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Sonia Regina Nicoli dos Santos 1

OAB/SP Nº 101.297 – nikoli@uol.com.br


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO – SP.

ANTONIO CARLOS SILVERIO, brasileiro, casado, comerciante,


portadora da cédula de identidade RG nº 4.706.940-SSP/SP, e CPF/MF nº 392.735.988-20,
residente e domiciliado em São Paulo, Capital, na Rua Soldado Gentil de Guimaraes, nº 22
– Parque Novo Mundo, CEP 02144-010, com endereço eletrônico:
lobao@lobaoveiculos.com.br, telefone (11) 94763-2903; e ANTONIO MANOEL DIAS
DOS SANTOS, português, casado, comerciante, portador da cédula de identidade RNE nº
W045121-G-SE/DPMAF/SP, e CPF/MF nº 192.320.808-00, residente e domiciliado em
São Paulo, Capital, na Rua Durval Fontoura de Castro, nº 40 – apto. 103, Vila Paulista, CEP
04361-050, com endereço eletrônico: nikoli@uol.com.br, Telefone: 11-99965-2479, por
intermédio de sua advogada e bastante procuradora, com escritório profissional em São
Paulo, Capital, na Rua Barão de Duprat, nº 315 – 11º andar, sala 114, Mercado, CEP 01023-
001, onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 522 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Rua Barão de Duprat, nº 315 - 11º andar – sala 114 - Mercado


01023-001 – São Paulo/SP – Fone/Fax: 11-3311-7449 / 3229-2580 – nikoli@uol.com.br
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em face da r. Decisão proferida nos autos da AÇÃO RENOVATÓRIA DE LOCAÇÃO,


promovida por CARLOS ALBERTO RODRIGUES VALENZE, brasileiro, manobrista,
portador da cédula de identidade RG nº 20.486.544-SSP/SP, e CPF/MF nº 125.706.368-51,
casado sob o regime da comunhão parcial de bens com, NEUSA HIDEMI GUSHIKEN
VALENZE, brasileira, sucuritária, portadora da cédula de identidade RG nº 18.401.881-
SSP/SP, e CPF/MF nº 110.495.878-39, ambos residentes e domiciliados em São Paulo,
Capital, na Avenida Casa Verde, nº 1810, Bairro Casa Verde, CEP 02520-100, em tramite,
perante a 9ª Vara Cível do Foro Regional I de Santana-SP, processo nº 1036288-
68.2016.8.26.0001, cujas razões do fato e do direito seguem anexas, acompanhadas das peças
trasladadas.

A título de economia processual, requer os Agravantes seja concedido


EFEITO SUSPENSIVO ao RECURSO, nos termos do inciso III, do artigo 527 e 558 do
Código de Processo Civil, evitando assim que o feito tenha prosseguimento com atos nulos
e a prática de procedimentos processuais desnecessários e em prejuízo aos Agravantes.

A imperiosidade da interposição do recurso na forma de “Instrumento”


prevista na exceção contida no artigo 522 do Código de processo Civil, decorre da
necessidade de revisão da decisão agravada, pois sequer analisou seu pedido liminar de
carência da ação, arguida pelos Agravantes, além de implementar outro rujo a lide – que
comporta pronta extinção do feito pela ausência do preenchimento dos preceitos legais –
igualmente, não se afina a regra contida no artigo 51, inciso I e II da Lei 8.245/91, conforme
restará demonstrado na peça recursal, razão pela qual a matéria “in quaestio” clama pela
intervenção desse Colendo Colegiado para que seja efetivamente observado o comando legal.

Assim, por versar o recurso ora intentado sobre a exceção prevista no


referido dispositivo legal, requer seja este recebido como instrumento, determinando-se o
seu processamento como de rigor.

A teor do inciso III, do artigo 524, do códex processual, indica o nome e


endereços da advogada dos Agravantes e dos Agravados, a saber:

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AGRAVANTE:
SONIA REGINA NICOLI DOS SANTOS – OAB/SP Nº 101.297
Rua Barão de Duprat, nº 315 – 11º andar, sala 114 – Mercado
CEP 01023-001 – São Paulo/SP – Fone: (11) 3311-7449 / 99779-1448

AGRAVADO:
JESSÉ CRISTIAN N. AVIS – OAB/SP Nº 191.891
Rua Alfredo Guedes, nº 72 – cjto 123 – Santana
CEP 02034-010 – São Paulo/SP – Fone: (11) 2221-7280 / 2221-2478

Finalmente pugna pela juntada do comprovante der recolhimento da taxa


judiciária, nos termos da Lei 11.608/03.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 08 de março de 2018.

SONIA REGINA NICOLI DOS SANTOS


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PEÇAS TRASLADADAS – PROCESSO DIGITAL:


- Inicial – fls. 01/08
- Procuração outorgada pelos Agravados – fls. 09
- Contratos de Locação – juntados pelos Agravados – fls. 16/23
- Contestação – fls. 109/117
- Procurações outorgadas a patrona dos Agravantes – fls. 122/123
- Decisão Agravada – fls. 189
- Certidão de publicação – fls. 191

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AÇÃO RENOVATÓRIA DE LOCAÇÃO


MM. 9ª VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL I DE SANTANA/SP

PROCESSO Nº 1036288-68.2016.8.26.0001

AGRAVANTES:
ANTONIO CARLOS SILVÉRIO e ANTONIO MANOEL DIAS DOS SANTOS

AGRAVADOS:
CARLOS ALBERTO RODRIGUES VALENZE e NEUSA HIDEMI GUSHIKEN
VALENZE

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

Consoante se infere do processado, o manejo do presente recurso tem por


escopo o inconformismo dos Agravantes quanto ao fato do MM. Juiz “a quo”, ignorando
toda a argumentação preliminar da peça contestatória, afastou o pedido de carência da ação,
e determinou o prosseguimento para a realização de prova pericial, fixando como ponto
controvertido o valor atual do aluguel.

Ora Nobre Julgadores, tal determinação, além de ferir os incisos I e II,


do artigo 51, afrontou também o artigo 71, todos da Lei 8.245/91, bem como artigo 5º,
inciso XXII, da Constituição da República, o que, desde já, se prequestiona, causando Lesão
Grave aos ora Agravantes, como adiante se demonstrará, razão pela qual necessária e
imprescindível a sua apreciação, neste momento, por esse Tribunal.

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Desta feita, necessário se faz a concessão do EFEITO SUSPENSIVO,


o que se REQUER, para que seja conhecido este recurso, e lhe seja dado, ao final, o devido
PROVIMENTO.

DA CARÊNCIA DA AÇÃO

Como comprovou os Agravantes, os Agravados não fazem jus á


renovação compulsória por não preencher todos os requisitos cumulativos elencados no
artigo 51 da Lei 8.245/91, dos quais destacamos:

“ Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário


terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos
ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo
prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
[...] (grifos nossos)

Não atendidas as condições acima relacionadas, os Agravantes não estão


obrigados a renovar o contrato, nos termos do artigo 72, inciso I, II e IV da Lei 8.245/91.

DA AUSÊNCIA DE PROVA CONTRATUAL

Os Agravados juntaram aos autos apenas 02 (dois) contratos, sendo que


somente o 1º (primeiro) deles, podem ser considerado, porque:
a) O primeiro contrato, às fls. 16/19, foi firmado pelo período de 48 (quarenta e oito
meses), e vigorou entre 01/06/2009 a 31/05/2013;
b) O segundo contrato apresentado às fls. 20/23, NÃO ESTÁ ASSINADO PELAS
PARTES, e, portanto, NÂO há que ser considerado como preenchido o requisito
material para a viabilidade da renovação pretendida, vez que A LEI VEDA AMBAS
AS HIPÓTESES: A INTERRUPÇÃO E O CONTRATO VERBAL.

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Ainda que assim não o fosse, tal documento serviria apenas como prova
de que a locação vigorou por PRAZO INDETERMINADO a partir de 01/06/2013.

A locação por PRAZO INDETERMINADO está em desamparo


quando se trata de hipóteses de renovação compulsória, como há anos já se decidia os
Tribunais:
LOCAÇÃO – RENOVATÓRIA – “ACESSIO TEMPORIS” – PERÍODO
LONGO SEM CONTRATO ESCRITO – AÇÃO IMPROCEDENTE –
SENTENÇA MANTIDA RECURSO NÃO PROVIDO – VOTO
DIVERGENTE – EMBARGOS REJEITADOS. Embora o contrato de
locação admita forma verbal, o efeito renovatório depende (dentro
outros) de ter o contrato sido celebrado sob forma escrita. Sem
contrato escrito, o locatário não está habilitado a pleitear renovação
de seu contrato (2º TAC – São Paulo – 3ª Câm. Embargos Infringentes
628.414.01/8, j. 12/03/02 – Rel. Ferraz Felisardo).

Os Agravados, portanto, são CARECEDORES DA AÇÃO, por não


preencher os requisitos previstos nos incisos I e II do artigo 51 da Lei 8.245/91, quais sejam:
FORMA ESCRITA, ININTERRUPÇÃO E PRAZO MÍNIMO DE CINCO ANOS.

Theotônio Negrão, em sua obra Código de Processo Civil, 44ª edição,


2012, em nota 5 a do artigo 51, fez constar a real intenção do legislador sobre o assunto : “O
adjetivo “ININTERRUPTOS”, que não existia no texto correspondente do Dec.
24.150/34 (conforme seu artigo 2º b), teve por finalidade vedar a “acessio temporis“ quando
haja solução de continuidade entre um contrato e outro de locação. Neste sentido: RT
712/211, 731/344, Lex-JTA 147/329.”

Se a lei de luvas (Dec. 24.150/34) nada dispunha sobre o assunto, a Lei


8.245/91 não deixa margem a dúvida no sentido de que descaracteriza a locação empresarial
um interregno sem contrato escrito.

Assim, não se pode considerar a “acessio temporis” quando se passou


muito tempo entre os instrumentos escritos, como a seguir:

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“Impõe-se o reconhecimento da carência de ação por incabível a


“acessio temporis”, quando a locação, embora de longo prazo,
apresentou somente os últimos doze meses sob contrato escrito.
“(STJ, 4ª T., REsp. 13.397, Min. Athos Carneiro, j. 4.8.92, DJU 24.8.92)”

Ainda sobre o tema, Theotônio Negrão anotou, na mesma obra, caso em


que não foi aceita a soma de contratos quando houve 11 meses de interregno entre eles: STJ,
4ª T., REsp. 11.630, Min. César Rocha, j. 25.6.97, DJU 27.10.97; 1ano: STJ –5ª T., REsp.
59.261-5, Min. Jesus Costa Lima, j. 10.5.95, DJU 29.5.95; ou 16 meses: STJ –6ª T. REsp.
61.436 –AgRg. Min. Hamilton Carvalhido, j. 16.3.06, DJU 17.4.06.

Fábio Ulhoa Coelho, em “Comentários à Lei de Locação de Imóveis


Urbanos”, editora Saraiva, página 322, leciona que “Em relação, ainda, à soma de prazos
contratuais para o preenchimento do requisito temporal da locação empresarial, deve-se
cuidar de uma situação bastante corriqueira, consistente em alguma demora na formalização
de novos contratos de locação entre as mesmas partes. É, sem dúvida, comum que,
entremeando dois contratos escritos, transcorra um pequeno lapso de tempo sem contrato
escrito, correspondente ao momento em que o locador e o locatário estavam desenvolvendo
tratativas com vistas à assinatura do novo instrumento. Claro que a locação, nesse período,
existiu, MAS NÃO SE FUNDAVA EM INSTRUMENTO ESCRITO, E,
CONSEQÜENTEMENTE, EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE CONTRATO
ORAL ENTRE DOIS CONTRATOS ESCRITOS, A SOMA DESTES NÃO SERIA
CABÍVEL PARA O ATENDIMENTO DO REQUISITO TEMPORAL.”.

No caso em exame, o MM. Juiz “a quo” desconsiderou que NÃO FOI


ATINGIDO O PRAZO MÍNIMO DE 05 ANOS, E QUE HOUVE A
PRORROGAÇÃO DA LOCAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO, determinou
o prosseguimento do feito para a apuração do valor de mercado para o aluguel,
contrariamente ao que preceituam os artigos 51 e 71 da Lei 8.245/91, e a Jurisprudência
abaixo colacionada:

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“LOCAÇÃO COMERCIAL. AÇÃO RENOVATÓRIA ACESSIO


TEMPORIS. CONTRATOS DESCONTÍNUOS. Admite-se a soma dos
prazos de contratos escritos descontínuos para a complementação do
qüinqüênio, desde que a interrupção tenha ocorrido por breve tempo,
reputado destinado à conclusão da nova avença, hipótese não
verificada, no caso dos autos. Além disso, declarado pelas instâncias
ordinárias não justificável o período longo, sem contrato escrito,
inexistente entre os contratos sucessivos, tal conclusão, por basear-
se no exame de fatos e dos contratos, não dá ensejo ao recurso
especial. (Súmulas 5 e 7/STJ). Recurso não conhecido" (REsp
43.812/8 –SP)

No mesmo sentido:

"Locação -Renovatória - "Acessio temporis" - Período longo sem


contrato escrito - Carência decretada - Sucumbência fixada -
Sentença mantida.
Inadmissível a soma dos prazos dos contratos escritos, se entre eles
vigorou por quase três anos locação verbal" (Ap. c/ Rev. 543.738 –
TJ/SP -11ª câm. -Rel. Juiz Melo Bueno -j. 29.3.99).

E ainda:

Locação comercial -Renovatória -'accessio temporis' - interregno


sem contrato escrito - inadmissibilídade.
A “accessio temporis” admitida, expressamente, pelo artigo 51, inciso
II, da lei n." 8.245/91, não admite interrupção entre um contrato e
outro, porque emprega a expressão “ININTERRUPTO”, ou seja,
continuidade dos contratos escritos que se somam".

Reiterando esse entendimento:

LOCAÇÃO. RENOVATORIA. ACCESSIO TEMPORIS. PARA O FIM DA


RENOVATORIA É INADMISSIVEL A ACESSIO TEMPORIS QUANDO
DILATADO O PERIODO ENTRE OS CONTRATOS ESCRITOS. -
SUMULAS NS. 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. -
SUMULA N. 14 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.-RECURSO
ESPECIAL DE QUE SE NÃO CONHECEU. UNANIME. (REsp.
12389/SP –Rel. Min Fontes de Alencar, 4ª T., STJ, j. 10.09.91)

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Em Resumo, como é comum acontecer no mundo dos negócios, o


Locatário que tiver interesse em manter uma locação empresarial tem que se cercar de todos
os cuidados para ter o seu direito reconhecido, zelando pela continuidade contratual, e pelo
cumprimento de todas as obrigações assumidas em contrato.

DA AUSÊNCIA DE PROVA DO EXATO CUMPRIMENTO DO CONTRATO

Também nesse quesito NÃO houve comprovação de que os Agravados


estão em dia com todas as obrigações assumidas ao firmar o contrato de locação.

Não constam dos autos os competentes recibos de pagamento dos


encargos contratuais, tais como: água, luz, SEGURO e etc, documentação essa indispensável
para a conferência do exato cumprimento do ajuste.

E nem se diga que tal prova competia ao Locador, muito menos poderá
ser admitida a abertura de novo prazo para a juntada, pois, conforme determinação legal, os
Agravados deveriam ter apresentado toda a documentação com a exordial, e, se não o
fizeram, assumiram o risco de ter indeferido o seu pedido.

A exigência é perfeitamente legal, na medida em que a renovação somente


poderá ser concedida, se comprovado o cumprimento de todas as cláusulas contratuais,
durante o período de 05 (cinco) anos correspondentes à soma dos contratos escritos,
ininterruptos e sucessivos.

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José da Silva Pacheco, em sua obra “Tratado das Locações, Ações de
Despejo e Outras”, pág. 636, item 907, no item Ação Renovatória, leciona que: “O Direito
à renovação do contrato de locação comercial, assegurado ao locatário como uma especial
proteção ao fundo de comércio que criou num determinado ponto, constitui grave restrição
ao direito de propriedade. Por isto, a Lei impõe normas rígidas para o exercício válido desse
direito, sendo o cumprimento rigoroso e fiel do contrato uma das condições por ela impostas,
como prescreve o artigo 71, inciso II da Lei 8.245/91. É certo que pequenas infrações do
contrato não bastarão à recusa judicial da renovação, mas se são sérias ou se se originam
diretamente da lei, não será lícito obrigar o locador a renovar um contrato com pessoa
que, por não cumprir os compromissos assumidos, decaiu da sua confiança, nele
depositada ao tempo da celebração do ajuste.”

Carlos Celso Orcesi da Costa, em sua obra “Locação de Imóvel Urbano”,


às fls. 384, menciona que: “Para fazer jus à renovação o inquilino deve provar, já com a
petição inicial, haver cumprido exatamente o contrato em curso (inciso II). Prova do
cumprimento se faz com a juntada de recibos de pagamento do aluguel e encargos; impostos
e taxas (inc. III); contratação de seguro, ou pagamento de luz, água, telefone, gás; e
indiretamente todas as demais obrigações legais e contratuais a seu cargo.”

Sobre o momento exato da produção dessa prova afirma que: “a regra é a


juntada imediata; excepcional será a permissão da juntada posterior..., mas não se pode
admitir que a exceção se torne regra, mormente quando o art. 71 literalmente reitera o dever
de apresentação da prova com a distribuição da petição inicial.”

Em continuidade, resume: “Finalmente se diga que a falta do exato


cumprimento do contrato IMPLICA A DECRETAÇÃO DE CARÊNCIA DA AÇÃO.
A renovação judicial não deixa de ser, ontologicamente, uma ingerência direta do Poder
Público no âmbito da liberdade de contratar. É portanto uma restrição ao direito de
propriedade do locador usar, fruir ou dispor de seu imóvel como lhe aprouver. E as restrições
se interpretam restritivamente. Se o locatário, candidato ao benefício legal, deixa de realizar
seguro (mesmo que por sorte não tenha havido incêndio), se atrasou vários alugueres
purgando-se com a emenda da mora, se praticou faltas leves mas reiteradas (p.ex., o sucessivo
atrasono pagamento de tarifas), NÃO DEVE MERECER O BENEFÍCIO DA
RENOVATÓRIA JUDICIAL.”. (grifo nosso).

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A Jurisprudência já se pacificou nesse sentido:-

LOCAÇÃO. AÇÃO RENOVATÓRIA DE CONTRATO DE LOCAÇÃO


PARA FINS COMERCIAIS. CASO CONCRETO. MATÉRIA DE FATO.
A procedência da demanda renovatória depende da observância dos
requisitos elencados nos arts. 51 e 71, da lei n.º 8.245/91. Na espécie,
a autora, ora apelante, não comprovou o exato cumprimento do
contrato em curso e a quitação dos impostos e taxas que incidiram
sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia. Apelo desprovido -
(TJRS, RAC n. 70016696668, Relator: Vicente Barrôco de
Vasconcellos, julgado em 11/10/2006).

Como não houve a apresentação dos comprovantes de efetivação de


SEGURO do imóvel durante o período contratual (cláusula 4ª, às fls. 17), é certo afirmar que
o imóvel ficou a descoberto de qualquer proteção, à mercê das intempéries e sinistros,
especialmente o caso de incêndio.

Em casos análogos, a Jurisprudência se pacificou no sentido de que, ainda


que por um determinado período, tenha o imóvel ficado desprovido de segurança, o
Locatário não terá direito à renovação:

“A comprovação do integral cumprimento do contrato de locaçãoem


curso constitui condição sine qua non para a propositura de
renovatória de locação, e o inquilino que descumpre qualquer uma de
suas cláusulas, notadamente a que prevê seguro contra incêndio,
carece do direito de propô-la, impondo-se a extinção do processo,
sem julgamento do mérito.(RSTJ 107/362).”

No mesmo sentido:
“Lex –JTA 144/326, 148/220”

E ainda:
“O Locatário que não comprova a realização de seguro contra riscos
de incêndio, acertada em cláusula contratual, carece do direito à
renovação, sendo prescindível, no caso, a sua notificação pelo
locador.” (STJ –5ª T., REsp. 39.414, Min. José Arnaldo, j. 239.9.96, DJU
18.11.96)

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DA FALTA DE INDICAÇÃO DAS CONDIÇÕES LOCATÍCIAS

Na exordial, os Agravados não esclareceram, clara e precisamente, todas


as condições que pretende ofertar no sentido da renovação, mormente o valor do aluguel a
vigorar nos “próximos” anos. Apenas menciona que o aluguel deverá ser “reajustado com
base no índice inflacionário apontado no contrato”, pretensão essa que não se enquadra no
objetivo da demanda!

Convém destacar que o valor do aluguel que vem sendo pago atualmente
– R$ 7.006,00 (sete mil e seis reais) – é ínfimo, ainda mais se considerarmos a metragem
ocupada, a localização privilegiada do imóvel, e os dados comparativos do mercado
imobiliário.

FALHA NA PROVA DA GARANTIA

Restou falha também, a não apresentação da documentação atual da


capacidade financeira dos Fiadores, a rigor do artigo 283 do Código de Processo Civil e
incisos V e VI, do artigo 71, da Lei n° 8.245/91.

A menção de que a fiança permanecerá inalterada, NÃO SUPRE A


JUNTADA DE PROVA CABAL DA ATUAL IDONEIDADE, com a apresentação de
todas as certidões negativas dos cartórios de protesto, cíveis, criminais e trabalhistas, bem
como da CAPACIDADE FINANCEIRA dos candidatos ao encargo.

Referida prova é INDISPENSÁVEL quando os fiadores são os mesmos


do contrato inicial, pois não podemos esquecer que, se os Locadores forem compelidos a
firmarem a renovação contratual, o que se admite apenas por hipótese, o aluguel,
certamente, será majorado (através de perícia), não havendo qualquer prova de que a renda
auferida pelos Fiadores seja capaz de sustentar a nova obrigação.

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Por todo o exaustivo exposto, os Agravantes, tem plena confiança de que


esta Colenda Câmara irá reverter a decisão de fls. 189, ceifando as pretensões dos Agravados
no tocante à renovação compulsória do contrato de locação, extinguindo o feito, sem
adentrar ao mérito da causa, com o expresso reconhecimento da carência de ação.

DOS PEDIDOS

REQUER seja acolhido o presente AGRAVO a fim de:

• reconhecer a CARÊNCIA DA AÇÃO, fundada na ausência dos requisitos previstos


nos incisos I e II do artigo 51, da Lei 8.245/91, quais sejam: FORMA ESCRITA,
ININTERRUPÇÃO E PRAZO.

• reconhecer a falta de pressupostos processuais pela ausência de prova de exato


cumprimento do contrato, e de apresentação da documentação indispensável à
propositura da ação (comprovação de regularidade na contratação de seguro, e dos
pagamentos dos demais encargos locatícios), como prevêem os incisos I a VI do
artigo 71 da Lei 8.245/91, ensejando a DECRETAÇÃO DA EXTINÇÃO DO
FEITO, SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO, nos termos do artigo 301,
inciso III do Código de Processo Civil, o que se REITERA, tendo como
consequência a abertura de prazo de 30 dias para a completa desocupação do imóvel.

Isso posto, REQUER seja conhecido este agravo, concedendo-lhe o


EFEITO SUSPENSIVO, e, ao final, lhe seja dado total PROVIMENTO, fazendo-se
assim a costumeira,
JUSTIÇA!

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 08 de março de 2018.

SONIA REGINA NICOLI DOS SANTOS


OAB/SP Nº 101.297

Rua Barão de Duprat, nº 315 - 11º andar – sala 114 - Mercado


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