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Resenha - Eixo Reprodutor

Lucas Bolais
Natalia Espinosa

1. Introdução

Os sistemas reprodutores masculino e feminino são conjuntos de estruturas embriologicamente


homólogas, e compreendem os órgãos pares conhecidos como gônadas - testículos e ovários - cujas
funções incluem a produção de gametas e a secreção hormonal. O eixo endócrino
hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG) é o principal regulador dessas funções, e está estruturado
conforme mostra o esquema a seguir:
O eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HPG), é um dos principais sistemas endócrinos do corpo
o qual joga um papel importante na reprodução (Neumann et al., 2019). O eixo gonadotrópico está
sob controle hipotalâmico com a síntese e liberação do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH).
O GnRH é um decapeptídeo, que é secretado pelo hipotálamo na circulação portal pituitária de forma
intermitente, estimulando os gonadotrofos pituitários a sintetizar e secretar o hormônio lutenizante
(LH) e o hormônio folículo estimulante (FSH) (Haus, 2007).

2. Ritmicidade dos hormônios no eixo reprodutor

A regulação do eixo HPG é rítmica em vários níveis: a secreção de GnRH é pulsátil e


circadiano, enquanto a regulação ao longo do ciclo ovariano está na faixa de dias a semanas
(Neumann et al., 2019)
O SCN provavelmente desempenha um papel crucial na geração de sinais cronometrados para
os neurônios GnRH para aumentar a atividade neuronal e, portanto, a secreção do peptídeo para
estimular a liberação de LH das células gonadotrópicas da hipófise (Tonsfeldt & Chappell, 2012).
Estudos in-vitro têm mostrado uma associação bidirecional entre o gene relógio e a regulação
sexual hormonal (Angelousi et al., 2018). A ritmicidade do eixo gonadotrófico exibe frequências que
variam de liberações episódicas e ritmos ultradianos a ritmos circadianos, a ciclos de cerca de 20 a 30
dias, que em mulheres sexualmente maduras incluem o ciclo menstrual, e a variações sazonais ou
ritmos circanuais (Haus, 2007).

3. Desregulação da ritmicidade

Em pacientes do sexo feminino com síndrome de Kallmann e hipogonadismo


hipogonadotrófico idiopático (IHH), os níveis noturnos de melatonina estão aumentados,
provavelmente devido a alterações no feedback central negativo do estradiol. Ao contrário, homens
com síndrome de Klinefelter (hipogonadismo com altas concentrações de estradiol) apresentam
baixos níveis noturnos de melatonina (Neumann et al., 2019).
Mutações do gene do relógio afetam a pulsatilidade do GnRH (Neumann et al., 2019), por
exemplo a infertilidade feminina envolve falha de implantação e desregulação neuroendócrina
acentuada. Assim, em um sistema circadiano intacto, as células da teca podem atuar como
marca-passo para a ovulação (Neumann et al., 2019). A administração pulsátil de GnRH é um meio
eficaz de tratamento da anovulação hipogonadal hipogonadotrópica supra-hipofisária, com infusão
por bomba portátil e pulsos de 60 ou 90 min de frequência até a ovulação, a gravidez pode ser obtida
em 85 a 90% dos casos em 3 ciclos de tratamento (Haus, 2007). Aliás, a administração descontínua
de GnRH é capaz de restaurar a atividade reprodutiva em pacientes que sofrem da síndrome de
Kallmann (Neumann et al., 2019).
A influência circadiana do SCN desempenha um papel crucial na geração do pico de LH em
mulheres e seus mecanismos a jusante. Foi relatada uma associação entre o trabalho em turnos e o
tempo de espera prolongado para a gravidez; as trabalhadoras em turnos apresentam distúrbios do
ritmo circadiano, e têm um risco aumentado de ciclos menstruais irregulares, aborto espontâneo e
recém-nascidos de baixo peso (Neumann et al., 2019, Angelousi et al., 2018).

4. Bibliografía

Angelousi, A., Kassi, E., Nasiri-Ansari, N., Weickert, M. O., Randeva, H., & Kaltsas, G. (2018).

Clock genes alterations and endocrine disorders. European Journal of Clinical Investigation,

48(6), e12927. https://doi.org/10.1111/eci.12927

Haus, E. (2007). Chronobiology in the endocrine system. Advanced Drug Delivery Reviews, 59(9–10),

985–1014. https://doi.org/10.1016/j.addr.2007.01.001

Neumann, A.-M., Schmidt, C. X., Brockmann, R. M., & Oster, H. (2019). Circadian regulation of

endocrine systems. Autonomic Neuroscience, 216, 1–8.

https://doi.org/10.1016/j.autneu.2018.10.001

Tonsfeldt, K. J., & Chappell, P. E. (2012). Clocks on top: The role of the circadian clock in the

hypothalamic and pituitary regulation of endocrine physiology. Molecular and Cellular

Endocrinology, 349(1), 3–12. https://doi.org/10.1016/j.mce.2011.07.003

Berne, R. M., & Levy, M. N. (2004). Fisiologia-5ª Edição–Ed

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