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MÓDULO I

FARMACOCINÉTICA

Prof. Cláudio L. Guimarães


Universidade Regional de Blumenau
Conceitos
importantes
• Farmacologia: é a ciência da área biológica que
concentra estudos na relação entre uma droga e sua
ação no sistema fisiológico. Neste sentido, objetiva-
se elucidar os processos de ação (mecanismos de
ação), isto é, o que a droga faz ao organismo
(FARMACODINÂMICA), e o que o organismo faz à
droga (FARMACOCINÉTICA).
Terapêutica
É o emprego de fármaco(s) à terapia. O uso de um
fármaco à terapêutica significa que ocorreram estudos
de FARMACOLOGIA CLÍNICA & Toxicologia (FASES I, II,
III) ou há evidências médicas que justifiquem tal uso.

Uso Off-label – uso não homologado.

Farmacoterapia

Placebo
ABSORÇÃO

LOCAL DE
ADMINISTRAÇÃO DO
FÁRMACO
SANGUE
Temperatura

Massa molar

Fase farmacêutica Forças intermoleculares

Geometria/polaridade
Glicose Gentamicina

Vit. E – α-tocoferol
Tiopental
Um princípio importante na dissolução de solutos é que
semelhante dissolve semelhante. Isso explica, por
exemplo, o açúcar se dissolver em grandes quantidades
na água, ao passo que o óleo não se dissolve.

A dissolução na água, do soluto apresentado, ocorre


predominantemente por meio da formação de:

1. Ligações covalentes
2. Ligações iônicas
3. Ligações de hidrogênio
4. Ligações hidrofóbicas
Dipolo resultante
Dipolo resultante diferente igual a zero
de zero - POLAR APOLAR
HA

- H
+ H+ + A -
metanoico
IMIDAZOL
Figure 1 Schematic representations of the main sites of localization
of P-glycoprotein in the body.

Oncologist, Volume 12, Issue 8, August 2007, Pages 927–941, https://doi.org/10.1634/theoncologist.12-8-927


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Controlando a biodisponibilidade
•AP (Ação Prolongada)→ Exemplo: Tylenol AP®
•AMLO (Amlodipino)→ significa a presença do princípio ativo besilato amlodipino na
composição do medicamento. Exemplo: Diovan Amlo®Fix
•BAK → sigla bak está presente no TRAVATAN BAK Free, que é a primeira e única
prostaglandina livre de cloreto de benzalcônio (BAK)
•BD (Bis in Die) → É uma abreviação de “bis in die”, que em latim significa duas vezes
por dia. Esta sigla também é encontrada em prescrições médicas escrita como “bid”
ou “BID” ou “B.I.D.”. Exemplo: Clavulin BD®
•CAF (Cafeina) → Exemplos: Sonridor Caf®, Miosan Caf®
•CD (Controlled Diffusion)→ controle da liberação do princípio ativo. Exemplo:
Angipress CD®
•CLR (Crono-Liberação Regulada)→ Exemplo: Biofenac CLR®
•CR (Controlled Release)→ Liberação Controlada : Exemplos: Tegretol CR®, Adalat CR®
•CRT (Controlled Release Tablet)→ Comprimido de Liberação Controlada
•DC (Dor de Cabeça): Tylenol DC®
•DEPOT→ Ação Prolongada → uma área do corpo , em que uma substância , por
exemplo , uma droga , pode ser acumulado, depositado , ou armazenados e a partir
da qual ele pode ser distribuído. Exemplo: Clopixol Depot®
•DI (Desintegração Instantânea)→ Exemplo: Biofenac DI®
•DL (Desagregação Lenta)
•DURILES→ Desintegração Equilibrada
•HFA→ o sistema de aerossol ou spray (bombinha) que utiliza hidrofluoroalcano como
gás propelente. Usado em substituição ao CFC. Exemplo: Clenil® HFA
•LA (Long Acting)→ Ação Longa – Exemplo: Rebaten LA®
•LP (Liberação Prolongada)→ Exemplo: Biofenac LP®
•MD (Maintenance Dose ou Maximum Dose) → Dose de Manutenção ou Dose Máxima
respectivamente
•MR (Modified Release) → Liberação Modificada- Exemplo: Diamicron MR®
•ODT (Orally Disintegrating Tablet ou Orally Dissolving Tablet)→ Comprimido de Desintegração Oral
•OROS (Osmotic [Controlled] Release Oral [Delivery] System)→ Sistema Oral de Liberação Osmótica
•PLUS→ Algo a Mais ou Dosagem Mais Forte
•REPETABS→ Tablete Duplo de Repetição
•RETARD→ Ação Retardada
•SA (Sustained Action)→ Ação Mantida
•SL (Sub-Lingual)→ Exemplo: Feldene SL®
•SPANDETS→ Comprimido Especial de Liberação Controlada
•SR (Sustained Release – Liberação Sustentada/Prolongada)→ É um tipo de liberação estendida que
permite uma rápida liberação de uma dose ou fração do princípio ativo, seguida de uma liberação
gradual da dose restante, por um período de tempo prolongado. Ou seja, ação rápida e duradoura.
Exemplos: Voltaren SR®, Indapen SR®.
•SRO (Sustained Release Oral)→ Exemplos: Hydergine SRO®, Parlodel SRO®
•TTS (Transdermal Therapeutic System)→ Sistema Terapêutico Transdérmico
•UD (Única Dose)→ Exemplo: Klaricid®UD (Informação Confirmada pelo Fabricante)
•XR (eXtended Release- Liberação Estendida) ou XL→ A liberação estendida tem como objetivo
manter a liberação do fármaco por um período maior de tempo. Neste tipo, a liberação é
suficientemente lenta para que seja possível estender o intervalo entre as doses por duas vezes ou
mais. Exemplos: Efexor XR®, Cipro XR®, Glifage XR®, Alenthus XR®, Frontal XR®.
DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS

V.O

VIA DE
ADMINISTRAÇÃO
% SANGUE
V.E.
?
V.R.
Importância
da albumina
Salgado et al. - Rev. Assoc. Med. Bras. vol.56 no.2 São
Paulo, 2010.
Fármacos e aleitamento
Metabolismo de
fármacos
• Para casos não graves, a fototerapia é o tratamento de escolha,
sendo segura e eficaz. Para lactentes que foram readmitidos, pode-se
suspender a fototerapia quando a BT atingiu 12 a 14 mg/dL. Deve ser
coletado controle em 24 horas devido à possibilidade de efeito rebote,
podendo ser realizado em seguimento ambulatorial.
CYP1A2
cisteína

ACETILCISTEÍNA
• N-acetilcisteína

• Intoxicação pelo paracetamol; possível utilidade nas


intoxicações pelo clorofórmio e tetracloreto de carbono

• Via intravenosa:
• Dose inicial = 150 mg/kg de peso em 200 mL de solução
glicosada a 5%, durante 15 minutos
• Dose seguinte: 50 mg/kg em 500 mL de solução
glicosada a 5%, nas 4 horas seguintes
• Dose final: 10 mg/kg em 1000 mL de solução glicosada a
5%, nas 16 horas seguintes

• Via oral:
• Dose de carga de 140 mg/kg, a que se segue 70 mg/kg
de 4-4 horas, num total de 17 doses ou até paracetamol
<200 μg/mL
• Abordagem
terapêutica
Prevenção • Intoxicação por via digestiva:
• Indução do vômito (cada vez menos usada)
da absorção • Lavagem gástrica
do tóxico • Catarse
• Carvão ativado
• Outros agentes adsorventes
• Indução do vômito: Xarope de ipeca
• Indicações: na primeira meia hora após a ingestão do tóxico;
• Abordagem remoção de tóxicos não adsorvidos pelo carvão ativado (ferro,
lítio, potássio); remoção de comprimidos de libertação
terapêutica controlada ou pedaços de cogumelos, por ex.

Prevenção • Contra-indicações: doente com alteração da consciência ou


convulsões; ingestão de fármacos pro-convulsivos
da absorção (antidepressivos, cocaína); ingestão de agentes corrosivos;
ingestão de petróleo ou derivados (preferível lavagem gástrica
ou carvão ativado)
do tóxico • Efeitos adversos: vómitos persistentes (podem atrasar o uso
de carvão activado ou de antídotos orais); gastrite
hemorrágica; sonolência (20%); diarreia (25%)
• Técnica: 1) 30 mL no adulto e 10-15 mL na criança; 2) após 10-
15 min, ingerir 2-3 copos de água; 3) se vômito não ocorre
após 20 minutos, repetir toda a operação; 4) se novamente
não provocar o vômito, fazer lavagem gástrica
• Lavagem gástrica:
• Abordagem • Indicações: remoção de tóxicos sólidos, líquidos e venenos.
terapêutica
• Contra-indicações: em doente com alterações da consciência ou convulsões deve ser
Prevenção efectuada com precaução (entubação endotraqueal prévia); comprimidos intactos
implicam provocar o vómito e só depois a lavagem gástrica; ingestão de corrosivos tem
da absorção indicação para endoscopia digestiva precoce

do tóxico • Efeitos adversos: perfuração do esôfago ou estômago; epistaxe por trauma; entubação
traqueal inadvertida; vômitos e aspiração pulmonar

• Técnica: 1) posicionar em decúbito lateral esquerdo; se alteração da consciência,


proteger a via aérea com entubação traqueal; 2) introduzir o tubo até ao estômago e
esvaziar o conteúdo, não esquecendo a possibilidade de colheita para análises
toxicológicas (a sonda aconselhada é de 12-13 mm, 36-40F, necessária para a remoção
de comprimidos); 3) iniciar lavagem com administração de carvão activado, 1 g/kg; 4)
fazer lavagem com 200-300 mL de soro fisiológico e remover por gravidade ou sucção
activa; repetir até perfazer 2 L ou não haver remoção de material tóxico.
• Catarse: Sorbitol a 70%
• Abordagem • Indicações: aceleração do trânsito intestinal e eliminação
terapêutica do complexo tóxico-carvão; aceleração da eliminação de
tóxicos não absorvidos
Prevenção
• Contra-indicações: obstrução intestinal; não usar
da absorção catárticos com sódio ou magnésio em doentes com
insuficiência renal ou retenção hídrica
do tóxico
• Efeitos adversos: perda hídrica excessiva, hipernatremia e
hiperosmolaridade; hipermagnesemia, se se administrar
catárticos com Mg a doentes com insuficiência renal

• Técnica: 1) administrar 1-2 mL/kg de sorbitol a 70%; 2)


repetir metade da dose se após 4-6 h não há trânsito
intestinal
• Carvão ativado: (“antídoto universal”: são poucos os tóxicos que não
são adsorvidos pelo carvão ativado: alcalinos, cianeto, etanol e outros
• Abordagem álcoois, ferro, lítio e potássio)

terapêutica • Indicações: eficaz na maior parte das intoxicações orais; é


antídoto no tratamento da toxicidade do ác. acetilsalicílico,
Prevenção oxalato, atropina, barbitúricos, dextropropoxifeno, digoxina,
cogumelos, estricnina, fenilpropanolamina, fenitoína, fenol,
da absorção paracetamol e antidepressivos tricíclicos; eficácia aumenta se
previamente se induzir o vómito (xarope de ipeca) ou se fizer
lavagem gástrica; eficácia de uso em doses múltiplas
do tóxico comprovada (sobretudo na intoxicação por digitálicos,
fenobarbital, paracetamol, salicilatos e teofilina); doses
repetidas particularmente úteis no caso de tóxicos com ciclo
enterohepático

• Contra-indicações: íleo ou obstrução intestinal; ingestão de


ácidos minerais, álcalis cáusticos ou derivados de petróleo

• Efeitos adversos: vómito, obstipação, distensão gástrica


• Carvão ativado

Utilização de • Adsorve os tóxicos na sua fina rede de poros presentes


antídotos nas partículas do carvão activado, impedindo a
absorção
Antídotos e • Processo de adsorção é rápido (até 90% no 1º minuto,
in vitro); excretado nas fezes, sem metabolização
suas
• Antídoto na intoxicação por aspirina, ácido oxálico,
indicações atropina, barbitúricos, dextropropoxifeno, digoxina,
cogumelos, estricnina, fenilpropanolamina, fenitoína,
fenol, paracetamol, propantelina e antidepressivos
tricíclicos

• Não adsorve cianetos e é pouco eficaz na intoxicação


por etanol, etilenoglicol, metanol, sulfato ferroso,
álcalis cáusticos e ácidos minerais
Utilização de
antídotos • Carvão ativado
• Dose inicial: 1-2 g/kg
Antídotos e • Doses seguintes: 0,5-1 g/kg, 4-4 horas
suas • Se a quantidade de tóxico ingerido é conhecida:
administrar uma dose de carvão ativado ~10 vezes
indicações superior à do tóxico.
• Com a 2ª ou 3ª dose (nunca em todas as doses), pode
administrar-se uma pequena quantidade de catártico
• Pode também administrar-se continuamente por
sonda nasogástrica, na dose de 0,25-0,50 g/kg/h
Excreção de
fármacos
•Probenecida
Parâmetros
Farmacocinéticos
aplicados à posologia
CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM
A transformação metabólica dos fármacos é catalisada por ENZIMAS, e a maioria das reações obedece a cinética de
Michaelis-Menten

Na maioria das situações clínicas, a concentração do fármaco, [C], é muito menor do que a constante de Michaelis, Km, e
a equação se reduz para:

Isto é, a velocidade de biotransformação do fármaco é diretamente proporcional à concentração do FÁRMACO LIVRE, e é


observada uma cinética de primeira ordem.

ISTO SIGNIFICA QUE UMA FRAÇÃO CONSTANTE DO FÁRMACO É BIOTRANSFORMADO POR UNIDADE DE TEMPO
A constante de Michaelis Km é
definida como a concentração
para a qual a velocidade da
reação enzimática é metade de
Vmax. Isto pode verificar-se ao
substituir Km = [S] na equação
de Michaelis-Menten

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