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Introdução
Neste trabalho decidimos explorar a relação da liberdade e de deus, provando a
inexistência do último pela existência da primeira recorrendo a um silogismo disjuntivo.
Para tal o primeiro passo do nosso ensaio foi definir liberdade, deus e outros conceitos
úteis ao tema em questão, de seguida estudamos como uma das características
fundamentais ao conceito de deus (omnisciência) é incompatível com o livre-arbítrio.
Por fim, bastou-nos provar a liberdade e as suas consequências, inspirando-nos
principalmente nos pensamentos do existencialista francês Jean Paul Sartre.
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O que é a Liberdade?
Antes de definirmos liberdade temos de definir primeiro ação.
A ação é uma interferência consciente do ser humano (o agente) que altera o curso
natural dos acontecimentos (por natural entende-se aquele sem a interveniência de
um agente). Portanto a ação necessita de um agente (aquele que efetua a ação), a
consciência de tal agente como autor da ação, uma intenção (objectivo da ação), um
motivo (porquê da ação), deliberação (processo racional em que se julga o que é mais
conveniente) e decisão.
Mas é ainda necessário dividir a ação em duas classes: ações involuntárias e ações
voluntárias.
As acções voluntárias, por outro lado, são todas aquelas em que o motivo é intrisico
ao agente, por exemplo, eu decidir ver um filme é algo voluntário visto que não há
nada ou ninguém que me obrigue a o fazer, o motivo encontra-se apenas dentro de
mim.
O Problema da Omnisciência
E quanto à definição de deus? Podemos definir um deus como o ser perfeito, sendo
assim este ser tem de possuir as seguintes qualidades: Omnipotência (ser todo-
poderoso), Omnipresença (estar presente em tudo), Omnibenevolência (ser bondoso
para todos) e Omniciênscia (ter conhecimento perfeito de tudo).
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Esta descoberta é uma catástrofe para qualquer sistema religioso que possua um
deus que age não só como criador da realidade mas como julgador da moral, pois
como já mencionamos a liberdade é uma condição necessária para a moral.
Por exemplo, deveria Deus castigar Adão e Eva por comer a fruta proibida? Afinal
devido à omnisciência de Deus, Adão e Eva não agiram livremente e portanto não são
responsáveis pela sua ação. Ou então porque é que Deus criou o Inferno para punir os
pecadores se estes não podem ser responsabilizados pelas suas ações?
𝐴^𝐵 → ~𝐶
𝑀𝑜𝑑𝑢𝑠 𝑇𝑜𝑙𝑙𝑒𝑛𝑠 { 𝐶
∴ ~(𝐴^𝐵)
Deus deu-nos a liberdade para agir bem ou mal, pois seria um mal maior não
sermos livres.
Este argumento é facilmente refutado, pois, como já referimos, a existência de
deus e a existência da liberdade são incompatíveis.
O mal neste mundo é um teste para deus poder julgar aqueles que merecem a
vida eterna.
No entanto, se deus é omnisciente então ele já sabe quem merece e não
merece a vida eterna, antes sequer de terem nascido, portanto este teste é
desnecessário.
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Referimo-nos aqui apenas ao mal humano e não ao natural.
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deste campo e assim não é todo-poderoso, pois ele próprio está restringido por si
mesmo.
𝐴 → 𝐶
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑖çã𝑜 {𝐵 → ~𝐶
∴ 𝐴^𝐵
𝐴 𝑣̇ 𝐵
𝑆𝑖𝑙𝑜𝑔𝑖𝑠𝑚𝑜 𝐷𝑖𝑠𝑗𝑢𝑛𝑡𝑖𝑣𝑜 { 𝐴
∴ ~𝐵
𝐴 𝐵 𝐴 𝑣̇ 𝐵 𝐴 ∴ ~𝐵 A – A liberdade existe
V V F V F B – Deus existe
V F V V V
F V V F F
F F F F V
A liberdade existe
Para provarmos a nossa liberdade recorremos ao argumento dos defensores do
libertismo.
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Por muito que irrelevante ao tema em questão o efeito borboleta refuta o argumento ontológico de
Descartes, visto que uma das suas premissas fundamentais é que a causa é sempre superior ao efeito.
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mesmos que controlam a natureza. No entanto, este não é o caso, o ser humano
possui uma característica que o separa da natureza – a consciência.
A Liberdade Absoluta
Provamos assim a existência da liberdade, e por consequência a inexistência de
Deus. Tudo agora é permitido. Estamos absolutamente livres, pois não há ninguém
que nos controla. Até em situações em que diríamos o contrário:
Portanto, como Jean Paul Sartre diria: “O Homem está condenado a ser livre”, pois
se toda a sua ação é voluntária, então é ele que é sempre responsável pelas suas
consequências.
Será por isto que o ser humano tem uma disposição para acreditar em deuses e
demónios? Afinal, se dizermos que alguma ação feita por um agente foi “obra do
Diabo” ou “é parte do plano de Deus” estamos a retirar responsabilidade de tal agente
pelas suas acções.
Era possível argumentar que, no entanto, sem Deus a vida não tem significado3.
Mas isso seria uma demonstração da falta de imaginação da pessoa; Nietzsche
escreveu: “E aqueles que dançavam era descritos como insanos por aqueles que não
ouviam a música.” Se não há um sentido para a vida imposto por um deus, então
quem nos impede de criar tal sentido. A vida não nasceu com sentido, foi a vida que
deu sentido a si mesma, tal como Jean Paul Sartre escreve: “a existência precede a
essência.»
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Por significado compreende um objectivo/finalidade que lhe atribua valor.
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Conclusão
Entendemos então que devido à existência da nossa liberdade, não é possível a
existência de um deus pois tal possui a característica da omnisciência; este atributo
tem consequências devastadoras para um sistema religioso (chegando até a
contradizer outras características que o conceito de deus possuí). Muitos teístas
continuam a acreditar, isto pois tal crença permite-nos desresponsabilizar das nossas
acções e permite também dar à vida um sentido objectivo. No entanto tal atitude é
uma negligência da nossa liberdade, pois se deus não existe então estamos livres de
criar o nosso próprio sentido para a vida, o único contrapeso é que assim estamos
responsáveis por todas as nossas ações, não só pelos nossos sucessos como
também os nossos insucessos. Não podemos apontar um dedo a uma dinvidade e
gritar: “a culpa é tua!”, só apercebendo-nos nas nossas próprias falhas é que pudemos
melhorar.
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