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Centro Universitário Maurício de Nassau

Disciplina: Nutrição Animal


Curso: Medicina Veterinária

Aula 5
Distúrbios Metabólicos
Prof a. Michelle Siqueira
Doutora em Zootecnia
Recife, PE
1
Distúrbios Metabólicos
Roteiro da Aula

1. Principais doenças nutricionais


que acometem:

• Grandes Animais
• Pequenos Animais
Google imagens
2
Doenças Nutricionais
PATÓGENOS ALIMENTAÇÃO INADEQUADA

As doenças nutricionais são provocadas por desequilíbrio entre


nutrientes ingeridos, o metabolismo e a eliminação desses pelas
FEZES, URINA, LEITE e FETO.
Doenças Nutricionais
Desequílibrios são de curta duração

O metabolismo do animal compensa Se o desequilíbrio for mais grave


Animal esgota suas reservas corporais

Reservas Corporais

DOENÇAS METABÓLICAS

Wittwer, 2000.
Doenças Nutricionais

ANIMAL COM BOM ESTADO


NUTRICIONAL

Melhor imunidade RESITENCIA A DOENÇAS


Principais Doenças Nutricionais
Grandes:
Pequenos:
• Intoxicação por ureia;
• Timpanismo Ruminal; Animais obesos
• Hipocalcemia; Animais com urolitíase
• Acidose Ruminal.
Intoxicação por ureia

Fonte de NNP  46% de Nitrogênio


Intoxicação por ureia
Ocorre Acesso acidental Ingestão em grandes
quantidades

Erros na dosagem Mistura na ração

Não adaptação dos animais


Ureia em sal mineralizado (chuvas)
Comum animais doentes ou mortos (cochos)
Tamponante do sangue

NH NH3
Altas
3 [NH3]
NNP NH3

excede
pH
ELEVADO Síntese de Ptn
CO2  Microg.

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Intoxicação por ureia
Qtª necessária para provocar um quadro de intoxicação:

 Velocidade de ingestão;
 pH do rúmen;
 Grau de adaptação do animal

Níveis 0,45 a
0,50 g de Ingeridos em curto espaço de tempo...
ureia/kg PV Animais não adaptados  Intoxicação

Preconiza-se que a ureia não deve exceder 3% da ração concentrada


Intoxicação por ureia
Doses de Doses de 1 a
0,44 g/kg PV 1,5 g/kg PV

SINAIS CLÍNICOS MORTE


Timpanismo Ruminal

Distenção Rúmen
ACENTUDA Retículo

Incapacidade do animal
em expulsar os gases
Mec fis. normais
Timpanismo Ruminal
Resultando em...
Dificuldade respiratória

Circulatória
Com asfixia e morte
do animal
Classificação do Timpanismo

 Primário  ingestão de certas ptn presentes nas plantas (leguminosas


[alfafa, trevo] saponinas e pectinas
 Secundário  Dificuldade física de eructação obstrução do esôfago
Timpanismo Ruminal
Primário...

Tensão superficial do líquido ruminal ou de sua


viscosidade,

Fazendo com que as bolhas de gases persistam por


longos períodos na digesta,

Apesar dos mov. contínuos do ambiente ruminal


elas não se desfazem impossibilitando sua
eliminação...
Timpanismo Ruminal
Secundário...

Obstrução do esôfago por corpo estranho...

Como complicações de doenças que podem levar ao


enfartamento ganglionar (Leucose, tuberculose,
pneumonia etc...)

Ou por lesão nas vias nervosas responsáveis pelos


processos de eructação
Timpanismo agudo – evolução rápida – quadro clínico

• Distensão no flanco esquerdo Vol ruminal;


• Desconforto ao animal;
• Reduz ingestão;
• Sintomas de dor abdominal;
• Escoiceando o ventre;
• Emitindo grunhidos
• FR aumenta  Freq. Oral
• Protrusão (exteriorização da língua);
• Salivação;
• Extensão do pescoço;
• Distensão dos membros.
Timpanismo agudo – evolução rápida – quadro clínico

Quadro evolui...

Queda do animal;
Cabeça distendida;
Boca aberta;
Língua protrusa;
Olhos dilatados

Após algumas horas do inícios dos


sintomas MORTE
Timpanismo Ruminal - Tratamento
De acordo com o tipo e grau:

Uso de antiespumantes (óleos vegetais), sonda orogástrica...

Em casos mais graves, abertura do rúmen (rumenotomia)

Além da utilização de dietas mais fibrosas para


estimular a produção de saliva e facilitar a
ERUCTAÇÃO
TIMPANISMO RUMINAL (rumenotomia)
Doença Metabólica 
HIPOCALCEMIA
(FEBRE DO LEITE)

Metabolismo do Ca

Baixos níveis no sistema


sanguíneo  ocorrendo
24 a 72h após o parto

Vacas de alta produção


Hipocalcemia
Perdas econômicas

• Custo com o
tratamento;
• Mortes;
• Complicações
Hipocalcemia
Complicações secundárias

• Mastite clínica;
• Retenção de placenta;
• Metrite;
• Deslocamento do
abomaso
Hipocalcemia

• Definição

Distúrbio metabólico - É uma doença que está associada com


o parto e início de lactação em vacas leiteiras e é
caracterizada pela rápida diminuição da [Ca] no sangue,
devido a grande demanda de mineral para glândula mamária
no início de lactação
Vacas com hipocalcemia apresentam sintomas
clínicos quando a [Ca] total no sangue cai
abaixo de 5,5 mg/dL
Hipocalcemia
• Sintomas  apresentam 3 estágios

1° 2° 3°

• Em pé, com • Decúbito esternal • Não responde aos


hipersensibilidade e prolongado estímulos;
excitabilidade • Diminuição do nível • > FC
• Tremores da cabeça de consciência; • Completa facidez
e membros • Tª retal alterada; muscular
• Andar cambaleante • Membros flácidos • Estado semi-
comatoso
https://prezi.com/p/uxsfr582zjd
-/hipocalcemia-correto/
Hipocalcemia
• Vacas com febre do leite mais suceptíveis
Ovário CISTICO
MASTITE

PROLAPSO UTERINO
• Exemplo: Uma vaca que produz 10L de colostro, perde
aproximadamente  23 g de Ca em uma única ordenha

• Esta quantia é aproximadamente 9x maior que o Ca presente


em todo pool de plasma da vaca (Horst, et al., 1997).

Durante o Período Seco: No parto:

 Exig. Ca são mínimas: 10 a 12g Ca/dia  Exig. Ca são: 30 g Ca/dia


Acidose ruminal
• Definição

A acidose ruminal é uma alteração aguda ou crônica que se


dá devido à ingestão excessiva de carboidratos facilmente
fermentáveis, sendo problema frequente em ruminantes
com dietas ricas em concentrados (OWENS et al., 1998).

Há dois tipos de ACIDOSE: Clínica e Subclínica.


Acidose ruminal
A principal é a ingestão alta e súbita de grãos ou outros
carboidratos não-fibrosos

Fermentam rapidamente, causando um


grande acumulo de ácidos no rúmen.
Acidose ruminal

Tais lesões facilitam a


Devido a intensa produção
entrada de bactéria na Com o surgimento de
de ácidos, há lesão na parede
corrente sanguínea, abscessos hepáticos e
ruminal gerando as
chegando ao fígado e broncopneumonia.
ruminites.
pulmões rapidamente,
Acidose ruminal
Entre os sintomas da acidose se
manifestam 12 a 24 horas após
ingestão do alimento.

• perda do apetite, desidratação,


diarreia, apatia etc..
Primeira foto órgão normal e outro que sofreu acidose.

Nos casos mais graves  morte do animal.


Acidose ruminal
Sintomas:

• Inchaço do rúmen;
• Cólicas;
• Queda no movimento ruminal;
• Diarreia escura e ácida;
• Caminhar cambaleante;
Rúmen com acidose subclínica
Acidose ruminal

Quevedo et al., 2014.


Acidose Ruminal  ESCORE FECAL
Pequenos Animais
Animais Obesos
Animais Obesos

Obesidade: é um transtorno patológico caracterizado


pelo acumulo excessivo de gordura, em níveis muito
superiores ao necessário para o ótimo funcionamento
orgânico, em consequência...

Alteração na ingestão de nutrientes, ou distúrbio dos


gastos energéticos, ou ainda, ao desequilíbrio interno
dos dois processos.
Animais Obesos
Urbanização e o sedentarismo sofrido por estes animais

Obesidade

Nível de palatabilidade + Carga energética ofertada pelos


alimentos = excesso de consumo

 Ingerir mais energia do que a recomendada


para seu peso e estado fisiológico.
Animais Obesos

Definição

Acúmulo excessivo de gordura em tecido


adiposo, associado ao incremento de peso
em 10% acima do peso ideal.

• 6 - 12% dos gatos,


• 25 – 45% da população canina
Animais Obesos

Acúmulo de gordura no tecido


adiposo

Células deste tecido sofrerem com os processos:


hiperplasia e hipertrofia.
Animais Obesos
Retirando problemas endócrinos...
Desequilíbrio na ingestão de energia  balanços energéticos
positivos, que possivelmente se transformarão em elementos de
depósito no tecido adiposo.

Um reduzido número de animais


obesos, não castrados, é decorrente
de alterações endócrinas, como
hipotireoidismo;
Animais Obesos
Fatores se relacionam intensamente com o desenvolvimento da obesidade:

Idade do animal – envelhecimento – animais adultos e maduros


Diminuição do gasto energético – urbanização
Desequilíbrios endócrinos – problemas pancreáticos...
Animais castrados – perda libido e atividade sexual...
Fatores genéticos
Mudanças alimentares – alimentos mais saborosos
Animais Obesos
Raças de cães são mais propensas

Shetland Sheepdoogs
Cairn
Labrador

Long Haired Dachshund


Basset Hounds Cocker Spaniel
Animais Obesos
Diagnóstico propostos para se determinar a obesidade:

Peso atual
Peso padrão – quando tiver
Índice de massa corpórea
Taxa de gordura corpórea
Volume de energia ingerida por dia
Necessidade padrão de energia diária
Petiscos e alimentos fora do padrão para animais
Nível de exercício praticado
Observação subjetiva do estado corporal do animal
Animais Obesos

Efetuar a palpação de toda a


região das costelas
Animais Obesos
Esquema de avaliação subjetiva da condição
corpórea de animais de estimação:
Animais Obesos
Existem no mercado nacional de rações, dietas
com características relacionadas à perda de peso,
podendo ser classificadas como dietas de
tratamento, bem como as dietas hipocalóricas.

Cálculo do consumo

Volume diário = NEM/EM, onde este valor é expresso em kg/ dia.


Animais Obesos

Recomendações para o controle e prevenção da obesidade:

Perda de peso lenta e gradual orientada por um Veterinário.


Usar dietas que possibilitem a perda de peso.
Eliminar restos alimentares e petiscos.
Consultas periódicas de controle para readequar a ingestão de alimentos conforme
perda de peso.
Após realizada perda de peso esperada ajustar o consumo e rotinas alimentares.
Evitar o sedentarismo animal
Animais Obesos
Excesso de peso

Predisponente a muitas outras patologias...


Problemas do sistema locomotor e das articulações,
Alterações cardio-pulmonares e endócrinas,
Diabetes mellitus,
Maior susceptibilidade às enfermidades infecciosas,
Aumenta os riscos de complicações cirúrgicas
Animais Obesos
Tratamento

 Reformulação na forma do animal se alimentar

 Quantidade e qualidade de seus alimentos

 Reduzir ao máximo os chamados “petiscos

Aumentar a intensidade de exercícios aplicados aos cães e gatos


Animais Obesos
Tratamento

Restrição do número de calorias  dietas com


total de energia menor do que o requerido para
manter o peso corporal.

 Propiciar um balanço energético negativo


para induzir a mobilização de calorias dos
depósitos orgânicos, pelo catabolismo das
gorduras endógenas.
Animais Obesos
Tratamento

Dietas para perda de peso, com


restrição calórica de 60% e 70% das
exigências de energia para
mantença dos cães e gatos,
respectivamente,
Animais Obesos
Necessidade diária total de calorias,
para mantença, está em torno de
80 kcal/Kg de peso corporal para os
cães e 70 kcal/Kg de peso corporal
para os gatos.
Animais Obesos
Fibra vegetal
12% de fibra solúvel em detergente neutro  afeta mais
profundamente a saciedade do que a fibra insolúvel
Animais Obesos
Administração da dieta

Duas ou três vezes ao dia - as quais somam o


mesmo conteúdo calórico de uma única refeição
diária, com melhor adaptação do paciente à dieta
com restrição de nutrientes.
Animais Obesos

Deve-se prevenir que cães e gatos se tornem


obesos, principalmente pela correta
orientação dos proprietários, a fim de que
estes façam a utilização de dietas coerentes
com as necessidades nutricionais de seus
animais de estimação.
Animais com Urolitíase
Animais com Urolitíase
Dentre as causas mais comuns de obstrução do trato
urinário inferior está a urolitíase, que é definida como a
formação de sedimento, consistindo de um ou mais
cristalóides pouco solúveis no trato urinário.
Animais com Urolitíase

Estes sedimentos sólidos, os urólitos


(cálculos), são formados a partir de falhas na
excreção de metabólitos corporais pela urina,
havendo acúmulo de precipitados, dentre
eles, os cristais.
Animais com Urolitíase

Os urólitos podem ser formados em


qualquer órgão do trato urinário dos
animais, embora em cães a grande
maioria ocorra na bexiga.
Animais com Urolitíase
Altas concentrações de solutos (principalmente
minerais) supersaturam a urina.

Esse fator, aliado à diminuição na frequência de


micção, são as causas principais da formação de
cristais e urólitos
Animais com Urolitíase
A formação dos urólitos está relacionada a
fatores dietéticos e não dietéticos:
Animais com Urolitíase
Fatores não dietéticos :
Raça, idade, infecção do trato urinário e sexo.

Pequeno porte Yorkshire Terrier, Shi Tzu e Lhasa Apso

Menor volume urinário excretado, e menor número de micções pelos cães de raças
pequenas
Animais com Urolitíase
Fatores dietéticos:

A composição da dieta pode interferir tanto no


aparecimento quanto na prevenção de
urolitíases, já que a mesma afeta a densidade
específica, o volume e o pH urinário
Animais com Urolitíase

Consumo de Rações (secas)  tendem a urinar com


menor frequência e produzir uma quantidade menor
de urina, porém mais concentrada, aumentando as
chances de ocorrência da urolitíase.
Animais com Urolitíase
• Sinais Clínicos

Hematúria: presença de sangue na urina

Disúria: dificuldade para urinar

Polaquiúria: Aumento da frequência das micções


Animais com Urolitíase
• Classificação:

Estruvita, oxalato de cálcio, urato, misto,


silicato e cistina
Animais com Urolitíase
• Urólitos de estruvita

Magnésio, amônio e fosfato

A urina supersaturada com esses elementos, associada


à infecção do trato urinário, urina alcalina, e à dieta,
influenciam a formação dos cálculos de estruvita.
Animais com Urolitíase
Causas:

1º) Queda no volume urinário, aumento na


densidade específica da urina secundários à
oligodipsia, e consumo excessivo de alimentos
ricos em magnésio e fósforo.
Animais com Urolitíase
Causas:
2º) é o mais encontrado em cães, e resulta de uma
infecção do trato urinário por microrganismos
produtores de urease (Staphylococcus sp.).

Hidrolise da uréia, proporcionando a elevação nas


concentrações de amônio, fosfato e carbonato,
resultando em urina alcalina.
Animais com Urolitíase
Causas:

Baixo teor proteico


Alto teor de cálcio, fósforo e magnésio
Animais com Urolitíase
• Oxalato de cálcio

Supersaturação da urina com cálcio e


oxalato, com posterior absorção
intestinal de cálcio
Animais com Urolitíase
A nutrição interfere significativamente no
aparecimento de urólitos de oxalato de cálcio.

Dietas com baixo teor de umidade e sódio, e alta


concentração proteica (acidificantes) aumentam o
risco de formação de oxalato de cálcio em cães de
raças suscetíveis (Elliot, 2003).
PREVENÇÃO E TRATAMENTO POR MEIO DA NUTRIÇÃO

Subsaturação da urina  concentração de minerais


precursores dos cristais, também favorece o aumento
no volume urinário

Sódio na dieta
PREVENÇÃO E TRATAMENTO POR MEIO DA
NUTRIÇÃO

Para a prevenção do aparecimento de urólitos de estruvita, o


recurso mais eficiente baseia-se na alteração do pH urinário
através da dieta.

Redução do mesmo para 6,4, uma vez que a urina ácida é


responsável por aumentar a solubilidade da estruvita, sendo
também essencial na dissolução do urólito.

Proteínas de origem animal


Metionina, ácido fosfórico e cloreto de amônia
PREVENÇÃO E TRATAMENTO POR MEIO DA
NUTRIÇÃO

Os urólitos de oxalato de cálcio não respondem a


tratamentos dietéticos, uma vez que eles não são
dissolvidos na vesícula urinária.

Portanto, a única forma efetiva de tratamento para essa


afecção é a retirada cirúrgica do cálculo.
Profa. Michelle Siqueira
E-mail: michelle.siqueira2@gmail.com

Até a próxima aula...

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