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Sou líder e agora?

O que faço?
Valeria Nakamura

“Liderar não é impor, mas despertar nos


outros a vontade de fazer.”

Autor desconhecido
Até ontem, você era um colaborador como tantos outros. Aí, você virou
líder… e agora? Você foi realmente preparado para isso? E mesmo pas-
sado algum tempo, ainda sente que falta algo?

Muitas pessoas dizem que a liderança é nata, você nasceu para isso e em
algum momento você ocupará esse cargo ou função, mas será que real-
mente é assim?

Nas minhas andanças pelo mundo corporativo, o que mais vejo são pes-
soas que são excelentes colaboradores, proativos, engajados, trazem re-
sultados, tecnicamente são extremamente competentes e que por essas
qualidades foram promovidos a líderes, porém muitos se sentem total-
mente despreparados, pois de uma hora para a outra deixam de ser “ope-
racionais” e precisam aprender a lidar com pessoas, a escalar o resultado
por meio delas, a delegar, a tomar decisões, criar novas oportunidades de
negócios e assim vai…

Aprender a liderar não é uma fórmula mágica que você aprenderá na es-
cola e nos cursos de liderança. Os conhecimentos transmitidos são extre-
mamente importantes e nos ajudam em várias questões, porém precisa-
mos entender que as pessoas não são previsíveis.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao


tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Jung
Por isso aprendemos a liderar no dia a dia, batendo a cabeça, entrando em
conflitos (e nem entendemos como fomos parar ali), tendo pressão tanto
dos nossos gestores quanto dos nossos colaboradores, tomando decisões
e vendo os resultados acontecerem (e nem sempre são os esperados).

Ao se tornar líder, quantas pessoas se sentem inseguras quanto às suas


decisões, pois têm medo de que elas sejam inadequadas ou não aceitas
pela equipe. É um momento bastante complicado, pois precisamos apren-
der rapidamente sobre muitas variáveis. A questão técnica é simples de
ser resolvida, mas lidar com pessoas não. Cada uma tem seu jeito, sua per-
sonalidade, sua forma de lidar com problemas, entre outros.

Quando somos alçados à essa função de líder, algumas questões são fun-
damentais:

1. Buscar autoconhecimento e autodesenvolvimento – Quando você se


torna um líder, seu foco de trabalho é direcionado no entendimento, no
desenvolvimento e no apoio às pessoas da sua equipe. E para que isso
aconteça da melhor forma, você deve estar em constante processo de au-
toconhecimento a fim de entender suas forças e pontos a melhorar para
que possa buscar um aprendizado e melhoria contínuos. Tenha em mente
esses aspectos:

• Ter humildade - Ser líder não implica que você é melhor do que as
pessoas da sua equipe, que sabe mais. Você pode ser expert em al-
gum tema, mas não saberá tudo. Forme uma equipe multidisciplinar
e/ ou procure ter acesso a especialistas para te ajudar a compreender
melhor os cenários.

• Seus valores - Tenha claro quais são seus valores e fale sobre eles
para que a equipe para que ela entenda os limites que permearão
suas decisões e ações. A transparência de valores deixa claro quem
você é para sua equipe, pois não é só você que precisa aprender a
lidar com ela, mas ela também precisa aprender a lidar com você.

• Inteligência emocional – É importante que você entenda suas emo-


ções e como lidar com elas para que você consiga estabelecer bons
relacionamentos e superar momentos difíceis.
• Que você deve ser o exemplo sempre! - Não adianta falar de plane-
jamento se você não se planeja… não adianta falar de transparência
se você esconde informações. Demonstre por meio de seus compor-
tamentos como deseja que sua equipe aja.

“Se você quiser ir rápido, vá sozinho; se quiser ir mais longe, vá


acompanhado.”

Provérbio Africano

2. Cuidar da sua equipe – Você não conseguirá tão bons resultados se


trabalhar sozinho. Sua equipe com seu apoio entregará muito mais resul-
tados e com excelência, porém é necessário se ater a esses itens:

• Gestão de pessoas – É importante cuidar das pessoas desde o pro-


cesso de Recrutamento e Seleção para que se sintam acolhidas e
entendam seu papel dentro da empresa. Além disso, deve-se olhar
para cada um dos colaboradores e entender a necessidade de desen-
volvimento, oferecendo treinamentos, sugestões de melhoria e reco-
nhecer os resultados para que possamos manter o engajamento.

• Confiança - O estabelecimento da confiança é imprescindível, é


necessário deixar claro que todos fazem parte da equipe com suas
responsabilidades e papéis específicos e que os resultados são de to-
dos. Transparência, autonomia e delegação são fundamentais nessa
construção de confiança.

• Relacionamento interpessoal - Conheça sua equipe para poder aju-


dá-la em seu desenvolvimento e em seu trabalho diário, ela espera
isso de você a todo momento.

• Empatia – Não é tratar a equipe como VOCÊ gostaria de ser tra-


tado e sim tratá-la da forma ELA gostaria de ser tratada. E por isso
você precisa ampliar sua capacidade de percepção e ela só acontece
quando você consegue ver o mundo ao seu redor (situações e pesso-
as) e não apenas uma determinada atividade.
• Segurança psicológica – É necessário criar um ambiente onde a
equipe se sinta confortável para dar opiniões, compartilhar experi-
ências e ideias, se arriscar em um projeto sem medo de sofrer reta-
liações ou constrangimentos. Dessa forma, a empresa terá cada vez
mais inovações.

• Autonomia – Colaboradores com mais autonomia tem um maior


nível de engajamento porque entendem que os seus líderes confiam
no seu trabalho e nas suas decisões, melhorando o clima organiza-
cional.

3. Comunicação - Os objetivos devem ser passados de forma clara para a


equipe, pois é a partir daí que se desenrola todo o plano de execução. Se
a equipe não entender o que se deseja atingir e o motivo disso, provavel-
mente, entrará em um processo de “fazer por fazer” e isso não gerará o
melhor resultado, pois não haverá engajamento. Além disso, preste aten-
ção nos seguintes itens:

• Reuniões – Devem ser curtas, com objetivos específica, pessoas


adequadas e ao término devem estar claras as ações a serem execu-
tadas com responsáveis e data de conclusão da tarefa.

• Delegação – Deve-se delegar as atividades para a equipe a fim de


que você possa se dedicar às questões estratégicas do seu setor ou
da empresa. Existem atividades que não podem ser delegadas, mas
as operacionais devem ser direcionadas para as pessoas mais ade-
quadas naquele momento.

• Conversas cruciais - Não procrastine algumas conversas por mais


difíceis que elas sejam para que não se torne uma grande bola de
neve, gerando mais conflitos e problemas.

4. Tomada de decisão - Entender o impacto que as decisões têm sobre a


equipe e outas pessoas, faz com que ações preventivas possam ser toma-
das. Chamar a equipe para participar das decisões é de extrema valia! Dê
atenção aos seguintes tópicos:
• Faça com que a equipe tenha foco em soluções e isso gerará mais
inovação, pois surgirão novas alternativas para uma decisão. Ideias
diferentes podem gerar um outro patamar de resultado.

• Não faça reuniões para compartilhar as decisões apenas para que


você não leve a culpa se o resultado for negativo. Isso não é atitude
de líder e sim de pessoas mal preparadas e inseguras.

• Não tome decisões sem pensar no impacto sobre as pessoas, pois


são elas que poderão te ajudar a implantar sua ideia com mais “sua-
vidade”. Porém, não tente contentar todo mundo porque isso pode
te levar a paralisia. Isso é impossível! O que acontecerá que algumas
pessoas poderão não concordar, mas poderão conviver com isso sem
problema nenhum.

5. Gestão do negócio – Se você é o dono do negócio não tem como você


não se preocupar com esse assunto. Porém, mesmo que você não seja,
ao chegar em uma posição de liderança, é importante se preocupar com
cenários, indicadores, como gerir melhor os recursos da empresa e de-
senvolver uma visão de futuro para ajudar a captar novas oportunidades e
participar ativamente no planejamento estratégico.

E para finalizar, entenda:

Você não é perfeito! Por isso não tenha medo de errar e não se culpe por
suas decisões. Afinal, só não erra quem não faz.

E como líder, tenha certeza de que você cometerá muitos erros e talvez
você só tenha chegado a essa posição por ter conseguido tomar inúmeras
decisões, chegando a uma melhor solução e resultado efetivo.

É um processo de eterno aprendizado, lembre-se sempre disso!

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