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Tipos de localização em

pessoas com défice visual


Beatriz Sousa, a33696@alunos.cespu.pt
Catarina Castro, a33492@alunos.cespu.pt
Mariana Rocha, a33646@alunos.cespu.pt
Óscar Magalhães, a33569@alunos.cespu.pt

Trabalho Complementar realizado no âmbito da Unidade Curricular de


Psicologia da Perceção e Atenção do Curso de Licenciatura em Psicologia.

Gandra, 25 de maio de 2023

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, Beatriz Sousa, Catarina Castro, Mariana Rocha, Óscar Magalhães, declaramos ter
atuado com absoluta integridade na elaboração deste trabalho, confirmamos que em todo
o trabalho conducente à sua elaboração não recorremos a qualquer forma de falsificação
de resultados ou à prática de plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão,
assume a autoria do trabalho intelectual pertencente a outrem, na sua totalidade ou em
partes dele). Mais declaramos que todas as frases que retiramos de trabalhos anteriores
pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo
neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

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Introdução

Através da visão, o ser humano percebe como é a maior parte do meio


que o envolve, contudo isso não significa que as pessoas que apresentam
algum tipo de deficiência visual estejam privadas de saber como este é e
de se conseguirem relacionar com ele. Estas pessoas utilizam tipos de
perceções sensoriais, tais como a audição, o sistema háptico ou tato
ativo, a cinestesia, a memoria muscular, o sentido vestibular ou
labiríntico, o olfato e a exploração alargada de qualquer nível de grau de
visão que apresentam, seja ele muito baixo, médio ou alto.
A audição envolve funções tais como a função de ecolocalização,
localização dos sons, audição seletiva e sombra sonora.
Alguns animais tais como os golfinhos e os morcegos utilizam a
técnica de ecolocalização para os ajudar a perceber e a conhecer o
mundo que os rodeia. Embora esta técnica é muito pouco frequente
nos seres humanos, pois estes baseiamse na orientação em informações
visuais, esta é muito importante pois tem uma grande utilidade para as
pessoas com alguma deficiência visual no seu dia a dia, nas suas
interações com o mundo real.
Várias pessoas com deficiências visuais mais severas, desenvolvem a
técnica de ecolocalização através de uma área do cérebro que está
destinada à visão, esta faz uma imagem através dos sons e da tonalidade
do so, ficando esta área ativa enquanto estes indivíduos percebem o
ambiente por outros meios.

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Atualmente sabe-se que esta técnica não é apenas um dom natural de
algumas pessoas cegas, mas sim algo que pode ser desenvolvido e
aperfeiçoado até mesmo por pessoas sem qualquer tipo de deficiência
visual.

O que é a cegueira?

A cegueira é a ausência de visão causada por algum defeito no globo


ocular ou até mesma a nível neurológico.

Uma pessoa é considerada cega quando o seu olho com melhor visão
tem uma capacidade visual menor de que um décimo da visão total e/ou
o seu campo visual é inferior a 10 graus.

Estas também podem ter uma perceção de luminosidade, mas não


apresentarem um potencial visual.

A cegueira pode ser denominada de três maneiras distintas,


dependendo da altura em que se manifesta:

1. Cegueira congénita - dos zero a um ano de idade


2. Cegueira precoce – de um ano até aos três anos
3. Cegueira adquirida – após os três anos

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Tipos de cegueira

Cegueira congénita - dos zero a um ano de idade

Neste tipo de cegueira, não há nenhuma referencia visual, ou seja, uma


imagem mental, sendo assim o individuo detém de uma representação
abstrata mental de como é o meio ambiente, como por exemplo de com
são as cores, volumes, relevos e texturas, entre outros, sem possuírem um
conceito visual.

Cegueira precoce – de um ano até aos três anos

Neste tipo de cegueira, começa a existir uma pequena perceção de cores,


volumes, texturas, de ambientes, entre outros, a imagem feita no primeiro
ano de vida é pouco nítida devido á capacidade de memória ser reduzida.

Mesmo assim estas crianças já possuem de maneira muito simples do


conceito visual.

Cegueira adquirida – após os três anos

Neste tipo de cegueira, o individuo já apresenta memória e imagens


mentais de como são as coisas antes de apresentar cegueira, sendo assim,

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já existe uma capacidade de representação de objetos ou até mesmo de
ambientes.

Cegueira parcial

Este tipo de cegueira, compreende todas as pessoas que são capazes de


diferenciar objetos, contar o número de dedos, entre outros, mas uma
curtíssima distância, como também as pessoas que apenas veem vultos.

Neste tipo de cegueira existem vários graus, sendo o mais complexo, a


cegueira total, onde os indivíduos que apenas conseguem percecionar a
luz e projeções luminosas e as pessoas que nem isso conseguem
percecionar sendo completamente cegas.

Audição

A audição é considerada o sentido mais importante para as pessoas com


cegueira, podendo estas pessoas ter noção da distância e da profundidade
em qualquer circunstância.
Após a perda da visão, as pessoas cegas desenvolvem a chamada
“compensação auditiva” que resulta do esforço contínuo podendo assim
ter este sentido mais desenvolvido que os restantes.
Estas pessoas com deficiência visual conhecem qualidades acústicas da
sua casa através de características dos seus respetivos sons. Estas devem
ser estimuladas o quanto antes de forma a ter consciência de qualquer

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som que permita a sua orientação tal como, sons característicos de abrir e
fechar uma porta, sons vindos do exterior, entre outros.

Ecolocalização

O termo Ecolocalização denota a capacidade de se transmitir um som e


perceber a qualidade dos ecos refletidos, esta técnica foi identificada em
morcegos e posteriormente em golfinhos, que utilizam muito bem esta
habilidade ao navegar nos oceanos (KELLOG, 1978).
As pessoas com este tipo de défice visual utilizam certas técnicas que
por vezes são conhecidas como “sexto sentido”, visão facial ou perceção
de obstáculos. Numa idade mais jovem, existe uma maior dificuldade de
emitir sons e ter a perceção dos seus reflexos, enquanto que numa idade
adulta esses aspetos tornam-se mais perspicazes. Para ter noção do
seu tamanho, comprimento do local e do ambiente onde se encontram, as
crianças utilizam a ecolocalização.
A ressonância auditiva tem origem na forma de como algumas
crianças com défice visual se deslocam, arrastando cada passo,
orientando-se assim desse modo. Existem várias formas de emitir
sons para este tipo de pessoas se localizarem, como por exemplo: Bater
palmas, imitir sons com a boca/língua, estalar os dedos ou até mesmo dar
um passo “mais forte no chão”. Com este tipo de comportamento,
podemos verificar que existe um desejo destas pessoas aprender a retirar
informações sobre o ambiente que os rodeia, como por exemplo ser

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capaz de ter a perspetiva sobre dimensões, presença de objetos,
passagens estreitas, entre outros.
Como mostraram WORCHEL e MAUNEY (1951), a perceção
auditiva e suas sub habilidades podem ser aprendidas por qualquer
pessoa, e o seu desenvolvimento requer prática e oportunidades de
aprender.

Localização seletiva

A audição biauricular é indispensável para a localização do som, sendo


através da qual que a chegada do som e a sua respetiva intensidade a
cada ouvido, faz com que seja possível determinar com precisão a
localização da origem do som captado.
O som localiza-se através do intervalo de tempo e da sua intensidade.
Caso o som tenha origem do lado direito, ira ser captado pelo ouvido
direito cerca de um segundo antes do que o ouvido esquerdo. No caso do
som ser proveniente da frente ou de trás, já se torna mais difícil de ser
localizado com a mesma perspicácia. Esta localização do som depende
muito de se este tem uma duração suficiente que permita à pessoa medi-
la, encontrando a sua direção.
Um exemplo para a localização do som é o facto de um individuo ter
noção se algo vem na sua direção ou se está a afastar-se, saber em que
divisão da casa tem a televisão ligada sem ter qualquer tipo de perceção
visual, são casos diários que podem ser presenciados em qualquer pessoa
no seu dia a dia.

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Audição seletiva

A audição seletiva é uma habilidade relacionada com a atenção, na qual


existe a capacidade do individuo em que num meio ambiente com vários
sons em simultâneo a pessoa consiga selecionar um som em específico.
O desenvolvimento desta habilidade exige bastante atenção da pessoa
para que em ambientes conhecidos ou não, permita a uma pessoa cega,
retirar um som em particular para melhor se orientar, sendo assim, esta
deve sempre estar informada sobre os sons do ambiente. Podemos
verificar este tipo de situações quando é necessário executar a travessia
de uma rua, selecionando assim em concreto o som do trânsito.

Sombra sonora/acústica

A sombra sonora/acústica é uma região resguardada do ruído, isto é, é


uma área atrás de um objeto pelo qual as ondas sonoras são filtradas,
reproduzindo assim um som diferente.

No caso de um indivíduo cego, esta capacidade dá-lhes uma maneira


para que possa detetar os objetos, como por exemplo, os postes numa
rua, os veículos, cadeira, a cama, entre outros obstáculos. Todos estes
podem ser facilmente detetados após o desenvolvimento desta
habilidade, permitindo assim uma maior destreza na sua orientação.

Pessoas com baixa visão

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Nos casos em que existe algum tipo de perceção visual, esta deve ser
utilizada ao máximo na orientação e mobilidade, como focos luminosos
que podem fornecer ao deficiente visual algumas indicações de
corredores, salas ambientes, portas e janelas abertas etc...

Objetos coloridos poderão servir como ponto de referência para a


orientação da pessoa, como em escadas por exemplo, colocar sinalização
no primeiro e no último degrau.

Em ambientes muito grandes, portas e corredores devem ter pinturas


de cores diferentes, com contraste, que identifiquem lugares previamente
determinados. No caso de visão central é necessário que a pessoa
aprenda a movimentar levemente a cabeça de um lado para o outro, para
cima e para baixo, visando uma melhor exploração do ambiente.

Já na visão periférica deverá posicionar a cabeça de tal forma que


aproveite o máximo do potencial visual existente.

Conclusão

Em conclusão, os indivíduos com défice de localização podem


apresentar diferentes tipos de dificuldades em relação à sua capacidade
de se orientarem e localizarem no espaço. Essas dificuldades podem
variar de pessoa para pessoa e podem ser influenciadas por fatores
físicos, cognitivos, sensoriais e ambientais. É importante destacar a
ecolocalização sendo esta um fenômeno fascinante e notável que permite
que pessoas cegas obtenham informações sobre o ambiente por meio do
som.

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A ecolocalização é um exemplo notável de como o cérebro humano
pode se adaptar e usar outros sentidos para compensar a perda da visão.
Essa habilidade oferece aos indivíduos cegos uma nova maneira de
interagir com o mundo, permitindo-lhes explorar e “compreender o
ambiente de maneira mais independente.

Referências
 Cegueira | CUF. (sem data). Obtido 19 de maio de 2023, de

https://www.cuf.pt/saude-az/cegueira

 Leffa, G. G. (sem data). Ecolocalização em Ambiente Virtual.

 Rowan, D., Papadopoulos, T., Edwards, D., Holmes, H.,

Hollingdale, A., Evans, L., & Allen, R. (2013). Identification of

the lateral position of a virtual object based on echoes by humans.

Hearing Research, 300, 56–65.

https://doi.org/10.1016/j.heares.2013.03.005

 Voss, P. (2016). Auditory spatial perception without vision.


Frontiers in Psychology, 7.
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.01960

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