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Relatório do Software Anti-plágio CopySpider


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Instruções
Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo
de entrada com um documento encontrado na internet (para "Busca em arquivos da internet") ou do
arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador (para "Pesquisa em arquivos locais"). A
quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo
comparados. Quanto maior a quantidade de termos comuns, maior a similaridade entre os arquivos. É
importante destacar que o limite de 3% representa uma estatística de semelhança e não um "índice de
plágio". Por exemplo, documentos que citam de forma direta (transcrição) outros documentos, podem ter
uma similaridade maior do que 3% e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio. Há sempre a
necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou
não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências
bibliográficas. Para cada par de arquivos, apresenta-se uma comparação dos termos semelhantes, os
quais aparecem em vermelho.
Veja também:
Analisando o resultado do CopySpider
Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio?

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Modo: web / normal

Arquivos Termos comuns Similaridade


Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 176 2,25
https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-
/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 196 1,92
https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-
fraternidade.html
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 68 0,69
https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-
educacao/5063085
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 39 0,45
https://www.clp.org.br/politicas-publicas-para-a-inclusao-de-
pessoas-com-deficiencia
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 17 0,22
https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-
/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-14
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 9 0,12
http://portal.mec.gov.br/politica-de-educacao-inclusiva
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 7 0,10
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:li
vro:2003;000646523
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 5 0,07
https://www.academia.edu/66831248/Direito_Constitucional_Es
quematizado_Pedro_Lenza_2021
Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx X 3 0,04
https://www.tst.jus.br/memoriaviva
Arquivos com problema de download
https://en.wikipedia.org/wiki/Racial_profiling Não foi possível baixar o arquivo. É
recomendável baixar o arquivo
manualmente e realizar a análise em
conluio (Um contra todos). - Index 30 out
of bounds for length 30

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Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02
(1455 termos)
Termos comuns: 176
Similaridade: 2,25%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-
/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02 (1455 termos)

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023

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MATEUS CAVALCANTE SILVA

Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the

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consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that
is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para

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revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da
inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem

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dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o
meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por

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finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade
, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem

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agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança

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jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também
mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa

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sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim
tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar

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quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do
mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.
Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de

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maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

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aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à


segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://
www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional

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brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.

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Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa


fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir
com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:

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Método, 2006.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

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Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

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alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-
encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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=================================================================================
Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html (3859 termos)
Termos comuns: 196
Similaridade: 1,92%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html (3859 termos)

=================================================================================

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023
MATEUS CAVALCANTE SILVA

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Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the
consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that

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is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para
revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da

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inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem
dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o

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meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por
finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade

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, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

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A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança
jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também

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mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa
sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim

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tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar
quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do

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mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.


Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de
maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

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Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

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segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional
brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

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Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.
Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa

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fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir


com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:


Método, 2006.

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

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https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-pais-estuda-
alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-
encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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=================================================================================
Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-educacao/5063085 (3251 termos)
Termos comuns: 68
Similaridade: 0,69%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-educacao/5063085 (3251 termos)

=================================================================================

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023
MATEUS CAVALCANTE SILVA

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Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the
consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that

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is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para
revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da

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inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem
dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o

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meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por
finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade

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, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

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A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança
jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também

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mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa
sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim

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tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar
quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do

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mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.


Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de
maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

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Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

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segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional
brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

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Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.
Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa

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fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir


com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:


Método, 2006.

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

LINK?S IMPORTANTES:

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https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-pais-estuda-
alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-
encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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=================================================================================
Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.clp.org.br/politicas-publicas-para-a-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia (2032
termos)
Termos comuns: 39
Similaridade: 0,45%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.clp.org.br/politicas-publicas-
para-a-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia (2032 termos)

=================================================================================

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023

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MATEUS CAVALCANTE SILVA

Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the

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consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that
is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para

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revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da
inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem

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dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o
meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por

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finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade
, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem

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agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança

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jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também
mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa

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sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim
tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar

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quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do
mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.
Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de

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maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

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aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à


segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional

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brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.

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Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa


fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir
com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:

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Método, 2006.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

LINK?S IMPORTANTES:

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-pais-estuda-
alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-
encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-14
(1048 termos)
Termos comuns: 17
Similaridade: 0,22%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-
/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-14 (1048 termos)

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023

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MATEUS CAVALCANTE SILVA

Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the

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consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that
is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para

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revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da
inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem

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dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o
meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por

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finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade
, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem

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agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança

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jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também
mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa

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sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim
tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar

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quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do
mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.
Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de

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maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

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aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à


segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional

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brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.

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Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa


fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir
com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

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Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
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Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

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Termos comuns: 9
Similaridade: 0,12%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento http://portal.mec.gov.br/politica-de-
educacao-inclusiva (575 termos)

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023
MATEUS CAVALCANTE SILVA

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Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the
consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that

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is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para
revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da

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inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem
dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o

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meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por
finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade

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, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

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A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança
jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também

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mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa
sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim

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tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar
quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do

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mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.


Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de
maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

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Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

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segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional
brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

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Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.
Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa

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fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir


com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:


Método, 2006.

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

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Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

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/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
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https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

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encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:livro:2003;000646523 (326
termos)
Termos comuns: 7
Similaridade: 0,10%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:livro:2003;000646523 (326 termos)

=================================================================================

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023

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MATEUS CAVALCANTE SILVA

Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the

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consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that
is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para

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revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da
inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem

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dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o
meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por

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finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade
, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem

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agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança

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jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também
mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa

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sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim
tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar

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quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do
mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.
Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de

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maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

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aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à


segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional

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brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.

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Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa


fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir
com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:

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Método, 2006.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

LINK?S IMPORTANTES:

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https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-pais-estuda-
alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-
encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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=================================================================================
Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2:
https://www.academia.edu/66831248/Direito_Constitucional_Esquematizado_Pedro_Lenza_2021 (484
termos)
Termos comuns: 5
Similaridade: 0,07%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento
https://www.academia.edu/66831248/Direito_Constitucional_Esquematizado_Pedro_Lenza_2021 (484
termos)

=================================================================================

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

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2
2023
MATEUS CAVALCANTE SILVA

Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana

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1.3 Princípio da Isonomia


1.4 Princípio da legalidade

II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,

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addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the
consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that
is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

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A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para
revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da
inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

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, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem
dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o
meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da

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isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por
finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade
, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde

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no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

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Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança
jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também
mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria

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desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.


Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa
sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim
tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

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I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a

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abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar
quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do
mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.
Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).

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Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de
maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus

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princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam

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sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional
brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas

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ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios


familiares.
Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa
fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir
com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:


Método, 2006.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005. p. 178.

MORAES, Alexandre de. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:


Atlas, 1999. p. 178.

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

Andrade, André. O Princípio Fundamental da Dignidade Humana e sua concretização judicial, Revista da
EMERJ, v. 6, n. 23, 2003

VASCONCELOS, C. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018.

Onu, PREVENINDO e COMBATENDO o PERFILAMENTO RACIAL de PESSOAS


AFRODESCENDENTES BOAS PRÁTICAS e DESAFIOS, 2020.

SIGNIFICADO do Protesto Negro. 2º. ed. [S. l.]: EDITORA EXPRESSÃO POPULAR, 2017.

LINK?S IMPORTANTES:

TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset


_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-pais-estuda-
alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres#:~:text=Nesse%20ranking%20da%20desigualdade%2C%20o
,lista%20onde%20figuram%20os%20africanos.

extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id
/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online
/edicoes/revista23/revista23_316.pdf

https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/liberdade-igualdade-fraternidade.html

CNJ (Brasil). O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https://www.cnj.jus.br/o-

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encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.

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Arquivo 1: Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532 termos)
Arquivo 2: https://www.tst.jus.br/memoriaviva (853 termos)
Termos comuns: 3
Similaridade: 0,04%
O texto abaixo é o conteúdo do documento Mateus Cavalcante Silva - Raffael Costa Diniz.docx (6532
termos)
Os termos em vermelho foram encontrados no documento https://www.tst.jus.br/memoriaviva (853
termos)

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO / UNIPE

MATEUS CAVALCANTE SILVA

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

JOÃO PESSOA

2
2023
MATEUS CAVALCANTE SILVA

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Artigo submetido à Coordenação do curso de Direito, do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Raffael Costa Diniz

João Pessoa, ____ de ______________de 2023

Banca examinadora:
______________________________________________
Raffael Costa Diniz ORIENTADOR(A)
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ

______________________________________________
Nome do professor participante da banca de avaliação
Centro Universitário de João Pessoa ? UNIPÊ
NOTA:_______
1
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS


1.1 Direitos fundamentais
1.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
1.3 Princípio da Isonomia
1.4 Princípio da legalidade

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II-Perfilamento racial e suas discursões no Brasil


2.1 Racismo estrutural
2.2 Perfilamento racial
Fatores históricos do racismo na legislação brasileira
2.4 HC Nº 660930 ? SP

III-Consequências do Perfilamento racial


2.1 População carcerária
2.2 impactos sociais

Conclusão
Referências

ESTIGMAS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS


STIGMAS OF BRAZILIAN LEGISLATION IN ETHNIC-RACIAL RELATIONS

Mateus Cavalcante Silva

RESUMO
O presente desenvolvimento objetiva fornecer, por meio de pesquisa bibliográfica, uma visão acerca dos
direitos fundamentais aplicado na teoria do perfilamento racial e os estigmas trazidos consigo na
legislação brasileira, abordando aspectos como origem, conceito, natureza jurídica, relação com os direitos
humanos, relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, e aplicabilidade e as consequências e
disparidade entre a população negra para os demais cidadãos, irá tratar também do HC que tramitado no
STJ acerca da temática, assim como também os fatores históricos que levaram o perfilamento racial até os
dias atuais, para que se possa ao fim deste artigo ter uma visão ampla de todos os fatores.

Palavras-chave: Perfilamento Racial; Racismo; Direitos fundamentais, abordagem policial.

ABSTRACT
The present development aims to provide, through bibliographic research, a view about the fundamental
rights applied in the theory of racial profiling and the stigmas brought with it in Brazilian legislation,
addressing aspects such as origin, concept, legal nature, relationship with human rights, relationship with
the principle of the dignity of the human person, and applicability, relationship with stone clauses, and the
consequences and disparity between the black population for other citizens, will also deal with the HC that

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is being processed in the Supreme Court on this issue and the links with fundamental rights and stone
clauses, as well as the historical factors that led to racial profiling to the present day so that at the end of
this article you can have a broad view of all the factors. Keywords: example one; example two; example
three.

Keywords: Racial Profiling; Racism; Fundamental rights.

DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

1.1Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais, assim como condiz o título, está relacionado a princípios, ou seja, direitos
mínimos, essenciais e necessários para que se viva em sociedade, que é amparado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, levando sempre em consideração a razão, pondo o ser humano e sua
essência como base.
O Brasil durante boa parte da sua história desrespeitou diversos direitos fundamentais, sendo a
população negra grandes vítimas dessa falta de compromisso dos governantes brasileiros na preservação
dos direitos fundamentais, um exemplo disso foi o trabalho escravo, que foi o pilar da relação de trabalho
durante o período colonial. O trabalho escravo, é um tipo de trabalho cujo qual é a base da exploração
onde não há a preservação do mínimo necessário para uma vida digna, exercendo trabalhos duros, sem
remuneração, cujo qual se tinha pelo tráfico de escravos negros, não existindo o direito à liberdade ou
qualquer outro direito.
Sendo assim, apenas em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que
ocorreu com a Lei Áurea, entretanto sem um mínimo projeto social de inclusão a sociedade conforme
mostra no site informativo do TST:

O Brasil foi o último país ocidental a abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13
de maio de 1888.
A abolição da escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem
implementar quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a
ampliação do mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc. Se partirmos da
premissa de que, ?como alguns estudos recentes demonstraram, a liberdade era (e é) não uma categoria
clara e definida, mas, ao invés disto, um emaranhado de concepções sobre direitos e proteções?, poder-
se-ia afirmar que nem a prerrogativa básica de cidadania, a liberdade, foi efetivamente concedida.
A despeito das inúmeras discussões historiográficas que permeiam o estudo da escravidão no Brasil, o
fato é que o Brasil tem a sua história marcada por quase quatro séculos de escravidão, caracterizados
pela ausência de garantia de direitos humanos básicos, exploração, violência e segregação racial e social.
TST.www.tst.jus.br, c2021. Página inicial. Disponível em:https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset
_publisher/LGQDwoJD0LV2/content/ev-jt-80-02#. Acesso em: 23/04/2023.

A legislação brasileira houve fortes avanços com a Constituição Federal de 1988, no qual veio para
revolucionar as políticas públicas e sociais do Brasil, por esse motivo é conhecida como a carta Magna da

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inclusão social, onde veio para aproximar toda a nação e com a narrativa e tentativa de equidade, com
vastos artigos de direitos fundamentais promulgados, sendo os direitos fundamentais previstos no título II
do livro. Para José Afonso da Silva:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de
referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada
ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e
instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.
(SILVA, 2005. p. 178).

Dessa forma segundo a conceituação de José Afonso, pode-se citar como exemplo a Lei maior brasileira,
que trouxe os direitos fundamentais como base de toda sua formação, preservando e tendo como
princípios os direitos fundamentais, não sendo uma mera finalidade de regra social de convivência, mas
sim um direito positivado, que passou por todo devido processo legal, respaldado em lei, ou seja, os
direitos fundamentais são aqueles que estão atrelados a normas jurídicas, no qual sem ele o ser humano
não convive ou sequer sobrevive.

1.2Princípio da dignidade da pessoa humana

O princípio da dignidade da pessoa humana está contido no ordenamento jurídico brasileiro, princípio esse
, que prioriza o ser humano acima de tudo, para a sua preservação e proteção.
Sendo assim, tem-se em vista também, que as normas e as leis tenham como base esse princípio, e
tomem ele como uma das razões existentes no sistema legislativo, para que a razão permaneça sempre
presente, e garanta que costumes arcaicos não retomem a sociedade, trazendo malefícios a nação,
desrespeitando o convívio em sociedade e empatia ao próximo.
Um exemplo clássico de conceito do princípio da dignidade da pessoa humana é de Immanuel Kant, que
trata em seu livro ?fundamentação da metafísica dos costumes? a cerca desta problemática, e relata que
em tempos passados, a população tinha como base nas leis, a religião e seus Deuses, sendo dessa
maneira criadas sem respaldo na razão. Dessa maneira Kant conceitua a dignidade, com a junção da
finalidade, onde se tem o homem como fim em si mesmo, e a autonomia da vontade, vejamos:Comment
by Microsoft Office User: Abra um parágrafo aqui Comment by Microsoft Office User: Não precisa colocar
em negrito.

O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio
para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se
dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem // a outros seres racionais, ele tem sempre de ser
considerado simultaneamente como fim. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 68.

, segundo o autor, o homem é um fim e não um meio, dessa forma, o tratamento e direitos que o homem
racional traz para si, e para o próximo, criando o conceito de valoração do que há no mundo e o que tem
dignidade. Valor é tudo aquilo que se pode valorar, ou seja, estipular preço, pois diferente da dignidade é o

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meio e não o fim, podendo ser trocado, vendido ou substituído. Entretanto a dignidade é algo impossível
de se estipular valor, é algo que está intrínseco ao homem em sua natureza e totalidade, não podendo ser
vendido, substituído ou muito menos trocado, pois se sobrepõe a qualquer precificação existente. (KANT,
2007).

Um indivíduo, pelo só fato de integrar o gênero humano, já é detentor de dignidade. Esta é qualidade ou
atributo inerente a todos os homens, decorrente da própria condição humana, que o torna credor de igual
consideração e respeito por parte de seus semelhantes. Constitui a dignidade um valor universal, não
obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas,
intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua
individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.5 A
dignidade é composta por um conjunto de direitos existenciais compartilhados por todos os homens, em
igual proporção. Partindo dessa premissa, contesta-se aqui toda e qualquer ideia de que a dignidade
humana encontre seu fundamento na autonomia da vontade. A titularidade dos direitos existenciais,
porque decorre da própria condição humana, independe até da capacidade da pessoa de se relacionar,
expressar, comunicar, criar, sentir. Dispensa a autoconsciência ou a compreensão da própria existência,
porque ?um homem continua sendo homem mesmo quando cessa de funcionar normalmente.?6 Como
observa Ingo Wolfgang Sarlet: ?mesmo aquele que já perdeu a consciência da própria dignidade merece
tê-la (sua dignidade) considerada e respeitada.? (André, 2003, p.317).

Dessa forma segundo André Gustavo Corrêa de Andrade, Juiz de Direito do TJ/RJ, em sua publicação na
revista da EMERJ, apenas pelo ato de nascer, todo ser humano é detentor de dignidade, sendo uma
qualidade inerente a condição humana, configurando um valor universal, independente da cultura ou
qualquer outro fator, seja, psicológico ou até mesmo intelectual, estando distante de qualquer fator físico, e
sim apenas da condição humana.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia conforme conceituado na constituição brasileira, tem como finalidade o alcance a
igualdade, para que as leis contidas no ordenamento jurídico tenham a mesma eficácia e alcance para
todos, conforme o art. 5º:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Faz-se mister ainda salientar conforme constante também no preambulo constitucional, o princípio da
isonomia possui uma eficácia supraconstitucional, pois trata-se de um princípio e direito, no qual as
demais normas, devem observar e ter como base, sendo um dos direitos fundamentais, cujo qual tem por
finalidade trazer para a sociedade a ideia concretizada de igualdade, para que haja equilíbrio na sociedade

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, equilíbrio esse de direitos e deveres, tais como saúde, educação dentre outros, garantindo os direitos
fundamentais e que todos os cidadãos sejam tratados com equidade, para que a Lei seja eficaz e alcance
a todos:
?Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

Por esse motivo, a partir da perspectiva de países como o Brasil, onde há em seu contexto históricos altos
índices de desigualdade e uma grande disparidade econômica entre os cidadãos, deve-se tomar medidas
para que de fato haja igualdade.
Nesse sentido, segundo a Agência do senado ?O Brasil apresenta 0,539 pelo índice de Gini, com base em
dados de 2018. Está enquadrado entre os dez países mais desiguais do mundo, sendo o único latino-
americano na lista onde figuram os africanos.? E ainda segundo IBGE ?1% mais rico detém mais do que o
dobro da renda dos 40% mais pobres.?
Sendo assim não basta que a Lei seja igual para todos, pois há uma desigualdade em grande escala
pairando o país e a população, devendo-se tratar os diferentes de maneira diferente, para que haja
paridade na aplicação das leis vigentes e no equilíbrio da sociedade, principalmente na população mais
afetada pela desigualdade, social e econômica, que decorre por gerações, onde se tem os negros como
grandes afetados. Segundo Ruy Barbosa:

[?] a regra da igualdade não consiste senão em tratar desigualmente os desiguais na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcional e desigualdade natural, é que se acha a verdadeira
lei da igualdade. Os mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade os
iguais, ou os desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do
que vale, mas atribuir os mesmos a todos, como se todos se equivalessem.

Dessa maneira é de extrema importância que se tenha como alicerce esse princípio em qualquer
ordenamento jurídico para que acima de tudo esteja presente também a equidade, na garantia de acesso
aos direitos e normas ali presentes. Com isso as normas brasileiras, devem-se aplicar como base a
isonomia para que as normas sejam alcançadas e exercidas por todos, preservando assim os preceitos
fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana e sendo positivada seguindo o princípio da
legalidade.
Vale salientar ainda, que a busca por igualdade possui fatores históricos entrelaçados, que foram
alcançados por diversas lutas, protestos e revoltas para alcança-la, conforme consta em registros no site
IME.USP ?A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" foi um fator marcante na luta por igualdade, onde
no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

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A tríade "liberdade, igualdade, fraternidade" tornou-se popular com a Revolução Francesa; Robespierre
propôs em 1790 que ela fosse escrita nos uniformes da Guarda Nacional e em todas as bandeiras. Em
1848 esse lema foi definido na constituição francesa como constituindo um princípio da república, e
aparece nas constituições de 1946 e 1958. Ela teve várias variações, como "união, força, virtude", usada
em lojas maçônicas, ou "liberdade, segurança, propriedade", "liberdade, unidade, igualdade" etc. Durante
a ocupação nazista foi substituída por "trabalho, família, pátria". Mas foi a sua forma conhecida hoje que
se tornou um lema da França, adotado inclusive em outros países, como na constituição hindu de 1950. O
primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos contém essa tríade: "Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Logo, com a influência da revolução francesa na busca por igualdade, e com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, demais países no mundo, inclusive o brasil passaram a aderir o princípio
da isonomia, pois foi um fato mundial, que deixou explicito uma luta, onde se buscava combater os
privilégios contidos no clero e da nobreza, para que toda a população gozasse de direitos iguais, e não
apenas classes isoladas.

1.4 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, tem por objetivo zelar a liberdade, para que o cidadão exerça sem forças
coercitivas exteriores os seus direitos, garantindo assim a supremacia do Estado, além de trazer
segurança jurídica, para que os atos da vida pública não haja incerteza do que deve ou não ser feito, e
assim haver uma descrição do certo ou errado, com o intuito de combater a arbitrariedade estatal, contido
no ordenamento jurídico brasileiro mais precisamente no artigo 5º, inciso II da constituição brasileira onde
diz que:

?ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, e sendo conceituado segundo doutrinador Clever Vasconcelos:

Cuida-se de um princípio basilar do Estado Democrático de Direito e tem o fito de combater a


arbitrariedade estatal.
A norma constitucional tem como destinatários os três Poderes e os particulares. Deste modo, o Estado,
ao impor um comportamento positivo, uma ação, ou uma conduta negativa, uma abstenção, deverá fazê-lo
por meio de Lei. Enquanto isso, nas relações privadas, aquilo que não for proibido será permitido.
Em outras palavras, por tal princípio somente lei poderá criar comandos veiculando uma obrigação ? fazer
? ou uma abstenção ? não fazer. Na falta da lei, será permitido a todos fazer ou não fazer o que bem
entenderem. Trata-se de um princípio que visa combater a arbitrariedade estatal.
VASCONCELOS (2017, p. 222)

Sendo assim o princípio é de suma importância para o entendimento de liberdade, cujo qual todo cidadão
é livre para fazer o que bem entende, desde que não seja proibido por lei, trazendo assim uma segurança
jurídica, amparado pela constituição onde apenas a lei pode criar direitos e deveres, conforme também

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mencionado pelo grande professor e jurista Pedro Lenza.

No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006.

Dessa maneira, pode-se subentender que é inaceitável não só socialmente, como também juridicamente,
a criação de perfilamento em relações coercitivas do Estado, pois o papel dos órgãos e cargos do estado é
administrar e exercer seu papel com base na lei.
Sendo dessa maneira incompatível com qualquer intimidação coercitiva que não provém da lei, pois não
sendo dessa maneira teria desequilíbrio com o princípio da legalidade, que por mais que exista a lei, ela
não estaria sendo cumprida, trazendo insegurança jurídica, falta de liberdade e inconformidade com
princípio da isonomia, que é essencial para qualquer democracia.

Perfilamento racial e suas discursões no Brasil

Racismo estrutural
Para o entendimento do perfilamento racial, cabe pontuar e entender inicialmente o que tange racismo
estrutural, aos olhos de grandes doutrinadores contemporâneos, os quais possui autoridade na área,
entende-se que a concepção de racismo estrutural, é aquela que está entrelaçada com a sociedade, e que
vai além de fatores psicológicos.
Sendo assim, pode-se entender que tem como ponto inicial vestígios de uma sociedade preconceituosa,
no qual prevaleceu a divisão entre etnias e outras formas de preconceito, caracterizando os
afrodescendentes como uma raça pejorativa. Dessa maneira os atos racistas foram normalizados ao longo
do tempo, sendo decorrente da própria estrutura social, conforme explica o Doutor em Direito Silvio
Almeida.

O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com que se
constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e
nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos individuais e processos
institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. O racismo é parte de
um processo social que ?ocorre pelas costas dos indivíduos e lhes parece legado pela tradição?. Nesse
caso, além de medidas que coíbam o racismo individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir
sobre mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas.

ALMEIDA. Silvio Luiz de. 0 que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento. 2018. P.38

Conforme expresso no livro (O que é Racismo estrutural?) por Silvio Almeida "O racismo se expressa
concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.", dessa maneira, a sociedade impõe por
si só padrões de uma raça privilegiada, onde tem-se um sistema que se sobrepõe sob esta minoria
desprivilegiada, seja na esfera política, econômica ou jurídica.
Com isso "Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa
sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá embaixo, para os negros e assim

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tranquilamente se comporta." Conforme expressa o artigo "Ser negro no Brasil hoje", publicado pelo
geógrafo Milton Santos na Folha de S. Paulo, em 2000.
Ademais, conforme bem diz, há um olhar enviesado, e ao ligar com a conceituação do doutor Silvio
almeida, é algo estrutural que transcende de geração para geração, fazendo com que pessoas normalizem
em seu dia a dia, atitudes e falas racistas, pois é algo que está em sua essência.

Perfilamento racial no Brasil


Como já mencionado, no Brasil tem como consequência de sua história, a concepção de racismo
estrutural, fazendo parte dessa estrutura, o perfilamento racial, que é embate de discursões acerca da
temática por todo o mundo. A ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu o perfilamento racial,
criando um guia ?Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios? no qual conceituou o perfilamento racial da seguinte maneira:

O termo ?perfilamento racial? se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de
generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências
objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais, revistas
minuciosas, verificações e reverificações de identidade e investigações, ou para proferir um julgamento
sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade criminosa. O perfilamento racial resulta
diretamente na tomada de decisões discriminatórias. Há exemplos de agências de aplicação da lei que
visam as pessoas afrodescendentes são frequentes em diferentes países. (ONU, 2020, S/N).

Portanto é compreensível o entendimento de que o Estado por sua totalidade, tem o dever de exercer seu
papel coercitivo, em alguns casos utilizando da força através dos agentes policiais. Entretanto, é
inaceitável que se utilize dessa prática para a presunção de crime.
Cabe ressaltar que segundo o guia da ONU, esse tipo de prática viola uma série de princípios e direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade ou isonomia.

A prática de perfilamento racial viola uma série de princípios e direitos fundamentais previstos no direito
internacional dos direitos humanos. Estes incluem os princípios de igualdade e não discriminação contidos
no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 2 do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, artigos 1, 2 e 5 da Convenção Internacional para a Eliminação de Todos Formas de
Discriminação Racial e artigo 2 da Convenção sobre os Direitos da Criança.
(ONU, 2020. Prevenindo e Combatendo o Perfilamento Racial de Pessoas Afrodescendentes: Boas
Práticas e Desafios P.5)

, constante também no artigo 5º da Constituição Federal brasileira:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

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Faz-se mister, ainda, salientar, que conforme pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras. Os dados inéditos revelam, segundo a coordenadora do estudo, a socióloga
Silvia Ramos, o caráter racista como centro da atividade policial do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, representantes da ONU durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho apurou que há uma
sobre representação de brasileiros afrodescendentes no sistema carcerário, e uma cultura de perfilamento
e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça (A/HRC/27/68/Add.1, p. 67)
Com isso, resta espelhado com as ações policiais conduzidas de forma à replicar preconceitos, o ?perfil?
criado acaba por levar a encarceramento errôneo de um cidadão, levando-se em consideração apenas
sua etnia, havendo a ausência de evidencias objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar
pessoas a batidas policiais, revistas minuciosas, verificações e reverificações de identidade e
investigações, ou para proferir um julgamento sobre o envolvimento de um indivíduo em uma atividade
criminosa. (ONU, 2020, S/N).
Ainda nessa mesma temática, a recomendação geral nº. 34 (2011) da Comissão, que trata de
discriminação racial contra pessoas afrodescendentes, e inclui uma seção sobre a administração de justiça
, o Comitê sugere que os Estados-membros devem tomar medidas
para prevenir a discriminação pela polícia ou outras entidades e oficiais de aplicação da lei contra pessoas
afrodescendentes, especialmente em relação à prisões e detenções, e garantir que pessoas
afrodescendentes não sejam vítimas de práticas de discriminação racial ou étnica. (ONU, 2020, P.7).

O professor do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Ronaldo Marinho, explica que o
sistema prisional brasileiro precisa ser modificado. ?Nós temos uma política de encarceramento em que
houve um aumento considerável nos últimos dez anos. Esse processo de encarceramento se deu em
virtude de uma cultura de maior rigor penitenciário. Mas ao mesmo tempo houve um aumento da
criminalidade durante esse período. Nós prendemos muito mal. E entendemos que há um aprisionamento
muito forte da população mais pobre da sociedade, que é a população negra?, explica.

Esse cenário, na visão do professor doutor Ronaldo Marinho, deve ser mudado desde o processo de
julgamento. ?Acredito sim na mudança, acredito na possibilidade de transformar a segurança pública
baseada em dados e evidências. Uma segurança pública direcionada, com investimento em tecnologia e
principalmente investimento no ser humano. E que as políticas públicas de educação, saúde e moradia
consigam chegar às classes menos favorecidas. E que nós consigamos criar um ciclo virtuoso de atenção
e cuidado para essa juventude?, aponta.

Fatores históricos do racismo na legislação brasileira

O Brasil construiu em seu contexto Histórico, desde a sua colonização, uma sociedade preconceituosa, e
com a chegada dos portugueses foi construído uma civilização a base da exploração, no qual o negro
fazia parte como raça submissa, sendo submetido ao trabalho escravo, no qual tinha restringido seu direito
de liberdade, e sequer existia direitos fundamentais. Segundo o TST ?O Brasil foi o último país ocidental a
abolir oficialmente a escravatura, que ocorreu com a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. A abolição da
escravatura, todavia, restringiu-se a conceder liberdade formal aos ex-escravos, sem implementar
quaisquer políticas públicas inclusivas relacionadas, como, por exemplo, a reforma agrária, a ampliação do

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mercado de trabalho para os libertos, o acesso à educação, à saúde etc.


Dessa forma além da Lei Áurea, que foi um importante início de uma norma contra a escravidão, teve-se a
constituição brasileira de 1988, que foi um marco importante na legislação brasileira em termos de
inclusão, conforme consta na Agência Senado.
A bancada anti-racista e seus aliados conseguiram aprovar na Constituição de 1988 a proposta que tornou
a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. Mas a legislação
brasileira já definia, desde 1951 com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo
, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade
que o crime).
Com essa norma constitucional, segundo Paim, foi aberto o caminho para o resgate da plena cidadania
dos negros e mulatos. Em 1989, o Congresso aprovou a proposta do deputado Luiz Alberto Caó (lei
7.716/89) que passou a ser conhecida como Lei Caó. Essa lei explicitou os crimes de racismo de acordo
com o novo conceito da Constituição.
Fonte: Agência Senado
Além disso, a pressão popular entre os brasileiros por mudança, cada dia mais cria forças, fazendo com
que representantes do país estejam sempre à discutir a causa, dessa maneira é de suma importância que
haja adequação na lei, para que se tenha a inclusão e garantia dos direitos fundamentais, pois o racismo é
um espelho da discordância desse preceitos. Dessa maneira havendo em 2023 uma importante mudança
conforme consta na Agência Senado
Embora desde 1989 a Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tenha tipificado crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a injúria continua tipificada apenas no
Código Penal.
Assim, a pena de um a três anos de reclusão continua para a injúria relacionada à religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência, aumentando-se para dois a cinco anos nos casos relacionados a raça
, cor, etnia ou procedência nacional.
Fonte: Agência Senado
No entanto, cabe ressaltar que é de grande importância o papel do legislativo no combate ao racismo e
defesa da inclusão, para que possa combater não só o racismo mas as consequências que advém dele,
pois é necessário para garantir a democracia ?A democracia só será uma realidade quando houver, de
fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de
estigmatização e de segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça.? (Fernandes,
Florestan. 2017)

HC Nº 660930 ? SP

A prática do perfilamento racial, é algo que está presente no dia a dia da polícia brasileira. Um desses atos
indevidos, está evidenciado no HC Nº 660930 ? SP, impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) contra decisão de apelação proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que manteve
sentença de 7 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão, em regime fechado, além do pagamento de 793 dias-
multa, pela prática criminosa descrita no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
Com isso a conduta policial foi feita de maneira indevida e preconceituosa, uma vez que, utilizou-se
inicialmente da cor do indivíduo, para a suspeição e presunção de crime, criando um estereótipo racial de
maneira pejorativa, conforme mostrado pelo relator do HC em questão

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Ao verificar o auto de prisão em flagrante, o relator reconheceu que as circunstâncias da abordagem


policial foram motivadas primeiramente pelo paciente ser negro. Observa-se no auto redigido pelas
autoridades o seguinte relato: ?[?] avistou ao longe um indivíduo de cor negra que estava em cena típica
de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto o meio fio da via pública?, versão também
constatada por outra autoridade: ?que ao se aproximarem da rua Santa Teresa viram um indivíduo negro
que se ?servia? (sic) algum usuário de droga em um carro de cor clara?. A cor da pele é a única
característica física apresentada ao longo do documento, e foi o que de imediato ensejou os policiais a
realizarem o auto flagrante. Habeas Corpus nº 660930 (FONTE: STJ)

, dessa maneira, esse tipo de abordagem infringe o princípio da dignidade da pessoa humana, pois é uma
medida invasiva, sendo caracterizado por uma busca pessoal, com a justificativa principal de suspeição
por ser um indivíduo negro. No qual o procedimento correto, é que seja necessário a existência da justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. Neste sentido, o Ministro-Relator destacou o seguinte precedente do
STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PROVA ILÍCITA. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE


FUNDADAS SUSPEITAS. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO. 1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa
causa para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. § 2º do art. 240 do CPP, bem como a
prova derivada da busca pessoal. 2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal
no acusado, não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista
do indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito em denúncia
anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos policiais militares, não justifica, por si
só, a invasão da sua privacidade, haja vista a necessidade de que a suspeita esteja fundada em
elementos concretos que indiquem, objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem,
enquadrando-se, assim, na excepcionalidade da revista pessoal. 3. Habeas corpus concedido para
reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da busca pessoal realizada, bem como as delas
derivadas, anulando-se a sentença para que outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios
remanescentes. (HC n. 625.819/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/2/2021).

Além do mais, quando a abordagem policial leva em consideração fatores raciais, demonstra ainda mais a
presença do racismo estrutural, nos mais diversos órgãos da sociedade. Dessa maneira fazendo valer a
concepção estrutural, no qual se tem o entendimento de que o racismo não é uma doença ou condição
patológica, e sim algo que é estruturada na sociedade por diversos contextos históricos, através de atos e
atitudes racistas, que foram normalizados ao longo do tempo, conforme mencionado pelo doutor em direito
Silvio Almeida ?O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ?normal? com
que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia
social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural.?
Cabe ressaltar ainda, que todo tipo de distinção, é incompatível com os direitos fundamentais e seus
princípios, que estão na carta magna, em especial ao princípio da isonomia (direito de igualdade)
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

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segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I ? homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;?
BRASIL. [Constituição (1988)]. CRFB. [S. l.: s. n.], 1988.

, sendo assim o perfilamento racial, mostra-se um ato de natureza inconstitucional, com inconformidade ao
artigo 5º da constituição. Dessa maneira, com a inconstitucionalidade traz a nulidade, conforme Decidido
Questão de Ordem na Adin nº 652/MA (DJ 04/2/93), Relator Min. Celso de Mello, o STF assim se
manifestou:

EMENTA(...). ? O repúdio ao ato inconstitucional decorre, em essência, do princípio que, fundado na


necessidade de preservar a unidade da ordem jurídica nacional, consagra a supremacia da Constituição.
Esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor
grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras
inscritas na Carta Política, sob pena de ineficácia e de consequente inaplicabilidade. ? Atos
inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em consequência, de qualquer carga de
eficácia jurídica.

IMPACTOS DO PERFILAMENTO RACIAL


População Carcerária
Com o Perfilamento racial existente no Brasil, apresenta-se consequências para a sociedade, em especial
para a população negra que sofre com esse tipo de abordagem, sendo praticamente toda a população
carcerária do Brasil, criando assim uma segregação racial, e aumentando ainda mais a desigualdade
social, conforme mostra o CNJ:

Praticamente toda a população carcerária do Brasil é negra. É algo que chama a atenção e precisa ser
estudado? enfatizou o conselheiro. A informação foi reforçada pelos dados apresentados por Edinaldo
César Santos Junior, coordenador executivo do Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e
juiz do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). ?Cerca de 63,7% da população carcerária brasileira é
formada por negros. E isso são dados de 2017 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)?, afirmou
. ?Por que será? Por que são pobres? Por que a maioria dos pobres é negra? O encarceramento tem cor.
CNJ (Brasil). Agência CNJ de Notícias. O encarceramento tem cor, diz especialista, disponível em: https
://www.cnj.jus.br/o-encarceramento-tem-cor-diz-especialista/, 2020.
, ademais, para ter uma real proporção da segregação racial no Brasil, basta pegar os dados inversos,
para levar em comparação com os brancos, de acordo com o CNJ no mesmo artigo do dado anterior
Edinaldo César Santos Junior apresentou dados que explicam em números a observação feira por Clark.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos). Isso acontece na apreensão de todos os tipos de entorpecentes. ?Brancos acabam
sendo classificados como usuários enquanto os negros, como traficantes?, explicaram.?, neste sentido,
soa um tanto quanto perspicaz, questionar-se o porquê de os negros serem maioria no sistema prisional
brasileiro, diante existência destes dados tão esclarecedores. (CNJ. 2020)

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Com isso, evidencia cada vez mais o racismo estrutural em nossa sociedade, pois o que está presente é
uma política de Estado de aprisionamento de negros, conforme destaca o CNJ: ?O magistrado fez uma
retomada histórica da segregação racial no Brasil, destacando que existe uma política de Estado de
aprisionamento de negros, destacando que o sistema prisional os rotula como criminosos. ?Nós mantemos
as castas raciais a partir do sistema prisional ao ignorar as circunstâncias sociais e históricas da
população negra?, completou Santos Junior. ?É o delito de ser negro.? (CNJ. 2020, S/N)

Consequências Sociais

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os


negros representam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza?. Isso
demonstra como perfilamento racial e o racismo, estão diretamente ligados a
desigualdade social existente no Brasil. É um tema que deve ser abordado
frequentemente, pois muitos jovens e adultos negros não possuem
oportunidade de emprego ou até mesmo de uma boa educação, sendo
demonstrado no dado acima, a desigualdade de tratamento e oportunidades
entre brancos e negros.
Outrossim, resta também esclarecer que obscuridade do Judiciário com
o perfilamento racial apenas aumenta e prolonga o racismo estrutural existente
na nossa legislação onde sequer tornar nula os atos praticados em
inconformidade com a própria constituição. De acordo com a ONU
(Organização da Nações Unidas) no debate realizado para discussão de
recorrência de casos e desafios para combater o perfilamento racial ?Uma das
consequências da aplicação do perfilamento racial é que é ineficaz e
contraproducente, não facilitando a colaboração entre a comunidade e a
polícia.?
A partir de 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial ter violado
direitos e levado muitas pessoas à morte, a ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada para proteger os direitos de cada indivíduo e garantir que as
ações do governo não ponham em risco a dignidade humana, isso deve
acontecer independente de sua cor da pele ou classe social. No entanto, não
conduz com a realidade, de acordo com o site G1.com podemos citar como
exemplo o caso de um cidadão que foi espancado e morto no mercado
Carrefour em Porto Alegre por dois seguranças brancos que trabalhava no
local.
Ademais, isso só comprova como as forças policiais usando do
perfilamento em suas abordagens e agindo de maneira desvantajosa e
intencional para um determinado grupo de pessoas, deixando-os constrangidos
e incapaz de se defenderem devido a força policial, na qual muitas vítimas
ficam envergonhadas, pois os atos são realizados na frente de seus próprios
familiares.
Dessa forma, atitudes agressivas e emocionais sem qualquer justificativa

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fere com o direito básico constitucional, na qual é dever do Governo garantir


com a segurança do cidadão, por isso o policial não deve estipular
características de como deve ser um ladrão ou de que cor deve ser de um
ladrão ou suspeito.
É necessário que os policiais ou seguranças de setores
privados ou público coloquem em prática a conduta ética e legal que
aprenderam, é um conjunto de valores, conceitos e práticas passadas para os
policiais e que devem seguir, sem colocar suas emoções ou seus conceitos
pessoais em primeiro lugar, pois a sociedade confia em suas atitudes para
proteger seus filhos, pais e parentes.

Conforme consta no guia da ONU

É importante que os Estados implementem proibições


formais do perfilamento racial. Tais proibições podem assumir
a forma de leis estaduais, códigos de conduta e ética ou
procedimentos operacionais padronizados a serem
implementados pelas instituições policiais. (ONU, 2020, P.12)

Desde sua colonização o Brasil já é um país com uma desigualdade racial gigantesca, muitos negros não
possuem liberdade de expressão, pois eram subordinados pela elite branca, a qual hoje ainda
beneficiasse desse marco histórico. Devido a esse enorme atraso que aconteceu durante anos, ainda no
século XXI temos consequências devastadoras seja na educação, no mercado de trabalho ou até mesmo
na representatividade, onde não representa muitas mulheres ou homens negros em frente a um telejornal,
um desembargador ou um chefe de um grande hospital. (Almeida, Silvio, 2018)
Como já mencionado, o perfilamento racial é uma prática que infringe uma série de direitos fundamentais,
no qual o judiciário tem o importante papel de combate, a esse sistema de racismo estrutural, pois como
bem diz a conhecida e incisiva frase da filósofa Ângela Davis ?Numa sociedade racista, não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista?.
Com isso enquanto houver a aceitação desse tipo de abordagem, como o do HC nº660930 ? SP, no qual,
não se tem a punição dos agentes, irá se perdurar-se por anos com essa espécie de retrocesso. Criando-
se assim uma insegurança jurídica, pois não age em concordância com o princípio da legalidade, uma vez
que por mais que exista leis antirracistas no ordenamento jurídico, não são seguidos durante sua
aplicação, pois resta claro a inconformidade com o direito a igualdade garantido no artigo 5º da carta
magna, sendo assim torna um ato inconstitucional, que precisa ser revisto aos olhos do judiciário, não só
pela nulidade como também pela punição dos servidores responsáveis.
Não obstante a generalidade arguida pelo autor, o Superior Tribunal de Justiça tem se debruçado sobre a
quaestio iuris, e por diversas oportunidades constatou abusos praticados pelas forças policiais na
execução das buscas pessoal e domiciliar, concedendo a ordem para reconhecer a nulidade das provas
obtidas nessas buscas irregulares, com a consequente absolvição dos acusados. (HC nº660930 ? SP).

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Conclusão

O presente trabalho, tem por objetivo relatar os estigmas da legislação brasileira nas relações étnico-
raciais, inicialmente mostrando a importância dos princípios e direitos fundamentais contidos na
constituição brasileira, relatando como ponto principal o perfilamento racial exercido no Brasil. A lei maior
do país, tem grande importância para que o legislativo exerça seu papel perante a sociedade, garantindo
os direitos mínimos e essenciais para a sobrevivência, uma dessas garantias são os direitos fundamentais
, como o direito a vida, saúde e educação, sendo um direito mínimo e essencial para a existência humana.
Além disso, deve-se destacar também os princípios constitucionais, como bem diz o nome, é primordial
para que as demais normas e atos da vida púbica estejam em plena conformidade, em especial o princípio
da isonomia, para que as leis e atos da vida pública tenha a mesma eficácia para todos, sem distinção de
raça, cor ou qualquer que seja as diferenças.
Com isso, o Brasil mostra números alarmantes de preconceito, principalmente com a população negra,
onde no âmbito criminal, por exemplo, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança
Pública e Cidadania (CESEC), cerca de 63% das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro têm
como alvo pessoas negras.
Segundo o magistrado, uma pesquisa da Agência Pública de Jornalismo Investigativo em São Paulo que
demonstrou que a quantidade de maconha apreendida com pessoas brancas é, em média, maior do que
as negras (1,15kg contra 145 gramas). No entanto os negros são os mais condenados (71,35% contra
64,36% dos brancos).
Sendo assim, esse tipo de abordagem policial utilizada do perfilamento racial como fator de presunção de
crime, relatado também no HC nº660930 ? SP, é um tipo de força coercitiva que além de invadir a
pessoalidade, é inconstitucional pois fere o princípio da isonomia em seu artigo 5º da constituição
brasileira, assim como também deixa de levar em consideração o princípio da dignidade da pessoa
humana, sendo um tipo de abordagem evasiva e desconsiderando fatores humanitários em igualdade a
todos.
Além disso, uma vez constatado esse tipo de abordagem, caracteriza uma atitude racista, devendo os
agentes serem penalizados por tal feito. Desta feita, uma vez que o ato é inconstitucional, deve-se além de
responsabilizar os agentes, ser declarado sua nulidade.
Conquanto, é de suma importância que o legislativo cumpra seu papel na criação de normas de inclusão e
educativa, para que o racismo estrutural existente no Brasil seja combatido, além de reforçar para que o
judiciário cumpra o papel de defesa e aplicabilidade da constituição, para que de fato haja isonomia entre
todos, pois uma democracia é construída inicialmente pela igualdade e liberdade.

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa:
Edições 70, 2007, p. 68.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo:


Método, 2006.

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 25. ed. São
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