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SUMÁRIO
1 Introdução....................................................................... 3
2. Retinopatia hipertensiva.......................................... 3
3. Retinopatia diabética...............................................14
4. Descolamento de retina.........................................24
5. Retinoblastoma.........................................................31
Referências Bibliograficas..........................................35
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1 INTRODUÇÃO Epidemiologia
frequentemente mascarada pela pre- renal, que pode ser curada com a cor-
sença de outras doenças vasculares reção da doença subjacente.
da retina, como a retinopatia diabé- A patogênese da hipertensão ma-
tica. No Beaver Dam Eye Study, que ligna, da mesma forma que a hiper-
avaliou pacientes hipertensos sem tensão essencial, é desconhecida.
doenças vasculares coexistentes, a Postula-se que há superatividade do
incidência de retinopatia hipertensiva sistema renina-angiotensina-aldos-
foi de cerca de 15%; especificamente, terona, com altos níveis plasmáticos
8% apresentaram retinopatia, 13% de renina e de angiotensina como
apresentaram estreitamento arterio- causa subjacente.
lar e 2% apresentaram cruzamentos
arteriovenosos. O valor preditivo do A resposta primária das arteríolas
diagnóstico de hipertensão arterial retinianas à hipertensão sistêmica
sistêmica a partir dos achados oftal- é o estreitamento (vasoconstrição).
mológicos no exame foi de apenas Entretanto, a intensidade de estrei-
47-53%, demonstrando que a medi- tamento depende da quantidade de
da da pressão arterial é o meio mais fibrose de substituição preexistente
preciso para diagnosticar a hiperten- (esclerose involucional). Por esta razão,
são arterial sistêmica. o estreitamento por hipertensão só é
visto em sua forma pura em indivídu-
os jovens. Nos pacientes mais velhos,
Fisiopatologia e fatores de risco a rigidez das arteríolas devido à escle-
rose involucional evita o mesmo grau
Hereditariedade e fatores ambientais
de estreitamento visto nos indivíduos
têm sido implicados na patogênese
mais jovens. Na hipertensão mantida,
da hipertensão essencial e, conse-
a barreira hemato-retiniana é rompida
quentemente, da retinopatia hiper-
em pequenas áreas, com aumento da
tensiva. Nos idosos, um aumento no
permeabilidade vascular. O quadro de
tônus basal da musculatura lisa ocor-
fundo da retinopatia hipertensiva é ca-
re como resultado da hiperatividade
racterizado, portanto, por essas altera-
simpática e da ativação do sistema
ções que serão vistas a seguir.
renina-angiotensina-aldosterona.
Outros fatores incluem sensibilidade A retinopatia hipertensiva, assim
ao sal, baixo cálcio sistêmico e resis- como a HAS, é mais frequente em
tência à insulina com hiperinsuline- negros do que em brancos, na pro-
mia, etc. A hipertensão secundária é porção de 2:1. Os efeitos da HAS po-
devida a uma causa identificável, ge- dem acometer o nervo óptico, a retina
ralmente relacionada a uma alteração e a coroide, podendo ser observados
na secreção hormonal ou na função tanto na oftalmoscopia quanto na
angiografia.
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Figura 4. Infartos coroidais (Manchas de Elschnig). Fonte: Yanoff & Duker (2014)
Figura 6. Edema de disco, exsudato, hemorragia retiniana, dilatação venosa, estreitamento das
arteríolas, manchas de Elschnig e linhas de Siegrist estão presentes. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
Diagnóstico e Classificação
SE LIGA! No contexto da RH, a diminui-
ção da acuidade visual se deve à atrofia O diagnóstico da RH é clínico, realiza-
do nervo óptico (no caso da RH crôni- do quando as alterações vasculares,
ca) ou decorre de hemorragias, descola- coroidais ou ópticas retinianas carac-
mento de retina ou de oclusões venosas
(RH maligna)
terísticas são visualizadas na biomi-
croscopia com lâmpada de fenda.
O teste auxiliar mais importante
é a medição da pressão arterial
para garantir o diagnóstico correto e
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descartar outras doenças com qua- Pode haver atraso irregular no preen-
dros clínicos semelhantes. chimento coroidal, seguido por extra-
A angiografia com fluoresceína vasamento tardio dos vasos coroidais
pode ser usada, mas não é crucial para o espaço sub-retiniano quan-
para o diagnóstico. Na angiografia, do uma coroidopatia está presente.
as alterações da retina podem incluir Quando ocorre neuropatia óptica is-
não-perfusão capilar, microaneuris- quêmica, ocorre extravasamento de
mas com extravasamentos e bloqueio um nervo óptico inchado.
de hemorragias retinianas (Figura 7).
Figura 7. Angiografia com fluoresceína. Ausência de perfusão capilar em áreas de manchas algodonosas. Observar a
hipofluorescência da hemorragia intrarretiniana, causada pelo bloqueio. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
SAIBA MAIS!
O diagnóstico diferencial a Retinopatia Hipertensiva crônica envolve as seguintes retinopatias:
• Retinopatia diabética
• Obstrução venosa da retina
• Síndromes de hiperviscosidade
• Tortuosidade arterial congênita da retina hereditária
• síndrome isquêmica ocular
• Retinopatia por radiação.
Fisiopatologia: A resposta
primária das arteríolas retinianas
à hipertensão sistêmica é o
estreitamento (vasoconstrição).
3. RETINOPATIA Epidemiologia
DIABÉTICA Cerca de 1 a 3% da população mun-
Diabetes mellitus (DM) é uma altera- dial está acometida pela DM. Segun-
ção metabólica comum caracterizada do dados da Sociedade Brasileira de
por hiperglicemia crônica de gravida- Diabetes, a prevalência do DM na po-
de variável, secundária à falta, dimi- pulação brasileira com idade entre 30
nuição da eficácia, ou ambas, da insu- e 69 anos é de 7,6%. Aproximada-
lina endógena. De acordo com dados mente 85% dos casos se manifestam
recentes da Organização Mundial da após os 40 anos de idade, e apenas
Saúde (OMS), aproximadamente 150 5% antes dos 20 anos.
milhões de pessoas são atualmente A RD ocorre em quase todos os pa-
afetadas pela DM, número este que cientes com DM tipo 1 e em mais de
pode duplicar até o ano 2025. Este 60% dos pacientes com DM tipo 2
aumento ocorrerá em grande parte
nos países em desenvolvimento, es-
pecialmente devido a fatores como Fatores de Risco
crescimento populacional, envelheci- Duração da DM é o mais importan-
mento, dietas inadequadas, obesida- te: Em pacientes com DM diagnos-
de e sedentarismo, além da redução ticada antes da idade de 30 anos, a
nos valores de glicemia de jejum atu- incidência de RD após 10 anos é de
almente adotados para o diagnóstico 50% e após 30 anos, 90%. A RD ra-
do DM. ramente se desenvolve antes de 5
A DM é a causa mais frequente de anos do início da doença ou antes da
cegueira nos países industrializa- puberdade. Porém, cerca de 5% dos
dos entre as populações ativas, cor- diabéticos tipo 2 têm RD no momen-
respondendo a 30% dos pacientes to do seu diagnóstico. Isto acontece
cegos. As alterações oculares que por conta do diagnóstico geralmente
podem conduzir à cegueira no DM tardio da DM tipo 2.
são: Retinopatia Diabética (RD; Controle metabólico ineficiente: É
70%), catarata, glaucoma e neurof- menos importante do que a duração
talmopatia. A RD constitui a princi- da DM, mas, apesar disso, é impor-
pal complicação do DM e parece se tante para o desenvolvimento e pro-
desenvolver como afecção de cau- gressão da RD.
sa multifatorial, a exemplo de ou-
Gravidez: Ocasionalmente está as-
tras complicações tardias diabéticas,
sociada à progressão rápida da RD.
como a arteriopatia, a neuropatia e a
Fatores predisponentes incluem con-
nefropatia.
trole precário do DM na gravidez,
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Figura 8. Retinopatia diabética não proliferativa com microaneurismas. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
Figura 10. Retinopatia diabética proliferativa com neovasos de papila. Fonte: Alves (2013)
SAIBA MAIS!
O diagnóstico diferencial da retinopatia diabética engloba:
• Retinopatia por radiação
• Retinopatia hipertensiva
• Obstrução venosa da retina
• Síndrome isquêmica ocular
• Anemia
• Leucemia
• Doença de Coats
• Telangiectasia retiniana justafoveal idiopática
• Retinopatia falciforme
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SAIBA MAIS!
A periodicidade recomendada para o acompanhamento oftalmológico do paciente diabético
depende das alterações encontradas na fundoscopia. No caso de ausência de RD, ausên-
cia de edema macular ou RDNP leve, o acompanhamento deve ser anual. Se houver RDNP
moderada ou edema macular não clinicamente significativo, o acompanhamento passa a ser
semestral. No caso de RDNP severa, edema macular clinicamente significativo ou RDP, o
acompanhamento deve ser mensal/trimestral.
Humor vítreo
Figura 11. Patogênese clássica do descolamento regmatogênico da retina. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
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Figura 12. Quadro de rotura retiniana em ferradura no quadrante temporal superior, com descolamento de retina
associado. Fonte: Alves (2013)
Figura 13. Tração em ponte (seta verde) entre as arcadas vasculares temporais causando descolamento tracional de
retina, em paciente com RDP. Fonte: Alves (2013)
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É a separação da retina
sensorial, ou seja,
DESCOLAMENTO Descolamento
fotorreceptores e camadas DE RETINA exsudativo de retina
teciduais internas, do epitélio
pigmentar da retina subjacente
Descolamento de retina
regmatogênico
Figura 14. Aparência típica de retinoblastoma. Tumor macular branco amarelado opaco, irrigado e drenado por vasos
sanguíneos retinianos dilatados e tortuosos. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
Figura 15. Histopatologia do retinoblastoma: Rosetas de Flexner-Wintersteiner. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
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Figura 16. Leucocoria bilateral como resultado de retinoblastoma. Fonte: Yanoff & Duker (2014)
A enucleação é o
tratamento de escolha para
retinoblastomas grandes.
Olhos com tumores pequenos
podem ser tratados com eficácia
com placas ou radioterapia de
feixe externo, crioterapia ou
fotocoagulação a laser
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
Alves MR et al. SÉRIE OFTALMOLOGIA BRASILEIRA - Conselho Brasileiro de Oftalmologia
- CBO: Retina e Vítreo. 3. ed. - Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2013.
Forti AC et al. DIRETRIZES Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) 2019-2020.
Kanski JJ. Oftalmologia Clínica: Uma abordagem sistemática. 5. ed. Elsevier, 2004
Riordan-Eva P & Whitcher JP. Oftalmologia geral de Vaughan & Asbury. 17. ed. – Porto Ale-
gre: AMGH, 2011.
Yanoff M & Duker JS. OPHTHALMOLOGY. 4. ed, Elsevier-Saunders, 2014.
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