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A burguesia deseja acima de tudo se tornar a nobreza, por conta disso ela se apossa de

costumes tipicamente ligados à aristocracia, para assim conseguir alguma aprovação de


classe e consequentemente poder sentar em uma mesa que nunca teve lugar para ela.

Como a etiqueta passou a ser uma prática vigente na civilização europeia, como
tais costumes afetaram o imaginário político, individual e coletivo da época, e como
essas características ainda estão enraizadas em um sistema de mudança e
permanência nos dias atuais.

Para entendimento da cultura aristocrática da sociedade europeia moderna, precisamos


analisar o contexto político e social que cercava as instituições em volta do antigo
continente. Durante grande parte do período em que se convencionou chamar de idade
média a Europa ocidental estava presa sobre dois estigmas: o da guerra, seja por seus
ciclos de invasão (normandos e magiares) ou pelos conflitos em nome da defesa do
cristianismo como a reconquista na península ibérica ou às inúmeras incursões religiosas
apelidadas pela historiografia sobre a alcunha de cruzadas; e o estigma da descentralização
política dos reinos, esse ambiente criou uma sociedade de caráter muito prático e religioso,
o valor de um nobre estava ligado ao quanto ele compria com as obrigações para com o
seu senhor e quão devoto ele era para com a santa igreja, não surpreende que essa
nobreza aparece frequentemente na historiografia sobre a alcunha de nobreza cavaleiresca.
O paradigma apresentado anteriormente muda por volta do século XIII até o XV, quando
a nobreza cavaleiresca se transforma em nobreza cortesã, e os nobres param de querer
replicar os feitos militares do Cid de Castela e passam a tentar se aproximar das figuras
romanticas apresentadas nos romances franceses, como o Romance da Rosa. Esse anseio
pela vida bela é comumente vinculado à cultura do renascimento italiano mas já era
possível observar ecos dessas modalidades nas cortes medievais da França e da Borgonha
durante a baixa idade média. Podemos analisar a etiqueta cortesã como um elemento de
longa duração na história da Europa, apresentando suas raízes no século XIII é tendo
permanências até o século XVIII, muitos autores atribuem esse anseio pela vida bela ao
clamor que uma sociedade poderosa e rica como a França e a Borgonha tem por,
embelezar a vida para adequá la aos seus olhos nobres, para satisfazer esse anseio a
ferramenta utilizada para tal ato foi a etiqueta.
A sociedade do ocidente europeu aplicava muito valor aos gestos, todos os atos
precisavam ser demasiadamente expressivos, era comum que após a morte de um
monarca as pessoas jujassem de luto por tamanha lastima, ou quando capturado e levado a
justiça um prisioneiro assistiam a sua execução publica com muito agrado, tudo precisava
ser ilustrado da forma mais expressiva possivel, não é surpresa que para se diferenciar das
massas camponesas os membros da aristocracia escolheram por se apossar de habitos
especificos e demasiadamente chamativos, por exemplo a escolha das vestimentas: a efeito
de ilustração uma lei inglesa de 1533, que reservava a familia real as vestimentas de cor
purpura e os tecidos em ouro; nesta sociedade analfabeta, que era a sociedade europeia
moderna, ver era o sentido mais importante, o nobre precisava se destacar para assegurar
seu "status quo", e todo esse espetaculo visual viu seu apogeu na glamurosa corte de Luis
XIV, o rei sol foi treinado para mostrar sua magestade em todos os atos sem separar a vida
pessoal e publica, cada ação precisava ser contemplado tanto pelas massas camponesas
quanto pela aristocracia local, nessa questão a etiqueta ia além de uma ferramente de
associação de classes, mas tambem um aparato para manutenção de poder.

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