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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO EM LIBRAS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO EM LIBRAS

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MODULO IV

18 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

O problema linguístico cognitivo é apontado como o principal agravante nas


dificuldades de aprendizagem das crianças surdas.

FIGURA 44

FONTE: Disponível em: <http://professorrobertoaires.blogspot.com.br/2011/09/escrita-do-surdo-


professor-roberto.html>. Acesso em: 03/01/2013

A criança sendo surda não recebe estímulos auditivos e não consegue


aprender a língua oral. A falta da compreensão da língua falada a impede de
desenvolver uma linguagem (em geral seus pais são ouvintes).
O período inicial de sua vida é caracterizado por atraso na linguagem e na
comunicação. Nesse processo seu pensamento também não se desenvolve e ela
enfrentará problemas, pois, ainda pequena ela já estará em defasagem no seu
desenvolvimento cognitivo em relação às crianças de sua faixa etária.

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Embora a grande maioria das crianças surdas tenha seu intelecto
preservado, sem os estímulos iniciais comuns a todas as crianças ela terá
dificuldade em compreender as crianças de mesma idade e poderá afastar-se do
convívio.
Na escola, logo no início, ela aparentará atraso em relação às outras. Sem
um trabalho muito criterioso do professor e dos profissionais que deverão atendê-la
(fonoaudiólogo, psicopedagogo e psicólogo) ela irá apresentar dificuldades maiores,
principalmente no período de alfabetização quando deverá aprender a Língua
Portuguesa.
Entende-se que para cada caso deverão ser tomadas medidas
diferenciadas. Temos alunos oralizados, surdos profundos que nunca foram
estimulados antes de ingressar na escola, surdos filhos de pais surdos que já
nascem aprendendo Libras, etc.
Deve-se compreender que as suas experiências são eminentemente visuais
e que sua língua natural é visual e espacial. Ela deverá ser instruída em uma língua
que ela não entende que não ouve e que tem uma estrutura diferente da sua. Não
se trata apenas de aprender outra língua, como os ouvintes. Ela deverá aprender e
utilizar com a sociedade uma língua oral auditiva que vai contra sua condição.
De qualquer modo, essa dificuldade enfrentada pelas crianças surdas é
conhecida e tem sido equacionada à medida que atrapalham o seu avanço. Ainda
não se tem uma fórmula que possa resolver a questão para todos.
Entretanto, a criança ainda poderá apresentar outras dificuldades. É
importante o professor estar atento e verificar se são dificuldades em uma disciplina
ou em várias. Se a dificuldade está em um conteúdo somente, ou se ela é geral.
Quando se verificam dificuldades de aprendizagem em vários conteúdos é
preciso tomar medidas mais abrangentes.
O professor deverá informar a coordenação escolar e solicitar reunião com
os pais. Em alguns casos a criança poderá ser encaminhada para outros
profissionais que possam investigar melhor:

 Oftalmologista;
 Neurologista;
 Psicopedagogo (caso não esteja em atendimento).

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O importante é que as medidas sejam tomadas visando à solução das
dificuldades da criança.

19 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Avaliação é um recurso que o professor utiliza para verificar a


aprendizagem do seu aluno e quais as suas dificuldades, ou seja, o que deverá ser
trabalhado.

FIGURA 45

FONTE: Disponível em: <http://escolabiblicajardim.blogspot.com.br/2011/01/o-portifolio-na-educacao-


infantil.html>. Acesso em: 03/01/2013

A avaliação diagnóstica dos alunos detecta problemas de aprendizagem ou,


simplesmente, testa seus conhecimentos. O professor pretende verificar o que
conseguiu transmitir em suas aulas classificá-los como alunos com bom ou mau
aproveitamento.
A avaliação também poderá ter a função de promoção, nesse caso ela deve
ser contínua. Isso significa que o aluno deve ser avaliado diariamente para que seus
progressos sejam percebidos. Não se deve tomar por base somente as provas

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periódicas, as observações diárias é que irão demonstrar o quanto o aluno aprendeu
suas participações e nível de produtividade.
O professor deve ter bom senso e constantemente autoavaliar-se. Perceber
se sua maneira de explanar os conteúdos e esclarecer seu aluno está adequada.
Atualizar-se e aprender com a própria prática. Verificar em que medida suas
estratégias estão contribuindo para a aprendizagem dos alunos.
No caso dos alunos surdos, é fundamental considerar alguns aspectos:

 Por ter uma língua materna (Libras) diferente da sua língua de instrução
(Língua Portuguesa) ele terá muita dificuldade, se comparado ao resto da
turma.
 Suas dificuldades não podem ser consideradas com os mesmos critérios
que os demais alunos.
 Esse baixo desempenho em Língua Portuguesa não deve servir como
referência para se medir os conteúdos aprendidos pelo aluno.

FIGURA 46

FONTE: Disponível em:


<http://www.wambie.com/tuttifrutti_br/noticias/COMO_SE_PREPARAR_PARA_UM_EXAME-
noticia_br-2773.html>. Acesso em: 03/01/2013

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Para que não seja feita uma avaliação injusta, o professor deve estabelecer
conceitos a serem avaliados. Suas dificuldades em compreender textos lidos em
português certamente irão refletir em seu modo de redigir seus próprios textos.
Poderá apresentar textos com vocabulário empobrecido, frases aparentemente sem
sentido e muito semelhantes à estrutura da LIBRAS, que é sua língua natural.
Algumas mudanças e adaptações são necessárias no momento de avaliar:

 O aluno surdo deve ter acesso ao uso de Dicionário.


 Deverá estar acompanhado do intérprete de Libras.

Alguns critérios a serem observados:

 O mais importante é o conteúdo (nível semântico) e a coerência e


sequência lógica de ideias.
 Não se deve supervalorizar a habilidade em Língua Portuguesa.
 Não ignorar suas dificuldades em Língua Portuguesa, porém, deve ser
considerado seu perfil.
 Considerar que as suas dificuldades decorrem do fato de que a Língua
Portuguesa é uma segunda língua para esse aluno.
 Jamais comparar o texto de um aluno surdo com o de outro aluno ouvinte.

O principal aspecto a ser considerado é que o aluno demonstre competência


para utilizar os conhecimentos adquiridos em seu cotidiano.
Ao avaliar a produção escrita de um aluno surdo, não se deve ater à forma e
sim ao conteúdo, priorizando a coerência, originalidade e autoria das ideias. Embora
o português não seja sua língua nativa é possível que ele possa alcançar os
objetivos propostos.
Cada aluno é diferente, com ou sem uma limitação. O educador deve ter um
olhar para cada um, respeitando suas particularidades.

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20 TEXTOS COMPLEMENTARES

A seguir indicamos alguns textos interessantes e que enriquecerão seus


conhecimentos a cerca da educação dos surdos:

 ABORDAGENS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DA PESSOA COM


SURDEZ
Rosimar Bortolini Poker
http://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/Libras/mec_texto2.pdf

 O DIREITO DA CRIANÇA SURDA DE CRESCER BÍLINGUE


http://www.francoisgrosjean.ch/Portuguese_Portugais.pdf

 A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA VIDA DA CRIANÇA SURDA E DA


CRIANÇA OUVINTE.

 Deise Zambeli, Graciela Rodrigues, Melânia de Melo Casarin


http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_61.htm

 A INTEGRAÇÃO DO SURDO NA ESCOLA


Fonoaudióloga Maria Angélica Fischer
http://www.fonoaudiologia.com/trabalhos/artigos/artigo-001.htm

 CULTURA DOS SURDOS


http://www.portaldosurdo.com/index.php?option=com_content&view=article&i
d=208&Itemid=194

 CONCEPÇÕES DE ENSINO DE PROFESSORES DE SURDOS


Ana Dorziat

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http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=artic
le&catid=5%3Aeducacao-especial&id=34%3Aconcepcoes-de-ensino-de-
professores-de-surdos&Itemid=16

21 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

Vimos que a partir da lei 5626/05 as pessoas surdas tiveram o


reconhecimento de sua língua e do direito de uso. Ela orienta em seu 14º artigo que
“As instituições de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas
acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas
atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e
modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior; sendo previsto
o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas”.
Porém, políticas educacionais para surdos e suas práticas pedagógicas no
que se refere ao ensino de Língua Portuguesa ainda apresentam um grande
descompasso.
A língua de sinais passou a ser difundida e ensinada em escolas, nas
universidades (como disciplina na formação de professores) e em instituições
particulares de ensino, além de associações, instituições filantrópicas, religiosas
como no passado já existia.
Não devemos questionar sua estrutura gramatical, sua importância para a
inclusão dos surdos brasileiros e o quanto ela facilita o trabalho pedagógico, pois,
todo indivíduo com surdez beneficia-se com seu uso.

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FIGURA 47

FONTE: Disponível em: <http://gritodemudanca.blogspot.com.br/2011/11/turma-com-alunos-surdos-


aprende-lingua.html>. Acesso em: 03/01/2013

Esse alunado, detentor de uma língua diferenciada deve ser considerado na


elaboração dos currículos na educação. É uma parcela da população de brasileiros
que tem direito a uma educação de qualidade (não à mera inclusão em salas do
ensino regular).
A realidade da educação brasileira que impõe a educação inclusiva com
alunos surdos e/ou com outras deficiências nas salas do ensino regular apresenta
um quadro de professores com falta de capacitação, tanto no ensino regular quanto
na educação especial.
São professores ouvintes que desconhecem a língua de sinais e trabalham
em salas mistas (ouvintes e surdos):

 Desconhecem métodos específicos que favoreceriam a proficiência em


Língua Portuguesa;
 Concebem a oralidade como condição essencial para o ensino da escrita;

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 Utilizam materiais e recursos em sua maioria elaborados na língua oficial
do país;
 Eles não favorecem o aprendizado porque são pensados por pessoas
ouvintes;
 Os autores desses materiais desconhecem as dificuldades e o que pode
realmente melhorar o trabalho e o os resultados de aprendizagem;
 Na maior parte das localidades ainda não existe o suporte do intérprete
de Libras;
 Também há um déficit quando a sala de recursos que possibilitaria a
complementação pedagógica.

FIGURA 48

FONTE: Disponível em: <http://liliacamposmartins.blogspot.com.br/2010/12/como-os-pais-devem-


lidar-com-os.html>. Acesso em: 03/01/2013

A problemática ainda é maior que a simples diferença que todos


denominam:

 A maioria dos alunos vem de famílias ouvintes que não conhecem a


língua de sinais;
 Esses alunos só terão contato com sua língua natural a partir do convívio
com seus pares ou quando ingressam em uma escola onde existam
educadores que utilizem a língua com eles;

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 Isso acaba atrasando demais o desenvolvimento cognitivo e o
conhecimento de mundo da criança;
 A proposta bilíngue assim como entendemos fica extremamente
prejudicada devido a tantas dificuldades de acesso da criança à sua
língua natural. É um prejuízo difícil de mensurar.

Devemos ainda considerar as causas e tipos de surdez, determinando qual


será o caminho.
Crianças que nascem surdas, outras que adquirem a surdez após o
nascimento o que pode ocorrer antes ou depois da aquisição da língua oral.
Verificam-se então crises de identidade dentro do próprio grupo. São os surdos que
utilizam somente a língua de sinais, os oralizados, os bilíngues e alguns que não
foram instruídos em uma língua e se comunicam precariamente.
Crises familiares devido à descoberta da deficiência, que toma dimensões
maiores na medida em que se percebem as consequências do problema:

 A surdez é diagnosticada;
 Consequentemente a fala não ocorrerá naturalmente;
 A compreensão da criança fica comprometida: ela não entende o que se
passa a sua volta;
 No ambiente escolar: dificuldades de aprendizagem desde as séries
iniciais;
 Problemas comportamentais: desatenção, hiperatividade, rebeldia, falta
de limites.
 Frustrações:
 Dos pais que atravessam momentos de angústia e insegurança;
 Dos filhos que percebem que não correspondem às expectativas de
seus pais.

O trabalho pedagógico ainda é pautado em modelos de ouvintes. A


representação dos membros da comunidade surda ainda é pequena e nem sempre
refletem as verdadeiras necessidades do grupo. O que seria um trabalho de inclusão
acaba sendo um processo que exclui.

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Não se leva em conta suas necessidades, sonhos, aspirações e
possibilidades desses indivíduos.
As instituições de ensino devem levar em conta todos esses fatores em
nome de um processo educacional e inclusivo de qualidade.
Oferecer cursos de Libras é insuficiente. Para que a lei se cumpra e o aluno,
que se comunica em Libras possa ser instruído na Língua Portuguesa, conforme a
lei é fundamental que todos os fatores levantados sejam considerados, gerando
mudanças de base no atual modelo.

FIGURA 49

FONTE: Disponível em: <http://liliacamposmartins.blogspot.com.br/2011/11/inclusao-de-surdos-rio-


grande-do-sul.html>. Acesso em: 03/01/2013

De acordo com a Professora de Libras Sonia Oliveira da Fundação Getúlio


Vargas (2012). Que atua na Associação de Professores Surdos do Estado de São
Paulo em processos de inclusão social de surdos.

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(...) para a elaboração de currículos na educação, devemos ter em mente o
aluno surdo, nativo brasileiro que utiliza material pedagógico escrito na
língua oficial de seu país e tem direito a uma educação de qualidade como
qualquer indivíduo, para que possa escolher a profissão que mais lhe
agrada sem ficar preso àquelas em que pode ser mais produtivo.

Trata-se de medidas necessárias e urgentes, afinal, estamos formando


cidadãos, que apesar de suas limitações podem alcançar um estágio de completa
autonomia, produtividade e, portanto, devem ter uma boa formação educacional.

FIM DO MÓDULO IV

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