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I – INTRODUÇÃO

Olá, pessoas. Espero que todos estejam bem do período pós provas e
felizes com as notas que foram colocadas. Fiquei feliz com o resultado de vocês.
Pois bem, no nosso curso de Política, Estado e Democracia, vamos agora “fase 2”.

Mas professor, em que constitui essa nova fase? É bem simples, pequeno
gafanhoto: vamos agora falar do Estado e dos seus elementos sociais
acrescentados de alguns componentes.

De novo?! Sim, e não. Até o período de primeira prova, vimos


essencialmente questões políticas, como a origem da política, da sociedade, do
pensamento político de muitos. Lembram de termos visto em Aristóteles
componentes essenciais sobre a separação das funções estatais?

Pois bem, toda a matéria passada serviu de base para os trabalhos a serem
feitos a partir de agora: primeiro precisei explicar a origem do caso para
podermos trabalhar o caso. Ou seja: não adianta apenas decorar conceitos, como
se eles jamais fossem usados.

O essencial é ensinar a vocês o caminho e saber onde buscar “água” no


“poço”, neste caso, se houver dúvidas algum dia, vocês vão ter o GPS gravado.
Se algum dia comentaram sobre contrato social, vão se lembrar dos
contratualistas, por exemplo.

Bem, saindo um pouco desta enrolação: vimos na aula pós prova um


pouco sobre Estado Democrático de Direito, mas isso existe? Sim e vamos nesta aula
falar sobre ele de forma bem abrangente, pois apenas entendendo esta estrutura
vamos avançar um pouco mais nas nossas aulas.

II – Um pouco de história: golpe sobre golpes e as constituições brasileiras.

Em nossa cadeira, história é essencial. O Estado Democrático de Direito não


surgiu do nada. Foi surgindo no Brasil om o avanço da criação do Estado
brasileiro e havendo melhoramentos tanto nos textos quanto na aplicação do que
denominamos de jurisdição constitucional.

A nossa Constituição da República Federativa do Brasil (CFRB) foi


promulgada em 1988, depois de uma assembleia constituinte a qual elaborou,
votou e aprovou o atual texto da constituição.
Mas antes dela, tivemos algumas outras constituições. Há divergências
sobre os números, mas vou numerar aqui cada uma. Tivemos as seguintes
constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1964, 1969, 1988.

Seguindo a maioria da doutrina, com a atual constituição tivemos oito


constituições. Algumas delas foram outorgadas, isto é: impostas, sem votação. São
elas: 1824, 1937, 196, 1969.

E as demais foram promulgadas o que significa que foram aprovadas e


votadas sendo elas: 1891, 1934, 1946, 1988.

Mas professor, o que isso tem com o nosso tema? Tudo pequeno
gafanhoto. Muitos destes textos jamais garantiram, seja no corpo textual, istoé de
forma escrita, seja através do que vamos estudar em outras matérias, a
denominada jurisdição constitucional.

Estado Democrático de Direito só passou a ter uma força maior com o


jusnaturalismo moderno o que gerou o que denominamos de neoconstitucionalismo.
Ou seja: a Constituição não existe como norma hipotética, política e distante da
realidade. Esta precisa trazer e organizar conceitos sociais.

As constituições pretéritas, em nenhum momento trazia a expressão


Estado Democrático de Direito. Mas, por qual razão? Era constituições voltadas
tão somente a questão estatal, visando organizar o estado e garantir a
independência e funcionamento dos poderes.

Quando havia alguma menção a direitos e garantias sociais, por exemplo,


era voltado a norma política, ou seja: restava como um lindo quadro na parede,
onde todos deveriam olhar, contemplar e lembrar dos cidadãos. Não havia uma
força efetiva.

A primeira tentativa de rompimento, foi com a constituição de 1891, fruto


da revolução de 1889. No texto não temos a expressão Estado Democrático, mas
temos a instauração da primeira república presidencialista, onde o presidente é
chefe de estado e de governo.

Na constituição de 1824, o Imperador era chefe de estado e detinha o


Poder Moderador. Mas o chefe político era o primeiro-ministro, assim como na
Inglaterra.

Em 1934, com as revoluções sociais da época, a necessidade de direitos


trabalhistas e sociais, tivemos a constituição de 1934, a qual previu pela primeira
vez, além dos direitos e garantias fundamentais, os direitos sociais. É importante
saber disto, pois essa vai ser uma das chaves para entender a expressão Estado
Democrático de Direito.

Em 1937, com bases em ideologias fascistas, houve um golpe varguista no


Brasil, o qual trouxe a denominada “constituição polaca”. Além de haver uma
supressão de muitos direitos e garantias fundamentais, houve a supressão dos
direitos sociais. Com toda a certeza, estado democrático aqui, nem pensar!

Em 1946 houve a nova constituição, após a derrubada de vergas, e que


trouxe de volta Vargas de volta até o seu posto de presidente de forma eleita, até
quando se matou em 1954.

A constituição de 1946 trouxe de volta, além de direitos e garantias


fundamentais, a questão dos direitos sociais. Isso foi importante, apesar de uma
distância do que chamamos de neoconstitucionalismo o qual trouxe de volta a
jurisdição constitucional ou seja: deixou de ser quadro e passou a ter força ativa.

Em 1964, houve o golpe militar, onde havendo impossibilidade de haver


um retorno do “comunismo”, os militares trouxeram a tona o fechamento do
Congresso Nacional. Sendo aberto apenas em 1967 para “promulgar” a nova
constituição.

Em 1967, houve a Constituição da República, a qual retirava diversos


direitos e garantias fundamentais, havendo diversas formas de cassação de
direitos políticos, sendo suspensos por aproximadamente dez anos.

A nossa atual constituição foi fruto de tudo isso. Tanto é que apenas em
seu texto, de forma expressa temos a definição do que vem a ser o Estado
Democrático de Direito.

Trago aqui esse documentário produzido pelo Governo federal o qual


falou sobre este período: (148) O Dia que Durou 21 Anos - Documentário Completo -
YouTube.

Em 1969, após a derrota do Parlamentarismo com o Retorno do Presidente


João Goulart, como tem no documentário acima, foi-se instituído o Ato
Institucional nº 5, o qual praticamente reelaborou Constituição, tornando assim
oficialmente instalada o período de ditadura militar no Brasil, o qual duraria até
1985.
Foram retirados diversos poderes, como o direito de voto, além de
diversas atrocidades que ocorreram neste período, especial de cunho penal e
processual penal, por exemplo.

Em 1985, houve uma emenda à Constituição, a qual o foi de nº 26.


Convocou esta o que chamamos de Assembleia Constituinte. Esta tem a missão de
elaborar de forma soberana e independente o texto da constituição, votar e
promulgar este posteriormente.

No dia 05/10/1988 foi promulgada a atual Constituição da República


Federativa do Brasil. A atual Constituição foi completamente inovadora, seja no
corpo do texto e na sua organização, seja na garantia de direitos fundamentais,
além de uma ampliação gigantesca destes direitos.

Sobre a atual constituição temos este documentário o qual recomendo que


assistam: (148) A Constituição da Cidadania - Documentário Completo - YouTube

Mas qual a importância de saber desta história. Bem, doutores e doutoras,


repito: todas. Não podemos entender a constituição sem entender das bases.
Como dito antes, em todas estas constituição anteriores a expressão Estado
Democratico de Direito foi jamais citada.

Quando fazemos uma constituição, há um rompimento da ordem pretérita


e se cria um estado (lembra das aulas de Aristóteles e dos Estados Gregos?). Ou
seja: como disse em sala: a Constituição Institui o Estado, por isso não possui
número como as demais leis.

Mas, após dar essa viajada na história das constituições do Brasil de forma
muiiito leve, vamos agora ao cerne da nossa aula: o que é um Estado Democratico
de Direito:

III – Estado Democrático de Direito na Constituição de 1988

No texto constitucional, mais precisamente no preâmbulo da Constituição


e no Art. 1º, caput temos a declaração do que vem a ser o Estado Democrático de
Direito. Segue o texto abaixo à leitura:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia


Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e
a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista
e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos [...] :

Mas qual a razão se de se colocar logo como o primeiro artigo a instituição


do Estado Democrático de Direito? Lembra do período ditatorial e de toda a
evolução que falei do denominado neoconstitucionalismo?

Esta parte do neoconstitucionalismo vamos deixar para aprofundar no que


chamamos de teoria geral da constituição.

Se fez isto no Art. 1º, pois com a criação de um novo estado brasileiro, seja
de repercussão interna ou externa, e vendo também os diversos pactos assinados
pelo Brasil, deveria ser deixado claro de que forma iriam prevalecer direitos e
garantias no Brasil.

As constituições aqui deixaram de ser meras molduras, como disse antes,


e passam a ter força normativa, chamada muitas vezes de jurisdição
constitucional.

O Estado existe e exerce seu poder, fazendo assim garantir a todos direitos
e deveres, seja por parte do próprio Estado, seja para o povo. O contexto e
significado do Estado Democrático de Direito foi uma construção lenta e vagarosa,
na qual se fundou bem seus alicerces.

Antes de dizer o significado constitucional, temos de dizer duas coisas: o


que é Estado de Direito e um Estado Democrático.

III. 1 -Estado de Direito:

Não se concebe um Estado sem Leis. Estas são manifestações do povo


realizadas e escritas pelo Estado, a qual derivam de direitos de democracia, o
qual falaremos daqui a pouco.

O Estado de direito não visa garantir somente as leis, mas também de


seguir cada lei feita por esta. Se casso assim não fosse, estaríamos diante de um
estado legalista. Lembra de direitos e deveres são para todos? E disso não escapa
o Estado.

Como exemplo: nossa constituição garante em seu Art. 5º, LVIII que a tdos,
seja no processo administrativo ou judicial, são garantidos a ampla defesa e
contraditório, além de haver a garantia do devido processo legal.
Quando vemos a cadeira de Teria Geral do processo, algo que vocês vão
ver bem na frente, irão perceber que processo é uma faca de dois gumes: te traz
garantia de ser processado, julgado e condenado dentro da lei, e inibe que o
Estado possa fazer qualquer tipo de coisa a te prejudicar e caso assim o faça há
meios necessários.

O Estado de Direito vai além disto. Garante a existência do Poder


Legislativo, o qual criará as leis. Garante a Existência do Poder Executivo, o qual
executará leis e administrará o país de forma interna, além de representar
externamente e por fim, garantirá a existência do Poder Judiciário, como forma
de regular os demais poderes.

Ao mesmo tempo que o Estado de Direito cria leis, ee está obrigado a


seguir. Seja no processo de elaboração, por exemplo, seja na forma de
processamento de um indivíduo.

Vamos agora ao ponto dois: o Estado Democrático:

III.2 -Estado Democrático:

Vimos nos gregos a concepção de política além do sistema político, onde


apenas cidadãos tinha direito de votar nas Ágoras. Democracia é o direito de
eleger e participar das decisões do Estado, seja de forma direta, seja através de
seus representantes.

Literalmente o termo democracia em grego significa “governo do povo”.


Mas, a pergunta: precisava disso na Constituição? É obvio!

Mas, por qual razão, professor? Simples: depois de tanta falcatrua, cacete
pra dar em doido e retirada de direitos e garantias fundamentais, além de não se
pensar em um estado social (que não tem nada a ver com socialismo) o principal
foi tirado: o direito de voto.

Durante diversos períodos da história da constituição, direitos de eleger


seus representantes era de poucos, sendo que a maioria ficava de fora. Como no
tempo da escravidão ou da ditadura militar de Vargas e do Golpe de 1964.

O medo de um novo golpe militar era iminente. Não se podia confiar em


deixar brechas para que houvesse um resgate de governo dos militares. Além de
haver a necessidade de se reconhecer direitos que jamais existiram.
Houve, com o neoconstitucionalismo desde 1946 a evolução de direitos e
garantias fundamentais. No Brasil ainda há, e havia desde sempre, índios por
exemplo, os quais jamais tiveram direitos garantidos em uma constituição.

Isso só te tornou possível pois com o exercício de uma democracia direta,


houve representantes destes na Assembleia Nacional Constituinte, trazendo
assim direitos e garantias fundamentais para estes.

A necessidade de se entender o Estado Democrático é justamente esta: o


exercício da democracia, do direito de voto, de escolha, o qual durante muito
tempo foi cerceado ou até mesmo retirado do povo brasileiro.

Agora sim, podemos entender melhor o que vem a ser um Estado


democrático de Direito.

III.4 -Finalmente.

Estado Democrático de Direito nada mais é do que a criaçõ de um novo


conceito o qual tem por base um Estado de Direito o qual busca direitos e garantias
fundamentais além de um Estado Democrático, no qual possa ser exercido uma
democracia plena o qual é o direito de escolher quem vai lhe representar.

Mas, não encerra por aqui. Segundo o professor José Afonso da Silva1 não
é a simples união de palavras. Inclusive a cadência, isto é a ordem da palavras,
não é aleatória.

A base fundamental de todo estado é a democracia. Sem esta, não teremos


representantes devidamente eleitos, os quais possam exercer funções no
congresso nacional, especial a de criação de leis como normas jurídicas.

Quando temos o direito de eleger, passamos a criar leis. Mas só criar? Não.
Também de seguir.

Temos na fundamentação de um Estado Democrático de Direito além de


haver a possibilidade de eleições diretas e do Estado ser obrigado a seguir as leis
concessão de direitos e garantias fundamentais além do exercício e busca da paz
social.

Como falei antes: justiça social não tem nada a ver com socialismo. O
Estado, e isso é previsto no próprio texto constitucional é liberal (por isso de

1
Curso de Direito Constitucional Positivo, editora Malheiros, 20010, p.118 e 119.
direito) mas visa trazer direitos e garantias a todos os que neles residem (direitos
e garantias fundamentais).

Algum momento, você, jovem jurista, parou para pensar nuam


possibilidade de ser preso e jamais poder impetrar um Habeas Corpus quando a
prisão é ilegal?

Seria o ó!, mas de fato aconteceu por muito tempo no Brasil. Como direito
é uma realidade social, este jamais pode ser algo absoluto e totalmente
dogmático, devendo sempre haver mudanças que busquem integrar a todos
dentro do Estado.

Vem, pessoas, espero ter ajudados a todos vocês neste momento.

Como dito, a partir de agora, vamos trabalhar outras questões estatais as


quais servirão de base para vocês entenderem o Estado e suas minúcias. Até breve
e tudo de bom!

Juízo!!!

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