esta razão, Soraya deveria recusar o patrocínio em representação da SMC – Sociedade
moçambicana de cobranças, Limitada, nos termos do artigo 81º alínea a) do EOAM, e,
porque está obrigada a manter no sigilo profissional factos de que teve conhecimento nas
referidas circunstâncias, nos termos do artigo 79º n.º 1 alínea a) e n.º 2 do EOAM, impedida de
aceitar o patrocínio judiciário no processo-crime em que Rocha Júnior é arguido, sob pena
da violação da obrigação de segredo profissional e de poder ainda beneficiar de forma
ilegítima a sua cliente, Rocha Júnior, ficando sujeita a prática de um ilícito disciplinar nos
termos do artigo 92º do EOAM.
(Total = 1 valor)

4. Soraya poderia requerer a intervenção da Ordem dos Advogados para defesa dos seus
direitos nomeadamente para a protecção do valor essencial do segredo profissional nos
termos dos artigos 58º e 59º n.º 2 do EOAM, por abuso de direito por parte da SMC –
Sociedade moçambicana de cobranças, Limitada. A menos que Sorayativesse se socorrido
do disposto no artigo 79º n.º 4 do EOAM, ou seja tivesse requerido a dispensa de segredo
profissional por ser absolutamente necessário para a defesa dos direitos e interesses
legítimos da própria Soraya ou da sua constituinte SMC – Sociedade moçambicana de
cobranças, Limitada.
(Total = 1 valor)

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5. Soraya deve comparecer no dia hora e local designados na notificação.


Já que nenhuma outra atitude deve tomar antes de clarificar os factos sobre os quais o
Ministério Público a pretende inquirir.
(Total = 0,25 valores)

Sendo questionada sobre factos de que tomou conhecimento no encontro entre o seu
patrono e Rocha Júnior deveria pedir escusa nos termos do artigo 217º, parágrafo 3º do
Código de Processo Penal invocando estar obrigada a guardar segredo profissional nos
termos do artigo 79º n.º 2 do EOAM.
(Total = 0,75 valores)

GRUPO II
PROCESSUAL CIVIL
(4,5 Valores)

1. O procedimento cautelar especificado é o embargo de obra nova, cujo regime especial está
previsto nos artigos 412º a 420º do CPC.
(Total = 1 valor)

2. Sim, Suzete Mandlate dispõe do prazo de 30 (trinta) dias a contar do conhecimento do facto
(22 de Janeiro de 2017) para exercer o direito de embargar nos termos do n.º 1 do artigo 412º
do CPC.
O prazo termina no dia 21 de Fevereiro de 2017. Trata-se de um prazo de caducidade nos
termos do artigo 298º n.º 2 do C.Civil, de natureza substantiva, que está sujeito ao regime da
contagem de prazos dos artigos 279º e 296º ambos do C.Civil. Assim, aplicar-se-ia o disposto
no artigo 279º, alínea e) do C. Civil, mas porque se tratava de um acto a praticar em Tribunal
o mesmo seria transferido para o primeiro dia útil após o termo das férias judiciais.
Porém, não é este o caso, porque se trata de um processo urgente, o que implica nos termos
do artigo 143º, n.º 1 do CPC e artigo 381/A do CPC que o prazo não se suspende e pode ser
praticado durante as férias judicias, e portanto teria de ser intentado até 21 de Fevereiro de
2017.
(Total =0,5 valores)

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3. Sim. Neste caso é necessário requerer-se a ratificação judicial do embargo realizado


extrajudicialmente no prazo de três dias sob pena de ficar o embargo extrajudicial sem
efeito. O termo final do prazo para pedir a ratificação seria até ao dia 30 de Janeiro de 2017,
Segunda-Feira por ser tratar de um processo urgente destinado a evitar dano irreparável
nos termos do artigo 143º n.º 1º do CPC.
(Total =0,5 valores)

4.

4.1. O meio processual é o recurso ordinário de agravo nos termos do artigo 417º e 738º n.º
1, alínea a) do CPC.

O Despacho é recorrível nos termos do artigo 678º, n.º 1 do CPC e conjugado com o
artigo 38º n.º 1 da Lei da Organização Judiciária.

(Total = 1 valor)

4.2. Nos termos do artigo 685º n.º 1 do CPC o prazo de interpor recurso ordinário de agravo
é de 8 dias contados da notificação. Ou seja, o recurso deveria ser interposto no
Tribunal até ao dia 18 de Março de 2017. Como se trata de sábado, o prazo transfere
para o primeiro dia útil seguinte, que é dia 20 de Março de 2017.O recurso podia ainda
ser interposto no dia 21 de Março de 2017, primeiro dia útil seguinte ao termo do
prazo, independentemente de justo impedimento, ficando a validade do tal acto
condicionada ao regime do artigo 145.º n.º 5 CPC. O recurso podia também ser
interposto fora do prazo, em caso de justo impedimento, nos termos do disposto no
artigo 145.º n.º 4 conjugado com o artigo 146.º do CPC.

(Total =0,25 valores)

4.3. O prazo para as alegações é de 8 dias a contar da data da notificação do Despacho que
admita o recurso, nos termos do artigo 743º, n.º 1 do CPC.

(Total =0,25 valores)

4.4. Aspectos a valorizar na elaboração do requerimento de interposição do recurso


artigo 687º do CPC: identificação da recorrente, agravante e da recorrida, agravada e
do Tribunal de entrega do recurso;

(Total =0,25 valores)

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Indicação da espécie de recurso: recurso de agravo nos termos do artigo 417º e 738º
n.º 1 alínea a) do CPC;

(Total =0,25 valores)

Regime de subida: sobe imediatamente nos autos do procedimento cautelar artigo


738º n.º 1 alínea a) do CPC.

(Total =0,25 valores)

Efeitos do recurso de agravo: Tem efeitos suspensivos nos termos do artigo 740º n.º 1
do CPC.

(Total =0,25 valores)

Nota:É apenas o requerimento de interposição de recurso. Não deve ser apresentado as alegações
de recurso.

GRUPO III
LABORAL
(5 Valores)

1. Sim foi. A resposta é dada pelo artigo 26º n º1, da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto.

(Total = 1 valor)

2. Não podia por absoluta falta de autorização escrita do representante legal , nos termos do
artigo 27º nº 1 e também não podia por força do principio consagrado no artigo 23º nº 2 de
que o menor, com idade inferior a dezoito anos, não pode executar tarefas perigosas, como
era o caso, já que o Departamento de Limpezas era respeitante a contentores, contendo
resíduos de produtos tóxicos, e pelo artigo 23º n º2, todos da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto.
(Total =1,5 valores)

3. Os vícios do contrato são os decorrentes da violação das disposições imperativas contidas


nos artigos 23º nº 2, 24º e 27º nº 1 todos da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto, que determinam a
nulidade do contrato. (Terá melhor nota quem mencionar todos os vícios e natureza da
invalidade).

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(Total =1,5 valores)

4. Carlota Miquidade apena pode reclamar os créditos decorrentes do tempo em que o


contrato esteve em execução, nos termos do n º2 do artigo 52º da Lei 23/2007, de 1 de Agosto
(ex :crédito salarial, crédito de algum subsídio que lhe tivesse sido consagrado no contrato,
eventualmente na proporção do período de tempo em que o contrato esteve em execução).
(Total = 1 valor)

GRUPO IV
PROCESSUAL PENAL
(4,5 Valores)

1. A falta de audição do Arguido na instrução preparatória constitui uma nulidade nos termos
do artigo 98º, nº 1, do CPP uma vez que a sua não audição prejudica formação do corpo de
delito. No entanto é uma nulidade relativa que pode ser sanada nos termos do paragrafo 2
do artigo 98º do CPP, e, em qualquer caso se os actos omitidos já não puderem praticar-se
ou não aproveitarem para a descoberta da verdade.
(Total =1,5 valores)

2. O julgamento está ferido de nulidade absoluta, porque não se nomeou defensor oficioso,
não se ouviu o Réu nos termos do nº 4 e do paragrafo 5º ambos do artigo 98º do CPP e, bem
assim porque não foram cumpridas as formalidades dos artigos 563º e 564º do CPC.
(Total =1,5 valores)

3. Marco Bolinha teria de se socorrer do recurso extraordinário de sentença manifestamente


ilegal dirigida ao Procurador Geral da República, nos termos dos artigos 782º A, 782º B e
782º C, aplicáveis por remissão expressa do artigo 1º, parágrafo único do CPP.
(Total =1,5 valores)

FIM

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