Perturbações da personalidade

Avaliação, diagnóstico e
intervenção

Isabel Sequeira
Perturbações da Personalidade- Isabel Sequeira
PERSONALIDADE CONJUNTO DE DIFERENTES
CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS QUE
APRESENTAM FORMAS ESPECÍFICAS DE
PENSAR, SENTIR E AGIR.
(E.KAZDIN, 2000)

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 Personalidade

ETIMOLOGIA DA PALAVRA PERSONALIDADE

Latim personare, persona = máscara.

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 Personalidade

PERSONALIDADE

A origem da expressão remete-nos para persona, "máscara" utilizada no teatro grego

para representar as emoções dos atores.

A Psicologia, dentro das diversas linhas de estudo, apropriou-se deste conceito

associando-o a uma série de outros que também eram utilizados para definir as
particularidades da individualidade .

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 Personalidade

PERSONALIDADE
Personalidade é um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas
que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa (Roberts &
Mroczek, 2008).
Os traços contribuem para as diferenças individuais no comportamento, a consistência do
comportamento ao longo do tempo e a estabilidade do comportamento nas diversas
situações.
Os traços podem ser únicos, comuns a algum grupo ou compartilhados pela espécie
inteira, porém seu padrão é diferente em cada indivíduo. Assim, cada pessoa, embora seja
como as outras em alguns aspetos, possui uma personalidade única.

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 Personalidade

PERSONALIDADE

Segundo Alport, um dos maiores estudiosos da personalidade humana, a

personalidade pode ser definida como «a organização psicodinâmica dos
sistemas psicofísicos do indivíduo que determinam o seu
comportamento e pensamento característico».

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 Personalidade

PERSONALIDADE
 A personalidade é um elemento relativamente estável na conduta da pessoa.

 É o que nos torna únicos, diferentes de todos.

 Diz respeito a características pessoais e que suportam uma coerência interna.

 Sempre que nos referimos à personalidade referimo-nos aos sentimentos, emoções,

pensamentos, atitudes, comportamentos, motivações, tomadas de decisões, projetos de vida,
etc.

 Ela permite que nos reconheçamos e que sejamos reconhecidos pelos outros, representa
uma fidelidade, uma continuidade de formas de estar e de ser.

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 Personalidade

PERSONALIDADE

 A personalidade é igualmente uma construção pessoal que decorre ao

longo da nossa vida, uma elaboração da nossa história, da forma que

sentimos e interiorizamos as nossas experiências, acompanha e reflete o
amadurecimento emocional.

 Em suma, a personalidade é um processo ativo e dinâmico em que

intervêm diferentes fatores.

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 Personalidade

PERSONALIDADE

 São três os fatores que influenciam a personalidade, eles estão relativamente

interligados, embora a influência destes, seja diferente nos diferentes indivíduos e

nas diferentes fases da vida, a saber:

 influências hereditárias;

 meio social;

 experiências pessoais;

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 Personalidade

PERSONALIDADE

a personalidade saudável é aquela que consegue o

equilíbrio entre o consciente e o inconsciente, entre
a vida interior e exterior.

Carl Jung,

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 Personalidade

Construção da PERSONALIDADE
Carver et Scheier (2000) destacam como definição de personalidade :

I- A personalidade não corresponde a uma justaposição de peças. Representa

uma organização
II- A personalidade não se encontra num local especifico. É ativa e representa
um processo dinâmico dentro do individuo.
III- A personalidade corresponde a um conceito psicológico cujas bases são
fisiológicas
IV-É uma força interna que determina o comportamento do individuo
V- Constituida por respostas recorrentes e consistentes
VI- Não se reflete apenas numa direção , mas em várias

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 Personalidade

Construção da PERSONALIDADE
O desenvolvimento da personalidade ocorre em cinco etapas básicas nas
quais a criança progride:

(1) aprendendo padrões organizados de comportamento,

(2) conceções não-verbais de estados emocionais,
(3) conceções verbais de estados emocionais,
(4) conceções verbais de disposições
(5) metateoria do self semelhante ao que é sustentado por crianças mais
velhas e adultos.

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 Personalidade

Família
 Protecção e contenção;

 Estabelecimento de limites;

 Autonomização;

 Autoridade parental.

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O normal e o patológico

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 O Normal e o patológico

 Significado adaptativo do sintoma ou do comportamento

em causa;

 Relação coerente, ou não, com o funcionamento global

do indivíduo;

 Sincronia, ou não, com a fase evolutiva;

 Rumo futuro.

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 O Normal e o patológico

Coimbra de Matos

Patologia - desacordo com a textura da pessoa, o que

representa atraso ou hipermaturação, a revivência de
conflitos já supostamente resolvidos.

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 O Normal e o patológico

Coimbra de Matos - Patologia

 Defeitos e deformações do Eu;

 Formas menos rentáveis para o próprio e incómodas

para o outro;

 Caráteres patológicos;

 Sofrimento.

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 O Normal e o patológico

Patologia
1. Conflito intrapsíquico;

2. Estrutura psíquica;

3. Sofrimento implícito ou revelado;

4. Sinais de fragilidade – perturbações na infância;

5. Duração da perturbação;

6. Intensidade;

7. Interferências com o funcionamento global da personalidade.

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Modelos de classificação

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 Modelos de classificação

 Kernberg (1967) foi o primeiro a sistematizar estas personalidades e coloco-as

colocou-o entre as organizações personalidade para serem encontradas em

condições psicóticas e neuróticas.

 Características intrapsíquicas apontadas por Kernberg foram:

 (1) difusão de identidade,

 (2) Defesas primitivas de projeção, identificação projetiva, divisão, negação,

 (3) ensaios de realidade parcialmente intactos vulneráveis a alterações e falhas,

 (4) relações com objetos característicos

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 Modelos de classificação

 Kernberg (1975; Kernberg & Caligor, 2005) distingue entre três níveis de
organização de personalidade:
 Neurótico

 Borderline

 Psicótico.

A falta de integração nas representações de si mesmo e de outros, conduz à utilização

de mecanismos de defesa primitivos (por exemplo, divisão, identificação projetiva,
dissociação), difusão de identidade (visão inconsistente de si e dos outros) e testes de
realidade instáveis (diferenciação inconsistente entre a experiência interna e externa).

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 Modelos de classificação

 Teoria da vinculação

 Bowlby (1973) acreditava que as dificuldades na vinculação aumentam a

vulnerabilidade à psicopatologia e pode ajudar a identificar os tipos
específicos de dificuldades que surgem.
 Bowlby sustentou que os modelos de vinculação ajudam a explicar "as
muitas formas de angústia emocional e distúrbios de personalidade,
incluindo ansiedade, raiva, depressão e desprendimento emocional, a que
separações e perdas dão origem" (Bowlby, 1977, p. 201).

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 Modelos de classificação

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 Modelos de classificação

 Peter Fonagy, Mary Target e colegas desenvolveram uma teoria do

desenvolvimento psicodinâmico sobre deficiências no amadurecimento

do self, em relação a distúrbios de personalidade, sublinhando a

importância da capacidade de mentalizar, isto é, a capacidade de

conceber estados mentais como explicações de comportamento em si

mesmo e em outros (Fonagy, Gergely, Jurist, & Target, 2002; Fonagy,

Gergely, & Target, 2007).

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 Modelos de classificação

 Este modelo, enraizado na teoria da vinculação , vai além do Bowlby,

referindo-se às vantagens evolutivas de um sistema que regula a

proximidade, procurando o cuidador protetor, argumentando que a

capacidade de mentalizar fornece aos seres humanos uma grande

vantagem evolutiva em termos da capacidade para inteligência social

para o significado (Bateman & Fonagy, 2003).



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 Segura Negligente Inquieta Não-resolvida

• Pais • Pais • Inversão • Perdas

Experiências cuidadores ou rejeitantes de papeis significativas;
passadas não-cuidadores parentais
• Abuso
• Reconhece a • Minimiza ou • Inquieto com • Expressa
importância das nega efeitos os pais; descrédito;
relações das relações
primárias no primárias; • Passivo- • Sentimentos
desenvolviment agressivo; de culpa face
o; • Idealização ao
“Estado parental; • Incoerente: abuso/perda;
de espírito” • Visão vago,
actual equilibrada de • Enfase na irrelevante • Incoerente:
si e dos pais; força pessoal; e oscilante; desorientado,
desorganizado
• Coerente: • Incoerente: e confuso.
credível e poucas
consistente. memórias, lack
of evidence.
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 Modelos de classificação

PDM (PDM Task Force, 2006) Modelo Integrativo

1. Os pacientes com distúrbios de personalidade devem ser caracterizados de acordo com o nível de
severidade

2. Aspetos de funcionamento mental a ser considerado ao diagnosticar distúrbios de

personalidade, incluem: qualidade das capacidades cognitivas (regulação, atenção, aprendizagem),
afeto (experiência ,expressão, comunicação), relacionamentos (profundidade, alcance,
consistência), padrão de relações (diferenciação, integração, auto-consideração, moralidade,
autorreflexão), e defesas (alcance, flexibilidade).

3. Caracterizados por padrões de pensamento, sentimento, comportamento e relacionado com

outros.

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 Modelos de classificação

 Os modelos dimensionais são caracterizados por maior fiabilidade entre

diferentes avaliadores e através do tempo, permitem explicar a

heterogeneidade de sintomas e ausência de distinções claras entre diferentes

categorias diagnósticas, contemplam sintomas e traços de personalidade com

interesse clínico, mesmo que o indivíduo se encontre abaixo do limiar de

diagnóstico estipulado, capturando melhor a complexidade da personalidade,

permitem variar os limiares de diagnóstico de acordo com especificidades

contextuais, culturais e individuais e permitem uma melhor identificação de

alvos terapêuticos específicos.

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 Modelos de classificação

 Secção III do DSM-V :modelo híbrido (categórico-dimensional) de

abordagem às perturbações de personalidade, que tem como objetivo
ser, no futuro, utilizado tanto para a prática clínica como em
investigação.

 (American psychiatric association, 2013)

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 Modelos de classificação

Limitações ao funcionamento da personalidade (critério A):

 nos domínios do self (identidade e auto-direção)

 do relacionamento interpessoal (empatia e intimidade)

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 Modelos de classificação

 Traços de personalidade patológicos (Critério B)

• Presentes dentro de cinco grandes domínios (afetividade negativa,

distanciamento, antagonismo, desinibição e psicoticismo

• As limitações ao funcionamento e os traços de personalidade patológicos

apresentam-se distribuídos numa ampla gama de contextos sociais e pessoais

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 Modelos de classificação

 (Critério C);
 apresentam-se estáveis ao longo do tempo

 (Critério d)
• Não podem ser atribuídos a outra causa que explique os sintomas
(critérios E, F e G).

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