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I ͣ Parte

1. Introdução

O presente relatório, enquadra-se nas obrigações curriculares como um dos requisitos parciais
para a obtenção do grau técnico médio em Nutrição e Segurança Alimentar, concebido pelo
Instituto Técnico de Moçambique. O mesmo, é resultado de estagio realizado no Hospital
Geral de Mavalane localizado no Bairro de Mavalane na cidade de Maputo, com objectivo
de colocar o estudante em confronto com a realidade, praticando os seus conhecimentos
teórico adquiridos durante as aulas.

O estagio serviu de consolidação de conhecimentos adquiridos e como forma de aquisição de


outros saberes que só se podem adquirir de forma pratica no campo de trabalho.

O relatório está organizado em três partes, aonde a primeira diz respeito a Unidade de
Alimentação e Nutriçã (UAN), na segunda está fala-se de nutrição clinica, e a terceira fala de
nutrição e saúde publica.

A Unidade de Alimentação e Nutrição é órgão(UAN), de um hospital que desempenha


actividades relacionadas com a alimentação e nutrição. E para uma actuação eficaz é
necessário uma definição clara e precisa dos objectivos.

Numa UAN é necessário não só uma boa equipa, mas também precisamos combinar recursos
humanos a um bom ambiente de trabalho para o bom desempenho das actividades
desenvolvidas. A coordenação desses factores resulta num bem e satisfação dos utentes.

O planeamento físico de uma UAN está voltada para a recuperação dos pacientes
hospitalizados. E através do planeamento que se pode garantir uma operacionalização das
refeições com forme os padrões qualitativos desejados de ponto de vista técnico e higiénico.

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2. OBJECTIVOS

2.1 Objectivo geral


 Conhecer o funcionamento da Unidade de Alimentação e Nutrição no Hospital geral
de Mavalane.
2.2 Objectivos específicos
 Descrever a Unidade de Alimentação e Nutrição no Hospital Geral de Mavalane;
 Conhecer equipamentos, utensílios e recursos humanos de uma Unidade de
Alimentação e Nutrição; e
 Acompanhar actividades técnicas de nutrição desenvolvidas na Unidade de
Alimentação e Nutrição.

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3. Descrição UAN e Actividades executadas

Uma U.A.N deve estar localizada numa área sem árvores, num lugar plano, livre de lixo,
objectos em desuso, animais, insectos e roedores. A mesma deve estar num local insolado e
com fácil remoção de lixo.

Deve estar em um local com fácil acesso as copas, para facilitar a movimentação das
refeições os percursos devem estar pavimentados para a fácil circulação das carinhas e se as
copas estiverem em andares de cima deve haver rampas.

3.1 Pessoal de UAN e suas funções

A distribuição técnica e funcional do pessoal da UAN é feita da seguinte forma:

 Chefe do serviço
Funções:
 Planejar e avaliar periodicamente as actividades;
 Representar o serviço, quando solicitado pelo seu superior;
 Cumprir e fazer cumprir o regulamento do hospital.

 Chefe da secção e encarregado do sector


Funções:
 Distribuir os serviços, orientar e controlar a sua execução;
 Propor ao supervisor imediato normas e métodos necessários para simplificar e
melhor o serviço;
 Propor escala de férias e suas alterações ao superior.
 Nutricionista
Funções:
 Avaliar o estado nutricional dos pacientes;
 Planear as refeições e dietas e encaminhar ao chefe do sector de confecção;
 Orientar a técnica de preparo de alimentos;
 Orientar estágios em sua área;
 Acompanhamento da evolução do paciente;
 Colaborar as actividades de treinamento.

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 Auxiliar de nutrição
Funções:
 Supervisionar a higiene e sanidade no sector;
 Colectar e registar as dietas a serem confeccionados;
 Zelar pela ordem do sector e disciplinar dos seus subordinados.
 Secretaria
Funções:
 Redigir e preparar correspondências;
 Preencher requisições e formulários;
 Controlar movimentação dos documentos;
 Receber e transmitir mensagens telefónicas.
 Despenseiro
Funções:
 Receber e conferir os alimentos e materiais;
 Providenciar o armazenamento de produtos recebidos;
 Manter actualizadas as fichas de stook.
 Cozinheiro
Funções:
 Receber e conferir os géneros alimentícios entregues pelo sector de
armazenamento;
 Executar a as preparações determinadas pelo nutricionista;
 Comunicar ao chefe do sector de confecção qualquer ocorrência acerca da
execução das preparações e dietas;
 Colaborar na manutenção da ordem e limpeza da sua área de trabalho.
 Copeiro

Funções:

 Receber as dietas só sector de confecção;


 Distribuir as dietas, respeitando os horários;
 Arrumar e manter em ordem as copas;
 Executar higiene dos equipamentos, utensílios e área de serviço.
 Servente

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Funções:

 Executar higiene e limpeza das instalações;


 Remover diariamente os detritos.
3.2 Estrutura física de uma U.A.N

Iluminação - deve ser distribuída uniformemente pelo ambiente evitando ofuscamento,


sobras, cantos escuros, reflexos fortes e contrastes fortes.

A iluminação adequada para uma UAN é o uso de lâmpadas fluorescentes por serem brancas
e manter a cor natural dos alimentos, e não contribui para elevação da temperatura no local.

Cor - as cores não podem confundir a cor natural dos alimentos e produtos, elas devem ser
brancas ou cremes.

Piso - deve ser liso, em cores claras, duráveis, impermeáveis, resistentes a limpeza frequente
e isentas de fungos e bolores.

Paredes - o acabamento deve ser liso, impermeável, lavável, em cor clara e em bom estado
de conservação.

Porta e janelas - devem ser protegidas de maneira que não permitam a penetração directa do
sol sobre os alimentos, superfícies de trabalho ou equipamentos mais sensíveis ao calor.

Temperatura, humidade e ventilação - a temperatura não pode permitir que os cozinheiros


transpirem, mas não pode ser colocado ar condicionado. Tem que ter um ventilador pra
permitir a entrada da luz.

Dietas fornecidas

O HGM fornece dietas para alguns grupos de pacientes tais como hipertensos, diabéticos.
Mas também são oferecidas dietas liquidas à aqueles pacientes com dificuldade de mastigar,
onde são administradas através da SNG. Essas dietas são feitas tendo em conta as
necessidades nutricionais de cada paciente, e o estado fisiológico do mesmo.

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3.3 Actividades desenvolvidas no campo de estágio
 Pré-preparação e controle da higiene dos alimentos:

Nesse ponto era feita a higienização dos alimentos (lavagem, cortar, picar, etc), para posterior
cocção ou comidos crus.

 Requisição dos alimentos

Era elaborada uma lista com os alimentos necessários para a confecção do dia e as
respectivas quantidades, as requisições eram feitas diariamente.

 Controle de stock;

Nessa actividade, controlava-se a quantidade de alimentos existentes no armazém, e contralar


os produtos que chegam do fornecedor, fazia-se o controle através de preenchimento de
fichas de stock.

 Contagem dos pacientes

Esta actividade consistia em contar os pacientes de todas as enfermarias e os acompanhantes,


para poder ter o número de beneficiários nas refeições.

3.4 Considerações finais

Durante o estagio na área da Unidade de Alimentação e nutrição, foi possível notar que o
Hospital Geral de Mavalane está preparado para responder ao numero de refeições
necessárias para todos os utentes ou pacientes que beneficiam dessas refeições.

Percebe-se que no HGM, as refeicoes são preparadas de acordo com as patologias que o
hospital atende, tendo um armazém preparado para a conservação dos alimentos que servem
para a alimentação dos pacientes.

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II ͣ Parte

4. Introdução

Nesta parte, tratar-se-á da nutrição clinica, onde poderá falar-se da reabilitação nutricional em
crianças dos 0 aos 14 anos, no Hospital Geral de Mavalane.

A manutenção de um estado nutricional adequado é um direito fundamental para todo o ser


humano. A desnutrição aguda grave tem ceifado vidas de varias crianças menores de 5 anos,
para que isso não aconteça, e preciso que todo aquele que sofre de desnutrição aguda grave
com complicação, isso e com diarreias, vómitos, febres e entre outros sintomas, seja tratado
no hospital e com tratamento adequado.

4.1 Objectivo geral


 Adquirir conhecimento sobre a reabilitação nutricional das crianças dos 0-14 no
Hospital Geral de Mavalane.
4.2 Objectivo Específico
 Conhecer o programa de reabilitação nutricional no internamento e
 Fazer acompanhamento do estado nutricional dos pacientes.

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5. Descrição
5.1 As diferentes formas de desnutrição
 Desnutrição aguda: apresenta-se pelo baixo peso para altura e\ou edemas bilaterais;
 Desnutrição crónica: apresenta-se por baixa altura para idade; e
 Desnutrição de micronutrientes: esta relacionada com a deficiência de ferro, vitamina
“A”, iodo e das vitaminas do complexo B.

Classificação da desnutrição aguda:

 Desnutrição aguda grave;


 Desnutrição aguda moderada; e
 Desnutrição ligeira

A desnutrição aguda grave manifesta-se das seguintes formas:

 Marasmo: caracterizado pelo emagrecimento acentuado


 Kwashiorkor: caracterizado pelo aparecimento de edemas bilaterais
 Kwashiorkor - marasmatico: caracteriza-se pelo emagrecimento agreve e demas
bilaterais

Causas da desnutrição

 Imediatas: ingestão inadequada de alimentos, infecções\ doenças


 Subjacentes: insegurança alimentar, cuidados inadequados dos alimentos, saneamento
do meio e serviços de saúde inadequados
 Básica: inadequado capital financeiro, humano, físico e social

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5.2 Actividades realizadas no campo de estágio
 Reabilitação Nutricional

Preparação e administração do leite terapêutico no internamento:

Usava-se o leite f75 para a fase de estabilização (I) onde era feito com água fervida,
calculando o peso da criança multiplicando com 100ml dividindo por 8 tomas, para crianças
com DAG (kwashiorkor) e as crianças nessa fase as crianças fazem as 8 tomas de 3 3m 3
horas durante as 24horas do dia, e para crianças com marasmos era calculado o peso
multiplicando com 130ml, porque só se alimentam do leite terapêutico. A criança sai da
primeira fase quando demostra sinais de melhoria (desaparecimento das complicações
medicas).

O leite f100 era feito para crianças na fase de transição e reabilitação (II e III), preparado com
água fervida, e era calculado o peso da criança multiplicando com 150ml dividido por 8
tomas. Nessa fase a criança só faz 6 tomas, preenchendo as outras 2 refeições em falta com
papa e sopa. A criança começa a receber o ATPU no segundo dia da fase de transição quando
demostra melhoria e aceitação ao novo leite.

 Preenchimento do multicartão

No multicartão e onde era preenchido todos os dados da criança desnutrida no internamento,


tinha toda informação, desde a história pregreça da doença, a história alimentar, os dados
antropométricos e o diagnostico da criança, preenchia-se também a fase em que a criança se
encontrava, tipo de dieta, numero de refeições por dia.

Registo do livro de internamento e estatística:

Onde escrevia-se número de casos novos no internamento, óbitos, número das altas\referidos
para o tratamento em ambulatório.

 Consultas externas

Na consulta externa eram analisados os dados antropométricos (peso, altura e índice de massa
corporal), os históricos alimentar e em suas doenças crónicas dos pacientes para relacionar
com o actual estado de saúde. Faz-se um pequeno questionário ao paciente para obter
informações sobre a sua anterior alimentação, parar posterior prescrição da dieta segundo as
suas patologias de seguida a educação nutricional.

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Eram beneficiários dessa consulta pacientes com obesidade, diabéticos, hipertensos e
desnutridos em ambulatório.

5.2 Considerações finais

Para que o tratamento da desnutrição nas crianças entre os zero e catorze anos seja mais
eficaz, é necessário envolvimento não só de técnicos de saúde, mas também envolvimento da
comunidade.

O tratamento da desnutrição pode ser feito no internamento caso a criança demostre


complicações medicas e/ou no ambulatório se a criança não demostrar complicações medicas.

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III ͣ Parte

6 Introdução

A desnutrição e um mal que assola grande parte da população infantil em Moçambique.

Grande parte das crianças sofre de desnutrição crónica. Dai a importância de levar as crianças
a C.C.S.

A desnutrição ou baixa estatura para idade desenvolve-se no período entre a concepção e os


primeiros 2 anos de idade, não podendo ser recuperado depois desse período.

Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na infância e diminui a função


cognitiva de quem sobrevive.

Já a desnutrição aguda ela pode ser reversível a qualquer momento basta que siga o
tratamento adequado. A desnutrição aguda e causada por vários factores com destaque para a
ingestão insuficiente e inadequada de alimentos

6.1 Objectivo geral


 Compreender a promoção de saúde nutricional nas crianças
6.2 Objectivo específicos
 Conhecer os indicadores da vigilância nutricional
 Fazer acções de educação nutricional

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6.3 Descrição

Desnutrição aguda grave e HIV e SIDA

Uma das causas da desnutrição em crianças em Moçambique e a infecção pelo HIV. As


crianças com HIV tem necessidades nutricionais acrescidas, porem essas crianças não se
alimentam como deve ser por falta de apetite e dificuldades de absorção intestinal, causadas
por esta infecção.

As crianças portadoras de HIV com desnutrição, que tem complicações do HIV como a
pneumonia e a tuberculose tem necessidades nutricionais acrescidas. Durante a fase da
recuperação, a necessidade energética aumenta em 20-30%.

6.4 Actividades realizadas no campo de estágio


 Palestras

As palestras eram as primeiras actividades sendo feitas e abordavam os seguintes temas:

 Aleitamento materno exclusivo e boa pega


 Alimentação complementar
 Alimentação saudável das lactantes
 Higiene dos alimentos
6.5 Consulta da criança sadia (CCS)
 Suplementação com vitamina A

Suplementa-se crianças a partir dos 6 meses de idade, a primeira dose e feita com 4 gotas e
fortifica-se de 6 em 6 meses até a criança completar 59 meses, a partir da segunda dose dá-se
8 gotas que corresponde a toda cápsula.

 Desparasitação com mebendazol

E desparasitada com mebendazol a criança com 12 meses ou mais, dando seguimento de 6


em 6 meses até completar 59 meses.

 Suplementação com sal ferroso para mulheres pós-parto

Dá-se 30 comprimidos de sal ferroso para a mulher após o parto para tomar durante 30 dias.

 Avaliação do estado nutricional

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Avaliação do estado nutricional consiste em obter dados antropométricos das crianças.

Peso pela balança pediátrica\balança plataforma

Estatura\altura pelo altímetro de medição do comprimento\altura

Perímetro branquial pela fita de perímetro branquial

Depois de ter os dados antropométricos da criança, faz-se o diagnóstico nutricional, exames


físicos para ver se apresenta critérios para o programa de reabilitação nutricional.

 Edução nutricional

A educação nutricional e feito após o diagnostico da criança, aconselhando a mãe de como


teria que fortificar e tratar da alimentação da criança.

6.6 Consulta na Consulta da Criança em Risco (CCR)

Atendimento a crianças com desnutrição aguda grave

 Atendimento a crianças com desnutrição aguda modera


 Atendimento a crianças expostas ao HIV e SIDA
 Atendimento a crianças com baixo peso para idade
 Suplementação com ATPU para crianças com desnutrição aguda grave e CSB\ASPU
para crianças com desnutrição aguda moderada.
6.7 Sector da tuberculose
 Avaliação do estado nutricional
 Suplementação com ATPU para pacientes que padecem da tuberculose com
desnutrição aguda grave
 Suplementação com CSB e ASPU para pacientes que padecem da tuberculose com
desnutrição aguda moderada

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6.8 Considerações Finais

O nível da desnutrição crónica e aguda ainda continua elevado nas comunidades do nosso
país. A quando da realização do estagio constatou-se essa realidade, e o Hospital Geral de
Mavalane, desempenha um papel preponderante para a redução desses casos.

Um dos maiores desafios do HGM e não só é a mitigação de desnutrição, segurança alimentar


e nutricional, nutrição em situação de emergência.

Mesmo assim, o HGM tem desenvolvido acções de modo a ajudar na prevenção da


desnutrição crónica e aguda através das palestras e educação nutricional.

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7 Referências bibliográficas

Demo, P (1998). Pesquisa qualitativa. Busca de equilíbrio entre forma e conteúdo.


Ver. Latino-am.enfermagem, Riberao Pedro, v.6.

Fidalgo, L. (2002). Módulo 1 Introdução A Nutrição, (2ª Ed.). Maputo;


Gil, A (1999). Métodos e Técnicas De Pesquisa Social. 5ª Ed. Atlas, São Paulo.

Gil, A (2008). Métodos e Técnicas De Pesquisa Social. 6ª Ed., Editora Atlas, São
Paulo.

Mahan, L. K. Escott-Stump, S. Krause, M.V. (2005). Krause: Alimentos, Nutrição E


Dietoterapia. (11ª. Ed.). São Paulo: Roca.2013;

MARQUES, Ângela, Programas de Intervenção Alimentar/Nutricional em meio


Escolar, FCNA, 2009;

MISAU, Manual de Tratamento e Reabilitacao Nutricional. (2 ª Ed). 2018.

Teixeira, S, et all. Administração Aplicada. Unidade de Alimentação e Nutrição.

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