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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE
DISCIPLINA: GESTÃO E AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE
DOCENTE: RONALDO RODRIGUES SARMENTO E MARIA SORAYA PEREIRA
FRANCO ADRIANO
DISCENTES: ÍRIS ALVES PAIVA E VINICIUS RYAN MARTINS DOS SANTOS

AVALIAÇÃO 2 - GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ESTRUTURA GESTORA E ADMINISTRATIVA DO CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL (CAPS)

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços que atendem a pessoas com
grave sofrimento psíquico ou o uso abusivo de álcool e outras drogas, buscando tratar as
crises para que essas pessoas possam recuperar sua autonomia e voltarem às suas atividades
cotidianas. Para ter acesso ao atendimento nos CAPS, a família ou o próprio paciente pode
procurar diretamente os serviços ou ser encaminhado por alguma Unidade de Saúde da
Família (USF). Nos Centros, os pacientes recebem acompanhamento médico multidisciplinar,
além de participar de oficinas, grupos terapêuticos, atividades esportivas e culturais que
propiciam a integração em um ambiente social e cultural junto às famílias.
A cidade de João Pessoa, atualmente conta com 4 unidade CAPS, com atendimento
contínuo de cerca de 2500 usuários no contexto da Rede de Atenção Psicossocial, sendo estas
o CAPS CAMINHAR, localizado no bairro Jardim Cidade Universitária, o CAPS
GUTEMBERG BOTELHO, localizado no Bairro dos Estados, o CAPS AD - DAVID
CAPISTRANO, localizado no bairro do Rangel e o CAPS I - INFANTO JUVENIL
CIRANDAR, localizado no bairro do Roger. Nesse viés, o CAPS escolhido para este trabalho
de campo foi o CAPS CAMINHAR, que tem como diretora principal e gestora a psicóloga
Janaína de Oliveira Madruga Demery.
Os CAPS em suas diferentes modalidades (serviços de saúde de caráter aberto e
comunitário) compreende uma estrutura administrativa, a qual contém uma gestora, em que
ela gere uma equipe multiprofissional sob a ótica interdisciplinar, a qual contém psicólogos,
enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, médicos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais,
técnicos de enfermagem, além da equipe técnica que trabalha na limpeza, cozinha e apoio.
Desse modo, os profissionais envolvidos precisam se reconhecer como sujeitos ativos e
responsáveis, para que seja construído um ambiente democrático, onde por meio dessas
decisões se torne uma instituição mais permeável, permitindo a criação de estratégias de
melhorias para a população.
Além disso, a gestora conta ainda com uma equipe que auxilia no setor
administrativo, sendo esta equipe formada por 2 assistentes administrativas, 1 de nível
técnico e 1 de nível superior. Destacando que a gestora relatou possuir outras experiências na
área da gestão, tanto dentro do setor público quanto dentro do setor privado. Quanto à
estrutura organizacional do CAPS a diretora e gestora responde diretamente a Secretaria
Municipal de Saúde, responsável pelo acompanhamento e distribuição de recursos para o
pleno funcionamento do respectivo centro de atenção. Para a representação da estrutura
organizacional escolhemos um organograma circular, visto que nesse modelo, a relevância do
trabalho em equipe é acentuada ao expor os cargos lado a lado em forma de círculo. No
centro do círculo está a gestora/diretora, e o restante da hierarquia caminha para as
extremidades da figura.
O CAPS CAMINHAR se localiza na Rua Paulino dos Santos Coelho, s/n, Jardim
Cidade Universitária e possui atendimento 24 horas. Nos CAPS os atendimentos são
realizados, em sua maioria em grupo, visando a reinserção social de portadores de transtornos
mentais graves e persistentes, assistidos no serviço, após avaliação do perfil de cada usuário.
São desenvolvidas nos CAPS as seguintes atividades e serviços: atendimento psiquiátrico,
atendimento farmacológico, dispensação de medicação, grupos psicoterápicos, grupo de
música, grupo de atividades físicas, terapia comunitária, oficinas de artesanato, entre outras
atividades.
Ao realizarmos um tour pelo local, fomos introduzidos aos profissionais, às salas de
atendimento, os locais de distribuição de medicamentos, a sala administrativa, o local de
repouso dos profissionais, assim como o espaço de trabalho do enfermeiro e também os
locais onde se localizam os leitos para internação. No âmbito de sua estrutura de
funcionamento, o CAPS possui atualmente 6 leitos para internação de pacientes em crise,
principalmente para transtornos psiquiátricos como Esquizofrenia e Transtorno Bipolar, são 3
leitos destinados a pacientes do sexo feminino e 3 leitos destinados a pacientes do sexo
masculino, no momento da visita 5 destes leitos estavam ocupados, sendo 3 homens e 2
mulheres.
Nesse contexto, o CAPS realiza distribuição de medicamentos em uma sala reservada
e oferece 3 refeições diárias para seus pacientes e profissionais, sendo o espaço da cantina e
cozinha de grande importância. Além disso, há também um quadro onde é exposto as
atividades previstas para serem desenvolvidas ao longo dos dias da semana, e a unidade
também possui um espaço natural aberto onde são desenvolvidas atividades ao ar livre. Em
vista disso, é importante destacar a atuação de todos os profissionais da equipe
multidisciplinar, sendo um deles o nutricionista, visto que muitos pacientes em momentos de
crise abdicam da alimentação. Portanto, é essencial a atuação do nutricionista, pois ele
trabalha em conjunto com a equipe para reintroduzir este paciente ao ritmo de alimentação
regular.
É importante salientar que o CAPS realiza um atendimento especializado e focado no
tratamento e acompanhamento de pacientes acometidos de transtornos mentais,
especialmente psiquiátricos, sendo os pacientes internados mantidos desta forma por no
máximo 15 dias, após este período os pacientes passam a realizar somente o
acompanhamento diário, através das atividades e serviços previstos pelo centro de atenção e
seu corpo de profissionais.
Dentre os desafios citados pela gestora entrevistada foi a desconstrução diária para as
pessoas de que o gestor em sua atuação como profissional seja alguém autoritário, mas sim
que participa da equipe para atingir os objetivos da empresa, promovendo uma geração de
autonomia para a empresa e profissionais. Além disso, ela abordou sobre as dificuldades nas
relações interpessoais, em que o gestor é visto como fiscal e não como alguém para trabalhar
bem em equipe e desempenhar suas funções de forma adequada em conjunto.
O gestor assume uma identidade profissional de saúde mental, sob a qual compõe suas
práticas voltadas para a administração de cuidados dos portadores de sofrimento psíquico.
Nesse viés, por meio de sua identidade de coordenador de CAPS, de seu relacionamento com
a equipe multiprofissional da instituição, pode abrir espaços para a subjetividade às práticas
do contexto dos CAPS.
Durante a visita, em diversos momentos, foi mencionado o CAPS como sendo um
local para “crises” e “surtos”, sugerindo que o atendimento ali ofertado é sempre realizado
em condições de muita pressão e emergência, o que eleva mais ainda a importância de um
gestor(a) devidamente capacitado e que esteja sempre em sintonia com sua equipe
multiprofissional, para que juntos possam assistir esses pacientes em seus momentos mais
incompreendidos.

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