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Crítica Textual | A Crítica Textual moderna: Karl Lachmann e sua contribuição para a renovação.

Outros teóricos. Normas para a edição de textos

Introdução Em nossas aulas anteriores, você aprendeu o que é Crítica Textual, quais as
principais tarefas que cabem a essa disciplina, como ela trabalha o texto e
Karl as diferenças que existem entre textos antigos e textos modernos. Também
L a c hm a n n
falamos sobre os principais tipos de edição e mostramos que a edição crítica
Professor da Uni-
versidade Friedrich é a mais completa, por permitir ao leitor acompanhar as modificações feitas
Wilhelm, de Berlim
(1825-1851), Lach- pelo autor ao longo das edições. Vimos que essa edição, além de estabelecer
mann dedicou sua
o texto, confrontando-o com um que mereça fé e confiança, corrige os erros
vida à pesquisa da
linguagem, especial- que se acumularam em várias cópias e registra as variantes. Releia a introdução
mente a do Antigo e
Médio Alto Alemão e de nossa terceira aula, para lembrar o que já foi dito sobre esse tema. Na
respectiva literatura.
Estabeleceu regras,
mesma aula, nos referimos a Karl Lachmann, considerado o “pai” da Crítica
sistematizando e meto- Textual moderna, cujos métodos vamos hoje conhecer.
dizando a tradição.
Seu método rigoroso,
aplicado em vários tra-
balhos publicados entre De quem se trata?
1820 e 1836, levou à
criação de uma escola No século XIX, a Crítica Textual se estabeleceu como uma
de Crítica Textual.
ciência com técnicas e métodos próprios e diferentes para cada tipo
de texto. Depois de séculos de experiências editoriais, foi possível o
estabelecimento de métodos mais rigorosos para a fixação de textos.
Coube a K a r l L a c hm a n n , a partir de uma síntese das experiências
passadas, acrescidas das suas próprias, abrir um novo período na história
Figura 6.1: Karl Lachmann. da Crítica Textual. Sintetizando os processos dos helenistas, difundiu
Fonte: http://
pt.wikipedia.org/wiki/ um método, que ficou conhecido pelo seu nome, fundando, assim, a
Ficheiro:Karl_Lach-
mann.JPG edição científica dos textos. Conhecido como método lachmanniano,
teve inúmeros seguidores, mas também foi contestado, posteriormente,
por outros estudiosos.
Propércio
Aos 22 anos, no prefácio da edição de P r o p é r c i o que preparou,
(Sextus Aurelius Pro-
pertius). Poeta romano Lachmann se posicionou contra o sistema usado até então para editar
do século de Augusto
um autor, que consistia em tomar por base uma edição considerada fiel
César. Ficou conhecido
por seus versos elegí- e acrescentar-lhe modificações, de acordo com a vontade do preparador.
acos. A elegia é um
poema lírico de conte- A partir daí, foi amadurecendo, ampliando e sistematizando sua teoria,
údo geralmente triste
ou melancólico, cons-
concretizada, principalmente, nas edições críticas de De rerum natura,
tituído por hexâmetros de L u c r é c i o , e do Novo testamento, trabalhos que marcam o início da
e pentâmetros alter-
nados, isto é, versos moderna Crítica Textual, que passa a ter base e princípios científicos
gregos ou latinos com-
postos de seis e cinco entre 1840 e 1850.
pés respectivamente. Leia o que declaram Spina (1977) e Spaggiari e Perugi (2004) sobre
Pés, na poesia, são
pequenos grupos de a contribuição de Lachmann:
sílabas que descrevem
determinado ritmo.

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