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O BRINCAR NAS SÉRIES INICIAIS COMO FERRAMENTA PARA O LETRAMENTO DO


ALUNO
PLAYING IN THE INITIAL SERIES AS A TOOL FOR STUDENT LETTERING
RESUMO
O ato de brincar pode auxiliar muito no desenvolvimento integral do aluno, pois é uma atividade prazerosa, que
desperta o interesse e atenção do aluno, que é especialista em brincar. É dentro da primeira infância que se deve
estimular este momento, pelas características maturacionais da criança, que ficará bem mais propícia a participar
das atividades propostas se as mesmas forem lúdicas. Este trabalho se justifica pela necessidade de valorização
do ato de brincar dentro das metodologias de ensino, como ferramenta de auxílio valiosa ao letramento do aluno,
para tanto resolveu-se trabalhar com uma pesquisa bibliográfica utilizando como referência diversos autores que
possuem trabalhos relevantes na área estudada. O artigo está dividido em três tópicos distintos, iniciando com
debate sobre a relação da criança com o brincar, sucedido pela importância que esta prática possui para a
criança, finalizando com uma discussão acerca do brincar como auxílio para o letramento do aluno. Podemos
perceber ao término deste trabalho que a criança, principalmente a da faixa etária estudada, que está em
processo de alfabetização e letramento, adora o ato de brincar, pois é uma atividade que desempenha a muito
tempo, desde sua concepção, e nós professores devemos estimular que a criança brinque e nos apropriamos
destes momentos pedagógicos, para que junto com o ato de brincar a criança esteja também aprendendo.

Palavras-chave: Criança; Brincar; Alfabetização; Letramento; Ludicidade.

ABSTRACT

The act of playing can help a lot in the integral development of the student, as it is a pleasant activity, which
arouses the interest and attention of the student, who is a specialist in playing. It is within early childhood that this
moment should be stimulated, due to the child's maturational characteristics, which will be much more likely to
participate in the proposed activities if they are playful. This work is justified by the need to value the act of playing
within the teaching methodologies, as a valuable aid tool for the student's literacy, so it was decided to work with a
bibliographic research using as reference several authors who have relevant works in the studied area. . The article
is divided into three distinct topics, starting with a debate about the child's relationship with playing, followed by the
importance that this practice has for the child, ending with a discussion about playing as an aid to student literacy.
We can perceive at the end of this work that the child, especially the one of the studied age group, who is in the
process of literacy and literacy, loves the act of playing, because it is an activity that has been playing for a long
time, since its conception, and we teachers must encourage the child to play and we take ownership of these
pedagogical moments, so that along with the act of playing the child is also learning.

Keywords: Child; To play; Literacy; Literacy; Playfulness.


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1 INTRODUÇÃO aos olhos menos treinados, passar despercebidos os


ganhos propiciados pelo mesmo, e que os espaços e
tempos destinados a esta prática na sociedade
A criança possui uma relação muito íntima com
moderna, vem diminuindo gradativamente, fazendo
o brincar, pois é uma atividade prazerosa, que tem o
com que a escola se torne um dos únicos locais para
poder de transportá-la para outros mundo e
a pratica desta atividade, sendo por tanto, primordial
possibilidades, sendo uma área de seu total
que nós professores estimulemos estes momentos,
conhecimento e domínio como nos diz Kishimoto
para que os educandos possam atingir seu potencial
(2002, p. 139). “A brincadeira é uma atividade que a
total, propiciando valiosas aprendizagens que lhe
criança começa desde seu nascimento no âmbito
serão uteis na sua formação integral.
familiar”, e quando adentra na escola deve ser
perpetuada e não suprimida. 2 DESENVOLVIMENTO

Este trabalho busca provar que o ato de brincar


O brincar acompanha a criança por todo o seu
é uma ferramenta importantíssima para o letramento
desenvolvimento, agindo como ferramenta
e alfabetização do aluno, e que deve tomar um local
fundamental para o seu desenvolvimento, assumindo
de destaque dentro do planejamento dos professores.
uma importância ainda maior quando utilizado como
Para tanto optou-se por uma pesquisa bibliográfica
instrumento no processo de letramento dos alunos,
com a utilização dos autores Borba (2006), Brougère
principalmente na primeira infância.
(2010), Carvalho (2005), Coelho (2001), Ketzer
(2003), Kishimoto (2000), Neto (1995), Noffs (2001),
2.1 A relação entre o brincar e a criança
Piaget (2001), Postman (1999), Santos (2015),
Silvestrini (2014), Soares (2001), que possuem
O brincar é uma prática inerente a grande
artigos e trabalhos que corroboram com a ideia
maioria dos seres vivos, porém nós seres humanos
central deste trabalho.
estabelecemos uma relação muito próxima desta

O trabalho está subdividido em três tópicos prática, que em nossa sociedade assume diversos

diferentes para facilitar a compreensão do leitor. O papeis, sendo utilizada como atividade lúdica, que

primeiro tópico discute a relação que a criança possui busca o prazer, um divertimento, como uma forma de

com o ato de brincar, que à acompanha desde usufruir dos momentos livres, para se aprender a

sempre, e do qual ela possui total propriedade, já no viver em sociedades, aprender seu espaço dentro de

segundo tópicos procurou-se elencar a importância cada grupo social, dentre outras alternativas

que tal pratica possui, pois, a mesma aos olhos dos (BROUGÈRE, 2010).

adultos tende a ser desvalorizada, por não Tal prática acompanha a humanidade desde

conseguirem entender os benefícios e aprendizagens seus primórdios, não sendo possível precisarmos

delas decorrentes. No terceiro tópico finalizamos com quando realmente iniciou. No entanto, sabe-se que

uma discussão sobre como podemos utilizar o brincar por muito tempo as crianças apenas reproduziam

como ferramenta de auxílio ao processo de hábitos sociais observados dentro do ambiente em

alfabetização e letramento do aluno da pré-escola. que estavam inseridas. Tais práticas eram
valorizadas por prepararem as crianças para
Ao final pode-se perceber que o brincar se desempenharem seus papeis quando estivessem
reveste de um significado bem mais amplo, podendo mais velhas, logo, o ato de brincar, por séculos foi
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marcado por representações sociais, não está sempre em busca de novidades, pois está
possibilitando e nem estimulando um uso maior da habituada a um processo dinâmico de evolução, onde
imaginação. os brinquedos e jogos tendem a ficar obsoletos em
Tal situação dava-se por conta da visão que as uma velocidade nunca antes vista dentro de qualquer
sociedades antigas tinham da criança, que para eles outra sociedade.
era apenas um adulto em miniatura, que deveria ser A relação entre a criança e o brincar só veio se
tratada como tal, e impelida a assumir seus papeis expandindo ao longo do tempo, sendo perceptível as
sociais o quanto antes. Esta situação perdurou por alterações dos modos e brinquedos utilizados por
séculos, só sendo possível percebermos uma cada geração, do brincar de jogos populares como
mudança relevante por volta do século XVIII, que foi pega-pega, amarelinha, João-ajuda dentre outros,
quando ocorreu uma ressignificação do papel social evoluiu-se para o brincar com a utilização de jogos
exercido pela criança até então, Coelho (2001, p.76) eletrônicos, que cada vez mais vem se tornando mais
aponta que tal mudança ocorreu motivada pela realistas, o que em consequência acabam sendo
“ascensão da burguesia e reestruturação familiar, a mais chamativos para as crianças. Neto (1995, p.9)
criança começou a ser reconhecida como indivíduo reafirma essa posição ao destacar:
diferente do adulto, com atribuições diferentes”. Esta As alterações ocorridas na estrutura
social e econômica das sociedades,
nova visão oportunizou a estas crianças exercitar
devidas ao processo de modernização e
mais a sua imaginação e ter tempo para relacionar-se inovação tecnológica, têm vindo a criar
diversas transformações nos hábitos
com seus iguais.
cotidianos da vida dos homens e na sua
Com mais tempo e tendo o direito de ser relação com os fatores ecológicos.
tratada como um ser em processo de construção
Por tanto, as brincadeiras de rua vêm a cada
cognitiva e social, a criança, melhora a sua relação
geração perdendo mais espaço dentro das gerações,
com o brincar, passando assim, mais tempo dedicado
que passam cada vez menos tempo brincando ao ar
a esta atividade, paralelo a isso, com o
livre. Com o advento dos jogos eletrônicos percebe-
desenvolvimento da indústria, proporcionado pela
se que a criança passa cada dia mais tempo
revolução industrial, passa-se a produzir brinquedos
realizando esta atividade, que apesar de estimular a
voltados para as crianças, que antes disso, tinham
coordenação motora fina de suas mãos, acaba
que produzir seus próprios brinquedos, este fato
acarretando mais danos do que benefícios para o seu
revoluciona a relação da criança com o brincar, pois
desenvolvimento intelectual e social (KETZER, 2003).
tendo cada vez mais acesso a brinquedos que
Tal alteração é explicada por estudiosos como
estimulam a sua imaginação as crianças puderam
Silvestrini e Pereira (2014, p. 06) ocasionados por
ampliar as possibilidades desta prática (POSTMAN,
diversos fatores, dentre os quais destacaram-se os
1999).
seguintes:
Atualmente este nicho de mercado é um dos
O alto índice de violência das grandes
mais lucrativos, e chega até as crianças das mais cidades privou muitas crianças de
variadas formas, seja através de anúncios televisivos, brincarem nas ruas. O trânsito dos carros
aumentou, a velocidade em que
que passam entre as propagandas dos desenhos, percorrem as ruas também se tornou
seja através das redes sociais, onde as crianças elevada. Os ataques repentinos dos
traficantes contra os cidadãos civis e
estão sendo inseridas cada vez mais precocemente. militares. Todos esses fatores
Esta situação leva a uma geração imediatista, que influenciaram para que o espaço do
brincar se tornasse reduzido.
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seja, brincar é uma atividade lúdica,


prazerosa e livre.
Esta redução do espaço do brincar faz com que
a escola se torne um dos únicos refúgios para esta
Como podemos perceber através do exposto
prática, a criança por conta dos fatores elencando
pelo autor, ao brincar a criança trabalha e desenvolve
anteriormente, não pode mais brincar na rua da sua
as mais diferentes esferas do seu corpo, brincando
casa e nem pode mais ir para a casa de um colega,
ela melhora as suas habilidades manipulativas e
nem brincar de subir em arvores, tais atividades que
corporais, bem como, desenvolve mais a sua
de início podem parecer insignificantes, tomam
criatividade, pois dentro da ludicidade presente neste
grande importância para o desenvolvimento integral
momento ela pode desempenhar os mais variados
do aluno.
papeis, o que aguçará a sua inteligência e
A família ao tentar proteger a crianças dos
imaginação.
fatores externos, acaba estimulando que ela passe
Ao brincar ela tende a se relacionar com outras
longos períodos em frente a TV, tablet, smartfones e
crianças, o que permitirá desenvolver valiosas
videogames, acreditando assim que está fazendo
aprendizagens quanto as limites e possibilidades dos
uma boa ação para esta criança, no entanto, ao privar
seus colegas. Tal aprendizagem é fundamental,
esta criança da brincadeira e do convívio social com
principalmente na primeira infância, onde a criança
seus pares. Os pais estão criando um indíviduo que
ainda tende a ter um egocentrismo muito grande, e
terá serias dificuldades de relacionar-se, que não
está passando por um processo de adaptação, onde
conhecerá os limites do seu corpo nem suas
ela começa a perceber que nem sempre as suas
possibilidades, gerando uma sociedade avessa ao
vontades prevalecerão em detrimento as de seus
contato físico e com sérios desvios corporais.
colegas.
Para os adultos, o ato de brincar as vezes pode
2.2 A importância do brincar para o parecer uma perca de tempo, pois nós já nos
desenvolvimento da criança esquecemos da importância que este ato possui, e na
nossa percepção, a criança está ali apenas repetindo
Todos os humanos brincam, padrões de comportamento observados em outros
independentemente da idade ou classe social, mas locais, não sendo por tanto, este momento importante
em cada idade este ato assume valores diferentes, para o seu desenvolvimento, quanto a isso Borba
que dependerá do grau de desenvolvimento cognitivo (2006, p.38) nos diz que:
e cronológico apresentado por cada indivíduo. Como É importante enfatizar que o modo
bem nos explica Santos e Pessoa (2015, p. 12): próprio de comunicar do brincar não se
refere a um pensamento ilógico, mas a
O brincar é uma das formas mais um discurso organizado com lógica e
comuns do comportamento infantil, é características próprias, o qual permite
uma condição essencial para o que as crianças transponham espaços e
desenvolvimento da criança. Através do tempos e transitem entre os planos da
brincar a criança conhece o meio em que imaginação e da fantasia explorando
vive e interage com o mesmo, suas contradições e possibilidades.
desenvolve suas habilidades, Assim, o plano informal das brincadeiras
criatividade, inteligência e imaginação. A possibilita a construção e a ampliação de
experiência do brincar possibilita a competências e conhecimentos nos
criança um melhor conhecimento de si planos da cognição e das interações
mesma, facilitando também no processo sociais, o que certamente tem
de socialização, devido a situações consequências na aquisição de
vivenciadas com outras crianças, ou
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conhecimentos nos planos da passadas sob forma de narrativas, e de


aprendizagem formal. antecipar suas ações futuras pela
representação verbal. Daí resultam três
O autor supracitado, demonstra que ao consequências essências para o
desenvolvimento mental: uma possível
transitar entre o real e o imaginário, a criança está em
troca entre os indivíduos, ou seja, o início
processo de aprendizagem, e que mesmo não sendo da socialização da ação; uma
interiorização da palavra, isto é, a
um plano formal de aprendizagem esta atividade
aparição do pensamento propriamente
possibilita ganhos que serão utilizados quando forem dito, que tem como base a linguagem
interior e sistema de signos, e,
aplicados os processos formais de aprendizagem.
finalmente, uma interiorização da ação
Esta relação entre a criança e o brincar vai se como tal, que, puramente perceptiva e
motora que era até então, pode daí em
alterando ao longo do seu desenvolvimento cognitivo
diante se reconstituir no plano intuitivo
e cronológico. A criança brinca desde seu das imagens e das “experiências
mentais.
nascimento, mas a sua relação com este ato vai
ficando cada vez mais refinado com o passar do Já nas fases subsequentes de
tempo, nos primeiros meses de vida, a criança não desenvolvimento da criança até chegar a sua fase
tem autonomia com os brinquedos que possui, adulta, a brincadeira vai perdendo cada vez mais
ficando refém dos brinquedos a ela entregues ou os espaço, e a capacidade de imaginação e de trabalhar
que ela com sua mobilidade reduzida consegue com a representação de papeis dentro de situações
pegar. No entanto, na medida em que vai aprendendo que a brincadeira solicita, vai também sendo
a se locomover sozinha, ela vai conseguindo pegar o gradativamente suprimida, por conta da sua da
brinquedo que mais lhe chama atenção e interagir necessidade de encaixar-se em seus grupos sociais,
com ele, inicialmente através do ato de levar a boca, o brincar para o adolescente não possui nem um
para sentir sua textura (NOFFS, 2001). décimo da importância do que para uma criança.
Mas é na primeira infância, localizada segundo Até mesmo os tipos de jogos que chamam a
Piaget, entre os dois e os sete anos, que a relação atenção das crianças vão se alterando ao longo do
entre a criança e o brinquedo se torna mais forte, processo maturacional, sendo que, na primeira
visto que é nesta idade que este individuo é infância, qualquer objeto tem o poder e a
caracterizado como nos diz Piaget (2001, p. 29) por possibilidade de se tornar um brinquedo, não é o
“um pensamento egocêntrico em estado quase puro, objeto em si que ditará como a criança o utilizará
só ultrapassado pela fantasia e pelo sonho”. E este durante a brincadeira, mas sim a capacidade de
estado egocêntrico apontado por Piaget, será mais imaginação que este indivíduo possui. Pois para ela
facilmente superado se a criança for estimulada uma pedra pode ser tornar um telefone e ser usado
através da fantasia e da imaginação a interagir com o durante toda a brincadeira, podendo até mesmo
mundo que a rodeia. Ocorrendo uma grande evolução assumir outras representatividades (CARVALHO,
nesta relação com a introdução da linguagem, pois 2005).
através da mesma como nos fala Piaget (2001, p.24). Já para os adolescentes, essa possibilidade de
Com o aparecimento da linguagem, as representação de objetos vai gradativamente sendo
condutas são profundamente
deixadas de lado, e para este público somente jogos
modificadas no aspecto afetivo e no
intelectual. Além de todas as ações reais e atividades mais imediatistas tem o poder de chamar
ou materiais que é capaz de efetuar,
sua atenção, como é o caso dos jogos eletrônicos,
como no curso do período precedente, a
criança torna-se, graças á linguagem, que a cada dia que passa estão ficando mais
capaz de reconstituir suas ações
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modernos e possibilitando uma maior imersão dentro desta etapa utilizam-se de ferramentas lúdicas não
dos jogos. Estes jogos estão presentes no cotidiano impositivas como afirma Mukhina (1995, p.166):
destes indivíduos cada vez mais cedo, não se
O pré-escolar começa a estudar
restringindo, como antigamente, a apenas os brincando. O estudo é para ele uma
consoles de videogame, que necessitavam da TV espécie de jogo dramático com
determinadas regras. A criança assimila
para funcionar, mas assumindo novas plataformas e sem se dar conta, os conhecimentos
aparelhos. Os jogos eletrônicos estão presentes nos elementares. Para o adulto, o estudo é
algo muito diferente do jogo. Influenciada
celulares de praticamente todas as pessoas pelo adulto a criança vai mudando de
(CARVALHO, 2005). atitude: o estudo passa a ser algo
desejado. Ao mesmo tempo, cresce sua
Tal situação carece de um maior debate e capacidade de estudar.
compreensão, para que seja possível entender até
Podemos ver até aqui que o ato de brincar
que ponto esta relação com os jogos eletrônicos
possui um imenso significado, não restringindo-se a
afetam a criança e a utilização dos jogos e
somente uma atividade sem fim ou propósito. Ao
brincadeiras historicamente desenvolvidas, um fato é
brincar a criança faz representações simbólicas de
notório, as brincadeiras de rua e os jogos populares
situação, utiliza-se de sua imaginação e inteligência
vem ano a ano perdendo espaço dentro das novas
para transportar-se para outros momentos e viver
gerações.
outros personagens. E a pré-escola é o ambiente
propício para esta prática, do brincar. Tanto dirigido,
2.3 O letramento e o brincar
como livre, estes momentos são muito importantes
para a criança, que nem sempre tem tempo e
Inclui-se o terno letramento pois, diversos
espaços adequados para brincar em casa ou na rua.
autores dentre eles Soares (2001) acreditam que
Ao adotar metodologias lúdicas que incentivam
existe uma grande impossibilidade de dar um sentido
a participação e despertam o interesse, o professor
mais amplo ao termo alfabetização, segundo a autora
consegue aproximar o aluno e iniciar o seu processo
“Não basta aprender a ler e escrever. As pessoas se
de letramento e alfabetização, sem necessariamente
alfabetizam, aprendem a ler e escrever, mas não
utilizar aquela metodologia arcaica de repetição de
necessariamente incorporam a pratica da leitura e da
vogais e sílabas,preparando-o melhor para os
escrita” como podemos ver a autora nos fala que o
próximos níveis de ensino que se sucederão. E o
aluno que não possui este letramento pode até ser
brincar na educação infantil é fundamental como nos
alfabetizado, no entanto, ele não conseguirá
diz os Parâmetros Curriculares Nacionais em seu eixo
desenvolver as competências necessárias para
do brincar:
utilizar-se de tal ferramenta em seu cotidiano.
a) É imprescindível que haja riqueza e
diversidade nas experiências que lhes
Para alcançar estes objetivos os professores são oferecidas nas instituições;
utilizam-se de técnicas e ferramentas que auxiliam o b) A brincadeira é uma linguagem
infantil;
processo de adaptação destes educandos, pois os c) No ato de brincar, os sinais, os gestos,
mesmos, muitas das vezes tem dificuldades para os objetos e os espaços valem e
significam outra coisa daquilo que
cortar os laços de convivência entre seus familiares, e aparentam ser;
passar certos períodos com a atenção focada nas d) Ao brincar as crianças recriam e
repensam os acontecimentos que lhes
tarefas a serem feitas. Para isso, os professores deram origem, sabendo que estão
brincando;
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e) O principal indicador da brincadeira parceira de brincadeira, e sua relação com esta


entre as crianças é o papel que
atividade só vai se ampliando no decorrer de sua
assumem enquanto brincam;
f) Nas brincadeiras, as crianças formação.
transformam os conhecimentos que já
O brinquedo e o brincar faz com que a criança
possuíam anteriormente em conceitos
gerais com os quais brincam; trabalhe a sua imaginação, sua curiosidade e
g) O brincar contribui, assim, para a
percepção do mundo que a rodeia. Ela assume os
interiorização de determinados modelos
de adulto; mais variados papeis e interage com diversos
h) Os conhecimentos da criança provêm
materiais. E é dentro da pré-escola que este indivíduo
da imitação de alguém ou de algo
conhecido, de uma experiência vivida na mais deve ser estimulado a trabalhar estes
família ou em outros ambientes, do relato
momentos, visto que, em nossa sociedade
de um colega ou de um adulto, de cenas
assistidas na televisão, no cinema ou contemporânea o tempo e espaços destinados para
narradas em livros, etc.;
este ato estão diminuindo exponencialmente com o
i) É no ato de brincar que a criança
estabelece os diferentes vínculos entre passar dos anos.
as características do papel assumindo,
Será dentro da escola através de metodologias
suas competências e as relações que
possuem com outros papéis, tomando lúdicas que o professor irá incentivar que o aluno
consciência disto e generalizando para
brinque, tanto sozinho como em grupo, para que
outras situações;
j) Para brincar é preciso que as crianças possa desenvolver a sua socialização. Pois ao assim
tenham certa independência para
fazer, este profissional trabalhará os processos
escolher seus companheiros e os papéis
que irão assumir no interior de um educacionais de letramento e alfabetização sem que
determinado tema e enredo, cujos
seja de forma impositiva, oportunizando uma maior
desenvolvimentos dependem
unicamente da vontade de quem brinca. aprendizagem deste aluno. Então deve-se estimular
(Adaptado de PCN, 1998)
cada vez mais que o aluno continue brincando, pois
assim ele descobrirá muito sobre si e sobre o mundo,
Este documento foi um marco para a
sobre as pessoas que o rodeiam e como são os
valorização do ato de brincar e sua utilização no
padrões de comportamento previamente aceitos pelo
processo de letramento do aluno, pois ao tipificar este
o grupo social ao qual pertence.
momento de construção do conhecimento, fez com
que se busca-se cada vez mais entender as suas
implicações para o desenvolvimento integral do
REFERÊNCIAS
educando, fazendo com que atualmente este ato
dentro da escola seja mais incentivado e trabalhado
BORBA, Â. M. O brincar como um modo de ser e
como um auxilio efetivo a aprendizagem do aluno.
estar no mundo. In: BEAUCHAMP, J. (org). Ensino
fundamental de nove anos: orientações para a
inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília:
3 CONCLUSÃO
Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, 2006
Pode-se perceber ao término deste trabalho
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 8.ed. São
que a criança tanto necessita quanto tem o direito de Paulo. Cortez, 2010.
brincar, este ato que a princípio pode parecer
CARVALHO, Alyson. Et al. Brincar(es).Belo
insignificante, tem a possibilidade de moldar o que a Horizonte: UFMG, 2005. p.193
criança será no futuro. E a criança brinca desde o COELHO, Beth. Contar histórias: uma arte sem
ventre de sua mãe, sendo esta a sua primeira idade. São Paulo: Ática, 2001.
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KETZER, S. A criança, a produção cultural e a escola.


In: JACOBY, S. (ORG.). A criança e a produção POSTMAN, N. Quando não havia crianças. In:
cultural: do brinquedo à literatura. Porto Alegre, POSTMAN, N. O desaparecimento da Infância. Rio
Mercado Aberto, 2003. de Janeiro: Grapha, p. 17-33, 1999.

KISHIMOTO,Tisuko Morchida. Jogo, Brinquedo, SANTOS, Gislane de Lima. PESSOA, Jéssica das
Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2002. Neves. A importância do brincar no
183p. desenvolvimento da criança. 2015. 41 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação)- Curso de
MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré- Licenciatura em Pedagogia, Universidade Federal da
escolar. São Paulo: Martins Fontes, 1995. Paraiba, João Pessoa, 2015.

NETO, C. A. F. Motricidade e jogo na infância. Rio SILVESTRINI, Lucinéia Gesualdo. PEREIRA, Vanildo
de Janeiro: Sprint, 1995. Rodrigues. Jogos e brincadeiras: brincar ontem e
hoje. Cadernos PDE, 2014. ISBN 978-85-8015-080-3.
NOFFS, Neide de Aquino. O brincar e a criança do
nascimento aos seis anos. 3 ed.Petrópolis. RJ:
Vozes, 2001. SOARES, Magda B. Aprender a escrever, ensinar a
escrever. In ZACCUR, E. (ORG.). Rio de Janeiro:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Rio de DP&A: SEPE, 2001.
Janeiro: Forense Universitária, 2001. 136p.

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